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Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período
Taíssa N. VeigaMAD - Problema 5
Objetivos:
0. Conhecer a estrutura geral dos fungos
1. Conhecer as IRAS (medidas de prevenção, controle; CCIH)
2. Conhecer os agentes etiológicos e fisiopatologia das micoses
3. Detalhar a Candida auris
4. Entender a resposta imune aos fungos
5. Explicar a farmacologia dos antifúngicos
6. Discutir a epidemiologia das doenças fúngicas
Objetivo 0
Conhecer a estrutura geral dos fungos
FUNGOS
Os fungos fazem parte do reino Fungi. São
quimio-heterotróficos e adquirem alimentos por absorção.
Com exceção das leveduras, os fungos são multicelulares.
A maioria se reproduz através de esporos sexuados e
assexuados.
São importantes para a indústria alimentícia (pães, queijos,
vinhos), para a decomposição da matéria orgânica e para a
indústria farmacêutica, por serem produtores de antibióticos
(penicilina), imunossupressores (ciclosporina) e hormônios
(esteróide).
Causam doenças em plantas e animais e alguns produzem
toxinas.
CARACTERÍSTICAS
● Quimioheterotróficos
● Eucariontes
● Maioria multicelular
● Parede celular composta de quitina e glicana
● MP formada por ergosterol (substitui o colesterol)
● Aeróbios (maioria) ou anaeróbios facultativos
(fermentadores)
● Ubíquos
● Simbiontes, comensais ou parasitas
● Reprodução por esporos, sexuados ou assexuados
○ teleomorfa → forma esporo sexuado
○ anamorfa → forma esporo assexuado
Em relação às bactérias, os fungos são de crescimento
lento, com tempo de duplicação celular de horas em vez de
minutos.
MEMBRANA E PAREDE CELULAR
Embora os fungos tenham ultraestrutura celular semelhante
à das células animais, existem diversas diferenças
bioquímicas singulares.
O esterol utilizado na membrana celular dos mamíferos é o
colesterol, enquanto nas células fúngicas é o ergosterol.
Essa composição é importante para manter a estabilidade
da membrana, visto que o esterol promove maior rigidez.
As enzimas que catalisam a síntese de ergosterol se
localizam nos microssomos dos fungos.
MORFOLOGIA
Quanto à morfologia, podemos dividir os fungos em
leveduras e fungos filamentosos.
LEVEDURAS
As leveduras são geralmente unicelulares, esféricas ou
ovais e microscópicas. Apresentam elevada patogenicidade
Se reproduzem assexuadamente por brotamento ou fissão.
No brotamento a célula forma um broto, o blastoconídio, que
se alonga e se separa.
Suas células-filhas podem alongar-se e formar pseudo-hifas,
que são os brotos que não se separam um dos outros e
formam uma cadeia de células.
󰔞 A Candida albicans se adere às células epiteliais humanas na
forma de levedura, mas precisa de pseudo-hifas para invadir os
tecidos profundos.
Na fissão, a levedura se divide em duas células iguais.
FUNGOS FILAMENTOSOS
Os fungos filamentosos (bolores) são multicelulares e
constituídos por hifas, que se alongam na extremidade pelo
processo de extensão apical. Têm pouca patogenicidade.
⤷ Hifas
Quanto à estrutura, as hifas podem ser cenocíticas (sem
septos) ou septadas (maioria).
Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período
Taíssa N. Veiga
🍄 Alguns fungos formam estruturas reprodutivas macroscópicas
denominadas corpos de frutificação (cogumelos, por exemplo) em
que milhões de esporos podem ser liberados.
Possuem uma região que obtém os nutrientes e cresce na
superfície do meio de cultura, as hifas vegetativas, e uma
parte envolvida com a reprodução e se projeta acima da
superfície do meio, as hifas aéreas ou reprodutivas.
⤷ São as hifas aéreas que produzem os conídios,
estruturas de reprodução assexuada que são
dispersas pelo ar para a disseminação do fungo.
Quando as condições ambientais, se tornam favoráveis, as
hifas crescem e formam uma massa filamentosa, chamada
de micélio, visível a olho nu
FUNGOS DIMÓRFICOS
Alguns fungos podem ainda ser denominados dimórficos,
quando existem tanto na forma de levedura quanto na forma
de fungo filamentoso.
O dimorfismo em fungos patogênicos é dependente da
temperatura: a 37°C, o fungo apresenta forma de levedura, e
a 25°C, forma de bolor.
CICLO DE VIDA
Fungos filamentosos podem reproduzir-se assexuadamente
pela fragmentação de suas hifas. Além disso, tanto a
reprodução sexuada quanto a assexuada em fungos
ocorrem pela formação de esporos.
󰔞 Não confunda esporo de fungo de endósporo de bactéria - no
caso destas, a estrutura não está relacionada com a reprodução, e
sim com a sobrevivência na adversidade
⤷ Esporos assexuados
Os esporos assexuados são formados pelas hifas de um
organismo. Quando esses esporos germinam, tornam-se
organismos geneticamente idênticos ao parental.
São produzidos por mitose e os núcleos das células não se
fundem.
Há dois tipos de esporos assexuados produzidos por fungos:
conidiósporo (conídio) e o esporangiósporo.
Os conidiósporos podem ser artroconídios (formados pela
fragmentação da hifa), blastoconídio (a partir de um broto)
ou clamidoconídio (formado pelo arredondamento e
alargamento dentro de uma hifa).
Os esporangiósporos são formados no interior de um
esporângio, ou bolsa, na extremidade de uma hifa aérea,
chamada de esporangióforo
⤷ Esporos sexuados
Os esporos sexuados resultam da fusão de núcleos de duas
linhagens de uma mesma espécie de fungo, sendo
produzidos com menor frequência do que os assexuados.
A reprodução sexuada dos fungos consiste em três etapas:
plasmogamia (núcleo de uma célula penetra no citoplasma
de outra), cariogamia (núcleos se fundem) e meiose.
Tanto um esporo assexuado como um sexuado de um fungo
é capaz de germinar e desenvolver-se, originando uma nova
hifa e micélio.
ADAPTAÇÕES NUTRICIONAIS
Os fungos geralmente são adaptados a ambientes que
poderiam ser hostis a bactérias.
- Os fungos normalmente crescem melhor em ambientes em
que o pH é próximo a 5, que é muito ácido para o
crescimento da maioria das bactérias comuns.
- Quase todos os fungos filamentosos são aeróbios.
- A maioria das leveduras é anaeróbia facultativa.
- A maioria dos fungos é mais resistente à pressão osmótica
do que as bactérias; muitos, por conseguinte, podem crescer
em concentrações relativamente altas de sal ou açúcar.
- Os fungos podem crescer em substâncias com baixo grau
de umidade, geralmente tão baixo que impede o
crescimento de bactérias.
- Os fungos requerem menos nitrogênio para um
crescimento equivalente ao das bactérias.
- Os fungos são frequentemente capazes de metabolizar
carboidratos complexos que a maioria das bactérias não
pode utilizar como nutrientes.
FATORES DE VIRULÊNCIA
Os fatores de virulência têm sido pouco estudados entre os
fungos. Como possíveis fatores podemos citar a
variabilidade fenotípica, a aderência nos tecidos do
hospedeiro e a produção de toxinas e enzimas.
2
Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período
Taíssa N. Veiga
PATOGÊNESE
A resposta à infecção por diversos fungos consiste na
formação de granulomas.
A supuração aguda, caracterizada pela presença de
neutrófilos no exsudato, também ocorre em certas doenças
fúngicas, como aspergilose e esporotricose.
Os fungos não apresentam endotoxinas em sua parede
celular e não produzem exotoxinas similares às bacterianas.
A ativação do sistema imune mediado por células resulta em
uma resposta de hipersensibilidade tardia no teste cutâneo
contra certos antígenos fúngicos injetados por via
intradérmica.
A resposta imune mediada por células é protetora; sua
supressão pode levar à reativação e disseminação de
infecções fúngicas assintomáticas, assim como a doenças
causadas por fungos oportunistas.
REFERÊNCIAS
TORTORA, Gerard J.; CASE, Christine L.; FUNKE, Berdell
R. Microbiologia. 12ª ed. Artmed Editora, 2016.
Objetivo 1
Conhecer as IRAS e o papel da CCIH
IRAS E CCIH
CONCEITO E ASPECTOS GERAIS
Infecção relacionada à assistência em saúde (IRAS) é a
infecção adquirida após o paciente ser submetido a um
procedimento de assistência à saúde ou a uma
internação, que possa ser relacionada a estes eventos, e
que atenda a uma das seguintes situações:
● Se o período de incubação do microrganismo
causador da infecção fordesconhecido e não
houver evidência clínica ou dado laboratorial de
infecção no momento da internação,
convenciona-se como IRAS toda manifestação
clínica de infecção que se apresentar a partir do
terceiro dia de internação (D3), sendo o D1 o dia
da internação;
● Quando se desconhecer o período de incubação do
microrganismo causador da infecção e não houver
evidência clínica ou dado laboratorial de infecção
no momento do procedimento de assistência à
saúde, convenciona-se como IRAS toda
manifestação clínica de infecção que se apresentar
a partir da realização do procedimento, estando
o paciente internado ou não.
O termo infecções hospitalares vem sendo substituído nos
últimos anos pelo termo Infecções Relacionadas à
Assistência à Saúde (IRAS), no qual a prevenção e o
controle das infecções passam a ser considerados para
todos os locais onde se presta o cuidado e a assistência à
saúde.
Sendo assim, o hospital não é o único local onde se pode
adquirir uma infecção, podendo existir o risco em
procedimentos ambulatoriais, serviços de hemodiálise,
casas de repouso para idosos, instituições para doentes
crônicos, assistência domiciliar (“home care”) e clínicas
odontológicas.
A repercussão da alta frequência dessas infecções pode ser
notada com o aumento da morbidade e mortalidade
hospitalar, bem como com o prolongamento da internação e
o aumento dos custos assistenciais.
