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EdE ud cu ac ra r p ap ra ara ApA rp er ne dn ed re r a a Distânciaia Educar para Aprender a Distância 3 APRESENTAÇÃO Queridos estudantes, Bem-vindos ao mundo do Aprender e Educar a Distância! Esta disciplina visa capacitar os alunos para adquirir e compreender conhecimentos relacionados com os fundamentos do ensino a distância (EAD), com foco na busca da excelência do desempenho. O material que você tem em mãos servirá de suporte ao curso de forma a apresentar brevemente os fundamentos teóricos e conceituais necessários para a compreensão dos temas que serão discutidos em aula. Para tanto, está dividido em Quatro capítulos, a saber: Seguindo iniciasse pelo Marco Teorico, passando para a historia, coadunando com o preconceito à EaD e finalizando com a Interação e a interatividadade Por fim, é importante ressaltar que este material foi elaborado com base em textos extraídos e compilados de diversas fontes, os quais são referenciados ao final de cada aula. Ficando o Professor como articulador do processo de seguimento do aprendizado e mapeador do conteúdo. Bons estudos! Profº Mozart Pereira da Silva Neto Filosofo e Administrador e MBA em Marketing e Esp. em Português e Literatura 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5 1. AS PRÁTICAS DO ENSINO EM EAD ............................................................................. 7 1.1 LEIS DE DIRETRIZES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO BÁSICA 11 1.2 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – PNE 12 1.3 REGULAMENTOS 12 1.3.1 Principais pontos do benchmark de qualidade da educação a distância - 2007 13 1.3.2 Universidade e educação a distância 15 2. AS PRÁTICAS DO ENSINO EM EAD ........................................................................... 19 2.1 A APRENDIZAGEM E SEUS ELEMENTOS 21 2.2 A MOTIVAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ......................................... 24 2.3 EXISTE VANTAGEM DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SOBRE A PRESENCIAL? .................................................................................................................................................. 27 3 – O PRECONCEITO CONTRA O EAD .......................................................................... 28 4. INTERAÇÃO E INTERATIVIDADE. ............................................................................ 34 4.1 BARREIRAS DO PROCESSO ENSINO-EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E BENEFÍCIOS DA INCLUSÃO DE PROGRAMAS INTERATIVOS NO AMBIENTE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 34 4.2 FERRAMENTAS INTERATIVAS 35 4.2.1 Tipos de ferramentas interativas 35 4.2.1.1 As ferramentas assíncronas 35 4.2.1.2 As ferramentas síncronas 36 4.3 INTERAÇÃO E INTERATIVIDADE EM UM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS. ................................................................................................ 41 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 42 5 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a educação a distância (EaD) avançou em todo o mundo, seja pelo uso generalizado das tecnologias digitais de comunicação e informação (TDIC) ou pelas necessidades urgentes que a modernidade líquida impõe a todos. Essa modalidade de ensino tem apresentado resultados tão positivos que muitas de suas estratégias têm sido utilizadas em cursos presenciais, chamados de ensino híbrido ou blended learning. No entanto, o conceito de EaD não é novidade, pois o primeiro registro oficial de sua aplicação foi encontrado em 20 de março de 1728, quando o periódico americano Boston Gazette publicou um anúncio de curso de taquigrafia por correspondência, utilizando textos impressos e correio como meio de comunicação. meio de comunicação entre o Prof. Cauleb Philips e seus alunos (Martins, 2013). No entanto, alguns pesquisadores defendem que as cartas dos filósofos gregos aos seus discípulos, bem como as epístolas trocadas entre os primeiros cristãos, são exemplos do primeiro uso da educação a distância (ABED, 2015). Hoje, a consolidação da EaD tem contribuído para reduzir as desigualdades e promover a justiça social, especialmente ao proporcionar o acesso à educação para adultos excluídos dos sistemas de ensino por diversos motivos, como distância geográfica das instituições de ensino, dificuldades profissionais e financeiras para sustentar a altos custos do curso em tempo integral, entre outros (Santo, 2014). A massificação da educação a distância certamente tem como aliado o amplo desenvolvimento das TDICs, que, quando utilizadas em contexto educacional, tornam-se tecnologias educacionais que, com suas ferramentas, aprimoram o processo de mediação pedagógica operada por uma equipe multipedagógica, como preconiza. por Mill (2012). Nessa perspectiva, o poliensino em EaD supõe um grande número de professores que atuam como conteudistas, formadores, coordenadores e tutores divididos em atividades online e in loco em polos presenciais de EaD. Tendo como 'pano de fundo' essas considerações iniciais, o objetivo deste artigo é tentar refletir sobre a seguinte questão problemática: quais práticas pedagógicas de mediação pedagógica podem contribuir para a promoção da aprendizagem? O objetivo é estudar as principais práticas tutoriais de sucesso implementadas na área de EaD em duas universidades, identificar suas bases teóricas, abordagens relevantes para a concepção de princípios que orientam diferentes modelos de práticas de ensino em diferentes contextos. 6 A necessidade de manter os alunos EaD estimulados e principalmente comprometidos com o seu autoestudo recai sobre toda a equipe polidocente responsável pela mediação pedagógica. No entanto, os docentes presenciais ou online são aqueles que muitas vezes estão em contacto direto com o aluno, pelo que a sua prática pedagógica exige uma cuidadosa sistematização. Os resultados alcançados pelos alunos engajados são inúmeros, pois vão desde o sentimento de pertencimento à comunidade acadêmica, com envolvimento nas atividades curriculares e extracurriculares dos cursos, até a redução do índice de evasão e seu consequente ganho financeiro, e não menos importante, a otimização dos recursos investidos em processos educativos em EAD. Nesse sentido, este estudo é uma abordagem pioneira ao propor princípios que norteiam diferentes modelos de práticas de ensino, fornecendo orientação didático-pedagógica aos professores, especialmente aqueles que atuam em tutoria presencial ou online, e acima de tudo capaz de manter altos níveis do envolvimento dos alunos combinado com uma baixa taxa de abandono escolar precoce. 7 MARCO TEÓRICO Capítulo 01 As Práticas do ensino em EaD Em Garcia Aretio (2001, p. 39), encontramos um conceito adequado de EaD quando dizemos que é, (...) um sistema tecnológico de comunicação bidirecional (multidirecional), que pode ser massivo, baseado na ação sistemática e conjunta de meios didáticos e com apoio de organização e tutoria, que lhes proporciona uma aprendizagem independente (cooperativa) separados fisicamente dos alunos. A definição de EaD proposta por Garcia Aretio (2001) evoca conceitos considerados centrais na modalidade a distância, ou seja, a clara existência de um processo de mediação pedagógica, utilizando meios didáticos e tecnológicos, pensando em alunos e professores desenvolvendo suas atividades educativas. em diferentes momentos e lugares. Na verdade, esses conceitos básicos fundamentam grande parte da legislação de educaçãoa distância, incluindo o Decreto-Lei nº 9.057/2017 que estabelece as Diretrizes Brasileiras para Educação a Distância (Brasil, 2017), além da Resolução do Conselho Nacional de Educação - CNE n . 01/2016 com diretrizes e normas nacionais para a oferta de programas e cursos superiores na modalidade a distância (Brasil, 2016). De fato, a literatura aponta que o sucesso da EaD está na relação dialógica que se estabelece entre alunos, tutores e professores, muitas vezes dispersos em diferentes localizações geográficas e tempos; porém, mediada pelas TDIC, com o apoio de uma instituição de ensino pronta para atender as demandas advindas desse processo educativo (Preti, 2009; Faria & Lopes, 2013). Nessa perspectiva, a EaD não é um fast food educacional em que o aluno “se serve” de algo pronto e pronto, pois a relação dialógica possibilitada pelo desenvolvimento das TDIC permite uma interatividade efetiva entre professores, alunos e tutores, mesmo em momentos e locais; seja em esquinas isoladas ou em aglomerações urbanas caóticas, como reflete Moran (2008). A mediação didático-pedagógica na EaD é realizada pelo que Mill (2013) chama de equipe multipedagógica, com um professor especializado (também chamado de professor autor 8 ou professor conteudista) encarregado de estruturar o conteúdo, metodologia de ensino, formato da aula. , material didático, ferramentas tecnológicas de interação que serão utilizadas, também é responsável pela concepção pedagógica e implementação do curso a distância. Para auxiliá- lo no processo de mediação pedagógica com os alunos, o professor conteudista muitas vezes conta com o apoio de professores formadores, instrutores e tutores que atuam como professores responsáveis pela orientação e mediação pedagógica com os alunos, tanto presencialmente nos Polos de Educação a Distância quanto virtualmente ambiente de aprendizagem (Martins, 2003; Nunes, 2013). O papel da mediação pedagógica exercida pelo tutor também é esclarecido por Bernal (2008), quando destaca a função de aconselhamento voltada para o alcance afetivo do aluno para ouvi-lo, motivá-lo e ajudá-lo a crescer; além do papel acadêmico, quando enfoca os processos cognitivos do