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GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR Unidade 4 Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA FERREIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria PROF. EDMUNDO SOUZA 4 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 A U TO RI A Prof. Edmundo Souza Olá. Sou formado em Administração Hospitalar, com uma experiência técnico-profissional na área de Gestão Administrativa, Compras e Suprimentos, mais de 25 anos. Passei por empresas como a Amil, Hospital São Camilo, Grupo Hemocentro São Lucas, Hospital e Maternidade Voluntários. Como professor de cursos superiores e pós-graduação, mais de 12 anos. Passei por empresas como Anhanguera Educacional, FMU, Laureate International Universites e SENAC. Atualmente trabalho no Departamento de Compras e Suprimentos do GNDI-Grupo Notre Dame Intermédica e também sou Tutor EAD da UNIP. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! 5GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 ÍC O N ES Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO Para o início do desenvolvimento de uma nova competência. DEFINIÇÃO Houver necessidade de apresentar um novo conceito. NOTA Quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento. IMPORTANTE As observações escritas tiveram que ser priorizadas para você. EXPLICANDO MELHOR Algo precisa ser melhor explicado ou detalhado. VOCÊ SABIA? Curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias. SAIBA MAIS Textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento. ACESSE Se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast. REFLITA Se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido. RESUMINDO Quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens. ATIVIDADES Quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada. TESTANDO Quando uma competência for concluída e questões forem explicadas. 6 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Sistema de informação clínica: evolução do conceito de prontuário – prontuário eletrônico do paciente (PEP) .......... 9 Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) ....................................................... 15 Riscos e obstáculos no desenvolvimento e implantação de um Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) ........................ 19 Sistemas de apoio à decisão e Guidelines.................................................. 23 Classificação dos sistemas de decisão .................................. 27 Técnicas de implementação de Sistemas Especialistas ............................. 31 Padronização da linguagem: taxonomias (nomenclaturas): HL7, SNOMED, CIPE .................................................................. 36 Registro e intercâmbio de dados ....................................................................40 SU M Á RI O 7GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 A PR ES EN TA ÇÃ O Você sabia que a área Tecnologia de Gestão Hospitalar é atualmente uma das áreas mais importantes dentro do processo de reformulação no atendimento hospitalar? As unidades hospitalares e seus gestores entendem também que a tecnologia aliada aos registros médicos, traz muito mais eficácia nos processos e deste modo, o atendimento ao paciente é muito mais completo. Esta ferramenta deve ser constantemente avaliada, pois cada vez mais, este cliente é exigente e está em busca de um ótimo atendimento, condições adequadas para que utiliza e serviço e busca a sensação de bem-estar, mesmo diante de um momento tão difícil como um tratamento médico. Além disso, a tecnologia de informação permite a avaliação de doenças prevalentes e de medicamentos de maior demanda naquele local. A visão integral dos processos hospitalares possibilita ao gestor uma avaliação objetiva da rotina hospitalar. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! 8 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 O BJ ET IV O S Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender como funcionam os prontuários médicos, tradicionais e eletrônicos. 2. Conhecer os sistemas de apoio às decisões. 3. Identificar as técnicas de implementação de sistemas. 4. Analisar os requisitos de segurança e certificações. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! 9GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Sistema de informação clínica: evolução do conceito de prontuário – prontuário eletrônico do paciente (PEP) OBJETIVO No século XIX, por volta de 1880, os médicos mantinham anotações dos pacientes por ordem cronológica, e hoje em dia a constituição e metodologia de preenchimento se adequa às exigências legais, condição sine qua non na obtenção da qualidade. O Colégio Americano de Cirurgiões é uma associação educacional de cirurgiões criada em 1913, com o objetivo de melhorar a qualidade do cuidado para o paciente cirúrgico, estabelecendo altos padrões para a educação e para a prática cirúrgica; regulamentava padrões mínimos de assistência hospitalar aos hospitais que almejavam a sua aprovação; dentre as exigências, contava com o prontuário. De acordo com Teixeira (2010), dentre as principais finalidade do prontuário, destaca-se: • Registro da assistência profissional disponibilizada pela equipe multidisciplinar de uma instituição de saúde ao paciente. • Ganho de tempo na identificação da evolução do pa- ciente, a partir de registros claros, precisos e cronoló- gicos. • Apoio diagnóstico aos profissionais que atendam ao paciente, ofertando-lhes maior segurança no estabelecimento do diagnóstico e da terapêutica a ser empregada. 10 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 • Estatística - são extraídas as mais diversas informações de interesse do paciente, dos profissionais e da ciência da saúde. Figura 1 Fonte: Pixabay • Cobrança - estão prescritas todas as medicações e utilização de materiais que deverão ser cobrados do paciente, dos convênios ou do Poder Público. • Defesa - quando profissionais e estabelecimentos de saúde forem acionados por pacientes insatisfeitos com o resultado do seu atendimento. Será o prontuário do paciente o único documento sobre o qual se debruçarão 11GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 os operadores do Direito (advogado, delegado, promotor de justiça, juízes, desembargadores etc...) e outros profissionais para analisar se a conduta adotada pelos profissionais de saúde foi (ou era) compatível com o quadro clínico apresentado e com o tratamento dispensado. Dessa análise é que se chegará à conclusão da ocorrência ou não de um “erro” profissional, que poderá ser punido administrativa, ética, penal e civilmente. • Pesquisas científicas e de ensino - é com base nas informações técnicas constantes do prontuário do paciente que se colherão subsídios que servirão de estudos para constituir a base do progresso científico e de descobertas. • Informações epidemiológicas - contêm dados que orientam a sociedade no controle de epidemias. • Eficiência dos profissionais - podemos constatar a competência, a deficiência ou a eficiência dos profissionais da saúde pela análise dos registros do prontuário do paciente. • Meio de comunicação - deve servir de meio de comunicação entre as equipes multidisciplinares queatuem em prol do paciente. • Elaboração de relatórios e atestados - a partir dos indicadores de tal documento, é possível elaborar relatórios e emitir atestados sobre a situação do paciente. A Resolução CFM nº 1.638 (BRASIL, 2002b) define prontuário médico e torna