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DIREITO CIVIL Edição 2023.1 Revisada Atualizada Ampliada PA RT E Família e Sucessões 4 APRESENTAÇÃO.............................................................................................................................. 10 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO DE FAMÍLIA ................................................................. 11 1. A FAMÍLIA E A SUA EVOLUÇÃO NATURAL ............................................................................ 11 2. A FAMÍLIA E OS SEUS PARADIGMAS .................................................................................... 11 CÓDIGO CIVIL DE 1916 ..................................................................................................... 11 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E O CÓDIGO CIVIL DE 2002 ............................... 12 3. VALORES ................................................................................................................................... 14 AFETO ................................................................................................................................. 14 ÉTICA .................................................................................................................................. 14 DIGNIDADE ......................................................................................................................... 14 SOLIDARIEDADE RECÍPROCA ........................................................................................ 15 4. CARÁTER INSTRUMENTAL DA FAMÍLIA ................................................................................ 15 5. CARACTERÍSTICA DA FAMÍLIA ............................................................................................... 15 SOCIOAFETIVA .................................................................................................................. 15 EUDEMONISTA .................................................................................................................. 15 ANAPARENTAL .................................................................................................................. 15 6. DIREITO DE FAMÍLIA MÍNIMO ................................................................................................. 16 7. INCIDÊNCIA DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES DE FAMÍLIA 16 8. INCIDÊNCIA DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO CC/02 NAS RELAÇÕES FAMILIARES ........... 17 9. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA................................................. 18 PRINCÍPIO DA MULTIPLICIDADE/PLURALIDADE DE ENTIDADES FAMILIARES ....... 19 IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES ................................................................ 22 IGUALDADE ENTRE FILHOS ............................................................................................ 24 FACILITAÇÃO DA DISSOLUÇÃO DAS FAMÍLIAS............................................................ 25 RESPONSABILIDADE FAMILIAR ...................................................................................... 25 9.5.1. Planejamento familiar .................................................................................................. 25 9.5.2. Filiação responsável .................................................................................................... 25 UNIÃO ESTÁVEL............................................................................................................................... 27 1. EVOLUÇÃO E PERSPECTIVA HISTÓRICA ............................................................................. 27 2. CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL E DIFERENÇAS ................................................................. 28 3. VEDAÇÕES AO CONCUBINATO.............................................................................................. 28 4. REQUISITOS CARACTERIZADORES DA UNIÃO ESTÁVEL.................................................. 31 DIVERSIDADE DE SEXO ................................................................................................... 31 CONVIVÊNCIA PÚBLICA E DURADOURA ....................................................................... 31 OBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA .............................................................................. 32 AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTOS ....................................................................................... 33 5. DEVERES OU EFEITOS PESSOAIS DECORRENTES DA UNIÃO ESTÁVEL ....................... 34 DEVERES CONJUGAIS ..................................................................................................... 34 ACRÉSCIMO DE SOBRENOME ........................................................................................ 35 PARENTESCO POR AFINIDADE ...................................................................................... 35 INALTERABILIDADE DO ESTADO CIVIL E NÃO EMANCIPAÇÃO ................................. 35 PREFERÊNCIA PARA O EXERCÍCIO DE CURADORIA .................................................. 35 PRESUNÇÃO DE PATERNIDADE (PATER IS EST) ........................................................ 35 6. EFEITOS PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL ..................................................................... 36 REGIME DE BENS ............................................................................................................. 36 VÊNIA CONJUGAL ............................................................................................................. 37 CITAÇÃO DO COMPANHEIRO ......................................................................................... 38 DIREITO À HERANÇA ........................................................................................................ 38 DIREITO AO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO ................................................................... 40 DIREITO AOS ALIMENTOS ............................................................................................... 40 DIREITO REAL DE HABITAÇÃO ....................................................................................... 40 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 2 EXERCÍCIO DA INVENTARIANÇA .................................................................................... 42 LEGITIMIDADE PARA OPOR EMBARGOS DE TERCEIROS .......................................... 43 PARTILHA DE DIREITOS REAIS SOBRE A COISA ALHEIA DE BENS PÚBLICOS ...... 43 7. CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO .......................................................... 43 8. JURISPRUDÊNCIA EM TESE E UNIÃO ESTÁVEL ................................................................. 44 CASAMENTO .................................................................................................................................... 46 1. PERSPECTIVA ÓTICA CIVIL-CONSTITUCIONAL ................................................................... 46 2. CONCEITO ................................................................................................................................. 46 3. NATUREZA JURÍDICA ............................................................................................................... 47 4. PROVA DO CASAMENTO ......................................................................................................... 47 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 47 PROVA DIREITA ................................................................................................................. 48 PROVA INDIRETA .............................................................................................................. 48 PROVA DO CASAMENTO NO ESTRANGEIRO ............................................................... 49 5. PROMESSA DE CASAMENTO OU ESPONSAIS .................................................................... 49 6. ESPÉCIES DE CASAMENTO ....................................................................................................50 CASAMENTO CIVIL ............................................................................................................ 50 CASAMENTO RELIGIOSO ................................................................................................. 50 CASAMENTO MISTO ......................................................................................................... 51 7. CAPACIDADE PARA O CASAMENTO ..................................................................................... 51 8. IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS ............................................................................................ 52 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 52 CONCEITOS ....................................................................................................................... 