aluno, a forma como ele aprende e constrói seu conhecimento e, por fim, o papel institucional, ao preservar e promover os valores, princípios e ideais da instituição e suas políticas projeto pedagógico. Nesta mesma abordagem, Maia & Mattar (2007) afirmam que o tutor desempenha vários papéis concomitantes, destacando: a) Papel administrativo e organizacional na organização da sala de aula virtual, designando grupos e esclarecendo objetivos e expectativas do curso. Específica ainda as regras, prazos para entrega das atividades e avaliação, além de monitorar o nível de acesso dos alunos ao material didático, execução das atividades e cumprimento dos prazos. b) Papel social apoiando o clima dos alunos em sala de aula, provocando a apresentação e participação dos mais tímidos. Responsável por mensagens de agradecimento, fornece feedback rápido, mantém um tom amigável e bom humor. Isso aumenta gradativamente o sentimento de pertencimento e pertencimento dos alunos ao grupo que os orienta. c) O papel do orientador em si, pois na EaD o aluno tende a se sentir excluído, cabendo ao tutor o papel de estimulá-lo por meio de feedbacks e incentivos constantes. A orientação individual e o apoio ao aluno aprimoram o aprendizado e são elementos críticos para o sucesso na EaD. d) O papel da mediação pedagógica na concepção de atividades posteriores, estimulando a pesquisa, fazendo perguntas e avaliando respostas, comentários relacionados, coordenando discussões em fóruns ou chats, sintetizando os principais pontos das discussões, incentivando a participação em um clima de 9 aprendizagem com um grupo, avaliando os resultados do desempenho dos alunos como uma ferramenta para a reflexão de sua prática de consultoria. e) Papel tecnológico, ou seja, auxiliar um aluno com dificuldades no uso das ferramentas tecnológicas utilizadas no curso. Santo (2014) nos convida a refletir sobre o nível de complexidade e importância do papel do tutor na EaD para repensar a formação acadêmica desse profissional. O autor destaca que além do conhecimento na área em que orienta, é fundamental que o docente também compreenda os fundamentos epistemológicos da educação a distância para poder implementar procedimentos tutoriais que apoiem a aprendizagem significativa do aluno. As principais fundamentações teóricas da EaD pressupõem que a equipe polidocente e os alunos tenham um papel ativo no processo de construção do conhecimento. Cabe à equipa polidocente apontar o caminho e apresentar aos alunos várias opções para navegar no mar de informação disponível e selecionar o que é relevante para o desenvolvimento das competências exigidas. Por meio da mediação pedagógica, podemos compreender como os conteúdos e temas são abordados de forma a facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, a mediação pedagógica se faz necessária em qualquer tipo de ensino, seja presencial ou a distância, pois toda informação requer mediação no contexto do ensino e aprendizagem (Brod & Rodrigues, 2013). A distância geográfica entre aluno e professor torna a mediação pedagógica na EAD desafiadora, pois exige estratégias pedagógicas diferentes daquelas frequentemente utilizadas na interação presencial. No entanto, devemos reconhecer que o TDIC tem disponibilizado muitas ferramentas que apoiam o processo de mediação dos professores no ciberespaço educacional. Para Belloni (2015), as tecnologias oferecem possibilidades inéditas de interação porque permitem “combinar a flexibilidade da interação humana com a independência no tempo e no espaço, sem perder a velocidade”. Dependendo da estratégia pedagógica adotada, a mediação pedagógica pode ser realizada por meio de diversas ferramentas muitas vezes disponíveis em ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs). Pode ocorrer por meio de comunicação síncrona ou assíncrona, permitindo a participação e o diálogo entre alunos e professores (Souza, Sartori & Roesler, 2008). Diversas ferramentas são utilizadas para esse fim, como chats, fóruns, videoaulas, audioaulas, podcasts e wikis e muito mais. Cabe ao professor escolher a melhor ferramenta de 10 acordo com seu objetivo de ensino, seguindo suas peculiaridades e o nível de acesso dos alunos aos recursos utilizados. No entanto, os autores Santo, Cardoso, Fonseca & Santos (2016a, P. 15) nos ajudam a considerar que a mera utilização das TDICs na EAD "não exime o aluno da necessidade de pensar e refletir sobre sua aprendizagem", pois estas apenas fornecem ferramentas potencializadoras do processo de construção do conhecimento. Portanto, deve-se ter cuidado para evitar a simples transferência de estratégias comumente utilizadas na educação para o ambiente virtual. Nesse sentido, Masetto (2015, p. 142) nos ajuda a esclarecer o conceito de mediação pedagógica ao afirmar que o professor, [...] embora de vez em quando ele ainda desempenhe o papel de especialista que tem conhecimento e/ou experiência para se comunicar, mais frequentemente (sic) ele atuará como orientador das atividades estudantis, consultor, facilitador, planejador e facilitador de situações de aprendizagem, trabalhando em equipe com o aluno e buscando os mesmos objetivos. Resumindo: ele fará o papel de mediador pedagógico. Como já observamos, a mediação pedagógica na EaD é conduzida por uma equipe de professores conteudistas, formadores, instrutores e palestrantes que utilizam diversas ferramentas facilitadoras para possibilitar aos alunos a construção e renovação do conhecimento. Além dos meios tecnológicos, não se pode esquecer que o material didático também auxilia nesse processo de mediação,se for processado dialogicamente e for capaz de levar à reflexão ao mostrar ao aluno vários caminhos possíveis. A tutoria na EaD é deveras um desafio, pois o que funciona com uma instituição poderá ser um fracasso em outra, tendo em vista as diversas especificidades relacionadas com o acompanhamento pedagógico dos estudantes em EaD. Santo (2014) afirma que possuímos muitas experiências diversas com resultados positivos que podem ser aproveitadas, desde que sejam contextualizadas com a realidade local. Todavia, não restam dúvidas que o acompanhamento tutorial dos estudantes na EaD é algo que necessita ser priorizado pelas instituições que ofertam esta modalidade de ensino. Ao refletir sobre as principais abordagens que discutem as práticas tutoriais na EaD verifica-se que o tutor é parte integradora no processo, especialmente ao entender e desenvolver estratégias para, ajudar a transpor as barreiras motivacionais e intelectuais, reduzindo a sensação do desmotivador vazio pedagógico. 11 1.1 LEIS DE DIRETRIZES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO BÁSICA Na história da educação brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96) foi um marco de vitória diante da dedicação de educadores que não mediram esforços para que as pessoas tivessem acesso não apenas ao repasse do conhecimento., mas para que serve Hoje, a educação é referida como o processo formativo do cidadão. Foi instituído no sistema educacional brasileiro em 20 de dezembro de 1996 e modifica e reafirma o direito à educação estabelecido na Constituição Federal de 1988. Define as responsabilidades entre Estados, Municípios e União: “Art. 8º do Título IV – A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão conjuntamente os respectivos sistemas de ensino” (BRASIL, MEC, 1996). A LDB (9.394/96) tem caráter descentralizador, que foi adotada para definir uma “Estrutura Nacional de Ensino com atribuição clara no âmbito da União, Estados e Distrito Federal, municípios, escolas e professores” (CORDÃO, 2012, p. .78). Nesse caso, a autonomia no desenvolvimento de seus respectivos projetos pedagógicos é atribuída às redes e instituições educativas com a participação efetiva dos professores nas propostas pedagógicas. Realizar, planejar, avaliar atividades e garantir a busca por resultados relevantes faz parte da essência de todo professor. Sua liderança enriquece o currículo de forma que possa levar o aluno ao aprendizado contínuo e enriquecer sua realidade. A riqueza destacada na Lei de Diretrizes e Fundamentos trata dos direitos básicos do cidadão como o direito à vida, o direito à educação e o direito ao trabalho. Outro destaque é a qualidade dos padrões mínimos de ensino, sua manutenção e a gestão dos recursos financeiros para sua manutenção. Mas, embora a lei seja a espinha dorsal do cenário educacional atual, ela precisa de um compromisso real para melhorar a qualidade, pois o acesso à educação de qualidade é perceptível apenas para uma parcela da população. Suas adaptações não têm acompanhado as transformações necessárias e prioritárias no contexto educacional brasileiro, inclusive na formação de professores, e por isso adquire caráter inovador no sentido de reflexão e inserção do novo, mas ainda se mostra insuficiente. a demanda por qualidade que a educação brasileira necessita (CERQUEIRA et al., 2010). O governo está, portanto, criando um Plano Nacional de Educação (PNE) com metas e prioridades com base na LDB, cujo objetivo está relacionado à qualidade da educação brasileira. Porém, é preciso chamar a atenção para o fato de que, para o bom desempenho do 12 trabalho educacional na próxima década, é necessária a participação ativa de pedagogos, sindicatos, secretarias de educação e comunidades nas metas e prioridades. 