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Sequência Didática do Professor Ensino Médio Campo artístico-literário O poder de argumentação das artes LP Leitura e Produção Habilidades FOCO • (EM13LP49) - Analisar relações intertex- tuais e interdiscursivas entre obras de diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico e de momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam. Habilidade RELACIONADA • (EM13LP50) - Selecionar obras do reper- tório artístico-literário contemporâneo à disposição segundo suas predileções, de modo a constituir um acervo pessoal e dele se apropriar para se inserir e intervir com autonomia e criticidade no meio cultural. EM.12.LP.3.23.69.P-4021 Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 3 Ponto de PARTIDA Iniciaremos nossa conversa sobre o tema proposto para esta Sequência Didá- tica com algumas perguntas, às quais você vai responder individualmente. Depois, poderá, em uma roda de conversa, socializar com a turma suas respostas. Questões SIM NÃO 1 Você gosta de ir ao cinema? Assiste a séries e fi lmes? 2 E a um museu ou a uma galeria de arte, já foi? 3 Já assistiu a algum espetáculo de balé ou viu alguma manifestação de dança de rua? 4 Você costuma ver o Oscar ou Grammy? 5 Você acompanha algum músico, banda, youtuber, artista de segmentos variados nas redes sociais? 6 Já se emocionou lendo, declamando, ouvindo ou escrevendo um poema? 7 E em um livro, já se imaginou naquele cenário ou situação retratada por ele? 8 E o grafi te, você conhece, aprecia? Considera que seja arte? 9 Você acha que toda fotografi a pode ser considerada artística? 10 Você consegue ver arte ao seu redor ou no seu cotidiano? 11 E ainda, acha que a manifestação artística mais próxima dos jovens é a música? Depois de preencher o quadro acima, você está mais para SIM ou NÃO? Independentemente de ser sim ou não, você relacionaria o conteúdo das perguntas ao seu conhecimento sobre arte? Por quê? Produção Inicial Sem dúvida, as artes são uma produção humana que recria o real. Assim, todo ser humano pode ser um apreciador, um produtor, um crítico e intérprete das artes. Você, por exemplo, já deve ter feito uma playlist de músicas que revelam seus gostos, estilo, linguagem, opiniões e visão de mundo. INTRODUÇÃO Em sua trajetória escolar, pressupõe-se que o estudante do Ensino Médio já tenha construído conhecimentos sobre o gênero textual dissertativo-argu- mentativo, tanto em leitura quanto em produção. Ainda assim, é importante que o assunto seja sempre retomado, direta ou indiretamente. Nesta Sequência Didática, o foco é a construção de repertório sociocultural, destacando especifi camente as artes. É preciso, no entanto, relembrarmos porque a construção de repertório sociocultural é necessária e importante, principalmente nessa etapa da educação básica. E como, na prática, o repertório construído migra para a leitura e a produção do gênero dissertativo- -argumentativo. Ao trabalhar a Competência Geral 3 da BNCC para o Ensino Médio, deparamo-nos com o seguinte texto: Valorizar e fruir as diversas manifesta- ções artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversifi cadas da produção artístico-cultural. Além da reflexão inicial sobre a com- petência em si, é preciso, também, e principalmente, pensar como ela é trabalhada, como chega à ponta do iceberg, ou seja, aos estudantes. Dada a heterogeneidade de turmas, as espe- cifi cidades locais, dentre outros, vale refletir sobre: a) o acesso a manifestações artísticas (visita a exposições, idas ao teatro etc.), inicialmente como fonte de entretenimento; LP Leitura e Interpretação Ensino Médio Orientação ao PROFESSOR Campo artístico-literário | O poder de argumentação das artes 4 Então, agora, forme um grupo para compartilhar um pouco da sua playlist preferida e aproveite para conhecer novos artistas e suas artes musicais na socialização com os colegas. Após essa socialização, criem juntos uma playlist para ser compartilhada com os outros grupos. Ao terminar, desenvolvam uma análise breve, como a categorização de estilo, artista, gênero, linguagem, contexto (tempo) e tema. Depois disso, escreva sua opinião sobre: Como o ser humano se revela e representa os outros humanos por meio das artes? Ponto de PARTIDA Professor, para mobilizar os conhecimentos prévios dos estudantes acerca do que seria ou não arte, sugerimos uma conversa informal, a fi m de que eles tragam suas percepções sobre os espaços e as diversas manifestações artísticas. Você pode mediar ações e interagir com os estudantes, sem muita intervenção direta do que é “correto ou errado” em relação à teoria artística canônica. Lide com o processo inicial como uma ação investigativa, até porque o campo artístico-literário “[...] não parte de um esquema teórico fechado, que limite suas interpretações e impeça a descoberta de novas relações [...]”. (ANDRÉ, 2005, p.35). Após esse “bate-papo”, você pode utilizar os recursos textuais expostos no Ponto de Partida para construir concepções básicas sobre conceitos de arte, suas funções e meios de produção e circulação. Para essa construção, sugerimos que você distribua cartazes com símbolos emoji para “sim”, quando o estudante considerar que é arte, e “não” quando ele achar que não é uma produção artística. Essa dinâmica é para estimular a percepção de que muitas defi nições de arte estão baseadas na fi losofi a do gosto e na estética do belo. Você pode imprimir a plaquinha ou utilizar o próprio celular com o emoji. PRODUÇÃO INICIAL Sugerimos que você divida a turma em pequenos grupos, para que eles, a partir das mobilizações dos conhecimentos prévios, com- partilhem suas playlists musicais e, posteriormente, criem uma playlist que represente todos os integrantes do grupo. Você pode acompanhar o uso do celular, também, se os alunos tiverem, permitir a utilização de fones. E, se você se sentir à vontade, compartilhe a sua playlist. Porém, caso não possa contar com esse recurso, peça que os estudantes utilizem a memória musical, produzam a playlist escrita e apresentem uns aos outros, justifi cando suas escolhas. É importante conduzir o desenvolvimento da produção inicial a partir do tema centralizador: Como o homem atua no mundo por meio das artes? Aproveite, também, para retomar alguns questionamentos do ponto de partida, principalmente, fazendo uma ponte com a afi rma- ção “... artes é uma produção humana...”