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ElEtrônicos Prof.ª Heloísa Costa GEstão ArquivísticA dE documEntos Indaial – 2022 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof.ª Heloísa Costa Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI C837g Costa, Heloísa Gestão arquivística de documentos eletrônicos / Heloísa Costa – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 219 p.; il. ISBN 978-85-515-0657-8 ISBN Digital 978-85-515-0658-5 1. Documentos eletrônicos. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 350 Caro acadêmico! Estamos em contato novamente em mais um encontro para aprendizado! Desta vez, vamos abordar o documento eletrônico – presente no dia a dia de instituições públicas e privadas, que produzem e recebem documentos decorrentes de suas atividades-meio e fim com cada vez mais intensidade no meio digital – bem como seu gerenciamento de acordo com os padrões arquivísticos. A proliferação do documento digital traz para as entidades a necessidade de planejar e estabelecer processos voltados ao gerenciamento desse tipo de documento, que envolve muito mais do que só a organização, armazenamento, preservação e acesso no meio digital, apresentando, também, como fator relevante, a garantia da confiabilidade, autenticidade e fidedignidade dos documentos sob o ponto de vista fiscal, legal e histórico. A gestão arquivística de documentos eletrônicos é uma prática consolidada pela legislação nacional e internacional, e que no Brasil tem como órgão regulamentador o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq). De acordo com o Conarq (2020a), no meio eletrônico, as operações técnicas e procedimentos são os mesmos que os utilizados na gestão de documentos convencionais, com o acréscimo dos sistemas informatizados de gerenciamento eletrônico. A gestão de documentos arquivísticos eletrônicos segue os conceitos arquivísticos, prezando tratar e controlar os documentos desde sua produção, passando pela tramitação, uso e preservação, até sua destinação final, sendo eliminados ou preservados para sempre. É um cenário desafiador para os profissionais da informação, tendo em vista que a vulnerabilidade dos documentos produzidos e tramitados no ambiente digital é maior e, como será visto, os documentos digitais possuem características próprias, exigindo um tratamento voltado às suas particularidades. Assim, neste livro, nós estudaremos aspectos que envolvem a gestão arquivística de documentos eletrônicos, visando proporcionar o entendimento necessário para subsidiar o trabalho do arquivista com relação aos conceitos aplicados à temática e ao uso dessas normativas no desenvolvimento de suas atividades. Na Unidade 1, abordaremos os conceitos que envolvem a gestão arquivística de documentos eletrônicos, tais como documento arquivístico, documento digital e documento eletrônico, apresentando suas diferenças. Também veremos a definição da política arquivística, designação de responsabilidades, planejamento e implantação do programa de gestão arquivística de documentos; e o “e-ARQ Brasil: modelo de requisitos para sistemas informatizados APRESENTAÇÃO de gestão arquivística de documentos”, que traz a especificação de requisitos, as funcionalidades, aborda os metadados, segurança, identificação e contexto dos documentos digitais. Apresentaremos, também, os formatos e padrões internacionais, tais como: PDF, PDF/A, PDF/E PDF/UA. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a legislação sobre documentos eletrônicos, a partir da apresentação dos documentos norteadores fornecidos pelo Conarq para além do e-ARQ Brasil, entre eles: as diretrizes para a implementação de repositórios arquivísticos digitais confiáveis (RDC-Arq); as diretrizes do produtor e do preservador (Interpares); as diretrizes para a presunção de autenticidade de documentos arquivísticos digitais; e a carta para a preservação do patrimônio arquivístico digital. Também abordaremos informações sobre ICP-Brasil e Certificação digital, legislação brasileira, políticas e segurança da informação arquivística. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos a conservação e preservação de documentos eletrônicos, buscando entender como acontece a organização dos documentos digitais e digitalizados; suas características; avaliação e estratégias para evitar as perdas, para garantir o acesso e evitar a adulteração de dados e documentos e suportes (fidedignidade e autenticidade), e conhecer os metadados de preservação. Também abordaremos as políticas de preservação digital e conheceremos o histórico da preservação de documentos eletrônicos, quais os principais desafios do ambiente digital e os dez mandamentos da preservação digital. Por último, serão apresentadas as técnicas de preservação digital (migração, conversão, encapsulação, emulação, microfilmagem e digitalização), bem como as informações sobre o processo de digitalização, conceitos e equipamentos utilizados. Bons estudos! Prof.ª Heloísa Costa Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. 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Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela vocêterá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! SUMÁRIO UNIDADE 1 — GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS E O SIGAD ..........................................................................................1 TÓPICO 1 — O DOCUMENTO ARQUIVÍSTICO DIGITAL ........................................... 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS .............................. 3 2.1 CONCEITOS.............................................................................................................................5 2.1.1 Características do documento arquivístico ...........................................................9 2.2 GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS (GED) ......................................10 2.2.1 Vantagens e desvantagens do GED .....................................................................13 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 21 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................22 TÓPICO 2 — GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS ...................................25 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................25 2 PROCEDIMENTOS E OPERAÇÕES TÉCNICAS DA GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS ....................................................................26 2.1 MODELO DE REQUISITOS PARA SISTEMAS INFORMATIZADOS DE GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS – E-ARQ BRASIL ................................................28 2.2 METODOLOGIA PARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE GESTÃO ......................34 2.3 PROCEDIMENTOS E OPERAÇÕES TÉCNICAS DO SISTEMA DE GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS DIGITAIS E CONVENCIONAIS .......................... 37 2.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS ..... 39 2.5 MANUAL DE GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS .........................................41 2.6 CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO E SEGURANÇA ............................................................ 42 2.7 GLOSSÁRIO .........................................................................................................................43 2.8 VOCABULÁRIO CONTROLADO E TESAURO ................................................................44 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................46 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 47 TÓPICO 3 — SISTEMAS INFORMATIZADOS DE GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS (SIGAD) ....................................................................49 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................49 2 ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS E FUNCIONALIDADES ...............................49 3 METADADOS ...................................................................................................... 51 3.1 METADADOS NO E-ARQ BRASIL ....................................................................................54 3.2 NORMAS METADADOS ..................................................................................................... 55 4 O FORMATO PDF ................................................................................................ 57 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................59 RESUMO DO TÓPICO 3 ...........................................................................................71 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 72 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 75 UNIDADE 2 — REGULAÇÃO E POLÍTICA ARQUIVÍSTICA..................................... 81 TÓPICO 1 — POLÍTICAS PÚBLICAS ARQUIVÍSTICAS ..........................................83 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................83 2 POLÍTICAS PÚBLICAS .......................................................................................85 3 POLÍTICAS ARQUIVÍSTICAS .............................................................................90 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................94 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................95 TÓPICO 2 — SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E VALIDADE DE DOCUMENTOS DIGITAIS .................................................................. 