obrigatória a criação da Comissão de Revisão de Prontuários nas instituições de saúde: 12 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Art. 1º - Definir prontuário médico como o documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo. Teixeira (2010) frisa: O prontuário deve ser composto de um conjunto de informações obtidas a partir da observação técnica do paciente e deve ser montado de maneira organizada[.] que permita que elas sejam utilizadas, revistas e revisitadas pela equipe multiprofissional sempre que for necessário. A responsabilidade do prontuário cabe ao médico assistente e aos demais profissionais que compartilham do atendimento; à hierarquia médica da instituição, nas suas respectivas áreas de atuação, que tem como dever zelar pela qualidade da prática médica ali desenvolvida; bem como à hierarquia médica constituída pelas chefias de equipe, chefias da Clínica, do setor até o diretor da divisão médica e/ou diretor técnico. Nas instituições de saúde que prestem assistência médica, é obrigatório a existência de uma comissão de revisão de prontuários. Esta comissão tem a competência de observar os itens obrigatórios do prontuário e assegurar a responsabilidade do preenchimento, guarda e manuseio desses registros. Os itens obrigatórios do prontuário, eletrônico ou de papel, são: • Identificação do paciente - nome completo, data de nascimento (dia, mês e ano com quatro dígitos), sexo, nome da mãe, naturalidade (indicando o município e 13GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 o estado de nascimento), endereço completo (nome da via pública, número, complemento, bairro/distrito, município, estado e CEP). • Anamnese, exame físico, exames complementares solicitados e seus respectivos resultados, hipóteses diagnósticas, diagnóstico definitivo e tratamento efetuado. • Evolução diária do paciente, com data e hora, discriminação de todos os procedimentos aos quais foi submetido e identificação dos profissionais que os realizaram, assinados eletronicamente quando elaborados e/ou armazenados em meio eletrônico. Nos casos emergenciais, nos quais seja impossível a colheita de história clínica do paciente, deverá constar relato médico completo de todos os procedimentos realizados e que tenham possibilitado o diagnóstico e/ou a remoção para outra unidade. Além dessas informações, todas as que se relacionam com o paciente devem ser registradas, bem como as que se referem aos procedimentos no cuidado da saúde. Existe ainda a obrigatoriedade na legibilidade da letra do profissional, caso o prontuário seja em papel, a identificação dos profissionais que realizaram o atendimento, a assinatura do médico e número no Conselho Regional de Medicina (CRM) e responsabilidade quanto ao preenchimento, guarda e manuseio. De acordo com o exposto, não é o profissional de saúde que decide o que deve ser escrito e de que forma será registrado no prontuário, e sim a legislação, diante da obrigatoriedade legal, o responsável e/ou estabelecimentos de saúde devem conhecer as normas, pois elas determinam quando, como e de que forma o serviço deve ser executado (TEIXEIRA, 2010). 14 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Além disso, o artigo 6º da Resolução supracitada reza que a Comissão de Revisão de Prontuários deverá manter estreita relação com a Comissão de Ética Médica da unidade, com a qual deverão ser discutidos os resultados das avaliações realizadas. Assim, à vista da ética e legalidade, são analisados, confrontados e fiscalizados pela autoridade competente. Esta pode ser o Conselho ao qual o profissional pertence, o Judiciário, o Executivo, entre outros. O acesso ao prontuário é restrito ao profissional de saúde que esteja obrigado a manter sigilo, de acordo com a determinação do código de ética da categoria. Teixeira (2010) enfatiza que: O paciente tem o direito de ter cópia do seu prontuário quando quiser, diretamente ou por meio de um parente ou advogado, desde que autorize por escrito tais pessoas a ter acesso ao documento. No caso de óbito do paciente, inexistirá a autorização para o acesso de terceiros à cópia do paciente. Neste caso, ninguém terá direito a obter a cópia do prontuário. Caso a autoridade necessite de informações constantes do prontuário, ela deverá nomear perito (profissional da saúde: médico, enfermeiro etc...) para colher as informações diretamente no documento, pois tal profissional também é obrigado a manter o sigilo das informações constantes do prontuário. Segundo o Plano Diretor da Atenção Primária do Governo de Minas Gerais, o prontuário pertence ao profissional de saúde, ao paciente e à instituição de saúde. O acesso ao documento é permitido ao paciente ou representante legal mediante procuração, no caso de falecimento, o representante familiar será nomeado por um juiz e pelo Conselho Regional de Medicina. 15GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 De acordo com estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2003), a comunicação entre os membros da equipe de saúde utiliza o prontuário como veículo de disseminação de informações sobre a saúde do paciente. Os dados registrados darão continuidade ao processo evolutivo do paciente, indicarão quais procedimentos resultaram na melhora ou não do problema apresentado, e também possibilitarão a identificação de novos problemas e condutas diagnósticas e terapêuticas associadas e como os pacientes responderam ao tratamento. Estas informações agregadas e sistematizadas são necessárias para caracterizar o nível de saúde populacional e viabilizam a construção de modelos e políticas de atendimento e gestão das organizações de saúde (FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2003, p. 2). NOTA A Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1.605, de 15 de setembro de 2000, normatiza a revelação do sigilo médico e o acesso ao prontuário médico, assim como o Código de Ética Médica. Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) A inserção dos dados que constam no prontuário pressupõe o envolvimento de múltiplos profissionais. As atividades de atendimento ocorrem em diferentes locais, logo as informações são provenientes de diversas fontes de dados. De acordo com publicação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2003), tais dados precisam ser agregados e organizados de modo a produzir um contexto 16 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 que servirá de apoio para a tomada de decisão sobre o tipo de tratamento ao qual o paciente deverá ser submetido, orientando todo o processo de atendimento à saúde de um indivíduo ou de uma população. Pela característica e objetivo do prontuário, há necessidade de uma estrutura computacional, a qual deu-se o nome de Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), pois tal modelo permite a união de todos os dados produzidos em vários formatos, em épocas distintas, feitos por diferentes profissionais da equipe de saúde em locais dissemelhantes. Assim, é uma estrutura eletrônica que mantém as informações sobre o estado de saúde e todo o histórico de atendimento recebido pelo paciente. O Institute of Medicine dos EUA (apud PATRÍCIO et al., 2011, p. 123) define o PEP como sendo “um registro eletrônico que reside em um sistema especificamente projetado para apoiar osusuários fornecendo acesso a um completo conjunto de dados corretos, alertas, sistemas de apoio à decisão e outros recursos, como links para bases de conhecimento médico”. Segundo a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2003, p. 