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O Caçador de Pipas Leia o texto e resposta às questões de interpretação. "Eu ME TORNEI o QUE sou HOJE aos doze anos, em um dia nublado e gélido do inverno de 1975. Lembro do momento exato em que isso aconteceu, quando estava agachado por detrás de uma parede de barro parcialmente desmoronada, espiando o beco que ficava perto do riacho congelado. Foi há muito tempo, mas descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar. Olhando para trás, agora, percebo que passei os últimos vinte e seis anos da minha vida espiando aquele beco deserto. Um dia, no verão passado, meu amigo Rahim Khan me ligou do Paquistão. Pediu que eu fosse vê-lo. Parado ali na cozinha, com o fone no ouvido, sabia muito bem que não era só Rahim Khan que estava do outro lado daquela linha. Era o meu passado de pecados não expiados. Depois que desliguei, fui passear pelo lago Spreckels, na orla norte do parque da Golden Gate. O sol do início da tarde cintilava na água onde navegavam dezenas de barquinhos em miniatura, impulsionados por um ventinho ligeiro. Olhei então para cima e vi um par de pipas vermelhas planando no ar, com rabiolas compridas e azuis. Dançavam lá no alto, bem acima das árvores da ponta oeste do parque, por sobre os moinhos, voando lado a lado como um par de olhos fitando San Francisco, a cidade que eu agora chamava de lar. E, de repente, a voz de Hassan sussurrou nos meus ouvidos: "Por você, faria isso mil vezes!" Hassan, o menino de lábio leporino que corria atrás das pipas como ninguém." (HOSSEINI, Khaled. O Caçador de Pipas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.) Questão 1. Por que o narrador afirma que se tornou o que é hoje aos doze anos? Justifique a sua resposta com um trecho do texto acima. Questão 2. O texto menciona duas vezes as pipas. Haverá alguma intenção do autor nessas referências que fez às pipas? Questão 3. Por que o narrador foi passear depois de ter recebido o telefonema do amigo? Questão 4. Como o narrador se sente com relação ao seu passado? Retire do texto a frase em que uma figura de linguagem foi usada para transmitir essa ideia. 2. Atividade de interpretação de texto da crônica O Homem Trocado, de Luis Fernando Verissimo Leia o texto e resposta às questões de interpretação. "O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.— Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo. — Eu estava com medo desta operação... — Por quê? Não havia risco nenhum. — Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos... E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês. (...) Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer: — O senhor está desenganado. Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite. — Se você diz que a operação foi bem... A enfermeira parou de sorrir. — Apendicite? - perguntou, hesitante. — É. A operação era para tirar o apêndice. — Não era para trocar de sexo?" (VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se Ler na Escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.) Questão 1. O personagem principal da história disse que teve uma louca alegria. A que ele está se referindo? Questão 2. Ao longo da história, o personagem conta uma série de enganos que aconteceram ao longo da sua vida. Indique quais foram o primeiro e o último enganos contados. Questão 3. No fim da história, a enfermeira sorridente para de sorrir. Por quê? Questão 4. Indique alguns elementos que transmitem humor nesta crônica. 3. Atividade de interpretação de texto de artigo de opinião Leia o texto e resposta às questões de interpretação. Uma revolução educacionista para completar a Abolição "O novo livro de Cristovam Buarque, A última trincheira da escravidão, inscreve-se na melhor tradição de pensadores que souberam projetar o Brasil para além do imediato. Diante da nossa imoral desigualdade social, todos ficam tentados a discutir políticas sociais de efeito imediato. Trata-se de aliviar o sofrimento de milhões de brasileiros. O quanto antes. Mas isso não nos deveria eximir de pensar o médio e o longo prazos. E imaginar mudanças para que o nosso desenvolvimento corrija o atraso, a pobreza e a exclusão. Só assim teremos um projeto de país. (...) Quem tem o privilégio de ler esse seu livro, logo se convence da importância da cruzada de Cristovam por uma revolução educacionista. Imaginar um Brasil desenvolvido e socialmente justo depende de uma condição essencial: uma educação básica de qualidade com acesso equitativo para ricos e pobres. Nesse livro, Cristovam mostra que o acesso equitativo à escola de qualidade é o principal vetor do desenvolvimento. Mais do que um mero investimento ou política social. E apresenta uma proposta consistente de um Sistema Único Nacional Público para a educação de base. O mapa para alguém ser livre é a escola quem dá. Sem a educação de qualidade, ninguém pode saber o caminho para viver livremente na contemporaneidade. Somente no século 21, o Brasil começou a matricular todos na escola. Mas em escolas desiguais. Aí surge a última trincheira da escravidão: a dualidade da escola-senzala e da escola-casa-grande. (...) Os descendentes sociais dos escravizados estão nas escolas de baixa