No Brasil, no ano de 2017, a prevalência Global de IRAS foi
de 10,8% e estão associadas a procedimentos invasivos
como inserção de cateter venoso central (CVC), cateter
central de inserção periférica (PICC), cateterismo vesical
(CV) e intubação orotraqueal (IOT), principalmente em
pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
MARCOS HISTÓRICOS E REGULATÓRIOS
A primeira Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
(CCIH) surgiu na década de 1960, mas as ações
programáticas e governamentais só começaram no final da
ditadura militar por meio de normas estabelecidas pelo
Ministério da Saúde.
Na década de 1980, várias diretrizes técnicas nacionais
envolvendo a avaliação de instalações de saúde foram
publicadas.
É obrigatório que todos os hospitais tenham suas
próprias comissões, e essa obrigação é proveniente da
portaria n° 2616, de 12 de maio de 1998, que aborda a
obrigatoriedade dos Programas de Controle de Infecção
Hospitalares (PCIH), dentre eles a necessidade das CCIH,
definida por “órgão de assessoria à autoridade máxima da
instituição e de execução das ações de controle de infecção
hospitalar”.
A partir de 2000, o Programa Nacional de Controle de
Infecção Hospitalar (PNCIH) foi vinculado à Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que assumiu a
responsabilidade de trabalhar com outros órgãos de
vigilância sanitária.
⤷ Foi um marco importante, indicando que o Brasil
deveria manter o controle das IRAS na esfera da
auditoria sanitária.
Embora tenha havido avanços, o controle de IRAS passou a
ser visto como uma atividade centrada no cumprimento de
normas. Isso resultou no fracasso inicial das tentativas de
quantificar o impacto desse agravo em âmbito nacional.
Eventos epidêmicos mostraram falhas importantes no
reprocessamento de artigos.
3
Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período
Taíssa N. Veiga
O QUE FAZ A CCIH?
A CCIH é uma Comissão deliberativa, que anualmente
discute e aprova o Programa de Controle de Infecção
(PCIH), que é a base para o desenvolvimento das ações do
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), que é
o órgão executivo
A CCIH institui protocolos hospitalares sobre a inserção
de dispositivos intravenosos, cateteres vesicais e intubações
orotraqueais, e também relacionado a cirurgias, evitando
assim, as Infecções Relacionadas ao Cateter (IRC),
Infecções de Trato Urinário (ITU) e Pneumonias associadas
à Ventilação Mecânica e infecção de sítio cirúrgico (ISC)
respectivamente.
O trabalho da CCIH é diário, coletando informações sobre
esses dispositivos invasivos, pacientes e uso de antibióticos,
eles também fazem análise dos exames de cultura para
identificar a flora microbiana das unidades hospitalares e
dos setores desses hospitais.
Fazem treinamentos sobre os mais diversos temas, desde
limpeza hospitalar a produtos de higienização de superfícies,
higienização das mãos e aplicação dos protocolos
assistenciais, determinam normas e rotinas que visam
diminuir ou controlar as IRAS.
Além de contabilizar todos esses dados para verificar se os
níveis de IRAS estão sendo controladas, aumentando ou
diminuindo, caso estejam aumentando faz-se um ciclo de
treinamentos novamente.
Ou seja, é um trabalho contínuo e que enfrenta muitos
desafios, pois depende da conscientização dos demais
profissionais da área da saúde.
Assim, entre as principais funções das CCIH estão:
● Elaboração e implementação de programa de
controle de infecção hospitalar, IRAS;
● Supervisão das normas e rotinas
técnico-operacionais;
● Capacitação da equipe de funcionários e
profissionais do hospital, conscientizando sobre a
importância da prevenção e controle das infecções
hospitalares;
● Implantação e manutenção do sistema de vigilância
epidemiológica das infecções hospitalares;
● Investigação epidemiológica de casos e surtos;
● Promoção de medidas de contenção de surtos
infecciosos;
● Coleta, análise e divulgação, regular e de forma
periódica, das taxas de infecções no hospital;
● Elaboração e divulgação de relatórios.
PREVENÇÃO E CONTROLE
Discorre-se sobre três desafios fundamentais, pilares para a
prevenção e controle das IRAS:
● Resistência bacteriana – contenção da
situação/dificuldade de controle
● O processamento de produtos para saúde
● O comportamento do profissional de saúde diante da
adoção das recomendações do controle de infecção,
no tocante aos desafios vivenciados no cotidiano do
profissional em níveis nacional e internacional,
repensando ideias e ações, de forma a possibilitar um
novo olhar sobre a prática.
1. RESISTÊNCIA BACTERIANA
a) Uso indiscriminado dos antimicrobianos
● aquisição indevida
● prescrição médica inadequada
b) Baixa conformidade dos profissionais na adoção de
protocolos/recomendações de controle de infecção
● falsa percepção de um risco invisível
● subestimação da responsabilidade
individual na elevação das taxas de
infecção hospitalar
● utilização do jaleco fora do ambiente
hospitalar
💡 Estudos evidenciam a contaminação da roupa, capotes e
jalecos dos profissionais de saúde por Staphylococcus aureus,
principalmente na região da cintura, punhos e bolsos, inclusive por
cepas resistentes à meticilina (MRSA)
2. PROCESSAMENTO DE PRODUTOS
Entende-se como princípio básico para o reprocessamento a
avaliação das características do artigo a ser reprocessado:
se ele pode ser limpo, se a esterilidade do produto
pós-processamento pode ser comprovada, se a integridade
e funcionalidade podem ser demonstradas e a segurança
para o paciente, documentada.
Passou, a partir da Consulta Pública n° 34, de junho de
2009, a ter outra denominação: “processamento”.
Iniciativas governamentais para revisão dessas práticas
inadequadas foram tomadas:
● Suspensão da esterilização química por imersão,
agentes esterilizantes líquidos
● Proibição do processamento de instrumental
cirúrgico
MEDIDAS PARA PREVENÇÃO
1. Higienização das mãos
● Tanto pelos profissionais como para os visitantes e
acompanhantes
4
Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período
Taíssa N. Veiga
2. Limpeza do ambiente
● para controlar a transmissão das infecções
● Superfícies e objetos devem ser sempre limpos e
desinfetados
3. Prevenção dos acidentes de trabalho com exposição
a material biológico
● Solução: treinamento sobre riscos ocupacionais,
uso adequado dos EPI, noções sobre as infecções,
reuniões periódicas e criação de uma central para
limpeza, desinfecção e esterilização dos materiais.
4. Uso de equipamento de proteção individual (EPI) e
indicação da precaução de contato
PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS DAS IRAS
Estudos mostraram que há fatores, como a idade e as
comorbidades, entre elas aHAS, DM e doença cardíaca
crônica, que determinam disfunções orgânicas e influenciam
a imunossupressão de pacientes, contribuindo para o
surgimento de IRAS.
O principal sítio de infecção identificado foi o trato
respiratório.
Dentre os fatores de risco estão o tempo de ventilação
mecânica, doença pulmonar crônica, tabagismo, sepse,
doença neurológica, trauma e uso prévio de antibiótico.
Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae e
Acinetobacter Baumannii foram as principais causadoras.
Estudos salientam que a Pseudomonas aeruginosa é um
dos principais patógenos encontrados em amostras do trato
respiratório de pacientes hospitalizados, cuja consequência
é o prolongamento do tempo de internação, aumento dos
custos hospitalares e maior incidência de morbimortalidade.
O MS afirma que os principais fatores para que a ITR se
desenvolva estão associados à diminuição da imunidade,
presença de microrganismos multirresistentes e
contaminação do ambiente.
O trato urinário foi o segundo principal sítio de infecção
Alguns fatores, como o uso de cateteres vesicais em
pacientes sem indicação médica ou uso do cateter por mais
tempo do que o necessário, foram significativamente
associados ao desenvolvimento de ITU.
As IRAS em UTIP tendem a ser mais frequentes do que em
UTI de adultos.
As UTIPs que atendem uma população com doenças mais
severas, como leucemias, linfomas, pós operatórios
cardíacos e pulmonares crônicos, tendem a ter incidência de
infecção mais elevada, não significando necessariamente
falha no seu controle.
Em relação aos agentes etiológicos causadores de IRAS em
uma UTIP, estudos mostram que há uma incidência maior de
vírus e bactérias gram positivas, seguida de bactérias
gram-negativas.
As infecções por fungos têm se destacado nos últimos 10
anos, observando-se um aumento de 15 vezes no número
de infecções em pacientes menores de 15 anos, sendo 8%
em menores de 5 anos.
Dos micro-organismos presentes nas culturas, houve uma
predominância do Staphylococcus Aureus, seguido das
leveduras e Enterobacter
Diversos autores relataram que bactérias gram-negativas
também são muito encontradas em UTIs, merecendo
destaque a Enterobacter sp., Pseudomonas e Acinetobacter
󰔞 O Acinetobacter é um patógeno intrinsecamente resistente a
diversos antimicrobianos e se propaga facilmente entre os
pacientes, podendo persistir no ambiente hospitalar por longos
períodos. Ele vive, aproximadamente, 48 horas, e compõe a
microbiota transitória das mãos.
PRINCIPAIS FUNGOS CAUSADORES DE IRAS
Entre os fungos responsáveis pelas IRAS estão aqueles
considerados saprófitos. Os fungos saprófitos não se
apresentam como patogênicos, mas podem se comportar
como patógenos oportunistas, dependendo do estado de
saúde do hospedeiro
Os fungos são responsáveis por cerca de 10% das
infecções hospitalares, sendo 50% destas causadas por
espécies de Candida, seguido pelo Aspergillus spp.,
Cryptococcus neoformans e Pneumocystis jiroveci que
causam doenças como candidíase, aspergilose, meningite
criptocócica e pneumonia, respectivamente.
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Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período
Taíssa N. Veiga
Candida spp. é o principal responsável por infecções
fúngicas em ambientes hospitalares, acometendo
diversos pacientes durante o período pós-operatório.
Quanto aos filamentosos, o gênero Aspergillus destaca-se
por ser amplamente relatado nos casos de infecções
oportunistas, principalmente em pacientes submetidos a
transplante de medula óssea e com neutropenia, além dos
zigomicetos e feo-hifomicetos que também podem ser
encontrados nos centros de saúde
A ocorrência do gênero Aspergillus em hospitais, mesmo
que com baixa incidência é preocupante, pois apresenta
elevada patogenicidade e atua como um fator de risco
Aspergilose: adquirida através da inalação dos esporos.
