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As relações internacionais são um campo de estudo que analisa as interações entre os atores globais, como Estados, organizações internacionais e não governamentais, empresas e indivíduos, no âmbito da política, economia, segurança e cultura. A disciplina busca compreender as dinâmicas das relações entre esses atores e os padrões de cooperação, conflito e governança que emergem no sistema internacional. A introdução das relações internacionais aborda alguns temas fundamentais. Em primeiro lugar, destaca-se a importância da soberania estatal, que é o princípio que confere a cada Estado o direito exclusivo de exercer autoridade sobre seu território e população. A soberania é a base da ordem internacional e influencia a forma como os Estados interagem entre si. Além disso, a introdução discute a evolução do sistema internacional ao longo do tempo. Desde a Paz de Westfália em 1648, que marcou o fim da Guerra dos Trinta Anos e o início do sistema de Estados moderno, houve mudanças significativas nas dinâmicas globais. A colonização, a descolonização, as guerras mundiais, a Guerra Fria e a globalização são exemplos de eventos e processos que moldaram as relações internacionais. Outro aspecto importante é a análise dos atores internacionais e de suas capacidades. Os Estados são considerados os principais atores, mas outros agentes, como organizações internacionais, empresas transnacionais e grupos terroristas, também desempenham papéis importantes na arena global. A introdução também destaca a importância das interações entre esses atores e as diferentes teorias que buscam explicar seus comportamentos. Por fim, a introdução aborda a agenda de temas que são objeto de estudo nas relações internacionais. Questões como segurança internacional, direitos humanos, desenvolvimento econômico, meio ambiente, cooperação regional e resolução de conflitos são alguns exemplos dos tópicos abordados pela disciplina. Em resumo, a introdução das relações internacionais apresenta os principais conceitos, atores, eventos históricos e temas que compõem o campo de estudo, proporcionando uma base para a compreensão das complexidades e desafios das relações entre Estados e demais atores no sistema internacional. As ciências das relações internacionais As ciências das relações internacionais são um conjunto de disciplinas que contribuem para a compreensão e análise das relações entre atores no âmbito global. Essas disciplinas abordam diferentes aspectos das relações internacionais, fornecendo perspectivas e métodos de investigação distintos. As principais ciências das relações internacionais incluem Ciência Política Internacional: Concentra-se no estudo do poder político, das instituições políticas e dos processos de tomada de decisão no âmbito internacional. Analisa questões como a formação de alianças, a diplomacia, os conflitos e a cooperação entre Estados. Economia Internacional: Examina as relações econômicas entre países, incluindo o comércio internacional, investimentos, finanças internacionais, políticas econômicas globais e desenvolvimento econômico. Direito Internacional: Trata das normas e princípios que regem as relações entre Estados e outros atores internacionais. Inclui o estudo de tratados, acordos internacionais, direitos humanos, leis de guerra e resolução de disputas. Estudos de Segurança Internacional: Foca nas questões de segurança e conflito no sistema internacional. Examina as causas, dinâmicas e consequências dos conflitos armados, terrorismo, proliferação de armas nucleares, segurança cibernética e outras ameaças à segurança global. Estudos de Organizações Internacionais: Analisa as instituições internacionais, como as Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio, a OTAN e outras organizações regionais e globais. Estuda seu papel, estrutura, funcionamento e impacto nas relações internacionais. Estudos de Política Externa: Explora as políticas, estratégias e tomadas de decisão dos Estados em suas relações com outros atores internacionais. Investigam-se os interesses nacionais, as dinâmicas internas que influenciam a política externa e as interações entre Estados. Estudos de Relações Internacionais Comparadas: Compara diferentes países e regiões para entender as variações nos sistemas políticos, econômicos, sociais e culturais, bem como as relações entre eles. Essas ciências das relações internacionais se complementam, fornecendo perspectivas multidisciplinares para a análise e o entendimento dos fenômenos que ocorrem no sistema