53 EFEITOS ............................................................................................................................. 53 HIPÓTESES DE IMPEDIMENTO MATRIMONIAL............................................................. 54 9. CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO ............................................................................ 54 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 54 CONCEITO .......................................................................................................................... 55 EFEITOS ............................................................................................................................. 55 LEGITIMIDADE PARA ARGUIÇÃO.................................................................................... 56 HIPÓTESES DE CAUSAS SUSPENSIVAS ....................................................................... 56 10. HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO ................................................................................. 56 PREVISÃO LEGAL E CONCEITO ...................................................................................... 56 COMPETÊNCIA .................................................................................................................. 57 PROCEDIMENTO ............................................................................................................... 57 11. CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO ......................................................................................... 58 12. FORMAS ESPECIAIS DE CASAMENTO .............................................................................. 59 CASAMENTO POR PROCURAÇÃO.................................................................................. 59 CASAMENTO NUNCUPATIVO .......................................................................................... 59 CASAMENTO EM CASO DE MOLÉSTIA GRAVE ............................................................ 61 13. CASAMENTO PUTATIVO ...................................................................................................... 61 14. PLANOS JURÍDICOS DO CASAMENTO .............................................................................. 62 PLANO DA EXISTÊNCIA .................................................................................................... 62 PLANO DA VALIDADE: CAUSAS DE NULIDADE ............................................................ 62 PLANO DA VALIDADE: CAUSAS DE ANULABILIDADE .................................................. 62 14.3.1. Legitimidade para a ação de anulação ....................................................................... 64 PLANO DA EFICÁCIA......................................................................................................... 64 CASAMENTO NULO x CASAMENTO ANULÁVEL ........................................................... 65 15. EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO ............................................................................. 65 EFEITOS PESSOAIS .......................................................................................................... 65 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 3 EFEITOS SOCIAIS ............................................................................................................. 66 16. DEVERES DO CASAMENTO ................................................................................................ 67 17. REGIME DE BENS ................................................................................................................. 67 CONCEITO .......................................................................................................................... 67 REGIME DE SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS ..................................................... 68 REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL DOS AQUESTOS .................................................. 69 REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS ................................................................ 70 REGIME DE COMUNHÃO TOTAL DE BENS .................................................................... 73 REGIME DA SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS ................................................. 73 (IM) POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS ..................................... 74 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL .................................................................................. 77 1. EVOLUÇÃO HISTÓRIA .............................................................................................................. 77 2. SISTEMA DUALISTA DE DISSOLUÇÃO .................................................................................. 77 DEFINIÇÃO ......................................................................................................................... 77 CAUSAS TERMINATIVAS .................................................................................................. 77 CAUSAS DISSOLUTIVAS .................................................................................................. 78 3. QUESTÕES CONTROVERTIDAS ............................................................................................. 78 EC 66/2010 E A (IN) EXISTÊNCIA DA SEPARAÇÃO ....................................................... 78 MORTE PRESUMIDA ......................................................................................................... 79 3.2.1. Com declaração de ausência ...................................................................................... 79 3.2.2. Sem declaração de ausência ...................................................................................... 80 4. SEPARAÇÃO DE FATO ............................................................................................................. 80 CONCEITO .......................................................................................................................... 80 EFEITOS DA SEPARAÇÃO DE FATO .............................................................................. 81 4.2.1. Permissão para caracterização da união estável ....................................................... 81 4.2.2. Cessação do regime de bens ...................................................................................... 81 4.2.3. Perda do direito sucessório ......................................................................................... 82 4.2.4. Sub-rogação locatícia .................................................................................................. 83 4.2.5. Contagem do prazo para usucapião conjugal ............................................................. 84 5. SEPARAÇÃO DE CORPOS ...................................................................................................... 84 6. SEPARAÇÃO DE DIREITO........................................................................................................ 84 CONCEITO ..........................................................................................................................85 ESPÉCIES DE SEPARAÇÃO ............................................................................................. 85 6.2.1. Separação consensual ................................................................................................ 85 6.2.2. Separação litigiosa ....................................................................................................... 86 7. DIVÓRCIO .................................................................................................................................. 89 EVOLUÇÃO E CONCEITO ................................................................................................. 89 DIVÓRCIO LITIGIOSO........................................................................................................ 89 DIVÓRCIO CONSENSUAL ................................................................................................. 90 DIVÓRCIO CONSENSUAL EM CARTÓRIO ...................................................................... 92 8. SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO: CARACTERÍSTICAS MATERIAIS E PROCESSUAIS COMUNS 93 NATUREZA PERSONALÍSSIMA DA MEDIDA .................................................................. 93 POSSIBILIDADE DE DISPENSA DA PARTILHA DOS BENS (ART. 1.581 DO CC E SÚMULA 197 DO STJ). ................................................................................................................. 94 REVELIA NA SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO (ART. 345, II, DO CPC/2015) ........................ 95 COMPETÊNCIA JUDICIAL PARA AS AÇÕES .................................................................. 96 USO DO SOBRENOME ...................................................................................................... 97 DIVISÃO DE FRUTOS DECORRENTES DE COISA COMUM ......................................... 