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Matéria: Didática da História e Geografia Assunto: Temas 1 ao 10 Curso de Pedagogia Licenciatura – 5º Período Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 2 de 64 Durante muito tempo a Geografia foi utilizada como instrumento de análise astronômica e produção cartográfica das regiões habitadas e, até mesmo, das regiões imaginadas. Um exemplo disto é o chamado Tratado de Tordesilhas (1494), que estabelecia uma linha imaginária dividindo as terras “descobertas e por descobrir” entre o Reino de Portugal e o Reino da Espanha. As representações cartográficas das regiões designadas pelo Tratado apresentam porções de terras que não haviam sido exploradas até então. Naquele momento, os objetivos principais da Geografia estavam relacionados ao levantamento de informações sobre os espaços naturais propícios à exploração e ao mapeamento de rotas marítimas e comerciais. A partir do desenvolvimento dos Estados Nacionais, na Idade Moderna, as mudanças sociais, culturais e as transformações nas relações entre a sociedade e a natureza modificaram a forma como a Geografia era concebida. As instituições de ensino passaram a utilizar os conhecimentos geográficos como instrumento de valorização dos projetos nacionais e se preocupavam principalmente com a criteriosa caracterização das paisagens dos países e descrição dos lugares. As concepções filosóficas e o desenvolvimento científico que atingiu todas as ciências humanas e naturais no século XIX influenciaram significativamente a Geografia. Até meados do século passado, a Geografia mantinha muitos fundamentos epistemológicos decorrentes do positivismo e do darwinismo. Tal influência fez com que os estudos geográficos centrassem suas análises em aspectos basicamente regionais, na busca por explicações quantitativas e objetivas da realidade. A orientação positivista que marcou as ciências geográficas até então sedimentava a ideia de que o saber deveria ser neutro, desvinculado das esferas políticas e das relações de poder, com preocupações voltadas para a infalibilidade científica pautada na observação, descrição e busca de leis gerais e objetivas que permitissem explicar diferenças regionais. As influências darwinistas também orientavam a Ciência Geográfica, uma vez que se acreditava no meio como um fator de seleção natural dos indivíduos mais aptos de uma espécie. Consequentemente, a sociedade também seria orientada por leis naturais que serviam para legitimar o poder, a defesa e a conquista dos espaços e territórios. Teóricos como o geógrafo alemão Friedrich Ratzel (1844-1804) adotaram os pressupostos do Positivismo evolucionista como instrumento legitimador do colonialismo e defesa da hegemonia dos povos considerados mais fortes e desenvolvidos. Tais pressupostos fortaleciam a crença no progresso e legitimavam Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 3 de 64 a colonização e a disputa entre os povos como um instrumento apropriado para a evolução. Neste sentido, os europeus eram considerados mais adaptados ao meio e, portanto, mais aptos para o domínio de outros povos (FABRÍCIO, 2011). As influências do historicismo alemão do final do século XIX foram fundamentais para o desenvolvimento da Ciência Geográfica, pois, ao distinguir os fenômenos sociais das condições naturais, refutava a concepção determinista das leis naturais e sociais. Neste sentido, o próprio cientista precisa ser compreendido dentro do seu espaço e do seu tempo, o que reflete diretamente no produto do seu trabalho, contrariando a compreensão positivista de neutralidade científica. Neste contexto, os paradigmas levantados pelo historicismo favoreceram o distanciamento entre as ciências físicas e humanas. A Escola Geográfica Francesa foi muito importante, principalmente pelos estudos do geógrafo Paul Vidal de La Blache, que buscou inserir o aspecto historicista na Geografia. Embora criticasse o positivismo evolucionista de Ratzel, sustentava conceitos e estruturas de análises atrelados ao Naturalismo e ao Positivismo. Neste sentido, a territorialidade era composta pelos conceitos de lugar, paisagem e região de forma sobreposta. La Blache entendia que os conceitos de região e paisagem eram determinantes para a compreensão da diversidade do mundo e que a ligação dos homens com seu espaço estava relacionada a uma espécie de física social, onde as necessidades humanas são definidoras dos espaços ocupados. Ele entendia que as sociedades e os espaços se constroem sem pretensões políticas ou ideológicas, ou seja, para La Blache, a Geografia não era ciência dos homens, mas dos lugares. A Geografia francesa do final do século XIX influenciou grandemente a Geografia brasileira, principalmente por meio de um importante interlocutor desta ciência, Miguel Delgado de Carvalho. Filho de pai brasileiro, Carvalho nasceu na França e voltou ao Brasil para desenvolver suas pesquisas de estudos para o doutoramento e divulgação da Escola Geográfica Francesa, tanto em nível médio quanto universitário. A influência deste modelo epistemológico de compreensão da Ciência Geográfica refletiu diretamente no ensino que enfatizava o estudo descritivo de paisagens, sem que existisse qualquer reflexão sobre as representações e os sentimentos humanos associados aos espaços observados. Os métodos de ensino privilegiavam a memorização, a observação, as generalizações e sínteses de conteúdos (BARROS, 2008, p. 317-333). A partir da segunda metade do século XX, as discussões avançaram e a Geografia revisou as análises sobre seu objeto de estudo, pois o método descritivo não atendia às demandas que permeavam o saber científico que tratavam dos conflitos ideológicos, contradições do mundo capitalista na distribuição da riqueza, exploração da natureza, mudanças de valores e formas de comportamento e revisão de conceitos em todas as áreas do conhecimento, entre outros. A crise de paradigmas que atingiu o campo científico mostrou o quanto os métodos tradicionais de investigação geográfica eram ineficientes para elucidar a complexidade das ações humanas e dos espaços. Os conceitos marxistas foram Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 4 de 64 amplamente estudados pelas chamadas ciências humanas e foram fundamentais para a revisão crítica do modelo epistemológico de compreensão geográfica naquele momento. Os estudos passaram a privilegiar as concepções ideológicas, as relações entre sociedade, trabalho e natureza na produção e apropriação de lugares e territórios. A crescente urbanização e os problemas oriundos deste processo – como migração, poluição, marginalização social, empregabilidade, ocupação de espaços, fontes de energia, entre outros – passaram a compor os campos investigativos da Ciência Geográfica. A Geografia tradicional e a defesa da neutralidade passaram a ser criticadas, pois não bastava explicar os processos de ocupação do mundo, era preciso transformá-lo. A chamada geografia crítica apontou um novo caminho para a compreensão do espaço. As categorias de análise do marxismo – como os modos, meios, relações sociais de produção, forças produtivas e formação social – permitiram reconhecer o espaço como produto das estruturas políticas, ideológicas e produtivas da sociedade. Neste sentido, a Geografia foi concebida como um instrumento para a promoção da cidadania, pois permitiu que os sujeitos percebessem o espaço como parte de um todo integrado, onde os indivíduos são responsáveis e comprometidos historicamentepela sua configuração. Embora as contribuições da geografia crítica sejam fundamentais para compreender muitos aspectos sociais, ela negligenciou a dimensão sensível de perceber o mundo, pois não reconhecia a subjetividade humana como elemento importante na definição dos espaços e na construção de territorialidades. Toda e qualquer pretensão neste sentido era considerada idealismo alienante. As explicações centradas a partir das determinações econômicas e de produção não conseguiam explicar as experiências vividas pelos indivíduos com seu espaço e com as representações simbólicas construídas pelo imaginário social. Teóricos das mais variadas áreas das ciências humanas passaram a rever os conceitos marxistas e a reconhecer o imaginário social como um elemento importante na construção do mundo natural e social. Cada sociedade define e elabora uma imagem do mundo natural, do universo onde vive, tentando cada vez fazer um conjunto significante, no qual certamente devem encontrar lugar os objetos e seres naturais que importam para a vida da coletividade, mas também esta própria coletividade, e finalmente uma certa “ordem do mundo”. Esta imagem, esta visão mais ou menos estruturada do conjunto da experiência humana disponível, utiliza as nervuras racionais do dado, mas as dispõe segundo significações e as subordina a significações que como tais dependem não do racional, mas sim do imaginário (CASTORIADIS, 1982, p. 179). As palavras de Cornélius Castoriadis (1982) mostram o quanto a dimensão concreta e material do mundo dependem do imaginário social, pois os significados nascem da percepção que se tem sobre os objetos concretos. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 5 de 64 A partir da segunda metade do século XX, a Geografia passou a se preocupar com a análise das percepções e significados que o homem atribui aos espaços, paisagens e lugares com os sentidos atribuídos pelo sujeito às suas experiências no mundo. O imaginário não deve ser aqui compreendido como o mundo do devaneio, mas o das representações. Para Michel Maffesoli (2001), o imaginário é o elemento que impulsiona as práticas; portanto, é o responsável pelas intervenções humanas no espaço. [...] o imaginário, mesmo que seja difícil defini-lo, apresenta, claro, um elemento racional, ou razoável, mas também outros parâmetros, como o onírico, o lúdico, a fantasia, o imaginativo, o afetivo, o não racional, o irracional, os sonhos, enfim, as construções mentais potencializadoras das chamadas práticas. (MAFFESOLI, 2001, p. 76) A valorização das dimensões subjetivas dos sujeitos por parte da Geografia ampliou o diálogo com outros campos das ciências, sejam elas naturais ou humanas. Neste sentido, a Geografia se aproximou de ciências como História, Antropologia, Sociologia, Filosofa e Psicologia, orientando suas análises nas questões relacionadas à cultura e nas representações que o homem faz de si, dos outros e do espaço. Esta interface permite a compreensão das especificidades e pluralidades dos lugares no mundo. O mundo tal como as pessoas o veem é reflexo deste sistema de ideias capaz de dar significado às coisas, ao mundo real, às experiências, como um todo. [...] o imaginário – este sistema de ideias e imagens de representação coletiva que os homens constroem através da história para dar significado às coisas - é sempre um outro real e não o seu contrário. O mundo, tal como o vemos, apropriamo-nos e transformamos é sempre um mundo qualificado, construído socialmente pelo pensamento. Esse é o nosso “verdadeiro” mundo, mundo pelo qual vivemos, lutamos e morremos. O imaginário existe em função do real que o produz e do social que o legitima, existe para confirmar, negar, transfigurar ou ultrapassar a realidade. O imaginário compõe-se de representações sobre o mundo do vivido, do visível e do experimentado, mas também sobre os sonhos, desejos e medos de cada época, sobre o não tangível nem visível, mas que passa a existir e ter força de real para aqueles que o vivenciam. (PESAVENTO, 2006, p. 50) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino da Geografia no Ensino Fundamental propõem a valorização das subjetividades nos estudos relacionados à Geografia. Embora as discussões acadêmicas tenham superado há muito tempo as antigas concepções de ensino da Geografia Tradicional e da Geografia Crítica, é muito comum encontrar professores e materiais didáticos ainda ancorados na mera contemplação dos espaços e paisagens e ou que fundamentam as análises a partir das explicações economicistas dos modos de produção (BRASIL, 1998, p. 24) Muitas escolas se mostram resistentes a inovações conceituais e metodológicas de ensino, pois, além de adotarem os métodos e conceitos tradicionais, não estão Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 6 de 64 abertas a revisões e atualizações, permanecendo, desta forma, alheias à dinâmica social e ao que se passa fora da sala de aula FINALIZANDO Neste tema, você aprendeu sobre as transformações epistemológicas que ocorreram na Geografia, desde sua origem, a partir dos pressupostos positivistas, até a contemporaneidade. Você teve contato com as principais correntes teóricas e intelectuais que deram importantes contribuições para a Geografia. Compreendeu, também, quais foram as influências das demais ciências humanas e naturais para a Geografia e seus reflexos no ensino no Brasil. Este tema permitiu que você aprendesse mais sobre os principais elementos abordados pela Geografia Tradicional, Crítica e Cultural. Astronômica: relativo à ciência que estuda a posição, os movimentos e a constituição dos corpos celestes. Economicista: é um termo utilizado para criticar o reducionismo econômico, ou seja, atribui a todos os fatos sociais uma dimensão econômica. O termo também é utilizado para criticar a economia como fator de alienação ideológica, como o único fator determinante para a tomada de decisões. Espaço: o espaço na Geografia deve ser considerado uma totalidade dinâmica, em que interagem fatores naturais, sociais, econômicos e políticos. Por ser dinâmica, ela se transforma ao longo dos tempos históricos, e as pessoas redefnem suas formas de viver e de percebê-la (BRASIL, 1998, p. 27). Historicismo: conceito que designa o gosto romântico pelo tratamento de temas históricos, expresso no interesse de captar os momentos, os episódios, os caracteres que explicam a originalidade e genuinidade de cada nação. Designa a historicização fundamental de todo o pensamento acerca dos seres humanos, sua cultura e seus valores. O historicismo fundamenta-se na noção de que as configurações do mundo humano, em dado momento presente, sempre são o resultado de processos históricos de formação, os quais são passíveis de ser mentalmente reconstruídos e, portanto, compreendidos. O historicismo relaciona-se, portanto, com o nacionalismo. Imaginário: segundo Michel Maffesoli (2011, p. 75), o imaginário é uma força social de ordem espiritual, uma construção mental, que se mantém ambígua, perceptível, Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 7 de 64 mas não quantificável. Para Cornélius Castoriadis (1982, p. 13), o imaginário é criação incessante e essencialmente indeterminada (social-histórica e psíquica) de figuras/formas/imagens, a partir das quais somente é possível falar-se de “alguma coisa”. Aquilo que denominamos“realidade” e “racionalidade” são seus produtos. Lugar: na Geografia, o conceito de lugar está associado aos espaços com os quais as pessoas têm vínculos afetivos: uma praça onde se brinca desde criança, a janela de onde se vê a rua, o alto de uma colina de onde se avista a cidade. O lugar é onde estão as referências pessoais e o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico . Modos de produção: o conceito de modos de produção para Karl Marx está relacionado com o modo pelo qual a humanidade se organiza para executar sua produção. O modo de produção está relacionado às forças produtivas materiais, que, por sua vez, condicionam o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina seu ser, mas, ao contrário, seu ser social é que determina sua consciência. Segundo Marx (1988, p. 9), “O modo de produção constitui um objeto abstratoformal que, no sentido rigoroso do termo, não existe na realidade. Os modos de produção capitalista, feudal, escravagista, constituem igualmente objetos abstratoformais, visto também não possuírem essa existência. De fato, existe apenas uma formação social historicamente determinada, isto é, um todo social – no sentido mais vasto – em dado momento de sua existência histórica”. Positivismo: é uma metodologia científica e também uma concepção filosófica que se difundiu primeiramente na Europa, em meados do século XIX. O Positivismo tomou as ciências naturais como modelo, com as ideias de neutralidade e infalibilidade científica, pela crença no progresso. Território: na Geografia, ele é representado por um sistema de objetos fxos e móveis, por exemplo, o sistema viário urbano representando o fxo e o conjunto dos transportes como os móveis. Ambos constituem uma unidade indissolúvel, mas que não se confundem. Outro exemplo pode ser a unidade formada pela moradia com a população. Territorialidade: o conceito de territorialidade representa a condição necessária para a própria existência da sociedade como um todo. Se o território pode ser considerado campo específico dos estudos e pesquisas geográficas, a territorialidade poderá também estar presente em quaisquer outros estudos das demais ciências. Dificilmente se pode pensar em um antropólogo, sociólogo, biólogo ou engenheiro civil, entre outros, que, em seu campo de estudos, não esteja trabalhando com o conceito de territorialidade (BRASIL, 1998). Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 8 de 64 A educação deve acompanhar as demandas sociais e as transformações culturais de seu tempo, portanto, é imprescindível que os professores se mantenham atualizados, prestando atenção às possibilidades que se abrem para a crítica e revisão dos próprios conceitos e metodologias. A atualização constante deve ser uma prática inerente à condição docente. A revisão das práticas pedagógicas permite o reconhecimento e a atualização das concepções teóricas e metodológicas de ensino das disciplinas que servem de base para a formação dos alunos. Adotar esta postura é muito importante para que se reconheça o papel da Geografia como disciplina fundamental à compreensão do mundo em que se vive. É importante que o professor construa com seus alunos a noção de que é permanente a necessidade de conhecimentos novos relacionados à Geografia. Esses conhecimentos possibilitam a análise de diferentes sociedades e de suas interações com a natureza e o espaço. A Geografia auxilia no entendimento do lugar em que se vive, do que aproxima ou distancia as pessoas de outros lugares, ou seja, permite que se tenha consciência dos vínculos afetivos e da identidade que se pode estabelecer com os espaços. Compreender a noção de espaço pressupõe considerar a subjetividade da paisagem como lugar, ou seja, ele precisa ser entendido enquanto produto de representações e sentidos atribuídos por aqueles que o constroem e que nele vivem. As representações imaginárias dos indivíduos sobre a paisagem precisam ser consideradas, daí a importância das vivências e memórias na delimitação do espaço. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino da Geografia recomendam que no Ensino Fundamental o ensino priorize a noção de espaço, sendo que as categorias de território, região, paisagem e lugar sejam abordadas como seu desdobramento (BRASIL, 1998, p. 27). No Ensino Fundamental é muito importante que as práticas pedagógicas coloquem os alunos em contato com diferentes situações de vivência com os lugares. Essa prática possibilita a construção de compreensões novas e complexas a seu respeito. Recomenda-se que o aluno aprenda a “ler” o espaço à sua volta, identificando as transformações históricas que se sobrepõem materialmente no espaço. Espera-se que, desta forma, os alunos desenvolvam a capacidade de identificar e refletir sobre diferentes aspectos da realidade, compreendendo a relação estabelecida entre sociedade e natureza. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 9 de 64 A vivência do aluno com os diferentes lugares permite que ele contraste informações, reconheça diferenças ou aproximações entre um lugar e outro, desenvolva sensibilidades e relações afetivas a partir das vivências. Frequentemente, as crianças conhecem lugares diferentes, mas não são motivadas a refletir sobre os fatores históricos e culturais impressos nos lugares ou sobre as consequências da interferência humana na natureza. Na prática docente, as diferentes situações de vivência não podem ocorrer de maneira despretensiosa, distante dos objetivos pedagógicos, pelo contrário, devem ser pautadas por problematização, observação, descrição, registro, síntese, documentação, representação e pesquisa dos fenômenos sociais, culturais ou naturais que compõem a paisagem e o espaço geográfico. As diferentes situações de vivência devem proporcionar ao aluno a busca e formulação de hipóteses e explicações das relações, permanências e transformações que aí se encontram em interação. Nesta perspectiva, procura-se sempre a valorização da experiência do aluno. É imprescindível o convívio do professor com o aluno em sala de aula, no momento em que pretender desenvolver algum pensamento crítico da realidade por meio da Geografia; todavia, o ensino e a reflexão não estão circunscritos apenas a este espaço. Os alunos precisam exercitar seus conhecimentos, sua capacidade de observar e refletir sobre os espaços que os cercam fora do contexto escolar. É fundamental que a vivência do aluno seja valorizada e que ele possa perceber que a Geografia faz parte de seu cotidiano, trazendo para o interior da sala de aula, com a ajuda do professor, sua experiência. Para tanto, o estudo da sociedade e da natureza deve ser realizado de forma interativa. No ensino, professores e alunos poderão procurar entender que tanto a sociedade como a natureza constituem os fundamentos com os quais paisagem, território, lugar e região são construídos. Para que este entendimento seja possível, o professor precisa criar e planejar situações de aprendizagem que permitam ao aluno conhecer e utilizar os procedimentos de estudos geográficos. As vivências do aluno com os lugares devem privilegiar a capacidade de observar, descrever e estabelecer relações. Este exercício pode ocorrer tanto na dimensão local quanto global, por meio do contato in loco com o lugar ou por meio de instrumentos midiáticos que trazem para o aluno lugares distantes, no espaço e no tempo. Estas ações são úteis na medida em que oportunizam refletir sobre os processos de construção dos diferentes tipos de paisagens, territóriose lugares. O professor não pode trabalhar com os níveis local e mundial de forma hierárquica. O espaço vivido pode não ser o real imediato, pois são muitos e variados os lugares com os quais os alunos têm contato, tanto a partir das vivências quanto por intermédio da mídia, dos livros e das imagens. Deve ser valorizada a capacidade do aluno de pensar e relacionar espaços diferentes. Os PCNs (1998, p. 30) sugerem que a compreensão de como a realidade local relaciona-se com o contexto global seja trabalhada e desenvolvida durante toda a escolaridade, de modo cada vez mais abrangente, desde os ciclos iniciais. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 10 de 64 O estudo da paisagem deve suscitar a curiosidade do aluno e não deve se restringir à mera constatação e descrição dos fenômenos que a constituem. É muito importante que o aluno compreenda que ele próprio faz parte do ambiente, que entenda que é tanto ativo quanto passivo diante das transformações das paisagens terrestres. Por meio da mediação pedagógica, o aluno precisa compreender os processos de interações entre a sociedade e a natureza, situando-as em diferentes escalas espaciais e temporais, comparando-as, conferindo-lhes significados. Explorando o imaginário dos alunos, podem-se construir com eles mediações que permitam o desvelamento do mundo em que vivem, mostrando o quanto as experiências com seu próprio lugar são significativas e importantes, ou seja, deve-se permitir que redescubram seus próprios lugares e o mundo. As preocupações pedagógicas devem conduzir os alunos para que adquiram uma consciência conservacionista e ambiental não somente em seus aspectos naturais, mas também culturais, econômicos e políticos. Para Sonia Castellar (2005, p. 211), existe um vácuo entre a forma como os alunos se relacionam com o conhecimento e o que acontece em sala de aula. Para Castellar (2005), os objetivos da aprendizagem da Geografia na educação escolar devem privilegiar a capacidade de aplicação dos saberes geográficos nos trabalhos relativos a outras competências e, em particular, capacitar para a utilização de mapas e métodos de trabalho de campo. Devem também ampliar o conhecimento e a compreensão dos espaços nos contextos locais, regionais, nacionais, internacionais e mundiais e, em particular: − O conhecimento do espaço territorial. − A compreensão dos traços característicos que dão a um lugar sua identidade. − A compreensão das semelhanças e diferenças entre os lugares. − A compreensão das relações entre diferentes temas e problemas de localizações particulares. − A compreensão dos domínios que caracterizam o meio físico e a maneira como os lugares foram sendo organizados socialmente. − A compreensão da utilização e do mau uso dos recursos naturais. Um dos grandes problemas no ensino da Geografia está relacionado à falta de planejamento e fundamentação teórica nas aulas, que frequentemente se restringe aos manuais didáticos ou é permeado por discursos midiáticos repletos de senso comum e carregados de apelos discursivos que não apresentam corretamente a realidade. FINALIZANDO Neste tema, você aprendeu que a Geografia é uma ciência que congrega conhecimentos de outros campos do saber. Você compreendeu, ainda, que o professor de Geografia deve valorizar a subjetividade de seus alunos, buscando Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 11 de 64 construir conhecimentos que sejam significativos para eles. Este tema contribuiu para que você compreenda a importância dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino da Geografia. Hipóteses: aquilo que é possível que se verifique ou aconteça, tendo em vista certas circunstâncias e suposições. Identidade: o conceito de identidade tem sido muito discutido ao longo do tempo e abriga diversas versões de cunho psicológico, filosófico, antropológico ou sociológico. A noção de identidade estava associada à concepção de um sujeito unificado. Para Stuart Hall (2002), existem pelo menos três concepções de identidade: a do sujeito do iluminismo, a do sujeito sociológico e a do sujeito pós- moderno. In Loco: locução latina que significa no próprio local. Paisagem: a categoria paisagem tem um caráter específico para a Geografia, distinto daquele utilizado pelo senso comum ou por outros campos do conhecimento. É definida como uma unidade visível do território, que possui identidade visual, caracterizada por fatores de ordem social, cultural e natural, contendo espaços e tempos distintos; o passado e o presente. A paisagem é o velho no novo e o novo no velho! É nela que estão expressas as marcas da história de uma sociedade, fazendo da paisagem um acúmulo de tempos desiguais. Representações: o historiador Roger Chartier (1990) propõe que as representações dizem respeito à forma como os indivíduos organizam os esquemas de percepção a partir dos quais eles classificam, julgam e agem. A Geografia é uma ciência fundamentada em princípios, métodos e técnicas. Na construção dessa ciência, são agregados saberes tanto das ciências naturais como das ciências humanas – Geologia, Física, Biologia, Climatologia, Cartografa, Economia, Sociologia, Antropologia, História, entre outras. Portanto, a Geografia é uma ciência com ampla abertura para a interdisciplinaridade, agregando uma série de elementos pertinentes a outros campos científicos. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 12 de 64 Ela abrange as preocupações fundamentais presentes nos temas transversais, identificando-se com as demais ciências que buscam a promoção da cidadania. O ensino da Geografia deve preparar o aluno para o domínio de conceitos que estão relacionados tanto ao espaço geográfico quanto a outras áreas do conhecimento. Esta característica da Ciência Geográfica demonstra o amplo campo de estudos que ela atende. A Geografia tem muito a contribuir na formação dos alunos com foco nas competências, a partir de um conjunto de saberes que lhes servem de instrumental teórico de interpretação do mundo para melhor apreendê-lo e nele atuar. Entre os quatro princípios propostos para a educação no século XXI – aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser – destaca-se o aprender a conhecer base que qualifica o fazer, o conviver e o ser (UNESCO, 2010). O conhecimento adquirido autonomamente permite que o indivíduo esteja preparado para enfrentar os desafios que se apresentam, em um mundo em constante mudança. Os PCNs propõem uma formação que esteja fundamentada no desenvolvimento de competências cognitivas, socioafetivas e psicomotoras, gerais e básicas, a partir das quais se desenvolvem competências e habilidades mais específicas e igualmente básicas para cada área e especialidade de conhecimento particular. Perrenoud (1999) define competências como a capacidade de agir eficazmente em determinado tipo de situação, apoiado em conhecimentos, mas sem se limitar a eles. As competências manifestadas nas ações utilizam, integram e mobilizam os conhecimentos. Portanto, os conhecimentos não devem ser o objetivo principal do processo de ensino da Geografia, pois eles só serão úteis na medida em que forem mobilizados para uma ação eficaz. Não se trata de desprezar conteúdos ou disciplinas, mas de promover sua implementação. Segundo Perrenoud (1999), a escola tem sido ineficiente na formação de seus alunos, e uma das formas de superar esta situação seria o desenvolvimento de ensino voltado para as competências.Os professores conscientes da importância da abordagem por competências centram suas práticas no fazer aprender, e não no ensinar. O professor não precisa centrar suas práticas no modo discursivo que apresenta as informações, no domínio e no repasse de conhecimentos, e sim na forma como sugere os trabalhos, como acompanha as atividades, nos métodos que utiliza para criar situações que ampliem a probabilidade do aprendizado visado. A construção de competências é inseparável da formação de esquemas de mobilização dos conhecimentos com discernimento, em tempo real, ao serviço de uma ação eficaz. Ora, os esquemas de mobilização de diversos recursos cognitivos em uma situação de ação complexa desenvolvem-se e estabilizam-se ao sabor da prática. No ser humano, com efeito, os esquemas não podem ser programados por uma intervenção externa (PERRENOUD, 1999, p. 10). Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 13 de 64 Ao abordar as competências, o professor pode ampliar a flexibilização no tratamento dos conteúdos, uma vez que o objetivo principal é a mobilização de conhecimentos integrados. Neste sentido, cabe ao professor dialogar com as áreas afins e ampliar a compreensão por parte do aluno de que ele próprio é agente tanto ativo quanto passivo do mundo que o cerca. O trabalho interdisciplinar permite superar as fragmentações impostas pelo modelo conteudista, centralizador e objetivo. O professor deve mediar o processo de construção do conhecimento, permitindo que o aluno construa explicações cada vez mais complexas e elaboradas sobre as relações que existem entre seu cotidiano, o lugar em que vive e o que se passa em outros lugares. Os PCNs (BRASIL, 1998, p. 32) sugerem que as noções de sociedade, cultura, trabalho e natureza sejam abordadas por meio de temas em que as dinâmicas e determinações existentes entre a sociedade e a natureza sejam estudadas de forma interativa. Isto significa dizer que o trabalho interdisciplinar deve promover um conjunto de conhecimentos referentes a conceitos, procedimentos e atitudes relacionados à Geografia. Os PCNs para o ensino da Geografia sugerem que os conteúdos sejam trabalhados como um conjunto de eixos temáticos, que servem de parâmetros norteadores da prática pedagógica. Os eixos temáticos devem permitir que o aluno compreenda a realidade, entenda a diversidade de paisagens, lugares e territórios, reconheça a identidade das paisagens e temporalidades, integre os conhecimentos geográficos à sua própria vida e adquira conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais (BRASIL, 1998, p. 37). Os eixos temáticos que permeiam os conteúdos no ensino de Geografia devem contemplar os temas transversais. Os temas relacionados com a Ética, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo, Saúde, Orientação Sexual e Meio Ambiente podem ser explorados a partir da abordagem interdisciplinar. Desta forma, os temas devem promover a construção de uma sociedade solidária, igualitária, antirracista, equânime e que respeite as diversidades culturais, religiosas, de orientação sexual e regionais. Ao trabalhar a ética, é preciso reafirmar os valores democráticos por meio de uma sociabilidade que permita a expressão das diferenças e de conflitos. Os conteúdos devem abranger o respeito mútuo, a justiça, o diálogo e a solidariedade. Ao abordar as desigualdades espaciais, o professor precisa conduzir o aluno a refletir sobre as condições que desencadearam aquela realidade, as iniciativas políticas, os acordos, os preconceitos, as discriminações e exclusões. Os PCNs sugerem que os estudos geográficos promovam no aluno uma visão solidária, respeitosa tanto em relação às pessoas que estão próximas quanto ao conjunto da sociedade, compreendida como um todo dinâmico de dependência. A pluralidade cultural também pode ser trabalhada pela Geografia, desde a caracterização dos diferentes segmentos culturais que compõem a sociedade até o estudo de como as paisagens, os lugares e as regiões manifestam essas diferenças. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 14 de 64 As questões relacionadas à orientação sexual também podem ser trabalhadas pela Geografia, pois os conteúdos geográficos permitem a construção de um instrumental fundamental para a compreensão e análise de questões relativas à sexualidade e suas interfaces, como desigualdade de ganhos salariais, acesso a cargos de poder, natalidade e mortalidade de acordo com os gêneros, comportamento de doenças sexualmente transmissíveis, as diferentes identidades de gênero, entre outros. Os PCNs sugerem que o professor, ao trabalhar este tema transversal, transmita mediante sua conduta “a equidade entre os gêneros e dignidade de cada um individualmente. Ao orientar todas as discussões, deve, ele próprio, respeitar a opinião de cada aluno e ao mesmo tempo garantir o respeito e a participação de todos” (BRASIL, 1998, p. 45). As identidades de gênero não podem ser trabalhadas de maneira preconceituosa, com base no senso comum ou em pressupostos religiosos e dogmáticos. As questões relativas ao meio ambiente pressupõem um trabalho interdisciplinar, pois estão vinculadas a estudos das mais variadas áreas científicas. Os assuntos relativos à relação entre sociedade e meio ambiente requerem uma atenção especial por parte da Geografia, pois permitem que sejam abordados os processos de ocupação do solo, de crescimento populacional, urbanização, utilização de recursos naturais, entre outros. A Geografia também pode trabalhar com as questões que envolvem a saúde e suas interfaces, analisando como ocorre o atendimento médico à população, a relação entre saúde e proximidade dos centros de tratamento, discutindo a produção e distribuição de alimentos, as questões relacionadas ao saneamento básico, as desigualdades sociais e o desenvolvimento humano, entre outros. A relação entre trabalho e consumo também é um tema que pode ser explorado pela Geografia. Ao trabalhar este tema, deve-se valorizar o trabalho como expressão humana, das diferentes culturas e etnias em seu modo de viver. O professor deve permitir que o aluno reflita sobre os padrões de consumo de diferentes sociedades, de maneira crítica, compreendendo as razões pelas quais se processam as exclusões sociais. Todos os temas transversais permitem discussões com variados níveis de complexidade, cabendo ao professor trabalhar os conteúdos respeitando a maturidade intelectual de seus alunos. É importante entender que o currículo escolar precisa estar aberto para mudanças. Os conteúdos podem ser substituídos à medida que ocorrem mudanças na realidade ou de acordo com as demandas específicas do contexto escolar. A educação geográfica deve contribuir para a formação do conceito de identidade, expresso de diferentes formas: na consciência de que somos sujeitos da história; nas relações com lugares vividos; nos costumes que resgatam a nossa memória social; na identificação e comparação entre valores e períodos que explicam a nossa identidade cultural; na compreensão perceptiva da paisagem que ganha Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 15 de 64 significados, à medida que, ao observá-la, nota-se a vivência dos indivíduos (CASTELLAR, 2012, p. 15). O ensino da Geografia não deve se restringir a manuais didáticos, representações cartográficas e imagens de paisagens e lugares. O professor precisa explorar a potencialidade multidisciplinar desta disciplina, ou seja, as contribuições da história, da arquitetura,da fotografa, da