Buscar

AULA Procedimentos processuais penais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 1/45
Procedimentos processuais penais
Edison Burlamaqui
Descrição
Análise dos procedimentos processuais penais, com especial atenção
para o procedimento ordinário e sumário; o procedimento especial do
Tribunal do Júri; e o procedimento sumaríssimo.
Propósito
Os procedimentos processuais penais estabelecem as regras de como o
processo penal se desenvolverá, sendo seu estudo de essencial
importância para compreender como se chegará à decisão final.
Objetivos
Módulo 1
Procedimento ordinário e sumário
Identificar os principais conceitos referentes aos diversos
procedimentos processuais penais.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 2/45
Módulo 2
Procedimento especial do tribunal do júri
Analisar os princípios aplicáveis aos procedimentos processuais
penais.
Módulo 3
Procedimento sumaríssimo e procedimentos
especiais
Identificar as principais regras reguladoras dos procedimentos
processuais penais.
Como sabemos, o Direito Processual Penal é o instrumento pelo
qual o Estado materializa o seu direito de punir, tendo, contudo, a
função de garantia, ou seja, de proteger os indivíduos de eventuais
abusos estatais. Já o procedimento é exatamente a forma pela
qual o processo se manifesta, ou seja, o modo pelo qual os atos
processuais se desenvolvem.
Ante o exposto, iniciaremos nossa análise com o estudo do
procedimento comum, que se divide em ordinário, sumário e
sumaríssimo, este último sendo analisado apenas ao final. Após a
análise das regras do procedimento comum, que têm aplicação
subsidiária aos demais procedimentos, passaremos à análise do
procedimento especial do tribunal do júri, aplicável às hipóteses de
crimes praticados contra a vida. Por fim, passaremos a analisar as
regras do procedimento especial dos juizados especiais
(sumaríssimo) e de alguns procedimentos especiais previstos no
Código de Processo Penal.
Introdução
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 3/45
1 - Procedimento ordinário e sumário
Ao �nal desse módulo, você será capaz identi�car os principais conceitos referentes aos
diversos procedimentos processuais penais.
Regras comuns e hipóteses de
rejeição
Regras comuns aos procedimentos
Antes de analisar as regras específicas de cada procedimento, é preciso
verificar que determinados dispositivos do Código de Processo Penal,
por expressa determinação legal, se aplicam a todos os procedimentos.
Conforme determina o artigo 394, § 4º do Código de Processo Penal, as
disposições dos artigos 395 a 397 do CPP deverão ser aplicadas a
todos os ritos de primeiro grau, mesmo os especiais.
Hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa
O artigo 395 do Código de Processo Penal trata especificamente das
hipóteses de rejeição da denúncia e da queixa. Este determina que a
denúncia ou queixa será rejeitada quando for manifestamente inepta;
faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal; ou faltar justa causa para o exercício da ação penal.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 4/45
Inicialmente, destaca-se que denúncia inepta é aquela que não
apresenta os requisitos do artigo 41 do CPP, quais sejam: i) exposição
do fato criminoso; ii) qualificação do acusado; iii) classificação do crime;
e iv) rol das testemunhas.
Os pressupostos processuais, por sua vez, dividem-se em subjetivos e
objetivos. Os pressupostos subjetivos compreendem a capacidade de
ser parte e a capacidade postulatória. Já os pressupostos objetivos
classificam-se em intrínsecos, correspondendo aos requisitos do artigo
41 do CPP e à presença da procuração, e extrínsecos, que se referem à
ausência de fatos impeditivos à constituição válida do processo, como a
litispendência e a coisa julgada.
Já as condições da ação penal dividem-se em gerais e especiais. As
condições gerais são aquelas que devem estar presentes em qualquer
ação penal. São elas a possibilidade jurídica do pedido; o interesse de
agir (justa causa); e legitimidade ad causam, ativa e passiva. Já as
condições especiais vinculam o exercício da ação penal ao atendimento
de exigências legais expressamente previstas, como, por exemplo, a
necessidade de representação da vítima no crime de ameaça.
Por fim, a falta de justa causa se refere à existência de lastro probatório
mínimo em que se deve basear a acusação, ou seja, indícios mínimos da
materialidade e autoria delitiva que justifiquem a propositura da ação
penal.
Recebimento da denúncia e
absolvição
Recebimento da denúncia ou queixa e citação
do acusado
O artigo 396 do Código de Processo Penal dispõe que, nos
procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 5/45
juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do
acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias.
Quanto ao recebimento da denúncia ou da queixa ou sua rejeição é
importante ressaltar que o Pacote Anticrime – introduzido pela Lei nº
13.964/2019 – trouxe inovações no âmbito do Código de Processo
Penal.
Inicialmente, ressalta-se que se instituiu a figura do juiz das garantias,
que é o responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal
e pela salvaguarda dos direitos individuais.
Assim, o artigo 3º-B, XV, inserido pela lei ao Código de Processo Penal,
elenca que é o juiz das garantias agora o responsável pelo recebimento
ou rejeição da denúncia ou da queixa.
Antes da reforma, a decisão sobre o recebimento da
denúncia ou queixa era de competência do juiz natural
responsável pela instrução e julgamento do processo.
Assim, com a atual redação, tal competência passa a ser do juiz das
garantias, cuja atribuição também cessa com esse ato processual, já
que todas as demais questões pendentes e posteriores ao processo,
inclusive a citação do acusado, deverão ser determinadas pelo juízo da
instrução, conforme dispõe o artigo 3º-C, inserido pela reforma.
Atenção!
Importante observar que o artigo 3º-C é expresso ao elencar que a
instituição do juiz das garantias é aplicável para todas as infrações
penais, com exceção as de menor potencial ofensivo. Dessa forma, tal
alteração se aplica também aos crimes com rito especial.
Destaca-se que, apesar da mudança significativa, atualmente todas as
disposições no Código de Processo Penal que se referem ao juiz das
garantias, elencadas nos artigos 3º-A a 3º-F, encontram-se suspensas
por força de medida cautelar parcialmente concedida no âmbito das
ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305, pelo Ministro Relator Luiz Fux. Desse
modo, a competência para o recebimento da denúncia continua com o
juiz responsável pela instrução e julgamento. Superada essa pequena
digressão, continuemos com nossa análise.
Dispõe o artigo 396, parágrafo único do CPP, que não localizado para
citação pessoal, será o imputado citado por edital, caso em que o
processo ficará suspenso e o prazo para a apresentação de resposta
apenas começará a fluir a partir de seu comparecimento pessoal ou do
defensor constituído.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 6/45
Por fim, estabelece o artigo 396-A do CPP o conteúdo da defesa,
indicando que, na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e
alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e
justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas,
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
Absolvição sumária
Oferecida a resposta pelo acusado, os autos deverão ser conclusos ao
juiz, que verificaráa possibilidade de antecipar, mediante juízo de valor, o
resultado final da demanda, com a finalidade de absolver sumariamente
o acusado.
Nesse momento, o juiz deve se valer do princípio do in
dubio pro societate, ou seja, na dúvida, não deve
absolver o réu e determinar a continuidade do processo.
Dessa forma, o artigo 397 do Código de Processo Penal determina que
o juiz deve absolver sumariamente o acusado quando verificar: a
existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; a
existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente,
salvo inimputabilidade; que o fato narrado evidentemente não constitui
crime; ou que extinta a punibilidade do agente.
Procedimento comum ordinário
Procedimento comum ordinário
Neste vídeo, o especialista discorre sobre o que é o procedimento
comum ordinário, bem como traz suas principais regras.

15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 7/45
Conforme previsto no artigo 394, § 1º, I, do Código de Processo Penal, o
procedimento comum ordinário deve ser aplicado quando envolver
crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a quatro anos
de pena privativa de liberdade, podendo ser tanto de reclusão ou
detenção.
A primeira etapa do procedimento ordinário é o oferecimento da
denúncia ou queixa-crime, sendo esta a inicial acusatória. Destaca-se
que, em se tratando de acusado preso, a inicial deverá ser oferecida no
prazo de cinco dias e, se estiver solto, em quinze dias, da data que o
Ministério Público receber os autos do inquérito, devendo conter os
requisitos do artigo 41 do CPP, se fundando em um lastro probatório
mínimo quanto à autoria e à materialidade do fato.