qualidade. Sem acesso ao aparato básico para exercer uma cidadania plena no novo mundo digital. Eles são a vasta maioria do povo brasileiro. Já para os descendentes sociais dos escravocratas, este triste país garante escolas de nível internacional e lhes proporciona uma formação com todas as ferramentas do conhecimento necessárias para trabalhar e empreender no novo ambiente tecnológico." (Trecho de artigo de opinião escrito por Maurício Rands, Advogado formado pela FDR da UFPE, Ph.D. pela Universidade Oxford. Publicado no Correio Braziliense, 16/02/2023.) Questão 1. De acordo com o texto, qual a condição essencial para completar a Abolição no Brasil? a) Educação de qualidade, de forma equivalente, para ricos e pobres. b) Sistema Único Nacional Público para a educação de base. c) Correção do atraso, da pobreza e da exclusão. Questão 2. Qual a intenção do autor com a frase “Só assim teremos um projeto de país.”? a) Dizer que as mudanças no Brasil serem foram planejadas. b) Dizer que o Brasil está longe de ser um grande país e só com mudanças possa se distinguir, talvez. A frase é irônica. c) Dizer que a abolição só estará completa com planejamento, a médio e longo prazos, e não com discussões políticas sociais de efeito imediato. Questão 3. O objetivo do autor do livro A Última Trincheira da Escravidão é: a) Revelar que não houve Abolição no Brasil. b) Contar a história da Abolição no Brasil. c) Refletir sobre os resultados da Abolição. Questão 4. Comente o uso da palavra “trincheira” no título do livro A Última Trincheira da Escravidão. 4. Atividade de interpretação de texto de reportagem Leia o texto e resposta às questões de interpretação. Saiba como usar os sambas-enredo nas aulas de História "Resgatar e olhar criticamente momentos e a vida de figuras que foram determinantes para os rumos da história brasileira. Trazer temáticas ligadas à historiografia nacional dessa forma é uma tradição das composições de sambas-enredo apresentadas pelas agremiações carnavalescas do país – das mais conhecidas, inclusive internacionalmente, como as do Rio de Janeiro, até as menores espalhadas pelas pequenas cidades do país. (...) Essa grande oferta de materiais ligados a uma festa popular - que une elementos de história, cultura,música, dança e artes visuais - é uma ferramenta e tanto para ilustrar, engajar e discutir a história para além da formalidade dos livros didáticos. Com o adicional de que esses fatos são contados com linguagem mais simples, coloquial e de forma tão diferente do rigor a que os alunos estão habituados, que os tornam marcante no ensino, avalia Helena Cancela Cattani, historiadora, arquivista, e pesquisadora do carnaval de Porto Alegre, e que lecionou na rede estadual gaúcha até 2019. (...) Samba-enredo e o recorte étnico-racial Os sambas-enredo também podem ser uma ferramenta interessante para abordar questões ligadas à memória e construção das identidades negras brasileiras – temáticas que inclusive são obrigatórias desde 2003, com a aprovação da Lei 10.639, que determinou a inclusão nos currículos oficiais do ensino de História e Cultura Afro-brasileira. O contato com o samba desde a infância, passada no bairro de Padre Miguel (RJ), comunidade que mantém laços fortes com o carnaval, inspirou o professor de História Fabrício Castilho a unir samba e a temática racial como fio condutor para algumas aulas e para sua dissertação de mestrado “Samba de escola: o uso dos conceitos de memória e identidade para a educação das relações étnico-raciais” (e que também virou livro). O objetivo era analisar em sala de aula sambas-enredo produzidos por agremiações do Rio de Janeiro de várias décadas." (BONINO, Rachel. Saiba como usar os sambas-enredo nas aulas de História. Nova Escola, [s.d.]. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/21596/saiba-como-usar-o-samba-enredo-nas-aulas-de-historia. Acesso em: 23 fev. 2023.) Questão 1. Qual é o assunto abordado no texto? a) A importância dos sambas-enredos como ferramenta para aprender história. b) Informar quais as temáticas obrigatórias no ensino de História e Cultura Afro-brasileira. c) O impacto das vivências da infância na vida adulta. Questão 2. “Essa grande oferta de materiais ligados a uma festa popular - que une elementos de história, cultura, música, dança e artes visuais.” A que festa o trecho se refere? a) Festas tradicionais ligadas à história do Brasil. b) Festas folclóricas de cada uma das regiões do Brasil. c) Carnaval. Questão 3. De acordo com o texto, qual a importância dos sambas-enredos? a) Resgatar e olhar criticamente momentos e a vida de figuras que foram determinantes para os rumos da história brasileira com linguagem simples e menos formalismo. b) Valorizar a cultura brasileira. c) Animar os foliões durante os desfiles das escolas de samba. Questão 4. O que inspirou o professor Fabrício Castilho a usar o samba nas suas aulas? b) O fato de os sambas-enredos resgatarem a vida de figuras que foram determinantes para os rumos da história brasileira. a) O contato com o samba desde a infância. c) O fato de o samba utilizar linguagem mais simples daquela a que os alunos estão habituados.
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