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livro arte brasileira

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Prévia do material em texto

Brasileira
Prof.ª Denise Costa 
Prof.ª Letícia Francez 
arte
Indaial – 2021
2a Edição
Elaboração:
Prof.ª Denise Costa 
Prof.ª Letícia Francez 
Copyright © UNIASSELVI 2021
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C837a
Costa, Denise
 Arte brasileira. / Denise Costa; Letícia Francez. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
 208 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-956-7
 ISBN Digital 978-65-5663-954-3
 1. Arte brasileira no século XX. - Brasil. I. Francez, Letícia. II. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 709
Acadêmico, seja bem-vindo aos estudos da Arte Brasileira. Conhecer as criações 
artísticas produzidas em nosso país é fundamental para compreendermos as origens de 
nossa história, assim como os caminhos que nos trouxeram até a arte produzida na 
contemporaneidade. É também uma forma de valorizarmos nossos saberes, percebendo 
a diversa riqueza cultural que foi se desenvolvendo ao longo dos séculos e que hoje se 
converte em importantes expressões e manifestações artísticas.
Na Unidade 1, abordaremos as origens da arte brasileira. Vamos conhecer os 
primeiros vestígios da arte pré-histórica no Brasil, de modo a compreender as diferenças 
entre as culturas e tradições das antigas civilizações brasileiras. Estudaremos sobre 
os sítios arqueológicos e sambaquis, a arte marajoara e a cultura Santarém, além de 
reconhecer os aspectos e valores das manifestações artísticas dos povos originários
Em seguida, na Unidade 2, vamos verificar a chegada dos europeus em nosso 
território, a partir dos registros produzidos por esses colonizadores. Veremos também 
a valiosa herança das culturas africanas, por meio das representações da arte dessas 
etnias. Nesta unidade, iremos abordar a arte do período colonial no Brasil, além do 
barroco e do rococó brasileiro. Fecharemos o tema com os estudos sobre a missão 
artística francesa e as influências neoclássicas europeias.
Por fim, na Unidade 3, nosso foco será a arte brasileira no século XX e XXI. 
Verificaremos as influências das correntes artísticas europeias em nossa arte, observando 
o modo como foi se constituindo o modernismo em nosso país. Nesta unidade, 
abordaremos também sobre a Semana de Arte Moderna, os manifestos produzidos 
pelos artistas e a organização das Bienais. Ao final da unidade, vamos discorrer sobre 
a arte realizada na contemporaneidade, identificando a produção artística da segunda 
metade do século XX e os hibridismos do século XXI.
Ao finalizar seus estudos, esperamos que você perceba a relevância das 
produções artísticas e culturais brasileiras, passando a valorizar ainda mais a diversidade 
que as permeiam. Que você identifique e conheça os importantes povos, artesãos e 
artistas que construíram esse trajeto e, também, se reconheça como parte integrante 
dessa história. 
Bons estudos!
Prof.ª Denise Costa e
Prof.ª Letícia Francez 
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a 
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo 
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse 
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade 
para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Você lembra dos UNIs?
Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas 
vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico 
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará 
você a entender melhor o que são essas informações 
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura 
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará 
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que 
complementam o assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os 
acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir 
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual 
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a 
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que 
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados 
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo 
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada 
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo 
o espaço da página – o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por 
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto 
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este 
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a 
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, 
tablet ou computador. 
Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo 
layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual 
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de 
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os 
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, 
possa continuar os seus estudos com um material atualizado 
e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - ORIGENS DA ARTE BRASILEIRA ..................................................................... 1
TÓPICO 1 - ARTE PRÉ-HISTÓRICA NO BRASIL ....................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 VESTÍGIOS DA ARTE PRÉ-HISTÓRICA ..............................................................................3
2.1 REGISTROS MILENARES DA ARTE RUPESTRE NO BRASIL ......................................................... 5
2.2 TRADIÇÕES DA ARTE RUPESTRE ......................................................................................................7
3 SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS E SAMBAQUIS ........................................................................18
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 24
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 25
TÓPICO 2 - VESTÍGIOS ARTÍSTICOS PRÉ-DESCOBRIMENTO ..........................................27
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................27
2 ARTE MARAJOARA ...........................................................................................................27
3 CULTURA SANTARÉM ...................................................................................................... 29
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 34AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 35
TÓPICO 3 - MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DOS POVOS PRIMITIVOS .............................37
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................37
2 ARTE INDÍGENA ............................................................................................................... 38
2.1 CERÂMICA .............................................................................................................................................39
2.2 CESTARIA ..............................................................................................................................................43
2.3 ARTE PLUMÁRIA .................................................................................................................................46
2.4 MÁSCARAS .......................................................................................................................................... 48
2.5 PINTURA CORPORAL .........................................................................................................................49
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 53
RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................................57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 58
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 60
UNIDADE 2 — INFLUÊNCIAS CULTURAIS NA ARTE BRASILEIRA .................................... 63
TÓPICO 1 — DIFERENTES CULTURAS CRIANDO A ARTE NO BRASIL ............................... 65
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 65
2 REGISTROS DO BRASIL NA VISÃO DOS EUROPEUS ..................................................... 65
2.1 CENAS DO BRASIL NA REPRESENTAÇÃO DOS HOLANDESES ................................................66
RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................72
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................73
TÓPICO 2 - ARTE DO PERÍODO COLONIAL NO BRASIL ......................................................75
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................75
2 ARTE COLONIAL ................................................................................................................76
2.1 ARQUITETURA ...................................................................................................................................... 77
2.1.1 Fortificações ................................................................................................................................82
2.1.2 Igrejas .......................................................................................................................................... 84
2.2 PINTURA .............................................................................................................................................. 88
2.3 ESCULTURA ........................................................................................................................................92
3 O BARROCO NO BRASIL ...................................................................................................95
3.1 ALEIJADINHO E SUAS OBRAS .........................................................................................................99
3.2 MESTRE ATAÍDE E SUAS OBRAS ..................................................................................................103
4 O ROCOCÓ NO BRASIL ................................................................................................... 104
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................106
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................107
TÓPICO 3 - FRUTOS DE UMA ÉPOCA REAL ......................................................................109
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................109
2 MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA......................................................................................111
2.1 VISÃO DOS ARTISTAS VIAJANTES .................................................................................................114
3 INFLUÊNCIAS NEOCLÁSSICAS EUROPEIAS ................................................................. 119
3.1 TALENTOS BRASILEIROS DA ARTE ACADÊMICA ....................................................................... 122
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................132
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................133
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................135
UNIDADE 3 — ARTE BRASILEIRA NO SÉCULO XX E XXI .................................................. 137
TÓPICO 1 — RUMO A UMA ESSÊNCIA ESTILÍSTICA BRASILEIRA: INFLUÊNCIAS DE 
CORRENTES ARTÍSTICAS DA EUROPA ............................................................................139
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................139
2 VANGUARDAS EUROPEIAS NO BRASIL........................................................................ 140
2.1 EXPRESSIONISMO ..............................................................................................................................141
2.1.1 Anita Malfatti .............................................................................................................................141
2.1.2 Lasar Segall ............................................................................................................................... 142
2.1.3 Candido Portinari .....................................................................................................................143
2.2 FAUVISMO ..........................................................................................................................................144
2.2.1 Arthur Timótheo da Costa .....................................................................................................144
2.2.2 Inimá José de Paula .............................................................................................................. 145
2.3 CUBISMO ............................................................................................................................................146
2.3.1 Tarsila do Amaral ...................................................................................................................... 147
2.3.2 Vicente do Rego Monteiro ....................................................................................................148
2.3.3 Emiliano Di Cavalcanti ...........................................................................................................149
2.4 SURREALISMO ..................................................................................................................................150
2.4.1 Ismael Nery ................................................................................................................................1512.4.2 Cícero Dias ............................................................................................................................... 152
3 DIFERENTES EXPRESSÕES DA ARTE BRASILEIRA .....................................................153
3.1 LITERATURA ........................................................................................................................................ 154
3.2 ESCULTURA ....................................................................................................................................... 155
3.3 ARQUITETURA ...................................................................................................................................158
3.4 GRAVURA ........................................................................................................................................... 159
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 161
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................162
TÓPICO 2 - ARTE MODERNA BRASILEIRA: EM BUSCA DA RUPTURA ............................165
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................165
2 SEMANA DE ARTE MODERNA .........................................................................................165
3 VALOR ÀS RAÍZES NACIONAIS ...................................................................................... 167
3.1 MOVIMENTO PAU-BRASIL ...............................................................................................................168
3.2 MOVIMENTO VERDE-AMARELO ....................................................................................................169
3.3 MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO ..................................................................................................... 170
4 FORMAÇÃO DE SOCIEDADES, CLUBES E GRUPOS .......................................................171
4.1 NÚCLEO BERNARDELLI .................................................................................................................... 171
4.2 SOCIEDADE PRÓ-ARTE MODERNA .............................................................................................. 172
4.3 CLUBE DOS ARTISTAS MODERNOS ............................................................................................. 172
4.4 GRUPO SANTA HELENA .................................................................................................................. 172
5 BIENAIS DE SÃO PAULO ................................................................................................. 172
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 177
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 179
TÓPICO 3 - ARTE CONTEMPORÂNEA NO BRASIL: PANORAMA DO SÉCULO XXI .......... 181
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 181
2 PRODUÇÃO ARTÍSTICA DO SÉCULO XX ........................................................................ 181
2.1 EXPERIMENTAÇÕES VISUAIS .........................................................................................................182
2.1.1 Arte Concreta ............................................................................................................................185
2.1.2 Arte Cinética .............................................................................................................................188
2.1.3 Pop art ........................................................................................................................................189
2.1.4 Arte conceitual .........................................................................................................................190
2.1.5 Instalações .................................................................................................................................191
2.1.6 Performances ........................................................................................................................... 192
2.1.7 Grafite .......................................................................................................................................... 193
3 HIBRIDISMO DO SÉCULO XXI .........................................................................................194
3.1 INTERVENÇÕES E MATERIALIDADES ........................................................................................... 195
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................198
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 204
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 205
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 207
1
UNIDADE 1 -
ORIGENS DA ARTE 
BRASILEIRA 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer as origens da arte brasileira;
• compreender as diferenças entre as culturas e tradições das antigas civilizações 
brasileiras;
• identifi car a arte das culturas amazônicas da pré-história;
• reconhecer os aspectos e valores da arte indígena brasileira.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ARTE PRÉ-HISTÓRICA NO BRASIL
TÓPICO 2 – VESTÍGIOS ARTÍSTICOS PRÉ-DESCOBRIMENTO
TÓPICO 3 – MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DOS POVOS PRIMITIVOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
ARTE PRÉ-HISTÓRICA NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste primeiro tópico você irá conhecer as origens da arte brasileira. 