Conclusa a peça inicial ao juiz, este poderá rejeitá-la liminarmente, caso
constate a ocorrência de qualquer das situações previstas no artigo 395
do CPP. Não sendo, pois, caso de rejeição liminar, procederá com o
recebimento da inicial, nos termos do artigo 396 do CPP. Destaca-se que
o recebimento da denúncia ou queixa constitui marco interruptivo da
prescrição (artigo 117, I, do CP).
Recebida a denúncia ou a queixa, o juiz determinará a citação pessoal
do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de dez
dias. Não sendo possível a citação pessoal, determinará o juiz a citação
por edital, nos termos dos artigos 361 e 363, § 1º do CPP ou a citação
por hora certa, nos termos do artigo 362 do CPP.
Nesse contexto, a seguir vamos analisar mais algumas ações:
Citado o acusado, este deverá apresentar sua resposta à
acusação. Na resposta, poderá arguir preliminares e alegar
tudo o que interessa à sua defesa, oferecer documentos e
justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar
testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário. Destaca-se que, nessa fase, poderão ser
arroladas até oito testemunhas, não se computando nesse
número aquelas não sujeitas a compromisso. Entretanto, se,
devidamente citado, o acusado não apresentar resposta no
prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la,
concedendo-lhe vista dos autos por dez dias, conforme o artigo
396-A, § 2º do CPP.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 8/45
Com a resposta do acusado, o magistrado deve verificar a
possibilidade de proceder ao julgamento antecipado da
demanda penal, absolvendo sumariamente o réu, desde que
reconheça a ocorrência de qualquer das situações
contempladas no artigo 397 do CPP.
Não sendo o caso de absolvição sumária, estabelece o artigo
399 do CPP que o juiz designará dia e hora para a audiência,
ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do
Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente. Destaca-se que, conforme o artigo 201, § 2º, do
CPP, será necessário, também, notificar quanto ao ato o
ofendido, ainda que não esteja ocupando a posição de
querelante ou de assistente do Ministério Público.
Caso todas as pessoas notificadas estejam presentes ao ato,
deverá o juiz, no curso da instrução, proceder-lhes a oitiva na
seguinte ordem: declarações do ofendido; inquirição das
testemunhas de acusação e, após, das arroladas pela defesa;
esclarecimentos dos peritos; acareações; reconhecimento de
pessoas e coisas; e interrogatório do acusado.
Depois de produzidas as provas orais em audiência, sendo
encerrada a instrução, facultará o juiz ao Ministério Público, ao
querelante e ao assistente, e, a seguir, ao acusado, requererem
as diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou
fatos apurados na instrução, as quais poderão ser indeferidas
pelo juiz se as considerar irrelevantes, impertinentes ou
protelatórias.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 9/45
Após a instrução probatória, passa-se às alegações finais. Realizadas as
alegações finais em audiência, de forma oral, poderá o juiz, na própria
solenidade judicial, proferir a sentença, nos termos do artigo 403 do
CPP. Se entender o magistrado por substituir as alegações orais por
memoriais escritos em face da complexidade do caso, do número de
acusados ou da necessidade de serem realizadas diligências, faculta-se
ao juiz o prazo de dez dias, após lhe serem conclusos os autos, para
prolatar a sentença.
Destaca-se, por fim, que estabelece o artigo 405 do CPP que, do
ocorrido em audiência, será lavrado termo assinado pelo juiz e pelas
partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos no curso
da solenidade.
Procedimento comum sumário
Segundo dispõe o artigo 394, § 1º, II, do Código de Processo Penal, o
procedimento comum sumário deverá ser aplicado quando tiver por
objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a quatro anos
de pena privativa de liberdade. Logicamente, é necessário excluir da
abrangência desse rito as infrações de menor potencial ofensivo.
A etapa inicial do procedimento é o oferecimento de denúncia ou
queixa-crime que devem observar os requisitos do artigo 41 do CPP.
Destaca-se que, enquanto no procedimento comum ordinário poderão
ser arroladas até oito testemunhas, no rito comum sumário o número
máximo é de cinco, nos termos do artigo 532 do CPP, não computadas
as que não forem sujeitas a compromisso.
Assim como ocorre no processo ordinário, há a possibilidade de rejeição
liminar da inicial pelo juiz. Não sendo o caso de rejeição, procederá o
juiz ao recebimento da denúncia ou queixa, determinando, na sequência,
a citação do acusado para apresentar resposta em dez dias, momento
em que poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua
defesa. Apresentada a resposta, serão os autos conclusos ao juiz, que
poderá, em julgamento antecipado, absolver sumariamente o acusado.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 10/45
Vencidas essas etapas e não tendo ocorrido a absolvição sumária,
segue-se a audiência para colheita de prova oral, que deverá ser
realizada no máximo em trinta dias. Nessa oportunidade, procederá o
juiz à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nessa ordem, bem
como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
reconhecimento de pessoas, interrogando-se, em seguida, o acusado e
procedendo-se, finalmente, ao debate oral pelas partes.
Produzida em audiência a prova oral, concederá o juiz, em seguida, a
palavra para alegações finais orais. Nesse momento, acusação e defesa
terão vinte minutos, prorrogáveis por mais dez, para sustentação.
Havendo mais de um acusado, o prazo para a defesa de cada um será
individual. Caso exista assistente de acusação habilitado, este poderá
se manifestar em dez minutos após o Ministério Público, caso em que o
tempo a este concedido será acrescido ao tempo da defesa,proferindo
o juiz ao final a sentença.
Atenção!
No rito comum sumário, inexiste a previsão de oportunidade para que as
partes requeiram diligências complementares ao juiz, ao contrário do
que ocorre no rito comum ordinário. Isso, porém, não significa que haja
uma proibição nesse sentido, até porque, sem dúvida, haverá casos em
que será necessária, antes da sentença, a realização de diligências
consideradas imprescindíveis à elucidação dos fatos.
Do mesmo modo, também não há previsão de que possam os debates
ser substituídos por memoriais escritos, impondo-se, pelo regramento
legal, que, em seguida às alegações orais, o juiz profira sentença em
audiência. Entretanto, a doutrina e a jurisprudência entendem que a
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 11/45
regra pode ser flexibilizada em determinadas situações, como, por
exemplo, o número elevado de acusados.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(IAPEN-AP – Agente Penitenciário – FCC – 2018) A denúncia ou
queixa será rejeitada quando
Parabéns! A alternativa A está correta.
Segundo o art. 395, III, do CPP, a denúncia ou queixa será rejeitada
quando faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Questão 2
Nos termos do Código de Processo Penal, o juiz poderá absolver
sumariamente o acusado quando se verifica
A faltar justa causa para o exercício da ação.
B o fato narrado evidentemente não constituir crime.
C estiver extinta a punibilidade do agente.
D for manifestamente apta.
E
existir manifesta causa excludente da ilicitude do
fato.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 12/45
Parabéns! A alternativa A está correta.
Segundo o artigo 397 do Código de Processo Penal, o juiz possui a
salvadura de absolver o acusado quando o fato narrado
evidentemente não constitui crime e também quando verificar: a
existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; a
existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, salvo inimputabilidade; ou que extinta a punibilidade do
agente.
2 - Procedimento especial do tribunal do júri
A
que o fato narrado evidentemente não constitui
crime.
B a legalidade do fato.
C
a inexistência de causa excludente da culpabilidade
do agente.
D que o fato narrado evidentemente constitui crime.
E a punibilidade do agente.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 13/45
Ao �nal desse módulo, você será capaz de analisar os princípios aplicáveis aos procedimentos
processuais penais.
Procedimento do Tribunal do Júri e
primeira fase
Disposições gerais
O Tribunal do Júri é um órgão especial do Poder Judiciário de primeira
instância competente para o processo e julgamento dos crimes dolosos
contra a vida. O procedimento do Júri é bifásico, pois se estrutura em
duas fases distintas: a primeira, denominada iudicium accusationis ou
sumário da culpa, que tem início com o oferecimento da denúncia, e a
segunda, denominada iudicium causae, que tem início com a preparação
do processo para julgamento em plenário.
O Tribunal do Júri
Neste vídeo, o especialista destaca as principais características do
procedimento do Tribunal do Júri.