internacional. Escolas Tradicionais das R.I Teoria realista, o modelo teórico ligado aos liberalismos e a economia política internacional (epi) 1. Realismo: O realismo é uma das escolas mais proeminentes das Relações Internacionais e tem suas raízes no início do século XX. Os realistas acreditam que o sistema internacional é caracterizado por uma competição perpétua pelo poder entre os estados. Eles argumentam que os estados estão sempre buscando maximizar seus próprios interesses de segurança e sobrevivência, muitas vezes evoluindo de forma egoísta. O realismo enfatiza a importância da anarquia internacional, onde não há uma autoridade superior para impor regras e manter a ordem entre os estados. leviatã escrito por thomas hobbes em 1651 macro: sistema internacional micro: indivíduos e as relações sociais realismo clássico: tucídides , Maquiavel e Hobbes, Max Weber. realismo moderno: E.H.Carr, Hans Morgenthau High Politics- alta política para os realistas tudo que envolve preservação do estado são prioritários incorporando assuntos com as questões militares, a manutenção da paz doméstica e as capacidades de defesa perante ameaças externas Os realistas acreditam que a natureza humana seja perversa e egoísta, e da mesma forma percebem as relações de poder na sociedade como principal objeto de análise das r.i as duas principais são liberalismo político e econômico Liberalismo Político: representa busca pela ampliação das liberdades no campo político, mais precisamente com o objetivo de combater os excessos do absolutismo monárquico Liberalismo econômico: Diz respeito à dimensão econômica dessa corrente de pensamento e tem como uma de suas máximas o princípio do laissez-faire(deixar fazer). gira em torno de duas premissas, livre empreendedorismo é a melhor forma de estimular a produção e livre comércio representa a melhor forma de dividir a riqueza Liberalismo clássico: percepção progressista e otimista sobre a natureza humana,oferece as bases para o pensamento liberaal nas relações internacionais, também conhecido como idealismo, apresenta a oposição do pensamento realista] autores liberais clássicos: Abade de Saint-Pierre,John Locke,Immanuel Kant e moderno Idealismo de Woodrow Wilson, o programa para a paz mundial, também referido como os quatorze pontos foi o discurso proferido em 1918 na capital dos EUA, discute questão de guerra e propôs soluções para o tratado de versalhes forneceu bases para um pensamento idealista A economia política internacional é uma disciplina que estuda as relações negativas entre países e como fatores políticos influenciam e são influenciados por essas emoções. Ela aborda questões relacionadas ao comércio internacional, investimento, políticas animadoras, cooperação e conflito entre nações. Os principais conteúdos de estudo da economia política internacional incluem: 1. Comércio Internacional: Análise das trocas de bens e serviços entre países, a importância dos acordos comerciais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e os efeitos das tarifas e barreiras comerciais nas economias nacionais. 2. Invista economia política: com o objetivo de analisar e compreender o aspecto regulatório e político das nações econômicas, no campo das r.i o objeto de análise passa a ser o caráter político das relações econômicas no sistema internacional envolvendo diferentes atores liberalismo, realismo ou mercantilismo, marxismo realismo: pensamento realista da epi é baseado na lógica mercantilista dos séculosxvi e xvii em que a economia estava subordinada aos caprichos da política essa noção está associada a ideia de que a riqueza deva existir para servir a política no sentido de permitir a construção de um estado forte liberalismo para os liberais a economia não deve ser colocada em segundo plano pois acreditam que os mercados são capazes de promover a cooperação o progresso humano e prosperidade para o liberalismo os indivíduos são os atores centrais e compreendidos tanto como os produtores quanto consumidores protagonistas das relações de mercado autores liberais: Adam Smith e David Ricardo marxismo: em concordância com realismo as relações sao conflituosas em função da constante relação de luta entre as classes: a burguesia que explora de um lado e do outro o proletariado explorado Tema 1- evolução teórica das Relações internacionais Liberalismo e Racionalismo os primeiros pensadores, como Hans Morgenthau, se dedicaram a explicar as razões dos conflitos armados e a maneira com a qual Estados decidiam ou não estabelecer práticas bélicas. É interessante apontar que, nesse