. Não deixe de destacar que as artes são conhecimento humano que instrumentalizam imaginação, abstração, sonho, fugacidade, prazer, mas também denunciam e expressam de forma plurissignifi cativa males sociais, colocando luz nas relações humanas. É importante ressaltar que, assim como a literatura, a música também revela os pensamentos, os costumes, as relações de um povo ou indivíduo diante de certa situação histórica ou social. Você pode propor, por exemplo, a análise de uma ou mais letras da playlist e indagar pautas como: O que essa letra quer dizer para os ouvintes no âmbito pessoal e coletivo? Há alguma crítica sendo feita? A que ou a quem? Se não há crítica, do que a letra fala? Qual é o assunto central? A canção poderia se relacionar a algum tema de redação, por exemplo? Todos esses questionamentos vão auxiliar o estudante a desenvolver e a enxergar a expressão musical com uma função muito maior do que a de apenas entreter. A atividade pressupõe o desenvolvimento de aspectos da habilidade foco EM13LP49 e da relacionada EM13LP50. b) o sentido de “arte” em todas as suas nuances, possibilidades, construídas ao longo da história da humanidade; c) o contexto de produção, que explica, em parte, os caminhos mais diver- sos escolhidos pelos artistas. Por fi m, a proposta de construção de repertório sociocultural deve dialogar com o texto dissertativo-argumentativo, no sentido de o estudanteperceber que seu repertório é a fonte na qual vai be- ber para construir uma argumentação segura e assertiva. Orientação ao PROFESSOR Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 5 Atividade 1 Segundo Oscar D´Ambrosio, arte é a interpretação da vida. Assim, para um objeto ser artístico, deve ultrapassar o utilitário, o que signifi caria satisfazer os cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), o espírito (a inteligência) e o coração (a emoção). Graduação em Jornalismo pela ECA-USP (1986), graduação em Letras (Português/Inglês) pela Faculdade de Letras e Educação da Universidade Presbiteriana Mackenzie (1986), especialização em Literatura Dramática pela ECA-USP (1989), mestrado em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp (2004) e doutorado no Programa de Educação Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, (2013). Autor de diversos livros na área de arte naif e arte contemporânea. É Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Atua principalmente nos seguintes temas: arte naif e arte contemporânea. ? Você SABIA? Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?aeac14 Acessado em: 22 de março. No sentido de compreender as artes pela visão do artista que observa e interpreta o mundo por meio de seus objetos artísticos, os artistas no quadro abaixo são exemplos dessa relação entre arte – obra – artista – mundo. Atividade 1 A atividade 1 tem como centralida- de abordar a concepção de vários artistas acerca do papel de suas artes neles e no mundo. Nessa pers- pectiva, para que o aluno ultrapasse a concepção de arte utilitária*, não deixe de pontuar esse tipo de visão. Assim, fi cará mais fácil ele relacio- nar arte como expressão, imitação e formalismo, sendo capaz de compreender, reconhecer e opinar no “quem sabe diz”. *A arte com função utilitária é aque- la usada para fi ns não artísticos, ou seja, o objeto artístico não possui valor em si mesmo, mas a partir de sua utilidade. Confi ra um exemplo de arte utilitária (ou aplicada) Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?2e323e Orientação ao PROFESSOR 6 TEXTO 1 Obra sem título de Basquiat Picasso "A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade." Leonardo Da Vinci “A arte diz o indizível...” Fernando Pessoa “A arte é a auto-expressão lutando para ser absoluta.” Adriana Varejão “Meu trabalho seduzpela repulsa”. Vik Muniz “Se as pessoas tivessem mais arte na vida delas, não estariam fazendo tanta besteira”. Renato Russo “Porque amar é uma arte e nem todo mundo é artista...”. Charles Chaplin “Num fi lme, o que importa não é a realidade, mas o que dela posso extrair, a imaginação.” Você consegue perceber que cada artista do quadro defi ne um pouco de si mesmo ao defi nir a sua arte? Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?d1103b Acesso em: 06 de março de 2019. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?393542 Acesso em: 24 set. 2021. Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 7 1) A obra sem título de Basquiat é uma composição de vários elementos. a) Quais você consegue identifi car na obra? b) Seria esse estilo uma tendência das artes contemporâneas? 2) O estilo de Basquiat é considerado por muitos críticos de arte como neo-expressionista. Em muitas obras escreveu a frase “Samo morreu” quando deixou a arte de rua para pintar telas para museus. Essa prática de escrever frases de ordem revelam que intenção? 3) Basquiat usava suas obras para satirizar o próprio mundo das artes e sua falta de diversidade. Muitas vezes foi vítima de preconceito nesse mundo das artes. Com base nessa afi rmação e na composição do quadro “Sem título”, texto 1, pode-se afi rmar que esse artista se utiliza de opiniões e argumentos, usando a linguagem plurissignifi cativa? TEXTO 2 Menina com balão - Banksy Menina com balão Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?0062c4 Acesso em: 06 de março de 2019. Documentário “Arte de Banksy: das ruas de Londres para mansões”. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?39b7c6 Acesso em: 06 de março de 2019. 8 4) Banksy é um artista de rua que tem polemizado a noção de que as artes têm função social muito importante. Como a obra “Menina com balão”, que teve um dispositivo de autodestruição acionado assim que o leiloeiro bateu o martelo e concretizou a venda. No entanto, os organizadores do evento conseguiram impedir a total destruição do quadro. Por que, então, essa ação foi considerada uma performance de Bansky e não provocou revolta em quem a comprou? 5) Após a performance autodestrutiva, a obra de Banksy ganhou um novo título “Amor está no lixo”. Essa mudança revela muito da intenção representativa que Banksy pretendia com a performance. Nesse sentido, essa autodestruição foi propositalmente planejada para o momento da venda da obra? 6) Os dois artistas, Basquiat e Banksy, têm origem na arte de rua e provocam catarse ao quebrarem paradigmas entre arte, artista e público. Com base nessa afi rmação, marque a alternativa correta quanto à recriação do mundo real no discurso artístico para a intervenção na atuação social: a) a rua tornou-se um pouco secundária para esses artistas ao trazerem questões existenciais e políticas. b) a arte dos dois artistas está na contramão do cotidiano e da lógica de mercado quando suas produções se tornaram valorizadas. c) como representantes de uma arte de rua, eles subverteram materiais e técnicas para alcançar sucesso. d) o acervo dos dois artistas ultrapassa o espaço físico, porque tem um valor ideológico numa dimensão político-social. e) na obra dos dois artistas, há uma abstração; com traços irreconhecíveis da realidade, no que diz respeito ao homem e à sua relação com o mundo. “Muitos falam em arte referindo-se à s obras consagradas que estã o em museus, à s mú sicas eruditas apresentadas em grandes espetá culos ou ainda aos monumentos existentes no mundo. Alguns consi- deram arte apenas o que é feito por artistas consagrados, enquanto outros julgam ser arte també m as manifestaç õ es de cultura popular, como os romances de cordel, tã o comuns no Nordeste do Brasil. Para muitos, as manifestaç õ es de cultura de massa, como o cinema e a fotografi a, nã o sã o arte, ao passo que outros já admitem o valor artí stico dessas produç õ es, ou pelo menos de parte delas. Nã o sã o poucos os que, mesmo diante das obras expostas em eventos artí sticos famosos, sentem-se confusos a respeito do que veem”. (COSTA, 1999, p. 07) ? Você SABIA? Até aqui, você pôde rever e/ou ampliar seu repertório sociocultural, falando e refl etindo sobre arte. Mobilizar conhecimentos e/ou ampliar os já construídos permite uma refl exão inicial sobre: Como o homem atua no mundo por meio das artes? Registre, abaixo, suas considerações sobre a pergunta. A Arte de Bansky Quadro famoso de Banksy se autodestrói após ser leiloado. ? Você SABIA? Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?26f787 Acesso em: 11 de setembro de 2021. Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 9 Continuemos... 7) Provavelmente em suas aulas de Arte, você viu obras de artistas como Edward Munch e Portinari, apenas para citar dois nomes reconhecidos nacional e mundialmente. Mas, lembra-se deles? Então, pesquise sobre duas obras representativas desses dois artistas. Depois, analise-as, considerando o contexto de produção dessas obras, refl etindo sobre questões éticas, estéticas e políticas. GUERRA E PAZ Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?7ad082 Acesso em: 11 de setembro de 2021 Comentários: O GRITO Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?b76ef1 Acesso em: 11 de setembro de 2021 Comentários: EDGARD MUNCH “Lé guas de fogo e sangue se estendiam pelo fiorde negro-azulado. Meus amigos seguiram caminho enquanto eu me detive, apoiando-me num corrimã o, tremendo de medo – e senti o guincho enorme,infi nito da natureza” PORTINARI “O pintor social acredita ser o arauto do povo, o mensageiro de seus sentimentos. É aquele que deseja a paz, a justiç a e a liberdade. É aquele que acredita que os homens podem participar dos prazeres do universo.” 10 Respostas esperadas Questão 1 a) Basquiat faz desenhos rudimentares, com fundo multicolorido, sobrepõe fases, formas científi cas, compondo uma mistura visual. Além disso, a alma parece ter vínculo como grafi te, uma vez que traz frases soltas para simbolizar o caos vivenciado nas cidades grandes. b) Sim, a contemporaneidade traz novas formas de fazer e pensar arte para opinar, denunciar e até intervir, já que rompe com a padronização em relação à técnica, suporte, métodos e intenções. Questão 2 O uso de palavras e letras em suas pinturas revela, além de sua ligação com o grafi te de rua e com a diversidade de livros que ele leu, coloca-se como uma manifestação de protesto, criticando contundentemente o sistema e o racismo. Questão 3 Sim, Basquiat fez representações linguísticas e visuais, discutindo temas como violência policial, corpo humano e suas represen- tatividades, religiosidade e capitalismo. Ou seja, utilizando suportes variados, símbolos, um alfabeto próprio, colagens e muitas outras ferramentas para as múltiplas faces de um mundo globalizado. Professor, para que os estudantes cheguem a essas interpretações, é importante trabalhar a biografi a do artista e trazer o contexto da década de oitenta em New York e no Brasil. Para facilitar a condução, você pode também discutir com eles sobre os elementos composicionais de uma obra de arte visual que devem ser observados, como suporte, tema, contextualização, composi- ção, materiais, técnicas e modos de representação (abstrato e fi gurativo). Biografi a de Basquiat Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?1ad30f A década de 80 Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?897f05 