97 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 97 2 ICP-BRASIL E CERTIFICAÇÃO DIGITAL ...........................................................98 2.1 TERMINOLOGIA .................................................................................................................. 101 3 SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA .............................................102 3.1 ACESSO À INFORMAÇÃO ............................................................................................... 103 3.2 OBSOLESCÊNCIA TECNOLÓGICA ................................................................................ 104 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 107 AUTOATIVIDADE .................................................................................................108 TÓPICO 3 — DOCUMENTOS NORMATIVOS FORNECIDOS PELO CONARQ ........ 111 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 111 2 DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE REPOSITÓRIOS ARQUIVÍSTICOS DIGITAIS CONFIÁVEIS – RDC-ARQ ..................................... 114 3 DIRETRIZES DO PRODUTOR E DO PRESERVADOR (INTERPARES) .............. 118 3.1 INTERPARES 1 – DIRETRIZES DO PRODUTOR ........................................................... 119 3.1.1 Recomendações: produção, uso e preservação de documentos arquivísticos digitais ............................................................................................... 120 3.2 INTERPARES 2 – DIRETRIZES DO PRESERVADOR ..................................................127 3.3 INTERPARES 3 – DIRETRIZES DO PRESERVADOR ..................................................129 3.4 INTERPARES TRUST ....................................................................................................... 130 4 DIRETRIZES PARA A PRESUNÇÃO DE AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS ARQUIVÍSTICOS DIGITAIS ......................................................131 5 CARTA PARA A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUIVÍSTICO DIGITAL.............................................................................................................133 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 135 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................142 AUTOATIVIDADE .................................................................................................143 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 147 UNIDADE 3 — PRESERVAÇÃO DIGITAL .............................................................. 153 TÓPICO 1 — POLÍTICAS DE PRESERVAÇÃO DIGITAL ........................................ 155 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................155 2 POLÍTICAS DE PRESERVAÇÃO DIGITAL E A TECNOLOGIA ........................... 156 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................................... 158 2.2 OS MANDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DIGITAL .................................................... 159 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 165 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 166 TÓPICO 2 — PRESERVAÇÃO DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS ...................... 169 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 169 2 PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO NA ERA DIGITAL ...................................... 170 2.1 METADADOS DE PRESERVAÇÃO ..................................................................................174 2.1.1 Interoperabilidade ....................................................................................................176 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 181 AUTOATIVIDADE .................................................................................................182 TÓPICO 3 — TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO DIGITAL ........................................185 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................185 2 ESTRATÉGIAS PARA PRESERVAÇÃO DIGITAL ..............................................186 2.1 ADESÃO DE PADRÕES .................................................................................................... 186 2.2 ELABORAÇÃO DE MANUAIS E GUIAS .........................................................................187 2.3 MIGRAÇÃO ........................................................................................................................ 188 2.3.1 Migração para suportes analógicos ................................................................... 189 2.3.2 Migração a pedido ................................................................................................. 189 2.3.3 Migração distribuída ............................................................................................. 190 2.4 CONVERSÃO...................................................................................................................... 191 2.5 EMULAÇÃO ........................................................................................................................ 191 2.6 ENCAPSULAÇÃO ..............................................................................................................192 2.7 CONSERVAÇÃO DE HARDWARE E SOFTWARE .........................................................193 2.8 MICROFILMAGEM .............................................................................................................193 2.9 DIGITALIZAÇÃO ................................................................................................................ 195 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................... 200 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................... 209 AUTOATIVIDADE .................................................................................................210 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 213 1 UNIDADE 1 — GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS E O SIGAD OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • diferenciar o documento convencional, digital e eletrônico; • reconhecer o conjunto de procedimentos e operações técnicas de um Sistema de Gestão Arquivística de Documentos (SIGAD); • identificar os documentos arquivísticos por meio de suas características; • constatar as etapas do Programa de Gestão Arquivística de Documentos Eletrônicos fornecido pelo Conarq. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – O DOCUMENTO ARQUIVÍSTICO DIGITAL TÓPICO 2 - GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS TÓPICO 3 – SISTEMAS INFORMATIZADOS DE GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS (SIGAD) Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 O DOCUMENTO ARQUIVÍSTICO DIGITAL TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O avanço da tecnologia traz frequentes mudanças para diversas áreas, e com a Arquivologia isso não é diferente, pois os documentos convencionais (ou analógicos) evoluíram para os documentos digitais, tendo em vista os novos mecanismos de registro e de comunicação da informação. Essa evolução do documento agregou novas características aos documentos convencionais, que passaram a ser gerados em meios eletrônicos e armazenados em suportes magnéticos e óticos, em formato digital. Os documentos digitais demandam do profissional da informação um novo olhar para a gestão de documentos, que compreende a produção, uso, organização, classificação e preservação dos documentos no meio eletrônico. Nessa via, o arquivista precisa conhecer as funções e atividades de uma pessoa jurídica (empresa), ou ainda os documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física, para então poder estruturar o processo de gestão arquivística de documentos. Por ter relevante valor para as pessoas e instituições, a informação é um valioso ativo no âmbito organizacional. Nesse sentido, o arquivista, que tem como tarefa principal tratar, organizar e dar acesso à informação contida nos documentos de arquivo, passa a ser um recurso-chave para auxiliar na tomada de decisão nas instituições. Por isso, é essencial que esse profissional se mantenha atualizado frente às novas formas de trabalho, bem como à adaptação das antigas. Assim, seguindo as normativas do Conarq e autores que são referência na área arquivística, (Bellotto, 2007; Lacombe; Rondinelli, 2016; Santos, 2002; Santos, 2017; Santos; Inarelli; Souza, 2009, dentre outros), vamos abordar, no Tópico 1, os conceitos que envolvem a gestão arquivística de documentos eletrônicos, como: documento arquivístico, documento digital e documento eletrônico, procedimentos e operações técnicas da gestão de documentos, o significado de GED/GDE/GEAD, vantagens e desvantagens do ambiente GED e conhecer o e-ARQ Brasil e o modelo de requisitos para um SIGAD. 