1.2 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – PNE Em 25 de junho de 2014, foi aprovada e aprovada a Lei 13.005, que aprova o novo Plano Nacional de Educação (NEP) por dez anos. Medida como dispositivo transitório da LDB (9.394/96), a partir da alteração A Constituição nº 59/2009 (EC nº 59/2009), tornou-se uma exigência constitucional, articuladora do sistema nacional de educação (BRASIL, MEC, 2014). O planejamento educacional tornou-se uma tarefa desafiadora, dado o contexto e a complexidade do modelo federativo brasileiro. Fica evidente a necessidade de trabalhar de forma articulada com as 20 metas do PNE, para tentar eliminar as desigualdades históricas que são bem conhecidas no Brasil. O Ministério da Educação considera o trabalho articulado entre os planos de educação dos estados, municípios e distrito federal e por meio da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASE) realiza a construção do Sistema Nacional de Educação (SNE), para isso o os acordos assinados reduzem as lacunas da política educacional. Seus 20 (vinte) objetivos, descritos a seguir, estão estruturados para garantir o direito ao acesso de qualidade à educação básica, à universalização da alfabetização, à ampliação da escolarização e das oportunidades educacionais, à redução das desigualdades e ao reconhecimento da diversidade e aos profissionais da educação , com responsabilidade e compromisso com a educação superior, visto que os professores da educação básica e demais profissionais são formados para o desenvolvimento socioeconômico da sociedade brasileira. 1.3 REGULAMENTOS Há décadas, a EAD tem o compromisso de levar educação aos lugares mais remotos do Brasil. É uma alternativa que possibilita oferecer cursos profissionalizantes e universitários em diversas áreas do conhecimento e atingir pessoas de todas as regiões; em algumas situações, convocam a população a enfrentar as dificuldades da formação profissional, em prol da melhoria da qualidade de vida, e assim educar-se estudando para também diminuir a desigualdade social, formando profissionais qualificados para o desenvolvimento dos setores socioeconômicos. 13 Foi introduzida no sistema educacional brasileiro pela promulgação da LDB (9.034/96) nos artigos 80 e 87, "efetuada pela edição do Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, cujos artigos 11 e 12 foram alterados pelo Decreto nº 2.561, de 27 de abril de 1998 e pelo Decreto MEC nº 301, de 7 de abril de 1998" (RELATÓRIO, PORTARIA - MEC, 3.235 -2). O regulamento estabeleceu a oferta de cursos de pós-graduação, bacharelado, licenciatura e formação tecnóloga. Apesar do decreto O Ministério nº 335/2002 visava discutir a questão dos referenciais qualitativos da EAD, em 20/12/2005 o Decreto 5.622 cancela o mesmo e dispõe: O Decreto em seu artigo 1º caracteriza a educação a distância como modalidade educacional em que a mediação didático-pedagógica no processo de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de recursos e tecnologias de informação e comunicação, enquanto alunos e professores desenvolvem atividades educativas em vários ou múltiplos locais. As políticas de credenciamento institucional, supervisão, monitoramento e avaliação, harmonizadas com os padrões de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Educação, também estão previstas no Decreto 5.622/05, Em 2003, o MEC elaborou a primeira versão do referencial de qualidade, mas devido ao dinamismo e crescimento do setor e à renovação da legislação, “foi constituída uma comissão de especialistas para propor alterações ao documento de 2007”. Portanto, segundo o MEC, o Referencial para a Qualidade da Educação a Distância (2007), embora não tenha força de lei, rege e rege alguns aspectos relevantes em relação ao método de ensino. 1.3.1 Principais pontos do benchmark de qualidade da educação a distância - 2007 Apesar do Documento de Referência da Qualidade da Educação a Distância (2007), que estabelece uma política de qualidade no processo de educação a distância, o texto destaca a importância de se entender "A EDUCAÇÃO como primeiro alicerce antes de pensar naforma de organização: A DISTÂNCIA". Embora a modalidade a distância tenha características, linguagem e formato próprios, exigindo gestão, design, lógica, acompanhamento, avaliação, recursos técnicos, tecnológicos, infraestruturais e pedagógicos consistentes, essas características ganham importância apenas no contexto de um discurso político-pedagógico. evento educativo (REFERENCIAL DE QUALIDADE DO EDINO EAD, 2007, p.7). 14 Portanto, é necessário que o Projeto Político Pedagógico esteja de acordo com a teoria do conhecimento, integre conteúdos e procedimentos pedagógicos que conduzam um diálogo com a realidade social do aluno. [...] desenvolvimento humano na perspectiva do compromisso com a construção de uma sociedade socialmente justa. Por isso, é importante que o ensino superior se assente num projeto pedagógico e numa organização curricular inovadora, que apoiem a integração entre os conteúdos e as suas metodologias, bem como o diálogo do aluno consigo mesmo (e com a sua cultura), com outros (e suas culturas) e com os saberes historicamente acumulados (REFERENCIAL DE QUALIDADE DO EDINO EAD, 2007, p.9). Um sistema de comunicação utilizando as tecnologias atuais também deve garantir o processo de interação entre alunos e professores, garantir o processo de ensino e aprendizagem, oportunidades para desenvolver projetos e reconhecimento e respeito em relação às diferentes culturas, construindo assim o conhecimento, pois o aluno é o foco principal do processo, os sistemas de comunicação desempenham um papel fundamental para acelerar a resolução de problemas relacionados ao conteúdo pedagógico. Uma vez que a avaliação da aprendizagem deve permitir ao aluno o desenvolvimento de habilidades cognitivas, habilidades e atitudes em relação aos objetivos propostos e um acompanhamento contínuo, é importante considerar que diante das dificuldades deve haver incentivo durante o processo de ensino e aprendizagem. Referência para a qualidade da educação a distância (2007), bem como o envolvimento de professores, tutores, técnicos administrativos e infraestrutura dos polos e gerência, com os registros necessários verificando que todo o processo de aprendizagem deve ser monitorado, gerenciado e controlado, caso contrário, pode desencorajar o aluno que o orienta a abandonar o curso. Sua elaboração se inicia com uma discussão com especialistas da área, cujo foco propõe a organização de sistemas de educação a distância e também tem função indutora em uma concepção teórico-metodológica. Para o Ministério da Educação (2007), esse documento trata principalmente de garantir a qualidade dos processos de educação a distância. 1.3.2 Universidade e educação a distância Dado o contexto social atual, que inclui a inovação tecnológica, o conhecimento torna- se um elemento importante tanto para o desenvolvimento socioeconômico quanto para a obtenção de privilégios no mercado de trabalho. 15 Em seu documento "Os Fundamentos da Educação" (1998), a UNESCO declara que a sociedade contemporânea se transformou em uma sociedade do conhecimento e que a educação superior desempenha um papel pleno e essencial no desenvolvimento cultural e socioeconômico dos indivíduos, agentes diretos dos desafios necessária diante dessa transformação. “A educação superior é um dos motores do desenvolvimento social e político em todas as sociedades e, ao mesmo tempo, um dos polos da aprendizagem ao longo da vida” (ANELLI, et al., 2010, p. 01). Mas essa realidade é bastante nova na educação brasileira, já que após a década de 1960 o ensino superior se popularizou como terciário. Considerada uma educação elitista, onde a minoria apta financeira e culturalmente conseguia chegar. Naquela época, a linguagem utilizada por meio de códigos, modelos, símbolos e semânticas era pensada para além da praticidade cotidiana, ou seja, para poder entendê-la era preciso ter condições especiais de aprendizagem que se materializavam diante da escassez e precariedade de educação brasileira (SOUZA, 1979). No entanto, no final do século 20 e início do século 21, essa imagem começou a ser desmistificada. Os programas de política educacional têm sido os veículos de mobilização para que os menos favorecidos economicamente tenham acesso ao ensino superior. Esse notável fator de inclusão nas políticas educacionais já foi ensinado timidamente por alguns governos, mas com pouco seguimento. As transformações sofridas na sociedade, como a rápida ascensão da tecnologia, também mobilizaram a educação superior para formar indivíduos motivados, críticos e com responsabilidade diante dos problemas sociais, além da necessidade de se conectar com o mundo do trabalho. Capacitar profissionais para desenvolver habilidades que facilitem sua ascensão profissional, gerem maior empregabilidade e promovam setores econômicos. “[...] graduados e egressos que serão cada vez mais chamados a deixar a situação de procura de emprego para assumir prioritariamente a função de geração de empregos” (UNESCO, 1998, art. 07) foi um desafio para as universidades que tiveram a realidade de uma matrícula de cerca de 1,5 milhão na década de 1990 e 2,6 milhões na década de 2000. O documento realça que o crescimento do número de candidaturas significou também a conquista da qualidade em algumas componentes relevantes, nomeadamente na criteriosa seleção e formação contínua dos quadros. O início de um século promissor no boom e desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, que oferecia possibilidades na renovação de cursos e métodos de 16 ensino. O ambiente adequado em que a educação a distância iniciou seu fascínio, estabelecendo seu método por meio de tecnologias, integrando virtudes pedagógicas de forma a atender as exigências educacionais, levando em consideração as propostas do mercado de trabalho (BELLONI, 2006). A pesquisa sobre as características da educação a distância revela que ela é uma ferramenta educacional capaz de oferecer educação profissional, continuada e capacitação a um segmento da população