97 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 4 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ............................................... 99 PARTILHA DE BENS .......................................................................................................... 99 GUARDA DOS FILHOS .................................................................................................... 100 8.9.1. Espécies de guarda ................................................................................................... 100 8.9.2. Definição .................................................................................................................... 102 8.9.3. Impossibilidade de acordo ......................................................................................... 103 8.9.4. A guarda pode ser deferida para outra pessoa que não seja o pai ou a mãe? ....... 104 8.9.5. Poder familiar ............................................................................................................. 104 PARENTESCO ................................................................................................................................ 107 1. CONCEITO ............................................................................................................................... 107 2. PARENTESCO CONSANGUÍNEO (OU NATURAL) ............................................................... 107 3. PARENTESCO POR AFINIDADE............................................................................................ 108 4. DISTINÇÕES ENTRE PARENTESCO NA LINHA RETA, COLATERAL E POR AFINIDADE 109 FILIAÇÃO ......................................................................................................................................... 112 1. CONCEITO ............................................................................................................................... 112 2. Isonomia entre os filhos ............................................................................................................ 112 3. PROVA DA MATERNIDADE .................................................................................................... 113 4. CRITÉRIOS DE FILIAÇÃO....................................................................................................... 113 ESPÉCIES ......................................................................................................................... 113 CRITÉRIO DA PRESUNÇÃO LEGAL .............................................................................. 113 CRITÉRIO BIOLÓGICO .................................................................................................... 117 CRITÉRIO SOCIOAFETIVO ............................................................................................. 118 CRITÉRIO MULTIPARENTAL .......................................................................................... 125 5. (IM) POSSIBILIDADE DE DUPLA PATERNIDADE E/OU MATERNIDADE ........................... 127 6. RECONHECIMENTO DE FILHOS ........................................................................................... 130 RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO DE FILHO ............................................................. 131 6.1.1. Regras ........................................................................................................................ 131 6.1.2. Natureza jurídica do ato de reconhecimento de filhos .............................................. 131 6.1.3. Unilateralidade e bilateralidade do reconhecimento de filho .................................... 132 6.1.4. Características do reconhecimento voluntário de filho ............................................. 132 6.1.5. Impugnação do reconhecimento de paternidade pelo filho ...................................... 132 6.1.6. Ação negatória de paternidade x ação de impugnação de paternidade .................. 132 RECONHECIMENTO JUDICIAL DOS FILHOS ............................................................... 133 7. AÇÕES DE FAMÍLIA ................................................................................................................ 133 AÇÃO INVESTIGATÓRIA DE PATERNIDADE ................................................................ 133 7.1.1. Competência .............................................................................................................. 133 7.1.2. Cumulabilidade de pedidos ....................................................................................... 134 7.1.3. Termo inicial dos alimentos na ação investigatória de paternidade ......................... 134 7.1.4. Legitimidade na ação de investigação de paternidade ............................................. 135 7.1.5. Coisa julgada na investigação de paternidade ......................................................... 136 8. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE FILIAÇÃO (OU AÇÃO DE PROVA DA FILIAÇÃO)...... 136 AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE OU DE IMPUGNAÇÃO DE PATERNIDADE (OU AÇÃO CONTESTATÓRIA DE PATERNIDADE) ......................................................................... 137 IMPUGNAÇÃO AO RECONHECIMENTO ....................................................................... 137 IMPUGNAÇÃO DA MATERNIDADE PELA SUPOSTA MÃE .......................................... 137 ALIMENTOS .................................................................................................................................... 139 1. CONCEITO ............................................................................................................................... 139 2. FUNDAMENTO ........................................................................................................................ 139 3. ESPÉCIES DE ALIMENTOS (CLASSIFICAÇÃO) ................................................................... 140 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 5 QUANTO À NATUREZA DOS ALIMENTOS .................................................................... 140 3.1.1. Alimentos civis (ou côngruos) ....................................................................................140 3.1.2. Alimentos necessários/Indispensáveis ...................................................................... 141 QUANTO À CAUSA (ORIGEM) DOS ALIMENTOS ......................................................... 143 3.2.1. Alimentos Legítimos ou Legais .................................................................................. 143 3.2.2. Alimentos Convencionais ou Voluntários .................................................................. 143 3.2.3. Alimentos ressarcitórios ou reparatórios ................................................................... 143 QUANTO AO MOMENTO DA EXIGIBILIDADE ............................................................... 144 3.3.1. Pretéritos .................................................................................................................... 144 3.3.2. Presentes ................................................................................................................... 144 3.3.3. Futuros ....................................................................................................................... 144 QUANTO À FINALIDADE ................................................................................................. 146 3.4.1. Alimentos provisórios ................................................................................................. 146 3.4.2. Alimentos provisionais (art. 852 do CPC/1973) ........................................................ 147 3.4.3. Alimentos definitivos .................................................................................................. 148 3.4.4. Alimentos transitórios ................................................................................................. 149 4. CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA .......................................................... 149 PERSONALÍSSIMA (INTUITU PERSONAE) ................................................................... 149 INTRANSMISSIBILIDADE ................................................................................................ 150 IRRENUNCIÁVEIS (ART. 1.707, CC) .............................................................................. 150 IMPRESCRITÍVEIS ........................................................................................................... 151 IMPENHORÁVEIS E INCOMPENSÁVEIS ....................................................................... 152 IRREPETÍVEIS .................................................................................................................. 152 FUTURIDADE (ALIMENTOS SÃO FUTUROS) ............................................................... 153 5. SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA ........................................................................... 153 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 154 CÔNJUGE OU COMPANHEIROS ................................................................................... 