Após a germinação dos esporos e entrada do fungo nos
vasos sanguíneos causam quadros de necrose hemorrágica
e até infarto, expressando comumente sinais clínicos
similares aos observados em asma, pneumonia e sinusite
O A. fumigatus está associado a casos de doença pulmonar
invasiva e reações de hipersensibilidade como as
observadas na aspergilose broncopulmonar alérgica.
O A. flavus causa a doença extrapulmonar invasiva em
resposta ao acometimento de pacientes em estados
avançados de imunossupressão
No cenário pandêmico, estudos consideram que pacientes
positivos para a COVID-19 e em estado avançado e grave
da doença estão sujeitos às ações de Aspergillus sp.
As doenças fúngicas, em sua maioria, possuem fácil
disseminação e o contato com partículas infectantes no
ambiente proporcionam o aumento do número de casos.
As principais fontes desses agentes dentro do hospital, além
dos pacientes doentes, são o fluxo de pessoas, tanto
trabalhadores de saúde quanto acompanhantes dos
pacientes; as condições estruturais, e o mais crítico, está
relacionado a limpeza e desinfecção ambiental.
REFERÊNCIAS
INFECÇÕES RELACIONADAS A SERVIÇOS DE SAÚDE
ORIENTAÇÃO PARA PÚBLICO EM GERAL
Organização Pan-Americana da Saúde. Prevenção e
controle de infecções relacionadas à assistência à saúde.
Recomendações Básicas. Washington, D.C. : OPAS : 2017.
LIMA, F. L. da Costa. Diversidade e análise de risco da
presença de fungos filamentosos isolados em objetos
de um hospital localizado no norte do estado do
Tocantins. Dissertação (Mestrado em Sanidade Animal e
Saúde Pública nos Trópicos) – Universidade Federal do
Tocantins, Araguaína, 2021.
Objetivo 2
Conhecer os agentes etiológicos e fisiopatologia das micoses
MICOSES
Três tipos de doença humana estão associados a elementos fúngicos ou a seus produtos metabólitos: alérgicas, tóxicas e
infecciosas, sendo estas as mais representativas. As infecções fúngicas são também chamadas de micoses e são divididas
em quatro categorias de acordo com os tecidos que acometem: cutâneas, subcutâneas, sistêmicas e oportunistas
1. MICOSES CUTÂNEAS
As micoses superficiais são definidas como o crescimento
fúngico nos tecidos epiteliais, sem invasão do tecido vivo e
sem provocar resposta inflamatória no hospedeiro.
As micoses cutâneas (dermatofitoses) são infecções dos
tecidos queratinizados, pele e anexos, com propriedades
mais invasivas e conseguem, de acordo com a espécie
envolvida, induzir um quadro inflamatório no hospedeiro
1.1. DERMATOFITOSES
Fungos dermatófitos - infectam apenas estruturas
superficiais queratinizadas (pele, pelos e unhas)
● Epidermophyton
● Trichophyton
● Microsporum
As dermatofitoses são também chamadas de tíneas,
clinicamente classificadas de acordo com o local anatômico
ou a estrutura afetada: tinea capitis, do couro cabeludo,
sobrancelhas e cílios; tinea barbae; tinea corporis da pele
glabra ou macia; tinea cruris, da região inguinal; tinea pedis,
do pé; tinea unguium (onicomicose), da unha
Trichophyton tonsurans é a causa mais comum da
proliferação de tínea do couro cabeludo em crianças e a
principal causa de infecções tipo endótrix (interior do pelo).
Trichophyton rubrum é também um agente causador muito
comum de tínea do couro cabeludo, das unhas, pés e virilha
Trichophyton schoenleinii é o causador do favo, uma
forma de tínea do couro cabeludo em que uma crosta pode
ser observada no escalpo.
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Taíssa N. Veiga
Em algumas pessoas infectadas, a hipersensibilidade causa
a reação de dermatofítide (“id”).
TRANSMISSÃO
Podem ser transmitidas de homem a homem, de animal ao
homem ou do solo ao homem.
O Microsporum canis pode parasitar os cachorros e deles
passar para os humanos.
PATOGÊNESE
A dermatofitose é uma infecção crônica localizada em
regiões quentes e úmidas do corpo
O dermatófito vai provocar uma invasão com produção de
enzimas, degradação da queratina e crescimento das
hifas.
Podem invadir o folículo piloso, fazendo o pelo perder o
brilho, tornar-se quebradiço e cair.
Na unha, a infecção (onicomicose) inicia-se pela borda livre,
podendo atingir a superfície e a área subungueal. As unhas
tornam-se branco-amareladas, porosas e quebradiças.
ACHADOS CLÍNICOSTípicas lesões de tíneas apresentam uma borda circular
com sinais de inflamação contendo pápulas e vesículas
circundadas por uma zona clara de pele normal. Há prurido.
Dermatofitose. Observe como inespecífica e semelhante a lesões
de outras doenças, como a hanseníase tuberculóide
Especificando:
Tinea corporis: caracterizada por feridas arredondadas,
pruriginosas com anel de bordas avermelhadas
Tinea capitis: áreas com falhas nos cabelos
Tinea pedis: caracteriza-se pela coceira e descamação na
planta dos pés, que progride pelas laterais até encontrar a
pele mais fina.
Tinea unguium (onicomicose): é vista em diferentes
formas: deformação da unha, manchas brancas na
superfície e descolamento da borda livre da unha, além do
espessamento
DIAGNÓSTICO
● Exame micológico direto
● Cultura
TRATAMENTO
● Antifúngicos em creme locais (terbinafina,
miconazol) ou orais (griseofulvina)
PREVENÇÃO
● Manter pele seca e fresca
1.2. PITIRÍASE VERSICOLOR
A pitiríase versicolor, também chamada de tínea versicolor
ou pano branco, é causada pelo Malassezia furfur, que faz
parte da micobiota normal. É um microrganismo lipofílico
parecido com as leveduras.
TRANSMISSÃO
A infecção humana pode resultar da transferência direta ou
indireta de material queratínico de uma pessoa a outra.
ACHADOS CLÍNICOS
As lesões são geralmente observadas como áreas
hipopigmentadas bem delimitadas. Entretanto, também
pode apresentar-se com hiperpigmentação, a depender da
cor do paciente.
A infecção pode ser levemente escamosa (descama) ou
com coceira, mas em geral é assintomática. As lesões
contêm células leveduriformes em brotamento e hifas.
Hipopigmentada Hiperpigmentada
DIAGNÓSTICO
Geralmente clínico, mas pode-se fazer o exame micológico
direto.
O diagnóstico clínico pode ser complementado pelo exame
com a lâmpada de Wood quando se evidencia fluorescência
amarelada e pelos sinais da unhada de Besnier e do
estiramento de Zileri (facilita a visualização da descamação).
TRATAMENTO
Tópico com miconazol, mas a cura permanente é difícil.
O tratamento oral é preconizada quando as lesões são
extensas ou nas formas recidivantes.
A repigmentação pode levar até meses, o que deve ser
alertado ao paciente.
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1.3. TÍNEA NEGRA
Infecção de camadas queratinizadas. Ocorre como uma
mancha marrom causada por um pigmento similar à
melanina presente nas hifas.
Causada pelo Cladosporium werneckii, um fungo dimórfico
TRANSMISSÃO
O agente é encontrado no solo
ACHADOS CLÍNICOS
Assintomática, superficial, benigna caracterizada por
lesões maculares, irregulares, pouco ou nada
descamativas de cor marrom a negro, mais comum nas
regiões palmar e plantar.
Tínea negra. Observe como é mais superficial e mais homogênea
que um melanoma, por exemplo
DIAGNÓSTICO
● Exame microscópico
● Cultura
Diagnóstico diferencial: melanoma, nevus e
fitotomelanose.
TRATAMENTO
Agente queratolítico tópico como o ácido salicílico, ácido
retinoico e tiabendazol
2. MICOSES SUBCUTÂNEAS
Micoses Subcutâneas: são infecções das camadas mais
profundas da pele, apresentam baixo grau de infectividade
na maioria dos casos, sendo que as infecções estão
relacionadas normalmente a lesões traumáticas.
2.1. ESPOROTRICOSE
Causada pelo Sporothrix schenckii, um fungo dimórfico,
com a forma leveduriforme ocorrendo nos tecidos humanos.
Outras espécies incluem o S. pallida, S. globosa, S. luriei, S.
brasiliensis
É de notificação compulsória
TRANSMISSÃO
Geralmente, adquire-se a infecção pela implantação,
traumática ou não, do fungo na pele ou mucosa e,
raramente, por inalação. É mais comum em jardineiros🌹
Ressalta-se que não há transmissão inter-humana.
ACHADOS CLÍNICOS
Lesões indolores. Tem-se apresentação linfocutânea
(60-70%) com úlceras e nódulos próximos à lesão primária,
em distribuição linfática.
Pode não ter envolvimento linfático (25%) ou pode
disseminar-se (5%)
DIAGNÓSTICO
● Cultura é o padrão-ouro
TRATAMENTO
● Leve a moderada → itraconazol
● Grave → anfotericina B
2.2. CROMOMICOSE
A cromomicose é também denominada cromoblastomicose,
dermatite verrucosa, dermatite verrucosa cromoparasitária.
Causada por vários fungos do solo (Fonsecaea,
Phialophora, Cladosporium, etc.) quando estes são
introduzidos na pele através de um trauma.
No Brasil, o F. pedrosoi é a principal causa.
São fungos coletivamente chamados de dematiáceos, pois
seus conídios ou hifas são escuros.
TRANSMISSÃO
Implantação traumática ou não do fungo
PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS
A infecção caracteriza-se pela formação de nódulos
cutâneos verrugosos de desenvolvimento lento e,
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posteriormente, vegetações papilomatosas, que podem ou
não se ulcerar, apresentando em seu conjunto o aspecto de
couve-flor nos estágios mais avançados da moléstia.
Abscessos incrustados se estendem pelos vasos linfáticos.
Geralmente, as lesões são unilaterais e confinadas aos
membros inferiores.
DIAGNÓSTICO
● Exame microscópico
TRATAMENTO
● Flucitosina ou tiabendazol oral, além de cirurgia
2.3. MICETOMA
Fungos do solo (Petriellidium, Madurella mycetomatis)
penetram através de ferimentos nos pés, nas mãos ou nas
costas e causam abscessos, com pus que escorre pelos
sinus.