Questão 4 Porque foi a primeira vez na arte mundial que um novo trabalho artístico foi criado durante um leilão, transformando-se em mais um marco na história das artes. Isso pode até, segundo a imprensa britânica, dobrar o valor de mercado devido à relevância da sua destruição em tempo real. Questão 5 Basksy é um artista que não mostra o rosto e não se identifi ca para aplausos e prêmios, já que ele pinta em muros e não quer perder sua liberdade criativa, por isso ele planejou internacionalmente essa performance para criticar a mercantilização da arte e a fetichização da arte como produto. Mas a valorizaram ainda mais por ser inovadora. Questão 6 Professor, a alternativa correta é a C. Porém, é importante orientar os alunos sobre o que invalida as outras alternativas. Na A, a invalidação se dá porque a rua é o palco principal, na B, o fato de colocar que as obras estão na contramão do cotidiano. Na C, o que invalida é “para alcançar o sucesso”. E, na alternativa E, a invalidação se dá porque diz que há uma abstração, com traços irreconhecíveis da realidade. Questão 7 Professor, para os estudantes conseguirem analisar as obras, proponha uma pesquisa acerca dos elementos composicionais de cada uma, como: contexto de produção; estilo do artista; estética empregada; temáticas; função predominante. Após esse processo de estudo, seria interessante socializar as curiosidades pesquisadas por eles sobre as obras, para que possam reconhecer o valor expressivo e o efeito de sentido dos recursos estéticos que as compuseram, a partir da centralidade temática e da intencionalidade. Orientação ao PROFESSOR Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 11 Análises possíveis O Grito: O grande pintor norueguês Edvard Munch produziu três versões de “O Grito”, a primeira foi em 1893, iniciando o expres- sionismo. Nessa arte, é possível observar o conjunto de traços, cores, formas de um ser humano em um estado de desesperança, melancolia, desespero e muita angústia. Há um destaque no ser com a expressão deformada, distorcida, a qual pode revelar as dores, difi culdades e complexidades da existência humana, resultando no grito como representação dessa expressão caótica da modernidade. Guerra e paz: Os painéis de Portinari, artista brasileiro, “Guerra e Paz” foram presenteados à ONU pelo governo brasileiro. Porti- nari utilizou formas geométricas, sobreposição, empregou paleta de cores reduzida e pouca preocupação com a profundidade e a perspectiva. Na Guerra, o pintor deixa transparecer o medo, a dor, o desespero, a tristeza pelas expressões das fi guras, uso de tons sombrios e frios com poucos pontos de cor. Já na Paz, há um contraste do painel da Guerra, com cores alegres, vivas e avermelha- das, numa referência à felicidade na caracterização das fi guras que estão retratadas. Isso pode ser visto nas mulheres dançando, homens jogando capoeira e crianças cantando com alegria e tranquilidade. A atividade pressupõe o desenvolvimento de aspectos da habilidade foco EM13LP49 e da relacionada EM13LP50. Orientação ao PROFESSOR Na leitura do Você sabia?, dê particular atenção à última parte do texto, que, direta ou indiretamente, será referência para o estudante realizar as análises solicitadas na Sequência Didática. Orientação ao PROFESSOR ? Você SABIA? Técnica Material Suporte Tema Estrutura Conteúdo Estilo do artista Contexto histórico Linguagem artística A função da arte Interpretação catarse Produção estética ARTISTA Para interpretar uma obra de arte visual, é preciso ter um olhar consciente da produção artística. Compreensão estética PÚBLICO OBRA 12 "As funções da obra de arte sofreram mudanças da antiguidade até os dias de hoje, mas, do ponto de vista didático, e dependendo do tipo de interesse e do propósito com que alguém se aproxima de uma obra de arte, é possível separar tais funções em pragmática ou utilitária, naturalista e formalista." (ARANHA, M.L. de A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando: Introdução à fi losofi a. São Paulo: Moderna, 2003, p. 378). Formada em Filosofi a pela PUC-SP, Maria Lúcia de Arruda Aranha lecionou no Ensino Médio até a aposentadoria.Em parceria com Maria Helena Pires Martins, é autora de "Filosofando - introdução à fi losofi a" e "Temas de fi losofi a" Maria escreveu também as obras "Filosofi a da Educação" e "História da Educação e da Pedagogia - Geral e Brasil". ? Você SABIA? Com base nessa concepção, pode-se inferir que as funções das múltiplas artes em qualquer contexto histórico-social podem: • imitar o real ou fugir da realidade; • expressar emoções, sentimentos, opiniões; • provocar refl exão e pensamentos; • reafi rmar ou questionar padrões e estereótipos; • evidenciar a história; • representar rituais e crenças; • homenagear o ser humano e ´´deuses´´; • instrumentalizar a comunicação; • entreter e provocar prazer; • interpretar subjetivamente o mundo; • promover o conhecimento ao autoconhecimento; • ser arte por arte. Nesse outro Você sabia?, novamente o estudante é levado a refletir sobre a função das artes. Mas é importante, no entanto, que ele não se restrinja à leitura da lista. Oriente a turma a refletir sobre o signifi cado de cada um dos itens que compõem a lista. Nesse momento, é possível mobilizar conhecimentos construídos ao longo da trajetória escolar, no componente curricular de Arte, que, em muitos aspectos, dialoga com o componente curricular de Língua Portuguesa. Orientação ao PROFESSOR Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 13 Atividade 2 Com a atividade, espera-se que o aluno já tenha subsídios para a produção de um projeto de texto inicial, usando como suporte as aprendizagens realizadas com o desenvolvimento da Atividade 1 e dos conhecimentos já construídos durante sua trajetória escolar. Além disso, é importante estabelecer a relação entre repertório sociocultural