154 PARENTES ....................................................................................................................... 154 5.3.1. Regras gerais ............................................................................................................. 154 5.3.2. Fundamentos dos alimentos entre ascendentes e descendentes ........................... 155 ALIMENTOS GRAVÍDICOS: NASCITURO OU MÃE? ..................................................... 156 6. ASPECTOS PROCESSUAIS (ALIMENTOS: LEI 5478/68) .................................................... 157 NOTAS INICIAIS ............................................................................................................... 157 PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE ALIMENTOS ............................................................... 157 6.2.1. Petição Inicial ............................................................................................................. 157 6.2.2. Competência .............................................................................................................. 158 6.2.3. Fixação dos alimentos provisórios e despacho inicial .............................................. 158 6.2.4. Citação ....................................................................................................................... 158 6.2.5. Audiência una de conciliação, instrução e julgamento ............................................. 159 6.2.6. Sentença e recurso .................................................................................................... 160 6.2.7. Execução.................................................................................................................... 160 7. COBRANÇA DOS ALIMENTOS NO CPC/2015 (MARIA BERENICE DIAS).......................... 162 CUMPRIMENTO DA SENTENÇA .................................................................................... 165 EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL ..................................................................... 168 RITO DA COAÇÃO PESSOAL ......................................................................................... 168 RITO DA EXPROPRIAÇÃO .............................................................................................. 169 TUTELA E CURATELA.................................................................................................................... 172 1. DIREITO DE FAMÍLIA ASSISTENCIAL ................................................................................... 172 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 6 2. TUTELA .................................................................................................................................... 173 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 173 ESPÉCIES DE TUTELA ................................................................................................... 174 2.2.1. Tutela documental...................................................................................................... 174 2.2.2. Tutela testamentária .................................................................................................. 174 2.2.3. Tutela legítima ............................................................................................................ 174 2.2.4. Tutela dativa ............................................................................................................... 174 INCAPAZES DE EXERCER TUTELA .............................................................................. 176 ESCUSAS DOS TUTORES .............................................................................................. 176 CONSENTIMENTO DO TUTELADO ................................................................................ 177 DISPENSA DE ESPECIALIZAÇÃO DE HIPOTECA LEGAL ........................................... 177 RESPONSABILIDADE DO MAGISTRADO ...................................................................... 178 REMUNERAÇÃO, RESPONSABILIDADE E PRESTAÇÃO DE CONTAS PELO TUTOR 178 2.8.1. Incumbências ............................................................................................................. 178 2.8.2. Remuneração ............................................................................................................. 179 2.8.3. Responsabilidade do tutor ......................................................................................... 179 2.8.4. Prestação de contas .................................................................................................. 179 BENS DO TUTELADO ...................................................................................................... 181 CESSAÇÃO DA TUTELA .................................................................................................182 3. CURATELA ............................................................................................................................... 182 SUCESSÕES ................................................................................................................................... 187 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES ................................................................... 190 CONCEITO ........................................................................................................................ 190 ESPÉCIES DE SUCESSÃO HEREDITÁRIA ................................................................... 190 1.2.1. Testamentária ............................................................................................................ 190 1.2.2. Legítima ...................................................................................................................... 191 LEI SUCESSÓRIA NO TEMPO E NO ESPAÇO .............................................................. 191 PRINCÍPIO DA SAISINE ................................................................................................... 191 ACEITAÇÃO E CESSÃO DA HERANÇA ......................................................................... 192 RENÚNCIA DA HERANÇA ............................................................................................... 194 LEGITIMIDADE PARA SUCEDER (ARTS. 1.798 E 1.799 DO CC) ................................ 194 2. TERMINOLOGIA DO DIREITO DAS SUCESSÕES ............................................................... 197 “AUTOR DA HERANÇA” ................................................................................................... 197 “SUCESSOR” .................................................................................................................... 197 2.2.1. “Herdeiro” ................................................................................................................... 197 2.2.2. “Legatário” .................................................................................................................. 198 “LEGÍTIMA” ....................................................................................................................... 198 “ABERTURA” DA SUCESSÃO ......................................................................................... 198 “DELAÇÃO” E “ADIÇÃO” (CC/1916) ................................................................................ 199 “DIFERENÇA: HERANÇA X ESPÓLIO ............................................................................ 199 2.6.1. “Herança” ................................................................................................................... 199 2.6.2. “Espólio” ..................................................................................................................... 199 3. MOMENTO DE ABERTURA DA SUCESSÃO (CC, ART. 1.784) ........................................... 200 TRANSMISSÃO AUTOMÁTICA DAS RELAÇÕES JURÍDICAS: SAISINE ..................... 200 ABERTURA DA SUCESSÃO X ABERTURA DO INVENTÁRIO ..................................... 201 OUTROS EFEITOS JURÍDICOS QUE DECORREM DO PRINCÍPIO DA SAISINE ....... 201 3.3.1. Fixação da norma legal que regerá a sucessão ....................................................... 201 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 7 3.3.2. Verificação da capacidade para suceder .................................................................. 201 3.3.3. Cálculo da legítima .................................................................................................... 201 3.3.4. Fixa o lugar da sucessão (art. 1.785 do CC)............................................................. 202 4. CAPACIDADE SUCESSÓRIA ................................................................................................. 202 CONCEITO ........................................................................................................................ 202 ELEMENTOS QUE COMPÕEM A CAPACIDADE SUCESSÓRIA .................................. 203 5. INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO ............................................................................................ 