Abordar estes caminhos iniciais é também referir-nos ao que precede a chegada dos 
portugueses, em 1500, bem como a formação política do Brasil, pois aqui viviam as 
populações denominadas pré-cabralinas, ou seja, comunidades que possuíam sua 
própria cultura. Segundo Tirapeli (2006, p. 11), “as estimativas sobre o número de 
habitantes nativos no Brasil na época da chegada dos europeus são pouco precisas, 
variando entre um e dez milhões de indivíduos”. O autor alega que na bacia amazônica 
podem ter vivido, na época, 5,6 milhões de indivíduos.
A partir de estudos dos registros encontrados e analisados por pesquisadores 
podemos conhecer a origem de nossa cultura. O termo cultura, em uma concepção 
mais ampla, para Coelho (2014, p. 114), “caracteriza o modo de vida de uma comunidade”. 
Assim, é possível descortinar o passado e escrever a história.
Por meio da História é possível observar as complexas transformações ocorridas 
no pensamento humano por milhares de anos, na tentativa de compreender razões ou 
motivações que levaram as populações pré-históricas a produzir as diversas expressões 
que hoje denominamos arte.
Entrar nas cavernas mais primitivas da nossa história para conhecer os mistérios 
dos primórdios de nossos antepassados, suas descobertas, práticas e costumes é um 
convite a uma viagem fascinante às origens milenares do ser humano.
2 VESTÍGIOS DA ARTE PRÉ-HISTÓRICA
A arte vem sendo produzida pelo ser humano desde os tempos mais distantes, 
quando ainda não havia instrumentos e ferramentas próprias para sua execução. 
Vestígios milenares de grafismos, pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, podem ser 
observadosnas mais diversas regiões do Brasil, mas é importante relembrar alguns 
conceitos para localizar-nos no tempo histórico. 
Uma das características que envolvem o significado de Pré-História é a 
ausência de registros expressos por meio da escrita formal, considerando que “no 
continente americano adotou-se o termo Pré-História para se referir ao período anterior 
à chegada de Colombo”, como apontam Funari e Noelli (2020, p. 14). Mesmo que em 
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
4
outros continentes a escrita já existisse na época das grandes navegações, no território 
da América do Sul onde é hoje o Brasil, a escrita não foi detectada, sendo introduzida 
após a chegada dos Europeus.
Para Prous (2011, p. 11), “as artes da Pré-História (grafismos e objetos aos quais 
atribuímos um valor estético, elaborados por grupos humanos que não deixaram textos 
escritos e sobre os quais não dispomos de documentação escrita) são estudadas pela 
arqueologia, ou seja, a partir da interpretação dos vestígios materiais”. Esses vestígios 
são rigorosamente analisados, datados e descritos por arqueólogos, possibilitando o 
acesso das pessoas interessadas às informações.
É importante saber que para identificar as datas dos vestígios encontrados, 
Funari e Noelli (2020, p. 20) esclarecem que arqueólogos utilizam “diversas técnicas em 
laboratório, como o Carbono 14 e a termoluminescência”. Dessa forma é possível datar 
os materiais encontrados e até revelar sua constituição e formas de utilização.
Imaginar o que poderia ser feito de um simples pedaço de rocha e transformá-lo 
em instrumento de caça, dominar técnicas para construir ferramentas e utensílios sem 
o acesso a maquinários, evidenciam que as habilidades de nossos ancestrais garantiram 
a sobrevivência da espécie humana por milhares de anos. Diante disso, é importante 
reconhecer o papel do ser humano pré-histórico no desenvolvimento tecnológico que 
nos acompanha a cada milênio.
O que é Carbono 14? Os cientistas usam o carbono 14 para determinar a idade 
de fósseis animais e vegetais ou de qualquer objeto que seja subproduto de 
tais, como um pedaço de madeira ou de pano. Prous (2007) explica que os 
seres vivos (vegetais e animais) absorvem partículas de carbono. Quando 
ocorre a morte, não há mais renovação do carbono; o carbono radioativo 
(de massa atômica 14), instável, transforma-se, então, progressivamente 
em carbono 12 (isótopo estável) e quanto menos carbono 14 sobra, maior 
será o tempo decorrido desde a morte. O método não permite datar com 
segurança além de 40.000 anos, quando a quantidade de carbono 14 se 
torna pequena demais para ser medida e a margem de erro aumenta muito. 
Veja também sobre o Carbono 14 em: https://brasilescola.uol.com.br/o-
que-e/quimica/o-que-e-carbono-14.htm.
INTERESSANTE
5
2.1 REGISTROS MILENARES DA ARTE RUPESTRE NO BRASIL
O que entendemos hoje como arte, ou seja, as manifestações estéticas 
registradas durante milênios, em rochas ou em outras produções utilitárias e cerimoniais, 
acompanham o ser humano, desde tempos remotos, quando já se sentia a necessidade 
de se comunicar. Já o período pré-histórico, sem conhecer a forma escrita, registrou 
acontecimentos por meio de inscrições em rochas. As artes gravadas, desenhadas ou 
pintadas em paredes de rochas, são denominadas rupestres “do latim rupes, rupis, que 
significa rochedo”, como explica Prous (2011, p. 11). Podem ser encontradas em várias 
regiões do Brasil, datadas de milhares de anos, como mostra a figura a seguir:
FIGURA 1 – SÍTIO ARQUEOLÓGICO DA PEDRA PRETA
FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/624/>. Acesso em: 30 jul. 2021.
É importante observar e conhecer as diferenças entre as técnicas utilizadas para 
a representação dos registros parietais. Os desenhos, formas delineadas nas rochas, 
muitas vezes recebiam pinturas com tintas preparadas com pigmentos obtidos a partir 
de elementos naturais (PROUS, 2011). O óxido de ferro era utilizado para a produção de 
vermelho, ocre e amarelo, enquanto o marrom e tonalidades escuras tinham como base 
o dióxido de manganês. Pigmentos pretos eram extraídos de carvão obtido pela queima 
de madeira ou ossos.
FIGURA 2 – DESENHO
FONTE: <https://bit.ly/3owprMz>. Acesso em: 30 jul. 2021.
6
As cores eram aplicadas na rocha friccionando uma espécie de massa de 
pigmento seco e duro. Algumas pinturas eram elaboradas com as mãos, por meio de 
sopro, ou também com pincéis confeccionados com galhos de árvores. As tintas eram 
produzidas com um aglutinante, possivelmente extraído de gordura animal, para dar liga 
ao pigmento, facilitando a pintura.
FIGURA 3 – PINTURA
FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/galeria/detalhes/396?eFototeca=1>. Acesso em: 30 jul. 2021.
Algumas gravuras rupestres eram elaboradas com incisões que produziam 
sulcos na rocha, formando figuras, formas geométricas ou outros elementos. Em 
determinados locais há aplicação de pigmentos em sulcos produzidos nas rochas. Em 
alguns sítios a pintura desaparece devido às condições climáticas.
FIGURA 4 – GRAVURA: ABRIGO DO ALVO, SÃO PAULO
FONTE: Prous (2011, p. 23)
Outra técnica utilizada na elaboração de gravuras eram os picoteados, 
possivelmente realizados com uma ferramenta de ponta sobre a parede rochosa. Essa 
técnica resulta em figuras foscas em um fundo rugoso.