6): O prontuário eletrônico é um meio físico, um repositório onde todas as informações de saúde, clínicas e administrativas, ao longo da vida de um indivíduo estão armazenadas, e muitos benefícios podem ser obtidos deste formato de armazenamento. Dentre eles, podem ser destacados: acesso rápido aos problemas de saúde e intervenções atuais; acesso a conhecimento científico atualizado com consequente melhoria do processo de tomada de decisão; melhoria de efetividade do cuidado, o que por certo contribuiria para obtenção de melhores resultados 17GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 dos tratamentos realizados e atendimento aos pacientes; possível redução de custos, com otimização dos recursos. A tecnologia se apresenta como solução na integração de sistemas em geral, mas na saúde é um recurso de suma importância. Atualmente, o poder de processamento dos computadores dobra a cada ano, enquanto o custo é o mesmo, isso significa que, daqui a um ano, será possível comprar um chip com o dobro da capacidade de processamento pelo mesmo preço pago hoje. À frente de todos os recursos computacionais voltados para o desenvolvimento do prontuário eletrônico, está a internet, pois permite um alto poder de conectividade interligando instituições geograficamente distantes, permitindo o compartilhamento de dados clínicos, inclusive com acesso a essas informações a partir das casas dos pacientes. Utilizando-se os softwares de navegação na internet, é possível acessar informações disponíveis na world wide web (www), que permitem a busca, a pesquisa e a transferência de informação da rede para o computador local com rapidez e eficiência. A www utiliza com sucesso os protocolos definidos para a documentação (HTML) e para a transferência (HTTP), demonstrando um potencial de expansão de mercado para a adoção de padrões. Outros recursos úteis na construção de um prontuário são as interfaces gráficas, o reconhecimento de voz e escrita, recursos multimídias, armazenamento de imagens e a tecnologia sem fio (KISSINGER; BORCHARDT apud FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2003). Além dos fatores de sucesso na implantação de um prontuário, tais como: cooperação, disponibilização de 18 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 programas de tratamento (protocolos, guias de conduta, alertas, avisos), a educação da equipe e a definição de normas e padrões tecnológicos e em relação aos dados, o sucesso de um sistema depende mais das pessoas do que da tecnologia. SAIBA MAIS Para consultar o Departamento de Informática em Saúde da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, acesse. http://www.dis.epm.br/ 19GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Riscos e obstáculos no desenvolvimento e implantação de um Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) Não há definição mais clara e objetiva do que a exposta pelo estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2003) quando se trata de apontar os riscos e obstáculos críticos no desenvolvimento e implantação de um PEP. • Falta de entendimento das capacidades e benefícios do PEP: é importante que todos os usuários do sistema e a diretoria da instituição estejam cientes de todos os recursos e benefícios que o PEP pode oferecer. Sem o devido entendimento, o usuário pode não vislumbrar todos os itens dos quais possam usufruir, levando os desenvolvedores a uma deficiente verificação dos requisitos do sistema. Isso acarreta a criação de um sistema ineficiente, incapaz de atender às necessidades reais dos usuários. Por isso, é fundamental que esteja presente na equipe de desenvolvimento um profissional experiente com formação em informática médica. • Padronização: a falta de padronização nos sistemas provoca a perda ou inviabiliza muitos dos recursos que podem ser disponibilizados, como alertas, sistemas de apoio à decisão, pesquisas clínicas e outros. • Interface com o usuário: para que os dados sejam armazenados de forma estruturada, o requisito fundamental do PEP, a entrada desses dados deve também ser feita de forma estruturada. Texto livre, embora mais aceito pelos profissionais por ser semelhante aos hábitos de documentação por escrita 20 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 à mão no prontuário em papel, dificulta sua captura, quando não a inviabiliza. • Segurança e confidencialidade: a construção de sistemas que não valorizam a segurança e confidencialidade dos dados do paciente pode estar fadada ao fracasso e desencadearem processos legais contra a instituição. Além disso, contribuem para criar ou aumentar a falta de confiança dos usuários. • Falta de infraestrutura: para o intercâmbio de dados e gerenciamento de recursos, são necessários a adoção de padrões de comunicação, leis e regras que regulamentem o processo de transmissão, especialistas no desenvolvimento de sistemas de PEP e redes locais, regionais e nacionais. • Aceitação pelo usuário: se o usuário não for envolvido no processo desde o início do desenvolvimento, participando ativamente e colaborando, ele pode resistir ao uso do sistema e até mesmo desencadear atitudes de sabotagem. • Aspectos legais: a falta de legislação que regulamente o uso do meio eletrônico como forma de armazenar o prontuário sem papel e o uso de assinatura eletrônica são importantes fatores que bloqueiam a difusão do PEP. • Conteúdo do PEP: ainda não há consenso e muitos aspectos referentes ao conteúdo têm sido apresentados por diversos autores. • Mudança de comportamento: estar convencido da necessidade de mudar e aceitar incorporação de novos recursos não quer dizer comportamento alterado. Sistemas que interferem nos hábitos rotineiros das 21GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 pessoas, em geral, não são bem aceitos ou demoram algum tempo para serem aceitos, exigindo, portanto, envolvimento e constante treinamento e ensino. A complexidade de um PEP é grande e representa ainda um enorme desafio. As complicações em relação à tarefa a ser executada, baseando-se nas informações para fins gerenciais na construção de um PEP, estão na dificuldade do registro, controle e recuperação das informações clínicas. A tecnologia não é a barreira para tal implementação, mas sim a natureza organizacional e a forma de trabalho tradicional dos profissionais da saúde. De acordo com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2003, p. 17): “[...] sistemas integrados pressupõem não somente serviços e organizações integradas, mas [,] principalmente, profissionais integrados. Este aspecto caracteriza, muitas vezes, a barreira crítica no desenvolvimento e adoção de um PEP”. O Instituto de Medicina da Academia de Ciências dos Estados Unidos, após pesquisa sobre a melhoria dos sistemas de registros médicos com o uso da tecnologia, também apontou barreiras que dificultavam o desenvolvimento do PEP. Tais apontamentos diziam respeito ao desenvolvimento de padrões, sobretudo na área médica, educação e treinamento dos usuários e desenvolvedores de sistemas, além de outros desafios técnicos e institucionais. Apesar do avanço tecnológico, reconhecimento de melhorias nos SIS e melhor padronização dos dados, ainda há discordância sobre conteúdos, fragmentação no ambiente organizacional dos serviços de saúde, além de questões legais e sociais, a exemplo da privacidade das informações sobre o paciente (RODRIGUES FILHO; XAVIER; ADRIANO, 2001). 