203 ASPECTOS GERAIS ........................................................................................................ 203 ASPECTOS DISTINTIVOS: INDIGNIDADE x DESERDAÇÃO ....................................... 204 CAUSAS DE INDIGNIDADE (ART. 1.814 DO CC) .......................................................... 204 CAUSAS DE DESERDAÇÃO (ARTS. 1.814, 1.962 E 1.963 DO CC) ............................. 206 6. CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS (ART. 1.793) ........................................................ 207 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 207 REQUISITOS DA CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS ......................................... 207 6.2.1. Requisito temporal ..................................................................................................... 207 6.2.2. Requisito subjetivo ..................................................................................................... 208 6.2.3. Requisito formal ......................................................................................................... 208 6.2.4. Requisito objetivo ....................................................................................................... 208 OBSERVÂNCIA DO DIREITO DE PREFERÊNCIA DOS DEMAIS HERDEIROS .......... 209 POSIÇÃO DO CESSIONÁRIO E ESPÉCIE DE NEGÓCIO JURÍDICO QUE CONFIGURA A CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS .............................................................................. 209 7. ACEITAÇÃO DA HERANÇA .................................................................................................... 210 PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 210 CLASSIFICAÇÃO DA ACEITAÇÃO DA HERANÇA ........................................................ 210 7.2.1. Quanto à pessoa que aceita ...................................................................................... 210 Quanto à manifestação de vontade .................................................................................. 211 8. RENÚNCIA À HERANÇA ......................................................................................................... 212 PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 212 REQUISITOS DA RENÚNCIA À HERANÇA .................................................................... 213 8.2.1. Capacidade do renunciante ....................................................................................... 213 8.2.2. Consentimento do cônjuge ........................................................................................ 213 RENÚNCIA ABDICATIVA (TRANSLATIVA OU IN FAVOREM) ...................................... 214 SUCESSÃO LEGÍTIMA ................................................................................................................... 215 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 215 2. SUCESSÃO DOS DESCENDENTES ...................................................................................... 216 3. SUCESSÃO DOS ASCENDENTES ........................................................................................ 216 4. SUCESSÃO DO CÔNJUGE .................................................................................................... 217 CONCORRÊNCIA CÔNJUGE X DESCENDENTE .......................................................... 217 4.1.1. Existência de descendentes ......................................................................................217 4.1.2. Depende do regime de bens (e da existência de bens particulares) ....................... 217 4.1.3. Obediência ao percentual legal ................................................................................. 220 CONCORRÊNCIA ENTRE CÔNJUGE E ASCENDENTE ............................................... 221 SUCESSÃO DO CÔNJUGE SOZINHO ........................................................................... 222 DIREITO REAL DE HABITAÇÃO (ART. 1.831 DO CC) .................................................. 223 5. SUCESSÃO DO COMPANHEIRO (ART. 1790 DO CC) ......................................................... 225 6. SUCESSÃO DOS COLATERAIS ............................................................................................. 226 7. AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA ........................................................................................ 227 CONCEITO ........................................................................................................................ 227 LEGITIMIDADE ATIVA...................................................................................................... 227 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 8 LEGITIMIDADE PASSIVA ................................................................................................ 228 NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA.................................... 228 PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 228 PRAZO PRESCRICIONAL ............................................................................................... 229 HERDEIRO PUTATIVO E TERCEIRO DE BOA-FÉ ........................................................ 229 SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA...................................................................................................... 231 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 231 2. TESTAMENTO ......................................................................................................................... 231 3. CLASSIFICAÇÃO DO TESTAMENTO .................................................................................... 231 NATUREZA NEGOCIAL ................................................................................................... 231 CARÁTER PERSONALÍSSIMO ........................................................................................ 231 UNILATERALIDADE ......................................................................................................... 232 GRATUIDADE ................................................................................................................... 232 REVOGABILIDADE ........................................................................................................... 232 SOLENE ............................................................................................................................ 232 EFICÁCIA CAUSA MORTIS ............................................................................................. 232 4. PRESSUPOSTOS DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA ......................................................... 232 OBSERVÂNCIA DO LIMITE DA LEGÍTIMA ..................................................................... 232 PESSOA CAPAZ DE DISPOR POR MEIO DE TESTAMENTO (CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA ATIVA) .......................................................................................................... 234 PESSOA CAPAZ DE RECEBER HERANÇA OU LEGADO (CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA PASSIVA) ..................................................................................................... 234 PROIBIDOS DE RECEBER HERANÇA OU LEGADO .................................................... 235 CUMPRIMENTO DA FORMA PRESCRITA EM LEI ........................................................ 236 4.5.1. Testamentos comuns ................................................................................................. 236 4.5.2. Testamento cerrado, secreto ou místico ................................................................... 237 4.5.3. Testamento particular ................................................................................................ 238 4.5.4. Testamentos excepcionais ........................................................................................ 240 4.5.5. Testamento militar...................................................................................................... 241 5. CODICILO ................................................................................................................................. 242 CONCEITO ............................................................................ Erro! Indicador não definido. 6. CLÁUSULAS TESTAMENTÁRIAS .......................................................................................... 242 CONCEITO ........................................................................................................................ 242 REGRAS INTERPRETATIVAS DAS CLÁUSULAS TESTAMENTÁRIAS ....................... 243 REGRAS PROIBITIVAS ................................................................................................... 244 REGRAS PERMISSIVAS .................................................................................................. 245 7. REDUÇÃO DE CLÁUSULA TESTAMENTÁRIA ...................................................................... 246 8. DIREITO DE ACRESCER ........................................................................................................ 