Sumário da culpa (iudicium accusationis)
O procedimento da primeira fase do Júri é bastante semelhante ao
procedimento comum ordinário visto anteriormente, devendo esse ser
seguido durante o sumário da culpa. Entretanto, existem determinadas
diferenças, sendo destacadas a seguir algumas das mais relevantes.

15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 14/45
Inicialmente, ao contrário do procedimento comum ordinário, que não
prevê expressamente a oitiva da parte acusadora após a apresentação
da resposta à acusação pela defesa, consta do artigo 409 do CPP que,
apresentada a resposta à acusação, o juiz ouvirá o Ministério Público ou
o querelante sobre preliminares e documentos, em cinco dias.
Ademais, no âmbito do procedimento comum ordinário, imediatamente
após a apresentação da resposta à acusação e antes da audiência de
instrução e julgamento, é possível que o acusado seja absolvido
sumariamente, caso presente uma das hipóteses elencadas no artigo
397 do CPP. Já no procedimento do júri, a absolvição sumária também é
possível, porém só poderá ocorrer após a audiência de instrução. Nesse
sentido, o artigo 411, § 9º, do CPP estabelece que, encerrados os
debates na audiência de instrução, o juiz proferirá a sua decisão, ou o
fará em dez dias, sendo a absolvição sumária uma das quatro possíveis
decisões que podem ser então proferidas, além da pronúncia,
desclassificação e impronúncia.
Adicionalmente, no procedimento comum ordinário, há previsão
expressa de requerimento de diligências cuja necessidade se origine de
circunstâncias ou fatos apurados na instrução. Entretanto, na primeira
fase do procedimento do Júri, não há semelhante previsão, sendo
possível, contudo, que o magistrado determine a realização de
diligências fazendo uso do disposto no artigo 156, inciso II, do CPP, que
versa sobre o princípio da busca da verdade no processo penal.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 15/45
Outra diferença se refere ao prazo para designação da
audiência de instrução e julgamento.
No âmbito do procedimento comum, há disposição no sentido de que a
audiência deve ser realizada no prazo máximo de 60 dias (artigo 400 do
CPP), e, no procedimento comum sumário, tal audiência deve ser
realizada no prazo máximo de 30 dias (artigo 531 do CPP). Ocorre que,
em relação à primeira fase do procedimento do júri, o artigo 410 do CPP
determina que, ouvida a acusação sobre preliminares e documentos
apresentados na resposta à acusação, deve o juiz determinar a
inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas
pelas partes, no prazo máximo de dez dias.
Por fim, ao final da primeira fase do Tribunal do Júri, como visto acima, o
juiz poderá proferir quatro espécies de decisões, sendo essa a principal
peculiaridade da primeira fase de tal procedimento. Passemos agora a
analisá-las individualmente.
Sumário da culpa: impronúncia e
desclassi�cação do delito
Impronúncia
Conforme determina o artigo 414 do CPP, o acusado deve ser
fundamentadamente impronunciado pelo juiz quando este não se
convencer da materialidade do fato ou da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação.
Quanto à natureza jurídica, a impronúncia é uma decisão interlocutória
mista terminativa, porque não aprecia o mérito para determinar se o
acusado é culpado ou inocente, mas põe fim a uma fase procedimental,
acarretando a extinção do processo antes do final do procedimento.
Como não há análise do mérito, a decisão de impronúncia só produz
coisa julgada formal. Isso significa dizer que, enquanto não ocorrer a
extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa
se houver prova nova (artigo 414, parágrafo único do CPP).
Ante o exposto, a decisão de impronúncia é tomada com base na
cláusula rebus sic stantibus, ou seja, mantidos os pressupostos fáticos
que a ela serviram de amparo, essa decisão deve ser mantida;
modificando-se o panorama probatório, é possível o oferecimento de
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 16/45
nova denúncia ou queixa, desde que ainda não tenha ocorrido a extinção
da punibilidade.
Atenção!
Caso surjam provas novas, haverá necessidade de nova peça
acusatória, instaurando-se outro processo criminal contra o acusado,
processo esse que deve tramitar perante o mesmo juiz, que estará
prevento para a demanda.
Destaca-se que, havendocrime conexo, se o juiz decidir pela
impronúncia do acusado em relação ao crime doloso contra a vida, deve
se abster de fazer qualquer análise no tocante à infração conexa,
devendo os autos ser encaminhados ao juízo competente, que terá
competência para apreciar o crime conexo, caso não seja ele próprio o
competente.
Por fim, quanto ao recurso cabível, segundo a nova redação do artigo
416 do CPP, caberá apelação, sendo legitimados a interpor tal recurso o
querelante, o Ministério Público e o assistente de acusação.
Desclassi�cação do delito
De acordo com o artigo 419 do CPP, quando o juiz se convencer, em
discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos
referidos no § 1º do artigo 74 do CPP (homicídio, induzimento,
instigação ou auxílio a suicídio, infanticídio e aborto), e não for
competente para seu julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja.
Se o juiz concluir que o fato narrado na peça acusatória
não diz respeito a crime doloso contra a vida, deverá
proceder à desclassi�cação da imputação.
Na decisão de desclassificação, a fim de se evitar indevida antecipação
do juízo de mérito, deve o juiz, em regra, se abster de fixar a nova
capitulação legal, bastando que aponte a inexistência de crime doloso
contra a vida, sendo tal competência do juiz que julgará o processo.
O recurso cabível contra a decisão de desclassificação é o recurso em
sentido estrito, já que a desclassificação conclui pela incompetência do
juízo (artigo 581, II do CPP), podendo ser interposto pelo MP, pelo
querelante, pelo acusado e por seu defensor.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 17/45
Sumário da culpa: absolvição sumária
e pronúncia
Absolvição sumária
Diferentemente do procedimento comum, em que a absolvição sumária
é oportunizada após a resposta à acusação e antes da instrução
processual, no Júri, ela só pode ocorrer após a instrução.
De acordo com o artigo 415 do CPP, a absolvição sumária será cabível
na primeira fase do Júri, quando provada a inexistência do fato, quando
provada a negativa de autoria ou de participação, quando o juiz entender
que o fato não constitui infração penal ou quando demonstrada causa
de isenção de pena ou de exclusão do crime.
Ressalta-se que, nos termos do artigo 415, parágrafo único, do CPP, se a
inimputabilidade não for a única tese defensiva, não é possível a
absolvição sumária, pois, do contrário, ao inimputável seria imposta
uma medida de segurança (artigo 386, parágrafo único, III, do CPP c/c.
artigo 97 do CP), que também possui natureza de sanção penal.
Assim, havendo outra tese defensiva, não deve o magistrado absolver
sumariamente o réu. Nesse caso, o acusado deve ser pronunciado e
remetido a julgamento perante o Tribunal do Júri, cabendo aos jurados
decidir sobre essa e as demais teses defensivas. Afinal, se acolhida
outra tese defensiva pelo Conselho de Sentença (ex.: legítima defesa),
ao acusado não será imposta nenhuma medida de segurança, sendo
essa uma situação mais favorável ao mesmo.
Ressalta-se que, nessa fase, vigora o princípio in dubio pro societate.
Assim, a absolvição sumária deve ser reservada apenas para as
situações em que não houver qualquer dúvida por parte do magistrado.
No caso de dúvida, o juiz não deve absolver o réu, determinando o
prosseguimento normal do processo.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 18/45
Destaca-se que a sentença de absolvição sumária é uma decisão de
mérito, que, além de encerrar a primeira fase do procedimento bifásico
do júri, também põe fim ao processo. Assim, ao contrário da
impronúncia, que só faz coisa julgada formal, a sentença definitiva de
absolvição sumária faz coisa julgada formal e material, porquanto o
magistrado ingressa na análise do mérito. Dessa forma, ainda que
surjam provas novas após o trânsito em julgado da decisão de
absolvição sumária, o acusado não poderá ser novamente processado
pela mesma imputação.
Por fim, importante indicar que, de acordo com o artigo 416 do CPP,
contra a sentença de absolvição sumária caberá apelação, sendo
legitimados o querelante e Ministério Público.
Pronúncia
A pronúncia encerra um juízo de admissibilidade da acusação de crime
doloso contra a vida, permitindo o julgamento pelo Tribunal do Júri
apenas quando houver alguma viabilidade de haver a condenação do
acusado.