󰔞 Actinomicetos (bactérias gram-positivas) como Nocardia
podem causar lesões similares (micetoma actinomicótico). As
sulfonamidas podem ajudar na forma actinomicótica. Micetoma
eumicótico é o causado por fungos verdadeiros.
TRANSMISSÃO
Não são contagiosos. O fungo penetra através de ferimento
PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS
Um micetoma é definido clinicamente como um processo
infeccioso localizado, crônico e granulomatoso que envolve
os tecidos cutâneos e subcutâneos.
O pus contém grânulos compactos coloridos, que são
agregados de hifas fúngicas.
Durante o processo infeccioso há destruição de músculo,
fáscia e osso, podendo ser bastante demorado e
deformante.
DIAGNÓSTICO
Exame micológico direto - demonstração dos grânulos.
TRATAMENTO
Não existe um fármaco efetivo contra a forma fúngica; a
remoção cirúrgica é recomendada
3. MICOSES SISTÊMICAS
Micoses sistêmicas resultam da inalação de esporos de
fungos dimórficos que no solo são filamentosos..
Nos pulmões, os esporos diferenciam-se em leveduras ou
outras formas especializadas, como esférulas. A maioria das
infecções nos pulmões é assintomática e limitada.
Entretanto, em algumas pessoas, a doença dissemina-se.
Pessoas infectadas não transmitem essas micoses.
3.1. COCCIDIOIDOMICOSE
Causada pelo Coccidioides immitis, um fungo dimórfico que
ocorre como filamentoso no solo e como esférula nos
tecidos.
Há também o Coccidioides posadasii, que é o encontrado
pelo Brasil. O C. immitis está localizado na Califórnia.
TRANSMISSÃO E EPIDEMIOLOGIA
● Endêmico de regiões áridas dos EUA e América
Latina; “febre do vale” ou “reumatismo do deserto”
● No solo formam hifas com artrósporos (ou
artroconídios) que podem ser inalados
PATOGÊNESE
Uma vez inalados, os artrósporos formam, nos pulmões,
esférulas preenchidas por endósporos.
Quando ocorre a ruptura da parede espessa e refratária das
esférulas, os endósporos são liberados e diferenciam-se em
novas esférulas.
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Raramente, se dissemina pela extensão direta ou pela
corrente sanguínea.
A disseminação da doença pode ocorrer em quase todos os
órgãos; as meninges (meningite), os ossos (osteomielite) e a
pele (nódulos) são locais importantes onde pode ocorrer a
doença
Lesões granulomatosas podem ocorrer.
A maioria dos indivíduos infectados com C. immitis
desenvolve uma resposta imune mediada por células
(hipersensibilidade tardia) que restringe o desenvolvimento
do organismo.
Um modo para determinar se uma pessoa produziu resposta
imune celular adequada para o organismo é a realização do
teste cutâneo.
Em geral, uma pessoa que apresenta teste cutâneo positivo
desenvolveu imunidade suficiente para prevenir a
disseminação da doença.Se, tardiamente, a imunidade
celular do indivíduo for suprimida por fármacos ou pela
doença, pode ocorrer uma doença disseminada.
ACHADOS CLÍNICOS
A infecção dos pulmões é normalmente assintomática e
detectada apenas pelo teste cutâneo positivo e pela
presença de anticorpos.
Pode apresentar-se com febre e tosse e até mesmo com
infiltrados nos pulmões observados por radiografia.
10% desenvolvem eritema nodoso ou artralgias.
O eritema nodoso apresenta-se como nódulos vermelhos e
firmes na extensão de superfícies como a pele sobre a tíbia
e a ulna. Isso é uma resposta de hipersensibilidade tardia
(mediada por células) para os antígenos fúngicos e, então,
um indicador de bom prognóstico, pois mostra que a
imunidade celular está ativa e o organismo será contido.
󰔞 O eritema nodoso não é específico para coccidioidomicose; ele
ocorre em outras doenças granulomatosas (p. ex., histoplasmose,
tuberculose e hanseníase)
DIAGNÓSTICO
● Exame micológico direto
● Testes sorológicos
● Anticorpos
A visualização por microscopia direta das esférulas
endoesporuladas no escarro, exsudatos ou tecido é
suficiente para estabelecer o diagnóstico e é preferida em
relação à cultura devido à natureza altamente infecciosa do
fungo filamentoso na cultura.
TRATAMENTO
● Assintomática → tratamento não é necessário
● Lesões pulmonares persistentes ou doença
generalizada → anfotericina B
● Meningite associada → fluconazol (penetra na
BHE; e continua usando para prevenir recorrência)
PREVENÇÃO
Não existem meios de prevenção, exceto evitar viagens para
áreas endêmicas.
3.2. HISTOPLASMOSE
Causada pelo Histoplasma capsulatum, um fungo
dimórfico que ocorre como filamentoso no solo e como
levedura nos tecidos.
Formam dois tipos de esporos assexuados: macronídeos
tuberculados (usados p/ identificação) e micronídeos
(transmissão e inalação).
É de notificação compulsória
A. Macronídeos. B. Micronídeos
TRANSMISSÃO E EPIDEMIOLOGIA
● Cresce no solo, especialmente aqueles com
excrementos de pássaros; a infecção é adquirida
pela inalação
● Não há transmissão homem-homem nem animal a
homem
● Em diferentes países tropicais africanos, é
causada pelo Histoplasma duboisii
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PATOGÊNESE
A principal característica do H. capsulatum é ser um fungo
que parasita quase exclusivamente o citoplasma das
células do sistema retículo endotelial.
Assim, os esporos inalados são fagocitados pelos
macrófagos e transformados em formas leveduriformes.
Nos tecidos, H. capsulatum ocorre como uma levedura oval
no interior dos macrófagos.
Sobrevivem à fagocitose por produção de substâncias
alcalinas que inativam as enzimas do fagolissomo.
Disseminam-se pelo corpo, especialmente fígado e baço,
mas a maioria fica assintomática e os granulomas cicatrizam
por calcificação.
ACHADOS CLÍNICOS
Com exposição intensa (p. ex., em granjas ou em cavernas
infestadas de morcegos), pneumonia e lesões nos pulmões
podem manifestar-se clinicamente, com febre, calafrios,
tosse seca, dores musculares
A ausência de resposta a antibióticos ou antivirais e a
presença de infiltrado pulmonar localizado e de
adenomegalia hilar e/ou mediastinal podem sugerir doença
por Histoplasma sp.
Em pacientes imunocomprometidos a pancitopenia e as
lesões ulcerativas na língua são características da
histoplasmose disseminada.
Em imunocompetentes, o eritema nodoso pode ocorrer.
DIAGNÓSTICO
● Biópsia e aspirados de medula óssea
○ Formas leveduriformes nos macrófagos
● Culturas
○ Mostram as hifas com macroconídios
tuberculados. Feita em ágar Sabouraud.
● Teste cutâneo
○ Utiliza a histoplasmina (extrato micelial) e
se torna + no período de 2-3 semanas
após a infecção e permanece por anos,
porém devido a muitos falsos-positivos
não é útil para diagnóstico, mas serve
para estudos epidemiológicos
● Teste sorológico
○ Elisa → detecta o antígeno polissacarídeo
TRATAMENTO
● Assintomática → tratamento não é necessário
● Lesões pulmonares → itraconazol
● Disseminada → anfotericina B
● Meningite associada → fluconazol
PREVENÇÃO
Não existem meios de prevenção, exceto evitar exposição
em áreas de infecção endêmica.
3.3. BLASTOMICOSE
Causada pelo Blastomyces dermatitidis, um fungo
dimórfico que ocorre como micélio no solo e como levedura
nos tecidos.
A levedura é envolvida por parede dupla e refratária, com
brotos simples. O broto tem base larga1.
TRANSMISSÃO E EPIDEMIOLOGIA
● Cresce no solo úmido rico em matéria orgânica,
● Forma hifas com conídeos em forma de pêra.
● A inalação dos conídeos causa a infecção humana.
PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS
A infecção ocorre principalmente via trato respiratório. Casos
assintomáticos ou brandos são dificilmente detectados.
A disseminação pode resultar em granulomas ulcerativos
da pele, dos ossos ou de outros locais.
Os pacientes podem apresentar sintomatologia compatível
com tuberculose, gripe, pneumonia ou carcinoma — febre,
dispneia, tosse, perda de peso.
Há destruição dos tecidos após inflamação granulomatosa e
formação de microabscessos.
1 O broto do Cryptococcus neoformans forma broto de base estreita
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DIAGNÓSTICO
● Biópsia → levedura com broto de base larga
● Cultura → hifas em forma de pêra
Aqui, teste cutâneo não fornece especificidade e possui
baixa importância. Testes sorológicos têm pouco valor.
TRATAMENTO
● Maioria → Itraconazol
● Casos graves → anfotericina B
● A remoção cirúrgica pode ser utilizada
PREVENÇÃO
Não há modos de prevenção.
3.4. PARACOCCIDIOIDOMICOSE
É a principal micose sistêmica do Brasil. É também
conhecida como blastomicose sul-americana.
É de notificação compulsória
Causada pelo Paracoccidioides brasiliensis, fungo
dimórfico que ocorre como filamentoso no solo e como
levedura nos tecidos.
Há grande variabilidade genética em diferentes isolados de
P. brasiliensis Quatro grupos filogenéticos distintos foram
identificados: S1, PS2, PS3 e Pb01-like
⤷ O Pb01-like é considerado nova espécie → P. lutzii
A levedura tem parede espessa com múltiplos brotos de
base estreita. Produz conídios.
O dimorfismo é um fator de virulência importante, já que
em sua ausência não se daria a conversão dos conídios em
leveduras no pulmão.
TRANSMISSÃO E EPIDEMIOLOGIA
● Endêmica em áreas rurais da América Latina e só
ocorre nessa região (autóctone)
● Doença ocupacional relacionada às atividades que
envolvem perturbação direta do solo
○ “Doença do tatu” → o fungo pode ser
encontrado em tocas de tatu por exemplo
● Infecção pela inalação dos conídios dispersos na
natureza
● Não há transmissão homem-homem nem animal a
homem
PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS
Na maioria dos casos, a infecção é autolimitada e
assintomática.