momento, como forma de angariar prestígio para a nascente área das RI, diversos analistas argumentaram que pensadores clássicos já teriam feito reflexões sobre a realidade transnacional e a natureza dos Estados. Nesse sentido, filósofos como Thomas Hobbes (século XVII) e Immanuel Kant (XVIII) foram apresentados como pertencentes a diferentes escolas das Relações Internacionais, mesmo tendo vivido muito antes da criação formal da área. Tradicionalmente, existem duas teorias centrais de RI, embora tenham sofrido uma série de críticas de outras teorias nos últimos anos, elas permanecem relevantes para a disciplina: Realismo Teoria que se baseia, entre outros pensadores, nas perspectivas de Thomas Hobbes. Liberalismo Teoria que se baseia, entre outros pensadores, nas perspectivas de Immanuel Kant. o Liberalismo em RI foi referido como uma teoria “utópica”. Seus proponentes veem os seres humanos como inatamente bons e acreditam que a paz e a harmonia entre as nações não são apenas alcançáveis, mas também desejáveis. Ela se baseia, entre outros pensadores, nas perspectivas em que Immanuel Kant desenvolveu a ideia no final do século XVIII afirmando que os valores liberais compartilhados não deveriam ter razão para entrar em guerra uns contra os outros. Para Kant, quanto mais Estados liberais houvesse no mundo, mais pacífico ele se tornaria, pois, nações liberais são governadas por seus cidadãos que, raramente, estão dispostos a se arriscarem em uma guerra. Em contraste com monarquias e governos não eleitos, que têm desejos egoístas, fora de sintonia com os cidadãos. Além disso, os liberais reforçam que a cessação permanente da guerra é uma meta alcançável. Colocando em prática as ideias liberais, o presidente dos EUA, Woodrow Wilson, dirigiu seus famosos “Quatorze Pontos” ao Congresso dos EUA em 1918. Ao apresentar suas ideias para um mundo reconstruído após a guerra, o último de seus pontos foi criar uma associação geral de nações.O Realismo ganhou força durante a Segunda Guerra Mundial, quando parecia oferecer um relato convincente de como e por que o pior conflito da história conhecida se originou após um período de suposta paz e otimismo. Embora tenha se originado de forma nomeada no século XX, muitos realistas traçaram suas origens em escritos anteriores. De fato, os realistas olharam para o mundo antigo, onde detectaram padrões semelhantes ao comportamento humano moderno. Como o próprio nome sugere, os defensores do Realismo pretendem que ele reflita a “realidade” do mundo e explique mais efetivamente as mudanças na política internacional. As ideias de Thomas Hobbes são frequentemente mencionadas em discussões do Realismo, devido a sua descrição da brutalidade da vida durante a Guerra Civil Inglesa de 1642-1651, em que Hobbes mostrou os seres humanos como vivendo em um “estado de natureza” sem ordem, que ele percebia como uma guerra de todos contra todos. Para remediar isso, ele propôs que um “contrato social” fosse necessário entre um governante e o povo de um Estado para manter a ordem relativa. O que é teoria de Relações Internacionais e qual a sua relevância? Cada campo de estudo tem suas teorias ou paradigmas básicos. Essas teorias fornecem a estrutura que nos permite simplificar a realidade para que possamos lidar melhor com as complexidades do mundo. Esse conjunto vinculado de proposições ou ideias simplificam a realidade complexa para que possamos explicar por que determinados eventos aconteceram e para que possamos tentar projetar o futuro. No campo das Relações Internacionais, é muito difícil prever com certeza, pois são inúmeras as variáveis que podem afetar o desfecho dos acontecimentos. Questões do interesse estatal e as teorias de Relações Internacionais As discussões sobre interesse nacional são um dos conceitos mais importantes para as teorias de Relações Internacionais. Os pensadores realistas definem o interesse nacional em termos de poder, na crença de que somente adquirindo capacidade um país pode atingir seus objetivos primários. Contudo, alguns cientistas políticos definem o interesse nacional de forma mais ampla, como na proteção do que o Estado vê como seus interesses centrais, que são aqueles que envolvem: A proteção e A continuação da sua comunidade Para Hughes e Johnston (2005, p. 829), os interesses centrais são aqueles que “fluem do desejo [do Estado] de preservar sua essência: limites territoriais, população, governo e soberania”. Nessa definição reforçam-se os elementos militares tradicionais, mas também significa assegurar a vitalidade econômica de um país, seus valores