22 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Ainda mencionando a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2003), além das barreiras citadas, podemosrelacionar: • a falta de planejamento estratégico na implantação do sistema; • pouco ou nenhum incentivo interno da organização para atingir a integração clínica; • autonomia dos hospitais e, principalmente, falta de planejamento do atendimento à saúde da população. Hoje, a realidade tende para o uso da tecnologia a fim de consolidar o PEP. Apesar de exigir grande investimento, tanto financeiro, corporativo e humano, e ser um processo de longa duração e demandar unicidade dos profissionais envolvidos, se a finalidade for adquirir qualidade no atendimento à saúde, esses investimentos por si só serão legitimados. Diante desses obstáculos e riscos, a adoção do PEP ainda se mostra vantajosa, pois permite que se controle o tempo na eficiência quanto à assistência, no controle de trabalho, alterando métodos de trabalho e conduta das pessoas envolvidas, além de proporcionar o acompanhamento de desempenho de pessoas e setores, no controle de custos e, por fim, mas não menos importante, no controle das informações quanto à segurança, ao registro e armazenamento, constituindo, assim, sistemas inteligentes de suporte à decisão (FARIAS; GUIMARÃES; VARGAS, 2012). 23GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Figura 2 Fonte: Freepik Sistemas de apoio à decisão e Guidelines O termo guidelines nos traz o conceito de diretriz, de conjunto de regras a serem seguidas para determinado assunto. São referenciais para a elaboração de diagnósticos na tomada de decisão clínica. Quanto ao processo de decisão, Silva (2013, p. 75) justifica: Tomar uma decisão constitui um processo pelo qual se escolhe uma ou algumas ações dentre várias possíveis. A escolha é baseada em um conjunto de informações que levam ao intelecto a processar probabilidades de desfecho optando pela mais aprazível ou de maior chance de sucesso. A propedêutica médica está reforçada no século XXI pelos instrumentos de apoio às decisões informatizadas que visam reduzir a incerteza diagnóstica e terapêutica. 24 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Nesse sentido, a informação torna-se o elemento central no processo de decisão e é pré-requisito na gestão da atenção à saúde. O acesso à informação é fundamental para um planejamento adequado, funcionamento aceitável, supervisão e controle dos programas na saúde. Na tomada de decisão da prática clínica, o médico aplica seu conhecimento prático e teórico ao resolver um problema. O conjunto básico de estudos introdutórios é composto de anamnese, exame físico e exames complementares, além de sistemas informatizados de apoio às decisões, que têm por objetivo a redução do grau de incerteza em relação ao diagnóstico e à terapia, no intuito de aumentar a probabilidade de acerto na causa da afecção. O processo comparativo entre o histórico da doença e as manifestações apresentadas pelo paciente permite descartar a maioria das causa das doenças. Contudo, esse processo é útil, mas também pode gerar equívocos, tendo em vista que não há um ser humano exatamente igual a outro. Assim, por mais semelhante que os sinais e sintomas sejam comparados à história natural de uma doença, sempre haverá algum grau de incerteza (SILVA, 2013). A pesquisa para descobrir fatos pode permitir a redução no grau de incerteza sobre o diagnóstico principal, mas outros fatores podem reduzir ou aumentar a probabilidade do acerto diagnóstico ou terapêutico: elementos relacionados ao médico, ao paciente e ao ambiente da assistência. Segundo Silva (2013), os fatores inerentes ao médico englobam características além de sua formação técnica e prática, tais como o desgaste físico e mental por rotinas extenuantes de trabalho, autoconfiança, desmotivações pessoais e questões financeiras que podem acarretar consultas apressadas. Os 25GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 itens inerentes ao paciente se devem em especial ao grau de capacidade de informar seus sintomas de modo preciso e de entender o tratamento e posologia propostos pelo médico. Os fatores inerentes ao ambiente envolvem basicamente a presença de recursos humanos para apoio multidisciplinar, tal como pareceres aos nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, especialistas clínicos e associados aos recursos tecnológicos de exames complementares específicos. A escassez destes recursos aumenta o grau de incerteza em relação ao diagnóstico e sobrecarrega os fatores negativos relacionados ao médico. O processo de tomada de decisão ocorre em diversos pontos da atividade médica, algumas elementares, como é o caso da interpretação de exames laboratoriais, mas existem três outras importantes situações ao longo da atenção médica nas quais o computador – com seus sistemas – pode auxiliar as decisões: o diagnóstico, o planejamento terapêutico e o prognóstico. Estes três níveis de decisão estão fortemente interligados e fazem parte de um ciclo repetitivo e auto modificável: avaliação – decisão – ação, e os programas de computador incluem esse ciclo. O processo mais complexo é o diagnóstico, pois depende da análise de dados e informações de diversas fontes. De acordo com Silva (2013), existe uma falta de padronização quanto aos termos e definições médicas, não existem opiniões consensuais sobre como decidir diante de evidências conflitantes, os bancos de dados confiáveis são escassos e espalhados em grande variedade de publicações. Sabbatini (1993) concorda com Silva (2013) e diz que a área mais complexa e difícil da tomada de decisão médica é o diagnóstico. As principais razões para isso são: 26 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 • O diagnóstico médico depende da análise de dados e informações de diversas fontes de naturezas muito diferentes, incluindo a experiência prévia do médico em realizar diagnósticos do mesmo tipo, bem como o senso comum e a intuição. É bastante difícil formalizar esse conhecimento e representá-lo através de um programa de computador. • Os mecanismos mentais e o processo de raciocínio pelo qual os clínicos chegam ao diagnóstico são ainda mal conhecidos. Ele envolve, simultaneamente, processos lógicos, avaliação probabilística, encadeamento causal, e muitos outros processos ainda entendidos parcialmente. É difícil, portanto, tentar simular num computador um modelo incompleto de raciocínio. • Existe uma falta de padronização quanto aos termos e definições médicas. Muitas vezes não existem opiniões consensuais por parte dos especialistas na área de estudo, sobre como decidir em face de evidências conflitantes. São raros os bancos de dados médicos confiáveis, e o conhecimento está espalhado em muitas publicações, lugares e cabeças. Um dos primeiros e bem-sucedidos sistemas é o Mycin, desenvolvido nos Estados Unidos da América em 1972. Embora antigo, o conceito de sistemas baseados em inferência é ainda considerado importante, e foi desenvolvido sob três subsistemas: o programa de consulta, o de explanação e o de aquisição de conhecimento. Os sistemas especialistas, como diz o nome, são capazes de apoio à decisão apenas em áreas especializadas da medicina: quanto mais especializada, melhor funciona o sistema. 27GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Classificação dos sistemas de decisão Os sistemas especialistas são programas de computador voltados para uma área específica do conhecimento. Eles são uma aplicação capaz de tomar decisões, fazer escolhas e tem como finalidade resolver problemas e realizar tarefas extremamente complexas (tendo o mundo real como tratativa) e escolher a melhor opção entre as corretas e as prováveis. Para Widman (1998), os sistemas especialistas podem ser úteis de dois modos diferentes: • Apoio à decisão – o programa ajuda o tomador de decisões experiente a lembrar-se de diversos tópicos ou opções, que se considera que ele saiba, mas que possa ter esquecido ou ignorado. Esse é o usomais comum em medicina. • Tomada de decisão – toma a decisão no lugar de uma pessoa, pois isso implicaria algo que está acima de seu nível de treinamento e experiência. Esse é o uso mais comum em muitos sistemas industriais e financeiros, mas também já existe em medicina. Os sistemas especialistas são atualmente usados em muitos setores da atividade humana, por exemplo, por empresas de cartões de crédito para tomar decisões rápidas de aprovação de transações individuais feitas por seus clientes. Eles também estão embutidos em muitos outros produtos de software voltados ao consumidor, tais como em sistemas de reconhecimento de voz, jogos de xadrez, corretores gramaticais para processadores de texto, ajudantes de cálculo em planilhas eletrônicas e em softwares gráficos. Uma tecnologia relacionada, a das redes 28 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 neurais artificiais, atualmente é usada em dispositivos como refrigeradores e condicionadores de ar e em equipamentos biomédicos de laboratório ou de diagnóstico. As áreas nas quais os sistemas especialistas podem ser aplicados de forma satisfatória em medicina têm as seguintes características: • o conhecimento necessário para tomar decisões é razoavelmente bem circunscrito; • os peritos na área podem alcançar soluções precisas muito mais rapidamente do que as pessoas que não são; • atribui-se um valor considerável às soluções consegui- das de forma precisa e muito rápida; • os dados necessários para tomar a decisão podem ser descritos objetivamente. Os sistemas de apoio à decisão médica podem ser classificados da seguinte maneira: • sistemas com capacidade de decisão própria limitada ou ausente; • recuperação de dados sobre pacientes; • cálculos matemáticos assistido por computador; • análise e interpretação primária de dados. Sistemas com capacidade de raciocínio automático e de inferência: • Sistemas de classificação de doenças; • Sistemas especialistas baseados em consulta; • Sistemas especialistas baseados em crítica. 29GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Os programas computacionais complexos são capazes de realizar raciocínio automático e inferências lógicas (indução e dedução) e eram somente executados em computadores de grande porte, exigindo enorme capacidade de memória e processamento. Utilizam, em sua maioria, recursos da inteligência artificial (IA). inteligência artificial é o ramo da ciência da computação que estuda como imitar em um computador as capacidades típicas do intelecto humano. Esses sistemas têm recebido grande interesse da classe médica e dos cientistas da computação por terem suas bases de conhecimento bem mais definidas em termos de representação do conhecimento, regras de decisão, dados para apoiar a decisão, padronização de nomenclatura e concordância entre os especialistas produzem resultados mais úteis do ponto de vista prático, pois enfocam seus poderes de resolução em problemas diagnósticos difíceis. São geralmente considerados confiáveis pelos seus usuários. Contudo, tentativas têm sido feitas na construção de sistemas gerais de diagnóstico médico, tais como o Internist/Caduceus e o Quick Medical Record (QMR). A metodologia usual aplicada no raciocínio automático em um computador ocorre por meio de consultas essencialmente interativas. Sabbatini (1993) descreve o uso desses sistemas especialistas: • o médico dispõe ao computador os dados sobre o paciente; • em resposta, o programa fornece os diagnósticos mais prováveis, tratamentos, etc... • assim, o programa de computador age como um médico mais experiente (especialista); 30 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 • pode citar dados da literatura que respaldem as suas afirmações, avaliações, propostas etc. (capacidade explicativa). Outra metodologia citada por Sabbatini (1993) é a dos chamados sistemas de crítica, em que: • o médico fornece sinais, sintomas e resultados de exames, assim como o diagnóstico, ou diagnósticos, presumidos; • o programa de computador elabora, a partir desses dados, uma crítica sobre o diagnóstico hipotético disponibilizado pelo médico; • promove-se orientação para determinar diagnósticos mais precisos, que tipo de dados adicionais deve ser conseguidos, etc... Citemos alguns exemplos da área da cardiologia que utilizam sistemas especialistas. • apoio à decisão: • Pacientes com angina de peito: decidir se o paciente vai ser observado clinicamente, fazer um holter, ser internado na UTI. • Pacientes com infarto agudo do miocárdio: decidir se deverá ser utilizada trombólise ou PCTA. • Estratificação dos riscos de pacientes que sofreram infarto. Outros métodos diagnósticos padronizados, como interpretação automática de exames laboratoriais. • processamento de sinais: • Eletrocardiogramas comuns e de alta resolução. 31GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 • Cintilografias cardíacas com tálio. • controle de qualidade: • Interações entre medicamentos. • Auditoria de atos médicos (por exemplo: justificava- se nesse caso fazer uma cineangiocoronariografia). • controle de processos: • Gerenciamento automatizado de dispositivos de controle, tais como bombas de infusão de drogas. Técnicas de implementação de Sistemas Especialistas Existem cinco grandes paradigmas classificados na técnica de diagnóstico computadorizado: algoritmos, lógica baseada em regras, probabilidades, estatísticas e redes neurais artificiais. Figura 3 Fonte: Freepik 32 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Os sistemas algorítmicos se caracterizam por implementar decisões em forma de sequência de comandos condicionais embutidos no programa de computador. Esses comandos são do tipo de um estado apenas, conferem somente uma condição verdadeira, “se for verdade, então faça algo”, e utilizam a lógica “se...então”, e esta condição dificulta a depuração e correção de erros lógicos. Os sistemas lógicos baseados em regras consegue eliminar a dificuldade dos sistemas algorítmicos, pois utilizam comandos do tipo duas condições, a verdadeira e a falsa, aplicando regras de sentença “se... então... senão”. Como exemplo: Se o paciente tiver dor no tórax. • e a dor se iniciar rapidamente; • e a dor for opressiva; • e a dor aumentar com o tempo. Então o diagnóstico será infarto agudo do miocárdio. Por meio dessa técnica, é possível chegar ao diagnóstico computadorizado depois que os dados disponíveis e relevantes sobre o paciente tiverem sido submetidos a estes testes condicionais. Entre os sistemas que utilizam a técnica de inteligência artificial, além dos Mycin e Caduceus/ Internist, citados anteriormente, existem outros sistemas, entre os quais: • DTA – consultas sobre terapias com digitais. • PIP – consulta e diagnose na medicina interna e nefrologia. • Casnet/Glaucoma – para o diagnóstico e aconselhamento terapêutico nos casos de glaucoma; 33GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 • Puff – diagnóstico de distúrbios respiratórios; • Abel – identificação de distúrbios eletrolíticos e acido básicos e aconselhamento terapêutico; • VM – interpretação e consulta sobre