7
FIGURA 5 – GRAVURA PICOTEADOS: LAPA DE POSEIDON, MINAS GERAIS
FONTE: Prous (2011, p. 23)
O pensamento que se tem de que os primeiros seres a ocuparem o território 
brasileiro eram ditos “primitivos” e estavam somente a caçar grandes animais é uma ideia 
que contrasta com o universo pictórico e de forte apelo estético desses povos (GASPAR, 
2003). O estudo da arte rupestre nos revela um universo bastante simbólico e complexo e 
que aos poucos vai sendo desvendado pelos pesquisadores da arte pré-histórica.
As imagens da arte rupestre demonstram as expressões dos povos milenares, 
bem como suas particularidades. As representações de cenas carregadas de simbologias, 
cores, elementos estilísticos, nos permitem fazer uma viagem ao passado e imaginar o 
cotidiano dessas sociedades.
Os registros da arte rupestre sofreram a ação do clima por milhares de anos, por 
esse motivo, suas cores e formas podem estar com aspecto diferente do que quando 
foram produzidas. Além disso, sabe-se que há riscos de atos de vandalismo, o que 
significa grande perda para o patrimônio histórico.
2.2 TRADIÇÕES DA ARTE RUPESTRE
Tradição é um termo utilizado na arqueologia para fazer referência ao conjunto 
de traços culturais que possibilita a identificação das sociedades, nos diversos lugares 
e tempos. Gaspar (2003) faz alusão às denominações estabelecidas pelo arqueólogo 
André Prous às oito tradições distribuídas no território brasileiro: Meridional, Litorânea, 
Geométrica, Planalto, Nordeste, Agreste, São Francisco e Amazônica. 
É importante ressaltar que as tradições possuem milhares de anos de existência e, 
algumas delas foram sucedidas por outros registros também milenares. Por esse motivo 
podem ser encontrados diferentes padrões estilísticos em um mesmo sítio arqueológico, 
como formas geométricas, figuras biomorfas, zoomorfas ou antropomorfas.
8
Na figura a seguir pode-se observar as oito tradições da arte rupestre, que estão 
distribuídas em todas as regiões do Brasil.
FIGURA 6 – MAPA COM A DISTRIBUIÇÃO DAS TRADIÇÕES DE ARTE RUPESTRE
FONTE: Gaspar (2003, p. 44)
A Tradição Meridional ocorre no sul do Brasil, a maioria no planalto do Rio Grande 
do Sul, possivelmente com menos de 2.000 anos, estende-se para a Argentina e ao 
longo dos rios Paraná e Paraguai, segue até a Bolívia e possivelmente pelo rio Araguaia 
até Serranópolis, estado de Goiás.
Em relação às formas das figuras, aquelas consideradas biomorfas referem-
se às formas de organismos vivos; as zoomorfas correspondem às formas de 
animais e as antropomorfas são relativas às formas de seres humanos.
NOTA
9
São encontradas gravuras com sulcos de aproximadamente um centímetro, 
onde há vestígios de pigmentos empreto, branco, marrom ou roxo. Alguns registros 
possuem conjuntos de círculos que fazem referência à forma de pegadas de animais, 
possivelmente felídeos. Há também gravuras picoteadas com algumas incisões circulares 
e representações biomorfas, que possuem semelhanças com organismos vivos.
FIGURA 7 – CANHEMBORÁ, NOVA PALMA (RS)
FONTE: Gaspar (2003, p. 29)
Com temática considerada pobre, as imagens apresentam traços retos, paralelos 
ou cruzados e algumas linhas curvas. Há também a combinação de traços retos, os 
quais produzem formas denominadas tridáctilos, ou seja, que possuem três dedos.
FIGURA 8 – GRAVURA DA TRADIÇÃO MERIDIONAL – SÍTIO D. JOSEFA (RS)
FONTE: Gaspar (2003, p. 27)
 
10
A Tradição Litorânea, encontrada no litoral do estado de Santa Catarina, do 
município de Porto Belo até o Farol de Santa Marta. No município de Laguna, caracteriza-
se por gravações com sulcos de até quatro centímetros de largura, feitas no granito. O 
pesquisador André Prous encontrou registros de quatorze temas com formas humanas 
e geométricas, todos com características comuns, mas com temas bem específicos, 
parecendo marcar sua individualidade.
FIGURA 9 – ILHA DO CAMPECHE (SC)
FONTE: Gaspar (2003, p. 30)
Segundo Prous (2011, p. 25), os desenhos mais comuns encontrados na Ilha 
do Arvoredo são círculos ou elipses, enquanto na Ilha das Aranhas e Praia do Santinho 
aparecem losangos e figuras em formato de ampulheta. Desenhos com linhas 
entrecortadas são encontrados na Barra da Lagoa e na Guarda do Embaú. 
FIGURA 10 – ILHA DOS CORAIS (SC)
FONTE: Gaspar (2003, p. 27)
11
A Tradição Geométrica, como nomeada, possui quase somente gravuras 
geométricas. Gaspar (2003, p. 28) indica que “atravessando o planalto de Sul até o 
Nordeste, cortando os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás e Mato 
Grosso” estão localizadas essas inscrições. Prous classifica a Tradição Geométrica em 
setentrional, locais próximos a rios, e meridionais, como aponta Gaspar (2003), aquelas 
que possuem gravações, por vezes, retocadas com pigmentos, em locais que não são 
banhados por águas.
FIGURA 11 – A PEDRA LAVRADA, DE INGÁ (PB): TRADIÇÃO GEOMÉTRICA (SETENTRIONAL)
FONTE: <https://bit.ly/3l5xAp9>. Acesso em: 30 jul. 2021. 
A Pedra de Ingá, representada no esquema da figura seguinte, “possui a possível 
representação de uma espiga de milho” (PROUS, 2011, p. 38), entre outros elementos 
que indicam formas de animais e figuras humanas.
FIGURA 12 – A PEDRA LAVRADA, DE INGÁ (PB): TRADIÇÃO GEOMÉTRICA (SETENTRIONAL)
FONTE: Gaspar (2003, p. 28)
É importante ressaltar que as inscrições localizadas no Morro do Avencal, 
próximo da cidade de Urubici, no estado de Santa Catarina, pertencem à Tradição 
Geométrica, classificada por Prous como meridional.
12
FIGURA 13 – TRADIÇÃO GEOMÉTRICA (MERIDIONAL). MORRO DO AVENCAL (SC)
FONTE: Acervo das autoras
A figura seguinte traz um esquema da representação das gravuras localizadas 
no planalto catarinense, as quais se parecem com a tradição Meridional e são diferentes 
daquelas encontradas no litoral do estado.
FIGURA 14 – TRADIÇÃO GEOMÉTRICA (MERIDIONAL) – MORRO DO AVENCAL (SC)
FONTE: Gaspar (2003, p. 37).
A Tradição Planalto, encontrada do Paraná ao estado do Tocantins, apresenta 
grafismos representando predominantemente figuras de cervídeos. Segundo Gaspar 
(2003, p. 37) “a maioria dos sítios apresenta grafismos pintados em vermelho, embora 
ocorra também alguns nas cores preta, amarela e mais raramente branca”. Há também 
representação de peixes, como demonstrado na figura que segue, entre outros animais.
13
FIGURA 15 – SANTANA DO RIACHO (MG)
FONTE: Gaspar (2003, p. 31)
Existem muitos registros de peixes, inclusive de pesca ou animais, geralmente 
pintados em vermelho. São tatus, onças, aves e em alguns locais são encontrados 
registros de figuras humanas e formas geométricas.
FIGURA 16 – IAPÓ E TIBAGI (PR)
FONTE: Gaspar (2003, p. 37)
A Tradição Nordeste ocorre no Piauí, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte, 
parte da Bahia, Ceará e norte de Minas Gerais. As pinturas são monocromáticas, ou seja, 
possuem uma única cor. Segundo Prous (2011, p. 33), “as representações zoomorfas, ou 
seja, que possuem formas de animais, incluem um grande número de emas e cervídeos, 
isolados ou correndo em bando”. O autor ainda descreve a ocorrência de cenas de 
combate e representações de aldeias.
14
FIGURA 17 – TOCA DO BOQUEIRÃO DA PEDRA FURADA (PI)
FONTE: Gaspar (2003, p. 32)
Há registros de gravuras indicando figuras humanas, animais e algumas formas 
geométricas. As figuras são retratadas segurando objetos, possivelmente armas, 
indicando a possibilidade de caças ou rituais pelos grupos de antropomorfos.
FIGURA 18 – FIGURAS HUMANAS – TRADIÇÃO NORDESTE
FONTE: Gaspar (2003, p. 37)
A Tradição Agreste ocorre no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco 
e Piauí, caracterizando-se pela presença de grandes figuras geométricas ou biomorfas, 
figuras humanas caçando ou pescando, que remetem a espantalhos. Aparecem também 
alguns animais representados de forma estática. Prous considera que pode haver locais 
com imagens das Tradições Nordeste e São Francisco, possivelmente produzidos em 
épocas diferentes (GASPAR, 2003, p. 39).
15
FIGURA 19 – PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA (PI)
FONTE: Gaspar (2003, p. 33)
Prous (2011) considera que as figuras são variadas e aparentam terem sido 
produzidas em diversos momentos. Aparecem impressões de mãos, grafismos ou figuras 
carimbadas nas rochas. As figuras antropomorfas e zoomorfas são representadas de 
maneira tosca.