O artigo 413 do CPP dispõe que, estando convencido da materialidade
do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação, deve o juiz pronunciar o acusado fundamentadamente.
Em relação à materialidade do crime, deve o juiz estar convencido,
havendo necessidade de um juízo de certeza. Já em relação à autoria ou
participação, há necessidade apenas de indícios suficientes, ou seja,
não se exige que o juiz tenha certeza, bastando que conste dos autos
elementos informativos ou de prova que permitam afirmar, no momento
da decisão, a existência de probabilidade de autoria ou participação.
Por fim, importante indicar que, de acordo com o artigo 416 do CPP,
contra a sentença de absolvição sumária caberá apelação, sendo
legitimados o querelante e Ministério Público.
Comentário
A pronúncia é tratada pela doutrina como uma decisão interlocutória
mista não terminativa porque não julga o mérito, ou seja, não condena
nem absolve o acusado, mas põe fim a uma fase procedimental sem
encerrar o processo.
Como a pronúncia encerra mero juízo de admissibilidade, cuja finalidade
é submeter o acusado a julgamento perante o Tribunal do Júri, tem
natureza processual, não produzindo coisa julgada, e sim preclusão pro
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 19/45
judicato, podendo o Conselho de Sentença decidir contrariamente àquilo
que restou assentado na pronúncia.
Prevalece na doutrina que o princípio aplicável à decisão de pronúncia é
o in dubio pro societate, ou seja, na dúvida quanto à existência do crime
ou em relação à autoria ou participação, deve o juiz pronunciar o
acusado.
Ressalta-se que, na fundamentação da decisão de pronúncia, deve o
magistrado se limitar a apontar a prova da existência do crime e os
indícios suficientes de autoria ou participação, valendo-se de termos
sóbrios e comedidos, para que não haja indevida influência no animus
judicandi dos jurados, que podem ser facilmente influenciados por uma
pronúncia dotada de excessos.
O que mais devemos considerar sobre pronúncia?
Quando o juiz excede na linguagem, proferindo a pronúncia sem
moderação, caracteriza-se o que se denomina de eloquência acusatória,
causa de nulidade absoluta da referida decisão, que, uma vez declarada,
acarreta o desentranhamento da pronúncia dos autos do processo e
consequente necessidade de prolação de nova decisão.
De acordo com o artigo 413, § 1º, do CPP, a fundamentação da
pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo
o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e
especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de
pena.
Importante destacar que, ao pronunciar o acusado, deve o magistrado
se ater à imputação pertinente ao crime doloso contra a vida, abstendo-
se de fazer qualquer análise em relação à infração conexa, que será
automaticamente remetida à análise do Júri, haja ou não prova da
materialidade, presentes (ou não) indícios suficientes de autoria ou de
participação.
Por fim, contra a decisão de pronúncia cabe recurso em sentido estrito,
nos termos do artigo 581, IV do CPP.
Segunda fase do procedimento do
Tribunal do Júri
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 20/45
Segunda fase: Iudicium causae
A segunda fase inicia-secom a preparação do processo para
julgamento em plenário.
O artigo 422 do CPP determina que, ao receber os autos, o presidente do
Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público
ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5
(cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em
plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar
documentos e requerer diligência.
O artigo 423 do CPP, por sua vez, prevê um despacho de ordenamento
do processo, colocando o feito em condições de ser levado a
julgamento perante o Tribunal do Júri. Por meio desse despacho, o juiz
ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade ou
esclarecer fato que interesse ao julgamento da causa e fará relatório
sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta da reunião do
Tribunal do Júri.
Saiba mais
De acordo com o artigo 429 do CPP, salvo motivo relevante, a ordem de
realização das sessões de julgamento do Júri é a seguinte: i) os
acusados presos; ii) dentre os acusados presos, aqueles que estiverem
há mais tempo na prisão; iii) em igualdade de condições, os
precedentemente pronunciados.
Sorteio dos jurados
Como visto anteriormente, de acordo com o artigo 447 do CPP, o
Tribunal do Júri é composto por um juiz togado, seu presidente, e por
vinte e cinco jurados que serão sorteados dentre os alistados, sete dos
quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de
julgamento.
Para que o juiz possa declarar instalados os trabalhos, anunciando o
processo que será submetido a julgamento, há necessidade da
presença de pelo menos quinze jurados (artigo 463 do CPP). Caso não
haja a presença de pelo menos 15 jurados, o juiz presidente deverá
proceder ao sorteio de tantos suplentes quantos necessários,
designando nova data para a sessão do Júri.
Dentre os jurados presentes, o juiz presidente sorteará sete jurados para
a formação do Conselho de Sentença. Uma vez realizado o sorteio, é
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 21/45
possível que a parte recuse o jurado, podendo essa recusa ser motivada
ou imotivada.
A recusa motivada ocorre caso o jurado não revele espontaneamente a
existência de causa de suspeição, impedimento ou incompatibilidade
(artigos 448 a 450 do CPP). Incumbe à parte interessada argui-la
oralmente, logo após a realização do sorteio e, tão logo recusado o
jurado, a parte deve comprovar o alegado. O jurado, em seguida, será
ouvido, podendo reconhecer o impedimento, a suspeição ou a
incompatibilidade. Caso não o faça, incumbe ao juiz decidir o incidente
de plano.
Acolhida a recusa motivada, o jurado será automaticamente excluído,
sorteando-se outro. Se rejeitada a arguição, o julgamento será realizado
normalmente, devendo o incidente constar da ata, permitindo-se que a
parte prejudicada suscite a nulidade do feito em eventual recurso de
apelação ou habeas corpus.
Como a recusa motivada é baseada na falta de
imparcialidade do jurado sorteado, à parte interessada é
facultada a utilização de tantas recusas quantas forem
necessárias.
A recusa imotivada, por sua vez, consiste na recusa de até três dos
jurados presentes e sorteados, sem necessidade de declinação dos
motivos da recusa. Estas são feitas à medida que as cédulas forem
sendo retiradas da urna, devendo o juiz realizar sua leitura, se
manifestando primeiramente a defesa e depois o Ministério Público
(artigo 468 do CPP).
Formado o conselho de sentença, composto por sete jurados, o juiz
passa então à realização do juramento. Assim, conforme disposto no
artigo 472 do CPP, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os
presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: “Em nome da lei,
concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a
vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 22/45
justiça.” Os jurados, por sua vez, nominalmente chamados pelo
presidente, responderão: “Assim o prometo.”
Após o juramento, o jurado receberá cópias da pronúncia ou, se for o
caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e
do relatório do processo.
Iudicium causae: da instrução em
plenário
Da instrução em plenário
Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução
plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o
querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente,
as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas
arroladas pela acusação e pela defesa.
Ao contrário do que ocorre no âmbito do procedimento comum, em que
as perguntas são formuladas inicialmente pelas partes, podendo o juiz
depois complementar a inquirição em relação aos pontos não
esclarecidos, quem pergunta primeiro no plenário do Júri é o juiz
presidente. Somente depois de o juiz presidente formular suas
perguntas, as partes poderão questionar o ofendido e as testemunhas,
devendo fazê-lo de maneira direta, sem a necessidade de que suas
perguntas passem pelo presidente (artigo 473 do CPP).
Atenção!
Os jurados também poderão formular perguntas ao ofendido e às
testemunhas, porém seus questionamentos devem ser feitos por
intermédio do juiz presidente (artigo 473, § 2º do CPP).
De acordo com o artigo 473, § 3º, após a oitiva do ofendido e das
testemunhas, eventuais acareações, reconhecimento de pessoas e
coisas e esclarecimentos dos peritos, as partes e os jurados poderão
requerer a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas
colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não
repetíveis.
Em seguida, o acusado será interrogado, se estiver presente à sessão de
julgamento.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 23/45
Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao MP, que fará a
acusação nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que
julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência
de circunstância agravante.
Se houver assistente de acusação, que deve ter requerido sua
habilitação até cinco dias antes da data da sessão para que possa
participar do julgamento, falará imediatamente após o Ministério
Público e, em seguida a defesa.