e outros componentes centrais à essência do Estado. Pode-se argumentar que eles também são essenciais para a segurança de um país, mas fogem da definição tradicional. Assim, um país seguirá as políticas que considera de seu interesse nacional e, ao mesmo tempo, promoverá seus interesses centrais. Tema 2-O campo profissional das Relações Internacionais A área de Relações Internacionais remonta, conceitualmente, a períodos remotos da História, na Antiguidade durante uma guerra entre as pólis gregas. De lá para cá, foram diversos autores e pensadores que se dedicaram a pensar como funcionam as relações entre as sociedades, a partir de seus respectivos poderes políticos, levando a reflexões sobre a guerra e a paz e sobre os mecanismos inerentes ao exercício do poder. Historicamente, no entanto, a área de Relações Internacionais como campo acadêmico definido só teve origem no começo do século XX, mais precisamente após a catástrofe da Primeira Guerra e toda a preocupação que legou a respeito dos riscos da política internacional para a humanidade. Hoje, cem anos após a Primeira Guerra Mundial, o mundo encontra-se globalizado segundo princípios econômicos e políticos orientados pelas nações mais poderosas. Essas relações comerciais também são do interesse da área de Relações Internacionais, significando um próspero campo de atuação para o profissional da área. Portanto, sua compreensão se faz fundamental para todos aqueles que tenham interesse em RI. Este tema abordará o campo das RI nestas três dimensões principais: conceitual, buscando compreender o que faz das Relações Internacionais o que são segundo as principais correntes teóricas vigentes; política, a dimensão prática da diplomacia e política externa, que também articula o instrumento militar, e; econômica, com um enfoque voltado para o comércio internacional, suas estruturas, formação e atualidade, com as devidas implicações para os profissionais das Relações Internacionais. O que são Relações Internacionais Em busca do passado das Relações Internacionais Tomemos como exemplo a obra do historiador grego Tucídides (460 a.C. – 400 a.C.), que deixou como legado uma canônica análise sobre um dos conflitos mais importantes da história, a Guerra do PelEm sua obra, é possível antever alguns dos princípios deanálise que fundamentariam, 24 séculos depois, alguns aportes teóricos da disciplina de Relações Internacionais.Tucídides descreve, na relação entre Esparta e Atenas, algo semelhante ao que entendemos hoje segundo o moderno conceito de “dilema de segurança”.peloponeso (431 a.C. – 404 a.C.). O surgimento das RI como disciplina acadêmica A disciplina de Relações Internacionais teve seu início após a Primeira Guerra Mundial. Foi naquele contexto que a preocupação com a guerra e, principalmente, em como evitá-la, ganhou status de grande questão para a humanidade, mobilizando esforços teóricos e políticos de acadêmicos, diplomatas e líderes políticos.Aquele conflito dilacerou as principais sociedades europeias, bem como outras fora da Europa, e marcava o início de uma era notadamente especial da história da humanidade, a era da guerra total, que o historiador Eric Hobsbawm chamaria, em seu clássico livro Era dos Extremos, de “era da catástrofe”, ao se referir ao período correspondente às duas guerras mundiais (1914-1945) (HOBSBAWM, 1995, p. 16). Debates e correntes teóricas das Relações InternacionaisO primeiro grande debate das Relações Internacionais foi entre as correntes liberal internacionalista, chamada pejorativamente de utópica ou idealista por seus adversários, e a corrente realista, a partir do contexto que sucedeu a Primeira Guerra Mundial. A corrente liberal enfrentava dificuldades com os movimentos da política internacional que levaram à guerra de 1914-18, que puseram por terra a obra de Norman Angell, A grande ilusão, lançada em 1909, e uma das precursoras do pensamento liberal e multilateral das RI. Nela, Angell atribuía à interdependência econômica entre as grandes potências a capacidade de promoção de relações pacíficas e mais harmoniosas entre os atores internacionais. Com interesses econômicos atravessando as fronteiras em diversos sentidos, pensava Angell, a resolução violenta de conflitos não seria racional e de acordo com os interesses econômicos dos Estados e suas elites, progressivamente mais entrelaçados em um mundo cada vez mais globalizado. corresponde com as circunstâncias históricas da formação do campo das RI.Até a Primeira Guerra, as guerras eram de escopo muito mais limitado, correspondendo ao envolvimento de