FIGURA 20 – SÍTIO PEDRA REDONDA, PEDRA (PE)
FONTE: Gaspar (2003, p. 38)
 
A Tradição São Francisco, encontrada no vale do rio São Francisco, em Minas 
Gerais, Bahia e Sergipe e nos estados de Goiás e Mato Grosso, apresenta grafismos 
com motivos geométricos e desenhos com formas humanas ou animais. Gaspar (2003) 
reconhece que a combinação de cores vivas e a organização das figuras geométricas 
torna os painéis extraordinariamente espetaculares.
16
FIGURA 21 – LAPA DO BOQUETE – JANUÁRIA (MG)
FONTE: Gaspar (2003, p. 34)
Gaspar (2003, p. 34) afirma que “os répteis são formas frequentes na tradição 
São Francisco” e, como cita Prous (2011, p. 30), no Peruaçu surge tardiamente o estilo 
Caboclo, com figuras complexas. Pode-se notar a representação de armas e objetos 
utilitários.
FIGURA 22 – PARTE DO PAINEL III DA LAPA DO CABOCLO (MG)
FONTE: Gaspar (2003, p. 40)
A Tradição Amazônica é caracterizada por antropomorfos simétricos e 
geometrizados. O tema principal são figuras humanas completas ou apenas a cabeça. 
Segundo Gaspar, as figuras completas “exibem os traços do rosto, inclusive boca com 
dentes” (GASPAR, 2003, p. 42). Algumas figuras indicam representação de gravidez.
17
FIGURA 23 – SERRA DA CARETA – PRAINHA (PA)
FONTE: Gaspar (2003, p. 36)
Como se vê na fi gura seguinte, além de traços do rosto, o corpo possui desenhos 
geométricos que, para Gaspar (2003), parece a sugestão de algum tipo de adorno, assim 
como cocares nas cabeças.
FIGURA 24 – ANTROPOMORFOS – TRADIÇÃO AMAZÔNICA
FONTE: Gaspar (2003, p. 42)
Para saber mais sobre este assunto, procure assistir ao fi lme "O Ateliê 
de Luzia - Arte Rupestre no Brasil". Produzido por Marcos Jorge, a 
produção retrata as conclusões atuais da arqueologia no que se refere aos 
vestígios visuais do homem brasileiro. A sociedade brasileira é investigada 
desde suas origens, abordando os limites
DICA
18
3 SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS E SAMBAQUIS
Sítios arqueológicos, conforme Tirapeli (2006, p. 13), são locais “onde há 
indicativos da presença de seres humanos há milhares de anos”. Em um país gigante 
como o Brasil, pesquisadores já encontraram uma infinidade de sítios arqueológicos, 
como indica a imagem das ocorrências georreferenciadas, ou seja, com informações 
sobre a forma, dimensão e localização exata, bem como suas coordenadas no globo 
terrestre. No mapa é possível verificar que há ocorrência em todas as regiões, conforme 
CadastroNacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), do Instituto do Patrimônio Histórico 
e Artístico Nacional (IPHAN).
FIGURA 25 – SÍTIOS GEORREFERENCIADOS
FONTE: <https://bit.ly/3o9PU2i>. Acesso em: 30 jul. 2021.
Sambaqui, palavra de origem Tupi, significa amontoado ou depósito de conchas. 
Essas colinas, formadas na maior parte por restos de conchas, caracterizadas por serem 
elevações com formato arredondado que, “em algumas regiões do Brasil”, atingem “mais 
de 30m de altura” (GASPAR, 2004, p. 5). Esses montes são consequência do acúmulo 
de conchas, cascas de ostras e outros restos de alimentos de origem animal e outros 
vestígios de indivíduos que viveram no litoral do Brasil. 
Os moradores dos sambaquis fabricavam algumas vezes figuras antropomorfas, 
ou seja, que possuem formas humanas, mas geralmente suas produções eram as 
esculturas biomorfas em pedra. Muitas são côncavas na região do abdômen, talvez para 
moer utilizando um pilão ou talvez para oferendas em rituais. 
19
FIGURA 26 – SAMBAQUI
FONTE: <https://bit.ly/3ue2sqz>. Acesso em: 26 jul. 2021.
Para Gaspar (2004, p. 24), “no sambaqui ocorreria a associação espacial de três 
importantes domínios da vida cotidiana: o espaço da moradia, o local dos mortos e o de 
acumulação de restos faunísticos relacionados com a dieta de seus construtores”. Esses 
vestígios, como outros, guardam importantes informações sobre a vida das comunidades 
que aqui viveram há milhares de anos, possibilitando resgatar o conhecimento sobre 
nossas origens.
Reconhecidos como parte integrante do Patrimônio Cultural Brasileiro pela 
Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 216, os bens de natureza material 
de valor arqueológico são definidos e protegidos pela Lei nº 3.924, de 26 de 
julho de 1961, sendo considerados bens patrimoniais da União. Também são 
considerados sítios arqueológicos os locais onde se encontram vestígios positivos 
de ocupação humana, os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou 
locais de pouso prolongado ou de aldeamento, "estações" e "cerâmicos”, as 
grutas, lapas e abrigos sob rocha, além das inscrições rupestres ou locais com 
sulcos de polimento, os sambaquis e outros vestígios de atividade humana. 
FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/315/>. Acesso em: 25 set. 2021.
IMPORTANTE
No Brasil há milhares de sítios arqueológicos com importantes inscrições rupestres, 
como também um dos maiores sambaquis do mundo, localizado em Santa Catarina. 
Dentre eles, conforme o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), “o 
Brasil possui dezoito bens arqueológicos tombados em todo o território, sendo onze sítios, 
e seis coleções arqueológicas localizadas em museus” (IPHAN, 2021, s.p.). É a proteção 
não só do nosso patrimônio cultural, mas da história de nossas origens.
20
Alguns exemplos do patrimônio arqueológico do Brasil:
A Ilha do Campeche, localizada no município de Florianópolis, no estado de 
Santa Catarina, possui diversas ofi cinas líticas e gravuras rupestres com representações 
geométricas.
FIGURA 27 – ILHA DO CAMPECHE (SC)
FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/670/>. Acesso em: 23 jul. 2021.
O sítio arqueológico Pedra do Ingá, localizado na cidade de Ingá, região agreste 
da Paraíba, destaca-se pelas representações abstratas, elaboradas com extrema 
qualidade técnica. As gravuras estão registradas em grandes painéis de rochas, 
localizadas em planície de inundação do leito dos rios.
A página do IPHAN na internet traz diversas informações importantes sobre 
preservação e divulgação do patrimônio material e imaterial do país. Acesse 
em: http://portal.iphan.gov.br.
DICA
21
FIGURA 28 – SÍTIO ARQUEOLÓGICO ITACOATIARAS DO RIO INGÁ (PB)
FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/552/>. Acesso em: 23 jul. 2021.
O Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí, é 
um dos mais importantes sítios arqueológicos do mundo, com milhares de inscrições 
rupestres e outros vestígios pré-históricos que retratam o cotidiano dos indivíduos. São 
cenas de caça, animais, guerras, entre outros registros.
FIGURA 29 – SÍTIO TOCA DO ESTEVO III, ONÇA BRANCA
FONTE: <http://fumdham.org.br/parque/>. Acesso em: 26 jul. 2021.
No ano de 1991 o Parque Nacional Serra da Capivara foi incluído na lista do 
Patrimônio Cultural Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura (UNESCO). Muitos dos diversos abrigos rochosos que estão nesse 
parque são decorados com pinturas rupestres, sendo que algumas delas possuem mais 
de 25 mil anos. Esse conjunto é um expressivo testemunho de uma das ocupações 
humanas mais antigas da América Latina.
22
FIGURA 30 – BOQUEIRÃO DO SÍTIO DA PEDRA FURADA
FONTE: <http://fumdham.org.br/parque/>. Acesso em: 26 julho 2021.
De acordo com a Unesco (2021, s.p.), “um patrimônio cultural mundial é 
composto por monumentos, grupos de edifícios ou sítios que tenham um excepcional e 
universal valor histórico, estético, arqueológico, científi co, etnológico ou antropológico”. 
Por isso, é de fundamental importância garantir a segurança para a preservação da 
identidade e da memória das culturas.
Na região norte do Brasil, o Sítio Arqueológico Mirante, localizado no município 
de Presidente Médici, no estado da Rondônia, possui sítios lito-cerâmicos e de gravuras 
rupestres que indicam o uso de instrumentos.
FIGURA 31 – OFICINA LÍTICA, SÍTIO ARQUEOLÓGICO MIRANTE
FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/530/>. Acesso em: 26 julho 2021.
No site da UNESCO você encontra alguns vídeos sobre os sítios arqueológicos 
do Parque Nacional da Serra da Capivara. Acesse e assista para conhecer 
mais em: http://whc.unesco.org/en/list/606/video/.
DICA
23
Na página da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) podem 
ser visualizadas mídias com modelos interativos de diversos elementos da 
Pré-História do Brasil. Acesse em: http://fumdham.org.br/midias/midias-
modelos-interativos/.