2 GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS A revolução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) trouxe para nosso dia a dia e para a rotina das instituições o registro das atividades em meio eletrônico, gerando documentos arquivísticos. 4 Assim, as práticas de gestão documental necessitaram ser revisitadas e adaptadas para essa nova realidade: a de que o documento digital não possui a estabilidade do documento convencional e necessita de um olhar mais atento às questões de durabilidade, visando garantir a sua autenticidade e fidedignidade. Se considerarmos a intervenção humana e a obsolescência tecnológica – tendo em vista que as TICs continuam em processo de renovação –, podemos perceber que o desafio do arquivista consiste em olhar para a gestão arquivística de documentos eletrônicos de forma cuidadosa, controlando e acompanhando os procedimentos de produção, tramitação, uso, arquivamento e preservação do documento digital, de maneira que a função maior dos arquivos se cumpra: o acesso aos documentos. Da mesma forma que os documentos convencionais, a gestão correta, dentro dos padrões preestabelecidos pelo Conarq e das normativas da área da Arquivologia, bem como a orientação de profissionaisespecializados em documentos digitais, cientistas e professores que estudam a matéria, auxiliam no controle e redução de massas documentais encontradas nas instituições, massas estas que passaram a ser híbridas (em papel e em meio eletrônico). O crescimento e acúmulo dos documentos digitais é tão real no meio eletrônico quanto no meio convencional, sendo que, se neste é necessário espaço físico para alocar os documentos acumulados, no meio eletrônico o espaço disponibilizado em servidores ou na nuvem também se constitui em investimentos expressivos para seu armazenamento, recuperação e segurança. A Resolução do Conarq nº 20, de 16 de julho de 2004, que dispõe sobre a inserção dos documentos digitais em programas de gestão arquivística de documentos dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos, relembra em seu texto o dever do Poder Público com relação à necessidade da aplicação da gestão documental, em que ressalta o exposto no Quadro 1. QUADRO 1 – OBSERVAÇÕES DO CONARQ SOBRE A NECESSIDADE DA GESTÃO DOCUMENTAL A gestão arquivística de documentos, independente da forma ou do suporte adotados, tem por objetivo garantir a produção, a manutenção, a preservação de documentos arquivísticos fidedignos, autênticos e compreensíveis, e o acesso a estes. As organizações públicas e privadas e os cidadãos vêm cada vez mais produzindo documentos arquivísticos exclusivamente em formato digital e que governos, organizações e cidadãos dependem do documento digital como fonte de prova e informação, e garantia de direitos. Os documentos digitais são suscetíveis à degradação física e à obsolescência tecnológica de hardware, software e formatos, as quais podem colocar em risco o patrimônio arquivístico digital. Somente com a participação ativa das instituições e profissionais de arquivo no processo de gestão arquivística serão assegurados a preservação de longo prazo de documentos em formato digital e o acesso contínuo a esses documentos. FONTE: Brasil (2004, p. 5) 5 Essa resolução assevera que os documentos arquivísticos sejam identificados e preservados independente de sua forma ou suporte, produzido e recebido no decorrer das atividades de um órgão, entidade ou pessoa (BRASIL, 2004). Assim, as técnicas e procedimentos que envolvem a gestão arquivística de documentos eletrônicos são tão importantes quanto as de gestão arquivística de documentos convencionais, pois sua finalidade e propósito são os mesmos: gerenciar o ciclo de vida dos documentos, racionalizar a massa documental, organizar para otimização de espaço e para acesso, uso e reuso dos documentos. Buscando ainda trazer as condições essenciais para o tratamento e gerenciamento de documentos digitais, o Conarq publicou, em 2005, o e-ARQ Brasil, “uma especificação de requisitos a serem cumpridos pela organização produtora/ recebedora de documentos, pelo sistema de gestão arquivística e pelos próprios documentos, a fim de garantir sua confiabilidade e autenticidade, assim como sua acessibilidade” (CONARQ, 2020a, p. 15), cuja versão foi atualizada em julho de 2020. Consequentemente, a adoção desses requisitos implica a implementação de políticas e procedimentos administrativos para fornecer a evidência necessária à garantia da autenticidade, o que veremos ao longo deste livro. 2.1 CONCEITOS Para dar conta do entendimento da gestão arquivística de documentos eletrônicos precisamos conhecer os principais conceitos que envolvem o processo, bem como as diferenças já estabelecidas na literatura. Como estamos tratando do documento digital, vale relembrar o conceito de documento: “É a unidade de registro de informações, suscetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, em que se comprovam fatos, fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada época ou lugar” (INDOLFO, 1995, p. 11). “É toda informação registrada em um suporte material, suscetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprova fatos, fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada época ou lugar” (BRASIL, 2002, p. 3). Dentre os conceitos mais importantes que veremos nesta unidade estão o conceito de: documento arquivístico, documento digital, documento arquivístico digital e documento arquivístico convencional, como podemos verificar na Figura 1. 6 FIGURA 1 – CONCEITOS DEFINIDOS CONFORME O e-ARQ Brasil DOCUMENTO ARQUIVÍSTICO CONVENCIONAL É um documento arquivístico não digital DOCUMENTO ARQUIVÍSTICO DIGITAL É um documento digital que é tratado e gerenciado como um documento arquivístico, ou seja, incorporado ao sistema de arquivos DOCUMENTO DIGITAL É a informação registrada, codificada em dígitos binários e acessível por meio de sistema computacional. DOCUMENTO ARQUIVÍSTICO É um documento produzido e/ ou recebido e mantido por pessoa física ou jurídica, no decorrer das suas atividades, qualquer que seja o suporte, e dotado de organicidade. CONCEITOS FONTE: Conarq (2005, p. 9) No Dicionário de Terminologia Arquivística encontramos definição similar à apresentada no e-ARQ Brasil, de que documento digital é o “Documento codificado em dígitos binários, acessível por meio de sistema computacional” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 75). Já o documento eletrônico consiste em um “Gênero documental integrado por documentos em meio eletrônico ou somente acessíveis por equipamentos eletrônicos, como cartões perfurados, disquetes e documentos digitais” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 75). Dessa forma, todo documento digital é eletrônico, mas nem todo documento eletrônico é digital. Na Figura 2 são apresentados alguns exemplos de documento digital e de documento eletrônico. FIGURA 2 – EXEMPLOS DE DOCUMENTO DIGITAL E DOCUMENTO ELETRÔNICO DOCUMENTO DIGITAL DOCUMENTO ELETRÔNICO É acessível e interpretável por meio de um equipamento eletrônico (aparelho de videocassete, filmadora, computador com leitor de CD/DVD). Exemplos: filme em VHS, música em fita cassete, informação digital em CD/DVD. Exemplos: texto em PDF, planilha de cálculo em Microsoft Excel, áudio em MP3, filme em AVI. FONTE: A autora 7 Rondinelli (2005), ao tratar do gerenciamento arquivístico de documentos eletrônicos, apresenta um quadro comparativo do documento convencional versus documento digital, o qual reproduzimos e discutimos no Quadro 2. QUADRO 2 – PECULIARIDADES DO DOCUMENTO CONVENCIONAL E DO DOCUMENTO DIGITAL Documento convencional Documento eletrônico Peculiaridades quanto ao registro e uso de símbolos Suporte: papel Símbolos: alfabeto, desenhos. Leitura direta Suporte: magnético ou óptico. Símbolos: dígitos binários. Leitura indireta (hardware/software) Peculiaridades quanto à conexão entre conteúdo e suporte Conteúdo e suporte: não se separam; visualização simultânea de ambos. Conteúdo e suporte: perfeitamente separáveis; visualização não simultânea de ambos. Peculiaridades quanto à forma física Tipo e tamanho da letra; idioma; cor; símbolos (logomarca). Tipo e tamanho da letra (fonte); idioma; cor; símbolos; (logomarca, indicação de “atachados”, assinatura digital). + Contexto tecnológico (hardware e software). Peculiaridades quanto à forma intelectual Configuração da informação (textual, gráfica, imagética). Articulação do conteúdo (saudação, data, assinatura manual). Anotações (autenticação, observações, número do protocolo, código de classificação, temporalidade). Idem. Articulação do conteúdo (saudação, data, nome do autor, nome do destinatário, nome do originador). Idem. Peculiaridades quanto aos metadados (integram a forma física e intelectual do documento) Atributos concomitantes ou posteriores à criação do documento: anotações, instrumentos de pesquisa (inventários, catálogos, índices). Atributos concomitantes ou posteriores à criação do documento: • inerentes ao aplicativo – data e hora da elaboração do documento. • especiais – código de classificação, temporalidade,status de transmissão (minuta, original ou cópia), o próprio sistema de gerenciamento arquivístico de documentos, anotações, instrumentos de pesquisa (inventários, catálogos, índices). Peculiaridades quanto à identificação Entidade física. Entidade lógica. Peculiaridades quanto à preservação Acondicionamento correto + ambiente climatizado. Fragilidade do suporte + obsolescência tecnológica. FONTE: Rondinelli (2005, p. 157) 8 Podemos observar, no Quadro 2, as diferenças com relação ao documento convencional e documento eletrônico, o que traz uma ampliação do suporte do papel para o magnético ou óptico. Contudo, se no documento em papel a leitura se dava de forma direta, com o documento em mãos, no documento eletrônico, a leitura acontece por meio de um hardware ou software. O conteúdo do documento convencional está atrelado ao suporte, por sua vez, o conteúdo do documento eletrônico é binário, o que significa que ele é formado a partir de impulsos elétricos, então ele pode ser repetido/copiado/transferido para qualquer computador. O suporte do documento convencional é uma folha, já o suporte do documento eletrônico é formado pelo conjunto dos componentes de hardware do computador. Quanto à forma física, o documento convencional e o eletrônico diferem, pois neste há o acréscimo de anexos e assinaturas digitais já pertencentes ao contexto tecnológico. E quanto à forma intelectual, a configuração da informação tanto do documento convencional quanto do eletrônico são semelhantes, assim como as anotações, mas com relação à articulação do conteúdo são acrescidos: nome do autor, nome do destinatário e nome do originador. Com relação aos metadados, o documento eletrônico fornece alguns aspectos diferenciados como data e hora da elaboração do documento, que consiste no registro do próprio sistema, e se o documento transmitido é um rascunho, minuta, original ou cópia, além do sistema em si. A “Forma” refere-se ao estágio de preparação do documento: • Minuta: documento com características de futuro original; redação preparatória de um documento textual; é o pré-original já concluído, não tendo apenas os sinais de validade que o tornaria o original. • Rascunho: redação preparatória do original, podendo conter rasuras, correções e supressões; é anterior à minuta, que não apresenta imperfeições. • Original: representa a versão final de um documento, já na sua forma apropriada. O original é o documento feito por direta vontade dos autores e conservado em matéria e formas genuínas sob as quais foi originalmente emitido (BELLOTTO, 2007). • Cópia: representa um documento formalmente idêntico a um original. Ela pode conviver com seus originais ainda existentes ou pode vir a substituí-los. NOTA Quanto à identificação, o documento convencional parte da entidade física, enquanto o que forma o documento eletrônico é uma série binária a ser interpretada de forma lógica pelo computador. E com relação à preservação da informação, 9 documentos convencionais e eletrônicos necessitam de cuidados direcionados às suas características, sendo que no convencional deve-se atentar para o condicionamento correto e ambiente climatizado, incluindo o material a ser utilizado (pastas, caixas e móveis), além de infraestrutura física (salas/prédios); e para o documento digital, é preciso cuidar da migração do suporte devido à obsolescência tecnológica. Vistas essas diferenças entre o documento convencional e o eletrônico, ressaltamos a importância de estabelecer quais documentos são arquivísticos ou não, ou seja, possuem organicidade, para evitar os esforços de tratamento documental em documentos não orgânicos. De acordo com o Conarq (2020a), no documento e-ARQ Brasil, os documentos arquivísticos são os que conferem aos órgãos e entidades a capacidade de: • conduzir as atividades de forma transparente, possibilitando a governança e o controle social das informações; • apoiar e documentar a elaboração de políticas e o processo de tomada de decisão; • possibilitar a continuidade das atividades em caso de sinistro; • fornecer evidência em caso de litígio; • proteger os interesses da empresa, os direitos dos funcionários, usuários ou clientes; • assegurar e documentar as atividades de pesquisa, desenvolvi- mento e inovação, bem como a pesquisa histórica; • manter a memória corporativa e coletiva (CONARQ, 2020a, p. 30). A preocupação está voltada para que os documentos arquivísticos sejam confiáveis, autênticos, acessíveis e compreensíveis, o que só é possível por meio da implantação de um programa de gestão arquivística de documentos, que permitirá a sua preservação. Veremos sobre o Programa de Gestão Arquivística de Documentos ainda nesta unidade! ESTUDOS FUTUROS 2.1.1 Características do documento arquivístico Os documentos de arquivo possuem princípios e/ou características que possibilitam diferenciá-los de outros tipos de documentos. Aqui vamos ressaltar as que estão listadas no e-ARQ Brasil, como sendo qualidades essenciais a serem cumpridas pelo programa de gestão: 10 • Organicidade: relações que mantém com os demais documentos do órgão ou entidade, que refletem suas funções e atividades e que relações devem ser mantidas. A organicidade caracteriza que um conjunto de documentos é um arquivo. • Unicidade: o documento arquivístico é único no conjunto documental ao qual pertence. É único pelas informações que carrega. Podem existir cópias, mas cada cópia está relacionada a outro único conjunto de documentos. • Confiabilidade: um documento arquivístico confiável é aquele que tem a capacidade de sustentar os fatos que atesta, deve ser completo e ter seus procedimentos de produção bem controlados. • Autenticidade: a autenticidade está ligada à transmissão do documento e à sua preservação e custódia. Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta o mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção. Um documento não completamente confiável, mas transmitido e preservado sem adulteração ou qualquer outro tipo de corrupção, é autêntico. • Acessibilidade: “um documento arquivístico acessível é aquele que pode ser localizado, recuperado, apresentado e interpretado” (CONARQ, 2020a, p. 37-38). Atenção especial à transmissão de documentos para outros sistemas sem perda de informação e de funcionalidade. Recuperação da informação de qualquer documento em qualquer tempo Reforce seus estudos lendo o artigo sobre documentos arquivísticos digitais indicado a seguir: SANTOS, V. B. dos. Documentos arquivísticos digitais: um descompasso entre a teoria e a prática no Brasil. Revista do Arquivo, São Paulo, ano 2, n. 6, p. 16-33, abril de 2018. Disponível em: https:// cutt.ly/eRHxHYv. Acesso em: 10 out. 2021. DICA 2.2 GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS (GED) O Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) teve sua origem na gestão de documentos convencionais, trazendo como base todo o conjunto de medidas e rotinas aplicadas na gestão documental que objetivam à racionalização e eficiência na criação, utilização e preservação dos documentos, porém aplicadas ao ambiente eletrônico. GED é um sistema que converte informações em voz, texto ou imagem para a forma digital. Funciona com o uso de softwares e hardwares específicos que permitem a captação, o armazenamento, a localização e o gerenciamento das versões digitais das informações. Todos os documentos são digitalizados em scanners especiais, depois conferidos e gravados em meios magnéticos ou discos ópticos (SILVA et al., 2003, p. 2). 11 Gerenciamento eletrônico de documentos (GED): pode ser definido como um conjunto de tecnologias utilizadas para organização da informação não estruturada de um órgão ou entidade, que pode ser dividido nas seguintes funcionalidades: captura, gerenciamento, armazenamento e distribuição. “Entende-se por informação não estruturada aquelaque não está armazenada em banco de dados, como mensagens de correio eletrônico, arquivo de texto, imagem ou som, planilha etc.” (CONARQ, 2020b, p. 32). NOTA O Portal ECM GED entende a “solução tecnológica de GED como um conjunto de módulos interligados que permite a uma empresa gerenciar seus documentos em forma física ou digital. Esses documentos podem ser das mais diversas origens, tais como papel, microfilme, imagem, som, planilhas eletrônicas, arquivos de texto etc.” (O QUE É GED?, 2021, s. p.). O GED é o instrumento necessário para recuperar o material digitalizado, permitindo gerenciar o documento, dar acesso rápido, bem como auxiliar na preservação das informações contidas em documentos digitais. De acordo com a e-ARQ Brasil (CONARQ, 2020a), a implantação de um GED, pode trazer inúmeros benefícios para usuários dos documentos digitais, dentre eles destacamos: • acessos simultâneos em rede pelos produtores e usuários: um GED permite que diferentes usuários do sistema acessem um mesmo documento digital ao mesmo tempo, desde que esses tenham permissão de acesso; • divulgação das ações/documentos simultaneamente à sua realização: sempre que um documento estiver sendo trabalhado em conjunto por diferentes pessoas, o sistema registra as modificações realizadas em tempo real; • controle de versões na produção documental: é gerado um histórico de versões, possibilitando recorrer a versões anteriores; • imposição de uso dos instrumentos de classificação e temporalidade: tem base na aplicação dos princípios de gestão documental