247 9. EXECUÇÃO DOS TESTAMENTOS ........................................................................................ 249 10. FIGURA DO TESTAMENTEIRO .......................................................................................... 249 11. REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO ...................................................................................... 249 FORMAS DE REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO ............................................................ 250 11.1.1. Quanto à extensão da revogação de testamento ..................................................... 250 11.1.2. Quanto à forma da revogação de testamento ........................................................... 250 REVOGAÇÃO POR TESTAMENTO ANULADO.............................................................. 251 REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO REVOGATÓRIO ...................................................... 251 12. ROMPIMENTO DO TESTAMENTO ..................................................................................... 251 13. SUPERVENIÊNCIA DE DESCENDENTE SUCESSÍVEL ................................................... 252 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 9 SURGIMENTO DE HERDEIROS NECESSÁRIOS IGNORADOS, DEPOIS DO TESTAMENTO ............................................................................................................................. 252 SUBSISTÊNCIA DO TESTAMENTO SE CONHECIDA A EXISTÊNCIA DE HERDEIROS NECESSÁRIOS............................................................................................................................ 252 INVENTÁRIO E PARTILHA ............................................................................................................. 254 1. CONCEITO ............................................................................................................................... 254 2. PROCEDIMENTO DE INVENTÁRIO ....................................................................................... 254 INVENTÁRIO TRADICIONAL OU SOLENE .................................................................... 254 ARROLAMENTO COMUM (ART. 664 DO CPC) ............................................................. 254 ARROLAMENTO SUMÁRIO (ARTS. 659 E 660 DO CPC)............................................. 255 3. INVENTÁRIO NEGATIVO ........................................................................................................ 256 4. REGRAS DO INVENTÁRIO SOLENE ..................................................................................... 257 COMPETÊNCIA ................................................................................................................ 257 PRAZO DE ABERTURA DO INVENTÁRIO ..................................................................... 258 LEGITIMIDADE PARA O REQUERIMENTO DE INVENTÁRIO E PARTILHA ............... 258 A FIGURA DO INVENTARIANTE ..................................................................................... 259 4.4.1. Noções gerais ............................................................................................................ 260 4.4.2. Nomeação do Inventariante ....................................................................................... 260 4.4.3. Atribuições do inventariante ...................................................................................... 261 4.4.4. Remoção e destituição do inventariante ................................................................... 261 5. PROCEDIMENTO DO INVENTÁRIO SOLENE....................................................................... 263 FASE DE IMPUGNAÇÕES ............................................................................................... 263 FASE DE AVALIAÇÕES ................................................................................................... 265 ÚLTIMAS DECLARAÇÕES (ART. 637 DO CPC) ............................................................ 266 PAGAMENTO DE DÍVIDAS E RECOLHIMENTO FISCAL .............................................. 266 6. DECISÃO DE PARTILHA ......................................................................................................... 267 DIREITO SUCESSÓRIO E O PODER PÚBLICO ........................................................................... 269 1. HERANÇA JACENTE ............................................................................................................... 269 2. HERANÇA VACANTE .............................................................................................................. 270 3. PROCEDIMENTO .................................................................................................................... 270 REGRAS............................................................................................................................ 270 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ...................................................................................... 271 4. NATUREZA DA SENTENÇA DE VACÂNCIA .......................................................................... 273 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 10 APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. A grande maioria dos concurseiros possui o hábito de trocar o material de estudo constantemente, principalmente, em razão da variedade que se tem hoje, cada dia surge algo novo. Porém, o ideal é você utilizar sempre a mesma fonte, fazendo a complementação necessária, eis que quanto mais contato temos com determinada fonte de estudo, mais familiarizados ficamos, o que se torna primordial na hora da prova (acredite nisso). O Caderno Sistematizado de Direito Civil IV possui como base as aulas do Prof. Cristiano Chaves e do Prof. Pablo Stolze, com o intuito de deixar o material mais completo, utilizados as seguintes fontes complementares: Manual de Direito Civil (Flávio Tartuce – 2017); Manual de Direito Civil – Volume Único (Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho – 2019) e Manual de Direito Civil – Volume Único (Cristiano Chaves de Farias, Felipe Braga Netto e Nelson Rosenvald – 2019). Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). Destacamos que é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! Equipe Cadernos Sistematizados. CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 11 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO DE FAMÍLIA 1. A FAMÍLIA E A SUA EVOLUÇÃO NATURAL A ideia de família não é construída por meio de um conceito biológico estático, e sim por um conceito cultural. Assim, a família significa a possibilidade de convivência. Além disso, o conceito de família não é estático e acabado. Na verdade, trata-se de um conceito dinâmico, visto que tem diferentes projeções. Por exemplo, antigamente, apenas considerava-se família aquela formada por homem e mulher. Atualmente, reconhece-se a família homoafetiva. 2. A FAMÍLIA E OS SEUS PARADIGMAS CÓDIGO CIVIL DE 1916 A família, antes da Constituição Federal de 1988, na vigência do CC/1916 era permeada pelos seguintes paradigmas: Até 1949, os filhos havidos fora do casamento eram considerados ilegítimos e não poderiam ser reconhecidos. Além disso, havia distinção entre os filhos adotivos e os filhos biológicos. Por isso, a morte dos pais adotivos era causa de extinção da adoção, a fim de impedir o acesso à herança. FA M ÍL IA MATRIMONIALIZADA Constituição apenas pelo casamento. As demais uniões (entre homem e mulher, sem casamento) eram consideradas concubinato (mera sociedade de fato). PATRIARCAL O homem era o chefe da família, o centro das relações familiares HIERARQUIZADA Baseada no pátrio poder, ou seja, todos deviam obediência ao patriarca (homem o chefe da família) BIOLÓGICA Distinção entre filhos adotivos e biológicos. HETEROPARENTAL Formada por pessoas de sexo distintos. A única forma de família era a formada por homem e mulher. INSTITUCIONAL Família era uma instituição a ser protegida pelo direito, por isso o casamento era considerado indissolúvel, a esterilidade de um dos cônjuges poderia causar a anulação do casamento. CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 12 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E O CÓDIGO CIVIL DE 2002 Além da incidência dos direitos e garantias fundamentais (tábua axiológica) no Direito de Família, o legislador constituinte editou os arts. 226 e 227 da CF, que tratam de temas específicos. Perceba, portanto, que a CF/88 conferiu uma proteção especial à família. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuito a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício dessedireito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil; II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola; CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 13 III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente. § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros. § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. § 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204. § 8º A lei estabelecerá: I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas. Dessa forma, os paradigmas do CC/1916 deram lugar para novos paradigmas, quais sejam: Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem. FA M ÍL IA MÚLTIPLA A família pode ser constituída por diferentes formas: casamento, união estável, monoparental (ascendentes e descendentes) DEMOCRÁTICA Homens e mulheres possuem direitos e deveres iguais IGUALITÁRIA Igualdade substancial, tratando desigualmente os desiguais e buscando a igualdade fática entre os componentes familiares. Exemplo: Estatuto do idoso; ECA; Maria da Penha, Estatuto da Primeira Infância BIOLÓGICA OU SOCIOAFETIVA Filhos biológicos e adotivos possuem os mesmos direitos (art. 1.593 do CC). HETEROPARENTAL E HOMOPARENTAL Família pode ser formada por pessoas de sexo distintos e de sexo iguais. Ademais, a homoparentalidade pode decorrer da monoparentalidade. Exemplo: família composta de Mãe solteira e sua filha. INSTRUMENTAL É um instrumento de proteção da pessoa humana. A família é um meio e não um fim. CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 14 3. VALORES A família contemporânea é permeada por quatro valores: afeto, ética, dignidade e solidariedade recíproca. AFETO Como visto acima, na visão clássica, apenas as relações biológicas eram consideradas como forma de família. Hoje, a socioafetividade também caracteriza família. Cita-se, como exemplo, a possibilidade de acréscimo do sobrenome do padrasto ou da madrasta (Lei 11.924/2009), o reconhecimento da filiação socioafetiva. ÉTICA As relações familiares devem ser permeadas pela ética. Com base nisso, o STJ reconheceu a cessação do regime de bens pela simples separação, independente de prazo. DIGNIDADE Decorre da dignidade, por exemplo, a possibilidade de escolha do regime de bens para o maior de 70 anos, por isso parte da doutrina entende que o art. 1.641 do CC, ao impor o regime de separação de bens, é inconstitucional. Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: (...) II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (...) Ressalta-se que o art. 1.641, II do CC trata da separação legal obrigatória, ou seja, aquela que é imposta por força de lei. Por fim, o STJ já declarou que, no regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento, desde que comprovado o esforço comum para sua aquisição. No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento, desde que comprovado o esforço comum para sua aquisição. Esse esforço comum não pode ser presumido. Deve ser comprovado. O regime de separação legal de bens (também chamado de separação obrigatória de bens) é aquele previsto no art. 1.641 do Código Civil. STJ. 2ª Seção. EREsp 1623858-MG, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador Convocado do TRF 5ª Região), julgado em 23/05/2018 (recurso repetitivo) (Info 628).1 1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento, desde que comprovado o esforço comum para sua aquisição. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 15 SOLIDARIEDADE RECÍPROCA A solidariedade determina o amparo, a assistência material e moral recíproca entre todos os membros da família. Cita-se, como exemplo, a obrigação alimentar entre parentes, cônjuges ou companheiros. 4. CARÁTER INSTRUMENTAL DA FAMÍLIA A família é um instrumento de proteção da pessoa humana, é um meio e não um fim. Perceba que as pessoas não são obrigadas a constituir uma família, trata-se de uma faculdade. Em sua redação originária, a Lei do Divórcio permitia ao juiz indeferir um acordo de divórcio consensual, em nome da manutenção do núcleo familiar. Hoje, algo totalmente inadmissível, uma vez que ninguém precisa de uma família para ter proteção. A verdadeira finalidade da família é colaborar para o desenvolvimento da personalidade de cada membro, para o alcance da “felicidade” (família eudemonista). 5. CARACTERÍSTICA DA FAMÍLIA De acordo com a doutrina contemporânea, a família possui três características: socioafetiva, eudemonista e anaparental. SOCIOAFETIVA A noção defamília é moldada pela afetividade. Por isso, o STJ possui diversas decisões em que a socioafetividade prevalece sobre o caráter biológico. EUDEMONISTA Eudemonismo é uma filosofia grega que prega que o homem vem à Terra para buscar a felicidade. A família é eudemonista, uma vez que deve servir como ambiência para que cada um dos seus membros busque a sua felicidade individual, realizando-se como pessoa. ANAPARENTAL Significa admitir e reconhecer a família mesmo quando não exista vínculo parental técnico entre os seus integrantes. A proteção jurídica não está vinculada ao fato de a pessoa estar ou não inserida em um núcleo familiar. <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9b16759a62899465ab21e2e79d2ef75c>. Acesso em: 02/08/2022 CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 16 Como exemplo, pode-se citar a proteção ao bem de família das pessoas sozinhas (súmula 364 do STJ). Súmula 364 do STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. 6. DIREITO DE FAMÍLIA MÍNIMO A incidência do Direito de Família deve ser mínima, ou seja, o Estado não deve intervir nas relações familiares. Assim, sua incidência deve ocorrer apenas nos casos em que é necessária a proteção dos direitos fundamentais dos interessados. Por conseguinte, prevalece a autonomia privada nas relações de família, salvo nos casos em que há violação aos direitos fundamentais, como ocorre, por exemplo, na violência doméstica e familiar. As hipóteses de intervenção do Estado são: a) A Lei Maria da Penha prevê que a ação penal será pública incondicionada nos casos de lesão corporal; b) O MP possui legitimidade para requerer alimentos em favor de criança e de adolescente, mesmo que não estejam em situação de risco e mesmo que na comarca tenha Defensoria Pública; c) Art. 7º da Lei 8.560/92: O juiz fixará alimentos, mesmo que o autor da ação de investigação de paternidade não requeira, nos casos em que julgar procedente o pedido; Art. 7° Sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite. d) Regime de separação obrigatória de bens para o maior de 70 anos OBS.: Segundo parte da doutrina, há a autonomia privada infanto- juvenil. Ex.: A necessidade de concordância do adolescente para que ele seja colocado em família substituta e para alterar o seu prenome nos casos de adoção. 7. INCIDÊNCIA DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES DE FAMÍLIA Assim como ocorre em outras áreas do Direito Civil, os direitos e garantias fundamentais serão aplicados ao Direito de Família. Trata-se da “eficácia horizontal” dos direitos fundamentais. CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 17 Como exemplo de constitucionalização das relações familiares, pode-se citar o reconhecimento da união estável homoafetiva (ADI 4277), de modo que o art. 1.723 do CC deve ser interpretado conforme a Constituição. 8. INCIDÊNCIA DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO CC/02 NAS RELAÇÕES FAMILIARES As diretrizes que norteiam o Código Civil de 2002 (sociabilidade, eticidade e operabilidade) são aplicadas às relações familiares. Exemplos de aplicação: a) Eticidade: REsp. 555.771/SP - aplicação da boa-fé objetiva nas relações familiares (confiança e afeto); b) Operabilidade: O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/15) possui caráter inclusivo. A deficiência, por si só, não enquadra a pessoa como incapaz; c) Sociabilidade: REsp. 922.462/SP Responsabilidade civil em caso de adultério Em um interessante julgamento envolvendo responsabilidade civil por adultério, o STJ apresentou três conclusões sobre o tema: I — O “cúmplice” (amante) da esposa não tem o dever de indenizar o marido traído. Em que pese o alto grau de reprovabilidade da conduta daquele que se envolve com pessoa casada, o “cúmplice” da esposa infiel não é responsável a indenizar o marido traído, pois ele não era obrigado, por lei ou contrato, a zelar pela incolumidade do casamento alheio. II — A esposa infiel não tem o dever de restituir ao marido traído os alimentos pagos por ele em favor de filho criado pelo casal, ainda que a adúltera tenha ocultado do marido o fato de que a referida criança era filha biológica sua e de seu “cúmplice” (amante). III — A esposa que traiu pode ser condenada a indenizar por danos morais o marido traído em hipóteses excepcionais, como o caso julgado pelo STJ, no qual, além de a traição ter ocorrido com um amigo do cônjuge, houve o nascimento de uma criança registrada erroneamente como descendente do marido, mas que era filho biológico do amante. Na hipótese, a esposa ocultou do ex-marido por anos após a separação, o fato de que a criança nascida durante o matrimônio e criada como filha biológica do casal era, na verdade, filha sua e de seu “cúmplice”. STJ. 3ª Turma. REsp 922462-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/4/2013 (Info 522).2 Os deveres estabelecidos entre cônjuges (art. 1.566 do CC) e entre companheiros (art. 1.724 do CC) são intrapartes, ou seja, não podem ser oponíveis a terceiros. 2 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Responsabilidade civil em caso de adultério. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a7d8ae4569120b5bec12e7b6e9648b86> . Acesso em: 02 ago. 2022. CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 18 Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. 9. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA A Constituição consagra cinco grandes princípios inerentes ao Direito de Família, quais sejam: a) Multiplicidade/pluralidade de entidades familiares; b) Igualdade entre homens e mulheres; c) Igualdade entre filhos; d) Facilitação da dissolução do casamento; e) Responsabilidade parental. Não há dúvidas quanto à relevância e transcendentalidade dos princípios (força normativa). São normas de conteúdo aberto, de solução casuística e valorativa. No caso de colisão entre princípios, deve-se utilizar a ponderação de interesses (balanceamento), de acordo com o caso concreto, a exemplo da súmula 301 do STJ. Súmula 301 do STJ. Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade. A Lei 14.138/2021 acrescentou o § 2º ao art. 2º-A da Lei 8.650/92, para positivar que a presunção de paternidade também se aplica aos sucessores do suposto pai. Veja a redação do dispositivo legal inserido: Art. 2º-A (...) § 2º Se o suposto pai houver falecido ou não existir notícia de seu paradeiro, o juiz determinará, a expensas do autor da ação, a realização do exame de pareamento do código genético (DNA) em parentes consanguíneos, preferindo-se os de grau mais próximo aos mais distantes, importando a recusa em presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório. Registrem-se duas últimas observações sobre o tema: 1) A presunção decorrente da recusa é relativa e, portanto, deverá ser apreciada em conjunto com as demais provas produzidas no processo. Assim, é possível, em tese, que, mesmo com a recusa e a presunção firmada, o juiz julgue o pedido improcedente, se o restante do conjunto probatório refutar a presunção e indicar que as alegações do autor não são verdadeiras. 2) O dispositivo afirma que o exame de DNA será pago pelo autor da ação (“a expensas do autor da ação”). Essa previsão não se aplica para o caso de autor beneficiário da justiça gratuita. Se o autor for beneficiário da justiça gratuita, o exame será custeado pelo Estado, nos termos do art. 98, § 1º, V, do CPC e o art. 5º, LXXIV, da CF/88. CS – CIVIL IV: FAMÍLIAE SUCESSÕES 2023.1 19 Nesse sentido, o STJ já decidiu que: (...) 1. Cinge-se a controvérsia a definir se o Estado deve arcar com os custos referentes ao exame de DNA determinado em ação de investigação de paternidade, tendo em vista a hipossuficiência das partes. 2. Nos termos do que dispõe o art. 98, § 1º, inciso V, do Código de Processo Civil de 2015, a gratuidade da justiça compreende as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais. 3. Em relação à responsabilidade pelo pagamento da despesa correlata, cabe ao Estado o custeio do exame de DNA em favor dos hipossuficientes, a teor do que proclama o art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal ("O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos"), viabilizando, assim, o efetivo exercício do direito à assistência judiciária gratuita e, em última análise, ao próprio acesso ao Poder Judiciário, não sendo admissível a discussão de questões orçamentárias pelo poder público na tentativa de se eximir da responsabilidade atribuída pelo texto constitucional. (...) STJ. 3ª Turma. RMS 58.010/GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/04/2019. O art. 95 do CPC traz regras detalhadas sobre o tema, pois prevê que o Estado pode recobrar a quantia da parte sucumbente. PRINCÍPIO DA MULTIPLICIDADE/PLURALIDADE DE ENTIDADES FAMILIARES O princípio está previsto no art. 226, caput. da CF: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) Note-se que a proteção é para toda e qualquer família. O art. 226, §§ 2º a 4º, da CF se refere à família casamentária, decorrente da união estável e monoparental. Art. 226. (...) § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. (...) Não se trata de um rol taxativo, ou seja, mesmo que não prevista na Constituição, há outras formas de família. Cita-se, como exemplo, a família anaparental e a família avoenga. O art. 226 da CF é norma jurídica de inclusão (inclui institutos na proteção estatal), o que só vem a corroborar com a ideia de que o direito de família é instrumental. Portanto, pode-se afirmar que a pluralidade das entidades familiares conduz a uma não taxatividade. O ECA consagra três espécies de família: natural, ampliada ou extensa e substituta. CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 20 FAMÍLIA NATURAL FAMÍLIA AMPLIADA OU EXTENSA FAMÍLIA SUBSTITUTA É aquela composta por filhos mais pai e/ou mãe. É aquela formada além de pais e filhos, também por seus parentes (tios, avós, irmãos) É aquela decorrente da guarda, tutela ou adoção OBS.: Para Conrado Paulino da Rosa, a i-phamily é a influência dos meios cibernéticos sobre a constituição da família. Acerca da pluralidade familiar, há três questões polêmicas: a família reconstruída, a família homoafetiva e a família concubinária. A seguir, analisaremos cada uma delas. a) Família reconstruída, recomposta ou ensamblada (misturada) São as famílias mosaicos, formadas por pessoas que já possuem um núcleo familiar e juntas estabelecem outro núcleo. Ex.: Maria tem dois filhos. João tem um filho. Maria e João se casam. A nova família recomposta será formada por Maria, João e os três filhos (dois de Maria e um de João). No Código Civil, as relações de famílias recompostas são tratadas de forma tênue. O único efeito é o parentesco por afinidade, nos termos do art. 1.595 do CC, o que gera impedimento matrimonial. Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. Segundo Cristiano Chaves, há uma privação de direitos nas famílias recompostas, tendo em vista que não podem cobrar alimentos e não recebem heranças. Não há efeitos jurídicos decorrentes dessa relação no CC. Apesar disso, fora do Código Civil, há algumas leis que visam a proteção, quais sejam: • Lei 11.924/09 (Lei Clodovil): Altera o art. 57 da Lei 6.015/73, para autorizar o enteado ou a enteada a adotar o nome da família do padrasto ou da madrasta; • Lei 8.112/90: Prevê a possibilidade de benefício previdenciário para enteado ou enteada. Casualmente, podem ser reconhecidos efeitos jurídicos. Ex.: No REsp. 36.365, o STJ reconheceu a retomada do imóvel alugado antes do prazo para a moradia de pessoa da família reconstituída. b) Família homoafetiva CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 21 Antes da decisão do STF, os tribunais superiores (TSE e STJ) já reconheciam as uniões homoafetivas como uma entidade familiar para fins de inelegibilidade eleitoral, meação, habitação, benefícios previdenciários. O STF, na ADI 4277/DF, reconheceu a natureza familiar das uniões de pessoa do mesmo sexo. Desta forma, o conceito de união estável pode ser hetero ou homoafetivo. Após, o STJ passou a afirmar que o casamento também pode ocorrer entre pessoas do mesmo sexo (REsp. 1.183.378/RS). Salienta-se, ainda, que o art. 5º, parágrafo único, da Lei Maria da Penha prevê a proteção da mulher contra a violência ocorre inclusive em relações homoafetivas. Lei 11.340/06 – Maria da Penha Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (...) Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. c) Família concubinária Tanto o STF quanto o STJ entendem que concubinato não é família, em razão do disposto no art. 1.727 do CC. Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar-se, constituem concubinato. Entendem, ainda, que o concubinato é uma relação meramente obrigacional, sendo considerada uma mera sociedade de fato. Por isso, a competência para processar e julgar será da vara cível e não da vara de família, já que não se aplicam os seus institutos. A propósito sobre o tema, veja o teor da súmula 380 do STJ: Súmula 380 do STF: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum OBS.: Atualmente, o termo “concubinato” é reservado apenas para o relacionamento entre duas pessoas no qual pelo menos uma delas é impedida de se casar (art. 1.727 do CC). No regime atual, se duas pessoas vivem em união estável, o regime patrimonial que vigora entre elas é o da comunhão parcial de bens (arts. 1.725 e 1.658 do CC), que é mais vantajoso e amplo que as regras de uma “sociedade de fato”. Maria Berenice Dias defende que o concubinato é entidade familiar, razão pela qual merece proteção (posição minoritária) Cristiano Chaves, entre outros, defende que embora o concubinato não tenha amparo legal, a união estável putativa pode ter. É o concubinato de boa-fé, ou seja, a amante não sabe que é amante. Nesse caso, se devem garantir direitos à amante. É uma posição doutrinária não acolhida CS – CIVIL IV: FAMÍLIA E SUCESSÕES 2023.1 22 pela jurisprudência, que aplica a regra da exclusividade da família. Essa união estável putativa pode-se basear também na boa-fé objetiva. Nesse caso, é possível falar em paralelismo (“família paralela”), em concubinato como entidade familiar (ou ainda:
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