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Artrópodes Parasitas ou Vetores de Doenças e Animais Peçonhentos

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DESCRIÇÃO
Principais gêneros dos artrópodes parasitas ou vetores de doenças e dos animais
peçonhentos.
PROPÓSITO
Conhecer as características morfológicas e ecológicas dos principais artrópodes parasitas e
que causam doenças, bem como dos animais peçonhentos, é primordial para o
estabelecimento de medidas de combate.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os principais insetos parasitas e causadores de doenças pertencentes à ordem
Hemiptera e Diptera
MÓDULO 2
Reconhecer os principais artrópodes parasitas causadores de doenças pertencentes à ordem
Siphonaptera, à subordem Anoplura e à subclasse Acari
MÓDULO 3
Descrever os principais acidentes causados pelos animais peçonhentos
INTRODUÇÃO
Os animais (metazoários) estão distribuídos pelos mais variados ambientes: no mar ou na água
doce, em águas rasas ou profundas e em terra firme, tanto em ambientes muito úmidos como
nos extremamente secos. Eles pertencem ao reino Animalia (ou Metazoa), são seres vivos
eucariontes, pluricelulares, heterotróficos, participam do ecossistema como consumidores de
diferentes tipos: herbívoros, carnívoros, parasitas, saprófagos, predadores etc. e são divididos
em invertebrados (sem coluna vertebral) e vertebrados (com esqueleto cujo eixo principal é
formado por uma coluna constituída por vértebras que podem ser ósseas ou cartilaginosas).
O filo Arthropoda é constituído por animais invertebrados que apresentam como principal
característica o corpo segmentado, membros articulados e toda superfície externa revestida
por um exoesqueleto contendo quitina. Os artrópodes contêm a maioria dos animais
conhecidos, alguns deles abundantes em número de indivíduos. Os grupos de maior interesse
sanitário pertencem à classe Insecta (insetos) e Arachinida (aranhas, escorpiões, ácaros,
carrapatos etc.), que atuam como vetores de doenças, ou animais peçonhentos.
Os animais vertebrados pertencentes ao filo Chordata podem não ser os mais numerosos do
planeta, mas, sem dúvida, são os mais conhecidos e admirados. Nesse filo, os répteis
(crocodilo, jacaré, serpente) pertencentes à classe taxonômica Reptilia são perigosos animais
peçonhentos.
Vamos, ao longo desta jornada, estudar os insetos endoparasitas e ectoparasitas e os
aracnídeos causadores de doenças. Além disso, conheceremos os acidentes causados por
animais peçonhentos.
MÓDULO 1
 Descrever os principais insetos parasitas e causadores de doenças pertencentes à
ordem Hemiptera e Diptera
ORIGEM E FISIOLOGIA DOS INSETOS
Imagem: Shutterstock.com.
Os insetos pertencem à classe Insecta, que apresenta animais extremamente diversos e
resistentes. É constituída por aproximadamente 80 milhões de espécies. Isso corresponde a
53% do total de organismos existentes no planeta.
O sucesso evolutivo dessa classe está relacionado também a alguns fatores como:
TAMANHO REDUZIDO
PLASTICIDADE GENÉTICA
ALTA CAPACIDADE SENSORIAL E NEUROMOTORA
DIVERSIDADE DE INTERAÇÕES EVOLUTIVAS COM
OUTROS ORGANISMOS
DESENVOLVIMENTO DE METAMORFOSE COMPLETA
ADULTOS ALADOS
CONQUISTA DO AMBIENTE TERRESTRE
EUSOCIALISMO
SELEÇÃO SEXUAL
A morfologia desse grupo é bem característica, apresentando tagmatização, ou seja, divisões
bem definidas em cabeça, tórax e abdome, constituindo o que chamamos de exoesqueleto.
Esses organismos também são dotados de três pares de pernas articuladas, peças bucais do
tipo ectógnata, asas, inúmeras cerdas, um par de olhos compostos e um par de antenas.
Imagem: WikipedianProlific/Wikimedia Commons/CC BY 3.0, adaptado por Angelo Souza.
 Tagmatização de um inseto.
 VOCÊ SABIA
Por ser feita de quitina, a carapaça apresenta-se como uma forte armadura, possibilitando
maior resistência à temperatura, perda de água, ataques de predadores etc.
Os insetos, em sua maioria, possuem grande importância ecológica e econômica, pois fazem
parte do grupo de organismos responsáveis por reciclagem de nutrientes, polinização e
dispersão de sementes, controle de pragas e produção de materiais utilizados pelo homem.
Além disso, são capazes de servir como fonte de alimento para outras espécies de animais e
atuam como excelentes modelos experimentais para a pesquisa.
O controle populacional de insetos, que possuem importância econômica, é feito quase que
exclusivamente com a utilização de inseticidas sintéticos (organofosforados e piretroides), que
podem acarretar sérios danos ambientais, tanto por serem tóxicos aos seres vivos quanto por
aumentarem a frequência de insetos resistentes. Assim, por mais que haja políticas públicas,
como educação ambiental, para evitar a perpetuação de doenças, há a necessidade de
investimento em pesquisas para a criação de inseticidas seguros ao homem e sem prejuízos
para o ecossistema.
ORDEM HEMIPTERA
É considerada a maior ordem dos insetos hemimetábolos — insetos que sofrem metamorfose
incompleta, ou seja, as formas imaturas são semelhantes aos adultos, mas não possuem
maturidade sexual nem asas. Esses insetos apresentam três estágios de desenvolvimento:
ovo, larva (Também chamada de ninfa.) (podendo ter inúmeros instares larvais) e adultos.
Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Angelo Souza.
 Ciclo de vida do Cimex sp. – Um exemplo do ciclo de vida dos insetos da ordem Hemiptera.
Os insetos da ordem Hemiptera (do grego hemi = metade; pteron = asa, referência ao aspecto
diferente de seus pares de asas) estão presentes em todo o globo terrestre, contabilizando
cerca de 90 mil espécies, ou seja, 10% de todas as espécies de insetos conhecidas.
Morfologicamente, esses insetos apresentam um aparelho bucal extremamente especializado,
podendo ser adaptado para sugar ou picar. Seu tamanho varia de 0,5 mm a 130 mm, a
coloração normalmente é uniforme (castanha ou negra) e o corpo mais compacto, permitindo
respostas químicas mais rápidas e complexas.
Das quatro subordens incluídas nessa ordem, a Heteroptera é a que mais se destaca no
contexto médico-veterinário. São organismos pertencentes a essa subordem os famosos
percevejos. Algumas famílias podem apresentar nomes específicos como maria-fedida
(Pentatomidae) ou barbeiro (Reduviidae).
Foto: natiibio/Pixabay/Domínio Público.
MARIA-FEDIDA (PENTATOMIDAE)
Foto: Lorena S. Sampaio/Wikimedia commons/CC BY 3.0.
BARBEIRO (REDUVIIDAE)
Com tamanho variando de 0,5 mm a 110 mm de comprimento, os percevejos geralmente são
ovíparos, possuem olho composto bem desenvolvido, são majoritariamente fitófagos
(alimentação de material vegetal como seiva), considerados pragas de diversas plantas
cultivadas.
 ATENÇÃO
Contudo, no grupo Heteroptera, temos espécies predadoras, que são utilizadas como controle
biológico, e espécies hematófagas (alimentação do sangue de outros animais), que atuam
como vetores. A importância ecológica e econômica desse grupo está associada aos danos
que causam às culturas de plantas, que servem de sustento ao homem, ou às doenças que
são capazes de transmitir.
PERCEVEJOS E TRIATOMÍNEOS
As famílias hematófagas dentro dessa subordem são Cimicidae e Reduviidae.
Distribuídos mundialmente, os cimicídeos são chamados popularmente de percevejos-de-
cama. Podem apresentar também hábito ectoparasitário temporário, alimentando-se
principalmente de aves e mamíferos como morcegos e humanos. Dois gêneros podem ser
destacados dos demais nessa família: Cimex e Leptocimex.
O gênero Cimex apresenta maior importância, pois acredita-se que suas espécies
acompanham os seres humanos desde a época em que viviam em cavernas, com morcegos, o
que contribuiu para uma maior distribuição geográfica. Nesse grupo, as espécies Cimex
lectularius e Cimex hemipterus se destacam.
Foto: Shutterstock.com.
CIMEX LECTULARIUS
Foto: Shutterstock.com.
CIMEX HEMIPTERUS
 ATENÇÃO
Ambas as espécies vivem em residências humanas, escondendo-se em fendas e rachaduras.
São encontradas também em colchões e travesseiros, bem como no peridomicílio, em áreas
anexas, onde se encontram os animais domésticos ou galinheiros. Esses organismos não
causam doenças diretasao homem, mas podem provocar erupções cutâneas severas e
espoliação sanguínea, desencadeando anemia.
No mesmo habitat e com o mesmo tipo de alimentação, os chamados barbeiros assassinos
(pelo seu hábito predador), pertencentes à família Reduviidae, apresentam grande importância
médica, pois são responsáveis por desencadear a conhecida doença de Chagas nos homens.
Enfermidade amplamente conhecida nas Américas, a subfamília Triatominae abriga muitas
espécies que atuam como vetor, ou que são vetores em potencial, do Trypanossoma cruzi,
agente etiológico dessa doença.
Foto: Shutterstock.com.
 Inseto da Família Reduviidae.
 SAIBA MAIS
São mais de 100 espécies no mundo capazes de provocar a doença de Chagas, distribuídas
nos gêneros Panstrongylus, Rhodnius e Triatoma. No Brasil, as espécies de barbeiro que
merecem destaque são: Triatoma infestans, Triatoma dimidiata, Triatoma barberi, Triatoma
brasiliensis, Triatoma maculata, Triatoma pseudomaculata, Triatoma rubrovaria, Triatoma
sórdida, Rhodnius prolixus, Rhodnius ecuadoriensis, Rhodnius pallescens e Panstrongylus
megistus.
Foto: Shutterstock.com.
 Triatoma infestans.
ORDEM DIPTERA
Com sua origem datada de 250 milhões de anos atrás, a ordem Diptera é constituída por
aproximadamente 160 famílias e inclui os insetos holometábolos conhecidos popularmente
como moscas, mosquitos, mutucas, borrachudos, maruins, entre outros.
Esses insetos apresentam metamorfose completa, ou seja, as formas imaturas se apresentam
como larvas vermiformes com diferente tipo de alimentação e habitat dos insetos adultos. O
estágio intermediário entre a larva e o adulto é a pupa. Apresentam um dos grupos de insetos
mais diversos que existe, podendo ser encontrados em praticamente todos os continentes e
quase todos os habitat existentes. Os dípteros têm o segundo par de asas modificado em
estruturas responsáveis pela manutenção do equilíbrio durante o voo, conhecidas como
halteres ou balancins. Dessa forma, o nome da ordem faz menção ao número de suas asas
funcionais (di = duas, pteron = asa).