para organizar e recuperar os documentos digitais, além de cuidar do ciclo de vida desses documentos; • otimização de produção de instrumentos de busca e descrição: permite a recuperação da informação com maior facilidade, dando acesso imediato à documentos, tendo em vista que podem ser indexados inúmeros metadados, como autor, título e datas do documento, além do próprio texto; 12 • incorporação de tecnologias de gestão de fluxos de trabalho, de formulários, de gestão de imagens, de processos etc.: o GED pode (consideradas possibilidades e não componentes obrigatórios) englobar tecnologias de digitalização, automação de fluxos de trabalho (workflow), processamento de formulários, indexação, gestão de documentos, repositórios, entre outras. • redução da produção de documentos em suporte papel: passa-se a criar documentos em meio eletrônico, propiciando a redução da quantidade de documentos em papel gerada, que além de impactar no espaço físico também reflete no impacto do meio ambiente. Abordaremos, mais detalhadamente, os metadados no Tópico 3 desta unidade. ESTUDOS FUTUROS Workflow: é a sequência de passos necessários para que se possa atingir a automação de processos de negócio, conforme conjunto de regras definidas, envolvendo noção de processos, permitindo que estes possam ser transmitidos de uma pessoa para outra de acordo com algumas regras. FONTE: <https://www.scanprint.com.br/solucoes.php>. Acesso em: 29 out. 2021. NOTA Segundo o e-ARQ Brasil (CONARQ, 2020a), de maneira geral, a literatura de GED apresenta as funcionalidades descritas na Figura 3. FIGURA 3 – FUNCIONALIDADES DO GED FONTE: A autora 13 Ainda de acordo com o Conarq (2020a, p. 28, grifo nosso), a literatura também “[...] cita as tecnologias de digitalização, automação de fluxos de trabalho (workflow) etc. como possibilidades, não como componentes obrigatórios”. Na etapa de captura são incorporados os documentos ao sistema de gestão arquivística, considerando sua relação orgânica, sendo incluídos em um fluxo de trabalho (tramitação) e, posteriormente, ao arquivamento, em que são observadas as questões referentes ao armazenamento de pastas e diretórios, de modo a fazer a conexão entre os vários objetos digitais, controlados por mecanismos predefinidos. No armazenamento devem ser garantidas a autenticidade e o acesso (distribuição) aos documentos de acordo com o seu ciclo de vida. O gerenciamento envolve os processos do programa de gestão arquivística, que veremos no Tópico 2 desta Unidade. 2.2.1 Vantagens e desvantagens do GED Ter um ambiente GED traz mais benefícios do que desvantagens, se seguirmos a implantação de forma recomendada por profissionais da área. Além de proporcionar maior agilidade e facilidade nos processos administrativos e no acesso a informações, o GED prevê o acompanhamento do decurso dos documentos arquivísticos e o armazenamento, seja em nuvem, seja em equipamentos para os tipos de backup necessários. Para Baldam (2016) existem diversas razões para implementar um ambiente GED, que beneficiam diferentes atores, conforme descrito a seguir: • Para o usuário e para o cliente: ◦ redução do tempo de processamento e manuseio do papel; ◦ aumento de satisfação do usuário; ◦ incremento à produtividade; ◦ melhoria da satisfação com o trabalho; ◦ acesso imediato e multiusuário a qualquer informação; ◦ melhoria da qualidade do trabalho; ◦ alta velocidade e precisão na localização de documentos; ◦ melhor atendimento ao cliente por proporcionar respostas mais precisas e instantâneas. • Para o processo de gestão documental: ◦ melhor controle dos documentos; ◦ redução do espaço físico de armazenagem; ◦ facilidade de implementar temporalidade documental; ◦ minimização de perda e extravio de documentos. 14 • Para o pessoal de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) ◦ integração com outros sistemas e tecnologias; ◦ facilidade adicional para implantar organização virtual; ◦ disponibilidade instantânea de documentos sem limites físicos; ◦ gerenciamento e otimização do workflow; ◦ possibilidade da organização virtual sem limites físicos; ◦ maior agilidade nas transações entre organizações; ◦ maior velocidade na implementação de mudanças nos processos. • Para a instituição: ◦ redução de custos com novos escritórios/depósitos/equipamentos; ◦ proteção do patrimônio; ◦ eliminação de fraudes, principalmente em agências governamentais; ◦ proteção contra catástrofes que poderiam danificar o acervo. Nessa perspectiva, ainda com relação à gestão documental, o ambiente GED pode proporcionar inúmeros benefícios para as instituições que o adotarem, tais como: Otimização das atividades; agilidade no processo de disseminação e no acesso à informação; maior confiabilidade e eficiência; redução de áreas de arquivamento; redução no tempo de recuperação da informação; rapidez para atualização dos dados; acesso múltiplo e simultâneo em rede da informação; cópias de segurança; diminuição da circulação do volume documental no suporte físico; preservação dos originais; redução de custos com cópias; aumento da capacidade e qualidade de armazenagem em microfilme e controle da informação (ELIAS, 2012, p. 18-19). Na implementação de um ambiente GED existe uma série de vantagens que devem ser consideradas. No Quadro 3, explicamos algumas dessas vantagens a partir da pesquisa realizada por Macedo (2003). QUADRO 3 – VANTAGENS DO AMBIENTE GED Densidade dos pacotes O conteúdo (imagens) de dez arquivos com quatro gavetas cada (200 mil páginas) pode ser armazenada num único disco de 12 polegadas em vez de 1.200 microfichas, 40 rolos de microfilme de 16 mm, 40 rolos de fita magnética ou 2 mil disquetes. Recuperação veloz Qualquer documento pode ser localizado em alguns segundos. De um arquivo com milhões de páginas, a recuperação não deve exceder os 30 segundos. O papel num arquivo local pode exigir cinco minutos; de um local remoto, a recuperação pode levar horas. A recuperação em microfilme leva mais tempo que a do disco óptico, porém menos que a do papel. Workflow (sequenciamento, rastreamento, geração de relatórios) Com o gerenciamento do fluxo de papéis, as pessoas podem ser avisadas automaticamente sobre quando devem iniciar o próximo procedimento; os documentos sensíveis ao tempo podem receber uma prioridade alta e ser expedidos através do sistema. Podem- se estabelecer trilhaseletrônicas de autoria além de relatórios de gerenciamento gerados para a revisão do andamento do trabalho. 15 Indexação e referência cruzada Pesquisar documentos por nome, número de conta, palavra-chave ou qualquer combinação de descritores. Um sistema de senhas de usuário pode restringir o acesso a várias categorias de material. Segurança Um sistema de senhas de usuário pode restringir o acesso a várias categorias de material. Documentos sempre disponíveis Muitas pessoas podem consultar o mesmo arquivo ou até o mesmo documento simultaneamente. Integração com outros sistemas Os sistemas de discos ópticos permitem fazer interface com outros sistemas eletrônicos. É possível recuperar documentos de um disco óptico enquanto o usuário acessa simultaneamente os dados relacionados a partir do computador da instituição e, por meio de janelas, exibe as imagens e os dados. FONTE: Adaptado de Macedo (2003, p. 53-54) Destacamos que, com relação à densidade dos pacotes, que se refere ao armazenamento dos documentos, o conteúdo de dez arquivos com quatro gavetas (algo em torno de 200 mil páginas) – como mencionado por Macedo (2003) – pode facilmente ser armazenado em um único pen drive ou em cinco CDs, ou, ainda, utilizar um serviço de armazenamento em nuvem, como fazem as empresas atualmente. Se o GED apresenta inúmeras vantagens na produção, transmissão, armazenamento e acesso aos documentos, por outro lado traz pode apresentar pontos desfavoráveis, se não forem seguidos alguns cuidados na sua implementação. De acordo com o e-ARQ Brasil (CONARQ, 2020a, p. 23): A simplicidade de criação e transmissão de documentos traz como consequência a informalidade na linguagem, nos procedimentos ad- ministrativos, bem como o esvaziamento das posições hierárquicas. A facilidade de acesso acarreta, às vezes, intervenções não autoriza- das que podem resultar na adulteração ou perda dos documentos. A rápida obsolescência tecnológica (software, hardware e formato) e a degradação das mídias digitais dificultam a preservação de longo prazo dos documentos e sua acessibilidade contínua. Estes e outros problemas requerem a adoção de medidas preventivas para minimi- zá-los. De acordo com Baldam, Valle e Cavalcanti (2004), o uso do GED pode apresentar problemas se não forem considerados alguns aspectos. Quando da sua implantação, é necessário consultar profissionais especializados, que poderão orientar sobre o sistema. Exige infraestrutura apropriada e planejamento adequado, o que requer também investimentos financeiros, recursos materiais e humanos e equipamentos (softwares e hardwares) adequados ao sistema que será utilizado. Com a obsolescência tecnológica, é necessário adequar mídias e o próprio sistema, pois corre-se o risco de não se conseguir acessar a informação contida nos documentos digitais. É necessário observar a legislação vigente sobre