literatura, da estatística, da química, entre outras ciências. É possível estudar Geografia a partir das distintas concepções arquitetônicas que compõem a paisagem ou por meio da descrição de hábitos, características climáticas, culturais e sociais presentes em obras literárias que retratam diferentes paisagens do Brasil, em seus aspectos sociais, culturais e naturais. Também as produções musicais, as artes plásticas e até mesmo o cinema são ricas fontes para a investigação geográfica que permitem aos alunos obter informações, comparar, questionar e inspirar-se para interpretar as paisagens e construir conhecimentos sobre o espaço geográfico. FINALIZANDO Ao estudar este tema, você pôde compreender as relações existentes entre a Geografia e as demais ciências, a importância da interdisciplinaridade e do ensino com foco nas competências. Ficou por dentro dos princípios propostos para a educação no século XXI e aprendeu sobre a importância dos temas transversais na escola. Interdisciplinar: que estabelece relações entre uma ou duas disciplinas ou áreas do conhecimento. Discriminação: tratar mal por característica, etnia, cultura, religião, opção sexual. Está relacionada ao ato de considerar que certas características que uma pessoa tem são motivos para que sejam vedados direitos que os outros têm. Gênero: conceito útil para explicar o comportamento de mulheres e homens em sociedade. O conceito de gênero se refere apenas às pessoas e às relações entre os seres humanos. A categoria gênero indica por meio de desinências uma divisão dos nomes com base em critérios tais como sexo e associações psicológicas. Há gêneros masculino, feminino e neutro (Dicionário Aurélio). Nas sociedades, o conceito de masculino e feminino assume valores diferentes; desta forma, existe uma distribuição desigual de autoridade entre os gêneros, que na maioria das sociedades coloca o masculino como hierarquicamente superior ao feminino. Esta relação se Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 16 de 64 estabelece na desigualdade de autoridade, poder e prestígio das pessoas de acordo com seu sexo. Preconceito: julgamento ou opinião concebida previamente. O preconceito se manifesta geralmente na forma de uma atitude discriminatória. Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém ou de um grupo social, ao que lhe é diferente. Temas transversais: podem ser definidos como temas do cotidiano inseridos na estrutura curricular de ensino. Os temas transversais procuram aproximar a ciência da vida cotidiana dos alunos. As concepções tradicionais de leitura e escrita reiteram que decodificação e junção dos símbolos gráficos constituem parte integrante do processo de alfabetização e da prática pedagógica. Segundo a compreensão de Soares (2011, p. 15), o ato de ler está intrinsecamente associado ao conceito de alfabetização, ou seja, “ao processo de aquisição do código escrito”. A leitura e a escrita dos códigos alfanuméricos constituem os meios essenciais para o desenvolvimento da capacidade de aprender, de construir significados e de assimilar o conhecimento elaborado socialmente. Todavia, ao se ensinar Geografia, a concepção de leitura e escrita extrapola o uso habitual dos conceitos. A leitura precisa ser entendida como um elemento de atribuição de significados. Nesta direção estão os apontamentos do historiador e semiólogo Louis Marin, que associa a leitura ao reconhecimento de uma estrutura de significado (signifiance) que está relacionada às representações. Lemos uma carta, um poema, um livro: como é ler um desenho, um quadro, um afresco? Pois se o termo leitura é, imediatamente, adequado ao livro, também é ao quadro? Se, por extensão de sentido, falamos de leitura a propósito do quadro, coloca-se a questão da validade e da legitimidade dessa extensão (MARIN apud CHARTIER, 2001, p. 117). O processo de aprendizagem das noções geográficas nas séries iniciais, principalmente no que diz respeito à cartografia no Ensino Fundamental, requer que os alunos desenvolvam a capacidade de atribuir uma estrutura de significado às representações. Neste sentido, a concepção de letramento cartográfico é apropriada, pois está relacionada à leitura dos conceitos de localização e pontos de referência a partir de códigos e representações geográficas. A partir da noção de “significado”, é tão legítima a leitura de um texto como a leitura de um quadro, uma fotografa, um filme, um mapa ou uma paisagem. O letramento Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 17 de 64 cartográfico exige que seja reconhecida a relação entre os símbolos e as representações cartográficas. A leitura da paisagem e dos mapas não pode ser entendida apenas de forma técnica, deve permitir que o aluno atribua significado ao que lê, que se aproprie da leitura para compreender a realidade vivida. Para Sônia Castellar (2012, p. 24), a leitura e a escrita que o aluno faz da paisagem sempre são influenciadas por fatores culturais, psicológicos e ideológicos. Portanto, quando o aluno lê e escreve sobre seu lugar de vivência, ele precisa compreender as relações existentes entre os fenômenos analisados, caracterizando o letramento geográfico. Nesta mesma direção estão os apontamentos de Helena Callai (2005), na medida em que reconhece os elementos subjetivos que estão presentes na leitura dos espaços: Uma forma de fazer a leitura do mundo é por meio da leitura do espaço, o qual traz em si todas as marcas da vida dos homens. Desse modo, ler o mundo vai muito além da leitura cartográfica, cujas representações refletem as realidades territoriais, por vezes distorcidas por conta das projeções cartográficas adotadas. Fazer a leitura do mundo não é fazer uma leitura apenas do mapa, ou pelo mapa, embora ele seja muito importante. É fazer a leitura do mundo da vida, construído cotidianamente e que expressa tanto as nossas utopias como os limites que nos são postos, sejam eles do âmbito da natureza, sejam do âmbito da sociedade (culturais, políticos, econômicos) (CALLAI, 2005, p. 228). Nas primeiras séries do Ensino Fundamental é muito importante que o professor explore a capacidade de leitura dos lugares vivenciados por seus alunos. À medida que vão ampliando sua capacidade de representar e ler os próprios espaços, deve-se aumentar a complexidade de análise e submissão a códigos e mapas mais complexos. As noções de proporcionalidade, largura, comprimento e profundidade se desenvolvem simultaneamente, dependendo do quanto os alunos estão estimulados cognitivamente para adquirir essas compreensões. A leitura de mapas exige a capacidade do aluno de decodificar a linguagem cartográfica e, tal como as outras linguagens (escrita, matemática, entre outras), deve estar presente durante toda a vida escolar do aluno. Por volta dos 10 anos, o aluno já deve conseguir identificar alguns elementos da linguagem cartográfica, como visão oblíqua e vertical, noções de escala, proporção, orientação, proximidade e localização, pontos cardeais, legenda e representação simbólica dos dados da realidade, entre outros. Nas primeiras séries do Ensino Fundamental, o professor pode explorar a capacidade do aluno de produzir mapas mentais, por meio de desenhos, que são representações elaboradas de forma livre e espontânea. Os mapas mentais permitem que o aluno utilize sua criatividade para apresentar os elementos que deseja representar a partir da memória. As atividades que envolvem a produção de mapas mentais devem privilegiar a vivência do aluno, seu cotidiano, os objetos que considera importantes, a ordenação dos elementos representados esuas identificações. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 18 de 64 A avaliação dos mapas mentais permite reconhecer e definir ações de intervenção nos casos em que as crianças não conseguem superar o realismo nominal. Os mapas mentais permitem compreender a capacidade leitora da criança e o modo como ela associa o nome e o objeto. Para Castellar (2012, p. 38), os casos em que a criança não distingue claramente o nome do objeto indicam que ela não superou o realismo nominal. Quando o aluno representa os mapas mentais a partir do desenho, é possível explorar o conhecimento que ele tem da realidade e dos elementos que o cercam. O trabalho com mapas mentais deve valorizar a subjetividade da criança e proporcionar a assimilação de conceitos geográficos relacionados ao espaço e à capacidade de associação simbólica. Nos exemplos, a seguir, você poderá visualizar mapas mentais desenvolvidos por uma criança e um adolescente. Foi sugerido tanto para a criança quanto para o adolescente que desenvolvessem um mapa mental mostrando o trajeto da casa de ambos. O Mapa Mental 1, desenvolvido por Ramon Martelli, 6 anos, aluno do 1º ano do Ensino Fundamental da Escola de Educação Básica Governador Lacerda em Videira- SC, mostra o trajeto da sua própria casa até a casa da sua avó (Figura 4.1). Figura 4.1 Mapa Mental 1 LEGENDA: 1 – Casa da avó. 2 – Rua de acesso à casa da avó. 3 – Postes da Subestação de Energia Elétrica. 4 – Estrada principal. 5 – Mato. 6 – Placa de trânsito, 40. 10 – Casa. 11 – Rio. 12 – Videplast. 13 – Oficina. 14 – Veículo. 15 – Escola. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 19 de 64 7 – Casa. 8 – Placa Cuidado: Curva Perigosa. 9 – Árvores. 16 – Banheiros da escola M (menina) e ME (menino). 