exércitos profissionais. A Primeira Guerra marca o início da era da guerra total, que aprofundou a violência a partir do casamento maduro entre o poder da indústria e das massas nacionais no campo de batalha. O impacto socioeconômico e humano foi tal, que promoveu intensas reflexões em busca de mais paz e harmonia nas relações internacionais, o que fundamentou o surgimento do campo das RI. A disciplina das RI tem sido marcada por uma sequência de debates entre diversas correntes teóricas.As RI encontram-se divididas em diversas perspectivas emergentes a partir da década de 1980, que buscam romper com os paradigmas mais clássicos da disciplina, tais como a abordagem pós-estruturalista, pós-positivista e pós-colonialista, além de estudos de gênero e críticos a partir de um viés marxista de interpretação da realidade internacional. Da Realpolitik às instituições internacionais Durante as primeiras etapas de sua formação e desenvolvimento, a política internacional moderna foi gerenciada por um modus operandi diplomático conhecido como Realpolitik. Essa forma de condução dos assuntos do Estado era tributária da raison d’Etat e baseada nos interesses do Estado. Vamos entender o que dizia a Realpolitik sobre a politica externa? Segundo a Realpolitik, a política externa deveria dar conta de preservar e expandir os interesses do Estado segundo cálculos frios e realistas em torno do poder, visto que a arena internacional carece de uma ordenação centralizada que possa dispensar os Estados à obrigação de garantirem suas respectivas soberanias e segurança. As Relações Internacionais pós-Guerra Fria A política internacional do período pós-Guerra Fria é marcada, fundamentalmente, por duas dinâmicas sobrepostas: A unipolaridade:Esse sistema surgiu com os EUA, que emergiram do conflito como a maior superpotência da história. A multipolaridade:Esse sistema ascendeu, gradativamente, com o aparecimento de outras potências de esfera ainda mais regional, como a Rússia, que a partir dos anos 2000 buscaria retomar sua hegemonia, e a China, que cresce sem interrupções desde o fim da década de 1970. Essa situação, batizada por Samuel Huntington de sistema “uni-multipolar” (1996), gerou uma série de novos desafios aos profissionais do campo das RI e dos Estudos Estratégicos. O sistema anterior, da Guerra Fria, era característico por sua clareza e simplicidade: havia dois blocos de poder em franca oposição, que condicionavam as escolhas dos países dos seus respectivos entornos hegemônicos a limites bastante visíveis em suas ações na política externa. O sistema pós-Guerra Fria, por sua vez, apresenta circunstâncias bastante distintas. O sistema do pós-Guerra Fria nasceu a partir da dissolução da União Soviética mediante uma série de acordos com os EUA. Pela primeira vez na história, uma grande potência abandonou a contenda por hegemonia sem tentar um último recurso, sem ir até o limite. Práticas contemporâneas das Relações Internacionais Segundo Kaldor (2012), os conflitos emergentes após a Guerra Fria se pautam por uma lógica mais privada, transcendendo as fronteiras e interesses políticos dos Estados. Veremos a seguir as diferenças de conflito de dois momentos do século XX: primeira metade do século xx as guerras tiveram como característica o controle da violência pelos estados, com suas robustas forças armadas. tais conflitos empregaram de forma praticamente exclusiva, forças militares regulares segunda metade do século xx outras formas de violência tornaram parte dentro do âmbito das lutas anticoloniais e outras que contestaram o monopolio da violencia dos estados milicias de diversos matizes ideológicos grupos terroristas e narcotraficantes dentre outros passaram a aparecer por diversas regiões do planeta sobretudo nos estados do capitalismo periférico ou nações em desenvolvimento por séculos expropriadas de suas riquezas e vilipendiadas pelas engrenagens do capitalismo internacional gerido pelas grandes potências A militarização da segurança no Brasil e noutros países latino-americanos se deu durante a Guerra Fria, dentro da lógica dos “regimes de segurança nacional”. Essas ditaduras foram instaladas via golpes militares patrocinados por agências norte-americanas como a CIA, com o intuito de conter o avanço do comunismo, ou o “inimigo interno”. Essas ditaduras foram, pois, a tradução local da doutrina da “contenção”, formulada por George Kenan e Nicholas Spykman, que visava conter o comunismo em todo o globo.A política externa dos EUA, portanto, fomentou aparelhos de segurança militarizados na América Latina, que se