terapia intensiva em relação a pacientes em estado grave; • Oncocin – seleção de protocolos oncoterápicos. Os componentes essenciais de um sistema especialista abrangem: • a base de conhecimentos: é a estrutura de dados em que os fatos e as regras estão armazenadas. • o módulo de aquisição do conhecimento: uma parte do sistema que é usada para modificar e adicionar essa informação nova à base. Ele normalmente trabalha interagindo diretamente com os especialistas humanos, que ditam as regras e os fatos novos ao sistema especialista. • o mecanismo de inferência: este é o centro do sistema especialista, pois é a parte do programa que irá interagir com o usuário no modo de consulta e acessaráa base de registros para fazer inferências sobre o caso proposto pelo usuário. • o módulo de explicações: este programa é acionado cada vez que o usuário solicita uma explicação sobre uma decisão em particular que o sistema tomou, ou sobre qualquer fato ou conhecimento que ele guardou na base. Nessa estrutura, a parte que mais exige raciocínio é a aquisição de instrução e verificação, ou seja, conferência de 34 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 inconsistências, pontos cegos, erros e contradições na base informada pelo ser humano. Existe uma dificuldade em criar e atualizar a base de conhecimento, pois as tarefas associadas às decisões são de difícil sistematização e não podem ser expressas por formalismos matemáticos, estatísticos ou lógicos. O reconhecimento de padrões espaciais, tais como um EEG, é um problema na medicina, mas esforços têm sido feitos no sentido de desenvolver sistemas que sejam capazes de “aprender” sozinhos estas associações lógicas. Esses sistemas são identificados como adaptativos e utilizam o paradigma das redes neurais artificiais, procuram imitar o funcionamento do cérebro humano, com propriedades de computação distribuída e coletiva, com capacidade de aprendizagem supervisionada ou não supervisionada. Tais dispositivos têm sido utilizados em tarefas de classificação de doenças, controle de equipamentos biomédicos inteligentes, processamento de imagens e sinais, entre outros. Entretanto, seu uso é raro na prática clínica, mas quando aplicados, provam ser confiáveis e úteis. Sabbatini (1993) relata que: Um programa para o diagnóstico da etiologia de uma dor abdominal aguda, desenvolvido na Inglaterra, por exemplo, tem sido rotineiramente usado nas enfermarias de emergência de alguns hospitais. O seu uso ajudou na redução em 50% nas taxas de apendicite perfurada, e na redução de 36% para 14% da incidência de cirurgias abdominais desnecessárias. O sistema Mycin também foi avaliado extensamente, com bons resultados. Alguns poucos sistemas especialistas médicos têm sido oferecidos comercialmente, geralmente embutidos em equipamentos biomédicos, como é o exemplo de um sistema de avaliação 35GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 respiratória, e outro de interpretação automática de eletroforese de proteínas. O apoio às decisões através de sistemas especialistas cada vez mais estão se aperfeiçoando, e o trabalho do médico deverá ser mais do que confrontar os dados e tomar uma decisão do que relembrar a teoria e protocolos decorados. O médico deve ser um estrategista baseado na teoria e na experiência, subsidiado pelos sistemas especialistas, sempre lembrando que não há paciente igual ao outro no mundo. 36 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Padronização da linguagem: taxonomias (nomenclaturas): HL7, SNOMED, CIPE Sendo a informação insumo principal para o gerenciamento e cuidado na área da saúde, requer interpretação e integração das informações clínicas para subsidiar a tomada de decisão, principalmente nos aspectos de minimizar e resolver problemas. Os sistemas informatizados de apoio à decisão são recursos que organizam, aprimoram e fornecem em tempo real dados que o profissional de saúde necessita para o desenvolvimento de suas ações. O problema está em determinar quais informações o profissional precisa para gerir com qualidade os cuidados, dado que o volume de dados sobre o paciente aumenta crescentemente, e o registro manual se mostra ineficaz por não garantir o armazenamento e controle destas informações. Entre outras possibilidades, estes sistemas exigem o gerenciamento de padrões de dados sobre o paciente. Tais padrões colaboram para a troca, direção e integração de registros eletrônicos de saúde. A International Organization for Standardization (ISO) define padrão como sendo um documento que fornece requisitos, especificações, diretrizes ou características que podem ser usadas de forma consistente para assegurar que os materiais, produtos, processos e serviços sejam adequados para os fins a que se destinam (ISO, 2005). Os padrões internacionais garantem um modelo de referência e uma linguagem tecnológica comum para o fornecimento e consumo de produtos e serviços, o que facilita a transferência de tecnologia e o acesso à informação (BARRA; DAL SASSO, 2012; FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2003; CAVALCANTE; VASCONCELLOS, 2007). 37GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 A padronização e a interoperabilidade estão intimamente ligadas ao conteúdo informacional a ser inserido nos SIS que possuam foco na assistência em saúde. A diversidade de assistência médica a um paciente por diferentes profissionais tem como consequência a pulverização das informações clínicas nas diversas instituições de saúde, que, por sua vez, não interagem compartilhando os dados coletados. Essa situação acarreta retrabalho na coleta dos registros do paciente, repetição de procedimentos, perda de tempo do paciente e dos profissionais de saúde e, por fim, utilização imprópria dos parcos recursos financeiros disponíveis para a saúde (GALVÃO; RICARTE, 2013). O fato de as informações sobre o paciente estarem espalhadas em vários lugares pode ocorrer também quando ele troca de domicílio, de plano de saúde, de profissional da saúde, entre outras situações. Segundo Galvão e Ricarte (2013), outro fator que afeta a integração dos SIS dificulta o intercâmbio de dados e incrementa a dispersão informacional, é a própria dimensão do SUS brasileiro, que congrega: • 291.529 médicos; • 422.118 outros profissionais de saúde de nível superior; • 605.309 profissionais da saúde de nível médio. • Em 2012, nos 252.897 estabelecimentos de saúde, fo- ram realizados: • 11.394.534 internações; • 3.914.901.689 atendimentos ambulatoriais. As unida- des de saúde foram divididas entre: • 5.188 hospitais gerais; 38 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 • 1.092 hospitais especializados; • 32.571 clínicas; • 126.090 consultórios isolados; • 33.116 unidades de atenção básica etc. (BRASIL, 2013). Outras ações da assistência em saúde seguem diversos fluxos informacionais, em papel e/ou por meio eletrônico. Entre outros aspectos que foram considerados, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 2.073 (BRASIL, 2011d), que trata do uso de padrões de interoperabilidade para SIS no âmbito do SUS, tanto nos níveis públicos quanto nos sistemas privados de saúde suplementar. A consequência desta portaria afeta a produção e intercâmbio da informação sobre o paciente produzida em território nacional que, a partir de então, devem considerar um amplo conjunto de padrões. A definição desses padrões engloba apenas o nível lógico, que trata da regra de negócio, e não do nível físico, que trata do arquivamento de banco de dados. Não