17 – Minha Casa. O Mapa Mental 2, desenvolvido por Cléber Q. Martinazzo, 14 anos, aluno do 7º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Inspetor Eurico Rauen, em Videira-SC, mostra o trajeto de sua própria casa até a casa de seu sobrinho Ramon (Figura 4.2). Figura 4.2 Mapa Mental 2 LEGENDA: 1 – Casa do irmão (pai do Ramon). 2 – Casas. 3 – Estrada principal. 4 – Lombada. 5 – Ferro-velho. 6 – Ponto de Ônibus. 7 – Mato. 8 – Placa de trânsito. 9 – Placa de trânsito. 10 – Boate. 11 – Bar. 12 – Manos. 13 – Ferro-velho. 14 – Placa de trânsito. 15 – Videplast. 16 – Placa de trânsito. 17 – Ponte. 18 – Fetz. 19 – Bar. 20 – Placa de trânsito. 21 – Escola. 22 – Instituto Federal Catarinense. 23 – Creche. 24 – Ponte. 25 – Creche. 26 – Posto de Saúde. 28 – Ponto de ônibus. 29 – Casa do Cléber. 30 – Subestação de Energia Elétrica. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 20 de 64 A Figura 4.3, a seguir, evidencia a imagem de satélite das áreas representadas nos Mapas Mentais desenvolvidos por Ramon e Cléber. O ponto 1 indica a residência de Cléber e o ponto 13 indica a residência de Ramon. Figura 4.3 Imagem de satélite das áreas representadas nos Mapas Mentais 1 e 2. LEGENDA: 1 – Casa do Cléber. 2 – Subestação de Energia Elétrica. 3 – Creche Municipal. 4 – Caic - Criança do Futuro. 5 – Instituto Federal Catarinense. 6 – Ferro-velho. 7 – Fetz. 8 – Rio das Pedras. 9 – Videplast. 10 – Ferro-velho. 11 – Boate. 12 – Bar. 13 – Casa do Ramon. Ao comparar os mapas mentais com a imagem de satélite, é possível verificar que os mapas mostram representações diferentes, com noções de distância, escala, tamanho, legenda, proporção, orientação, proximidade e localização, entre outros, de acordo com o desenvolvimento cognitivo dos alunos. A complexidade cognitiva dos autores dos mapas pode ser verificada na forma como representam as imagens, como atribuem significados aos espaços e na maneira como acionam a memória em busca de informações. Nos mapas mentais, foram representados elementos significativos para esses alunos. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 21 de 64 No Mapa Mental 1, o aluno Ramon escreveu em uma das portas da escola a letra M e na outra porta as letras ME. Ao ser questionado sobre o significado das letras, ele argumentou que eram os banheiros de Menina e de Menino, respectivamente. Este exemplo mostra que podem ser exploradas as noções de legenda, de identidade, além de temas transversais como Orientação Sexual. No Mapa Mental 2, o aluno Cléber utiliza várias vezes a noção de legenda, ao representar placas, ponto de ônibus, lombadas com símbolos gráficos. O aluno demonstra maior maturidade no que tange à preocupação com a escala, com a distância, proporção e uso da visão oblíqua. O Mapa Mental que propõe um mesmo trajeto a ser representado por indivíduos com níveis cognitivos e com experiências individuais diferentes em relação ao espaço é representado de forma única por cada um deles. Este exercício permite constatar que as preocupações, sensibilidades e olhares também são diversos, ou seja, que a relação subjetiva que estabelecem com o espaço é reflexo do imaginário individual. O aluno, com a mediação do professor, precisa participar da construção do próprio conhecimento e desenvolver autonomia suficiente para ler e conferir significado às suas representações. Este exercício permite que o aluno seja cada vez mais alfabetizado geograficamente, ou seja, que consiga ler o espaço e transformar estas informações em conhecimentos úteis para a vida. [...] a alfabetização para a Geografia somente pode significar que existe a possibilidade do espaço geográfico ser lido e, portanto entendido. Pode transformar- se, portanto, a partir disso, em objeto do conhecimento. Mais que isso, o espaço geográfico pode transformar-se em uma janela a mais para possibilitar o desvendamento da realidade pelo aluno (PEREIRA, 1994, p. 78-79). A leitura está diretamente relacionada aos gêneros textuais. A leitura cartográfica e a leitura da paisagem não podem estar desvinculadas das demais formas de leitura. Para Paulo Freire (1989, p. 11), “a leitura do mundo precede a leitura da palavra, e a leitura desta implica a continuidade daquela”, ou seja, a construção do conhecimento depende da relação de dependência que existe entre a leitura do mundo, do espaço e dos gêneros textuais. Os símbolos presentes na cartografa, que representam os lugares, as direções, as distâncias, os elementos que compõem a paisagem, entre outros, precisam ser apreendidos como se fossem palavras, daí a denominação linguagem cartográfica. Entre os gêneros textuais que podem ser utilizados no cotidiano escolar destacam- se as categorias jornalísticas e literárias, apresentadas em diversos suportes, livros, folhetos, jornais, revistas, Internet, dispositivos eletrônicos portáteis, entre outros. É também de grande importância no ensino de Geografia o uso de imagens, sobretudo mapas, gráficos, fotografas, pinturas ou a própria paisagem observada empiricamente, por meio de trabalhos de campo, estudos do meio ou com base nas experiências vividas pelos alunos. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 22 de 64 Assim, é necessário investir no espírito “curioso”, investigativo do aluno, suscitando expectativas em relação ao texto, fazendo-o entender quea leitura é uma forma de relacionar-se com o mundo por meio de uma construção de significados. O professor deve alfabetizar o aluno na leitura do espaço geográfico, em suas diversas escalas e configurações. As atividades desenvolvidas devem privilegiar as noções básicas de legenda e do alfabeto cartográfico, úteis tanto para a leitura de mapas cartográficos quanto de mapas mentais. Se desde a educação infantil a criança tiver acesso aos procedimentos e aos códigos relativos à linguagem cartográfica, ela ampliará sua capacidade cognitiva de leituras de mapas que serão úteis nas atividades do seu dia a dia durante toda a vida. De acordo com o Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitura e escritora em Geografia (SÃO PAULO, 2006, p. 68), a leitura precisa ser mediada pelo professor e exige que sejam considerados alguns pontos: • Considerar os conhecimentos prévios dos alunos em qualquer proposta de trabalho, tanto naquelas que envolvem o uso de textos escritos como naquelas que não utilizam esses recursos. • Estimular a observação do cotidiano, pois, pela curiosidade, o aluno começa a desenvolver seus conceitos e descobertas, podendo fazer a transposição para outros espaços: sala de aula, livros, revistas, entre outros. • Explorar, no decorrer das práticas em sala de aula, a maior diversidade possível de gêneros de texto orais, escritos e visuais (sempre em consonância com o projeto pedagógico da escola e o planejamento do professor, é claro), mostrando de maneira dinâmica que o saber organizado não tem como único ponto de referência o texto escrito. • Trabalhar com os gêneros preferidos de cada faixa etária ou grupo de alunos, em razão de suas características próprias, do lugar onde vivem, da origem familiar e das experiências prévias com leitura, e, com o tempo, introduzir novos gêneros que permitam estabelecer paralelos com os já conhecidos, de acordo com os objetivos de aprendizagem na área. Assim como é importante que o aluno tenha contato com variados gêneros textuais, faz parte da alfabetização geográfica as saídas de campo, as atividades realizadas fora da sala de aula. Grande parte da compreensão da Geografia passa pelo olhar, portanto, as saídas dos alunos para passeios didáticos são imprescindíveis. Programar passeios, excursões e visitas a espaços e lugares, com objetivos didáticos bem definidos, possibilitam que conceitos e informações sejam assimilados de forma prazerosa. Os estudos de paisagens urbanas e rurais, da composição arquitetônica das casas, do relevo, das ruas e vegetações dispostos permanentemente à observação podem em grande parte ser desvendados pelos sentidos. O contato direto com o solo, a vegetação e as formas de organização da produção tanto nos centros urbanos como em regiões rurais é muito rico para trabalhar temas geográficos. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 23 de 64 Os alunos precisam compreender a posição que ocupam no mundo, portanto, é fundamental que tenham consciência do lugar que ocupam no espaço. Uma das formas de possibilitar isto é trabalhando concomitantemente a dimensão local e global, mostrando aos alunos como ocorre a construção do espaço e da realidade que conhecem e do espaço e da realidade de outros. As crianças no início da escolaridade são capazes de observar as diferenças entre as casas, os bairros e os demais elementos materiais que as cercam, mas muitas vezes não sabem dizer o impacto que isso tem na vida das pessoas. Não conseguem entender por que outros povos, culturas e até mesmo os lugares são diferentes. O professor deve ajudar os alunos a observar as particularidades dos diversos tipos de paisagens, pois assim eles conseguirão se familiarizar com um dos conceitos mais importantes da Geografia, o de lugar. A observação e a vivência permitem explicações sem a necessidade de longos discursos. Elas promovem o que Dardel (apud STEFANELLO, 2008, p. 31) chama de geograficidade, um envolvimento do sujeito por meio da sua vida emocional, do seu corpo e de seus hábitos, em que internaliza a experiência vivida, ou seja, compreende todos os tipos de ligações e inter-relações entre o homem e os ambientes vividos, anteriormente à análise e à atribuição de conceitos a essas experiências. A geograficidade passa a pertencer à própria dimensão psicológica do indivíduo. Configura-se, desta forma, como uma aceitação passiva e inconsciente. Quando estas experiências são positivas e prazerosas, tornam-se topofílicas; todavia, quando são desagradáveis e negativas, tornam-se experiências topofóbicas. A geograficidade está relacionada aos aspectos cognitivos da percepção em Geografia. A percepção pode ser definida como o significado atribuído às informações recebidas pelos sentidos, como sensações. FINALIZANDO Neste tema, você estudou o papel do professor enquanto mediador da construção de saberes relacionados à Ciência Geográfica. Entendeu que o conceito de leitura é amplo e está relacionado à capacidade de atribuir significado. Este tema permitiu que você compreendesse melhor a alfabetização cartográfica. Empiricamente: que se fundamenta apenas na experiência e na observação. Inconsciente: é um termo psicológico que, em sentido amplo, representa o conjunto dos processos mentais que se desenvolvem sem intervenção da consciência ou, no Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 24 de 64 sentido mais específico, está relacionado à teoria psicanalítica e designa uma forma específica de como o inconsciente (em sentido amplo) funciona. Realismo Nominal: trata-se de uma característica do pensamento infantil em função do qual a criança expressa dificuldades em dissociar o signo da coisa significada (PIAGET, 1962). O sujeito que, em determinado momento do desenvolvimento cognitivo, apresenta este pensamento realista nominal, tende a conceber a palavra como parte integrante do objeto, atribuindo ao signo características do objeto ao qual se refere. Piaget conceituou dois tipos de realismo nominal: o ontológico e o lógico. Topofília: o conceito de Topofília é impreciso, todavia exprime o elo afetivo entre o indivíduo e o lugar; esta relação se manifesta de maneira prazerosa. Pode ser um prazer visual efêmero, o deleite do contato físico, o apego por um lugar por ser familiar e representar o passado ou porque evoca orgulho de posse ou de criação (STEFANELLO, 2008, p. 32). Topofóbica: a topofobia é uma antítese de Topofília, ou seja, representa as experiências negativas do indivíduo em relação ao ambiente. São experiências que causam desconforto psicológico, sensações desagradáveis, repulsivas, que podem induzir à ansiedade e à depressão. A didática tem o processo de ensino como seu objeto de estudo; portanto, requer que sejam analisadas as atividades docentes que envolvem todo o processo de construção do conhecimento, tanto dentro quanto fora da sala de aula. As novas tecnologias, a mídia, a ampla oferta de materiais didáticos e de recursos visuais permitem que as aulas possam ser cada vez mais dinâmicas, atraentes e elucidativas. Para que o processo de ensino atinja seus objetivos, é necessário definir adequadamente os conteúdos e os métodos, ou seja, os recursos são utilizados como um meio do processo de aprendizagem a partir de um planejamento. Considerando que a Pedagogia é uma área do conhecimento voltada para a investigação da realidade educativa no geral e no particular, é necessário que o pedagogo construa habilidades e competências que permitam uma prática profissional capaz de lidar com fatos, estruturas, contextos e situações referentes à prática educativa,em suas várias modalidades e manifestações. A construção de saberes e conceitos relativos à Ciência Geográfica deve ocorrer desde a infância, sendo a escola um espaço privilegiado para a introdução destes conhecimentos. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 25 de 64 Um dos mais importantes suportes para o ensino da Geografia continua sendo o livro didático. Embora seja um recurso muito útil para o ensino, o livro didático de Geografia geralmente é utilizado nas séries cujas disciplinas são segmentadas, sob a regência de professores licenciados nas mais diversas áreas do conhecimento, entre elas, a Geografia. Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, a falta deste importante recurso exige que o professor desenvolva estratégias diferenciadas para a alfabetização geográfica. Faz-se necessária a construção de materiais didáticos pelo professor, o que requer criatividade, objetivos bem-definidos e recursos adequados. Embora a maioria das escolas não adote livros didáticos com conteúdos geográficos para as séries iniciais do ensino infantil, é necessário iniciar o processo de alfabetização geográfica dos alunos nesta etapa escolar. Para isto, o planejamento didático é muito importante. Para que o planejamento seja efetivo, é necessário que sejam estabelecidas as diretrizes e os procedimentos do trabalho docente, a explicitação do viés filosófico, político e pedagógico que fundamenta as atividades da escola, a previsão dos objetivos, conteúdos e métodos pautados na realidade sociocultural dos alunos (STEFANELLO, 2008, p. 61). O ensino da Geografia não pode estar associado à mera listagem de conteúdos que precisam ser trabalhados dentro de um espaço de tempo previsível. A definição do currículo deve abranger as concepções de mundo, de sociedade e sujeitos que se pretende formar. A escolha dos conteúdos não pode ser aleatória ou despreocupada com a realidade dos alunos. O professor deve atentar para as propostas curriculares nacionais, estaduais e as definidas pelo projeto político-pedagógico da instituição de ensino. Geralmente, os conteúdos dessas propostas são dispostos em eixos temáticos, o que garante maior flexibilidade no planejamento das aulas. A preparação das aulas é uma atividade na qual o professor precisa estar constantemente se redirecionando, aprimorando os métodos, modificando as estratégias de ensino. A produção de materiais didáticos e os planos de aula precisam explorar conteúdos que sejam significativos para o aluno, pois é a partir do interesse do aluno e de seu entusiasmo pelo conteúdo que a aprendizagem se efetiva. Os materiais didáticos utilizados em sala de aula podem ser desenvolvidos a partir de fontes diversas, como fotografa, literatura, mapas, painéis, jornais, revistas, entre outros. É muito importante que todo o conteúdo trabalhado esteja relacionado com a vida cotidiana do aluno, que ele se identifique com o conteúdo que lhe é proposto, sem que exista a imposição ou a obrigação de memorizar dados e informações. Todavia, Castellar (2012, p. 117) adverte que o trabalho do professor não se restringe à elaboração de uma sequência didática; suas atividades devem promover a mobilização dos conhecimentos do aluno para ações que articulem a prática e a teoria. A construção do conhecimento deve se realizar a partir de uma ação em conjunto, pois a criança por si mesma, em suas atividades espontâneas, não consegue Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 26 de 64 apropriar-se dos conhecimentos que serão importantes para a sua formação. O professor deve diagnosticar os conteúdos mais significativos para a criança e, a partir deles, desenvolver estratégias de ensino. O professor deve construir juntamente aos alunos conteúdos e reflexões sobre a geografia local, sobre o município em que vivem e também da região. A partir do planejamento, é possível utilizar recursos como a Internet, periódicos e pesquisas de campo para a construção desses conteúdos. A partir do momento em que diagnosticar o desinteresse das crianças em relação aos conteúdos, ou que suas ações pedagógicas não estão sendo eficazes, é necessário rever e aprimorar os métodos de ensino. Para Castellar (2012), a definição dos conteúdos deve permitir que o aluno estabeleça relações com o conhecimento adquirido em sua vivência social, cultural, religiosa e política. É necessário que os conteúdos estejam relacionados com os objetivos ou as expectativas de aprendizagem definidos pelo professor, de tal maneira que possamos afirmar que um conjunto de conteúdos referentes aos conhecimentos dos métodos geográficos permite situar procedimentos e definir problemas geográficos. Nesse sentido é que propomos uma aprendizagem significativa e que estimule mudanças conceituais (CASTELLAR, 2012, p. 107). O professor deve tornar o conteúdo interessante para o aluno, e uma das formas de atingir este objetivo é a partir do elemento lúdico, inerente às crianças. O elemento lúdico na criança pode ser explorado a partir de jogos e brincadeiras que favoreçam situações de aprendizagem envolvendo ações estratégicas, raciocínio lógico, estímulo à imaginação, à cooperação, à descontração e à aquisição de conhecimento de forma espontânea. O próprio corpo pode ser utilizado para o desenvolvimento de conceitos relacionados a espaço, localização, tamanho, distância e escala, úteis para a leitura cartográfica. Além disto, os jogos e brincadeiras são potencialmente importantes para aprimorar a capacidade cognitiva, afetiva e psicomotora da criança, assim como para o desenvolvimento de competências atitudinais. Embora as atividades lúdicas espontâneas da criança permitam que ela desenvolva competências e habilidades, é importante que este recurso didático seja potencializado na prática escolar a partir do planejamento. O planejamento requer que o professor organize os materiais, defina objetivos e planeje as aulas a partir dos conhecimentos prévios dos alunos. As atividades devem estar relacionadas a situações de aprendizagem voltadas para as atitudes, focadas na formação cidadã e no respeito ao próximo. Os jogos e brincadeiras podem ser usados tanto para aprofundar como para iniciar um conceito. Quanto ao desenvolvimento cognitivo, o jogo contribui para estimular as representações e o reconhecimento simbólico, que, no caso da Geografia, associa- se à linguagem cartográfica na aprendizagem da legenda. Quando contextualizado, esse procedimento é essencial para a tomada de consciência, a qual auxiliará no desenvolvimento cognitivo. Neste sentido, pensar o jogo como atividade didática é ampliar o sentido dos objetivos de aprendizagem e avaliar o papel da pedagogia. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 27 de 64 A escolha de metodologias, temas e conteúdos a serem ensinados deve promover a construção dos conceitos. De nada adianta memorizar informações se não existe o domínio dos conceitos ou se este conhecimento não for mobilizado para o desenvolvimento de competências. O aluno precisa entender os conteúdos de forma complexa, estabelecendo relações, aprimorando conceitos e reconhecendo as interfaces envolvendo os aspectos físicos da natureza e os aspectos humanos, dentro de uma estrutura de tempo. Os elementos físicos da natureza (vegetação, relevo, clima, hidrografia, entre outros) e as ações humanas em relação ao espaço precisam ser compreendidos a partir de diferentes escalas de temporalidade, de maneira sistêmica. As aulas com conteúdos tão abrangentescomo os da Geografia devem tratar de temáticas relacionadas ao cotidiano dos alunos, deve promover a assimilação de conceitos que permitam entender sua própria ação no mundo. À medida que o aluno compreende as transformações do espaço geográfico ele amplia a visão crítica dos fenômenos naturais e humanos. A velocidade de expansão dos recursos tecnológicos e de sua flexibilização ante as demandas sociais é impressionante. A geração de crianças nascidas na última década é quase incapaz de conceber um mundo que não possua Internet, celular, cartão magnético, computador, redes sociais, smartphone, câmeras digitais, tablets e tantas outras invenções do mundo moderno. Este cenário social em que se inserem as práticas de uso das novas tecnologias não pode e não deve ser descolado das vivências e preocupações da escola e dos educadores. É muito frequente encontrar crianças nas séries iniciais que, antes mesmo de serem alfabetizadas, são capazes de efetuar ligações telefônicas, acessar jogos no computador doméstico, utilizar equipamentos eletrônicos, acionar aplicativos em tablets e até mesmo navegar na Internet. Estas possibilidades denotam a inserção a estímulos múltiplos contextualizados em um ambiente estimulador, mediado por pessoas com as quais estabelece seus relacionamentos interpessoais. O professor deve estar consciente desta realidade, pois assim conseguirá planejar melhor suas aulas e adotar recursos didáticos estimulantes e conteúdos pertinentes à realidade sociocultural de seus alunos. No cotidiano escolar é perceptível que muitos educadores permanecem alheios aos avanços metodológicos, focando suas práticas educativas em métodos tradicionais de ensino, restritos a recursos didáticos insipientes e a aulas expositivas com lousa e apagador. De acordo com Libâneo e Pimenta (2002, p. 44), o professor precisa estar atento à dinâmica social, pois só assim é possível que atue como um analista crítico da sociedade, capaz de intervir a partir de sua prática profissional. A atenção do professor para a realidade vivenciada por seus alunos deve refletir diretamente na escolha de metodologias de ensino, na definição do planejamento didático e na escolha de conteúdos que sejam significativos para o aluno. Neste sentido, é fundamental que os profissionais da área de educação se conscientizem da importância de se ter uma formação que corresponda às exigências do mundo moderno. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 28 de 64 FINALIZANDO Neste tema, você aprendeu sobre a importância do planejamento para o ensino da Geografia. Você ficou por dentro das várias possibilidades didáticas que podem ser utilizadas para tornar os conteúdos atraentes e significativos para o aluno. Você entendeu, também, como é importante construir atividades que estimulem o raciocínio, o pensamento crítico e a criatividade dos alunos. Entre os recursos que possibilitam o aprendizado estão aqueles que exploram o elemento lúdico infantil. Aplicativos: são softwares concebidos para desempenhar tarefas práticas ao usuário, para que este possa concretizar determinados trabalhos. Didática: Libâneo (2004) defne didática como a mediação entre as dimensões teóricocientífca e a prática docente. Método: conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista (LAKATOS; MARCONI, 2012). Sistêmico: conjunto de elementos, concretos ou abstratos, que se relacionam entre si. Smartphone: é um telefone com funcionalidades avançadas que podem ser estendidas por meio de programas executados por seu sistema operacional. Tablet: é um dispositivo pessoal em formato de prancheta que oferece recursos avançados de acesso à Internet, organização pessoal, visualização de fotos, vídeos, leitura de livros, jornais e revistas. Apresenta uma tela sensível que, ao ser pressionada, aciona suas funcionalidades A Didática da História constitui-se em torno de um objetivo diverso do objetivo da História como ciência. Enquanto a História científica investiga o passado e constrói um conhecimento próprio, com metodologias e teorias que envolvem a análise Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Curso de Pedagogia – Didática da História e Geografia – Temas 1 ao 10 ........................... Página 29 de 64 minuciosa das fontes, de todo e qualquer vestígio deixado pela humanidade, a versão escolar ultrapassa a simples transmissão de saberes para se tornar um campo de conhecimento no qual se imbricam a História ciência e a História escolar, cada uma com elementos próprios (VASCONCELOS, 2007). A História escolar tem um compromisso com a realidade dos alunos, com suas necessidades enquanto indivíduos, com a sociedade da qual fazem parte. Nem sempre as análises elaboradas por historiadores que desenvolvem a História científica são acessíveis ao ensino escolar, seja pela complexidade conceitual que envolve os objetos estudados, seja por estes conhecimentos não serem significativos para o público em questão. O objetivo da Didática da História é propor operações cognitivas que estejam ao alcance dos alunos. O ensino da História na escola precisa adotar uma didática que a coloque como disciplina mediadora, ou seja, que seja capaz de conciliar os conteúdos e as formas produzidas pela História como ciência com as demandas sociais e pedagógicas dos alunos. A transmissão do conhecimento histórico em sala de aula depende da capacidade de apreensão dos destinatários, que não são historiadores mas precisam adquirir a consciência dos processos e objetivos da história. Embora existam distinções entre a História científica e a História ensinada nas escolas, elas não devem ser tratadas em termos hierárquicos: “a Teoria da História pergunta pelas chances racionais do conhecimento histórico, a Didática da História, pelas chances de aprendizado da consciência histórica. Estão ligadas, mas não são a mesma coisa” (RÜSEN apud CASTELLAR, 2012). O uso das fontes e sua análise temporal são propriedades do conhecimento histórico e são úteis tanto para a História científica quanto para a didática da História. Quando a História iniciou sua trajetória como conhecimento, no século XVIII, o documento escrito oficial era considerado a essência da verdade histórica. Embora a História tenha se consagrado como ciência somente no século XVIII, autores antigos como Heródoto, Tucídides, Políbio, Tácito, Plutarco, Josefo, entre outros, são considerados historiadores. Isto ocorre em função da compreensão das diversas transformações na forma como a história foi concebida. Na primeira metade do século XX, mudanças na concepção de História trouxeram novos temas, decorrentes das transformações na forma como a história era interpretada, a partir das contribuições de outras ciências, como a sociologia, a Geografia, a psicologia das mentalidades, entre outras. Ocorreu uma diversidade no uso das fontes para a construção da História. Desta forma, obras artísticas, pinturas, esculturas, documentos escritos nos mais variados gêneros literários, anotações, imagens estáticas ou cinéticas, vestígios materiais e arqueológicos, ou seja, toda e qualquer produção que traga informações sobre a vida humana passou a compor o corpo de fontes históricas. Para a didática da História, o livro didático, que congrega o resultado das pesquisas científicas, não deve ser o único instrumento para o ensino desta disciplina. Embora ele tenha um espaço privilegiado na sala de aula, não pode ser considerado o espaço que congrega toda a História. Sua utilização deve ser feita a partir de leitura crítica, Gostou?
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