e seu uso em textos dissertativos-argumentativos. Para orientar o preenchimento, que pode ser realizado empequenos grupos, volte à frase “Como o homem atua no mundo por meio das artes?”, dada como tema centralizador para a produção inicial. A seguir, uma possibilidade de preenchimento do quadro, lembrando que há inúmeras outras possibilidades, que dependerão da compreensão que os estudantes tiverem da atividade 1. Orientação ao PROFESSOR Atividade 2 Duas expressões têm feito parte da sua rotina de estudos no Ensino Médio: “Construção de repertório sociocultural” e “texto dissertativo-argumentativo”, não é verdade? Então, vamos à primeira “parada obrigatória”, depois de passar pela Atividade 1, na qual você pôde refl etir sobre arte. Agora, você já está apto a produzir um projeto de texto sobre o tema a seguir. Antes, no entanto, é importante rever o conceito de projeto de texto. Tema A arte como instrumento de humanização do homem Tese Argumento 1 Argumento 2 Proposta de Intervenção Antes de preencherem o quadro, refl itam sobre as discussões realizadas até o momento. E lembrem-se de que para planejar um projeto de texto é necessário acionar, selecionar e usar o conhecimento construído. 14 Tema A arte como instrumento de humanização do homem Tese A arte permite ao homem se manter, no sentido literal da palavra, humano, pois possibilita, dentre outros, que ele refl ita sobre o seu papel social em uma sociedade em constante mudança. Argumento 1 É preciso, primeiramente, acesso irrestrito às diferentes manifestações artísticas. Argumento 2 O valor das artes na formação individual e coletiva do ser humano em todos os âmbitos. Proposta de Intervenção Mudança de paradigma em relação à forma como as artes são abordadas nos currículos ofi ciais e em sua transposição para a sala de aula. Aproveite para retomar alguns questionamentos já realizados sobre o fato de as artes serem uma produção humana, que instru- mentalizam imaginação, abstração, sonho, fugacidade, prazer, mas também denunciam e expressam de forma plurissignifi cativa males sociais, colocando luz nas relações humanas. Talvez seja necessário retomar o signifi cado de “plurissignifi cativa”, relacio- nada às artes. Como a escrita do projeto de texto é apenas uma atividade complementar ao tema central da SD (construção de repertório socio- cultural), não se preocupe em desenvolver o texto a partir do projeto; apenas ofereça condições para a socialização dos projetos criados. Esse será um bom momento para você avaliar como a turma absorveu os conhecimentos sobre artistas/obras, no contexto de suas produções. A atividade pressupõe o desenvolvimento de aspectos da habilidade foco EM13LP49 e da relacionada EM13LP50. Orientação ao PROFESSOR Atividade 3 Você conhece, reconhece a obra ao lado? Sabe quem a pintou? E mais, sabe onde ela está exposta, o que se fala sobre ela? Depois de conversarem sobre a obra, refletirem sobre os “mistérios” que a envolvem, vamos ao próximo passo. Se a arte está em nosso dia a dia e faz parte das nossas vidas, por que, por vezes, não a percebemos? Como você acha que devemos desenvolver esse olhar crítico? Será que defi nimos o que é arte mais pela fi losofi a do gosto quando achamos uma manifestação artística bonita? Será que arte é sempre ligada ao belo? Você já percebeu que toda arte tem uma intenção e função? No Brasil, o acesso às artes é uma realidade de todos? No seu contexto de vida, quais artes fazem parte da cultura de sua região? Elas são valorizadas como artes eruditas? Você já se perguntou sobre o poder das manifestações artísticas ao longo da história humana? Quem sabe diz A Monalisa: sua história e seus mistérios. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?cc807e Acesso em: 11 set. 2021. Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 15 Atividade 4 Em todas as suas formas de manifestação, a arte é um meio para se objetivar a formação do homem e sua intervenção no mundo. Com base na afi rmativa e em seus conhecimentos construídos, analise as imagens a seguir. 2. A Monalisa: sua história e seus mistérios. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?1192de Acesso em: 11 set. 2021. SINOPSE DO FILME Recria a atmosfera e os costumes do início da década de 1950. Conta a história de Katherine Watson, uma professora de história da arte que, educada na liberal Universidade de Berkeley, na Califórnia, enfrenta uma escola feminina, tradicionalista – Wellesley College, onde as melhores e mais brilhantes jovens mulheres dos Estados Unidos recebem uma dispendiosa educação para se transformarem em cultas esposas e responsáveis mães. No fi lme, a professora irá tentar abrir a mente de suas alunas para um pensamento liberal, enfrentando a administração da escola e as próprias garotas. O maior desafi o para essa professora será fazer com que suas alunas assumam sua identidade cultural como ser social e histórico. 1. Mona Lisa Smile (prt/bra: O Sorriso de Mona Lisa), fi lme. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?957429 Acesso em: 11 set. 2021. 16 Acesse o trecho do fi lme “O Sorriso de Monalisa”, por meio do QRcode abaixo. Depois, responda às questões 1 a 3. Trecho do fi lme “O sorriso de Monalisa” - Parte 2. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?ee3d07 Acesso em: 11 de setembro de 2021. Confi ra também... Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?df9a5c Acesso em: 11 de setembro de 2021 Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?724df8 Acesso em: 11 de setembro de 2021 Com base nas discussões abordadas na cena do fi lme “O Sorriso de Monalisa” e na análise das obras, responda: 1. O que é arte? Quem determina o que é arte? Existe arte boa ou ruim? 2. No fi lme “O Sorriso de Monalisa”, a obra de Soutine foi analisada pela professora Katherine Watson com que objetivo argumentativo? Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 17 3. Ao discutir acerca da pintura “Carcaça” de Soutine, como algumas alunas contra-argumentam para defender seus pontos de vista a respeito do valor artístico da obra na década de 50? 4. Por que, provavelmente, o fi lme traz uma força argumentativa quando o título “O Sorriso de Monalisa” faz referência ao quadro Monalisa de Da Vinci? Atividade 4 1. Há no ser humano a necessidade de se expressar por meio das artes e de compreender o mundo e a si mesmo por meio do fa- zer artístico. Assim, é possível afi rmar que as artes são uma produção humana por meio de uma produção estética, a qual utiliza uma perspectiva plurissignifi cativa. Essas artes têm função pedagógica, social, ritualística, política de possibilitar ao homem a sua humanização. Portanto, como o fi lme “O Sorriso de Monalisa” discute, não existe uma única defi nição sobre arte, nem que há uma arte melhor que outra, mesmo que exista um mercado, uma ciência ou grupos que a padronizem ou estabeleçam valora- ção monetária, arte será arte por ser arte. 2. A intencionalidade argumentativa da professora Katherine Watson em utilizar uma obra que não faz parte das obras canônicas consideradas pela escola como obra-prima é questionar a padronização de uma única concepção estética de arte, sobretudo, a perspectiva e noção da arte do “Belo”. Além disso, a professora, a partir do que as alunas trazem de preconceitos e juízos de valor, as faz refletir sobre todo o processo do fazer arte, quem a produz, quem determina ser arte, as funções dessa arte, tornan- do-as livres pensadoras. 3. Quando a professora questionou as alunas acerca da obra de Soutine ser arte, elas não sabiam o que responder, porque aquela obra não estava catalogada no livro de História da Arte, era arte moderna. Então, começam a discordar da análise da professora, porém Katherine contra-argumenta e convence as alunas a terem outra visão. 4. Fica evidente que a referência ao quadro renascentista de Da Vinci, é com um propósito argumentativo de fazer o espectador comparar as fi guras femininas e seus sorrisos enigmáticos e misteriosos, ou seja, tanto a retratação de Da Vinci quanto as moças que estudavam em WellesleyCollege estavam representadas por um padrão estético, comportamental e social. Sugerimos que a atividade seja desenvolvida coletivamente, pois, embora, partindo do pressuposto de que o estudante já deveria ter construído conhecimentos capazes de fazê-lo “fluir”, essa pode não ser a realidade da sua turma. Analisar um tema a partir de uma produção cinematográfi ca, por exemplo, exige, entre outras habilidades, capacidade de abstração, que levará à compreensão e síntese. A atividade pressupõe o desenvolvimento de aspectos da habilidade foco EM13LP49 e da relacionada EM13LP50. Orientação ao PROFESSOR Atividade 5 Continuemos nossa caminhada, agora com uma “pitada” de poesia, que também vem acompanhando vocês desde os anos iniciais. Quem não se lembra de “Se essa rua, se essa rua fosse minha...”, ou “Na minha terra tem palmeiras, onde canta o sabia...”, ou ainda “E agora, José? A festa acabou...”. Mas agora, além de relembrar, você pode refl etir sobre o papel da poesia na formação da identidade, do acesso às manifestações artísticas, do poder da arte na formação, transformação e intervenção em questões sociais, políticas etc. 18 TEXTO 1 Por que lemos e escrevemos poesia? Sociedade dos poetas mortos - cena do fi lme. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?84c0e5 Acesso em: 11 de setembro de 2021. TEXTO 2 “.... o entusiasta e sonhador Neil Perry, o romântico Knox Overstreet, o rebelde Nwanda, ou Charlie Dalton se preferirem, os nerds Pitts e Meeks, o tímido Todd Anderson e o tradicionalista frio e puxa-saco Richard Cameron (meio que por infl uência dos outros) reabrem a "Sociedade dos Poetas Mortos" com um trecho adaptado de um texto de Thoreau que fala: “Fui à fl oresta porque queria viver deliberadamente, queria viver profun- damente e sugar toda a essência da vida. Deixar apodrecer tudo o que não é vida, para quando eu morrer, descobrir que não vivi.” Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?1d8c99 html.Acessado em: 08 de março de 2019. TEXTO 3 “ CARPE DIEM” - "Odes" (I,, 11.8) do poeta romano Horácio (65 - 8 AC), onde se lê: Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi finem di dederint, Leuconoe, Nec Babylonios temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati. seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam quae nunc oppositis debilitat pumicibus maré Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi spem longam reseces. dum loquimur, fugerit ínvida aetas: carpe diem quam minimum credula postero. Tu não procures - não é lícito saber - qual sorte a mim qual a ti os deuses tenham dado, Leuconoe, e as cabalas babiloneses não investigues. Quão melhor é viver aquilo que será, sejam muitos os invernos que Júpiter te atribuiu, ou seja o último este, que contra a rocha extenua o Tirreno: sê sábia, fi ltra o vinho e encurta a esperança, pois a vida é breve. Enquanto falamos, terá fugido ávido o tempo: Colhe o instante, sem confi ar no amanhã. TEXTO 4 “...Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga fl ores...” Menestrel – Shakespeare Para acessar ao encenação utilize o QR Code a seguir: Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?d75ea5 Acesso em: 11 de setembro de 2021. Comecemos por assistir ao trecho do filme “Sociedade dos poetas mortos”. Você conhece? Depois, à leitura de alguns textos. Sociedade dos poetas mortos. Disponível em: https://vimeo.com/486506753 Acesso em: 11 de setembro de 2021. Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 19 TEXTO 5 Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?baef54 html. Acesso em: 11 de setembro de 2021. Para entender um pouco mais sobre o Mito da Caverna acesse o link. O mito da caverna - Educação Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?4d0d99 Acesso em: 11 de setembro de 2021. Mito da caverna – Platão Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna, existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna, permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali. Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder se locomover, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade. Um dos prisioneiros decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direção do muro e o escala. Com difi culdade, enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles e, mais além, todo o mundo e a natureza. Depois de assistir aos vídeos e ler os textos, leia as proposições abaixo. Em seguida, assinale SIM ou NÃO, de acordo com a compreensão que teve. 1. Considerando que a poesia de Thoreau, texto 2, e a sua relação com as funções da literatura, pode-se afi rmar que na expressão “... sugar toda a essência da vida”, Thoreau reafi rma a literatura como um elemento do conhecimento do mundo, tanto do passado e presente, como da mentalidade de uma sociedade ou época. Sim Não 20 2. O carpe diem é um dos temas recorrentes nas poesias de muitos estilos de época. Por isso, no fi lme Sociedade dos poetas mortos, essa concepção literária e fi losófi ca é apresentada pelo prof. Keating a partir do trecho da poesia de Whitman “Apanha teus botões de rosa enquanto podes”. Considerando esse princípio de Horácio, texto 3, um poema que exemplifi ca um diálogo com esse tema é: “A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.” (Carlos Drummond de Andrade: Viver não dói) Sim Não 3. No fi lme “Sociedade dos poetas mortos”, o professor interpretado por Robin Willians fala da importância de se estudar poesia: ao lidar com nossas emoções mais profundas, a poesia é aquilo que dá à nossa vida um sentido, uma razão para viver. A partir dessa percepção de poesia, da relação entre o pensamento de Thoreau, texto 3, e da Alegoria da Caverna de Platão, texto..., pode-se afi rmar que o fi lme metaforiza a caverna como as padronizações, o tradicionalis- mo, os estereótipos representados na Academia Welton e dá uma boa ideia do confl ito que se estabelece quando os estudantes ousam desafi ar a autoridade constituída e serem livres para pensar. Sim Não Provavelmente você sabe o que são memes, não é verdade? Mas uma releitura de uma obra de arte poderia ser caracterizada como meme? Ou dependendo da técnica, artista, contexto, intenção, estrutura, a releitura seria um estilo artístico específi co? Quem sabe diz Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 21 De um texto ao outro A tela "O grito", de Edvard Meowza Katz (releitura de ‘O grito’) O designer norte-americano Meowza Katz resolveu inserir em sete famosas obras de arte, algumas perso- nagens dos Simpsons, utilizando o mesmo estilo empregado pelo cartunista Matthew Abram Groening, criador original das personagens. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?716db3 Acesso em: 24 de março de 2019. MEME 1 MEME 2 Meme em capa de revista Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?4839e3 Acesso em: 29/03/2019. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?9684df Acesso em: 29/03/2019. “O novo caldo é o caldo da cultura humana. Precisamos de um nome para o novo replicador, um nome que transmita a ideia de uma unidade de transmissã o cultural, ou uma unidade de imitaç ão. “Mimeme” prové m de uma raiz grega adequada, mas eu procuro uma palavra mais curta que soe mais ou menos como “gene”. Espero que meus amigos classicistas me perdoem se abreviar mimeme para meme. Se isso servir de consolo, podemos pensar, alternativamente, que a palavra “meme” guarda relaç ã o com “memó ria”, ou com a palavra francesa mê me. Devemos pronunciá -la de forma a rimar com “creme”. “ (DAWKINS, 2007, p. 330) 22 Com base em Gombrich (1993, p. 449), “o Movimento Expressionista surgiu na Alemanha em 1910, aproximadamente, e seus artistas alimentavam sentimentos tã o fortes em relaç ã o ao sofrimento humano, à pobreza, à violê ncia e à paixã o, que eram propensos a pensar que a insistê ncia na harmonia e beleza em arte nascera exatamente de uma recusa em ser sincero. Nã o desejavam criar có pias idealizadas do real e sim uma representação dos sentimentos humanos”. A obra “O Grito” deMunch revela as angústias inerentes à complexidade da mente humana, rompe com o idealismo estético e com a harmoniaagradável , o grotesco , o incômodo espelho mais verdadeiro da sociedade moderna. Do novo ao já CONHECIDO MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS A unidade da arte reside no fato de que, não importa se com as palavras, sons melódicos, cores, massas, o artista cria imagens que exprimem seu sentimento profundo do mundo.(...) certo número de atividades humanas – como a poesia, a pintura a arquitetura, o teatro, a música, a escultura – cria imagens que exprimem um modo de sentir, o qual, por sua vez, se traduz numa forma correspondente. Pedro Manuel Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?2225d4 html.Acessado em: 08 de março de 2019. Depois de rever “O grito” (E. Munch) e sua releitura por Meowza Katz, os memes 1 e 2, o De um texto ao outro e, por fi m, o texto Do novo ao já conhecido, refl ita sobre a seguinte afi rmação: Em contextos históricos diversos, em qualquer espaço social, o ser humano com ideologias, hábitos, distintos ou não, produziram arte. Agora, responda à pergunta: A relação interdiscursiva entre a obra de Munch, a releitura de Katz pode ser considerada mais arte que a de Katz? Por quê? Interdiscursividade: é a relação entre dois discursos caracterizada por um citar o outro. Toda relação de interdiscursividade é também uma relação intertextual. Contudo, a interdiscursividade é mais ampla: quando um discurso cita outro, não há apenas uma referência