O pulmão é o órgão mais frequentemente atingido, seguido
pela mucosa da boca.
Os esporos são inalados, e ocorrem lesões tardias nos
pulmões. Uma vez nos alvéolos, a fase micelial converte-se
em fase de levedura.
Os sinais e os sintomas são febre, anorexia,
emagrecimento, e pode haver lesões disseminadas.
Os linfonodos podem ser inicialmente endurecidos,
evoluindo com fistulização, e simulam massas tumorais.
DIAGNÓSTICO
● Exame micológico direto e cultura são padrão-ouro
O exame micológico direto e a cultura constituem o
padrão-ouro para o diagnóstico e permite a identificação de
células leveduriformes simples ou múltiplas com brotamento
ou não, birrefringentes e de tamanhos variados em escarro
ou raspado de lesão ou aspirado
Testes cutâneos raramente são úteis.
O teste sorológico mostra que quando um título significativo
de anticorpos (pela imunodifusão ou fixação do
complemento) for encontrado, a doença ativa está presente.
TRATAMENTO
● Leve a moderada → Itraconazol v.o.
○ Segunda escolha é sulfametoxazol +
trimetoprima (quando itraconazol não está
disponível)
● Grave ou disseminada → anfotericina B lipossomal
PREVENÇÃO
Não há formas de prevenção.
4. MICOSES OPORTUNISTAS
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Fungos oportunistasnão são capazes de causar doenças na
maioria das pessoas imunocompetentes, mas podem
causá-las em pessoas com as defesas imunológicas
debilitadas.
São fungos de baixa virulência que em estado normal
convive pacificamente com o hospedeiro.
Existem cinco gêneros de fungos de importância médica:
● Candida
● Cryptococcus
● Aspergillus
● Mucor
● Rhizopus
4.1. CANDIDA
Candida albicans, a espécie mais importante do gênero
Candida, causa candidíase, vaginite, esofagite, assaduras e
candidíase mucocutânea crônica.
A candidíase, também denominada candidose, é infecção
causada por fungos do gênero Candida
As infecções da mucosa são conhecidas como “sapinho”
Outras espécies do gênero incluem: C. tropicalis, C.
parapsilosis, C. krusei, C. glabrata e C. auris.
É uma levedura e pode causar também endocardite,
candidemia e endoftalmite.
Características da Candida albicans:
● Levedura oval
● Broto simples
● Faz parte da microbiota normal das mucosas, trato
respiratório superior, TGI e trato genital feminino
● Nos tecidos, pode ocorrer na forma leveduriforme
ou como pseudohifas
● Pode formar hifas verdadeiras quando invade
tecidos
Entre os seus fatores de virulência, podemos citar o
dimorfismo, capacidade de filamentação, adesinas,
produção de enzimas (proteinases e fosfolipases) e
variações fenotípicas.
A fermentação de carboidratos diferencia as espécies de Candida
TRANSMISSÃO
É componente da microbiota normal de diferentes regiões
do corpo, então está sempre presente e predispõe a
infecções envolvendo instrumentos que penetram na pele,
como agulhas e cateteres.
A candidíase das fraldas é comum em crianças, pelo contato
da pele com a urina. É uma condição incômoda e muito
dolorosa para a criança
PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS
Quando a defesa imune se enfraquece, a doença pode
ocorrer.
● Candidíase oral
Uma elevada proliferação de C. albicans na boca produz
manchas características. Pode se limitar à orofaringe ou se
estender pelo TGI.
Caracteriza-se pelo aparecimento de placas brancas,
isoladas ou confluentes, aderentes à mucosa, com aspecto
membranoso e, às vezes, rodeadas por halo eritematoso.
● Vaginite
Vaginite com coceira e secreção é favorecida por um pH
elevado, diabetes ou uso de antibióticos, que suprimem os
Lactobacillus, que mantém o pH baixo.
Neste tipo de infecção é comum aparecerem manchas
brancas semelhantes a “queijo cottage” na superfície da
mucosa.
● Balanite
No homem, a balanite, infecção na glande, por C. albicans,
pode ser encontrada.
● Candidíase cutânea
A invasão da pele ocorre em áreas quentes e úmidas, as
quais se tornam vermelhas e danificadas. Pode ocorrer nos
dedos e unhas quando são repetidamente imersos em água.
● Candidíase mucocutânea crônica
Em pessoas imunossuprimidas, pode disseminar-se para
muitos órgãos ou causar candidíase mucocutânea crônica
(CMC), uma infecção prolongada da pele, das mucosas oral
e genital e das unhas. É rara
São lesões granulomatosas que podem se tornar
significativamente extensas, chegando a desfigurar o
paciente.
● Candidíase sistêmica
A candidíase sistêmica pode manifestar-se com endocardite,
endoftalmite, esofagite.
É grave e o diagnóstico em vida é difícil devido ao
polimorfismo das lesões, variabilidade de sinais e sintomas
que não são específicos.
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C. albicans é a espécie mais comum capaz de causar
doença disseminada, mas C. tropicalis e C. parapsilosis
também são importantes patógenos.
Os nódulos subcutâneos são frequentemente observados
em pacientes neutropênicos com a doença disseminada.
A esofagite causada por Candida, frequentemente
acompanhada pelo envolvimento do estômago e intestino
delgado, é observada em pacientes com leucemia e linfoma
DIAGNÓSTICO
● Exsudatos e tecidos → leveduras com brotamentos
e pseudohifas
● Cultura → colônias de leveduras típicas
○ tubos germinativos são formados em
soro a 37°C, os quais distinguem C.
albicans da maioria das outras espécies
de Candida
○ Os clamidósporos são geralmente
formados por C. albicans, mas não por
outras espécies de Candida
● Testes cutâneos
TRATAMENTO
● Orofaringe e esôfago → fluconazol
○ caspofungina ou micafungina também
podem ser utilizadas para candidíase
esofágica
● Pele → antifúngicos tópicos (clotrimazol, nistatina)
● Vaginal → tanto tópicos quanto orais (fluconazol)
● Mucocutânea → cetoconazol
● Disseminada → anfotericina B ou fluconazol
Certas infecções causadas por Candida (p. ex., candidíase)
podem ser prevenidas por clotrimazol via oral, miconazol em
pastilhas ou nistatina.
O fluconazol é útil na prevenção de infecções causadas por
Candida em pacientes de alto risco, como os submetidos a
transplante de medula óssea e recém-nascidos prematuros.
PREVENÇÃO
Não há vacina disponível
4.2. CRYPTOCOCCUS
Cryptococcus neoformans causa a criptococose e,
principalmente, meningite criptocócica.
É de notificação compulsória.
A criptococose é a doença fúngica potencialmente fatal mais
comum em pacientes com Aids e o C. neoformans é o
principal patógeno oportunista que acomete esses pacientes
Outra espécie, Cryptococcus gattii, causa doença em
humanos com menos frequência, mas tem maior capacidade
de causar doença em pessoas imunocompetentes.
Características do Cryptococcus neoformans:
● Levedura oval c/ cápsula polissacarídica
● Broto com base estreita
● Não é dimórfico
TRANSMISSÃO
● Cresce abundantemente em solos contendo fezes
de aves (especialmente de pombos).
● Os pássaros não são infectados
● A infecção humana resulta da inalação e não há
transmissão humano-humano, nem animal-humano
PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS
O fungo é inalado atingindo como primeiro órgão os
pulmões, com tropismo para o SNC, ocasionando meningite
criptocócica.
A infecção pulmonar é normalmente assintomática ou pode
produzir uma pneumonia branda.
Podem apresentar febre, tosse, dor no peito, dispneia,
expectoração produtiva, perda de peso, sudorese e
hemoptise
Os nódulos subcutâneos são geralmente observados na
doença disseminada.
A meningite e a meningoencefalite constituem as formas
de apresentação mais frequentes e graves da criptococose.
A morte ocorre geralmente por hipertensão intracraniana
resultante.
C. gattii causa doença em humanos com menos frequência.
DIAGNÓSTICO
● Cultura é padrão ouro
O diagnóstico laboratorial consiste na microscopia direta por
meio de amostras biológicas. A cultura e o isolamento de
Cryptococcus spp. é o padrão-ouro do diagnóstico
● Microscopia
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A técnica de contraste pela tinta-da-china ou Nankin permite
evidenciar a espessa cápsula do Cryptococcus. Esse exame
direto da amostra biológica com tinta é rápido e útil em
casos de meningite com alta carga infectante.
● Testes sorológicos
Para todas as formas da doença, a pesquisa de antígeno em
soro e/ou líquido cefalorraquidiano (LCR) é o teste mais
sensível e rápido para o diagnóstico precoce da
criptococose
TRATAMENTO
● Criptococose pulmonar leve a moderada →
fluconazol
● Meningite e outras doenças disseminadas →
anfotericina B + flucitosina
● Aids e supressão de meningite → fluconazol
C. gattii é menos sensível a fármacos antifúngicos, se
comparado a C. neoformans.
PREVENÇÃO
Não há métodos específicos de prevenção
4.3. ASPERGILLUS
As espécies de Aspergillus, especialmente Aspergillus
fumigatus, causam infecções na pele, nos olhos, nas
orelhas e em outros órgãos; “bola fúngica” nos pulmões; e
aspergilose alérgica broncopulmonar.
Outras espécies incluem A. flavus, A. niger, A. nidulans e A.
terreus.
Diferente do gênero Candida, Aspergillus não faz parte da
micobiota normal.
Características dos Aspergillus:
● Fungos filamentosos apenas
○ Não são dimórficos
● Hifa septada
● Formam ramificações dicotômicas
● Paredes das hifas são +/- paralelas, ao contrário
das de Mucor e Rhizopus
● Conídios formando cadeias radiais, ao contrário
das formadas por Mucor e Rhizopus, que se
encontram no interior de um esporângio
TRANSMISSÃO● Vegetação em decomposição, produzindo conídios
que são disseminados pelo ar
PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS
A forma cutânea manifesta-se com pápulas, pústulas,
nódulos, abscessos e lesões necrosantes.