Nesse cenário, abordaremos dois acontecimentos importantes:
Situação 1
Em sua manifestação, deve a defesa buscar, precipuamente,
a absolvição do acusado, sendo livre para sustentar em
plenário as teses que reputar mais oportunas, não estando
vinculadas àquelas anteriormente apresentadas. Ressalta-se
que, revelando-se descabido um pedido de absolvição, não
se pode considerar o acusado indefeso se a manifestação
da defesa técnica ocorrer no sentido da exclusão de uma
qualificadora ou de uma causa de aumento de pena, do
reconhecimento de crime tentado etc. Ao defensor, aliás, a
doutrina e a jurisprudência são uníssonas em reconhecer a
possibilidade de abordar tese defensiva distinta daquela
apresentada pelo acusado em seu interrogatório, em fiel
observância à plenitude de defesa, muito embora o juiz
presidente esteja obrigado a formular quesitos sobre ambas
as teses.
Situação 2
Após a manifestação da defesa, passa-se à réplica, que é um
ato da acusação consistente em voltar à fala depois da
sustentação oral da defesa, seja para reafirmar os termos da
imputação delimitada pela pronúncia, seja para contestar os
argumentos apresentados pelo defensor técnico. Entretanto,
trata-se de mera faculdade que a acusação pode exercer
livremente.
Não havendo réplica, a defesa não terá direito de ir à tréplica,
sem que daí decorra qualquer violação ao contraditório e à
ampla defesa. Nessa hipótese, os debates estarão
encerrados, passando-se à votação dos quesitos. Entretanto,
h é li t d ã d f tã
15/09/2023,20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 24/45
O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para
cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica.
Entretanto, havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a
defesa será acrescido de uma hora e elevado ao dobro da réplica e da
tréplica. Ademais, havendo mais de um acusador ou mais de um
defensor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de
acordo, será dividido pelo juiz presidente, de modo a não exceder o
limite de tempo.
Destaca-se que o Código de Processo Penal prevê o direito ao aparte. O
aparte é o pedido formulado pela parte durante a sustentação oral da
parte contrária para que interceda na sua fala, seja para fazer um
questionamento, uma retificação, uma observação, seja para discordar
de afirmação contrária a seus interesses.
O artigo 497, inciso XII, do CPP, passou a prever que o juiz presidente do
Tribunal do Júri detém a atribuição de regulamentar, durante os debates,
a intervenção de uma das partes, quando a outra estiver com a palavra,
podendo conceder até três minutos para cada aparte requerido, que
serão acrescidos ao tempo desta última.
Por fim, de acordo com o artigo 231 do CPP, salvo os casos expressos
em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do
processo. A regra, portanto, é a possibilidade de juntada de documentos
a qualquer momento.
Entretanto, uma das exceções à regra geral é a constante do artigo 479
do CPP, segundo a qual durante o julgamento não será permitida a
leitura de documento ou a exibição de objeto que não tenha sido juntado
aos autos com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se
ciência à outra parte.
Ressalta-se ainda que se compreende em tal proibição a leitura de
jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos,
gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio
se houver réplica por parte da acusação, a defesa então
passa a ter direito de ir à tréplica.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 25/45
assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à
apreciação e ao julgamento dos jurados.
Iudicium causae: quesitação e
sentença
Quesitação
Concluídos os debates, o juiz presidente indagará dos jurados se estão
habilitados a julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos. Se
houver dúvida sobre questão de fato, o presidente prestará
esclarecimentos à vista dos autos. Não havendo dúvidas, ou sendo
estas sanadas, passa-se à quesitação e votação em sala secreta.
De acordo com o artigo 482 do CPP, o Conselho de Sentença será
questionado sobre matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido.
Assim, os quesitos são perguntas formuladas aos jurados para que se
pronunciem quanto ao mérito da acusação. Na sua elaboração, o
presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões
posteriores que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das
alegações das partes. Todas as teses defensivas levantadas pelo
acusado e por seu defensor devem ser quesitadas.
A�nal, como elaborar os quesitos?
Os quesitos devem ser elaborados na seguinte ordem: i) materialidade
do fato; ii) autoria, coautoria ou participação; iii) tentativa ou
desclassificação para crime da competência do Júri; iv) se o acusado
deve ser absolvido; v) causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
e vi) circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena,
reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação.
Saiba mais
De acordo com a ordem estabelecida nos incisos I, II e III do artigo 483,
o quesito seguinte à materialidade e autoria seria aquele pertinente à
absolvição do acusado (“O jurado absolve o acusado?”). Porém, de
acordo com o artigo 483, § 5º, sustentada a tese de ocorrência do crime
na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 26/45
delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará
quesito acerca dessas questões, para ser respondido após o segundo
quesito.
Uma vez elaborados, o juiz presidente lerá os quesitos e indagará das
partes se têm requerimento ou reclamação a fazer, devendo qualquer
deles, bem como a decisão, constar da ata. Ainda em plenário, o juiz
presidente explicará aos jurados o significado de cada quesito. Não
havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o
Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o
escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de ser
procedida a votação.
Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o juiz presidente
mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco
e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a palavra sim, 7 (sete) a
palavra não.
Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de justiça recolherá em urnas
separadas as cédulas correspondentes aos votos e as não utilizadas e,
após a resposta, verificados os votos e as cédulas não utilizadas, o
presidente determinará que o escrivão registre no termo a votação de
cada quesito, bem como o resultado do julgamento.
Por fim, ressalta-se que, nos termos do artigo 489 do CPP, as decisões
do Tribunal do Júri serão sempre tomadas por maioria de votos.
Sentença
Concluída a votação e verificada a decisão dos jurados, que é tomada
por maioria de votos como já visto, incumbe ao juiz presidente proferir
sentença. Essa sentença, regulamentada pelo artigo 492 do CPP, é tida
como subjetivamente complexa ou de formação complexa, pois envolve
dois órgãos jurisdicionais diversos: o Conselho de Sentença, que aprecia
o fato e suas circunstâncias, e o juiz presidente, a quem cabe aplicar a
pena.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 27/45
Na hipótese de absolvição do acusado, deve o magistrado fazer breve
relatório, julgando improcedente o pedido de condenação formulado
pela acusação. Ressalta-se que deve o juiz presidente se limitar a
explicitar que os jurados acolheram o pedido da defesa, tendo absolvido
o acusado.
No caso da sentença absolutória, deve o juiz ainda colocar em liberdade
o acusado se por outro motivo não estiver preso, revogar as medidas
restritivas provisoriamente decretadas ou impor, se for o caso, a medida
de segurança cabível.
Na hipótese de condenação, cabe ao juiz presidente fixar a pena,
devendo fixar a pena-base; considerar as circunstâncias agravantes ou
atenuantes alegadas nos debates; e impor os aumentos ou diminuições
da pena, em atenção às causas admitidas pelo Júri.
Saiba mais
Adicionalmente, conforme introduzido pela Lei nº 13.694/2019, deve o
juiz, em caso de condenação mandar o acusado recolher-se ou
recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos
da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou
superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinando a execução
provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o
caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser
interpostos.
Cabe ao juiz presidente estabelecer os efeitos genéricos e específicos
da condenação (artigos 91 e 92 do Código Penal).
Ressalta-se que, se houver desclassificação da infração para outra, de
competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá
proferir sentença em seguida.
Por fim, conforme determina o artigo 493 do CPP, a sentença será lida
em plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de instrução e
julgamento.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(TJ-AL – 2019 – FCC) Ao final da primeira fase do procedimento dojúri,
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 28/45
Parabéns! A alternativa A está correta.
A pronúncia é fundamentada e identificada, de acordo com o artigo
413, § 1º, do CPP, a partir da materialidade dos fatos e da existência
de indícios satisfatórios, os quais devem ser suficientes de
culpabilidade ao autor, sendo o juiz o responsável em julgar incurso
o acusado, especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas
de aumento de pena.
Questão 2
(MPE-PB – 2018 – FCC) O Tribunal do Júri é composto por um juiz
togado, seu presidente e por
A
o juiz, ao pronunciar o réu, não pode reconhecer em
seu favor a existência de causa especial de
diminuição da pena.
B
o juiz deve sempre absolver o acusado desde logo
no caso de inimputabilidade decorrente de doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado.