Edithe Pereira é uma arqueóloga paraense vinculada ao Museu Paraense 
Emílio Goeldi e escreveu um livro sobre os sítios arqueológicos da região de 
Monte Alegre, conhecidos por suas pinturas rupestres. Acesse o seguinte 
endereço e veja o material completo na íntegra: https://issuu.com/museu-
goeldi/docs/arte_rupestre_todo.
DICAS
24
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A arte vem sendo produzida pelo ser humano desde os tempos mais distantes, 
quando ainda não havia instrumentos e ferramentas para sua execução. Vestígios 
milenares de grafismos, pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, podem ser 
observados nas mais diversas regiões do Brasil, mas é importante relembrar alguns 
conceitos para localizar-nos no tempo histórico.
• O ser humano, desde os tempos remotos, sentia necessidade de se comunicar. Já 
no período pré-histórico, sem conhecer a forma escrita, registrou acontecimentos 
por meio de inscrições em rochas.
• Sítios arqueológicos são locais onde existem vestígios da presença humana datados 
de milhares de anos.
• Tradição é um termo utilizado na arqueologia para fazer referência ao conjunto de 
traços culturais que possibilita a identificação das sociedades, nos diversos lugares 
e tempos. As oito tradições distribuídas no território brasileiro são: Meridional, 
Litorânea, Geométrica, Planalto, Nordeste, Agreste, São Francisco e Amazônica. 
• Sambaqui, palavra de origem Tupi, significa amontoado ou depósito de conchas.
RESUMO DO TÓPICO 1
25
1 O período pré-histórico, sem conhecer a forma escrita, registrou acontecimentos 
por meio de inscrições em rochas. Sobre o que são as artes rupestres, produzidas 
há milhares de anos, encontradas em várias regiões do Brasil, Assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) Artes gravadas, desenhadas ou pintadas em paredes de rochas.
b) ( ) Artes gravadas, desenhadas ou pintadas em muros antigos.
c) ( ) Ausência de registros culturais expressos por meio de pintura.
d) ( ) Conjunto de hábitos que possibilitam a identificação das sociedades.2 De acordo com o texto deste Tópico, os desenhos, formas delineadas nas rochas, 
pelos povos pré-históricos, muitas vezes recebiam pinturas. Descreva como eram 
produzidas as tintas utilizadas nas pinturas rupestres.
 
3 Como vimos, existem diferenças entre as técnicas utilizadas para a representação 
dos registros parietais realizados no período pré-histórico. Especifique de que forma 
era produzida a arte rupestre em cada uma das técnicas: desenho, pintura e gravura:
4 Tradição é um termo utilizado na arqueologia para fazer referência ao conjunto de 
traços culturais que possibilita a identificação das sociedades, nos diversos lugares e 
tempos. No que se refere às oito tradições encontradas no Brasil, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) Meridional, Litográfica, Geológica, Planalto, Nordeste, Agreste, São Francisco e 
Amazônica.
b) ( ) Meridiana, Litorânea, Geológica, Planalto, Nordeste, Agreste, São Francisco e 
Amazônica.
c) ( ) Meridiana, Litográfica, Geométrica, Planalto, Nordeste, Agreste, São Francisco e 
Amazônica.
d) ( ) Meridional, Litorânea, Geométrica, Planalto, Nordeste, Agreste, São Francisco e 
Amazônica.
5 Sambaqui, palavra de origem Tupi, significa amontoado ou depósito de conchas. Além 
de conchas, como são formados os sambaquis? Classifique as sentenças utilizando V 
para verdadeiras e F para falsas:
AUTOATIVIDADE
26
( ) Elevações com formato arredondado, consequência do acúmulo de conchas.
( ) Colinas, formadas na maior parte por restos de plástico, caracterizadas por serem 
elevações com formato arredondado.
( ) Amontoado de conchas, cascas de ostras e outros restos de alimentos de origem 
animal e outros vestígios de indivíduos que viveram no litoral do Brasil.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
27
VESTÍGIOS ARTÍSTICOS PRÉ-DESCOBRIMENTO
1 INTRODUÇÃO
A arte tem grande importância no que se refere ao esclarecimento sobre as origens 
do ser humano. Hoje é possível descobrir cada vez mais sobre os nossos primórdios por 
meio das pesquisas e análises científicas de registros e objetos considerados artísticos 
e assim desvelar o passado. Diante disso, neste tópico serão apresentadas informações 
sobre vestígios da arte pré-histórica, como esculturas, objetos e outras tendências 
estéticas encontradas no vasto território que é o Brasil.
É importante ressaltar que as populações pré-históricas não tinham a concepção 
sobre representação artística que temos atualmente. Prous (2011, p. 116) enfatiza que 
“conhecer a arte pré-histórica do Brasil, suas localizações por região cultural, suas 
características, propicia uma análise mais ampla do que seja criação e estética nessa 
época”. A intenção era o registro, a decoração, a utilidade.
Os registros artísticos milenares possuíam a função de descrever acontecimentos 
como caças, guerras ou eventos ritualísticos, possivelmente para expressar as conquistas, 
fazer referências ao sobrenatural ou à ligação com o espiritual. Essas expressões, 
narrativas de histórias passadas, nos trazem a certeza de que somos seres de natureza 
comunicativa, com necessidade, tanto de transmitir como de guardar memórias, para que 
sejam difundidas e multiplicadas, preservando assim as diferentes culturas.
2 ARTE MARAJOARA
Na Ilha de Marajó, no estado do Pará, antes da chegada dos europeus, os 
marajoaras, ainda não dominavam a escrita, mas possuíam uma habilidade incontestável 
na modelagem da argila. Com alto grau de complexidade, combinando modelagem e 
textura, a cerâmica Marajoara apresenta grafismos geométricos naturalistas, ou seja, 
composições com plantas, formas humanas ou de animais diversos. Além disso, agregam 
elementos estéticos dos padrões naturalmente estampados em peles e cascos de animais. 
Esses desenhos estariam relacionados possivelmente às crenças dessas populações.
A cerâmica marajoara apresenta como característica particular a combinação 
da modelagem à pintura, à incisão e à excisão, com representações de figuras 
antropomorfas e zoomorfas. Urnas funerárias chegam a medir noventa centímetros de 
diâmetro. Dentro delas, conforme Prous (2011, p. 74), “eram sepultados os ossos dos 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
28
mortos, acompanhados por tangas cerimoniais, também feitas de cerâmica”. O autor 
alerta que além da cerâmica cerimonial, há também objetos de formas simples, de uso 
diário, sem decorações.
Esses objetos, modelados com estilo particular, representam por meio da 
linguagem visual e seus símbolos referências consideradas textos sem grafias, mas com 
riqueza de simbologias capazes de expressar mensagens (AMORIM, 2010). A função 
desses artefatos de cerâmica, portanto, além de cerimonial e utilitária, é também de 
comunicação social.
FIGURA 32 – URNA FUNERÁRIA ANTROPOMORFA
FONTE: <https://bit.ly/3uG6DeFl>. Acesso em: 4 ago. 2021.
As tangas cerimoniais possuem desenhos lineares, pintados em vermelho 
e preto sobre fundo branco, muitas vezes fazendo alusão a sapos ou cobras. Outras 
vezes, decorações complexas remetem a animais ou ao rosto humano (PROUS, 2011).
FIGURA 33 – TANGAS
FONTE: <https://bit.ly/3oAaF7s>. Acesso em: 4 ago. 2021.
29
Motivos geométricos, como os do vaso globular marajoara representado na 
fi gura a seguir, fazem referência ao movimento da água. As cores das pinturas podem 
variar e, muitas vezes, a policromia se faz presente nas peças.
FIGURA 34 – VASO MARAJOARA
FONTE: <https://bit.ly/3A9rtob>. Acesso em: 4 ago. 2021.
3 CULTURA SANTARÉM
A cidade de Santarém, localizada no estado do Pará, no norte do Brasil, diante 
do Rio Amazonas, observa o espetáculo do encontro de suas águas com o Rio Tapajós, 
cada um com sua cor, sua beleza e seus mistérios. Foi nesse lugar, antes da chegada 
dos europeus, que uma comunidade desenvolveu uma cultura que realizou o que Prous 
(2011) denomina cerâmica cerimonial de destaque no que se refere à criação com argila: 
a cerâmica Santarém, também conhecida por Tapajônica.
Prous (2011, p. 78) observa que os artistas “não alcançaram o nível da cerâmica 
dos Marajoara nos jogos de incisão e excisão, de textura e de cor, mas desenvolveram 
uma extraordinária virtuosidade na modelagem”, com riqueza de detalhes e símbolos.
Os artistas das margens do Tapajós conceberam, ainda, criações antropomorfas 
em vasos cerimoniais decorados com três tipos de formas.
Quer saber mais sobre a Cultura Marajoara? Confi ra “Cultura Marajoara, 
um Breve Guia”. Acesse em: https://issuu.com/lmarcosdaniel/docs/um_
breve_guia_marajoara_.
DICA
30
A primeira delas seria os vasos de gargalo, os quais possuem representações 
de corpos de jacarés ou felinos, com duas cabeças. Possuem também figuras de sapos 
ou macacos e, algumas vezes, figuras humanas. Prous (2011) relaciona essas peças com 
cerâmicas produzidas por populações litorâneas do Equador.