Se dissemina por feridas, queimaduras, córneas, seios
paranasais, orelha externa.
A. fumigatus é a causa mais comum de sinusite fúngica.
Em pessoas imunocomprometidas, especialmente as com
neutropenia, o fungo invade os pulmões e outros órgãos,
produzindo hemoptises e granulomas.
Os aspergilos são bem conhecidos por sua capacidade de
crescer em cavidades dos pulmões, especialmente
cavidades causadas por tuberculose.
No interior das cavidades, eles produzem um aspergiloma
(bola fúngica), que é observada na radiografia como uma
estrutura radiopaca que muda de posição quando o paciente
se move da posição ereta para supina.🧶
Aspergiloma pulmonar
Aspergilose alérgica broncopulmonar (ABPA) é uma
reação de hipersensibilidade ao A. fumigatus que resulta em
inflamação pulmonar não relacionada com a invasão
tecidual por fungos. se apresenta semelhante a asma com
muito IgE e expectoração com fragmentos de hifas
amarronzados.
Aspergillus flavus que cresce em cereais ou castanhas
produz aflatoxinas que podem ser carcinogênicas ou muito
tóxicas.
DIAGNÓSTICO
● Biópsia → hifas ramificadas e septadas
● Culturas → conídios radialmente dispostos
○ culturas positivas não provam a existência
de doença, pois a colonização é comum
● IgE alta em pacientes com ABPA
TRATAMENTO
● Invasiva → anfotericina B
○ Não respondeu?→ Caspofungina
● Voriconazol também pode ser utilizado
● ABPA → esteroides e antifúngicos
A bola fúngica que se desenvolve nos seios nasais ou na
cavidade pulmonar também pode ser removida
cirurgicamente.
PREVENÇÃO
Não há métodos específicos de prevenção.
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4.4. MUCOR E RHIZOPUS
A mucormicose (zigomicose, ficomicose) é uma doença
causada por fungos filamentosos saprofíticos (p. ex., Mucor,
Rhizopus e Absidia) amplamente encontrados no meio
ambiente.
A maior parte dessas espécies causadoras de mucormicose
é termotolerante.
TRANSMISSÃO
Transmitidos por esporos presentes no ar.
PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS
Eles proliferam nas paredes dos vasos sanguíneos,
particularmente nos seios paranasais, nos pulmões ou no
intestino, e causam infarto e necrose do tecido distal pelo
entupimento das veias.
Os pacientes com cetoacidose diabética, queimaduras ou
leucemia são particularmente sensíveis.
Os pacientes diabéticos são suscetíveis à mucormicose
rinocerebral, na qual os esporos do fungo germinam para
formar as hifas que invadem a corrente sanguínea
responsável por suprir o encéfalo.
O Rhizopus oryzae causa cerca de 60% dos casos de
mucormicose.
DIAGNÓSTICO
● Biópsia → hifas sem septos, irregulares e
ramificadas
● Cultura → colônias com esporos dentro de um
esporângio
○ Difíceis de cultivar pois apresentam-se
como uma célula única e longa
Diagnóstico precoce aumenta as chances de cura
TRATAMENTO
● Anfotericina B
○ Posaconazol também pode ser utilizado
● Remoção cirúrgica do tecido necrosado
A anfotericina B lipossomal deve ser administrada em
pacientes com história de problemas renais
4.5. PNEUMOCYSTIS
Pneumocystis jirovecii é classificado com uma levedura
com base em análises moleculares, mas, clinicamente,
muitos ainda o consideram como um protozoário ou um
organismo “não classificado”. Causa a pneumocistose.
⤷ Antes chamado de P. carinii, mas hoje admite-se
que o carinii é para infecções de animais
O ciclo de vida do P. jirovecii inclui componentes sexuados e
assexuados. Pode existir sob formas tróficas livres, como
um esporocisto unicelular ou como um cisto, com até oito
corpos intracísticos.
No final do ciclo, o cisto rompe-se e libera os corpos, e cada
um se desenvolve em um trofozoíto. As células
trofozoíticas podem se reproduzir assexuadamente por
fissão, mas também podem entrar no estágio sexuado
encistado.
TRANSMISSÃO
A transmissão ocorre por via aérea de pessoa a pessoa.
PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS
O trato respiratório é a principal porta de entrada para P.
jirovecii em humanos.
A pneumonia é a apresentação mais comum da
pneumocistose, embora manifestações extrapulmonares
possam ser vistas em pacientes com AIDS
Quando inalado, o P. jirovecii adere à parede dos
pneumócitos, sobrevive e se multiplica, ficando os pulmões
congestionados com os microrganismos e com um exsudato
espumoso alveolares.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico, em geral, é feito a partir de amostras de
escarro, nas quais os cistos são detectados.
TRATAMENTO
Atualmente, o fármaco de escolha para o tratamento é o
trimetoprima-sulfametoxazol, mas existem diversas
alternativas, como a clindamicina ou a pentamidina
intravenosa.
REFERÊNCIAS
WARREN, Levinson. Microbiologia médica e imunologia.
12ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2014
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de Vigilância em Saúde. 5ª
ed. Brasília, DF, 2021
16
Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período
Taíssa N. Veiga
TRABULSI, L.R. e cols. Microbiologia. 8ª ed. Rio de
Janeiro: Atheneu, 2008
MURRAY, Patrick R. et al. Microbiologia Médica. 7ª edição.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2014
Objetivo 3
Detalhar a Candida auris
CANDIDA AURIS
A Candida auris foi descrita pela primeira vez em 2009 e,
desde então, surtos foram relatados em mais de 20 países.
Ao contrário de outras espécies de Candida, a C. auris tem
causado aglomerados de casos ou surtos de difícil controle,
pois esta espécie persiste em ambientes hospitalares, onde
é difícil de ser erradicada
A espécie fúngica Candida auris está classificada como uma
ameaça emergente à saúde pública, por ser resistentes a
antifúngicos de uso rotineiro conforme descrito no relatório
de 2019 dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
CARACTERÍSTICAS
● Cresce bem a 37-42ºC
● Leveduras ovais ou alongadas, isoladas, em pares
ou em grupos
● Ausência de hifas ou pseudohifas
● Multirresistente
● Infecções principalmente entre pacientes
hospitalizados
● Difícil de identificar usando métodos bioquímicos
tradicionais → confunde-se com outras espécies
como o C. haemulonii
FATORES DE VIRULÊNCIA
Fatores de virulência pouco compreendidos - incluem a
capacidade de formar biofilmes, aderência, formação de
tubos germinativos, mudança fenotípica e produção de
enzimas hidrolíticas.
TRANSMISSÃO
Sua transmissão se dá a partir do contato com superfícies
e equipamentos contaminados bem como pelo contato
pessoa a pessoa.
Pode sobreviver em superfícies de objetos inanimados por
mais de 7 dias.
FATORES DE RISCO
Em geral, os pacientes apresentaram fatores de risco para
infecções semelhantes aos pacientes com outras espécies
de Candida. Infecções, incluindo: doenças
imunocomprometidas, cirurgia recente, antibióticos
recentes e presença de cateteres venosos centrais ou
urinários.
MECANISMOS DE RESISTÊNCIA
Embora no momento não existam pontos de quebra de
concentração inibitória mínima (CIM) estabelecidos para C.
auris, testes iniciais de uma coleção internacional de 54
isolados demonstraram que quase todos (93%) isolados
eram altamente resistentes ao fluconazol.
A resistência intrínseca a anfotericina B e fluconazol se
faz pois os biofilmes são geneticamente resistentes a esses
fármacos, proporcionando abrigo aos microrganismos e a
oportunidade de resistir a altas concentrações de agentes
antifúngicos.
Os mecanismos de resistência não são trocados entre os
fungos, assim a resistência adquirida surge em resposta a
uma pressão de seleção antifúngica no paciente individual
ou, mais raramente, ocorre devido à transmissão horizontal
de cepas resistentes entre pacientes
Embora a multirresistência seja incomum, relatos crescentes
de multirresistência aos azóis, equinocandinas e polienos
ocorreram em várias espécies de Candida.
TRATAMENTO
As equinocandinas são usadas para o tratamento empírico
de escolha para infecções por C. auris em adultos e crianças
com idade superior a 2 meses.
EPIDEMIOLOGIA
● Primeiros relatos do aparecimento do fungo foram
noJapão em 2009
● Ocorrem com maior prevalência em países em
desenvolvimento, por falta de ferramentas de
diagnóstico eficientes
● Importante causa de morbidade e mortalidade,
especialmente em pacientes hospitalizados e
imunocomprometidos ou em estado crítico
No Brasil, a incidência de casos de C. auris pode ser
classificada como nova. O primeiro caso foi notificado à
Anvisa em 2020, ocorrido em um hospital de Salvador,
no estado da Bahia. O fungo foi encontrado em uma
amostra isolada de ponta de cateter venoso central de um
paciente internado na UTI.
Outro surto foi notificado no ano seguinte, em 14/12/2021,
por um hospital da rede pública da mesma cidade.
Mais recentemente, uma nova notificação, dessa vez em
Pernambuco, referente a dois casos suspeitos de C. auris
em pacientes internados.
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Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período
Taíssa N. Veiga
CONTROLE E PREVENÇÃO
Em essência, as medidas de controle e prevenção de
infecção para C. auris são semelhantes às tomadas para
outros microrganismos altamente resistentes, são
precauções padrão, incluindo higiene das mãos, uso
adequado de equipamentos de proteção individual,
isolamento de contato em uma sala de isolamento de uma
única pessoa e limpeza ambiental meticulosa.
REFERÊNCIAS
SCHAEFER, Crislane Costa et al. Cândida auris:
características clínicas de uma levedura nosocomial
emergente resistente a medicamentos Candida auris: clinical
characteristics of an emerging drug-resistant nosocomial
yeast. Brazilian Journal of Development, 2022.
SARIS, Katja; MEIS, Jacques F.; VOSS, Andreas. Candida
auris. Current opinion in infectious diseases, v. 31, n. 4,
p. 334-340, 2018.
Objetivo 4
Entender a resposta imune aos fungos
IMUNIDADE AOS FUNGOS
Diferentes fungos infectam seres humanos e podem viver
nos tecidos extracelulares e no interior dos fagócitos.