Imagem: Shutterstock.com.
 Inseto da Família Diptera.
Classicamente, essa ordem é dividida em duas subordens, Nematocera e Brachycera:
Nematocera
A subordem Nematocera é constituída pelos mosquitos, simulídeos, maruins, pernilongos e
outros dípteros.

Brachycera
A subordem Brachycera abriga os insetos conhecidos popularmente por moscas e mutucas.
DÍPTEROS NEMATÓCEROS: PSICODÍDEOS,
SIMULÍDEOS E CERATOPOGONÍDEOS
PSICODÍDEOS
Foto: Fritz Geller-Grimm/ Wikimedia Commons/ CC-BY-SA-3.0.
 Inseto pertencente à subfamília Phlebotominae.
A subfamília Phlebotominae apresenta maior importância médica dentro dos psicodídeos.
Esses insetos cosmopolitas são conhecidos popularmente no Brasil como mosquito-palha ou
flebótomos. Medem de 2 mm a 4 mm de comprimento, apresentam o corpo densamente
coberto de pelos finos em coloração clara; as fêmeas possuem hábito hematófago e suas
formas imaturas são encontradas geralmente em detritos como solo entre as raízes de árvores,
chão de cavernas etc.
Dos quatro gêneros presentes nas Américas (Brumptomyia, Warileya, Hertigia e Lutzomyia),
Lutzomyia é o que apresenta numerosas espécies transmissoras de leishmaniose. Essa
doença é considerada uma "antropoonoze", ou seja, acomete não apenas animais silvestres,
mas também homens e cães domésticos.
SIMULÍDEOS
Os simulídeos são dípteros nematóceros conhecidos popularmente como borrachudos,
pertencentes à família Simuliidae e amplamente distribuídos ao redor do planeta. Conhecidos
como piuns na Região Norte, esses insetos medem de 1 mm a 5 mm de comprimento,
apresentam corpo robusto e coloração escura.
Seu ciclo é holometabólico, como ocorre em todo o seu grupo, mas possui a peculiaridade de
desenvolver todo o estágio de ovo, larva e pupa exclusivamente dentro da água corrente. As
fêmeas depositam seus ovos em água corrente, de maneira que toda a fase imatura desse
inseto (ovo, larva e pupa) permanece na água. Quando o organismo atinge a fase adulta, ele
emerge e muda seu nicho para o ambiente aéreo, conforme demonstramos no esquema a
seguir.
Imagem: Rio Grande do Sul. Secretaria Estadual da Saúde. Centro Estadual de Vigilância em
Saúde (CEVS), RGS, 2018, 60 p.
 Estágios do ciclo de vida dos simulídeos.
Os simulídeos são hematófagos vorazes, o que causa no local da picada da fêmea um
punctiforme característico. Entre as espécies de borrachudos, apenas Simulium incrustatum e
Simulium guinense têm hábito hematófago ou oportunista em seres humanos.
Imagem: Acarologista/Wikimedia Commons/ CC BY 3.0, adaptado por Angelo Souza.
 Principais estruturas da fêmea de simulídeo.
Além da espoliação sanguínea, tanto em humanos quanto em animais, eles são responsáveis
pela transmissão da síndrome hemorrágica de Altamira e, principalmente, dos vermes
nematódeos Onchocerca volvulus e Mansonella ozzardi, agentes da oncocercose e da
mansonelose, respectivamente.
Foto: Daniel J. Drew/Wikimedia commons/CC BY 3.0.
ONCHOCERCA VOLVULUS.
Foto: Shutterstock.com.
MANSONELLA OZZARDI.
No Brasil, a oncocercose (Também chamada doença dos rios.) é a que mais se destaca e é
transmitida pela picada da fêmea do simulídeo contaminada com o filaídeo Onchocerca
volvulus. Os pacientes acometidos com essa doença podem ser assintomáticos ou
apresentarem lesões cutâneas e oculares graves.
CERATOPOGONÍDEOS
Conhecidos como mosquito pólvora ou maruins, os ceratopogonídeos (Família:
Ceratophogonidae) são dípteros diminutos, que medem de 1 mm a 5 mm de comprimento e
possuem ampla distribuição geográfica, incluindo o Brasil. As larvas são encontradas em
ambientes úmidos ou aquáticos e apresentam corpo alongado. Os adultos podem ser
encontrados próximos aos locais dos criadouros larvais.
Foto: B. Schoenmakers/Wikimedia commons/CC BY 3.0.
 Inseto pertencente à família Ceratophogonidae.
A maioria das espécies dessa família possui o hábito crepuscular, sendo as fêmeas
hematófagas ou predadoras. A picada dessas fêmeas causa irritabilidade na pele e muitas
vezes é acompanhada de dor intensa. Dentre os gêneros, destaca-se o Culicoide, pois são os
principais vetores de filarias, protozoários sanguíneos e alguns vírus.
DÍPTEROS NEMATÓCEROS: ANOFELINOS E
CULICÍNEOS
Da ordem Diptera, a família Culicidae compreende um grupo de insetos em que se incluem os
“mosquitos verdadeiros”. Essa família é composta por duas subfamílias: Anophelinae, com 488
espécies, e Culicinae, com 3.067 espécies, na qual três gêneros são os mais importantes do
ponto de vista médico: os anofelinos do gênero Anopheles (subfamília Anophelinae) e os
culicíneos dos gêneros Aedes e Culex (subfamília Culicinae).
Foto: Kmaluhia/Wikimedia commons/licença (CC BY 3.0).
1. AEDES AEGYPTI
São mosquitos que costumam viver dentro dos domicílios urbanos. Possuem o hábito de voar
curtas distâncias. Aedes aegypti é a principal espécie transmissora das doenças como dengue,
febre amarela, zika e chikungunya.
Foto: Kmaluhia/Wikimedia Commons/(CC BY 3.0).
2. ANOPHELES
Os anofelinos são mosquitos capazes de voar longas distâncias, e muitas espécies são vetores
da malária — uma doença crônica que pode ser fatal e é muito frequente no Norte do Brasil,
principalmente nas regiões amazônicas.
Foto: Alan R Walker/Wikimedia Commons/licença (CC BY 3.0).
3. CULEX
São os mosquitos conhecidos como pernilongos, muito presentes nas residências humanas.
Transmitem doenças como a encefalite e a febre do Oeste do Nilo.
Os mosquitos se caracterizam por apresentar pequeno porte e possuir uma probóscide longa e
fina, adaptada para sucção e perfuração. As larvas e pupas são aquáticas e nadam ativamente
em águas lentas. A oviposição das espécies do gênero Culex é bem característica, pois
apresenta os ovos dispostos em forma de jangada. Já os gêneros Anopheles e Aedes
depositam seus ovos isoladamente, porém podem ser diferenciados do primeiro, pois são
flutuadores.
As larvas dos anofelinos, devido à ausênciado sifão respiratório, costumam ficar em uma
posição paralela à água; enquanto as larvas de Aedes e Culex, que apresentam um sifão,
ficam em posição vertical.
Angelo Souza.
 Formas imaturas dos anofelinos (Anopheles) e culicídeos (Aedes e Culex).
Em relação à aparência, a coloração pode diferenciar os principais mosquitos destes três
gêneros:
Enquanto o pernilongo comum (Culex) é marrom, o mosquito da dengue (Aedes) e o mosquito
da malária (Anopheles) são mais escuros. O Aedes aegypti apresenta listras brancas pelo
corpo, bastante visíveis principalmente nas pernas, e um desenho em formato de lira em seu
tórax.
Foto: Shutterstock.com.
 Culex

Foto: Shutterstock.com.
 Aedes

Foto: Shutterstock.com.
 Anopheles
 SAIBA MAIS
Uma característica interessante dos anofelinos é que, quando estão em posição de repouso,
esses mosquitos ficam com o abdome apontado para cima, por isso são conhecidos em
algumas regiões como mosquito-prego.
Os mosquitos culicídeos (Aedes e Culex) e os anofelinos (Anopheles) em posição de repouso:
Imagem: Acarologista/Wikimedia Commons/ CC-BY-SA-4.0, adaptado por Angelo Souza.
 1. Fêmea em postura de repouso formando um arco com o abdômen apontando para
baixo.
2. Escamas no abdômen formam uma cobertura densa sem um padrão colorido distinto.
3. O abdômen é fechado.
Imagem: Acarologista/Wikimedia Commons/ CC-BY-SA-4.0, adaptado por Angelo Souza.
 1. Fêmea em postura de repouso típica dos Anopheles , o corpo forma uma linha reta com
o abdômen erguido acima da cabeça.
2. As escamas no abdômen estão ausentes.
3. O abdômen é rombudo ou pontiagudo, dependendo da espécie.
Os mosquitos apresentam uma ampla distribuição geográfica, que vai desde regiões
temperadas a tropicais, além do Círculo Polar Ártico, com grande diversidade de espécies.
Uma elevada riqueza taxonômica é encontrada na região neotropical, com aproximadamente
1.090 espécies conhecidas. No Brasil, há registros com 371 espécies, que abrangem 41% das
ocorrências neotropicais. Muitos mosquitos apresentam grande importância médica por serem
vetores de arbovírus, nematódeos e protozoários, que afetam o homem e outros animais.
Neste cenário de arboviroses causadas por mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes
albopictus, destacam-se por serem as principais ou potenciais causadores de enfermidades
como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A febre amarela no meio silvestre é causada
exclusivamente por outros mosquitos, do gênero Hemagogus e Sabethes.
Foto: Shutterstock.com.
AEDES AEGYPTI
Foto: Shutterstock.com.
AEDES ALBOPICTUS
Foto: 41330/Pixabay/Domínio Público.
INSETO DO GÊNERO HEMOGAGUS
Foto: James Gathany/Centers of Disease Control and Prevention (CDC)/ Domínio Público.
INSETO DO GÊNERO SABETHES
Os sintomas gerais dessas três doenças são bem parecidos, uma vez que incluem
normalmente febre, dores de cabeça e musculares, calafrio, náuseas e vômitos. A seguir
vamos conhecer a especificidade de cada uma delas:
DENGUE
A dengue, que pode ser do tipo hemorrágica ou clássica, é uma doença provocada pelos tipos
de vírus DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 da família Flaviviridae (Gênero: Flavivirus). Além
desses sintomas, é comum manifestações como dores atrás dos olhos e coceira na pele.
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TIPO HEMORRÁGICA
Onde há sangramento intenso na boca, nariz e gengiva, além de sede, dificuldade
respiratória e agitação.
ZIKA VÍRUS
Dentro da mesma família e do mesmo gênero viral, encontra-se também o zika vírus (ZKV).
Este apresenta como sintoma específico, além dos demais sintomas relacionados à dengue,
intensas dores nas articulações.