FIGURA 35 – VASO DE GARGALO
FONTE: <https://issuu.com/bgoeldi_ch/docs/humanas_v13n1>. Acesso em: 1 ago. 2021.
Em segundo, encontramos os vasos de cariátides. Esses são pequenos 
recipientes com figuras de urubu-rei, em diversas direções, rodeados por figuras 
humanas femininas.
FIGURA 36 – VASO DE CARIÁTIDES
FONTE: <https://issuu.com/bgoeldi_ch/docs/humanas_v13n1>. Acesso em: 1 ago. 2021.
E, como terceira forma, encontram-se os grandes cálices com pedestal, os 
quais são decorados com figuras de serpentes.
31
É importante observar que essas cerâmicas trazem figuras da mitologia 
amazônica, como o muiraquitã, visto na figura seguinte e, também, onças, papagaios 
e serpentes. 
FIGURA 37 – MUIRAQUITÃ
FONTE: <https://bit.ly/3AclIWy>. Acesso em: 4 ago. 2021.
A figura a seguir representa uma das categorias de modelagem dos vasos 
antropomorfos, uma pessoa sentada, em formato de barril, talvez representando a 
mulher durante um parto.
FIGURA 38 – VASO ANTROPOMORFO
FONTE: <https://bit.ly/3a84ejH>. Acesso em: 4 ago. 2021.
Outra característica são pequenos furos que possivelmente eram utilizadospara 
prender enfeites. Há também indicação de que as mulheres eram responsáveis pela 
criação dessas estatuetas antropomorfas com tamanhos entre 3,5 e 20 centímetros de 
altura.
32
FIGURA 39 – ESTATUETA ANTROPOMORFA
FONTE: <https://bit.ly/3B8JW5t>. Acesso em: 4 ago. 2021.
Esses padrões da cerâmica Santarém são manifestações que possivelmente 
chegaram ao Brasil pelo Rio Orinoco, que nasce na Venezuela e pelo Canal Cassiquiare 
encontra o Rio Negro, que atinge o Rio Amazonas e, na cidade de Santarém ocorre o 
encontro com o Rio Tapajós.
FIGURA 40 – MAPA HIDROGRÁFICO
FONTE: <https://bit.ly/3Fh2QcL>. Acesso em: 04 ago. 2021.
33
O Canal Cassiquiare (ou Braço Cassiquiare ou, ainda, rio Cachequirique) é o 
ponto de confluência entre duas das mais importantes bacias da América 
do Sul, a do Amazonas, a maior do planeta, com 6,2 milhões de km² e a do 
Orinoco, a terceira maior da América do Sul, com 948 mil km². Trata-se de 
uma situação geográfica única; o Cassiquiare interliga naturalmente duas 
das mais importantes bacias hidrográficas do mundo e é decisivo para 
conformar a maior ilha marítimo-fluvial do planeta, a Ilha das Guianas, com 
aproximadamente 1,7 milhão de km². O Cassiquiare tem se constituído em 
tema de interesse geopolítico desde o começo da colonização e da conquista 
ibérica no continente. 
FONTE: <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/5533/1/BEPI_n18_Cassi-
quiare.pdf>. Acesso em: 25 set. 2021.
NOTA
34
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A cerâmica Marajoara, com alto grau de complexidade, combina modelagem e 
textura, além de apresentar grafismos geométricos naturalistas.
• A cerâmica cerimonial de Santarém, também conhecida por Tapajônica, é destaque no 
que se refere à criação com argila, produzida com exímia habilidade nas modelagens.
• A cultura Santarém concebeu ainda criações antropomorfas em vasos cerimoniais 
decorados com diferentes tipos de formas, como os vasos de gargalo, os vasos 
cariátides e os cálices com pedestal.
35
RESUMO DO TÓPICO 2
1 Na Ilha de Marajó, no estado do Pará, antes da chegada dos europeus, os marajoaras, 
ainda não dominavam a escrita, mas possuíam uma habilidade incontestável na 
modelagem da argila. As cerâmicas dos povos marajoaras agregam elementos 
estéticos que estariam relacionados possivelmente às crenças dessas populações. 
Quais as características da produção da cerâmica Marajoara?
2 A cerâmica marajoara apresenta como característica particular a combinação 
da modelagem à pintura, à incisão e à excisão, com representações de figuras 
antropomorfas e zoomorfas. Objetos modelados com estilo particular, além de 
função cerimonial e utilitária, são também referências consideradas textos sem 
grafias, desenvolvidos pela cultura marajoara. Sobre os tipos de objetos produzidos 
em cerâmica pelos marajoaras, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Vasos, urnas funerárias e togas.
b) ( ) Vasos, urnas funerárias e tangas.
c) ( ) Naus, tangas e urnas funerárias.
d) ( ) Naus, urnas funerárias e togas.
3 A cerâmica Santarém, também conhecida por Tapajônica, apresenta criações 
antropomorfas em vasos cerimoniais decorados com três tipos de formas. Analise as 
sentenças:
I- Vasos de gargalo possuem representações de corpos de jacarés ou felinos, com 
duas cabeças; possuem figuras de sapos ou macacos e, algumas vezes, figuras 
humanas. Vasos de cariátides são pequenos recipientes com figuras de urubu-rei, 
em diversas direções, rodeados por figuras humanas femininas. Grandes cálices 
com pedestal, decorados com figuras de serpentes.
II- Vasos de gargalo possuem representações de corpos de jacarés ou felinos, com 
duas cabeças; possuem figuras geométricas e, algumas vezes, figuras humanas. 
Vasos de cariátides são pequenos recipientes com figuras de urubu-rei, em diversas 
direções, rodeados por figuras humanas femininas. Grandes cálices com pedestal, 
decorados com figuras de serpentes.
III- Vasos de gargalo possuem representações de corpos de dinossauros, com duas 
cabeças; possuem figuras de sapos ou macacos e, algumas vezes, figuras humanas. 
Vasos de cariátides são pequenos recipientes com figuras de urubu-rei, em diversas 
direções, rodeados por figuras humanas femininas. Grandes cálices com pedestal, 
decorados com figuras geométricas.
AUTOATIVIDADE
36
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença I está correta.
4 Antes da chegada dos europeus, os povos que habitavam as margens do Rio Tapajós, 
na cidade de Santarém, estado do Pará, desenvolveram a produção da cerâmica 
cerimonial. Sobre qual a possibilidade dos padrões da cerâmica Santarém terem 
chegado ao Brasil, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Possivelmente chegaram ao Brasil pelas águas do Rio Orinoco, que nasce na 
Venezuela e pelo Canal Cassiquiare encontra o Rio Juruá, que atinge o Rio Tapajós, 
na cidade de Santarém.
b) ( ) Possivelmente chegaram ao Brasil pelas águas do Rio Orinoco, que nasce na 
Venezuela e, pelo Canal Cassiquiare, encontra o Rio Negro, que atinge o Rio Tapajós 
na cidade de Santarém.
c) ( ) Possivelmente chegaram ao Brasil pelas águas do Rio Orinoco, que nasce 
na Venezuela e, pelo Canal Cassiquiare, encontra o Rio Negro, que atinge o Rio 
Amazonas e, na cidade de Santarém ocorre o encontro com o Rio Tapajós.
d) ( ) Possivelmente chegaram ao Brasil pelas águas do Rio Orinoco, que nasce na 
Venezuela e, pelo Canal Cassiquiare que encontra o Rio Amazonas na cidade de 
Santarém.
5 Os artistas das margens do Rio Tapajós, estado do Pará, conceberam criações com 
riqueza de detalhes e símbolos. Caracterize e explique os elementos estéticos das 
cerâmicas de Santarém.
37
TÓPICO 3 - 
MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DOS POVOS 
PRIMITIVOS
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que quando os europeus aportaram nas terras brasileiras, viviam 
aqui diversas comunidades, espalhadas por todo o território. Povos que nas ricas 
florestas viviam e da natureza extraíam seu sustento e suas tradições. Neste tópico, 
abordaremos algumas das manifestações artísticas dos povos primitivos, expressões 
de suas identidades e valioso meio de comunicação.
O mapa da figura a seguir, elaborado em 1515, representa a costa brasileira com 
alguma vegetação, animais que avistaram na Terra Brasilis, caravelas chegando e figuras 
de indígenas, que comprovam a existência de vida humana muito antes da chegada dos 
portugueses.
FIGURA 41 – MAPA DA TERRA BRASILIS
FONTE: <encurtador.com.br/ltAJV>. Acesso em: 31 jul. 2021.
Hoje sabemos que, quando os europeus aqui aportaram, a presença humana 
no território brasileiro contava com milhares de anos e os habitantes já possuíam seus 
hábitos, costumes, tradições, bem como falavam idiomas diferentes do português.
UNIDADE 1
38
Neste tópico serão abordadas algumas das manifestações artísticas dos 
indígenas, bem como as características dessas produções, considerando que a arte era 
e é ainda produzida por esses povos como elemento da vida cotidiana.