de baixo poder aquisitivo que busca educação e inclusão profissional, sem impedi-lo de ser universitário. igualdade de oportunidades (LOPES, 2010). Nesse contexto, o autor traz a implicação do cuidado em não substituir a educação a distância como modelo de aprendizado mecânico, que visa apenas a preparação de profissionais qualificados para o desenvolvimento e crescimento da economia, tendo em vista que a educação é um direito humano e exercício profissional é uma parte que complementa toda a experiência de um indivíduo na sociedade. Na necessidade de uma resposta rápida à formação de profissionais para o mercado de trabalho, surgem os cursos superiores desta modalidade com uma duração mais reduzida, cada vez mais procurados por alunos com pressa de resultados. São cursos tecnólogos que costumam durar de 2 a 3 anos com mensalidades inferiores a uma licenciatura ou bacharelado. Se há um despertar da juventude em antecipação à formação em um curso superior, há também um despertar da sociedade para a juventude de hoje. Segundo o estudo “Juventude Considerada” (2013), em um momento único de sua história, o país teve uma geração de 23,1 milhões de jovens entre 18 e 24 anos. Vale ressaltar que esse jovem nasceu em um país sem ditadura, sem inflação e conectado por um mundo cada vez mais digital, e por isso aplica mais de uma forma de se relacionar. Não há limites físicos, o modelo político dos anos 1960 não é atraente hoje; se algo o está incomodando, ele vai para a mídia social e se conecta com pessoas que pensam como você e se movem juntos para compartilhar suas ideias com todos. No Brasil, 76% dos jovens acreditam que o país está mudando para melhor e 50% dos jovens se sentem ligados a ideias coletivas: hierarquias e sistemas rígidos não atendem mais às necessidades sociais.Eles, os jovens, sempre e em todos os momentos foram o elemento que atrai e busca a mudança. As mudanças nascem dos sonhos, e os jovens constroem tais sonhos que atualmente estão cercados pela própria realidade. Mudança significa luta e conquista. (PERFIL DO JOVEM BRASIL, 2012). 17 Os planos de trabalho formalizado nas organizações hoje não indicam mais uma carreira tradicional com sistemas hierárquicos, mas consideram a necessidade de aliar suas qualidades e conhecimentos ao trabalho. Todo esse esboço juvenil faz parte de um perfil do jovem brasileiro. O Brasil tem hoje um total de 51 milhões de jovens; segundo o último censo (2010), representam pouco mais de 26% dos quase 200 milhões de habitantes do país. No estudo “Juventude Considerada” (2013), o grupo de jovens no Brasil se divide em adolescentes de 15 a 17 anos com 10 milhões (20%), jovens de 18 a 24 anos com 23,1 milhões (47%) e jovens adultos, de 25 a 29 anos com 17,5 milhões (33%). Para a economia e desenvolvimento, são os futuros trabalhadores que precisam de melhorar as suas aptidões e competências. Diante de rápidas transformações, quaisquer que sejam suas qualificações, acabam não exigindo reprodução automática do fazer, mas articulação nas relações vividas ao nível da escola, nas informações e experiências vividas. O profissional moderno não pode se desvincular do aprendizado constante. É nesse momento que se percebe que a formação acadêmica contribui para a formação de uma mão de obra especializada (2012). No entanto, a realidade mostra que, no Brasil, milhares de jovens ainda estão fora do processo educacional. Isso, muitas vezes cruel, atinge especialmente as famílias mais pobres e com escolaridade mínima diante das informações sobre as possibilidades que a educação pode trazer para todos. "Os que não trabalham nem estudam representam 24% da população de 18 anos e 25% de 20 anos". Porque a maioria desses jovens tem renda familiar inferior a dois salários-mínimos. (CASTRO et al., 2013, p.4). Como já mencionado, os jovens entre 18 e 24 anos representam 47% dos jovens, cerca de 23 milhões, cujo perfil está bem definido segundo a última pesquisa do IPEA (2013), onde a maioria é do sexo feminino, por conta da transição para maternidade, mas o gênero masculino está aumentando a cada ano. O número total gira em torno de 8 milhões de jovens que vivem uma fase de desilusão e não se sentem aptos a ingressar nas universidades públicas, mesmo diante das políticas educacionais que atualmente permitem o acesso ao ensino superior. Uma das causas desse desinteresse é a desmotivação do próprio sistema educacional, por não ser atraente. Muitos vêm de escolas da periferia da cidade e, segundo o IPEA (2013), seria necessário ampliar as possibilidades entre as políticas públicas para que essa parcela da juventude compreenda sua importância. 18 Um exemplo prático são as jovens que engravidam e não encontram apoio para a continuidade dos estudos durante a gravidez e depois, tendo em conta esta situação, procuram áreas profissionais informais com baixo nível de escolaridade. Mesmo diante dessa realidade, muitos jovens lutam para ter acesso a faculdades e universidades. Atualmente, 30% dos jovens ativos não têm uma trajetória linear do ensino médio ao superior, e sua faixa etária gira em torno dos 25 anos. São filhos de pais que não frequentaram a universidade e, com o boom do setor privado e público nesta área, conciliam os estudos com o trabalho. trabalhos. Isso significa que 52% estão associados ao trabalho formal e 13,3% à procura de trabalho (IPEA, 2013). 19 O APRENDER E A HISTÓRIA Capítulo 02 As Práticas do ensino em EaD Os seres humanos habitam a Terra há centenas de milhares de anos, inicialmente procurando comida por acaso, usando materiais prontamente disponíveis (como frutas e vegetais) ou caçando e pescando carne. Com o tempo, tornou-se possível controlar o abastecimento de alimentos por meio do plantio sistemático de sementes e posterior colheita. Da colheita ao acaso à agricultura sistemática, o conhecimento das espécies aptas para alimentação, bem como as estratégias de caça e as épocas de plantação, foi transmitido oralmente, dos mais velhos aos mais novos, através de conversas, demonstrações, histórias e lendas. O informante mais antigo e experiente era um tutor do mais novo; o aprendizado era direto e prático, as ferramentas envolvidas estavam prontamente disponíveis e a capacidade de corrigir erros na hora — um processo pragmático capaz de satisfazer as necessidades humanas por milhares de anos. Com o crescimento dos agrupamentos em vilas e cidades, aumentou a complexidade da circulação de informações, o que criou a necessidade de registrar, em busca de permanência, saberes que antes permaneciam apenas em memória – compreensão da compra e venda de animais domésticos e dote, contratos de terras e testamentos, além de lendas que explicavam as origens do mundo e o significado de diferentes culturas (e seus registros). Alfabetos e outros sistemas de símbolos gráficos e notações numéricas tiveram que ser criados para registrar os nomes, objetos e quantidades do que foi produzido. Profissionais especializados surgiram para criar e interpretar esses registros: padres que cuidavam dos registros ou documentos sagrados e escribas para outros escritos. Esses profissionais sempre foram poucos (e em virtude de seus privilégios representavam uma elite), detentores do poder de ler e escrever, enquanto a maioria da população permanecia analfabeta, dominada por aqueles que monopolizaram o controle do conhecimento do passado e do presente, registrado em documentos. Há quase mil anos começaram a surgir instituições, posteriormente denominadas “universidades”, dedicadas inicialmente à formação teórica de sacerdotes, ou seja, profissionais que seriam dirigentes de uma sociedade em que todo o funcionamento era 20 regido por ordens religiosas. Esperava-se que os padres, como líderes, dominassem os assuntos relacionados à religião e buscassem conhecimento tanto teórico (como teologia e filosofia) quanto prático (como retórica – o estudo de como se comunicar efetivamente oralmente e por escrito e como entender a comunicação dos outros com habilitação profissional). Embora essas instituições se especializassem principalmente em disciplinas puramente teóricas, com o tempo começaram a incluir o ensino na prática da medicina e do direito. No entanto, permaneceram extremamente elitistas, aceitando como alunos apenas aqueles de famílias ricas que podiam pagar professores particulares para ensinar seus filhos a ler e escrever, a interpretar textos sofisticados, a usar conhecimento abstrato para entender ideias complexas e realizar cálculos matemáticos. Quase trezentos anos atrás, começaram a surgir novas ideias que argumentavam que não era justo que alguns poucos na sociedade tivessem privilégios hereditários exclusivos (como o acúmulo de grandes riquezas com base na exploração de outras pessoas, poder absoluto sobre a vida e a morte) estranho aos outros e acesso privilegiado a todos os tipos de conhecimento). Essas ideias provocaram mudanças no poder econômico e político na Europa e estimularam o surgimento dos primeiros Estados-nação democráticos. As escolas "públicas" foram então criadas para oferecer educação à população em geral que antes era prerrogativa de instituições religiosas. A implantação da escola pública (prática de inclusão de todas as pessoas no programa educacional) foi um processo desigual. Em alguns países foi um sucesso desde o início; em outros ainda está sendo implementado e em outros mal começou. Nas áreas rurais, foram criadas "escolas de turma única" em que jovens de diferentes faixas etárias estudavam lado a lado, com os mais velhos eexperientes auxiliando os mais novos nos estudos, prática que ainda hoje é reconhecida como benéfica. Nas cidades, foram construídos edifícios escolares que continham (se os fundos públicos permitissem), além de salas de aula, uma biblioteca, um laboratório para o estudo de ciências naturais e línguas, bem como locais adequados para atividades esportivas e artísticas. Ainda hoje, a jornada escolar varia de país para país, chegando a sete horas naqueles onde a escolarização é mais prioritária. 