CHIKUNGUNYA
A febre chikungunya, que causa apenas os sintomas gerais de viroses comuns, é provocada
pelo vírus CHIKV da família Togaviridae (gênero: Alphavirus). Ela surge como a arbovirose
recém-descoberta, com seus primeiros registros no Brasil datados de 2010. Diferentemente da
febre amarela, que é causada também pelo gênero viral Flavivirus (família: Flaviviridae) e que
provoca insuficiência hepática e renal.
MALÁRIA
A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium, que são transmitidos pela picada
de fêmeas do gênero Anopheles. Essa doença acomete centenas de milhões de pessoas ao
redor do mundo e já causou a morte de mais de um milhão de pessoas. No Brasil, a malária
ainda é um caso sério de saúde pública. Provoca sintomas genéricos inicialmente, mas pode
levar a um quadro de encefalopatia (Inflamação no encéfalo.) . Essa enfermidade tem como
principal vetor o Anopheles darlingi, e o Plasmodium vivax é a espécie de protozoário
detectada na maioria dos casos.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS
INSETOS PERTENCENTES À ORDEM
HEMIPTERA E À ORDEM DIPTERA.
Neste vídeo, as especialistas Raquel Fernandes Silva Chagas do Nascimento e Anna
Fernandes Silva Chagas do Nascimento abordam as principais características morfológicas e
ecológicas desses insetos.
DÍPTEROS BRAQUÍCEROS: MUTUCAS E MOSCAS
A subordem Brachycera é composta por quatro infraordens, das quais duas se destacam:
Tabanomorpha e Muscomorpha. Por mais que sejam capazes de gerar diversos benefícios
para o meio ambiente e à sociedade, elas podem causar danos severos à saúde do homem e
dos animais.
As fêmeas desses insetos apresentam comportamento hematófago para realizar sua
oviposição, e o macho normalmente se alimenta de néctar — não sendo, assim, vetores de
doenças. Vamos entender melhor sobre cada uma delas a seguir.
Foto: Shutterstock.com.
 Haematopota Pluvialis , inseto da infraordem Tabanomorpha.
TABANOMORPHA
Abriga os insetos conhecidos popularmente como mutucas e está distribuída por diferentes
regiões do mundo, somando mais de 4.200 espécies conhecidas. Seu hábito hematófago é
influenciado diretamente por fatores ambientais (temperatura, clima, umidade etc.) e é
essencialmente silvestre. Entretanto, a diminuição da fronteira mata/cidade com o
desmatamento tornou possível maior proximidade desses insetos com os seres humanos e os
animais domésticos.
A picada desse inseto é bem dolorosa, causa irritação e espoliação sanguínea local. No gado,
é comum que se desencadeie anemia severa, causando graves problemas econômicos pela
perda de peso do animal, redução na produção de leite etc. Apesar da grande importância
econômica, esse grupo é pouco estudado. Nos humanos, as doenças mais comuns são a
tularemia, antraz, anaplasmose, febre Q, vários tipos de tripanossomíases e filarioses.
Imagem: Shutterstock.com.
 Fêmea de tabanídeo realizando o repasto sanguíneo.
 SAIBA MAIS
As mutucas podem causar mais de 30 possíveis enfermidades, principalmente pelo fato de
atuarem como vetor de bactérias, vírus, protozoários e helmintos.
MUSCOMORPHA
Abriga as chamadas moscas, ou dípteros muscoides, grupo cujo porte varia de médio a
grande (em média 1,5 cm de comprimento), podendo apresentar variação de cores metálicas
com tons azulados, violáceos ou esverdeados, até cores opacas ou escuras. Por depositarem
seus ovos na matéria orgânica animal e vegetal em decomposição (carcaças de animais,
fezes, lixo etc.), esses insetos são tidos como animais imundos e causam repulsa.
Foto: Shutterstock.com.
 Inseto da família Sarcophagidae e infraordem Muscomorpha.
No homem, as moscas são capazes de veicular diversos agentes patogênicos (bactérias, vírus,
fungos, ovos de helmintos etc.). Esses agentes estão dispostos em todo o corpo das moscas,
grudados nos pelos, nas patas, nas peças bucais (tromba), além das fezes. A contaminação
dos alimentos ocorre principalmente no momento da ingestão, pois as moscas apresentam, no
pelo de suas pernas, glândulas gustativas que raspam o alimento e, em seguida, regurgitam
enzimas digestivas para conseguir ingeri-lo.
Tanto as moscas como os patógenos abrigados por elas encontram condições favoráveis de
proliferação em locais de clima quente, com condições de higiene precárias. Assim, os fatores
climáticos e socioambientais da região neotropical aceleram seu metabolismoe ciclo de vida,
permitindo a intensificação de sua dispersão populacional, o que favorece a transmissão de
agentes etiológicos de doenças.
 SAIBA MAIS
As famosas moscas domésticas (pertencentes ao gênero Musca) também apresentam grande
importância na saúde humana. Por serem altamente antropofílicas, alimentam-se da matéria
orgânica presente no lixo doméstico, entrando diretamente em contato com os humanos.
Nesse grupo, destacam-se alguns gêneros: Glossina, Chrysomya, Musca e Dermatobia, que
podem transportar, por exemplo:
 EXEMPLO
Os protozoários Trypanossoma brucei gambiense e Trypanossoma brucei rhodesiense. Esta
última espécie é a que mais se destaca para a saúde pública em áreas rurais de países como a
África. A chamada doença do sono (ou tripanossomíase humana africana) acontece por meio
da picada do inseto-vetor pertencente ao gênero Glossina. As espécies de moscas
transmissoras destes protozoários são conhecidas como tsé-tsé.
Imagem: Estefanía Alonso Gómez/Wikimedia Commons/CC BY 3.0.
 Glossina
Imagem: Gullan, P. J.; Cranston, P. S. Os Insetos: Um resumo de entomologia. Editora Roca. 3ª
edição, São Paulo, 2008, p.345.
 Mosca tsé-tsé no início da alimentação (A) e completamente ingurgitada com sangue — é
possível ver suas traqueias graças ao inchaço (B).
O gado e os animais domésticos e silvestres funcionam como hospedeiros definitivos para o
parasita Trypanossoma brucei rhodesiense. Essa enfermidade afeta diretamente o sistema
nervoso humano, causando confusão mental, mudanças de humor, fraqueza, convulsões,
distúrbios no ciclo do sono etc. Inicialmente ela não causa sintomas severos, mas pode gerar
dores na cabeça e nas articulações.
 ATENÇÃO
Outro vetor que também realiza a hematofagia, afetando diretamente a bovinocultura, por
causar problemas econômicos, é a mosca-dos-estábulos. Esse é o nome popular da espécie
Stomoxys calcitrans (Família: Muscidae), que realiza seu repasto sanguíneo normalmente em
bois e cavalos.
Foto: Shutterstock.com.
 Stomoxys calcitrans
Além dessas doenças, as moscas são responsáveis pela miíases (conhecida como “bicheira”),
uma infecção causada no homem e nos animais pela larva das moscas da família Calliphoridae
(principalmente), Muscidae e Sarcophagidae. Essa infecção é classificada em primária ou
secundária.
Nas miíases furunculoides, miíases primárias ou “berne”, as larvas se alimentam de tecido vivo
e são causadas pela Dermatobia hominis (Linnaeus Jr., 1781) (Gênero: Dermatobia).
Foto: Agarianna76 / Shutterstock.com.
 Miíase primária em homem adulto causada pela Dermatobia hominis.
Imagem: Shutterstock.com.
 Miíase secundária.
Já nas miíases secundárias, as larvas se alimentam de tecido necrosado e são desencadeadas
por diferentes espécies de três gêneros, conhecidas como moscas-varejeiras: Cochliomyia
(normalmente Cochliomyia hominivorax [Coquerel]), Chrysomya (normalmente Chrysomya
megacephala [Fabricius, 1794] e Chrysomya bezziana [Villeneuve, 1914]) e Lucilia
(normalmente Lucilia eximia [Wiedemann]).
 SAIBA MAIS
Algumas espécies desses gêneros podem atuar também como vetor forético da espécie
Dermatobia hominis. Essa é uma associação entre indivíduos de espécies diferentes conhecida
como forésia, em que uma espécie utiliza outra espécie para dispersar seus ovos, sem causar
prejuízos. Ela pode ser definida também como um caso específico de comensalismo.
Dependendo da espécie de mosca que irá ovipor, quando as larvas eclodem, podem penetrar
até mesmo na pele íntegra do indivíduo, usando seu tecido saudável como recurso alimentar
complementar.
Em todos os tipos de miíases, há a penetração das larvas das moscas através da pele. Essa
penetração pode acontecer em razão de ferimentos ou pela entrada por cavidades naturais
como o nariz (caso da miíase secundária) ou acontece pelo contato da larva com regiões
expostas da pele como na miíase primária. Além disso, pode ocorrer pela ingestão direta de
alimentos e água contaminados, nesse caso chamamos de miíase acidental ou pseudomiíase.
No local de penetração, a região afetada apresenta aspecto avermelhado com um orifício
central que irá constantemente liberar sangue. Os sintomas geralmente envolvem sensação de
fisgada e coceira na lesão. Na miíase secundária, as larvas causam severos danos aos
tecidos, formando espécies de “galerias” profundas que podem coçar, sangrar e causar danos
à pele e órgãos (dependendo da profundidade).
O diagnóstico normalmente é feito apenas a partir dos sinais da doença, e o tratamento
envolve basicamente a retirada manual das larvas, com a devida assepsia e esterilização dos
materiais utilizados. Quando a lesão é muito grave, normalmente em casos severos de miíase
secundária, é necessária uma medicação. As medicações orais mais utilizadas para o
tratamento são a ivermectina e antibióticos.
 VOCÊ SABIA
Normalmente, em caso de berne, o médico utiliza vaselina, esparadrapo ou toucinho no local
da ferida para impedir a entrada de ar pelo orifício. Assim, a larva precisará migrar para a
superfície em busca de oxigênio. Esse é o momento de “pinçá-la”.
Foto: Uwe Gille/Wikimedia Commons/CC-BY-3.0.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. APRENDEMOS QUE OS INSETOS DA ORDEM HEMIPTERA, COMO
PERCEVEJOS E BARBEIROS, APRESENTAM UMA GRANDE
IMPORTÂNCIA MÉDICA E ECONÔMICA. A SEGUIR, SÃO LISTADAS
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DESSA ORDEM. ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE NÃO APRESENTA UMA CARACTERÍSTICA DESSA
ORDEM:
A) Apresenta metamorfose completa.
B) Não possui maturidade sexual.
C) Não possui asas.
D) Apresenta os estágios de ovo, larva e adultos.
E) Sua coloração é uniforme.
2. OS DÍPTEROS NEMATÓCEROS APRESENTAM GRANDE IMPORTÂNCIA
SANITÁRIA, POIS TRANSMITEM DOENÇAS QUE AFETAM GRANDE
PARTE DA POPULAÇÃO MUNDIAL. SOBRE ESSE GRUPO DE INSETOS,
ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR.