2 ARTE INDÍGENA
A arte indígena permanece viva nas comunidades que superaram adversidades 
e ainda conservam as tradições de seu povo. Como observa Tirapeli (2006, p. 14), 
“diferentemente do que ocorre na cultura dos não-índios, a arte está presente em tudo 
o que fazem. Em cada objeto existe a indicação de elementos simbólicos e espirituais, 
como desenhos que representam os mitos que cultuam”. A arte denominada utilitária 
recebe padrões decorativos de acordo com as crenças e a simbologia característica de 
cada povo, a marca de cada identidade que precisa ser respeitada e preservada.
A arte indígena possui elementos estéticos próprios de cada cultura. Como 
reforça Vidal (2000, p. 13) precisamos “usufruir e incluir no contexto das artes 
contemporâneas, em pé de igualdade, manifestações estéticas de grande beleza e 
profundo signifi cado humano”, como muitosdos objetos da arte indígena em que é 
possível perceber a habilidade técnica e artística, tanto no uso de materiais como na 
composição de traços e cores. Esses detalhes podem ser apreciados nas cerâmicas, nas 
cestarias, na arte plumária, nas máscaras e nas pinturas corporais dos povos indígenas, 
que possuem riqueza de estilos. 
Como forma de complementar seus estudos, assista ao vídeo “Os primeiros 
brasileiros”, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=J8AS-aeqsfU.
DICA
No livro “Grafi smos Indígenas: estudos de uma antropologia estética”, organizado 
por Lux Vidal, encontramos uma coletânea de textos de diversos autores que 
abordam sobre a riqueza estética dos grafi smos produzidos pelos grupos 
indígenas do Brasil. Acesse em: http://etnolinguistica.wdfi les.com/local--fi les/
biblio%3Avidal-2000-grafi smo/Vidal_2000_Grafi smo_indigena_OCR.pdf.
DICA
39
2.1 CERÂMICA
As cerâmicas, produzidas nos diversos grupos indígenas existentes no Brasil, 
são utilizadas para atividades diárias como armazenamento e preparo de alimentos, 
transporte de água, entre outras funções da vida cotidiana.
A matéria prima da cerâmica é a argila, encontrada em diferentes cores, como 
branca, cinza, ocre, vermelha, marrom, e até esverdeada. Geralmente retirada de 
encostas de rios, por apresentar maior umidade, o que facilita o manuseio, esse material 
de tonalidades diversas pode ser encontrado nos diferentes tipos de solos brasileiros.
A argila pode ser facilmente modelada, o que possibilita a versatilidade na 
confecção de panelas, vasilhas, potes de formatos diversos. Segundo Prous (2011, p. 
80-81) “a utilização de cerâmica permitiu o desenvolvimento de algumas técnicas que 
favoreceram a ampliação nas maneiras de transformar os alimentos crus em pratos 
nutritivos e apetitosos”. Além disso, com argila pode-se criar máscaras, brinquedos e 
outros utensílios ou adornos.
A confecção das cerâmicas, além de habilidade manual, requer conhecimento 
da extração da argila adequada. Para os indígenas Wayana, nos locais de coleta são 
confeccionadas grandes bolas de argila, ligeiramente alongadas, enroladas em folhas 
de sororoca – uma planta que se assemelha à bananeira –, depois levadas no cesto 
cargueiro especial para transporte do material, produzido com cipó ou folhas de palmeira.
As figuras a seguir demonstram alguns dos objetos de cerâmica produzidos em 
comunidades indígenas.
FIGURA 42 – POTE TIKUNA PARA ÁGUA
FONTE: <https://artsandculture.google.com/asset/_/PgF0M9SJHUbKDQ>. Acesso em: 31 jul. 2021.
40
A peça seguinte é um vaso, conhecido como camuti, que necessita ser produzido 
com barro de boa qualidade para que o resultado seja uma peça perfeita. As cores 
das pinturas aplicadas modificam-se após o processo de queima e envernizamento, 
tornando-se mais escuras. Um pigmento amarelo torna-se mais laranja, por exemplo.
 
FIGURA 43 – POTE DO POVO BANIWA
FONTE: <http://tainacan.museudoindio.gov.br/museu-do-indio/14-11-37/>. Acesso em: 30 jul. 2021.
De formato irregular, a tigela zoomorfa apresentada na imagem a seguir possui 
figura de macaco, com cabeça, cauda e membros, possivelmente utilizados como 
apêndices para facilitar o manuseio.
FIGURA 44 – TIGELA ZOOMORFA DO POVO WAUJA
FONTE: <http://tainacan.museudoindio.gov.br/museu-do-indio/2537-2/>. Acesso em: 30 jul. 2021.
 
Atualmente a cerâmica do povo Karajá é muito conhecida pela confecção 
de suas bonecas, como no exemplo da figura seguinte. Mais do que objetos lúdicos, 
as ritxòkò são a expressão da cultura e da identidade desse grupo. Decoradas com 
padrões mitológicos, possuem significados importantes, além de serem instrumentos 
de socialização das crianças. 
41
FIGURA 45 – BONECA KARAJÁ
FONTE: <https://artsandculture.google.com/asset/_/MQGMsifnFVXbQA>. Acesso em: 30 jul. 2021.
 
Os objetos de cerâmica guardam elementos místicos, muitas vezes, desde o 
momento de sua produção, envolvendo rituais, cores e desenhos específicos, como 
também crenças, como a do povo Wayana, em que “o contato direto com a argila pode 
trazer malefícios e influenciar pessoas enfraquecidas” (VELTHEN; LINKE, 2014, p. 29). 
Dentre alguns critérios desse povo durante a confecção das cerâmicas estão a proibição 
às mulheres que estão de resguardo, grávidas ou em período menstrual. As que cuidam 
do procedimento de queima são proibidas de tomar banho, comer, beber e falar alto. Os 
animais são afastados para que o ambiente permaneça silencioso para que se obtenha 
uma boa queima (VELTHEN; LINKE, 2014).
Os elementos místicos que habitam os objetos parecem penetrar neles por meio 
dos materiais utilizados na sua confecção. Para os indígenas, um pincel, por exemplo, 
possui seus próprios saberes, que influenciam o indivíduo durante a criação, como 
ilustra o texto que segue.
 
A pintura e a pintura dos artefatos cerâmicos
Para as pinturas, os instrumentos empregados são variados, rígidos ou 
flexíveis. Uns são denominados de itiktikmatop/itikyrotopo e são formados por finos 
talos de palmeiras e pontas de algodão. Os que são designados como umhetpë/
usehpo, compreendem pequenas bolas de argila que prendem um chumaço do 
cabelo da própria ceramista e assim são flexíveis. Esses pincéis de cabelo permitem 
fazer traços extremamente finos e se destinam a pintar os vasos de cerâmica e a 
roda-de-teto da casa cerimonial, a maluwana/maruwana.
Os pincéis são percebidos como elementos dotados de qualidades 
especiais porque permitem elaborar os grafismos e, assim são também chamados 
de imiliktop/imerotopo. Devido a esse fato, são compreendidos como possuidores 
42
 
de uma característica que é aproximada a uma “forma de conhecimento”, pois 
permite a esses instrumentos a execução dos desenhos. Os “saberes” dos pincéis 
não são, entretanto, indiferenciados e, assim, os de talo de palmeira “conhecem” 
apenas a decoração das grandes onças que é reproduzida através de pequenos 
pontos. Os pincéis flexíveis de cabelo, por sua vez, “sabem” reproduzir, através de 
um tracejado fino e acurado, as variadas pinturas corporais da serpente sobrenatural 
Tulupele/Turupere. 
A pintura dos grafismos é executada com os pincéis de cabelo no interior 
do vasilhame cerâmico. São aplicadas sobre uma base de coloração ocre ou 
castanho-avermelhado, anteriormente espalhada com um chumaço de algodão 
nativo. O pincel de nervura com ponta de algodão permite o preenchimento dos 
campos vazios, com desenhos pontilhados, uma tarefa das filhas adolescentes 
da ceramista, visando o seu ensinamento. Esse mesmo tipo de pincel propicia as 
possíveis correções do traçado dos grafismos. Uma pintura pronta, mas considerada 
feia ou incorreta pode ser suprimida lavandose com água a superfície do vaso, o 
qual é repintado depois de seco.
A fase final da confecção das vasilhas cerâmicas de uso ritual compreende 
a aplicação, sobre a superfície interna do vaso, de um verniz protetor feito com 
a seiva da jutaicica, mëpuk/mapuku, para impedir o desprendimento das tintas. 
Essa atividade requer jejum alimentar absoluto por parte da ceramista, para que o 
resultado seja satisfatório, isto é, para que o verniz se torne tão transparente como 
água. Para a aplicação do verniz, o artefato deve estar aquecido para permitir que 
o bastão de jutaicica deslize sobre a superfície, recobrindo-a uniformemente. Para 
esse fim é apoiado sobre uma panela velha, contendo brasas.
A fase final da confecção das vasilhas cerâmicas para uso cotidiano 
compreende a sua pintura interna e externa com um impermeabilizante para 
que possam ser empregadas. Esse impermeabilizante é produzido a partir de 
um vegetal, o ingá do mato – aputlukum/apurukuni – cuja entrecasca é colhida 
e raspada e o sumo obtido misturado com um pouco d’água e, quase sempre, 
com urucu, adquirindo assim uma cor avermelhada. Essa tintura é passada com os 
dedos, podendo ser arranhada com as unhas para fazer alguns tipos de grafismos. 