mantiveram militarizados, após o fim do regime bipolar, pela doutrina da “guerra às drogas”, uma das muitas doutrinas elaboradas pelos EUA para dar conta de responder à necessidade de formular uma política externa ativa e justificar sua liderança e condução da política internacional, bem como seus bilionários orçamentos de Defesa. O sistema internacional do pós-Guerra Fria é, segundo Samuel Huntington, marcado por uma característica peculiar. Que característica é essa?Segundo o autor, trata-se de um sistema uni-multipolar, constituído pela superpotência norte-americana e um conjunto de ascensões regionais, que juntas dão o tom da dinâmica das RI no período. A dinâmica das relações internacionais e o papel de seus agentes passam pela negociação e diplomacia. Assinale a alternativa que melhor explica a política do equilíbrio de poder em Relações Internacionais de forma mais “genérica”.O equilíbrio de poder consiste na adoção de uma diplomacia baseada na promoção e sustentação de uma correlação de forças que, por força da dissuasão, iniba aventuras e atos agressivos nas relações internacionais colonialismo?O colonialismose baseava na exploração das regiões descobertas (colônias) visando exclusivamente atender aos interesses de suas nações conquistadoras (metrópoles), em um sistema que ficou conhecido como “pacto colonial”, segundo o qual a função das colônias era enriquecer suas metrópoles. Colonialismo e globalização Fundamentos do pensamento contemporâneo As grandes navegações foram, portanto, as promotoras desse processo que conhecemos como modernidade, estruturada na acumulação primitiva de capital que desenvolveu o sistema capitalista, como consequência dessa poderosa aliança entre capital e centralização política (burguesia e Estado), e significaram a consolidação dos Estados europeus como grandes potências, além de uma série de transformações profundas na sociedade europeia que culminaram nas revoluções liberais e na Revolução Industrial, temas dos módulos seguintes, respectivamente. Ademais, cumpre enfatizar, as grandes navegações significaram para a maioria dos povos fora da Europa o fim de suas civilizações e o extermínio e escravização de suas comunidades, o que levaria ao controle de mais de 85% da superfície do planeta pelas nações europeias em fins do século XIX (KENNEDY, 1989).Comércio exterior e novas dimensões das RI contemporâneasO desenvolvimento do comércio global se deu a partir das já discutidas expansões ultramarinas promovidas pelos europeus, que culminaram no sistema colonial. Foi essa a espinha dorsal do que se entende por “globalização”, e estrutura, até hoje, a relação entre as nações mais ricas e poderosas e aquelas mais periféricas, no que convém denominar de relação “centro-periferia”. A relação entre as nações obedece a estruturas de poder consolidadas em instituições, de burocracia robusta e controlada pelas grandes potências nas posições de poder mais elevadas e determinantes.O comércio, nesse cenário de intensas disputas políticas e questões estratégicas, é, ao mesmo tempo, um promotor de desenvolvimento e uma arma política. É importante, ao profissional de Relações Internacionais que atuará na área de comercio exterior, que entenda que o mercado não funciona sobre algo abstrato. Que as leis do mercado não são a totalidade que abrange o comércio.Interdisciplinaridade e o campo de RI O campo das RI tem, assim, como característica distintiva a interdisciplinaridade, que o torna atraente a estudantes de diversos matizes e interesses, sendo, portanto, uma área profundamente rica em visões de mundo e epistemologias do conhecimento. Por isso, também, oferece a seus estudantes diversas possibilidades de trajetórias profissionais, desde a vida acadêmica, até o setor privado, onde podem mediar relações comerciais oferecendo sua expertise sobre as complexas variáveis internacionais às quais o comércio está, invariavelmente, sujeito. A área de Relações Internacionais é constituída por grande interdisciplinaridade. São diversas áreas que compõem os conhecimentos necessários à disciplina, e cada uma tem o seu papel na conformação dos conhecimentos sobre a complexa realidade internacional. Assinale a alternativa que melhor define essa realidade.A política internacional contemporânea está comprometida com muitas questões para além das velhas tensões entre os Estados, sujeitas apenas a cálculos de poder. Embora tal aspecto persista e estruture as RI, há diversos outros que coexistem com essa estrutura, e dão forma a uma totalidade mais complexa. Os conhecimentos necessários