documentam também propriedades de exibição dessas informações. As definições para os padrões, determinadas pela Portaria supracitada, são: • Para a fixação do Registro Eletrônico em Saúde (RES), será utilizado o modelo de referência OpenEHR. • Para estabelecer a interoperabilidade entre sistemas, com vistas à integração dos resultados e solicitações de exames, será aplicado o padrão HL7 – Health Level 7. • Para codificação de termos clínicos e mapeamento das terminologias nacionais e internacionais em uso no 39GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 país, visando suportar a interoperabilidade semântica entre os sistemas, será empregada a terminologia Snomed-CT. • Para a interoperabilidade com sistemas de saúde suplementar, serão utilizados os padrões Troca de Informações em Saúde Suplementar (Tiss). • Para a definição da arquitetura do documento clínico, será usado o padrão HL7 CDA. • Para a representação da informação relativa a exames de imagem, será adotado o padrão Dicom. • Paraa codificação de exames laboratoriais, será aplica- do o padrão Logical Observation Identifiers Names and Codes (Loinc). • Para a codificação de dados de identificação das etiquetas de produtos relativos ao sangue humano, de células, tecidos e produtos de órgãos, será empregada a norma ISBT 128. • Para a interoperabilidade de modelos de conhecimento, incluindo arquétipos, templates e metodologia de gestão, será utilizado o padrão ISO 13606-2. NOTA Template é um modelo a ser seguido, com uma es- trutura predefinida que facilita o desenvolvimento e criação do conteúdo a partir de algo construído a priori. Portanto, somente será possível transpor as informações dos pacientes e profissionais para o mundo digital com garantias mínimas de segurança, e estas garantias são em relação ao sigilo, à integridade, à autenticidade, à disponibilidade e à auditabilidade. Dessa forma, é fundamental, no momento da implantação e aquisição dos sistemas, observar os controles de segurança fixados. 40 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 Registro e intercâmbio de dados O padrão Tiss é o padrão definido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para registro e intercâmbio de dados entre operadoras de planos privados de assistência à saúde e prestadores de serviços de saúde. O objetivo do padrão Tiss é atingir a compatibilidade e interoperabilidade funcional e semântica entre os diversos sistemas independentes para fins de avaliação da assistência à saúde, de caráter clínico, epidemiológico ou administrativo, e seus resultados orientam o planejamento do setor. NOTA O padrão Tiss se divide em quatro categorias: conteúdo e estrutura, representação de conceitos em saúde, comunicação, e segurança e privacidade, conforme descrevem as Resoluções Normativas publicadas no site da ANS. Figura 4 Fonte: Pixabay 41GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 A ANS determinou que as normas técnicas definidas na Resolução nº 1.639 (BRASIL, 2002c), e os requisitos do Nível de Garantia de Segurança 1 (NGS1) devem obrigatoriamente ser observados no padrão Tiss. Para as entidades que utilizam webservices como padrão de comunicação, é recomendada a aplicação do Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS2). Ressalta-se que a eliminação do papel só é possível por meio do cumprimento do NGS2. A certificação SBIS/CFM estabelece que qualquer S-RES poderá se submeter ao processo de certificação visando apenas validar sua aderência ao padrão Tiss. Os requisitos de segurança da certificação SBIS/CFM dividem-se em dois níveis: NGS1 e NGS2. O NGS1 é a categoria constituída por S-RES que não contemplam o uso de certificados digitais ICP-Brasil para assinatura digital das informações clínicas, consequentemente sem amparo para a eliminação do papel e com a necessidade de impressão e aposição manuscrita da assinatura. Provê condições mínimas para o processamento seguro de informações de saúde, baseado em referências internacionais como ISO/IEC 27001, ISO/ IEC 27002, HL7 e ISO 18308. É considerado um controle básico de segurança. Abrange 11 áreas: • NGS1.01 – controle de versão do software. • NGS1.02 – identificação e autenticação de usuário. • NGS1.03 – controle de sessão de usuário. • NGS1.04 – autorização e controle de acesso. • NGS1.05 – disponibilidade do RES. • NGS1.06 – comunicação remota. • NGS1.07 – segurança de dados. • NGS1.08 – auditoria. 42 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 • NGS1.09 – documentação. • NGS1.10 – tempo. • NGS1.11 – notificação de ocorrências. Para a eliminação do prontuário em papel, deve haver autorização legal e que os sistemas informatizados atendam integralmente os requisitos de segurança dos ditames da NGS2. O NGS2 é a categoria constituída por S-RES que viabiliza a eliminação do papel nos processos de registros de saúde. Para isso, especifica a utilização de certificados digitais ICP-Brasil para os processos de assinatura e autenticação. Para atingir o NGS2, é necessário que o S-RES atenda aos requisitos já descritos para o NGS1 e apresente ainda total conformidade com os requisitos fixados para o nível de garantia 2 e atue em quatro áreas: • NGS2.01 – certificação digital. • NGS2.02 – assinatura digital. • NGS2.03 – autenticação de usuário utilizando certificado digital. • NGS2.04 – digitalização de documentos (considerar apenas para S-RES da categoria Gerenciamento Eletrô- nico de Documentos – GED). SAIBA MAIS Consulte a ANS para obter mais informações: AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS). Padrão para troca de informação de saúde suplementar–Tiss. Rio de Janeiro. RE FE RÊ N CI A S RE FE RÊ N CI A S http://www.ans.gov.br/prestadores/tiss-troca-de-informacao-de-saude-suplementar 43GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 NOTA Segundo a Organização Internacional de Padroni- zação (International Standards Organization – ISO), padrão é um documento estabelecido por consen- so e aprovado por um grupo reconhecido que es- tabelece, para uso geral e repetido, um conjunto de regras, protocolos ou características de proces- sos com o objetivo de ordenar e organizar ativida- des em contextos específicos para o benefício de todos. O HL7 é o mais utilizado padrão para intercâmbio de dados na área da saúde no cenário internacional, incorpora o modelo de referência RIM (Reference Information Model), com conceitos de domínio clínico e administrativo. Foi estabelecido um grupo de trabalho em Registros Eletrônicos em Saúde, e definido um conjunto de requisitos funcionais para S-RES, intitulado EHR Functional Model, que cobre diferentes perfis de sistema, com um enfoque prático e proposta de scripts para validação dos requisitos. No Brasil, existe o Instituto HL7, que respalda jurídica e administrativamente as atividades do HL7 no país. Tem o intuito de “promover e prover padrões relacionados com a troca, integração, compartilhamento e recuperação de informação eletrônica, para apoio da prática médica e administrativa, permitindo um maior controle dos serviços de saúde” (SBIS, 2007, p. 14). O prontuário é um documento que contém anotações médicas sobre o paciente, tais como sua identificação, anamnese, ocorrências sobre a saúde dele e a assistência que lhe é prestada. Nas instituições de saúde que prestam assistência médica, é imperiosa a existência de uma comissão de revisão de prontuários, que tem a competência de observar os itens que 44 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 deverão constar obrigatoriamente