gestão de 16 documentos digitais, pois alguns documentos podem não ser aceitos em formato digital, o que traz a necessidade do documento original para a comprovação de fatos, ou seja, alguns documentos podem não ter valor jurídico no formato digital. Um ambiente GED contém algumas características, podendo ser amplo ou limitado, o que ficará a critério da instituição que for implementá-lo. Dentre essas características, podemos ressaltar algumas descritas por Fantini (2001, p. 35), quando o autor nos explica que o GED mantém as características visuais e espaciais, e a aparência do documento original em papel. Gerencia o ciclo de vida das informações desde sua criação até o arquivamento, e podem estar registradas em mídias analógicas ou digitais em todas as fases de sua vida. O documento pode ser exibido ou impresso em papel onde e quando necessário em apenas alguns segundos. Na Figura 4, apresentamos os componentes do ambiente GED, conforme Baldam, Valle e Cavalcanti (2004). FIGURA 4 – ITENS ENCONTRADOS NO AMBIENTE GED FONTE: Baldam, Valle e Cavalcanti (2004, p. 35 17 Segundo Baldam, Valle e Cavalcanti (2004), o documento pode estar em papel ou nato digital. O scanner é o equipamento usado para digitalizar o documento, ou seja, obter uma imagem do documento e ser armazenada eletronicamente. Os sistemas GED costumam ser instalados em um ou mais computadores ou servidores em rede visando facilitar a distribuição de informação; a rede é o meio utilizado para a comunicação entre os diversos componentes do sistema. Com relação ao armazenamento, este pode ser feito no próprio servidor de imagens ou em outro ambiente computacional. Para obter uma cópia física do documento usa- se a impressora e o computador, que compõem a estação de trabalho, e servem para acesso ao servidor que pode permitir ao usuário consultar, criar documentos, cadastrar documentos existentes, entre outras ações. Baldam, Valle e Cavalcanti (2004) trazem, ainda, as diferenças entre o papel e o GED para as atividades documentárias, conforme apresentado no Quadro 4. QUADRO 4 – DIFERENÇAS PAPEL VERSUS GED Atividade Papel GED Capturar um documento São armazenados em armários e pastas. Documentos são digitalizados para gerar imagens. Uso de mais de uma forma de armazenar documentos ou arquivos setoriais Cópias são feitas e armazenadas em diversos arquivos. Busca por índice de diferentes maneiras para localizar o mesmo documento. Sem limite físico. Recuperação Exemplo de fácil consulta: ir até a sala do arquivo, encontrar o documento, removê-lo, ir à copiadora, fazer cópia, retornar o original ao local de origem. Ir ao computador, pesquisar pelo índice desejado, visualizar ou imprimir. Tempo de recuperação Desde vários minutos até semanas. Segundos. Distribuição do documento (imagem) Malote, correio interno. Via mensagem eletrônica, própria do sistema ou e-mail. Espaço exigido para armazenamento (documentos por m³) Alguns milhares. Milhões. Potencial de perda de documentos Alta. Mínima. Impacto na infraestrutura de computadores Nenhum. Alto. Impacto no sistema atualmente em uso Nenhum. Potencialmente alto – pode requerer revisão de processos. FONTE: Adaptado de Baldam, Valle e Cavalcanti (2004) 18 Podemos observar claramente, no Quadro 4, as principais vantagens do ambiente GED com relação às atividades destacadas pelos autores, dentre elas estão a rápida recuperação de documentos, a eficiência na sua distribuição e o reduzido potencial de perda. Contudo, há a necessidade de investimentos na infraestrutura de computadores e a possível adequação dos sistemas utilizados pela instituição. Ao abordarmos a gestão eletrônica de documentos, podemos nos deparar com as siglas: GED, GDE, GEAD: • Gestão Eletrônica de Documentos (GED): gestão de documentos criados em meio eletrônico, cujo original permanece neste meio, embora englobe também documentos digitalizados. • Gestão de Documentos Eletrônicos (GDE): estabelece políticas de avaliação, produção, descrição, destinação e preservação de documentos eletrônicos, com regras de tramitação, segurança e Acesso. • Gestão Arquivística de Documentos (GEAD): independe da forma ou do suporte adotados, tem por objetivo garantir a produção, manutenção, preservação de documentos arquivísticos fidedignos, autênticos e compreensíveis, bem como o acesso a estes. NOTA Cabe aqui esclarecer algumas siglas que fazem parte do universo do GED, para que, ao surgirem conteúdos, sobretudo que envolvem o mercado de tecnologia da informação, possamos conhecê-las. A primeira delas é a sigla ECM (Enterprise Content Management ou Gerenciamento de Conteúdo Empresarial, em português). O ECM é considerado uma evolução do GED, mas no Brasil a sigla GED é a mais usada desde 1980. Em 2016, a Association for Information and Image Management (AIIM) substituiu a sigla ECM pela sigla IIM (em inglês, Intelligent Information Management, ou em português, Gestão Inteligente da Informação) (ECM X GED, 2021). Vejamos algumas das principaissiglas relacionadas ao ambiente GED: 19 FI GU RA 5 – CO N CE IT O S D O G ED A II M ( A ss o c ia ti o n f o r In fo rm a ti o n a n d Im a g e M a n a g e m e n t) E nt id ad e am er ic an a qu e of er ec e ed u ca çã o, pe sq u is a e as m el h or es p rá tic as p ar a aj u da r a s or ga n iz aç õe s a en co nt ra r, co nt ro la r e o tim iz ar su as in fo rm aç õe s. B P M (B u si n e ss P ro c e ss M a n a g e m e n t) G er en ci am en to d e P ro ce ss os d e N eg óc io , co n ce ito q u e u n e te cn ol og ia d a in fo rm aç ão e ge st ão d e n eg óc io s, c om f oc o n a ot im iz aç ão do s re su lta do s da s em pr es as p or in te rm éd io d a m el h or ia d os p ro ce ss os d e n eg óc io . B P M é u m a da s te cn ol og ia s qu e co m põ em o G E D . E C M (E n te rp ri se C o n te n t M a n a g e m e n t) C on ju nt o de t ec n ol og ia s u til iz ad as p ar a ge rê n ci a do c ic lo d e vi da d as in fo rm aç õe s n ão e st ru tu ra da s de u m a em pr es a, c on te m pl an do a s fa se s de cr ia çã o/ ca pt u ra , a rm az en am en to , v er si on am en to , in de xa çã o, g es tã o, d es ca rt e, d is tr ib u iç ão , pu bl ic aç ão , p es qu is a e ar qu iv am en to . N a pr át ic a, é a m es m a co is a qu e G E D . C O L D /E R M P os si bi lit a qu e re la tó rio s se ja m g er ad os e ge re n ci ad os e m f or m a di gi ta l. P od em s er fe ita s an ot aç õe s so br e o re la tó rio s em a fe ta r o do cu m en to o rig in al C R M (C u st o m e r re la ti o n sh ip m a n a g e m e n t) C on ju nt o de f er ra m en ta s qu e au to m at iz am o re la ci on am en to c om c lie nt es . C M S (C o n te n t M a n a g e m e n t S ys te m ) S is te m a ge st or d e si te s, p or ta is e in tr an et s qu e in te gr a fe rr am en ta s n ec es sá ria s pa ra c ria r, ge rir (e di ta r e in se rir ) c on te ú do e m t em po r ea l, se m a n ec es si da de d e pr og ra m aç ão D M ( D o c u m e n t M a n a g e m e n t) G er en ci am en to d e D oc u m en to s. É a t ec n ol og ia qu e pe rm ite g er en ci ar c om m ai s efi cá ci a a cr ia çã o, r ev is ão , a pr ov aç ão e d es ca rt e de do cu m en to s el et rô n ic os . D en tr e as s u as p rin ci pa is f u n ci on al id ad es e st á o co nt ro le d e in fo rm aç õe s (a u to ria , r ev is ão , v er sã o, da ta s et c. ), se gu ra n ça , b u sc a, c h ec k- in /c h ec k- ou t e ve rs io n am en to . K M ( K n o w le d g e M a n a g e m e n t) G es tã o do C on h ec im en to . M ét od o e fe rr am en ta s de s of tw ar e qu e pe rm ite m id en tifi ca r o s co n h ec im en to s da e m pr es a pa ra o s or ga n iz ar e di vu lg ar . D I ( D o c u m e n t Im a g in g ) É a t ec n ol og ia d e G E D q u e pr op ic ia a c on ve rs ão de d oc u m en to s do m ei o fí si co p ar a o di gi ta l. Tr at a- se d a te cn ol og ia m ai s di fu n di da d o G E D , m u ito u til iz ad a pa ra c on ve rs ão d e pa pe l e m im ag em , a tr av és d e pr oc es so d e di gi ta liz aç ão c om ap ar el h os s ca n n er s. FO N TE : A da pt ad a de G lo ss ár io (2 02 1) 20 O GED já incorporou os conceitos arquivísticos evidenciados pelas normativas do Conarq, em que tanto a gestão de documentos convencionais como digitais utilizam ferramentas eletrônicas para executar diversas atividades, como, por exemplo, o registro e protocolo. Se há alguns anos o GED era apenas utilizado para digitalização e acesso, atualmente é um instrumento de apoio dentro do sistema da gestão arquivística de documentos eletrônicos. Contudo, diferentemente de um sistema de gestão arquivística de documentos, o GED não incorpora, necessariamente, o conceito arquivístico do ciclo de vida dos documentos, pois trata os documentos de forma compartimentada. Por exemplo, podemos incluir no GED apenas os documentos de fase corrente, que estão em uso, que estejam em tramitação ou não, ou ainda, podemos incluir apenas os documentos de fase permanente, para pesquisar um determinadas informações contidas em documentos dessa fase, com o objetivo de não haver deslocamento ao arquivo. Podemos perceber, a partir desse exemplo, que o ciclo de vida não necessariamente é contemplado quando disponibilizamos documentos em um GED. O processo de GED envolve o armazenamento