I. AS LARVAS DE AEDES E CULEX APRESENTAM UM SIFÃO E FICAM EM
POSIÇÃO VERTICAL NA ÁGUA, JÁ AS DO GÊNERO ANOFELINOS
COSTUMAM FICAR EM UMA POSIÇÃO PARALELA.
II. A MALÁRIA, ASSIM COMO OUTRAS ARBOVIROSES, APRESENTA
COMO PRINCIPAIS SINTOMAS FEBRE, CALAFRIO E INDIGESTÃO E É
CAUSADA POR DÍPTERAS DO GÊNERO ANOPHELES.
III. AS ESPÉCIES DO GÊNERO CULEX DEPOSITAM SEUS OVOS
ISOLADAMENTE, QUE SE APRESENTAM LIVRES NA SUPERFÍCIE DA
ÁGUA (FLUTUAM).
É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM:
A) I
B) II
C) III
D) I e II
E) II e III
GABARITO
1. Aprendemos que os insetos da ordem Hemiptera, como percevejos e barbeiros,
apresentam uma grande importância médica e econômica. A seguir, são listadas
algumas características dessa ordem. Assinale a alternativa que não apresenta uma
característica dessa ordem:
A alternativa "A " está correta.
Os insetos da ordem Hemiptera são hemimetábolos, ou seja, sofrem metamorfose incompleta.
Do ovo eclode um organismo não tão semelhante ao adulto, chamado de ninfa, que
posteriormente se diferencia em adulto. Assim, temos três estágios de desenvolvimento: ovo,
larva e adulto. Além disso, eles não possuem maturidade sexual nem asas e têm uma
coloração normalmente uniforme que varia de castanha a negra.
2. Os dípteros nematóceros apresentam grande importância sanitária, pois transmitem
doenças que afetam grande parte da população mundial. Sobre esse grupo de insetos,
analise as afirmativas a seguir.
I. As larvas de Aedes e Culex apresentam um sifão e ficam em posição vertical na água,
já as do gênero anofelinos costumam ficar em uma posição paralela.
II. A malária, assim como outras arboviroses, apresenta como principais sintomas febre,
calafrio e indigestão e é causada por dípteras do gênero Anopheles.
III. As espécies do gênero Culex depositam seus ovos isoladamente, que se apresentam
livres na superfície da água (flutuam).
É correto o que se afirma em:
A alternativa "D " está correta.
A malária é causada por insetos-vetores do gênero Anopheles, esse gênero não apresenta
sifão respiratório e assim as lavras ficam em posição paralela à água. Já as larvas do gênero
Culex e Aedes, por apresentarem sifão, ficam em posiçãovertical à água. Os ovos do gênero
Culex apresentam-se em jangada e dos gêneros Anopheles e Aedes são depositados
isoladamente, mas os ovos do gênero Anopheles flutuam.
MÓDULO 2
 Reconhecer os principais artrópodes parasitas causadores de doenças pertencentes
à ordem Siphonaptera, à subordem Anoplura e à subclasse Acari
INTRODUÇÃO AOS ECTOPARASITAS
Foto: Shutterstock.com.
Os ectoparasitas são animais de diferentes espécies que vivem na pele e nos pelos do
hospedeiro. São considerados parasitas, pois se beneficiam dos nutrientes do hospedeiro
enquanto o prejudica. Diferenciam-se dos endoparasitas (como os vermes), que se instalam no
interior do corpo do hospedeiro.
Os ectoparasitas causam uma série de doenças ectoparasitárias, como a escabiose, a
pediculose, a tungíase e a febre maculosa, que são bastante frequentes em diversas
comunidades carentes no Brasil, e que, não raro, podem evoluir para quadros clínicos graves.
 SAIBA MAIS
Estudos epidemiológicos apontam que até dois terços da população de comunidades carentes
nas grandes cidades e em áreas rurais são acometidas por ao menos um tipo de
ectoparasitose, sendo os mais comuns o piolho (Pediculus humanus capitis), a sarna (ácaro
Sarcoptes scabiei) ou a pulga (Tunga penetrans, também conhecida como “bicho de pé”).
Foto: Shuttestock.com.
PEDICULUS HUMANUS CAPITIS
Foto: Shuttestock.com.
SARCOPTES SCABIEI
Foto: Shuttestock.com.
PULGA NOS PELOS DE UM ANIMAL
O controle dos ectoparasitas no Brasil é um desafio para a saúde pública em razão da
dificuldade no manejo das infestações, a falta de atenção da própria população e de
profissionais de saúde, bem como os aspectos biológicos de alguns ectoparasitas, que
apresentam ciclos de vida complexos em reservatórios animais.
ORDEM SIPHONAPTERA: AS PULGAS
As pulgas são pequenos insetos ectoparasitas não voadores (comprimento entre 2,5 mm a 3,0
mm), hematófagos, sem asas (apéteros), com três pares de pernas longas, corpo marrom
escuro e achatado verticalmente. São excelentes saltadoras, apresentam ao longo do corpo
diversas cerdas grossas e curtas, além de espinhos voltados para trás formando uma espécie
de pente, característica que facilita a locomoção no hospedeiro, e aparato bucal picador-
sugador.
Imagem: Al2/Wikimedia commons/CC BY 3.0.
 Principais partes da pulga.
Ao longo de seu desenvolvimento, as pulgas passam por diferentes fases:
Ovos (depositados no hospedeiro ou no chão);
Larvas (sem patas e cegas, alimentam-se de fezes de adultos);
Pupa (origina as formas adultas); e
Inseto adulto (hematófago, capaz de se alimentar durante meses).
Podem ter seu ciclo completo em semanas ou meses, dependendo das condições do ambiente
no qual se encontrem.
Em muitos casos, as formas imaturas são de difícil visualização, isso dificulta o controle da
infestação.
Apesar de serem muito comuns infestando cães e gatos (espécie Ctenocephalides felis), as
pulgas da espécie Tunga penetrans podem parasitar os seres humanos. Muitas espécies são
parasitas de mamíferos, e outras também podem infestar aves.
 SAIBA MAIS
A peste-bubônica, que matou ⅓ da população europeia no século XIV, é transmitida pela pulga
do rato, quando infectada pela bactéria Yersinia pestis.
Nos humanos, esse sifonáptero é responsável por uma parasitose conhecida como tungíase,
que é causada por fêmeas grávidas de Tunga penetrans que habitam o solo de zonas
arenosas. A contaminação se dá no momento que a pessoa pisa no solo arenoso sem
nenhuma proteção nos pés. A fêmea grávida penetra na pele humana com a cabeça e deposita
seus ovos no exterior.
Imagem: Centers for Disease Control and Prevention (CDC)/ DPDx - Laboratory Identification of
Parasites of Public Health Concern. Centers for Disease Control and Prevention (CDC),
adaptado por Angelo Souza.
 Ciclo de vida da Tunga penetrans.
A maioria das lesões decorrentes da tungíase aparece nos pés, mas em alguns casos, as
mãos também podem ser afetadas. As lesões podem ocorrer de forma isolada ou em elevado
número, dependendo da quantidade de pulgas presentes no solo. Uma típica lesão causada
por essa espécie apresenta-se como uma pequena pápula marrom escura com um halo fino e
claro ao seu redor. É comum a ocorrência de dor ou prurido. Em casos mais graves, pode
ocorrer infecção secundária e até abscessos no local de penetração.
Imagem: Shutterstock.com.
 Sola do pé com típica lesão de tungíase.
O diagnóstico é realizado de forma clínica e a partir de relatos do paciente que indiquem o
contato com o solo infestado. O tratamento é realizado com a extração manual das pulgas com
auxílio de agulha estéril. É importante que todo o parasita seja retirado. Em seguida, deve-se
utilizar antisséptico no local da ferida.
 VOCÊ SABIA
Em caso de infecções secundárias, devemos tratar com antibioticoterapia tópica ou sistêmica.
A principal forma de prevenir a tungíase consiste basicamente em evitar contato com solo
contaminado e usar calçados fechados. A descontaminação do local infestado, por meio de
medidas sanitárias, também deve ser adotada.
SUBORDEM ANOPLURA: OS PIOLHOS
SUGADORES
Os piolhos, insetos da ordem Phthiraptera, são pequenos artrópodes que medem de 0,5 mm a
8 mm de comprimento e exclusivamente parasitas de aves e mamíferos. A morfologia externa
dos piolhos consiste em um corpo achatado dorsoventralmente, com a cabeça horizontal
menor e distinta do tórax, um aparelho bucal sugador, com três pares de pernas robustas e
garras que facilitam a aderência aos pelos, cabelos ou penas do hospedeiro.
Eles são desprovidos de ocelos e asas, e a coloração do corpo varia de marrom claro ao cinza
escuro à medida que vão se alimentando do sangue do hospedeiro.
Imagem: Danvasilis/Wikimedia Commons/CC BY 3.0, adaptador por Angelo souza.
 Morfologia do piolho.
OCELOS
Um olho primitivo, um órgão de visão simples encontrado em alguns artrópodes.
Existem mais de 5.000 mil espécies de piolhos ao redor do mundo. Quase um quinto delas
estão distribuídas pelo Brasil, porém apenas 30 espécies são capazes de causar algum tipo de
doença.
Os piolhos sugadores de sangue, responsáveis por parasitar os seres humanos, estão
presentes na subordem Anoplura e são do gênero Pediculus. A Pediculus humanus capitis é a
principal espécie parasita de humanos, que causa a pediculose. A mais conhecida é a
pediculose do couro cabeludo.
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Foto: Gilles San Martin/Wikimedia Commons/CC BY 3.0.
 Pediculus humanus capitis preso no couro cabeludo.
Vamos entender com o funciona pediculose do couro cabeludo:
01
02
01
Os piolhos se instalam no folículo piloso (base do cabelo) e lá depositam seus ovos, chamados
de lêndeas. Estas se fixam na base do cabelo, bem próximas ao couro cabeludo e apresentam
um formato oval, com coloração amarela leitosa. As ninfas podem levar de 6 a 9 dias para
eclodir das lêndeas.
02
Uma semana após a eclosão, as ninfas se tornam piolhos adultos. As fêmeas são geralmente
maiores que os machos e capazes de depositar até oito lêndeas por dia. Como são parasitas
obrigatórios, os piolhos adultos precisam se alimentar de sangue várias vezes ao dia para
sobreviver, por isso se mantêm constantemente sobre o hospedeiro. Dessa forma, o ciclo de
vida dos piolhos é tido como autoxênico, ou seja, todas as formas são encontradas em apenas
um hospedeiro.
Foto: CDC/Wikimedia Commons/CC BY 3.0, adaptado por Angelo Souza.
 Ciclo de vida do P. humanus spp.
 SAIBA MAIS
Os piolhos adultos podem viver até 30 dias na cabeça de um hospedeiro e costumam morrer
em 2 dias quando fora dela.