Assim, as respostas imunes a esses microrganismos muitas
vezes são combinações das respostas a microrganismos
extra e intracelulares.
IMUNIDADE INATA
Os principais mediadores da imunidade inata contra os
fungos são os neutrófilos, macrófagos e ILCs (células
linfóides inatas).
⤷ Por isso que pacientes com neutropenia são
extremamente suscetíveis às infecções fúngicas
oportunistas.
Primeiro, macrófagos e células dendríticas percebem os
organismos fúngicos através dos TLRs (Toll like) e
dectinas (receptores do tipo lectina), que reconhecem
β-glucanas na superfície dos fungos.
Depois, macrófagos e células dendríticas liberam citocinas
que recrutam e ativam neutrófilos diretamente ou via
ativação de ILCs residentes teciduais.
Os neutrófilos liberam substâncias fungicidas, como as
espécies reativas de oxigênio e as enzimas lisossômicas, e
fagocitam os fungos para o killing intracelular.
Há também a ativação do sistema complemento, com a
formação do complexo de ataque à membrana,
principalmente para fungos que entram na corrente
sanguínea, como a Candida.
Em resumo:
Fagócitos e DCs reconhecem beta-glucana do fungo por
meio dos TLRs e das dectinas→ Liberam fungicidas→
Fagocitam→ Killing intracelular
󰔞 Cepas virulentas de C. neoformans inibem a produção de
citocinas, como TNF e IL-12, pelos macrófagos e estimulam a
produção de IL-10, inibindo assim a ativação dessas células.
IMUNIDADE ADAPTATIVA
A imunidade mediada por células é o principal mecanismo
da imunidade adaptativa contra as infecções por fungos
intracelulares.
󰔞 Histoplasma capsulatum, um parasita intracelular facultativo
que vive em macrófagos, é eliminado pelos mesmos mecanismos
celulares que são efetivos contra bactérias intracelulares.
As células T CD4+ e CD8+ cooperam para eliminar as
formas de levedura de C. neoformans, as quais tendem a
colonizar os pulmões e o cérebro em imunodeficientes. P.
jirovecii é outro fungo intracelular causador de graves
infecções em indivíduos com imunidade celular defeituosa.
Os fungos intracelulares também podem ser controlados em
parte por células ILC1 que expressam T-bet (T-bet é um
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fator de transcrição que estimula a diferenciação das células
T), enquanto os fungos extracelulares podem ativar
respostas de ILC3.
● Fungos intracelulares → ILC1
● Fungos extracelulares → ILC3
Muitos fungos extracelulares deflagram fortes respostas
Th17, que são dirigidas, em parte, pela ativação de células
dendríticas pela ligação de glicanas fúngicas à dectina-1. As
células dendríticas ativadas por meio desse receptor de
lectina produzem citocinas Th17-indutoras, como IL-1, IL-6
As células Th17 estimulam a inflamação, enquanto os
neutrófilos recrutados e monócitos destroem os fungos.
Indivíduos com respostas Th17 defeituosas são suscetíveis
a infecções mucocutâneas crônicas por Candida.
As respostas Th1 são protetoras nas infecções fúngicas
intracelulares, como a histoplasmose, porém essas
respostas podem deflagrar uma inflamação granulomatosa
que causa importante de lesão tecidual no hospedeiro
nessas infecções.
Os fungos também deflagram respostas de anticorpo
específicas que podem ter valor protetor.
Mesmo fungos superficiais, os quais são pouco patogênicos,
podem inibir a ativação do sistema imune por meio de
indução de liberação da citocina IL-10, como é o caso das
propriedades imunossupressoras de mananas como
responsáveis pela cronicidade da dermatofitose por
Trichophyton rubrum.
Já cepas mais patogênicas de Cryptococcus neoformans
inibem a produção de citocinas, tais como o TNF e a IL-12
por macrófagos, estimulam a produção de IL-10, inibindo a
ativação dos macrófagos
Em resumo:
Intracelulares:
Imunidade celular; cooperação T CD4+ e CD8+
Extracelulares:
DCs reconhecem o fungo (ligação glucana-dectina-1)→
citocinas→ TH7, Neutrófilos e Monócitos→ Inflamação e
Fagocitose
REFERÊNCIAS
ABBAS, Abul K.; PILLAI, Shiv; LICHTMAN, Andrew H..
Imunologia celular e molecular. 9ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2019
Objetivo 5
Explicar a farmacologia dos antifúngicos
ANTIFÚNGICOS
Durante muitos anos, a anfotericina B foi o único
medicamento antifúngico eficaz disponível para uso
sistêmico. Embora eficaz, é bastante tóxica.
Nas últimas décadas, a farmacoterapia das doenças
fúngicas sofreu uma revolução com os azois relativamente
atóxicos (orais e parenterais) e das equinocandinas (apenas
parenteral).
Os antifúngicos atualmente disponíveis estão categorizados
como:
● fármacos sistêmicos (orais ou parenterais) para
infecções sistêmicas
● fármacos sistêmicos orais para infecções
mucocutâneas
● fármacos tópicos para infecções mucocutâneas
Fármacos antifúngicos atualmente disponíveis atuam sobre
alvos moleculares distintos.
Os principais alvos moleculares consistem em enzimas e
outras moléculas envolvidas na síntese de DNA, na mitose,
na síntese da membrana plasmática e da parede celular dos
fungos
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1. Sistêmicos para infecções sistêmicas
ANFOTERICINA B
FARMACOCINÉTICA
● Absorção: má absorção no TGI
○ Forma oral só serve contra fungos dentro
do lúmen do TGI, e não para casos
sistêmicos
○ Administração intravenosa
● Meia-vida: 15 dias
● Distribuição: ampla
○ exceto no LCE (2-3%)
Comprometimento hepático, renal e diálise têm pouco
impacto, então não há necessidade de ajuste da dose.
Existem quatro formulações de anfotericina B:
convencional, lipossomal, complexo lipídico e dispersão
coloidal
MECANISMO DE AÇÃO
O ergosterol, um esterol da membrana celular, é
encontrado na membrana celular dos fungos, já o esterol
predominante das células de bactérias e seres humanos é o
colesterol.
A anfotericina B liga-se ao ergosterol e altera a
permeabilidade da célula ao formar poros associados à
anfotericina B na membrana celular.
O poro permite extravasamento de íons intracelulares e de
macromoléculas, levando, finalmente, à morte celular.
Há algum nível de ligação com os esterois da membrana
humana, o que contribui para a toxicidade.
USOS CLÍNICOS
A anfotericina B continua sendo o antifúngico com maior
espectro de ação.
Ela tem atividadecontra leveduras clinicamente
significativas, inclusive Candida albicans e Cryptococcus
neoformans; contra organismos causadores de micoses
endêmicas, inclusive Histoplasma capsulatum, Blastomyces
dermatitidis, e Coccidioides immitis; contra fungos
patogênicos, como Aspergillus fumigatus, e os agentes da
mucormicose.
󰔞 Alguns organismos fúngicos, como Candida lusitaniae e
Pseudallescheria boydii apresentam resistência intrínseca à
anfotericina B.
É usada como regime de indução inicial para reduzir
rapidamente a carga fúngica para, em seguida, ser
substituída por um dos agentes azois mais modernos para
terapia crônica ou prevenção de recidiva.
EFEITOS ADVERSOS
Toxicidade relacionada com a infusão:
Febre, calafrios, espasmos musculares, vômitos, cefaleia e
hipotensão.
Diminuem quando se reduz a velocidade de infusão ou a
dose diária.
Toxicidade cumulativa:
A lesão renal (nefrotoxicidade) é a reação tóxica mais
significativa. Ocorre em quase todos os pacientes tratados
com doses clinicamente significativas.
Em geral, a toxicidade renal se manifesta na forma de
acidose tubular renal e perda grave de potássio e magnésio.
Anormalidades nas provas de função hepática são
ocasionalmente observadas, assim como um grau de
anemia decorrente de produção reduzida de eritropoietina
pelas células tubulares renais lesionadas.
Com a terapia intratecal com anfotericina é possível haver
convulsões e aracnoidite química, frequentemente com
sequelas neurológicas graves.
FLUCITOSINA
Usada em combinação com a anfotericina B para tratar
meningite criptocócica ou com o itraconazol para
cromoblastomicose.
FARMACOCINÉTICA
● Administração oral
● Absorção alta (>90%)
● LPP baixa
● Administração ampla
○ até mesmo o LCE
● Eliminação: renal
● Meia-vida: 3-4 h
Havendo comprometimento renal seus níveis aumentam
com rapidez e podem provocar reações tóxicas.
MECANISMO DE AÇÃO
É captada pelas células fúngicas pela permease e é
convertida em compostos que inibem a síntese de DNA e
RNA.
Como essas permeases específicas são expressas apenas
nas membranas dos fungos, as células humanas não são
afetadas.
USOS CLÍNICOS
Não é utilizada em monoterapia, pois há rápido
desenvolvimento de resistência. Usa com a Anfotericina B
ou com o Itraconazol.
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Taíssa N. Veiga
Uso restrito a C. neoformans, algumas espécies de Candida
e aos bolores dematiáceos que provocam a
cromoblastomicose.
EFEITOS ADVERSOS
Produz o metabólito tóxico fluoruracila.
A toxicidade para a medula óssea produzindo anemia,
leucopenia e trombocitopenia é o efeito adverso mais
comum.
Pode haver também náuseas, vômitos, diarreia e disfunção
hepática
É contraindicada na gravidez.
AZOIS
● Cetoconazol, Miconazol, Clotrimazol, Itraconazol,
Fluconazol, Voriconazol e Posaconazol
MECANISMO DE AÇÃO
Inibem enzimas do citocromo P450 fúngicas, reduzindo
a síntese do ergosterol e portanto possuindo ação
antifúngica.
Inibem especificamente a enzima fúngica
lanosina-14α-desmetilase, que é responsável pela
conversão de lanosterol em ergosterol, afetando diretamente
a fluidez da membrana e nas enzimas ligadas a ela.
A toxicidade seletiva dos fármacos azois resulta de sua
maior afinidade pelas enzimas fúngicas do citocromo P450
do que pelas humanas.