e gerenciamento dos documentos digitais ou digitalizados desde sua criação e captura (documentos em papel, e-mail, fotos, relatórios, áudio e vídeos), passando pela gestão (revisão e aprovação, edição e versão), ou seja, assegurando que antes da publicação o documento seja revisado com o envolvimento de colaboradores de diferentes áreas da instituição. Em seguida, os documentos são colocados à disposição dos usuários por meio da pesquisa dos registros, que poderão ser realizadas por meio do portal corporativo da instituição, por websites, ou, ainda, por impressão, sempre preservando os níveis de acesso aos documentos. A produção de papel é uma das atividades industriais que mais causa danos ao meio ambiente, consome energia, água e madeira em grande medida. Ao implementar um GED, uma instituição opta por fazer parte da filosofia paperless, ou seja, “sem papel”, tendo em vista que a produção de documentos em papel vai diminuindo. Por isso, o uso do GED, além de gerar benefícios para a instituição que o implementa, também gera benefícios para toda a sociedade. O uso do GED traz a possibilidade de fazermos um elo entre o passado e o futuro com a documentação, mas isso deve ser feito sempre seguindo os procedimentos da gestão arquivística de documentos, o que veremos no próximo tópico desta unidade. Assista ao vídeo sobre o Gerenciamento Eletrônico de Documentos, disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=CacZYntOnwA. DICA 21 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A gestão arquivística de documentos, independente da forma ou do suporte adotados, tem por objetivo garantir a produção, a manutenção, a preservação de documentos arquivísticos fidedignos, autênticos e compreensíveis e o acesso a eles. • Da mesma forma que os documentos convencionais, a gestão correta, dentro dos padrões preestabelecidos pelo Conarq e das normativas da área da Arquivologia, bem como a orientação de profissionais especializados em documentos digitais, cientistas e professores que estudam a matéria, auxilia no controle e redução de massas documentais encontradas nas instituições. • As características de um documento arquivístico são: organicidade, unicidade, confiabilidade, autenticidade e acessibilidade. • GED é um conjunto de tecnologias utilizadas para organização da informação não estruturada de um órgão ou entidade, que pode ser dividido nas seguintes funcionalidades: captura, gerenciamento, armazenamento e distribuição. • As funcionalidades de um GED compreendem a captura (ou entrada), gerenciamento, armazenamento e distribuição (ou saída). • Dentre as vantagens do ambiente GED estão as opções e a capacidade de armazenamento, rápida recuperação dos documentos, fluxo de trabalho, indexação e remissivas, segurança, disponibilidade permanente dos documentos e a integração com outros sistemas. RESUMO DO TÓPICO 1 22 AUTOATIVIDADE 1 O GerenciamentoEletrônico de Documentos (GED) veio como uma solução ao acúmulo de papéis gerados diariamente pelas empresas. Com o acesso às tecnologias é possível implementar este processo e obter agilidade na recuperação da informação. Com relação ao GED, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas. ( ) GED é o conjunto de tecnologias utilizadas para organização da informação não estruturada de um órgão e entidade. ( ) O GED está dividido nas seguintes funcionalidades: produção, tramitação, uso, avaliação, arquivamento e destinação. ( ) Dentre os benefícios da implementação do GED para a gestão documental está a minimização de perda e extravio de documentos. ( ) O GED pode englobar tecnologias de digitalização, automação de fluxos de trabalho (workflow), processamento de formulários, indexação, gestão de documentos, repositórios, entre outras. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – V. b) ( ) V – F – V – F. c) ( ) V – F – V – V. d) ( ) F – F – V – V. 2 A gestão arquivística de documentos eletrônicos é uma prática consolidada pela legislação nacional e internacional, e que no Brasil tem como órgão regulamentador o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq). Com relação a essas práticas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As operações técnicas e procedimentos são os mesmos utilizados na gestão de documentos convencionais, com o acréscimo dos sistemas informatizados de gerenciamento eletrônico. b) ( ) A gestão de documentos arquivísticos eletrônicos não segue os conceitos arquivísticos, e, dessa forma, não se preocupa com a destinação final dos documentos. c) ( ) A aplicação adequada, dentro das normas do Conarq não auxilia no controle e redução de massas. d) ( ) A principal função da gestão arquivística de documentos eletrônicos é a digitalização. 23 3 De acordo com o “Dicionário de terminologia arquivística”, o documento digital é o “Documento codificado em dígitos binários, acessível por meio de sistema computacional” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 75). Com base nessa definição de documento digital analise as proposições a seguir: FONTE: ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário brasileiro de terminologia arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. Disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br/images/pdf/Dicion_Term_Arquiv. pdf. Acesso em: 29 out. 2021. I- O conteúdo e o suporte do documento digital permitem visualização simultânea. II- A preservação de um documento digital é impactada pela fragilidade do suporte. III- Os metadados integram a forma física e intelectual do documento digital. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Todas as sentenças estão corretas. 4 A implantação de um programa de gestão arquivística permite que os documentos sejam confiáveis, autênticos, acessíveis e compreensíveis, e preservados. Assim, os documentos arquivísticos devem possuir características que o qualificam como tal, que são organicidade, unicidade, confiabilidade, autenticidade e acessibilidade. Escolha duas dessas qualidades do documento arquivístico e explique-as. 5 O GED é o instrumento necessário para recuperar o material digitalizado, permitindo gerenciar o documento, dar acesso rápido, bem como auxiliar na preservação das informações contidas em documentos digitais, tendo além dessas diversas vantagens já evidenciadas pelo Conarq. De acordo com o conteúdo estudado no Tópico 1, cite três benefícios da implantação do GED. 24 25 GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Os documentos arquivísticos são fundamentais para a tomada de decisão, prestação de contas e também servem como fonte de prova, garantia de direitos aos cidadãos e testemunhos das ações de pessoas e entidades. Assim, é fundamental a adoção de procedimentos rigorosos de controle para garantir a confiabilidade e a autenticidade desses documentos, bem como o acesso contínuo a eles. O que só é possível com a implantação de um programa de gestão arquivística de documentos (CONARQ, 2020a). Ao implantar um programa de gestão arquivística de documentos, os órgãos e entidades garantem o registro de suas atividades, além de poderem eliminar, com segurança, documentos que não são necessários e guardar os documentos essenciais para comprovação dessas atividades. Como já mencionamos no Tópico 1, a gestão de documentos eletrônicos segue os mesmos preceitos da gestão de documentos convencionais, porém, contém especificidades trazidas pelo ambiente digital que compreendem o formato de arquivos, padrões, protocolos, segurança e legislação específica elaborada respeitando as particularidades de cada país. O que você faria ao se deparar com uma enorme massa documental, seja ela formada por documentos impressos ou digitais? A princípio, a enorme quantidade de documentos acumulados, sem o devido tratamento e organização, pode gerar hesitação. Contudo, as etapas de gestão documental orientam os arquivistas nesse sentido, proporcionando a segurança necessária para lidar com a complexidade existente nesse tipo de demanda, permitindo a construção de metodologias específicas compatíveis com a instituição. Assim, neste tópico, estudaremos os procedimentos e as operações técnicas que compreendem a gestão de documentos tanto em meio convencional como eletrônico, o que é o e-ARQ Brasil, o que é um SIGAD, a definição da política arquivística, designação de responsabilidades, como se dá o planejamento e quais as etapas para a implantação do programa de gestão arquivística de documentos. 