C
não se convencendo da materialidade do fato ou da
existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação, o juiz, fundamentadamente,
impronunciará o acusado, mas sempre será possível
a formulação de nova denúncia ou queixa se houver
prova nova.
D
quando o juiz se convencer da existência de crime
diverso, em discordância com a acusação, deve
sentenciar o feito, independentemente da natureza
da infração reconhecida.
E
o juiz deve impronunciar o réu se ficar comprovado
não ser ele autor ou partícipe do fato.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 29/45
Parabéns! A alternativa B está correta.
Segundo o art. 447 do CPP, o Tribunal do Júri é composto por 1
(um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que
serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão
o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.
3 - Procedimento sumaríssimo e procedimentos especiais
Ao �nal desse módulo, você será capaz de identi�car as principais regras reguladoras dos
procedimentos processuais.
A sete jurados.
B vinte e cinco jurados.
C vinte e um jurados.
D nove jurados.
E quinze jurados.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 30/45
Procedimento sumaríssimo:
competência e composição
Disposições gerais
O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da
oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e
celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
Ressalta-se que se aplicam ao procedimento sumaríssimo,
subsidiariamente, as disposições dos Códigos Penal e de Processo
Penal, no que não forem incompatíveis com tal procedimento.
Competência
Com relação às infrações penais, a competência dos Juizados especiais
criminais é fixada com base na natureza da infração e na inexistência de
circunstância que desloque a competência para o juízo comum.
São de competência dos juízos especiais as infrações de menor
potencial ofensivo, sendo estas, conforme o artigo 61 da Lei nº
9.099/95, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa.
Destaca-se que nas hipóteses de conexão ou continência com infração
penal comum (artigo 60, parágrafo único); de impossibilidade de citação
pessoal do autuado (artigo 66, parágrafo único); e quando evidenciada a
complexidade da causa (artigo 77, § 2º), a competência será do juízo
comum.
Quanto à competência territorial, o artigo 63 da lei
determina que a competência do Juizado será
determinada pelo lugar em que foi praticada a infração
penal.
Em face da expressão dúbia utilizada por tal dispositivo legal –
“praticada a infração penal” –, que confere a impressão de se referir à
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 31/45
“execução”, mas também parece trazer em si o significado de “levar a
efeito” ou “realizar”, que daria o sentido da consumação, prevalece a
orientação segundo a qual a Lei nº 9.099/95 adotou a teoria da
atividade, ao contrário do CPP, que adotou, em regra, a teoria do
resultado.
Ressalta-se que, por mais que a competência dos Juizados para o
processo e julgamento de infrações de menor potencial ofensivo derive
do artigo 98, inciso I, da CF, é certo que a competência dos Juizados
admite modificações, sendo, portanto, relativa.
Adicionalmente, na hipótese de outros crimes praticados em conexão
ou continência com uma infração de menor potencial ofensivo, deverão
ser observadas as regras do artigo 78 do CPP, para se saber qual o juízo
competente.
Se, em virtude da aplicação das regras do artigo 78 do CPP, venha a ser
estabelecida a competência do juízo comum ou do tribunal do júri para
julgar também a infração de menor potencial ofensivo, afastando,
portanto, o procedimento sumaríssimo da Lei nº 9.099/95, isso não
impedirá a aplicação dos institutos da transação penal e da composição
dos danos civis em relação à infração de menor potencial ofensivo,
desde que preenchidos seus pressupostos legais.
Composição dos danos civis
A composição civil dos danos é a proposta feita pelo suposto autor do
fato à vítima, para reparar os prejuízos causados pela infração. Pode ser
feita nas infrações que acarretem prejuízos materiais, morais ou
estéticos à vítima. Assim, como estão em jogo interesses patrimoniais
e, portanto, de natureza individual disponível, não há necessidade de
intervenção do MP, a não ser que se trate de causa em que haja
interesse de incapazes.
Atenção!
A depender da natureza da ação penal, os efeitos da composição civil
serão distintos.
Na ação penal privada, de acordo com o artigo 74, parágrafo único, da
Lei nº 9.099/95, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de
queixa, com a consequente extinção da punibilidade.
Destaca-se que, por força do princípio da indivisibilidade, a renúncia ao
direito de queixa decorrente da composição dos danos civis estende-se
a coautores e partícipes do fato delituoso, ainda que eles não estejam
presentes à audiência preliminar.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 32/45
Na ação penal pública condicionada à representação, o acordo
homologado também acarreta a renúncia ao direito de representação
(artigo 74, parágrafo único), acarretando também a extinção da
punibilidade.
Ressalta-se que, em ambas as situações, o não cumprimento do acordo
não restitui à vítima o direito de queixa ou de representação. De fato,
extinta a punibilidade, resta ao ofendido apenas a possibilidade de
executar o título executivo judicial obtido com a homologação transitada
em julgado.
Na ação penal pública incondicionada, a doutrina entende que a
celebração do acordo não acarretará a extinção da punibilidade,
servindo apenas para antecipar a certeza acerca do valor da
indenização, o que permite, em tese, imediata execução no juízo civil
competente. Logo, será possível o oferecimento de proposta de
transação penal e, em último caso, até mesmo de denúncia. Entretanto,
importante destacar o enunciado 99 do FONAJE, que dispõe que, “nas
infrações penais em que haja vítima determinada, em caso de
desinteresse desta ou de composição civil, deixa de existir justa causa
para ação penal.”
Por fim, obtida a composição dos danos civis, o acordo será reduzido a
escrito e homologado pelo juiz mediante sentença irrecorrível, que terá
eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Procedimento sumaríssimo:
oferecimento e transação penal
Oferecimento de representação
Conforme determina o artigo 75 da lei, não obtida a composição dos
danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de
exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Entretanto,o não oferecimento da representação na audiência
preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no
prazo legal.
Tendo em vista a redação do artigo 75, grande parte da doutrina
sustenta que a representação feita na delegacia de polícia não é
suficiente para a deflagração do processo, uma vez que a lei demarcou
o exato momento para o seu oferecimento. Entretanto, em coerência
com os princípios da informalidade, economia processual e celeridade,
não há razão para se concluir que, nos Juizados, a representação
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 33/45
somente seja considerada válida quando apresentada em juízo. Logo, a
representação pode ser oferecida perante a autoridade policial, o MP ou
o juízo, tal qual previsto expressamente no artigo 39 do CPP.
Ressalta-se que, apesar de o artigo 75 falar apenas em “direito de
representação”, é certo que, em se tratando de ação penal privada, não
obtida a composição dos danos civis, pode o ofendido ou seu
representante legal, oferecer a queixa-crime oral na própria audiência
preliminar.
Transação penal
Transação penal
Neste vídeo, o especialista trará o conceito da transação penal, seu
cabimento e suas principais regras.
A transação penal consiste em um acordo celebrado entre o MP (ou
querelante, nos crimes de ação penal privada) e o autor do fato
delituoso, por meio do qual é proposta a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multa, evitando-se, assim, a instauração do
processo. Desse modo, a transação penal mitiga o princípio da
obrigatoriedade da ação penal, passando este a ser chamado, aqui, de
princípio da obrigatoriedade mitigada ou da discricionariedade regrada.
Segundo o STJ, a transação penal e a suspensão condicional do
processo não são um direito subjetivo do acusado, mas, sim, um poder-
dever do Ministério Público, titular da ação penal, a quem cabe, com
exclusividade, analisar a possibilidade de aplicação dos referidos
institutos, desde que o faça de forma fundamentada.
Caso o juiz discorde do oferecimento ou não oferecimento, entende-se
que é possível a aplicação analógica do artigo 28 do CPP (cuja redação
atualizada pela Lei nº 13.964/2019 – Lei Anticrime – encontra-se

15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 34/45
suspensa por força de decisão liminar proferida no âmbito das ADIs
6.298, 6.299, 6.300 e 6305, pelo Supremo Tribunal Federal. Assim, por
ora, encontra-se vigente a redação anterior do artigo 28 do CPP, por
meio da qual, em caso de discordância, se submeterá a decisão jurídica
ao Procurador Geral).
Comentário
A transação penal não tem natureza jurídica de condenação criminal,
não gera efeitos para fins de reincidência e maus antecedentes e, por se
tratar de submissão voluntária à sanção penal, não significa
reconhecimento da culpabilidade penal nem da responsabilidade civil.