21 Ao mesmo tempo em que as ideias democráticas se espalhavam pelo mundo, havia uma mudança no mundo do trabalho: embora a agricultura continuasse sendo importante para assegurar o abastecimento de alimentos e aumentar o comércio, surgia a "Revolução Industrial", uma nova forma de produzir os bens de que a sociedade necessita. Em tempos pré-industriais, objetos como roupas, sapatos ou, por exemplo, pás, eram feitos à mão – tudo à mão, individualmente e sob medida, por um profissional especializado na técnica e em seu próprio home Studio. Na nova era industrial, surgiram fábricas em instalações adequadas à produção de centenas ou milhares dos mesmos produtos por dia, sempre com o auxílio de máquinas cada vez mais sofisticadas. Para operar essas máquinas, os trabalhadores tinham que aprender a ler, escrever e aritmética, enquanto as escolas gradualmente organizavam seus currículos para preparar os jovens para trabalhar nessas fábricas, nos escritórios que as dirigiam e nas lojas que pareciam vender. produtos. As escolas também passaram a ter estruturas semelhantes a fábricas, produzindo milhões de alunos a cada ano que, além de estudarem os mesmos livros (com conteúdo idênticos), eram avaliados por testes padronizados (de forma semelhante aos carros produzidos em "linhas de montagem" ). Foi ao mesmo tempo uma resposta à exigência do pensamento democrático de assegurar a preparação formal para a vida econômica de todos os cidadãos e uma solução para a oferta de empregos para uma sociedade organizada em torno da produção industrial de bens materiais. 2.1 A APRENDIZAGEM E SEUS ELEMENTOS Com a massificação do ensino, foram criadas entidades dedicadas à investigação do processo de aprendizagem com o objetivo de descobrir como melhorar o processo de aquisição de conhecimentos e competências e como transformar essas competências em desempenhos cada vez mais bem-sucedidos. No entanto, a experiência dos últimos cem anos mostra que o grande problema não é a descoberta constante de novos conhecimentos (sobre a aprendizagem), mas a sua transferência para as instituições de ensino - escolas, universidades e programas educacionais nas empresas. A resistência a novas ideias e novas práticas leva muito tempo para ser absorvida e é possível observar mudanças decorrentes de novas ideias que comprovam a experiência. A mesma resistência ocorreu durante o século XIX, quando foi comprovado em laboratórios científicos que organismos microscópicos (bactérias e vírus) causam doenças. 22 Demorou toda uma geração (quase quarenta anos) para que os profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) aceitassem essa nova ideia e passassem a agir de forma adequada, lavando sempre as mãos. O mesmo está acontecendo hoje com novas ideias sobre a aprendizagem humana. Muitos educadores e instituições acreditam que o processo deve ser para que o aluno absorva e memorize uma grande quantidade de fatos (historiográficos, por exemplo: que Cabral desembarcou no Brasil em 1500) e conhecimentos (por exemplo, que a revolução pela independência e justiça social na América do Norte e na França no final do século XVIII desencadeou uma sucessão de movimentos de liberdade em todo o mundo ocidental) e suas possíveis replicações em evidências acadêmicas. O vestibular no Brasil é um exemplo desse conceito ultrapassado, que exige principalmente que os candidatos aprendam apenas de cor. Embora o pensamento científico ainda esteja avançando no funcionamento das coisas, atualmente é possível dizer que o processo de aprendizagem envolve quatro elementos básicos: aquele que quer aprender (aluno, aluno, aprendiz); conhecimento em si (ideias, conceitos, informações, representados em textos, imagens ou sons ou combinações dos mesmos); alguém que saiba organizar o conhecimento adequadamente para a aprendizagem (professor, instrutor ou equipe multidisciplinar); e o contexto ou situação em que a aprendizagem ocorrerá (aula presencial convencional - todos os participantes reunidos no mesmo local no mesmo horário ou situações flexíveis - mudança de horário e local para cada aluno, todos "participando" quando é mais conveniente). A palavra "ensinar" não é usada hoje porque sugere que o mais importante no processo educacional é o que o professor transmite ao aluno, em um processo de comunicação unidirecional em que o professor desempenha um papel ativo e o aluno um passivo Função. em seu caderno o que o professor disse ou "ensinou". A pesquisa até agora mostrou que é o aluno que deve estar ativamente envolvido no processo de aprendizagem, descobrindo o conhecimento necessário por meio de tentativa e erro, tentando resolver uma variedade de problemas e apenas sendo guiado pelo professor ou instrutor. Se o professor fornece conhecimento como um “prato preparado” em um restaurante, o aluno não entende o contexto em que a solução surgiu; sua motivação é justamente lembrar a conclusão, a resposta correta, a satisfação do professor e da escola. Cabe ao professor reconhecer que seu papel não é mais “entregar” ao aluno um conjunto de fatos e saberes “já mordidos” que representam apenas sua visão do fenômeno em estudo, ou seja, um processo limitado em uma sociedade pluralista com acesso à informação em qualquer biblioteca pública ou via Internet. 23 Um professor que limita seu trabalho a transmitir fatos e a entrega de conhecimento aos alunos logo será substituída por computadores e sites que realizam essa tarefa 24 horas por dia, sete dias por semana. Mas um profissional que concentra seus esforços na criação de ambientes e tarefas que permitam aos alunos descobrir por si mesmos (fatos e conhecimentos com diferentes interpretações das informações obtidas) jamais será substituído. no ensino presencial ou a distância. Além disso, é importante que a aprendizagem seja "situada" em um contexto familiar para cada faixa etária, evitando assim que expressões retóricas (metáforas, metonímias e dispositivos figurativos em geral) sejam fora do universo de experiência do aluno (os elementos simbólicos devem, portanto, ser devidamente contextualizados). Independentemente do fator contextual, é importante que a situação de aprendizagem ofereça ao aluno uma “zona segura” na qual é possível cometer erros: é favorável para a aprendizagem que o aluno assuma riscos, tente diferentes formas de encontrar soluções adequadas para os problemas. Enquanto no passado o ensino convencional esperava que o aluno aprendesse uma única resposta "correta" e um único caminho para chegar lá, hoje o aluno é encorajado a explorar caminhos alternativos. É igualmente importante que o aluno preste atenção ao caminho que percorreu para o conhecimento. Estar ciente do que o ajudou a chegar ao lugar certo permite que você discuta e compare com os colegas as diferentes estratégias que escolheu, uma sabedoria (chamada "metacognição") que pode ser posteriormente transferida para outros desafios do estudo. Sabemos que, assim como cada indivíduo tem uma impressão digital, cor de voz e padrão de íris únicos, cada indivíduo tem um 'estilo de aprendizado' diferente. Alguns são bons com números; outros com redação e interpretação de textos; outros com música ou usando o corpo em esportes e arte. Isso significa que todos nós temos certas habilidades mentais envolvidas no aprendizado e nas atividades diárias, mas em diferentes "dosagens"ou configurações. Assim, algumas pessoas aprendem melhor lendo textos, enquanto outras o fazem por meio de imagens e sons (como vídeos e multimídia). Assim como um tamanho de sapato não serve para todos, uma certa abordagem de aprendizado pode ser satisfatória para alguns, mas não para outros. Por esse motivo, um dos objetivos do aprendizado hoje é torná-lo o mais "sob medida" possível para cada aluno. As novas tecnologias de comunicação oferecem excelentes condições para lidar com palavras, imagens e sons, o que permite preparar ambientes de aprendizagem para pessoas com diferentes "estilos" ou perfis de aquisição de informação e conhecimento. A descoberta nos últimos anos de que existem grandes diferenças nos estilos de aprendizagem entre jovens e adultos levou à criação de termos para essa distinção: "pedagogia" 24 refere-se à aprendizagem de jovens e "andragogia" refere-se a adultos. Aprendendo. "Heutagogia" é um termo usado para autoaprendizagem, onde não há professor ou escola e o aluno precisa ou quer adquirir novos conhecimentos por conta própria. Como veremos adiante, a questão dos diferentes "estilos" de aprendizagem desempenha um papel importante na educação a distância. 