Os principais sintomas da pediculose são intensa coceira no couro cabeludo, que resulta em
feridas causadas pelo ato de coçar; marcas visíveis das picadas dos insetos; e aumento dos
gânglios linfáticos. Os casos mais graves de infestação podem desencadear infecções
secundárias.
Foto: Shutterstock.com.
Crianças com infecções severas correm o risco de desenvolver quadro de anemia em razão da
elevada quantidadede sangue sugado pelos ectoparasitas. As crianças infestadas ainda
podem apresentar baixo desempenho escolar por dificuldade de concentração resultante da
coceira ininterrupta e de distúrbios do sono.
A via de transmissão mais comum ocorre pelo contato de cabeça com cabeça. Porém, ao
contrário do que muitos pensam, não é fácil de ser transmitido. É necessário contato repetido e
prolongado para que taxas significantes de transmissão sejam atingidas.
 ATENÇÃO
O tratamento da pediculose se dá através da administração de ivermectina, porém a droga só
tem eficiência contra as formas adultas do parasito. É necessária a repetição do tratamento ao
longo dos dias. O tratamento baseado na aplicação de substâncias tópicas (por resultar em
baixa adesão do medicamento no couro cabeludo) pode levar à dificuldade no tratamento e à
resistência do parasita em relação a várias dessas substâncias.
Destaca-se também a espécie Pediculus humanus var. corporis, os piolhos de corpo, que são
vetores importantes de epidemias como tifo, febre das trincheiras e febre recorrente. Eles
causam prurido e pequenas picadas vermelhas no corpo.
Foto: USCDCP/Pixnio/Domínio Público.
 Pediculus humanus var. corporis.
Foto: NH2501/Wikimedia Commons.
 Phthirus púbis.
O piolho púbico (Phthirus púbis), conhecido como piolho-chato, é um inseto parasita
responsável pela pediculose pubiana. Ele é transmitido sexualmente por fômites (toalhas,
roupas de uso normal e de cama). Infectam pelos pubianos e perianais, mas podem se
espalhar nas coxas, no tronco e nos pelos faciais (barba, bigode e cílios).
SUBCLASSE ACARI: OS CARRAPATOS E
OS ÁCAROS
Além de insetos como a pulga e o piolho, outros artrópodes podem atuar com ectoparasitas
dos seres humanos. Os ácaros e os carrapatos são animais pertencentes à classe Arachnida,
assim como as aranhas e os escorpiões. Porém, diferentemente desses últimos, os ácaros e
os carrapatos fazem parte da subclasse Acari (ou Acarina). A seguir vamos conhecer mais
sobre eles.
CARRAPATOS
Os carrapatos são pequenos aracnídeos hematófagos e ectoparasitas da ordem Ixodida. Eles
estão distribuídos por todo o planeta, tanto em áreas rurais como em áreas urbanas. São um
dos principais vetores de diversos vírus, bactérias (especialmente as riquétsias) e protozoários
e transmitem inúmeras doenças aos seres humanos e a outros animais.
Costumam viver em touceiras, no mato, no chão, em regiões de clima úmido ou seco.
 VOCÊ SABIA
Carrapatos são animais extremamente antigos, registros fósseis sugerem sua existência há
pelo menos 90 milhões de anos. Há mais de 800 tipos.
Os carrapatos geralmente têm a forma ovalada e, enquanto não se alimentam, apresentam um
aspecto achatado dorsoventralmente. Porém, à medida que vão se alimentando, com
frequência adquirem formas convexas e até esféricas. A carapaça quitinosa de exoesqueleto
que reveste seu corpo impede o animal de se romper enquanto seu tamanho é dilatado.
Imagem: Acarologista /Wikimedia Commons/CC-BY-SA-4.0, adaptador por Angelo Souza.
 Morfologia do carrapato.
No Brasil, os carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente a espécie Amblyomma
cajennense, são os principais reservatórios da bactéria Rickettsia rickettsii, causadora de uma
doença conhecida como febre maculosa. Apresentam ampla distribuição por todo o território
brasileiro e são conhecidos popularmente como carrapato-estrela, carrapato-do-cavalo ou
rodoleiro. Suas ninfas são conhecidas por “vermelhinhos” e suas larvas por “carrapatinhos” ou
“micuins”.
Animais como cavalos, capivaras e gambás desempenham papel importante no ciclo de
transmissão da febre maculosa como reservatórios de Rickettsia e transportadores dos
carrapatos infectados.
Imagem: Gmazza/ Wikimedia Commons/CC BY 3.0.
AMBLYOMMA CAJENNENSE
Imagem: Henriqueandradelira/Wikimedia Commons/ CC-BY-SA-3.0.
CICLO DE VIDA DO AMBLYOMMA SP.
Vamos agora entender mais sobre febre maculosa: a doença, ocorrência, transmissão, os
sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento e as medidas de prevenção.
A DOENÇA
É uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, que pode se manifestar nos seres
humanos tanto de formas leves e atípicas como de formas graves com elevada taxa de
letalidade.
OCORRÊNCIA
Ocorre principalmente na região Sudeste do Brasil.
TRANSMISSÃO
A transmissão para o homem não ocorre de forma imediata, geralmente o artrópode
permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4 a 6 horas para a bactéria ser inoculada
e não ocorre pelo contato homem-homem.
SINAIS E SINTOMAS
Após o período de incubação de 2 a 14 dias, aparecem os primeiros sintomas não muito
específicos como febre (em geral alta), cefaleia, mialgia intensa, mal-estar generalizado,
náuseas e vômitos, podendo ser confundida com outras doenças. Na maioria dos casos, entre
o segundo e o quinto dia, surge o sinal clínico mais importante: o exantema maculopapular
(erupção na pele, geralmente de aspecto avermelhado por causa da dilatação dos vasos
sanguíneos ou inflamação, que pode evoluir para equimoses) com o aparecimento de pápulas,
ou lesões pequenas, principalmente nos membros inferiores.
Em um paciente não tratado, as equimoses podem evoluir para necrose, principalmente nas
extremidades do corpo. Nos casos graves, é comum a presença de edema de membros
inferiores, hepatoesplenomegalia, diarreia e dor abdominal, manifestações renais com
azotemia pré-renal, caracterizada por oligúria e insuficiência renal aguda, manifestações
gastrointestinais como náusea, vômito, dor abdominal, diarreia etc.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da doença é difícil, sobretudo em sua fase inicial. No entanto, a pessoa com
suspeita de febre maculosa deve procurar um hospital imediatamente.
TRATAMENTO
O início do tratamento pode ser feito sem que se espere os resultados laboratoriais. Se o
paciente iniciar o tratamento nos primeiros cinco dias da infecção, a febre geralmente regride
entre 24 e 72 horas. Mesmo após o término da febre, o tratamento deve ser mantido por três
dias. O principal medicamento é o antibiótico doxiciclina, que deve ser utilizado nos casos leves
e moderados.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
Seguem algumas medidas de prevenção:
Usar calças compridas, inserindo a parte inferior por dentro de botas (preferencialmente
de cano longo e vedadas com fita adesiva de dupla face).
Retirar os carrapatos do corpo com uma pinça e não os esmagar com as unhas, para
evitar contaminação de outras partes do corpo com lesões.
A vigilância sanitária tem a obrigação de alertar a população sobre a infestação de
carrapatos em locais públicos.
ÁCAROS
Os ácaros são pequenos aracnídeos que podem ser encontrados com frequência nas
residências, principalmente em colchões, travesseiros e almofadas, onde se alimentam de
restos celulares oriundos da descamação da pele.
Foto: Janice Carr, William L. Nicholson, Ph.D., Cal Welbourn, Ph.D., Gary R. Mullen, USCDCP/
Pixnio /Domínio Público.
 Microscopia eletrônica de um ácaro.
Os ácaros apresentam corpo sem segmentação com extrema fusão dos segmentos do corpo,
formando o ideossoma. Já os outros aracnídeos apresentam o corpo segmentando com o
prossoma e opitossoma. Apresentam uma estrutura anterior bem característica, chamada de
gnatossoma, local onde estão localizadas as peças bucais. Têm quatro pares de patas no
estado adulto e geralmente tamanho muito reduzido, os maiores com aproximadamente 0,75
mm — assim, os ácaros só podem ser visualizados com auxílio de um microscópio e são
facilmente carregados pelo ar.
Imagem: Henriqueandradelira /Wikimedia Commons/ CC-BY-SA-3.0.
 Morfologia externa do ácaro.
 SAIBA MAIS
Os ácaros desencadeiam reações de hipersensibilidade na pele do hospedeiro, causando
dermatites. Ademais, estão relacionados com alergias respiratórias, como asma e rinite
alérgica. Entre as várias espécies existentes, a Sarcoptes scabiei hominis é responsável pela
principal dermatite causada por ácaros, a escabiose humana, conhecida como sarna.
Foto: ArthurGoldstein/ Wikimedia Commons/CC-BY-SA-4.0.
 Sarcoptes scabiei hominis.
A escabiose humana é transmitida por meio de relações sexuais ou objetos compartilhados,
como roupas de cama. A doença apresenta uma prevalência de 10% entre a população
carente, que vive em condições precárias de higiene e em constante aglomeração.
O ciclo de vida dessa espécie apresenta os estágios de ovo, larva, ninfa e adultos. As fêmeas
adultas podem depositar até três ovos por dia. A fase larval, que ocorre após a eclosão dos
ovos, dura cerca de quatro dias, com as larvas apresentando apenas três pares de pernas.
Após a muda das larvas, são originadas as ninfas com os quatro pares de pernas
característicos dos aracnídeos.
Os adultos apresentam forma arredondada, em forma de saco. As fêmeas possuem de 0,30
mm a 0,45 mm de comprimento, enquanto os machos são muito menores. Após a cópula, as
fêmeas férteis procuram na superfície da pele do hospedeiro um local adequado para depositar
seus ovos: perfuram a pele e cavam túneis onde depositam os ovos. A longevidade média de
uma fêmea adulta é de dois meses.
Imagem: Emerging Infectious Diseases - Centers for Disease Control anda Prevention (CDC) -
Domínio público, adaptado por Angelo Souza.
 Ciclo de vida do Sarcoptes scabiei hominis e transmissão da sarna.
Os estágios da Sarcoptes scabiei hominis na epiderme:
Imagem: Shutterstock.com.
Durante o ciclo, os produtos metabólicos liberados pelos ácaros desencadeiam uma reação
alérgica que acarreta intenso prurido na pele lesada, principalmente durante a noite. As lesões
podem ser perceptíveis a olho nu, apresentando-se como pequenos trajetos lineares um pouco
avermelhados com pontos escoriados ou cobertos por crosta. Entretanto, quanto mais o local é
danificado pelo ato de coçar, mas difícil fica de observar as linhas. Essas lesões podem evoluir
para infecções secundárias mais graves.
Foto: Shutterstock.com.
 Lesões da escabiose.