Para que seja cabível a transação penal, a infração penal deve ser tida
como de menor potencial ofensivo, assim compreendidas as
contravenções penais e crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a dois anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a
procedimento especial, ressalvadas as hipóteses de violência doméstica
e familiar contra a mulher.
Destaca-se que a jurisprudência dos tribunais superiores não admite a
transação penal se, na somatória do concurso de crimes ou crime
continuado, for ultrapassado o limite de dois anos.
Ressalta-se que não é cabível a transação penal quando for o caso de
arquivamento do termo circunstanciado; quando o autor da infração
tiver sido condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva; e quando o agente tiver sido
beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela transação
penal.
Adicionalmente, também não será oferecida a transação penal quando
não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e
suficiente a adoção da medida.
Apesar de o artigo 76 fazer referência apenas aos crimes de ação penal
pública condicionada à representação e de ação penal pública
incondicionada, a Corte Especial do STJ entende que é possível a
transação penal na ação penal privada. Nesse caso, cabe ao querelante,
e não ao MP, fazer a proposta (RHC 102381/BA, em 09/10/2018).
Atenção!
Conforme a Súmula Vinculante nº 35, “a homologação da transação
penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando ao MP a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de IP”.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 35/45
Procedimento sumaríssimo:
suspensão condicional do processo
Suspensão condicional do processo
A suspensão condicional do processo é um instituto despenalizador por
meio do qual se permite a suspensão do processo por um período de
prova que pode variar de dois a quatro anos, desde que observado o
cumprimento de certas condições.
Conforme o artigo 89 da lei, ao oferecer a denúncia, admite-se que o
órgão do MP ofereça a proposta de suspensão condicional do processo,
desde que o acusado preencha os requisitos contidos naquele artigo.
Ressalta-se que qualificadoras, privilégios, causas de aumento e de
diminuição de pena são levadas em consideração para se aferir o
cabimento da suspensão, com a ressalva de que deve ser sempre
analisada a pena mínima cominada ao delito. Já nas hipóteses de
concursos de crimes, são levadas em consideração a somatória das
penas ou o quantum decorrente da majoração da pena, em seu patamar
mínimo.
Afinal, como o STF se posciona sobre essa questão?
Resposta
O STF tem o entendimento sumulado (Súmula 723) de que “não se
admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo
de 1/6 (um sexto) for superior a 1 (um) ano.” Da mesma maneira, o STJ
tem o entendimento sumulado (Súmula 723) de que “o benefício da
suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais
cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade
delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela
incidência da majorante, ultrapassar o limite de 1 (um) ano.”
Importante destacar que a condenação criminal já alcançada pelo
período depurador de cinco anos, previsto no artigo 64, I, do CP, não
impede a concessão, ao acusado, em novo processo penal, do benefício
da suspensão condicional do processo, desde que preenchidos os
demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena.
Anterior condenação à pena de multa não impede a concessão da
suspensão condicional do processo, pois, se tal espécie de condenação
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 36/45
não obsta o sursis (artigo 77, § 1º, do CP), não pode, por consequência,
afastar a concessão da suspensão condicional do processo.
Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do juiz,
este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo
o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
Condição 1
Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo.
Condição 2
Proibição de frequentar determinados lugares.
Condição 3
Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do
juiz.
Condição 4
Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
informar e justificar suas atividades.
O juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do
acusado.
A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiáriovier a
ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a
reparação do dano, sendo essa hipótese de revogação obrigatória.
Entretanto, a suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser
processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir
qualquer outra condição imposta, sendo essa hipótese de revogação
facultativa.
Importante chamar atenção para o fato de que não correrá a prescrição
durante o prazo de suspensão do processo.
Por fim, expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a
punibilidade e, se o acusado não aceitar a proposta, o processo
prosseguirá em seus ulteriores termos.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 37/45
Procedimento dos crimes praticados
pela ordem pública
Atos que compõem o procedimento
Na apuração dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos,
estabelece o CPP procedimento diferenciado conforme o caráter
inafiançável ou afiançável do delito.
Ocorre que, na atualidade, tendo em vista a nova disciplina introduzida
pela Lei nº 12.403/2011 ao CPP, tal distinção perdeu completamente a
relevância. Isso porque, nos termos do artigo 323 do CPP alterado pela
referida lei, são inafiançáveis apenas os crimes de racismo, tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, os crimes
definidos como hediondos e aqueles cometidos por grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático.
Considerando que, nesse rol, não está inserido qualquer
dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos,
infere-se que tais delitos, agora, são todos a�ançáveis.
Desse modo, independentemente de qual tenha sido o crime praticado,
para definição do procedimento, deve-se conciliar o rito ditado pelos
artigos 514 a 518 do CPP com o estabelecido no artigo 394, § 4º
(redação da Lei nº 11.719/2008) do mesmo Código, ao prever que as
disposições dos artigos 395 a 398 aplicam-se a todos os procedimentos
de primeiro grau.
Nesse contexto, infere-se que o procedimento de apuração dos crimes
de responsabilidade dos funcionários públicos compõe-se da seguinte
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 38/45
ordem de atos:
Ato 1
Oferecimento da denúncia e da queixa-crime.
Ato 2
Autuação e notificação para resposta preliminar em quinze dias.
Ato 3
Decisão quanto ao recebimento ou à rejeição da inicial.
Ato 4
Prosseguimento segundo os termos do rito comum ordinário.
Nesse contexto, infere-se que o procedimento de apuração dos crimes
de responsabilidade dos funcionários públicos compõe-se da seguinte
ordem de atos: i) oferecimento da denúncia e da queixa-crime; ii)
autuação e notificação para resposta preliminar em quinze dias; iii)
decisão quanto ao recebimento ou rejeição da inicial; e iv)
prosseguimento segundo os termos do rito comum ordinário.
Nesse procedimento especial e inicial, deverá observar os requisitos do
artigo 41 do CPP, instruída, ainda, com os documentos ou justificações
que façam presumir a existência do crime ou declaração fundamentada
quanto à impossibilidade de fazê-lo (artigo 513 do CPP). Não previsto
número diferenciado de testemunhas, poderão ser arroladas até o
máximo de oito.
Não sendo o caso de rejeição liminar pelo juiz com fundamento no
artigo 395 do CPP, determinará a notificação do acusado para responder
à acusação. Segundo a norma do artigo 514 do CPP, essa notificação
deverá ser pessoal ao acusado, e, se não localizado ou residente em
comarca distinta, deve o magistrado proceder à nomeação de defensor
dativo para apresentá-la.
Mais duas questões são tratada nesse contexto, veja:
Questão 1
Apresentada a defesa preliminar, os autos serão conclusos ao
magistrado, que poderá rejeitar a denúncia ou a queixa, se verificar
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 39/45
a ocorrência de qualquer das hipóteses do artigo 395 do CPP ou se
concluir no sentido da inexistência do crime ou da improcedência
da ação (artigo 516 do CPP).
Questão 2
Não sendo o caso de rejeição, poderá o juiz receber a exordial
acusatória, determinando a citação do acusado para, em dez dias,
responder à acusação com base no artigo 396 do CPP, ocasião em
que poderá o advogado arguir preliminares e alegar tudo o que
interessa à sua defesa, oferecer documentos e justificações,
especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas,
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
Recebida a exordial, ordenada a citação do réu e apresentada a resposta
do acusado, determinará o magistrado o prosseguimento do processo
nos exatos termos previstos para o procedimento ordinário visto
anteriormente.
Ressalta-se que, no âmbito do STF, entende-se que é indispensável a
defesa preliminar nas hipóteses do artigo 514 do CPP, mesmo quando a
denúncia é lastreada em inquérito policial, já que a finalidade precípua
dessa defesa é a de evitar a propositura de ações penais temerárias
contra funcionários públicos. Já no STJ, consagrou-se entendimento
oposto, compreendendo-se, nos termos da Súmula 330, que “é
desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do CPP, na
ação penal instruída por inquérito policial”.
De todo modo, cabe ressaltar que ambas as Cortes Superiores
compreendem que a nulidade eventualmente configurada em razão da
falta de notificação para defesa preliminar é relativa, devendo ser
arguida tempestivamente, com demonstração de prejuízo, sob pena de
preclusão.