do prontuário e assegurar a responsabilidade do preenchimento, guarda e manuseio dos prontuários. O acesso ao prontuário é restrito ao profissional de saúde que esteja obrigado a manter sigilo, de acordo com a determinação do código de ética da categoria. Até alguns anos atrás, o prontuário era preenchido manualmente e, por esse motivo, exigia-se a legibilidade da letra do profissional. O PEP é o prontuário que utiliza de estrutura computacional e que mantém informações sobre o estado de saúde e todo o histórico de atendimento recebido pelo paciente, e o uso em meio magnético permite a união de todos os dados produzidos em vários formatos, em épocas diversas, feitos por diferentes profissionais da equipe de saúde em locais distintos e com acesso compartilhado. Evidentemente que há riscos e obstáculos no desenvol- vimento e implantação de um PEP: falta de entendimento das possibilidades, melhorias e benefícios; falta de padronização; in- terface com o usuário; segurança e confiabilidade; envolvimento do usuário e, por consequência, mudança no comportamento e aspectos legais. Diante desses obstáculos e riscos, a adoção do PEP ainda se mostra vantajosa, pois permite que se controle o tempo na eficiência quanto à assistência, no controle de trabalho, alterando métodos de trabalho e conduta das pessoas envolvidas, além de proporcionar o acompanhamentode desempenho de pessoas e setores, no controle de custos e, por fim, mas não menos importante, no controle das informações quanto à segurança, ao registro e armazenamento, constituindo, assim, sistemas inteligentes de suporte à decisão (FARIAS; GUIMARÃES; VARGAS, 2012). 45GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 No processo de tomada de decisão da prática clínica, o médico aplica seu conhecimento prático e teórico ao resolver um problema. O conjunto básico de estudos introdutórios é composto de anamnese, exame físico e exames complementares, juntamente com sistemas informatizados de apoio às decisões e tem por objetivo a redução do grau de incerteza em relação ao diagnóstico e à terapia, no intuito de aumentar a probabilidade de acerto na causa da afecção. O processo de tomada de decisão ocorre em diversos pontos da atividade médica, algumas elementares, como é o caso da interpretação de exames laboratoriais, mas existem três outras importantes situações ao longo da atenção médica nas quais o computador, com seus sistemas, podem auxiliar as decisões: o diagnóstico, o planejamento terapêutico e o prognóstico. Estes três níveis de decisão estão fortemente interligados e fazem parte de um ciclo repetitivo e auto modificável. Sistemas especialistas representam uma aplicação capaz de tomar decisões, fazer escolhas e têm como finalidade resolver problemas e realizar tarefas extremamente complexas tendo o mundo real como tratativa e escolher a melhor opção entre as corretas e as prováveis. São aplicados em dois momentos: apoio à decisão e na tomada de decisão. Esses sistemas têm recebido grande interesse da classe médica e dos cientistas da computação por terem suas bases de conhecimento bem mais definidas em termos de representação do conhecimento, regras de decisão, dados para apoiar a decisão, padronização de nomenclatura e concordância entre os especialistas; e produzem resultados mais úteis do ponto de vista prático, pois enfocam seus poderes de resolução em problemas diagnósticos difíceis. O apoio às decisões através de sistemas especialistas cada vez mais estão se aperfeiçoando, e o trabalho do médico deverá 46 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 ser mais do que confrontar os dados e tomar uma decisão do que relembrar a teoria e protocolos decorados. O médico deve ser um estrategista baseado na teoria e na experiência, subsidiado pelos sistemas especialistas, sempre lembrando que não há paciente igual ao outro no mundo. O problema está em determinar quais informações o profissional necessita para gerir com qualidade os cuidados, dado que o volume de informações sobre o paciente aumenta crescentemente, e o registro manual se mostra ineficaz por não garantir o armazenamento e controle destas informações. Entre outras possibilidades, esses sistemas exigem o gerenciamento de padrões de dados sobre o paciente. Tais padrões colaboram para a troca, supervisão e integração de informações eletrônicas de saúde. A padronização e a interoperabilidade estão intimamente ligadas ao conteúdo informacional a ser inserido nos SIS que tenha foco na assistência em saúde. As definições para esses padrões são: para a definição do RES, será utilizado o modelo de referência OpenEHR; para estabelecer a interoperabilidade entre sistemas, com vistas à integração dos resultados e solicitações de exames, será aplicado o padrão Health Level 7 – HL7; para codificação de termos clínicos e mapeamento das terminologias nacionais e internacionais em uso no País, visando suportar a interoperabilidade semântica entre os sistemas, será empregada a terminologia Snomed‑CT; para a interoperabilidade com sistemas de saúde suplementar, serão adotados os padrões Troca de Informações em Saúde Suplementar (Tiss); para a definição da arquitetura do documento clínico, será fixado o padrão HL7 CDA; para a representação da informação relativa a exames de imagem, será usado o padrão Dicom; para a codificação de exames laboratoriais, será utilizado 47GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 o padrão Logical Observation Identifiers Names and Codes (Loinc); para a codificação de dados de identificação das etiquetas de produtos relativos ao sangue humano, de células, tecidos e produtos de órgãos, será aplicada a norma ISBT 128; para a interoperabilidade de modelos de conhecimento, incluindo arquétipos, templates e metodologia de gestão, será utilizado o padrão ISO 13606-2. 48 GESTÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA HOSPITALAR U ni da de 4 AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS). Padrão para troca de informação de saúde suplementar – Tiss. Rio de Janeiro, [s.d]. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/ prestadores/tiss-troca-de-informacao-de-saude-suplementar>. Acesso em: 12/02/2020 ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA. SUS: o que você precisa saber sobre o Sistema Único de Saúde. São Paulo: Atheneu, 2003. v. 1. BARRA, D. C. C.; DAL SASSO, G. T. M. Padrões de dados, terminologias e sistemas de classificação para o cuidado em saúde e enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 64, n. 6, p. 1141-9, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672011000600023>. Acesso em: 12/02/2020 BENITO, G. A. V.; LICHESKI, A. P. Sistemas de Informação apoiando a gestão do trabalho em saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 62, n. 3, p. 447-50, 2009. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/reben/ v62n3/18.pdf>. Acesso em: 12/02/2020 BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 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Sistema de informação clínica: evolução do conceito de prontuário – prontuário eletrônico do paciente (PEP) Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) Riscos e obstáculos no desenvolvimento e implantação de um Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) Sistemas de apoio à decisão e Guidelines Classificação dos sistemas de decisão Técnicas de implementação de Sistemas Especialistas Padronização da linguagem: taxonomias (nomenclaturas): HL7, SNOMED, CIPE Registro e intercâmbio de dados