ao campo do internacionalista são diversos, perpassando diferentes áreas e epistemologias do conhecimento. Apesar de toda essa quantidade de possibilidades, existem alguns paradigmas e conhecimentos que são fundamentais a qualquer profissional das RI, independentemente do caminho e da especialização que resolva seguir. Assinale a alternativa que melhor descreve esses conhecimentos e paradigmas essenciais.O profissional de RI deve estar atento às dinâmicas políticas e estratégicas que, no limite, determinam todas as demais. As RI foram construídas, nos últimos séculos, sobre tensões estratégicas e arranjos diplomáticos voltados para a promoção do equilíbrio de poder, que segue convivendo com as demais estruturas da política internacional. Tema 3: A História da Formação do Sistema Internacional século XV e fins do século XVII. Nesses séculos, aconteceu uma das experiências mais impressionantes da história: a expansão marítima e comercial protagonizada pelas sociedades da Europa Ocidental, que alargou a ideia de “mundo” até então conhecida, conectando diferentes regiões do globo em um fluxo cada vez mais intenso de trocas de mercadorias, pessoas, capitais e ideias. As fronteiras do mundo conhecido em expansão “Trata-se de uma nação [as sociedades indígenas americanas], diria eu a Platão, na qual não existe nenhuma espécie de comércio; nenhum conhecimento das letras; nenhuma ciência dos números; nenhum magistrado ou superioridade política; nenhuma vassalagem, riqueza ou pobreza; nenhum contrato, nenhuma sucessão, nenhuma partilha; nenhuma ocupação que não seja ociosa; nenhuma consideração do parentesco, a não ser o de todos; nenhuma roupa; nenhuma agricultura; nenhum metal; nenhum vinho ou pão. As próprias palavras que significam mentira, traição, dissimulação, avareza, inveja, maledicência ou perdão lhes são desconhecidas” (MONTAIGNE, 1987, p. 206).Em março de 1580, foram publicados os Ensaios escritos pelo jurista, político e filósofo Michel de Montaigne (1533-1592). O texto teve grande impacto na época e se tornou emblemático daquilo que podemos chamar de cultura intelectual moderna. Não se trata, exatamente, de um livro no sentido usual do termo, com enredo único e dotado de coerência narrativa interna do início ao fim. Os Ensaios são uma coletânea de textos escritos em diversos momentos, em que Montaigne descreve suas sensações em relação a um período bastante conturbado da história moderna, marcado por guerras civis, por conflitos religiosos. o texto de Montaigne propõe certa leitura idealizada a respeito da América, que seria uma espécie de “éden perdido”, no qual não existiriam a violência e a miséria que caracterizaram a Europa no início da modernidade. Em outro trecho dos Ensaios, Montaigne discorre sobre indígenas expostos em Paris em algum momento da década de 1560, chegando mesmo a serem levados para eventos sociais da Corte francesa. O autor sugere ter conversado com alguns desses indígenas. Já em 1516, Thomas More (1478-1535), no livro Utopia, tratou a América como o lugar da vida social feliz, simples e primitiva. Cronologia e dinâmica histórica da expansão marítima europeiaEm meados do século XV, Portugal deu início a um movimento expansionista no Oceano Atlântico que ficaria conhecido como Grandes Navegações, Expansão Marítima, ou a Era dos Descobrimentos. Logo em seguida, a Espanha protagonizou movimento semelhante. O pioneirismo ibérico na expansão marítima fez com que Portugal e Espanha tenham se tornado as primeiras potências modernas. Outras nações europeias, como França e Inglaterra, também fizeram seus movimentos expansionistas, mas em período posterior quando comparadas com portugueses e espanhóis. O historiador português Vitorino Magalhães Godinho no livro A expansão quatrocentista portuguesa (1976), publicado em 1944, propõe o conceito “cavaleiro-mercador”. Os dados apresentados pelo autor demonstram que grande parte dos homens envolvidos com a expansão marítima pertenciam à nobreza portuguesa, sendo sobretudo os filhos mais novos das famílias aristocráticas. Sabemos que legislação portuguesa (tal como a espanhola) concentrava a totalidade da propriedade paterna no filho homem mais velho, visando à fragmentação da herança e ao enfraquecimento da linhagem. O início da Burguesia A Paz de Westfalia (1648) foi fundamental na formação do sistema internacional moderno. Você deve saber que a Paz de Westfalia consistiu em um conjunto de tratados que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) eestabeleceu os princípios jurídicos do sistema internacional moderno, com