Os padrões produzidos com essa técnica são denominados de tëwupkai/iwynatopo 
e são altamente valorizadospelos Wayana e Aparai, porque permitem visualizar, 
na superfície dos vasilhames, os desenhos que, com suas garras, os animais 
predadores, tais como onças e outros felinos, fazem nos troncos das árvores.
FONTE: Adaptada de VELTHEM, L. H. LINKE, I. L. V. O livro do Arumã: Wama Pampila: Aruma Papeh. 
São Paulo: Iepé, 2014. p. 58-59.
43
2.2 CESTARIA
Como o nome indica, a cestaria indígena é um conjunto de objetos como 
cestos, peneiras e outros utensílios confeccionados com elementos vegetais de certa 
flexibilidade, para que trançados de extrema beleza e simbologia possam ser conduzidos 
pelas mãos indígenas. Esses utensílios são fabricados para transportar cargas, 
armazenar materiais e alimentos, peneirar produtos extraídos da natureza empregados 
no preparo de alimentos ou ornamentos, coar ingredientes, entre outras funções. 
Possuem diferentes formatos, tamanhos, desenhos e cores, obedecendo os costumes 
das diferentes comunidades que utilizam esses recipientes. Os padrões decorativos dos 
trançados variam e estão ligados às culturas de cada povo indígena.
O texto a seguir trata das narrativas míticas que integram os belos grafismos 
das cestarias de alguns povos indígenas, como a serpente sobrenatural.
 
Os grafismos dos trançados
 
Para os povos de língua Carib, como os Yekuana, os Tiriyó, os Waiwai, os 
Kaxuyana, os Wayana e Aparai uma serpente sobrenatural constitui a figura central 
das narrativas míticas que descrevem a obtenção da cestaria e dos seus grafismos. 
Para os Wayana e os Aparai trata-se da “cobra-grande” Tulupere e suas pinturas 
corporais foram vistas e copiadas nos tempos da criação do universo. Os grafismos 
encontrados nos artefatos elaborados pelos Wayana e Aparai são compreendidos, 
portanto, como pertencentes ao repertório das pinturas corporais desse sobrenatural.
Os grafismos destinam-se ao corpo humano e aos objetos de todas as 
categorias artesanais, femininas e masculinas. Os trançados de do universo 
arumã exibem, entretanto, o mais numeroso e variado conjunto. Isso acontece 
porque as técnicas de cestaria permitem evidenciar um aspecto importante que 
é a distribuição das pinturas da “cobra-grande” em seu próprio corpo. Assim, no 
seu rosto, flancos e torso estão distribuídos os grafismos que são reproduzidos 
com arumã pintado, por meio da técnica de trama fechada. Na cauda e membros 
estão os grafismos que são constituídos com técnicas de trama cerrada e vazada 
que empregam o arumã com casca, não pintado. Esses grafismos só podem ser 
apreciados no lado externo dos objetos trançados.
O ventre de Tulupere estava pintado com padrões especiais. Quando 
reproduzidos em um artefato de cestaria podem ser vistos tanto na parte interna 
quanto na externa. São apontados como sendo os mais belos e complexos grafismos 
dos Wayana e Aparai e são reproduzidos apenas pelos mais habilidosos artesãos. 
São dispostos nos cestos cargueiros decorados, e em cestos quadrangulares e em 
adornos de máscaras.
44
Considerado o mais difícil dos trabalhos em cestaria, está o katari anon, ou cesto 
cargueiro pintado com padrões decorativos. Feito de arumã, “uma planta herbácea 
silvestre encontrada em terrenos úmidos da terra firme e que, ao ser colhida, volta a 
brotar, sendo, portanto, renovável” (VELTHEN; LINKE, 2014, p. 26), é também resistente 
e flexível, o que permite o traçado de motivos geométricos.
FIGURA 46 – CESTO CARGUEIRO
FONTE: Tirapeli (2006, p. 42)
A beleza dos grafismos produzidos nos trançados não possue apenas a função 
de adorno. Os entrelaçamentos dos vegetais originam mais do que símbolos inspirados 
na natureza, são verdadeiras histórias construídas nos fios de palha, contadas pelos 
ancestrais a cada geração, fazendo viver a riqueza cultural dos povos indígenas.
 
Muitos fatores influenciam na escolha de um padrão a ser reproduzido 
em um trançado, tais como a facilidade de execução, seu conhecimento, se 
é apropriado para o objeto que se deseja confeccionar. No resultado final são 
especialmente apreciadas a sua proporção e o ajuste correto das tiras de arumã, 
ou seja, a habilidade técnica.
FONTE: Adaptada de VELTHEM, L. H. LINKE, I. L. V. O livro do Arumã: Wama Pampila: Aruma Papeh. 
São Paulo: Iepé, 2014. p. 84-85.
45
FIGURA 47 – SÍLABAS GRÁFICAS DO POVO BANIWA
FONTE: <https://issuu.com/instituto-socioambiental/docs/arte_baniwa_web>. Acesso em: 5 ago. 2021.
Ponto a ponto, as fibras são trançadas, construindo simetrias e saberes. Das 
tramas de materiais diversos, surgem elementos estéticos e formas geométricas que 
remetem aos seres que guardam as fascinantes crenças das sociedades indígenas. 
Muitas vezes os objetos recebem pinturas que destacam os elementos estéticos, 
oferecendo mais beleza aos utensílios. 
FIGURA 48 – CESTO KAMAYURÁ
FONTE: <http://maimuseu.com.br/site/search-results/?fwp_categoria=cestaria>. Acesso em: 5 ago. 2021.
46
2.3 ARTE PLUMÁRIA
De cores impressionantes e variadas, a arte plumária é utilizada pelos indígenas 
como adorno festivo ou cotidiano. Tirapeli (2006, p. 47) afirma que a arte plumária é 
mais do que adorno, “ela ganha caráter de uma linguagem codificada, não-verbal, que 
indica o sexo, a idade e a filiação de seus portadores”. Além da diversidade de cores, as 
composições dos adornos são caracterizadas pelo uso de plumas, penugens e penas 
de diversas texturas e tamanhos, que formam arranjos de surpreendente beleza em 
diademas, colares, pulseiras, brincos, cintos e outros enfeites.
A arte plumária não é mera combinação de elementos visuais, mas criações 
estéticas de espetacular delicadeza e força ao mesmo tempo. A partir do conhecimento 
das aves e da natureza, os povos indígenas desenvolvem criações emplumadas, muitas 
vezes fazendo referência ao aspecto desses animais em suas cores e formas.
Inspirados nas características da fauna ornitológica local, os objetos e adornos 
confeccionados são muitas vezes usados em ocasiões ritualísticas, como o manto 
tupinambá, confeccionado com penas de guará, que ganhava destaque nos rituais 
de canibalismo. Atualmente, segundo Tirapeli (2006), existem apenas seis exemplares 
desses mantos, todos em museus da Europa.
FIGURA 49 - MANTO TUPINAMBÁ
FONTE: Tirapeli (2006, p. 16)
Os coloridos adornos de plumas possuem exuberante beleza e, mais do que 
isso, são elementos muitas vezes destinados a representar a posição do indivíduo em 
seu grupo. Para as culturas indígenas, adornos não são fantasias, mas objetos sagrados 
no vasto universo de símbolos e crenças.
47
FIGURA 50 – GUERREIRO KAGWAHÍVA
FONTE: Bruno e Gomes (2010, p. 24)
Atualmente é proibida a comercialização da arte plumária indígena para 
preservar as aves brasileiras. Os artefatos plumários mais antigos que 
conhecemos são dos Tupinambá e estão em coleções etnográfi cas europeias, 
porque foram levadas para lá por aventureiros que tiveram contato com esses 
indígenas – como no caso de Hans Staden, que levou um manto tupinambá 
com ele ao retornar para a Europa (BASTOS; MINERINI, 2019, p. 13).
NOTA
A Fundação Bienal, no ano de 1983, realizou a exposição “Arte plumária 
no Brasil”. O catálogo pode ser visto em: http://www.bienal.org.br/
publicacoes/2127
DICA
48
2.4 MÁSCARAS
Na cultura indígena as máscaras possuem o papel de carregar em si simbologias 
e importantes elementos estéticos. Utilizadas em diversos rituais, auxiliam nas 
representações dos antepassados, criando ligação com os espíritos.
Cada um dos povos indígenas possui uma forma diferente de produzir as 
máscaras, seja nos materiais, nas cores ou nos desenhos, mas sempre evidenciando 
sua identidade e relacionando as suas manifestações culturais.
As máscaras não são apenas uma fantasia ou um objeto ritualístico, mas 
um dispositivo capaz de potencializar a corporificação das entidades sobrenaturais, 
aproximar referências espirituais e valores sagrados que orientam as sociedades 
indígenas em todos os tempos.
As sociedades indígenas confeccionam suas máscaras a partir de materiais 
extraídos da natureza, como

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