ao texto ou partes dele, mas também à situação de produção (quem fez, em que momento histórico, com qual fi nalidade etc.). Vocabulário Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 23 DE UM TEXTO AO OUTRO Uma resposta possível é: As artes, como produção humana, recriam o real, representam ou imitam “a verdade” e, de forma verossímil, expressam emoções, opiniões, visão de mundo de um “eu” seja do artista ou de outros seres humanos. A obra de Munch faz parte do movimento expres- sionista, tornou-se um ícone das artes plásticas; já de Kantz faz uma releitura por meio da PopArt ou pode ser até um meme da obra “O Grito”. Assim, são artes produzidas com técnicas, contexto, suporte diferentes, que podem até ser consideradas uma com maior ou menor valoração econômica no mercado de Artes, mas uma não pode ser vista como mais arte que a outra. Orientação ao PROFESSOR Você já percebeu como o meme pode ser uma produção estética? O meme pode ser uma interface TDCI, mas também ser um gênero que integra linguagem artística, cultural, histórica e até política? Seria o meme um dos gêneros de predominância visual com maior propagação entre os usuários de redes sociais, como o Face- book, Twitter, WhatsApp, Instagram? Você já compartilhou algum meme? Quando você recebe um meme, geralmente, isso provoca em você que sensações? Quem sabe diz Proposta de Produção Final Agora, a partir da relação entre as playlists e o comentário opinativo acerca do tema “como o ser humano se mostra e mostra os outros por meio da sua arte”, escolha uma música específi ca que caracterize as ideologias machista, misógina e desumana quanto à persistência de violência contra a mulher no século XXI e produza um meme em quadrinho que dialogue com a base artística da obra “O Grito” de Munch e a letra da música escolhida, ou seja, utilize o humor, a sátira, a paródia, mas, sobretudo, a crítica. Para auxiliar sua produção, assista ao vídeo “O que é meme? “O que é meme? Origem, defi nição e um manifesto| mimimidias”. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?fc4120 Acesso em: 06 de março de 2019. 24 PRODUÇÃO FINAL Na produção fi nal, oriente o estudante a perceber a relação multissemiótica* entre meme e os gêneros textuais que podem ser moldados para se tornar um meme como fruto de uma ciber- cultura. Retome a apresentação das manifestações artísticas, na produção inicial, que, de uma forma ou de outra, refletem o ser humano como artista ou como objeto retratado nas artes. Mas, focalize na perspectiva de como a mulher tem sido abordada nas artes ao longo da história humana. Como exemplo para você orientar o aluno, colocamos o meme a seguir. *Multissemiótico: Quando falamos em gêneros discursivos multissemióticos, estamos falando daqueles compostos por várias linguagens (modos e semioses). Eles combinam diferentes modalidades, tais como as linguagens verbal (oral e escrita), visual, sonora, corporal e digital. A atividade pressupõe o desenvolvimento de aspectos da habilidade foco EM13LP49 e da relacionada EM13LP50. Orientação ao PROFESSOR Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?112617 Sistematizando APRENDIZAGENS Durante toda a SD, você e seus colegas foram respondendo a várias questões, a partir das propostas apresentas nas atividades, que não foram poucas! Vamos relembrar algumas das perguntas? COMO AS ARTES SE MANIFESTAM? Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Produção de Textos | Campo artístico-literário 25 SPETO. Grafi te. Museu Afro Brasil, 2009. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?14d6e1 SPETO Paulo César Silva, mais conhecido como Speto, é um grafi teiro paulista envolvido com o skate e a música. O fortaleci- mento de sua arte ocorreu, em 1999, pela oportunidade de ver de perto as referências que trazia há tempos, ao passar por diversas cidades do Norte do Brasil em uma turnê com a banda O Rappa. Revista Zupi, n. 19, 2010. O grafi te do artista paulista Speto, exposto no Museu Afro Brasil, revela elementos da cultura brasileira reconhecidos A) na influência da expressão abstrata. B) na representação de lendas nacionais. C) na inspiração das composições musicais. D) nos traços marcados pela xilogravura nordestina. E) nos usos característicos de grafi smos dos skates. # Ligado no ENEM O comportamento da personagem Pina no terceiro quadrinho sugere A) aridade. B) entusiasmo. C) gratidão. D) interesse. E) satisfação. # Ligado na PROVA BRASIL Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?32e9fe Acesso em: 22 de setembro de 2021. 26 SISTEMATIZANDO APRENDIZAGENS Todas as questões presentes no início da atividade apareceram na sequência de atividades da SD. Seria interessante você retomá-las com a turma, com a intenção de estabelecer relação entre o conhecimento construído e a possibilidade de utilização dele na produ- ção de texto dissertativo-argumentativo. É importante o estudante perceber que não basta conhecer artistas/autores e citá-los em suas produções. É preciso que esse conhecimento seja utilizado com assertividade, de forma produtiva. Nos quadros “Ligado no ENEM” e “Ligado na Prova Brasil – SAEB”, é interessante primeiro deixar os estudantes tentarem resolver as questões. Você pode orientar como otimizar a interpretação de imagem verbal e não verbal, principalmente o que o enunciado solicita como comando a ser analisado. Mostre que nas duas avaliações a resposta está na relação pergunta e texto motivador. Na questão do ENEM, o gabarito é letra “d”, o artista Speto faz uma relação interdiscursiva e intertextual com ocordel e suas ilustrações em xilogravuras. Na questão SAEB, a alternativa correta é “d”, pois a tirinha tem uma sequência de ações gestuais e falas da personagem Pina que revelam uma ação humana de total interesse em se benefi ciar. Orientação ao PROFESSOR
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