USOS CLÍNICOS
O espectro de ação dos azois é amplo, incluindo muitas
espécies de Candida, C. neoformans, micoses endêmicas
(blastomicose, coccidioidomicose, histoplasmose),
dermatófitos e, no caso do itraconazol e do voriconazol, até
mesmo as infecções por Aspergillus.
Os azois também são úteis no tratamento de organismos
com resistência intrínseca à anfotericina, como o P. boydii.
EFEITOS ADVERSOS
Como grupo, os azois são relativamente atóxicos. A reação
adversa mais comum é o desconforto gastrintestinal.
Relatou-se que todos os azois provocam alterações nas
enzimas hepáticas e, muito raramente, hepatite clínica.
Os efeitos adversos específicos de cada agente serão
discutidos adiante
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
No geral, todos os azois tendem a produzir interações
medicamentosas porque afetam o sistema de enzimas do
citocromo P450 dos mamíferos em alguma extensão.
Há menos interações medicamentosas com o fluconazol.
REPRESENTANTES
Cetoconazol
● Oral ou tópico
● Usos:
○ Dermatofitoses
○ Dermatite seborreica
Itraconazol
● Oral e intravenoso
● Absorção aumentada por alimentos e por pH baixo
● Rifamicinas diminuem a sua biodisponibilidade
● Penetra mal o LCE
● Usos:
○ Preferencial → Histoplasma,
Blastomyces e Sporothrix
○ Dermatofitoses
○ Onicomicose
* antes era usado para Aspergillus, mas foi substituído pelo
voriconazol
Fluconazol
● Oral e intravenoso
● É o de maior índice terapêutico
● Melhor tolerância GI e menor efeito sobre as
enzimas microssomais hepáticas
● Boa penetração no LCE
● Usos:
○ Preferencial → tratamento e profilaxia
secundária da meningite criptocócica
○ Candidíase mucocutânea
Só age sobre coccidioides entre os fungos dimórficos. Não
age contra Aspergillus e outros fungos filamentosos.
Voriconazol
● Oral e intravenoso
● Inibe a CYP3A4
● Efeitos adversos: distúrbios visuais (30%),
dermatite por fotossensibilidade
● Similar ao itraconazol em seu espectro de ação,
tendo excelente atividade contra espécies de
Candida e fungos dimórficos
● Usos:
○ Preferencial → Aspergilose invasiva
Posaconazol
● Oral
● É o de maior espectro
● Absorção aumenta com refeições ricas em lipídios
● Distribui-se rapidamente para os tecidos, com ⬆
níveis teciduais e⬇ níveis sanguíneos
● Usos:
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○ Atividade contra a maioria das espécies de
Candida e Aspergillus
○ É o único com atividade significativa
contra agentes da mucormicose
○ Terapia de salvamento em casos de
aspergilose invasiva.
EQUINOCANDINAS
● Caspofungina, Micafungina e Anidulafungina
Esses agentes são ativos contra Candida e Aspergillus, mas
não contra C. neoformans ou os agentes da zigomicose e da
mucormicose.
FARMACOCINÉTICA
● Administração: intravenoso
● Meia-vida:
○ Caspofungina - 9-11h
○ Micafungina - 11-15h
○ Anidulafungina - 24-48h
Ajustes da dose são necessários apenas quando há
insuficiência hepática grave.
MECANISMO DE AÇÃO
Inibem a síntese do beta-1,3-glicano, resultando em
ruptura da parede celular fúngica e morte celular.
USOS CLÍNICOS
Caspofungina:
● Infecções por Candida disseminadas e
mucocutâneas
● Terapia antifúngica empírica em caso de
neutropenia febril
● Aspergilose invasiva como terapia de salvamento
apenas em pacientes que não respondem à AB
Micafungina:
● Candidemia
● Profilaxia das infecções por Candida em pacientes
submetidos a transplante de medula óssea
Anidulafungina:
● Candidíase esofágica
● Candidíase invasiva
● Candidemia
EFEITOS ADVERSOS
● Bem tolerados
● ⬆ enzimas hepáticas com o uso de caspofungina
+ ciclosporina (evitar a combinação)
2. Sistêmicos para infecções mucocutâneas
GRISEOFULVINA
A griseofulvina é um medicamento fungistático
Seu único uso é o tratamento sistêmico da dermatofitose.
A griseofulvina foi substituída em grande parte por
medicamentos antifúngicos mais modernos, como
itraconazol e terbinafina.
FARMACOCINÉTICA
● Administração oral
● Absorção aumenta com alimentos lipídicos, visto
que é praticamente insolúvel em água
● Meia-vida: 24h
MECANISMO DE AÇÃO
Inibe a mitose dos fungos ao agir nos microtúbulos,
rompendo, assim, a organização do fuso mitótico.
Se deposita na pele recém-formada, onde se liga à
ceratina, protegendo a pele contra nova infecção. Sua ação
consiste então em evitar a infecção das novas estruturas
cutâneas.
USOS CLÍNICOS
● Tratamento sistêmico da dermatofitose
EFEITOS ADVERSOS
O uso da griseofulvina não está associado a elevada
incidência de efeitos adversos graves. Um efeito adverso
relativamente comum (15%) consiste em cefaleia, que tende
a desaparecer com a continuação do tratamento.
Pode ocorrer, entretanto:
● Síndrome alérgica semelhante à doença do soro
● Hepatite
Deve ser evitada durante a gravidez
INTERAÇÕESMEDICAMENTOSAS
● Varfarina e fenobarbital
TERBINAFINA
A terbinafina é um medicamento fungicida. Trata-se de uma
alilamina, como a naftifina.
FARMACOCINÉTICA
● Administração oral ou tópica
● LPP alta
● Meia-vida: 300h
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MECANISMO DE AÇÃO
Interfere na biossíntese do ergosterol pela inibição da
enzima fúngica esqualeno epoxidase, o que leva ao
acúmulo do esterol esqualeno, que é tóxico para o fungo.
USOS CLÍNICOS
● Tratamento de dermatofitoses, em especial a
onicomicose
EFEITOS ADVERSOS
São raros, consistindo principalmente em desconforto
gastrintestinal e cefaleia.
Não é recomendada para pacientes com insuficiências renal
e hepática ou gestantes.
3. Tópicos para infecções mucocutâneas
NISTATINA
A nistatina é um macrolídeo poliênico muito semelhante à
anfotericina B. Também é tóxica para administração
parenteral e, por esse motivo, é empregada somente para
fins tópicos.
FARMACOCINÉTICA
● Administração em cremes, pomadas, supositórios
e outras formas
● Absorção baixa na pele, mucosas e TGI, então
apresenta pouca toxicidade
USOS CLÍNICOS
● Ativa contra a maior parte das espécies de
Candida e bastante utilizada com vistas à
supressão das infecções locais
● Algumas indicações comuns incluem monilíase
orofaríngea, candidíase vaginal e infecções
intertriginosas por Candida.
EFEITOS ADVERSOS
Náuseas, vômito, diarreia com dose elevada.
AZOIS TÓPICOS
Os dois azois mais empregados por via tópica são o
clotrimazol e o miconazol. Usados para tratamento da
candidíase vulvovaginal e infecções dermatofíticas.
O miconazol está disponível na forma de creme ou loção
para aplicação tópica e de cremes ou supositórios vaginais
para uso nas vulvovaginites causadas por C. albicans.
O clotrimazol está disponível para aplicação tópica como
creme ou loção e na forma de creme ou comprimidos
vaginais para uso nos casos de vulvovaginites causadas por
C. albicans
Cetoconazol é usado como xampu e forma tópica para
tratamento de dermatite seborreica e pitiríase versicolor.
Absorção é desprezível e efeitos colaterais raros.
ALANINAS TÓPICAS
A terbinafina e a naftifina são as alilaminas disponíveis
como cremes tópicos
Ambas são efetivas no tratamento da tinea do corpo e da
tinea crural.
O cloridrato de naftifina e a terbinafina são alilaminas
altamente ativas contra dermatófitos, mas menos ativas
contra leveduras.
A atividade antifúngica deriva da inibição seletiva da
esqualeno-epoxidase, uma enzima-chave para a síntese
de ergosterol.
Estão disponíveis na forma de cremes.
Entre as reações adversas estão irritação local, queimação e
eritema. Deve-se evitar contato com mucosas.
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REFERÊNCIAS
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13ª ed. Porto Alegre : AMGH, 2017.
Objetivo 6
Discutir a epidemiologia das doenças fúngicas
Artigo: Infecções hospitalares por candida sp. em
pacientes internados em UTI. 2020
Métodos: Revisão integrativa de literatura - estamos
preparados para o surgimento de fungos resistentes?;
Discussão:
As IRAS acometem principalmente pacientes que
apresentam supressão do sistema imunológico.
No caso de pacientes hospitalizados, as UTI’s ficam com o
maior número de pacientes em estado crítico de saúde, o
que pode se tornar propício para o desenvolvimento das
IRAS.
Na UTI os pacientes passam por um grande número de
procedimentos, desses, a maioria trata-se de procedimentos
invasivos, como passagem de sondas, cateter venoso
central, ventilação mecânica, além do uso de
imunossupressores. Estes fatores aumentam o risco de
IRAS, principalmente se não houver o manejo adequado
desses pacientes.
Um estudo realizado em um hospital universitário brasileiro
em 2010 analisou a incidência de infecção hospitalar em
UTI. Entre os 1886 pacientes observados, 246
desenvolveram IRAS, representando uma taxa de 20,3%. O
sitio de infecção mais comum foi o trato urinário, seguido por
pneumonia e sepse. Os microrganismos mais comumente
encontrados foram Candida albicans e as bactérias
Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii e
Escherichia coli. O índice de mortalidade foi de 39,5%.
O hospital das clinicas da universidade de Pernambuco
realizou um estudo em 2011, sobre a presença de fungos no
sangue, infecção conhecida como fungemia. Foram
coletadas 58 amostras de pacientes no período de um ano.
Destas amostras 13,8% apresentaram fungemia, sendo os
gêneros mais comuns: Candida, Histoplasma,
Trichosporon e Cryptococcus.
REFERÊNCIA
BAPTISTA, Kelly Cristina Cordeiro et al. Infecções
hospitalares por candida sp. em pacientes internados
em UTI. RGS, v. 22, n. 2, p. 66-81, 2020.
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