O ácaro pode afetar qualquer área do corpo, porém as regiões mais acometidas são entre os
dedos das mãos e dos pés, ao redor dos pulsos e cotovelos, nas axilas, na dobra do joelho e
ao redor da cintura. Em crianças pequenas e bebês, é comum acometer as regiões da cabeça,
pescoço e palmas das mãos.
O principal medicamento utilizado para o tratamento da sarna é a ivermectina. Além disso, para
o efetivo controle da escabiose, é necessário o tratamento de todos os familiares e parceiros
sexuais, mesmo daqueles que não manifestarem sintomas.
DOENÇAS CAUSADAS PELOS INSETOS
PERTENCENTES À ORDEM
SIPHONAPTERA, À SUBORDEM ANOPLURA
E À SUBCLASSE ACARI.
Neste vídeo, será feito uma revisão sobre as doenças e os insetos abordados ao longo do
módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS PULGAS SÃO ECTOPARASITAS PRINCIPALMENTE DE MAMÍFEROS
E AVES QUE PASSAM POR DIFERENTES FASES EM SEU
DESENVOLVIMENTO. SELECIONE A OPÇÃO QUE CORRESPONDE AO
NOME CORRETO DAS ESPÉCIES QUE ACOMETEM CÃO E GATO E
SERES HUMANOS, BEM COMO A ORDEM DAS ETAPAS DE SEU CICLO
DE VIDA, RESPECTIVAMENTE.
A) Ctenocephalides felis e Tunga penetrans – ovos, larvas, pupa e inseto adultos.
B) Sarcoptes scabiei hominis e Sarcoptes scabiei ovis – ovo, ninfa e inseto adultos.
C) Amblyoma cajennense e Rickettsia rickettsii – ninfa, larva, pupa e adultos.
D) Ctenocephalides felis ovis e Sarcoptes scabiei hominis – ovo, ninfa e inseto adultos.
E) Rickettsia rickettsii e Amblyoma cajennense – ovos, larvas, pupa e inseto adultos.
2. APRENDEMOS SOBRE A PEDICULUS HUMANUS CAPITIS, ESPÉCIE
CAUSADORA DE PEDICULOSE. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE
CORRESPONDE AOS PRINCIPAIS SINTOMAS DA PEDICULOSE.
A) Coceira intensa no couro cabeludo, marcas visíveis das picadas e até mesmo infecções
secundárias e anemias.
B) Dores articulares intensas, coceira no couro cabeludo, erupções cutâneas, enjoo, febre alta
e anemia.
C) Liberação de prurido no couro cabeludo, erupções cutâneas, dores musculares e febre
moderada ou alta.
D) Coceira intensa no couro cabeludo, marcas visíveis das picadas, diarreias, fadiga muscular,
febre leve e anemia.
E) Coceiras intensas no local da picada, feridas profundas e intensas, dores abdominais, febre
moderada e anemia.
GABARITO
1. As pulgas são ectoparasitas principalmente de mamíferos e aves que passam por
diferentes fases em seu desenvolvimento. Selecione a opção que corresponde ao nome
correto das espécies que acometem cão e gato e seres humanos, bem como a ordem
das etapas de seu ciclo de vida, respectivamente.
A alternativa "A " está correta.
Ctenocephalides felis e Tunga penetrans são as espécies de pulga que espoliam,
respectivamente, cães e gatos e seres humanos. Seu desenvolvimento é completo, o que faz
com que esse inseto, chamado de holometábolo, apresente as fases de ovo, larva, pupa e
adultos.
2. Aprendemos sobre a Pediculus humanus capitis, espécie causadora de pediculose.
Assinale a alternativa que corresponde aos principais sintomas da pediculose.
A alternativa "A " está correta.
Pediculus humanus capitis é responsável pela pediculose do couro cabeludo, que apresenta
como sinais clínicos uma intensa coceira e marcas visíveis das picadas dos insetos no couro
cabeludo. Além disso, há o aumento dos gânglios linfáticos e, em casos mais graves, pode
ocorrer infecções secundárias e anemias.
MÓDULO 3
 Descrever os principais acidentes causados pelos animais peçonhentos
INTRODUÇÃO AOS ANIMAIS
PEÇONHENTOS
Para caçar ou se defender, alguns animais (vertebrados ou invertebrados) possuem a
capacidade de inocular substâncias tóxicas produzidas em glândulas especializadas em seu
corpo. São conhecidos como animais peçonhentos e são responsáveis por inúmeros acidentes,
tanto em áreas urbanas quanto em áreas rurais.
O veneno (ou peçonha) produzido por esses animais pode ser inoculado de inúmeras formas.
Nos ofídios, como as cobras e as serpentes, a inoculação do veneno ocorre por meio de
dentes especializados. Em aracnídeos, a forma de inoculação é diferente: nos escorpiões, a
peçonha é inoculada através do aguilhão, estrutura bem característica desses animais,
localizada na ponta de sua cauda. As aranhas, por sua vez, utilizam suas quelíceras,
apêndices responsáveis por injetar o veneno. Já em insetos, como as abelhas africanizadas, o
ferrão, localizado na ponta do abdômen, é a estrutura inoculadora.
Foto: Shutterstock.com.
NAJA SIAMENSIS
Foto: Shutterstock.com.
PARABUTHUS GRANULATUS
Foto: Shutterstock.com.
LOXOSCELES RECLUSA
Animais peçonhentos possuem preferência por ambientes quentes e úmidos e são encontrados
em matas fechadas, trilhas e próximo a residências com lixo acumulado. Manter a higiene do
local e evitar acúmulo de coisas é a melhor forma de prevenir acidentes desse tipo.
 ATENÇÃO
Os acidentes causados por animais peçonhentos caracterizam-se como problema de saúde
pública no Brasil, por conta do elevado número de casos a cada ano e das possíveis
complicações advindas desses ataques. Costumam ser registrados, por ano, aproximadamente
110.000 acidentes ocasionados por animais peçonhentos no Brasil.
Existem animais conhecidos como venenosos que não são considerados peçonhentos, por
exemplo, algumas espécies de sapos, lagartas (a taturana) ou peixes (o baiacu). Os animais
venenosos são aqueles que não possuem nenhum órgão, apêndice ou estrutura capaz de
inocular o veneno. Nesses casos, o envenenamento ocorre pela ingestão ou contato e não por
inoculação.
ABELHAS
As abelhas são animais invertebrados pertencentes à ordem Hymenoptera. Diferenciam-se das
vespas (também chamadas de marimbondos) por se alimentarem de pólen e néctar.
Destaca-se nesse grupo a abelha africanizada chamada Apis mellifera, uma espécie resultante
do cruzamento de abelhas europeias com abelhas africanas, que foram trazidas para o Brasil
na década de 1950 com a intenção de potencializar a produção de mel no país. Essa espécie
vive muito bem no clima da região tropical e, atualmente, são encontradas em todo o Brasil.
Foto: Shutterstock.com.
 Apis mellifera.Os enxames e as colônias se instalam em variados locais naturais ou artificiais, tais como:
ocos de árvores, muros, caixas de luz, bueiros, pneus velhos, postes e telhados.
A Apis mellifera mede em média 2 cm de comprimento e tem como principais características
morfológicas a cabeça e o tórax com coloração enegrecida e anéis abdominais nas cores preta
e amarela alternadamente.
Shutterstock.com., adaptador por Angelo Souza.
 Morfologia das abelhas.
As abelhas, em geral, têm o hábito de viver em sociedade e são divididas em castas:
A abelha-rainha é a responsável pela reprodução e por manter a colônia unida.
As operárias estão sempre presentes em grande número e são as responsáveis pela maior
parte das atividades, tais como produção de mel, defesa da colmeia, cuidados com a cria,
produção de cera e da geleia real e coleta de água, néctar e pólen.
Em menor número, existem as abelhas machos, os zangões, que não possuem ferrão e são
responsáveis pela fecundação da rainha.
A reprodução das abelhas pode ser sexuada ou assexuada:
Na reprodução sexuada, após a fecundação, a abelha rainha deposita os ovos que originarão
as abelhas operárias, depois alguns estágios larvais. Quando, ainda na fase larval, uma larva
imatura é alimentada com geleia real por mais de três dias, ao atingir o estágio adulto, o inseto
se transforma em abelha-rainha.

Já a produção de zangões ocorre pela reprodução assexuada, a partir de ovos não
fecundados, pelo processo conhecido como partenogênese, o embrião se desenvolve sem a
necessidade de fecundação entre os gametas masculinos e femininos.
Por apresentarem características comportamentais bem defensivas (os animais peçonhentos
atacam quando se sentem ameaçados), as abelhas são conhecidas popularmente como
“abelhas assassinas”, em razão de sua agressividade e ao fato de serem territorialistas. No
entanto, atuam na natureza com um importante papel ecológico de agentes polinizadores. Ao
visitarem flores em busca de pólen e néctar, as abelhas acabam transportando os grãos de
pólen aderidos ao seu corpo, contribuindo assim na polinização das plantas.
Sua grande adaptação ao meio antrópico associada à agressividade ressalta a importância do
estabelecimento de medidas de vigilância entomológicas adequadas. Estudos indicam ainda
que as vítimas de abelhas africanizadas recebem dez vezes mais picadas do que as vítimas de
abelhas europeias.
Os acidentes causados pelas abelhas acontecem com o envenenamento pela inoculação de
substâncias tóxicas através do aparelho inoculador (ferrão), que pode ocorrer com uma,
poucas ou múltiplas picadas.
 ATENÇÃO
As manifestações clínicas são locais e sistêmicas. As locais são dor, eritema (vermelhidão) e
edema (inchaço). As sistêmicas são prurido, rubor e calor generalizado, podendo surgir
pápulas e placas urticariformes disseminadas. Em casos moderados, hipotensão, taquicardia,
cefaleia, náuseas, vômito, cólicas abdominais e broncoespasmos. Em casos graves, pode
evoluir para choque anafilático, insuficiência respiratória, rabdomiólise e hemólise, resultando
em anemia, icterícia e hemoglobinúria, com evolução para oligúria e insuficiência renal aguda.
Como tratamento, os ferrões devem ser retirados o mais rápido possível e iniciar as
compressas frias. Quando sintomático, indicam-se a ingestão de analgésicos, o uso de anti-
inflamatórios não esteroidais e anti-histamínicos e corticoides, caso haja inchaço.
ARACNÍDEOS
As aranhas e escorpiões, pertencentes à classe Arachnida, estão distribuídos em todos os
ecossistemas. Tanto os aracnídeos como os insetos fazem parte do filo Arthropoda, ou seja,
são conhecidos como animais artrópodes. No entanto, os aracnídeos apresentam algumas
diferenças em relação aos insetos, como a presença de quatro pares de pernas, não são
dotados de antenas e o corpo é dividido em duas partes: cefalotórax e abdome.
Além disso, aracnídeos apresentam um par de pedipalpos (com função sensitiva) e um par de
quelíceras (com função na alimentação).
Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Angelo Souza.
 Morfologia externa de uma aranha.
Os aracnídeos podem apresentar desenvolvimento direto (como algumas espécies de
escorpiões, que são vivíparos, ou seja, seus filhotes já nascem formados) ou desenvolvimento
indireto (como as aranhas que são ovíparas, colocam seus ovos em uma bolsa produzida a
partir de fios de seda chamada ooteca).
O principal alimento de aranhas e escorpiões são os insetos, mas existem espécies capazes
de se alimentar de outros organismos. Para obterem sucesso em suas caçadas em busca de
alimento, eles utilizam o seu veneno para imobilizar e matar suas presas.
Imagem: Torange.biz/ License CC-BY 4.0.
 Aranhas apresentam diferentes hábitos alimentares.
O aparelho inoculador de veneno das aranhas são as quelíceras, localizadas na região anterior
do cefalotórax.
Foto: Álex Henrique Nascimento dos Santos/Wikimedia Commons/CC BY 3.0.
 Escorpião se alimentando de uma aranha.
No caso dos escorpiões, o aparelho inoculador de veneno está localizado no último segmento
da cauda, chamado de aguilhão (ou télson), onde estão localizadas as glândulas de veneno.
 SAIBA MAIS
Conheça a morfologia externa do escorpião.
Imagem: Shutterstock.com., adaptador por Angelo Souza
ARANHAS
Apesar de as aranhas e os escorpiões serem excelentes predadores de insetos e ostentarem
um arsenal de substâncias tóxicas nocivas para suas presas, nem todos são capazes de
causar graves acidentes em humanos.
 ATENÇÃO
Na maioria dos casos, os membros inferiores são os mais acometidos, mas de modo geral os
acidentes apresentam gravidade leve, com poucos casos fatais. O tratamento é feito com soro,
observação, analgesia e, em alguns casos, anestesia local e internação para melhor
acompanhamento e cuidados.
No Brasil, três gêneros de aranhas são capazes de causar acidentes, conhecidos como
araneísmo. Vamos agora conhecer um pouco mais sobre esses gêneros.
VIÚVA-NEGRA (LATRODECTUS SP.)
As Latrodectus sp. possuem, em média, 2 cm de tamanho e são carnívoras, alimentando-se de
insetos. Possuem um comportamento reprodutivo característico: após a cópula, a fêmea tece
várias bolsas globosas para armazenar seus ovos. Os machos vivem na teia das fêmeas e, em
geral, morrem após copular. Elas possuem coloração enegrecida com faixas vermelhas no
abdome arredondado, em forma de globo, e a parte ventral do abdome apresenta uma mancha
avermelhada em forma de ampulheta. Produzem teias com padrões irregulares.
São encontradas em vegetação arbustiva, gramíneas, cupinzeiros, fendas de barracos,
mourões de madeira, em beiral de telhados, portas, janelas e até mesmo debaixo de móveis.
As viúvas-negras não são aranhas agressivas, a picada costuma ocorrer só quando
comprimidas ou extremamente ameaçadas. O acidente (lactrodêutico) por esse gênero é raro
no Brasil e corresponde a apenas 0,4% dos casos de acidentes por aracnídeos peçonhentos.
Os sintomas da inoculação por viúva-negra são dor intensa irradiada pelo membro, dor por
todo corpo, agitação, contrações musculares e sudorese. Casos graves podem ocasionar
complicações, tais como pressão alta, taquicardia, retenção urinária e choque anafilático.
Foto: Konrad Summers/ Wikimedia Commons/ CC-BY-SA-2.0.
 Latrodectus sp.
ARANHA-ARMADEIRA (PHONEUTRIA SP.)
As armadeiras são aranhas carnívoras, mas não produzem teias para captura de alimento. Seu
tamanho fica em torno de 15 cm. Após realizar a cópula, a fêmea produz e protege uma bolsa
de ovos achatada até a eclosão de seus filhotes.
São encontradas em bananeiras, embaixo de cascas de árvores, por entre tijolos, telhas e
entulhos de obras e em cupinzeiros.
Esta espécie é bastante agressiva e a picada (acidente fonêutrico) causa dor imediata,
irradiada, além de edema, sudorese e parestesia no local da picada (nem sempre é visível o
ponto de inoculação da peçonha). Além disso, podem ocorrer manifestações sistêmicas de
moderadas a graves, com sintomas como taquicardia,hipertensão arterial, agitação
psicomotora e vômito
Ao se sentir ameaçada, a aranha-armadeira se apoia sobre as pernas traseiras e levanta as
pernas dianteiras, podendo saltar mais de 30 cm. O nome armadeira é dado por ela assumir
essa postura de defesa.
Foto: Shutterstock.com.
 Phoneutria sp.
ARANHA-MARROM (LOXOSCELES SP.)
As aranhas-marrons também são carnívoras e se alimentam de insetos. Elas têm 3 cm de
comprimento, com corpo de coloração amarronzada e uma típica mancha em formato de
violino no cefalotórax. O abdome tem formato oval e suas teias possuem padrões irregulares.
Após realizar a cópula, a fêmea confecciona uma bolsa de ovos arredondada que fica aderida
a algum substrato preso na teia pegajosa.
São encontradas em cavernas, embaixo de cascas de árvores e cupinzeiros e, nas regiões
urbanas, em entulhos, telhas, tijolos, sótãos e porões. Não são aranhas agressivas, a picada,
em geral, é indolor, porém o veneno é extremamente perigoso.
Os acidentes por esse gênero (loxoscélico) provocam dor, eritema, edema, equimose central
com áreas de palidez (placa marmórea), bolhas sero-hemorrágicas e endurecimento no local
da picada. Em casos mais graves, pode evoluir para necrose seca e úlcera. Além disso, mal-
estar, cefaleia, febre e exantema (erupções na pele), hemólise intravenosa e, dependendo da
gravidade, insuficiência renal aguda.
Foto: Mampato/Wikimedia Commons/CC BY 3.0.
 Loxosceles sp.
 VOCÊ SABIA
As aranhas-caranguejeiras, embora sejam grandes e causem impacto visual, são animais
dóceis e não causam acidentes considerados graves. São frequentemente encontradas em
residências e jardins.
Foto: Flavinharn/Wikimedia Commons/CC BY 3.0.
 Aranha caranguejeira.
 SAIBA MAIS
Os acidentes por aranhas são tratados utilizando a soroterapia, a partir dos soros
antiaracnídicos.
ESCORPIÕES
No Brasil, apenas duas espécies pertencentes ao gênero Tityus apresentam riscos aos seres
humanos, são eles: o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) e o escorpião marrom (Tityus
bahiensis). Os acidentes causados pelos escorpiões são conhecidos como escorpionismo. Em
geral, ocorrem em zonas urbanas, e os membros superiores são a parte do corpo mais
acometida.
ESCORPIÃO AMARELO (TITYUS SERRULATUS)
Com um tamanho de cerca de 7 cm, os escorpiões amarelos são carnívoros, alimentando-se
de insetos. Apresentam pernas e cauda com coloração amareladas e corpo marrom escuro. As
fêmeas se reproduzem por partenogênese várias vezes ao ano e têm hábitos noturnos.
Estão presentes em áreas urbanas, abrigando-se em tijolos, telhas, entulhos e galerias de
esgoto e na natureza. Podem ser encontrados debaixo de cascas de árvores e pedaços de
troncos caídos em decomposição.
O nome serrulatus se deve ao fato de possuírem, no 3º e no 4º segmento da cauda, projeções
serrilhadas. Esta espécie de escorpião pode causar graves acidentes.
Foto: Rsismoreira/Wikimedia Commons/CC BY 3.0.
 Tityus serrulatus
ESCORPIÃO MARROM (TITYUS BAHIENSIS)
Esta espécie apresenta características semelhantes às do escorpião amarelo, porém a
reprodução é sexuada, com a cópula ocorrendo após um característico ritual de corte. As
pernas são amareladas, porém com manchas escuras. O corpo é marrom escuro e a cauda
possui coloração marrom avermelhada.
São encontrados em áreas urbanas, escondidos em tijolos, telhas, entulhos e nas galerias de
esgoto. Na natureza, embaixo de cascas de árvores e em madeiras em decomposição. São
animais de hábitos noturnos.
Imagem: Limberger/Wikimedia Commons/CC BY 3.0.
 Tityus bahiensis.
Os acidentes normalmente causam quadros de gravidade leve e os óbitos são raros. As
manifestações locais incluem dor, que pode ser irradiada, parestesia, eritema e sudorese. Além
disso, sudorese, agitação psicomotora, tremor, náuseas, vômitos, sialorreia (salivação), hiper
ou hipotensão, arritmia, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque.
Para o tratamento, recomendam-se analgesia e soro antiescorpiônico ou soro antiaracnídico
SERPENTES
Foto: Shutterstock.com.
As serpentes (também conhecidas como cobras) são animais vertebrados, carnívoros e
pertencentes à classe Reptilia. As principais características desses répteis são: pele recoberta
por escamas, ausência de membros, pálpebras e ouvido externo e presença de uma língua
bifurcada (bífida).
As serpentes podem ser classificadas de acordo com a dentição em:
SOLENÓGLIFAS
Possuem um tipo de dentição com grandes presas móveis inoculadoras de veneno, presentes
na região anterior da boca. Por exemplo: cascavel, jararaca e surucucu.
PROTERÓGLIFAS
Apresentam presas pequenas e fixas localizadas na região anterior da boca. Por exemplo:
cobra-coral verdadeira.
OPISTÓGLIFAS
Têm presas pequenas, fixas e localizadas no fundo da boca, o que dificulta a inoculação da
peçonha. Por exemplo: cobra-verde.
ÁGLIFAS
Não possuem dentes modificados para injetar veneno e por isso são não peçonhentas. Por
exemplo: jiboias e sucuris. Mesmo não tendo veneno, a picada dessas serpentes é altamente
dolorosa e, além disso, são extremamente perigosas. A jiboia, por exemplo, mata sua presa por
constrição.
Imagem: ANDRADE, A.; PINTO, S. C.; OLIVEIRA, R. S. (orgs.) Animais de Laboratório: criação
e experimentação [online], 2002, p. 180, adaptado por Angelo Souza.
 Tipos de dentição em serpentes.
Algumas espécies de serpentes podem provocar acidentes graves em humanos, porém a
maioria não oferece riscos. Algumas espécies de serpentes são vivíparas ou ovíparas. Vejamos
algumas delas.
Foto: Shutterstock.com.
 Crotalus durissus.
Cascavel (Crotalus durissus)
Alimentam-se de roedores, são vivíparas e encontradas em regiões abertas, campos e
cerrados. Apresentam como comportamento de defesa postura armada para dar o bote e
vibração e barulho do chocalho, que serve para espantar possíveis ameaças. O bote e,
consequentemente, a picada são usados apenas como último recurso. Além disso, essa
espécie possui a presença da fosseta loreal, um buraco entre o olho e a narina que atua como
órgão sensorial termorreceptor.