2.2 A MOTIVAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Embora muitas pessoas tenham descoberto recentemente as possibilidades do ensino a distância, na verdade é uma prática tradicional que começou por volta de 1850 em vários países da Europa. O motivo de oferecer educação e formação àqueles que por uma razão ou outra não puderam frequentar a escola surgiu da vontade de alargar a oportunidade de autoaperfeiçoamento a todos os que querem aprender e satisfazer as suas mais diversas ambições. Fornecendo acesso a conhecimento de técnicas agrícolas modernas ou reparos em geral (relógios, motores, objetos em geral), as pessoas que concluíram esses cursos tiveram mais oportunidades em diferentes carreiras, fator que reduziu as grandes diferenças entre a vida nas grandes cidades e a vida nas cidades menores, mais remotas e isoladas. No caso do ensino superior, a Universidade de Londres iniciou programas de ensino a distância por meio de cursos por correspondência em 1858, e os cursos por correspondência funcionavam em um ambiente onde os alunos tinham mais tempo para pensar sobre o tema, mais oportunidades de usar sua imaginação e mais satisfação pessoal no contato com instituições e pessoas em lugares distantes. Entre seus alunos mais famosos Mahatma Gandhi e Nelson Mandela (que estudaram direito), além de quatro cientistas que mais tarde ganharam o Prêmio Nobel. Quando percebemos que aproximadamente uma em cada dez pessoas em qualquer país sofre de necessidades especiais (cegueira, surdez, incapacidade física de locomoção, entre outras limitações), além daquelas (em grande número) que não podem sair de casa por obrigação de cuidar de familiares idosos ou filhos, fica muito claro o papel da "inclusão social" por meio da educação a distância. Se a pessoa não pode ir à escola ou universidade, a instituição tem que ir! Durante os primeiros cinquenta anos, o "sistema de entrega" do conhecimento na educação a distância foi impresso entregue aos alunos pelo correio. A instituição que ministrou o curso recebeu (e devolveu os corrigidos) exercícios acadêmicos e a tese produzida pelo aluno. 25 Os cursos de "correspondência" têm sido econômicos tanto para o aluno quanto para a instituição que os oferece. Embora já existam novos recursos eletrônicos sofisticados para a realização de cursos à distância, muitas pessoas ainda não têm acesso a eles, e os cursos por correspondência são para eles uma “tábua de salvação” garantindo o acesso ao conhecimento e à experiência, a certificação de suas habilidades. Na primeira década do século XX, com o advento da cinematografia, essa tecnologia de comunicação passou a ser utilizada para o ensino a distância: escolas, universidades e empresas criaram cursos completos sobre filmes que foram distribuídos nacional e internacionalmente. Nas terceira e quarta décadas, muitos países passaram a utilizar o rádio para cursos em todo o seu território. O mesmo vem ocorrendo desde a década de 1950 com o advento e popularização da televisão. Assim como os cursos por correspondência, o ensino por rádio e televisão não permite interação, discussão ou trabalho em equipe entre os alunos, pois toda a comunicação é feita diretamente entre o aluno e a instituição. Mesmo assim, essas soluções de transmissão são muito importantes nos países em desenvolvimento, pois atingem muitas pessoas espalhadas por uma ampla área geográfica, incluindo locais muito distantes dos principais centros. Hoje já existem novos recursos eletrônicos sofisticados para a realização de cursos à distância, muitas pessoas ainda não têm acesso a eles, e os cursos por correspondência são para eles uma “tábua de salvação” garantindo o acesso ao conhecimento e à experiência, a certificação de suas habilidades. Na primeira década do século XX, com o advento da cinematografia, essa tecnologia de comunicação passou a ser utilizada para o ensino a distância: escolas, universidades e empresas criaram cursos completos sobre filmes que foram distribuídos nacional e internacionalmente. Nas terceira e quarta décadas, muitos países passaram a utilizar o rádio para cursos em todo o seu território. O mesmo vem ocorrendo desde a década de 1950 com o advento e popularização da televisão. Cada tecnologia de comunicação possui características distintas e pode ser utilizada em diversas situações como entretenimento ou aprendizagem; estamos fazendo bom uso de todas as tecnologias que já temos em mãos para atender às necessidades de aquisição de conhecimento que nossa sociedade exige hoje? conhecimento. Essas soluções utilizam um sistema de comunicação que, já instalado para outras finalidades (entretenimento, notícias), é econômico, considerando o grande número de ouvintes que a programação atingirá. 26 Na segunda metade do século XX, as fitas cassete e, posteriormente, os gravadores de vídeo começaram a ser usados para o aprendizado. Pela primeira vez, o audiocassete oferecia uma alternativa aos materiais impressos porque permitia mobilidade e portabilidade – o aluno podia levar conhecimento em viagens longas ou curtas e receber informações por meio de um aparelho pequeno e barato. A flexibilidade de poder escolher dia e horário para aprender passou a atrair muitos potenciais aprendizes. A “comodidade” de estudar onde, quando e como se tornou uma das principais características da educação a distância. Hoje é tecnologicamente possível nesta área programar um gravador de vídeo ou DVD, i-pod, MP3 ou aparelhos avançados e gravar uma aula transmitida em um dia e horário específicos para visualização em outro dia e horário. Essas tecnologias foram de grande importância na educação a distância porque facilitaram a vida do aluno ao fornecer o conhecimento em "pacotes", suportando muitas informações em um espaço pequeno, disponíveis em dispositivos leves e portáteis que podiam ser acessados repetidamente e repassados a muitas pessoas. Os satélites artificiais, desenvolvidos a partir da década de 1950, também foram relevantes, pois possibilitaram o ensino a distância em escala global. Mas foi com o advento do computador que o ensino a distância deu um salto extraordinário, pois, ao contrário de todas as máquinas inventadas anteriormente, ele é capaz de realizar não apenas uma função, mas várias ao mesmo tempo. Um computador é uma máquina "multimídia", ou seja, permite gravar palavras, imagens e sons. É também uma máquina de "comunicação" que permite enviar e receber mensagens (com textos, imagens ou sons) à escala global, desde que ligada por cabo ou por sistema "wireless" (transmissão bidirecional de sinais a curta distância, à rede telefónica. Além disso, um computadorexecuta certas formas de "pensamento", como procurar uma palavra ou grupo de palavras em um grande corpo de conhecimento (como uma enciclopédia de 30 volumes) ou ordenar alfabeticamente todas as palavras em tal enciclopédia, de modo que que para fins de pesquisa ou, se devidamente programado, traduzir instantaneamente qualquer texto. passar de uma língua a outra com um grau de precisão constantemente superado. Com base nos dados do passado armazenados em sua memória, o computador pode projetar situações no futuro para criar cenários alternativos e ajudar na tomada de decisão. Por fim, pode "dialogar" com seu usuário via texto ou voz. Redes de comunicações eletrônicas de acesso público que surgiram na década de 1980 ao permitirem a interligação de computadores domésticos que os cidadãos começaram a 27 adquirir em suas casas, somados aos de empresas, órgãos governamentais e locais públicos de livre acesso (telecentros), possibilitaram conectar todos os computadores do mundo. Para quem se interessa por educação e treinamento, algo mais importante não poderia acontecer: um grande público cada vez mais empoderado, instalações adequadas para a realização de cursos à distância e para posterior utilização dessas mesmas facilidades para ampliar continuamente o conhecimento. 2.3 EXISTE VANTAGEM DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SOBRE A PRESENCIAL? A educação a distância reúne algumas características que nos permitem afirmar que, em geral, nas condições típicas de educação presencial e educação a distância, é mais provável que a educação a distância tenha resultados positivos na aquisição de novos conhecimentos pelos alunos que fazer cursos. Isso porque, enquanto uma aula presencial tem apenas um professor e sua então imaginação, energia e inspiração (claro, entre outras coisas, livros didáticos, mapas e até data show), na educação a distância cada curso é sempre preparado por uma equipe de especialistas, cada um dos quais contribui com seu talento e experiência para criar um produto organizado nos mínimos detalhes para alcançar o sucesso planejado. É esse planejamento, feito com antecedência e sem improvisos, que garante a qualidade e o sucesso do curso a distância. Muitos educadores que têm uma visão nostálgica dos processos educativos passados consideram insubstituível o "toque" pessoal do professor em sala de aula. Mas eles se esquecem de que nem todo professor tem imaginação, inspiração e energia ideais para dar a palestra brilhante esperada toda vez que encontram os alunos face a face. Esquecem também que o atendimento presencial é extremamente caro e elitista, enquanto o ensino a distância, pelo processo quase industrial pelo qual é conduzido, é econômico e democrático e permite o atendimento de grande número de alunos. pessoas que querem aprender. Outra vantagem do ensino a distância é a oferta de "habilidades Hibridas" (às vezes chamado de "blended" - (mix), ou seja, parte à distância e parte presencial. Por exemplo, um curso universitário poderia ser criado para economizar tempo e dinheiro que os alunos gastariam em viagens remotas. A última vantagem da educação a distância sobre a presencial é que o curso ministrado em rede de computadores é estruturado com muita interatividade e muita colaboração entre os alunos, estratégias que farão parte do dia a dia de todos. profissionais no futuro e cujo uso qualificado será decisivo para o seu sucesso. 