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ALGUNS FENÔMENOS RELIGIOSOS E SOCIAIS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

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ALGUNS FENÔMENOS RELIGIOSOS E SOCIAIS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Módulo 14
 
As peregrinações
A ideia de a fé religiosa permitir a elevação espiritual, concedendo ao ser humano a capacidade de compreender o mundo que o cerca e atribuir significado a ele, é a base dos fenômenos da peregrinação. A peregrinação materializa a jornada do ser humano em busca do sagrado e do divino. Quanto mais essa peregrinação envolve sacrifício pessoal, mais valiosas são as lições aprendidas. 
viajantes percorrem de 600 a 1100 quilômetros na França, em Portugal e na Espanha em direção à Catedral de Santiago de Compostela, na Espanha, local do suposto sepulcro do apóstolo Santiago. A rota é feita a pé pelos peregrinos, que atribuem à jornada um processo de autoconhecimento e elevação espiritual: o Caminho permite a compreensão da Verdade por meio da Revelação, e essa Revelação possibilita o entendimento e a compreensão do que o universo espera de cada um.
Outra rota de peregrinação bastante conhecida é a realizada em direção a Fatima, em Portugal, lugar em que três crianças, no início do século XX, afirmaram ter tido visão de Nossa Senhora. A construção de uma capela antecedeu a construção da Basílica, local que passou a ser visitado como parte da agenda de eventos de devoção católica.
No Brasil, são comuns as peregrinações à cidade de Aparecida (São Paulo), local em que foi construído o Santuário em homenagem à Nossa Senhora de Aparecida, santa padroeira do Brasil. Também são frequentes as procissões, caminhos percorridos a pé em que devotos e religiosos carregam bandeiras e imagens de santos, bem como são conhecidas as jornadas realizadas em função de promessas ou homenagens a santos de devoção. A realização de caminhadas em cumprimento de promessas, inclusive, abriga algumas manifestações de sincretismo religioso, fenômeno que contempla o resultado da fusão de diferentes crenças religiosas.
 A intolerância religiosa
Apesar da miscigenação étnica, a sociedade brasileira não tem conseguido evitar manifestações de intolerância religiosa, fenômeno que se materializa por meio de diferentes formas de violência contra sujeitos de determinadas tradições religiosas, majoritárias ou não. Nas últimas décadas, tornaram-se mais frequentes as manifestações contrárias a membros de religiões afro-brasileiras, em especial perpetradas por algumas correntes neopentecostais (FERNANDES, 2015).
Podemos ver manifestações de intolerância religiosa em todos os lugares do mundo. Algumas mesclam etnocentrismo, preconceito social e autoritarismo, tais como as perseguições aos cristãos no Oriente Médio e na Ásia, geralmente promovidas pelo extremismo muçulmano, combinado ou não com comporta mentos nacionalistas agressivos e posturas políticas autoritárias.
A intolerância religiosa também tem deixado marcas nos países da Europa em que imigrantes de países islâmicos buscaram acolhimento em função das inúmeras guerras civis: nesse caso, o eurocentrismo reage contra a cultura muçulmana, vista pelos europeus como estranha e associada ao terrorismo.
No Brasil, um dos casos mais emblemáticos de intolerância religiosa foi a violência cometida contra a menina Kaylane, no Rio de Janeiro, atingida por uma pedra quando saía de um culto de candomblé. A ação de homens portando a Bíblia e proferindo ameaças e insultos foi atribuída a grupos evangélicos e, posteriormente, provocou reações de várias correntes religiosas que entenderam a importância de se defender a liberdade religiosa (FERNANDES, 2015).
 O extremismo nas religiões 
O extremismo religioso emerge em concepções e comportamentos intolerantes (e intoleráveis) motivados pelo fanatismo e sectarismo, o que fomenta a crença sobre a possibilidade de estabelecer no mundo e encontrar no homem um purismo radical. Verifica-se na história da religiosidade diversas manifestações de extremismo e, mesmo após o advento do Iluminismo no século XVIII e o desenvolvimento do pensamento humanista, tal fenômeno pode ser visto nas mais diversas expressões religiosas e também antirreligiosas. No mundo atual, os atentados terroristas, embora motivados por interesses e conflitos políticos costumam expressar posicionamentos religiosos extremistas, sempre ameaçadores da convivência humana.
A laicidade e a secularização parecem de fato ser os caminhos mais seguros na consolidação da tolerância religiosa, uma vez que trazem como vantagem a possibilidade de cada pessoa expressar suas crenças ou descrenças livremente. O termo “secularização" faz referência à separação entre preceitos religiosos e cultura. Em outras palavras, a secularização está relacionada com o surgimento de um modo de vida que não mais está estruturado em torno de uma visão firmada em hábitos ligados à religiosidade. Já o termo de laicidade refere-se à separação entre grupo religioso e estrutura política, ou seja, é o estabelecimento do Estado laico, o que não significa que seja um Estado ateu ou que não reconheça o direito humano ao culto religioso e à fé.

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