Foto: Shutterstock.com.
 Bothrops jararaca.
Jararaca (Bothrops jararaca)
As serpentes adultas se alimentam de pequenos mamíferos; e as jovens e filhotes de anfíbios
e lagartos. A espécie é vivípara, seu habitat costuma ser matas e campos cultivados. É um
animal longilíneo, com manchas triangulares escuras e uma faixa preta após o olho e fosseta
loreal. Muitas outras espécies do gênero Bothrops também são consideradas serpentes
peçonhentas, são elas: caiçaca, jararacuçu, urutu cruzeiro, jararaca-do-rabo-branco, jararaca-
pintada etc.
Imagem: William Quatman/Wikimedia Commons/CC BY 3.0.
 Micrurus frontalis
Cobra coral (Micrurus frontalis)
Possuem uma dieta carnívora, alimentando-se de outros répteis, como anfisbenas
(popularmente conhecido como cobra-de-duas-cabeças) e de outras serpentes. São ovíparas.
Apresentam o corpo cilíndrico com uma cauda curta e rombuda, não tendo distinção entre a
cabeça e o resto do corpo. Todo o corpo é circundado por anéis pretos, vermelhos e brancos
(às vezes amarelados). Os anéis pretos são organizados em um padrão de tríades (três anéis
pretos separados por dois brancos ou amarelos). Não são serpentes agressivas.
Imagem: Leandro J.C.L. Moraes, Alexandre P. de Almeida, Rafael de Fraga, Rommel R.
Zamora, Renata M. Pirani, Ariane A.A. Silva, Vinícius T. de Carvalho, Marcelo Gordo, Fernanda
P. Werneck/Wikimedia commons/CC BY 3.0.
 Lachesis muta.
Surucucu (Lachesis muta.)
Espécie carnívora; alimentam-se de roedores e são ovíparas. Estão presentes ao longo da
Mata Atlântica e da Floresta Amazônica. Possuem fosseta loreal. São animais de grande porte,
com escamas granulares e corpo alaranjado e com manchas negras.
Imagem: Shutterstock.com.
 Philodryas olfersii.
Cobra-cipó ou Cobra-verde (Philodryas olfersii)
Apresentam nutrição carnívora (comem anfíbios, roedores e aves) e são ovíparas. Comumente
encontradas em florestas e áreas abertas. Possuemum corpo longilíneo de coloração verde e
uma característica faixa negra após os olhos.
No Brasil, os principais acidentes causados por serpentes (ofidismo) são ocasionados pelos
gêneros: Bothrops (jararaca), Crotalus (cascavel) e Micrurus (coral-verdadeira). O quadro a
seguir traz um resumo desses acidentes.
Gênero
Tipo de
acidente
Manifestações clínicas Tratamento
Bothrops Botrópico
O veneno tem ação proteolítica,
coagulante e hemorrágica, causando
dor, edema, equimose, bolhas
serosas/serosas-hemorrágicas, que
podem evoluir para necrose e
infecções secundárias. O local de
inoculação nem sempre é visível, há
sangramento de pele e mucosa,
hematúria, hematêmese, quadros
hemorrágicos e hipotensão.
Soroterapia
Crotalus Crotálico
Provoca sintomas inespecíficos como
náuseas, mal-estar geral, sudorese ou
“secura” da boca. As reações mais
severas envolvem dificuldade de
manter os olhos abertos, com aspecto
sonolento, visão turva ou dupla edema
discretos e restritos, eritema e
parestesia oftalmoplegia, distúrbios de
olfato e paladar, ptose mandibular e
palpebral, sialorreia, mialgia e
escurecimento da urina. Pode ocorrer
óbito por insuficiência renal aguda
significativa, neuroparalisia
craniocaudal.
Soroterapia
Micrurus Elapídico
Dor e parestesia discretas, fácies
miastênicas ou nerotóxicas e paralisia
progressiva da face dos músculos
respiratórios.
Analgesias,
soroterapia e
suporte
ventilatório
 Quadro: Acidentes causados por serpentes, manifestações clínicas e tratamento. Elaborado
por Raquel Fernandes Silva Chagas do Nascimento.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
O risco de acidentes por serpentes pode ser reduzido tomando algumas medidas gerais e
bastante simples de prevenção:
Utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) no manuseio de materiais de
construção, lenhas, móveis, em atividades rurais etc.;
Observar os locais de trabalho e de passagem;
Não colocar as mãos em tocas, buracos e espaços entre lenhas e pedras;
Inspecionar roupas e calçados antes de usá-los;
Afastar camas das paredes.
O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTES POR ANIMAIS
PEÇONHENTOS?
De acordo com os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no
ano de 2019, apenas no estado de Santa Catarina, foram notificados 9.518 casos de acidentes
por animais peçonhentos. A região Sul do país é a que mais registra acidentes causados por
aranhas e escorpiões, enquanto os acidentes por serpentes são comuns em todas as regiões
do país, principalmente em áreas de mata.
O envenenamento por animais peçonhentos exige notificação obrigatória e imediata ao SINAN.
No caso desse tipo de acidente, o Guia de bolso: animais peçonhentos, da Fundação Ezequiel
Dias (Funed-2015), indica:
Lavar o local da picada com água e sabão.
Manter o membro afetado elevado e procurar atendimento médico imediatamente.
No caso de acidentes com cobras, aranhas e escorpiões, capturar o animal, vivo ou
morto, para que ele possa ser identificado. Esse procedimento agiliza o tratamento.
O Guia de bolso não recomenda:
Fazer torniquete ou garrote.
Furar, cortar, espremer, queimar ou fazer sucção do veneno no local da ferida, pois
aumenta o risco de infecções.
Aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções.
PRINCIPAIS ACIDENTES CAUSADOS POR
ANIMAIS PEÇONHENTOS: COMO
PROCEDER?
Neste vídeo, será feito um resumo sobre as doenças causadas por animais peçonhentos e a
melhor forma de preveni-las ou remediá-las.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS ABELHAS SÃO ANIMAIS PEÇONHENTOS QUE POSSUEM COMO
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS A CABEÇA E O TÓRAX
COM COLORAÇÃO ENEGRECIDA E OS ANÉIS ABDOMINAIS NAS CORES
PRETA E AMARELA ALTERNADAMENTE. ALÉM DISSO, ELAS TÊM O
HÁBITO DE VIVER EM SOCIEDADE. EM RELAÇÃO ÀS DIFERENTES
CASTAS DE ABELHAS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) A abelha-rainha é a responsável pela reprodução e por manter a colônia unida.
B) A abelha-rainha é a responsável pela produção de mel e pelo cuidado da cria.
C) As abelhas-macho são denominadas zangões e são os únicos que apresentam ferrão.
D) As abelhas-operárias costumam viver fora das colmeias e em menor número.
E) A reprodução das abelhas se dá exclusivamente por partenogênese.
2. EXISTE UMA SÉRIE DE RECOMENDAÇÕES QUE DEVEM SER
SEGUIDAS A FIM DE EVITAR QUE AS LESÕES CAUSADAS POR ANIMAIS
PEÇONHENTOS SE INTENSIFIQUEM. ASSINALE A OPÇÃO QUE INDICA
ALGUMAS MEDIDAS QUE DEVEMOS SEGUIR EM CASOS DE ACIDENTE
COM ESSES ANIMAIS:
A) No caso de acidente por abelhas, devemos retirar o ferrão com as mãos ou uma pinça e só
procurar o centro médico em caso de febre alta.
B) No caso de acidente por serpentes, devemos espremer o local da picada e, depois, lavar o
local da ferida com água morna, fazendo torniquete logo em seguida.
C) No caso de acidentes por escorpião, devemos aplicar folhas, pó de café ou terra sobre a
ferida para não provocar infecções e procurar atendimento médico eficiente.
D) No caso de acidentes por escorpião, devemos cortar, espremer, queimar ou fazer sucção do
veneno no local da ferida.
E) No caso de acidentes por serpentes, devemos lavar o local da picada com água e sabão e
manter o membro afetado elevado.
GABARITO
1. As abelhas são animais peçonhentos que possuem como principais características
morfológicas a cabeça e o tórax com coloração enegrecida e os anéis abdominais nas
cores preta e amarela alternadamente. Além disso, elas têm o hábito de viver em
sociedade. Em relação às diferentes castas de abelhas, assinale a alternativa correta:
A alternativa "A " está correta.
As abelhas operárias são responsáveis pela produção de mel, cuidado da cria e vivem em
grande número dentro das colmeias. Os zangões não possuem ferrão e são responsáveis por
realizar a fecundação sexuada com as abelhas rainhas, a casta que mantém a colônia unida.
Os zangões nascem a partir da partenogênese.
2. Existe uma série de recomendações que devem ser seguidas a fim de evitar que as
lesões causadas por animais peçonhentos se intensifiquem. Assinale a opção que indica
algumas medidas que devemos seguir em casos de acidente com esses animais:
A alternativa "E " está correta.
Em acidentes com animais peçonhentos (abelhas, serpentes e escorpiões), em hipótese
alguma devemos aplicar materiais e substratos sobre a ferida, assim como o uso de
torniquetes. A ferida deve ser lavada apenas com água e sabão, o membro deve permanecer
higienizado, sem curativos fortes, e deve-se procurar o atendimento médico imediatamente.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de todos os aspectos positivos que os artrópodes e as serpentes podem oferecer ao
meio ambiente e à sociedade, eles são responsáveis por transmitir agentes patogênicos e
causar inúmeras doenças.
Vimos, ao longo deste conteúdo, que desde minúsculos ácaros até grandes serpentes
possuem sua importância médica. Além disso, aprendemos que o animal não é o responsável
por causar a doença, como no caso dos mosquitos, mas funcionam como vetor, uma ponte
entre o parasita e seu hospedeiro definitivo.
Conhecer as principais características e a ecologia desses animais é de fundamental
importância para a implementação de medidas de controle, combate e prevenção de acidentes.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ANDRADE, A.; PINTO, S. C.; OLIVEIRA, R. S. (orgs.). Animais de laboratório: criação e
experimentação [on-line]. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2002. 388p.
BRASIL. GOVERNO DE SANTA CATARINA. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE. Barriga
verde: informativo epidemiológico 2019-2020. Ano XV, Edição Especial, 2020. Consultado
eletronicamente em: 3 mar. 2021.
CARNEIRO, D. A. Guia de bolso: animais peçonhentos. Fundação Ezequiel Dias, 2015.
Consultado eletronicamente em: 3 mar. 2021.
ENGEL, M. S. Insect evolution. Current Biology, v. 25, n. 5, 19p., 2015.
FINKLER, C. L. L. Controle De Insetos: Uma breve revisão. In: An Acad Pernamb Ciênc Agro,
v.8, p.169-189. 2013.
FORATINNI, O. P. Os cimicídeos

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