Procedimento nos crimes contra a
honra
Embora os dispositivos que regulam esse procedimento estejam
inseridos em capítulo do CPP que trata “do processo e do julgamento

15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 40/45
dos crimes de calúnia e injúria”, é evidente que se aplicam, também, à
apuração da difamação.
Entretanto, o procedimento dos artigos 519 a 523 do CPP é aplicável tão
somente às hipóteses em que a pena máxima cominada ao crime for
superior a dois anos de prisão, pois, caso contrário, classifica-se como
de menor potencial ofensivo e o rito a ser observado será o
sumaríssimo da Lei nº 9.099/1995.
Dessa forma, os delitos com pena máxima in abstrato superior a dois
anos e, portanto, sujeitos ao procedimento ditado pelo CPP são apenas
os crimes: de injúria qualificada (artigo 140, § 3º, do CP); de calúnia,
quando aplicável a causa de aumento de pena do artigo 141 do CP; e os
crimes praticados sob a forma de violência doméstica e familiar contra
a mulher (violência moral), nos termos definidos no art. 7º, V, da Lei nº
11.340/2006.
Importante destacar que esse rito segue os atos previstos para o
procedimento comum ordinário, agregando-se, apenas, as seguintes
modificações: i) previsão de audiência de tentativa de conciliação
previamente ao recebimento da inicial acusatória; e ii) possibilidade de
serem deduzidas as exceções da verdade e da notoriedade do fato.
O processo inicia com o ajuizamento da ação penal e audiência de
tentativa de conciliação. Assim, oferecida a queixa-crime, deverá o
magistrado, antes de recebê-la, ordenar a notificação do querelante e do
querelado para comparecerem à audiência de tentativa de conciliação
(artigo 520 do CPP), a qual se realizará sem a presença de advogados.
Havendo a conciliação, será assinado termo de desistência da ação
penal, arquivando-se o feito. Por outro lado, se não houver êxito na
tentativa de conciliação, caberá ao juiz proceder ao seu recebimento,
ordenando a citação do réu para resposta em dez dias (artigo 396 do
CPP).
Ressalta-se que prevalece na doutrina que a natureza jurídica da
audiência de tentativa de conciliação é de condição de
prosseguibilidade da ação penal e a ausência de designação dessa
audiência consubstancia constrangimentoilegal, produzindo nulidade
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 41/45
processual relativa em face da omissão de formalidade essencial.
Entretanto, se a audiência de tentativa de conciliação for realizada após
o recebimento da queixa-crime, não há que se falar em nulidade, pois o
ato terá cumprido sua finalidade.
Havendo a ausência do querelante, se injustificada, o
processo deve ter prosseguimento, inexistindo razão
para extingui-lo simplesmente porque deixou o
querelante de comparecer a uma audiência de
conciliação, devendo isso ser interpretado como
ausência de vontade em transigir. Entretanto, se houver
ausência do querelado, o magistrado pode receber a
ação penal e ordenar seu prosseguimento ou
determinar a sua condução coercitiva com base no
artigo 260 do CPP, apesar de sua ausência não
acarretar, para ele, nenhum ônus ou sanção
processual.
Contemporaneamente à apresentação da resposta, poderá o querelado,
em petição distinta, apresentar exceção da verdade ou exceção da
notoriedade do fato (artigo 523 do CPP).
A exceção da verdade consiste na oportunidade assegurada ao réu para
demonstrar a veracidade das afirmações consideradas ofensivas pelo
querelante. É admitida na hipótese de calúnia (artigo 138, § 3º, do CP) e
de difamação praticado contra funcionário público no exercício de suas
funções (artigo 139, parágrafo único, do CP).
Por outro lado, a exceção da notoriedade do fato é aquela que visa
demonstrar que a afirmação realizada pelo réu não causa reação no
meio social, já que respeita a fato conhecido por todos. Essa é cabível
apenas na difamação, independentemente da condição do ofendido
(funcionário público ou não).
Ressalta-se que não se admitem as exceções da verdade e da
notoriedade do fato no crime de injúria, pois, nesse caso, é violada a
honra subjetiva da pessoa, não importando a verdade ou a notoriedade
do que foi afirmado pelo réu.
Importante destacar ainda a existência do pedido de explicações.
Atenção!
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 42/45
Estabelece o artigo 144 do CP que, “se, de referências, alusões ou
frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a
critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa”.
Como se vê, trata-se do pedido de explicações de uma medida não
obrigatória e preliminar ao ingresso de ação penal por crime contra a
honra, que visa obter do suposto ofensor um esclarecimento sobre o
real sentido de suas expressões.
O pedido, na verdade, possui natureza jurídica de uma interpelação,
processando-se com base nos artigos 726 e seguintes do CPC/2015.
Por fim, quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade
do fato imputado, o querelante poderá contestar a exceção no prazo de
dois dias, podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas na queixa,
ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às primeiras, ou
para completar o máximo legal.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(IAPEN-AP – Agente Penitenciário – 2018 – FCC) Sobre a
suspensão condicional do processo, prevista na Lei n° 9099/95, é
correto afirmar:
A
É cabível nos crimes cuja pena mínima cominada
for igual ou inferior a 2 anos.
B
Expirado o prazo acordado sem revogação, o juiz
absolverá o acusado.
C
Caso o acusado não aceite a proposta, pode o juiz
aplicar-lhe diretamente a pena restritiva de direitos,
desde que não superior a 6 meses.
D
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 43/45
Parabéns! A alternativa E está correta.
Segundo o art. 89, parágrafo 6º da Lei nº 9.099/95, não correrá a
prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
Questão 2
(MPE-AP – 2021 – CESPE) Com relação ao procedimento aplicável
aos crimes de responsabilidade praticados por funcionários
públicos contra a administração pública, assinale a opção correta.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Será obrigatoriamente revogada se, no curso do
prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro
crime ou contravenção penal.
E
Durante o prazo de suspensão do processo, não
correrá a prescrição.
A
Aplica-se o procedimento especial somente aos
crimes inafiançáveis.
B
Aplica-se o procedimento especial aos delitos
praticados por agentes políticos com prerrogativa
de função.
C
Aplica-se o procedimento previsto na Lei dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais caso o crime
funcional seja de menor potencial ofensivo.
D
Aplica-se o procedimento especial mesmo que o
funcionário público tenha deixado a função na qual
estava investido.
E
Aplica-se o rito dos crimes funcionais ao crime fiscal
praticado por funcionário público.
15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 44/45
Conforme o art. 60 e 61 da Lei nº 9.099/95, tratando-se de infração
de menor potencial ofensivo, aplica-se o rito sumaríssimo dos
juizados especiais.
Considerações �nais
Conforme visto, os procedimentos processuais penais dividem-se em
comuns e especiais, estes últimos incorporando regras próprias de
tramitação processual visando à apuração dos crimes que constituem o
objeto de sua disciplina, e os primeiros sendo o rito padrão ditado pelo
Código de Processo Penal para ser aplicado residualmente.
O procedimento comum, por sua vez, subdivide-se em três espécies,
condicionando-se a respectiva aplicação à quantidade da pena máxima
cominada in abstrato e, conforme o caso, à natureza da infração,
podendo ser comum ordinário, comum sumário e comum sumaríssimo,
este último sendo de competência dos Juizados especiais criminais.
Ao longo do nosso estudo, foi possível perceber que todos os
procedimentos possuem regras próprias aplicadas, com a finalidade de
atingir seu objetivo final, qual seja, a aplicação do direito material penal
e do direito de punir estatal.
Podcast
Neste podcast, o especialista distinguirá o cabimento dos diferentes
procedimentos processuais penais.

15/09/2023, 20:52 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 45/45
Explore +
Para complementar os seus conhecimentos no assunto estudado,
recomendamos a leitura do Título 11 do livro Manual de Processo Penal
– Volume Único, de Renato Brasileiro de Lima.
Referências
BRASILEIRO DE LIMA, R. Manual de Processo Penal - Volume Único. 10.
ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2021.
NUCCI, G. de S. Curso de Direito Processual Penal. 18. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2021.
Material para download
Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.
Download material
O que você achou do conteúdo?
Relatar problema
javascript:CriaPDF()

Outros materiais