26 2 PROCEDIMENTOS E OPERAÇÕES TÉCNICAS DA GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS A gestão de documentos tem seu amparo legal na Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e que traz, em seu Art. 3º, a seguinte definição para Gestão de documentos: é o “conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente e intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente” (BRASIL, 1991). Como podemos perceber, essa definição engloba as funções arquivísticas e os procedimentos e operações técnicas necessários ao tratamento de documentos de arquivo, gerenciando todo seu ciclo de vida e proporcionando o descarte seguro e a guarda de acordo com a temporalidade adequada a cada tipo documental. Nesse sentido, cabe destacar o papel do Conarq, cuja missão é definir a política nacional de arquivos públicos e privados e exercer orientação normativa, visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo. O Conarq é um órgão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional, composto por plenário, câmaras técnicas, câmaras setoriais e comissões especiais. Para os órgãos e entidades, a gestão de documentos tem sua importância vinculada a basicamente dois fatores: o aumento significativo da massa documental, decorrente do desenvolvimento de suas funções e atividades (meio e fim), que constitui a principal fonte de informações; e a necessidade de espaço físico, pois documentos acumulados geram custos extras às instituições. “A gestão documental é essencial para as organizações empresariais, pois atua desde a produção até a guarda ou eliminação do documento” (VALENTIM, 2012, p. 12). IMPORTANTE De acordo com Rodrigues (2013), existe a necessidade da definição de critérios normalizados para a implantação de programas de gestão de documentos, sejam estes em meio convencional ou digital. A implementação de programas de gestão documental em instituições se caracteriza como um processo de médio a longo prazo, que exige o aval da alta direção, tendo em vista que é necessário sensibilizar e conscientizaras pessoas envolvidas na produção e recebimento dos documentos, reforçando com elas a necessidade de apoio ao processo e o fortalecimento do relacionamento e envolvimento dos diversos setores da instituição. 27 “O apoio da alta administração é essencial para que a política documental seja bem-sucedida, bem como a alocação dos recursos necessários para sua implantação” (VALENTIM, 2012, p. 17). ATENÇÃO Para que possamos apreender os aspectos da gestão arquivística de documentos eletrônicos, temos que lembrar os preceitos básicos da Arquivologia, quais sejam: as funções arquivísticas e as fases do ciclo de vida dos documentos. Já sabemos que todo documento nasce na fase corrente, mas nem todos vão, necessariamente, para a fase intermediária e/ou permanente. Os documentos da fase corrente, ou primeira idade, se referem à documentação que possui alta frequência de uso, sendo, por isso, mantido na área de trabalho. Na fase intermediária, segunda idade, a documentação passa a ser consultada periodicamente, devendo permanecer próxima à área de trabalho, mas não necessariamente no setor. E na fase permanente, são alocados os documentos que possuem baixa frequência de uso, mas que devem ser guardados para fins de prova (motivos legais e fiscais), pesquisa (motivos históricos). A partir das funções arquivísticas, é estabelecida a normalização de parâmetros para o planejamento adequado da produção e controle da acumulação, seja para documentos produzidos em meio convencional (papel) ou digital (eletrônico). As funções arquivísticas – criação/produção, aquisição, classificação, avaliação, descrição, difusão/acesso e preservação – são incorporadas aos processos de gestão documental naturalmente, algumas mais intensamente que outras. A metodologia utilizada na gestão arquivística compreende a produção e identificação, utilização e conservação e destinação final dos documentos, a partir da utilização de instrumentos norteadores, como o Plano e Código de Classificação e a Tabela de Temporalidade. 28 2.1 MODELO DE REQUISITOS PARA SISTEMAS INFORMATIZADOS DE GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS – E-ARQ BRASIL Frente aos novos desafios impostos pela documentação digital, o Conarq publicou o Modelo de requisitos para sistemas informatizados de gestão arquivística de documentos – o e-Arq Brasil (SIGAD), que foi elaborado pela Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos (CTDE) do Conarq. O e-ARQ Brasil “é uma especificação de requisitos a serem cumpridos pela organização produtora/recebedora de documentos, pelo sistema de gestão arquivística e pelos próprios documentos, a fim de garantir sua confiabilidade e autenticidade, assim como sua acessibilidade” (CONARQ, 2020a, p. 15) NOTA O e-ARQ Brasil tem como objetivo orientar a identificação de documentos arquivísticos digitais e estabelece os requisitos para um Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos (SIGAD), independente da tecnologia utilizada. Você pode acessar o e-ARQ Brasil na íntegra, no seguinte endereço eletrônico: https://bit.ly/3mprJLQ. DICA O e-ARQ Brasil foi elaborado a partir de outros modelos de requisitos: (i) Design criteria standard for electronic records management software applications: DOD 5015.2- STD, 2002; (ii) MoReq – modelo de requisitos para a gestão de arquivos eletrônicos, 2002; e (iii) Requirements for electronic records management systems: functional requirements, United Kingdom, 2002. No âmbito do Judiciário, existe também o “MoReq-Jus”, atualizado em 2009, que pode ser acessado no endereço: https://www.cnj. jus.br/wp-content/uploads/2011/01/manualmoreq.pdf. DICA 29 O e-ARQ foi atualizada em 2020, por meio de consulta pública, ou seja, a partir do diálogo com a sociedade sobre sua segunda versão. Optamos por utilizar a versão 2, de julho de 2020, para compor o conteúdo deste livro A versão do e-ARQ Brasil de 2011 pode ser acessada em: https://bit.ly/2ZAK8Ns. DICA O e-ARQ Brasil foi desenvolvido em conformidade com a gestão arquivística de documentos, prevê a produção, tramitação, utilização e arquivamento até a destinação final e especifica todas as atividades e operações técnicas da GEAD. IMPORTANTE O que é SIGAD? É um conjunto de procedimentos e operações técnicas, ca- racterístico do sistema de gestão arquivística de documentos, processado por computador. Pode compreender um software particular, um determinado número de softwares integrados, adqui- ridos ou desenvolvidos por encomenda, ou uma combinação destes (CONARQ, 2011, p. 10). O SIGAD pode ser usado para atender aos sistemas híbridos, pois seus requisitos atendem igualmente às necessidades dos documentos digitais e dos documentos convencionais, e de igual forma atende a dossiês híbridos, formados por uma parte digital e outra convencional. Assim, o SIGAD contempla todo o gerenciamento desses dois tipos de documentos, desde a captura, registro, classificação, recuperação, uso, até o armazenamento ou eliminação. Para que o SIGAD tenha êxito, dependerá, necessariamente, da implementação prévia de um programa de gestão arquivística de documentos. Um sistema de gestão arquivística de documentos visa proporcionar a interação de um conjunto de procedimentos e operações técnicas de forma que a gestão arquivística seja mais eficiente e eficaz, tendo em vista que controlam o ciclo de vida dos documentos, assim como na gestão arquivística de documentos, mas contando com o apoio de um sistema informatizado. O e-ARQ Brasil (CONARQ, 2020a, p. 27-28) apresenta os requisitos que caracterizam um SIGAD, conforme apresentado a seguir: 30 • Captura, armazenamento, indexação e recuperação de todos os tipos de documentos arquivísticos; • captura, armazenamento, indexação e recuperação de todos os componentes digitais do documento arquivístico como uma unidade complexa; • gestão dos documentos a partir do plano de classificação para manter a relação orgânica entre os documentos; • registro de metadados associados aos documentos para descrever os contextos desses mesmos documentos (jurídico- administrativo, de proveniência, de procedimentos, documental e tecnológico); • estabelecimento de relacionamento entre documentos digitais e não digitais; • manutenção da autenticidade dos documentos; • aplicação de tabela de temporalidade e destinação de documentos, permitindo a seleção dos documentos para eliminação ou para guarda permanente; • exportação de documentos para realizar a transferência ou recolhimento; • apoio à preservação dos documentos. Ainda de acordo com o e-ARQ Brasil: • Um sistema de informação abarca todas as fontes de informação existentes no órgão ou entidade, incluindo o sistema de gestão arquivística de documentos, biblioteca, centro de documentação, serviço de comunicação, entre outros; • Um GED trata os documentos de maneira compartimentada, enquanto o SIGAD parte de uma concepção orgânica, qual seja, a de que os documentos possuem uma inter-relação que reflete as atividades da instituição que os criou. Além disso, diferentemente do SIGAD, o GED nem sempre incorpora o conceito arquivístico de ciclo de vida2 dos documentos; • Um SIGAD é um sistema informatizado de gestão arquivística de documentos e, como tal, sua concepção tem que se dar a partir da implementação de uma política arquivística no órgão ou entidade (CONARQ, 2020a, p. 28-29). O e-ARQ Brasil é um documento que serve para as instituições públicas ou privadas que estabeleçam um programa de gestão arquivística de documentos, seja para as que mantêm somente documentos arquivísticos digitais ou para as que compreendem os convencionais também, oriundos de atividades meio e fim. É o documento norteador a ser usado como padrão para auxiliar no desenvolvimento de um sistema informatizado ou para avaliar os já existentes, desde que a atividade principal seja a gestão arquivística de documentos (CONARQ, 2020a). O e-ARQ é dividido em duas partes,
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