28 Capítulo 03 O preconceito contra o EaD Estamos em uma fase educacional de transição, saindo de um ambiente educacional elitista, unidirecional (a informação passa do professor para o aluno) e carente de recursos em termos de ofertas educacionais para a maioria daqueles que querem aprender. Muitos educadores ainda não conseguiram se livrar dos laços nostálgicos com a forma como eles próprios aprenderam. Tanto no ensino básico como no ensino básico e superior, os professores resistem a novas abordagens mais de acordo com o temperamento dos jovens, as descobertas sobre a cognição humana (às quais já chegaram as neurociências) e as possibilidades oferecidas pelas novas informações e tecnologias de comunicação. Às vezes, quando questionado sobre a eficácia do ensino a distância, ele responde: "Não vi e não gostei!" ou "Minha disciplina não pode ser ministrada à distância!". Esta atitude conservadora, que apenas preserva as estratégias pedagógicas do passado ("Aprendi assim!"), opõe-se à criação de um novo ambiente de aprendizagem. Em vez de confrontar os prós e contras da educação a distância com equanimidade, esses professores concentram suas críticas no que veem como "buracos" no processo, por exemplo: assumem que deve haver muita desonestidade nas provas e provas na educação a distância porque o aluno está afastado do examinador e acredita que a natureza da avaliação é "colar" ou usar outros meios ilegais para passar no curso. A credibilidade do EAD é inequívoca devido ao sucesso de milhões de pessoas em todo o mundo que estudam remotamente em instituições acadêmicas de prestígio. Existem várias estratégias para avaliar um educando a distância e evitar práticas desonestas. Outra crítica que não pode ser resistida vem do desconhecimento de como funciona o ensino a distância, assumindo que é uma metodologia de aprendizagem “robótica” onde as máquinas fazem perguntas ao aluno que responde, também como uma máquina, imaginando condicionamentos mais ou menos como Pavlov. experiência com cães em seu laboratório. Nada poderia estar mais longe da verdade. A boa prática do ensino a distância hoje vai muito além do simples processo de leitura, memorização e revisão, como veremos na próxima seção. De qualquer forma, quando alguém critica a educação a distância como um todo, é porque não conhece a prática e, como o avestruz (que enfia a cabeça no chão quando está com medo), não consegue ver o que está acontecendo ao seu redor. 29 A aceitação da educação a distância, tanto na sociedade como um todo quanto na comunidade educacional profissional, continua a crescer exponencialmente. A distinção histórica entre educação a distância e educação presencial está se estreitando na medida em que um educador afirma que “[...] não é mais necessária a proximidade física de professores e alunos dentro de espaços institucionais ou locais de aprendizagem em momentos específicos. Em abril de 2006, o Ministério da Educação de um dos estados mais populosos da América do Norte tornou obrigatório que todos os alunos do ensino médio concluíssem pelo menos uma disciplina pela Internet antes da formatura. Nesse mesmo ano, 7% (cerca de dez milhões de pessoas) de todos os universitários daquele país fizeram seus cursos totalmente online. Em um estudo do Consortium Sloan sobre a credibilidade do ensino a distância entre os 500 maiores empregadores dos EUA (embora 38% dos recrutadores tenham dito que valorizam menos o ensino a distância), 10% disseram que valorizam mais o EAD e 52% descobriram que entre ambos não há diferença significativa entre os dois métodos. Quando falamos em tecnologias convencionais na educação a distância, pensamos em materiais impressos, filme, vídeo, CD e DVD, rádio e televisão. Todas essas tecnologias são válidas como estratégias de aprendizagem hoje, mas apresentam certos inconvenientes, seja porque não permitem a interação entre os alunos que estudam a mesma matéria ao mesmo tempo, seja porque exigem que os alunos estejam em um determinado local, em um determinado dia e tempo para receber o conteúdo educacional da transmissão. Claro que sempre é possível gravar a transferência do conteúdo em algum suporte físico, para posterior consulta, mas nem todos os alunos possuem os equipamentos necessários. Até que a maioria das famílias em qualquer país tenha um computador e equipamentos de telecomunicações, esses meios "convencionais" terão que continuar a ser usadospara atender o público em geral com necessidade de informação. A aprendizagem feita 'online', ou seja, através da 'World Wide Web' (comumente chamada de web), tem diferentes estruturas. Apesar de se tratar de um fenômeno relativamente recente (início dos anos 90) e de um boom extremamente rápido em escala global, é possível identificar três principais setores de crescimento. O primeiro e mais famoso é aquele em que você encontra "tutoriais", também chamados de "cursos", com duração que pode variar de dez a quinze minutos (aprender uma coisa simples e urgente) a vários meses.. Por ter uma estrutura de curso, isso significa que contém leituras, possivelmente atividades práticas de aprendizado e, possivelmente, um teste para testar o quão bem o aluno absorveu o novo conhecimento. A realização de cursos pela web geralmente é feita por meio de um programa de computador, geralmente chamado de "sistema de gerenciamento de aprendizagem", instalado 30 em um dos potentes computadores da instituição que oferece o curso, ao qual os alunos podem acessar através de seus computadores, rede telefônica (com ou sem fio ) ou televisão por assinatura a cabo. Esse processo costuma ser chamado de “aprendizagem virtual” porque todas as ações do curso acontecem em um espaço “virtual”. O conceito de virtualidade é muito importante hoje. Imagine que você está falando com alguém ao telefone. A comunicação telefónica está no "espaço virtual", invisível entre o emissor e o receptor; Não é um local com existência física, mas um “espaço” que nos permite realizar cada vez mais transações que fazem parte do nosso quotidiano: transferências bancárias, reservas de hotéis, compras de bilhetes de avião. , "reuniões virtuais" e atividades similares. A comparação explica esse fenômeno: "virtual" é algo que não está, mas parece estar (como o uso da realidade virtual, que pode simular lugares reais ou imaginários); "transparente" define o que está lá, mas não parece estar (como em um aluno que usa seu computador para solicitar informações de outro computador remoto e que recebe (sem ser informado ou ciente) informações fornecidas por um terceiro computador. ). Um computador conectado a redes de telecomunicações pode ajudar o aluno a enriquecer e aprofundar a compreensão de conceitos complexos por meio da apresentação de informações sofisticadas que esclarecerão as dúvidas mais comuns. O programa de computador então cria um espaço virtual por meio do qual os alunos podem acessar o conteúdo preparado pela equipe de desenvolvimento do curso, "conhecer" outros alunos, conversar, discutir ideias e preparar trabalhos em colaboração com os colegas do curso. , consultar o professor e realizar outras atividades semelhantes importantes para o aprendizado. Muitos sistemas de gerenciamento de aprendizagem oferecem diferentes estruturas e opções pedagógicas para atender a diferentes perfis de alunos. Os cursos à distância podem ser realizados de três formas: manualmente (por uma equipe profissional) ou externamente. No primeiro caso, o professor (ou especialista no assunto) trabalha basicamente sozinho e cria textos, gráficos e outros materiais usando software proprietário. Em seguida, este conteúdo é adaptado ao programa de computador (learning manager) existente no servidor que atenderá os alunos. O professor pode criar um cronograma de atendimento síncrono ou assíncrono com os alunos durante o curso. No segundo caso, é uma equipe de no mínimo seis profissionais especialistas que trabalham de seis a dezoito meses na produção do curso. No terceiro caso, há uma divisão do processo produtivo com separação de funções e contratação de diferentes empresas especializadas em diferentes funções, tais como: coordenação (matéria organizadora do curso); contente; pedagogia; web design ou produção 31 audiovisual; tecnologia (dividida na utilização do programa que gerencia o conteúdo [“plataforma”] e na hospedagem do conteúdo no servidor); apoio à aprendizagem dos alunos; coordenação administrativa/financeira; produção e entrega de um certificado ou diploma. A terceirização tem vantagens e desvantagens que dependem das condições locais e do momento. Instituições educacionais convencionais muitas vezes realizam a maioria dessas atividades internamente e terceirizam os aspectos mais tecnológicos, como manutenção da plataforma, servidores e conexões de telecomunicações. As dificuldades em encontrar "escritores de conteúdo" de qualidade criam oportunidades para parcerias entre editoras de livros universitários e instituições de ensino a distância. E-learning (abreviação de electronic learning) refere-se a um processo educacional que inclui conteúdo disponível online. Funciona na intranet (rede eletrônica exclusiva da organização para seus funcionários), na extranet (rede semiaberta que inclui fornecedores, clientes e funcionários da própria empresa), abertamente na web ou na televisão interativa. O ambiente virtual disponibilizado pelo software de e-learning, denominado plataforma, é constituído por vários elementos que suportam todos os atos de comunicação que fazem parte do processo de aprendizagem: • portal (ou ponto único de entrada) • sistema de gerenciamento de usuários (determinando quem tem acesso) • um ambiente colaborativo • e-mail (assíncrono) • Discussão dividida por tópicos (assíncrona) • espaço para webcasts (síncronos) • área para simulações e compartilhamento de recursos (síncrono) • quadro branco e bate-papo (síncrono) • serviço de eventos • serviço para gerenciamento de conteúdo de aprendizagem, como objetos reutilizáveis e material de aprendizagem convencional para apoiar a aprendizagem "combinada" • sistema de avaliação do aluno • perguntas com a opção de marcar várias respostas • respostas mais corretas • respostas curtas • perguntas (alternativas falsas/verdadeiras) • escrever um ensaio • simulação 32 • trabalho em equipe • apoio de processos de acreditação • sistema de gerenciamento de ensino • candidatos ao curso • subsistema de transcrição do aluno • um plano de desenvolvimento pessoal para cada aluno • registros do palestrante • programas educacionais • gerenciar os aspectos de propriedade intelectual dos materiais do curso • banco de dados de suporte do curso • um ambiente de interação dos alunos onde é possível conversar sobre assuntos pessoais e construir um senso de 'comunidade'. Nos primórdios do e-learning, os alunos tinham muitos problemas devido à inconsistência de navegação e apresentação das informações. Houve descontinuidade entre as diferentes áreas funcionais (nomeadamente ao nível do acesso aos conteúdos curriculares, das discussões em grupo e dos processos de avaliação dos alunos). Existia uma certa rigidez e “hostilidade” sistémica decorrente do facto de o novo sistema continuar a utilizar o antigo paradigma da sala de aula com toda a atenção centrada no professor e desenho linear e demasiado restritivo em relação aos procedimentos. Em algumas plataformas, é possível observar uma redução significativa no sentido da presença de seres humanos comunicantes, substituídos por processos essencialmente automatizados (às vezes chamados de “a quinta geração da educação a distância”); outros procuram enfatizar a sensação de "conforto" e "calor" para o aluno no ambiente de estudo. Hoje, existem muitas plataformas, tanto comerciais quanto gratuitas, que seguem os princípios de design já consolidados: fácil de usar, fácil de acessar, flexível e eficiente. Algumas grandes instituições que oferecem e-learning estão seguindo a tendência de optar por plataformas gratuitas de "código aberto" porque possuem os recursos financeiros necessários para customizar o software e continuar fornecendo suporte técnico para seu uso dentro da comunidade. instituições, enquanto instituições menores tendem a preferir plataformasproprietárias, que são caras, mas incluem suporte de longo prazo para aqueles que podem pagar. Uma terceira alternativa é que muitas instituições optam por preparar o conteúdo de seus cursos internamente e terceirizar a preparação e manutenção da plataforma tecnológica por meio de empresas especializadas que garantem atendimento 24 horas por dia, 7 dias por semana. 33 A realidade virtual e a telepresença são cada vez mais utilizadas na educação a distância, assim como as imagens tridimensionais, exemplificadas pelos sites "SecondLife.com" e "FarmVille.com", lançados pela primeira vez em 2003 (com mais de 19 milhões de "residentes" em 2010) e o segundo, com estrutura de jogo social, lançado em 2009 (com 60 milhões de "agricultores" em 2010). Cada morador pode ter um "avatar" programável (uma representação gráfica do usuário) que pode criar projetos com ou sem fins lucrativos. Ambos os ambientes oferecem “moeda virtual” para compra, venda e aluguel de “terrenos”, bens e serviços. Centenas de universidades ao redor do mundo utilizam a modalidade "mundo virtual" para ministrar cursos. As notícias sobre o avanço da realidade virtual em três dimensões pela web são animadoras e destacam a qualidade da interatividade. 34 Capítulo 04 INTERAÇÃO E INTERATIVIDADE Segundo Lippman (1998), a interatividade pode ser definida como a atividade mútua e simultânea por parte de dois agentes, geralmente em direção ao mesmo objetivo, podendo provocar mudanças no comportamento entre eles. Com esse conceito em mente, pode-se acrescentar a característica de bidirecionalidade do processo, em que o fluxo ocorre em duas direções e os agentes (emissor e receptor) se comunicam entre si durante a construção da mensagem. Landim (1997) é mais específico quando afirma que a interatividade na educação a distância envolve a mediação, que se constitui no manejo dos conteúdos e das formas de expressão e na relação de comunicação. A interação com pessoas que possuem princípios de vida, hábitos, habilidades, conhecimentos, preconceitos, limitações diferentes, porém, exige atenção e flexibilidade, no que diz respeito à resolução de problemas, bloqueios, mal- entendidos e objeções. A interação não é apenas entre o aluno e o material; ela se dá entre alunos, alunos e tutor, alunos e instituição de ensino, bem como entre outros elementos que compõem o universo do aluno (história de vida, família, trabalho etc.). Diante dessa diversidade, é preciso atenção para valorizar as diferenças, estimular ideias, opiniões e atitudes, desenvolver a capacidade de aprender a aprender. 4.1 BARREIRAS DO PROCESSO ENSINO-EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E BENEFÍCIOS DA INCLUSÃO DE PROGRAMAS INTERATIVOS NO AMBIENTE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Segundo Isotani (2009), existem diversas barreiras no processo ensino-aprendizagem a distância, dentre elas: falta de motivação pessoal; avaliação atrasada ou insuficiente; falta de contato com o professor; despreparo técnico do aluno ou professor; sentir-se alienado e isolado; conteúdo fora de ordem e em formato inadequado; falta de suporte técnico. Por outro lado, seus 35 benefícios vão além dessas barreiras e possibilitam cursos de qualidade quando há prática em encontrar seu escopo, por exemplo: a possibilidade de utilizar diferentes formas de apresentação de um mesmo material; permite a análise contínua do curso; pode aumentar a taxa de aprendizagem; permite criar ambientes de aprendizagem em modo de autoaprendizagem; fornece um meio de combater o sentimento de isolamento ou alienação e permite o registro das interações dos alunos com o conteúdo. Vemos a necessidade de superar essas barreiras para que essa modalidade de ensino não falhe e seus benefícios contribuam para o processo ensino-aprendizagem. 4.2 FERRAMENTAS INTERATIVAS Para Fuks et al. (2004) “ferramentas interativas são aquelas utilizadas para facilitar o processo de ensino e aprendizagem e para estimular a colaboração e interação entre os participantes de um curso baseado na web”. 4.2.1 Tipos de ferramentas interativas 4.2.1.1 As ferramentas assíncronas “são aquelas que independem de tempo e lugar e podem revolucionar o processo de interação entre professores e alunos” (LINS, MOITA, 2009). Como exemplos: E-mail, que é considerada a ferramenta mais utilizada na Internet e que permite a troca de mensagens e o compartilhamento de informações; enviar e receber texto simples, arquivos de áudio, planilhas, imagens, anexos (arquivos anexados), capacidade de usar dispositivos de segurança para criptografar mensagens. Fórum ou lista de discussão, permite a comunicação entre membros do projeto ou pessoas interessadas em temas específicos; A participação de novas pessoas pode ser aberta ou restrita. Webblogs ou Blogs é um diário virtual. Ser a ferramenta mais conhecida e utilizada no contexto educacional; FTP - protocolo de arquivo é o fornecimento de arquivos contendo som, texto, imagem ou vídeo (MEHLECKE, TAROUCO, 2009). 36 4.2.1.2 As ferramentas síncronas são aquelas que exigem que professores e alunos participem de eventos planejados com horários específicos para sua realização. Ocorrendo em tempo real (online), eles proporcionam aos alunos e professores da EAD, bem como a todos os envolvidos na instituição, grupos e comunidades, interação imediata e um senso de persistência na continuidade de seu curso. O desenvolvimento da agilidade na comunicação ocorre de forma harmoniosa no processo de aprendizagem devido ao fácil relacionamento entre professores-alunos, alunos- professores e alunos-alunos, onde todos estão envolvidos na interação e interatividade (LINS, MOITA, 2009). Como exemplos: Chat (sala de bate-papo), meio com potencial didático para estudo, pouco utilizado em atividades pedagógicas, possibilita a comunicação síncrona entre diferentes pessoas que estão conectadas em determinado momento. Os estudos na literatura sobre o uso pedagógico do chat ainda são incipientes, a maioria desses materiais se limita a apontar suas características gerais sem entrar em detalhes sobre suas possibilidades específicas. Portanto, é necessário realizar estudos experimentais relacionados ao seu uso como ferramenta de comunicação e ferramenta pedagógica que gera aprendizado e mecanismos para superar as dificuldades e limitações que o uso do Chat no ensino oferece (MERCADO, 2009) A videoconferência, que segundo Santos N. (1998) é uma forma de comunicação interativa que permite que duas ou mais pessoas que se encontram em locais diferentes se encontrem face a face por meio de comunicação áudio e visual em tempo real. Sua utilização traz uma série de vantagens: economia de tempo, evitando deslocamentos físicos para um local especial e economia, redução de custos de deslocamento e recurso de busca, já que a reunião pode ser gravada e acessada posteriormente. Audioconferência, um sistema de transmissão de áudio, recebido por um ou mais usuários simultaneamente. Disponibilização de arquivos contendo som, texto, imagens ou vídeo. (MEHLECKE, TAROUCO, 2009). A interação entre os indivíduos ocorre por meio de um canal de áudio onde é possível ouvir e se comunicar; curso, palestra, reunião, entre outros. Um canal de texto via chat em uma sala virtual onde os participantes podem postar dúvidas, opiniões, expressar suas opiniões sem interromper a fala do outro que está falando no momento. Este tipo de ferramenta tem suas vantagens em relação a outras ferramentas sem precisar de muita sofisticação, o que permite sua real funcionalidade com um computador com configurações mínimas; gabinete de som; microfone ou fones de ouvido; Conexão com a Internet, mesmo que seja uma linha dial-up. 37 Teleconferência é qualquer tipo de conferência remota em tempo real envolvendo a
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