a ideia de soberania estatal e de igualdade jurídica entre as nações. A categoria cavaleiro-mercador, desenvolvida pelo historiador português Vitorino Magalhães Godinho, ajuda-nos a entender os valores que impulsionaram a expansão marítima portuguesa. Você precisa saber que o autor demonstra que a expansão marítima portuguesa foi protagonizada pela nobreza empobrecida, que tinha o objetivo de alimentar seu ethos aristocrático, em uma lógica social medieval. Michel Montaigne, Thomas More e Jean Jacques Rousseau são representantes de uma tradição de pensamento político que tem a América como tema importante. Assinale entre as alternativas a seguir aquela que melhor define esse pensamento político.nos textos desses 3 autores, a america é representada como o éden perdido lugar das liberdades primitivas e da simplicidade que teria se perdido na modernidade européia No livro Ilhas de História, o antropólogo norte-americano Marshall Sahlins desenvolveu uma teoria dos encontros culturais a partir do caso da interação entre europeus e nativos na América Central. Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela que melhor define essa teoria. segundo a teoria de sahlins, os encontros culturais são marcados pela interação dual e recíprocam na medida em que todas as partes envolvidas influenciam e são influenciadas entre si Novo mundo: uma invenção O sistema internacional moderno, que começou a ser formado com a expansão marítima ainda no século XV, reunia sociedades expansionistas (as europeias) e sociedades que eram objeto e alvo dessa expansão (as nativas da América, África e Ásia). Como sabemos, isso não quer dizer que o contato tenha se dado de modo passivo, como se as sociedades-alvo fossem incapazes de impactar as sociedades expansionistas. A construção de um imaginário sistema internacional precisa de algumas estruturas básicas: o Estado, a nação, a diplomacia são alguns elementos sociais estabelecidos como ideal de um novo espírito. É necessário construir uma abordagem de valores que determinam o Estado nacional. A América antes do contato com os europeus Consagrou-se na bibliografia a divisão das sociedades nativas da América em dois grupos: altas e baixas culturas. No livro A sociedade contra o Estado (2017), o antropólogo francês Pierre Clastres chama a atenção para a importância de não hierarquizarmos as “altas e as baixas culturas”, como se os termos indicassem diferenças de desenvolvimento entre elas.Altas culturas Seriam as sociedades localizadas na parte central da América, nas margens do Oceano Atlântico e nos Andes. Estavam politicamente organizadas na estrutura do Estado centralizado.Baixas culturas Seriam as sociedades localizadas na região da América do Sul Florestal, hoje correspondente ao território brasileiro. Segundo Pierre Clastres, deliberadamente recusam esse tipo de organização política. “A sofisticação agrícola refletia-se na crescente estratificação, isto é, na formação de hierarquias: nobreza, soldados e elites religiosas, um grupo de comerciantes e hábeis artesãos voltados para a produção de bens orientados pelas demandas da elite, e a grande massa de agricultores. A expansão de uma comunidade às expensas das vizinhas, o estabelecimento da hegemonia sob a forma do pagamento de um tributo anual ou da incorporação a um império integrado explicitavam o exercício de pressões sobre os agricultores na base da economia e da sociedade, pressões essas responsáveis pela eclosão de revoltas por vezes bem-sucedidas” (PINSKY, 2010, pp. 14-15). A conquista da América De acordo com o historiador Tzvetan Todorov, a conquista europeia da América pode ser compreendida entre 1492 e 1591, período no qual as complexas sociedades ameríndias foram subjugadas à lógica colonial. J. H. Elliott, outro historiador especializado no tema, também acredita que a conquista da América nos coloca diante de um dos desfechos mais improváveis entre todos os processos históricos humanos. “Parece à primeira vista que a superioridade numericamente esmagadora das populações indígenas oferecia pouca chance a pequenos bandos de espanhóis ligados a suas bases distantes apenas por linhas muitas precárias de aprovisionamento. Todavia, nos primeiros estágios da conquista, a complexa diversidade dessas populações operou a favor dos espanhóis, embora em um momento posterior isso viesse a provocar sérias dificuldades” (ELLIOTT; 1997. p. 161). Como sociedades tão complexas e tão numerosas foram subjugadas em tão pouco tempo? Para Tzvetan Todorov, essa explicação deve ser buscada, sobretudo, a partir da perspectiva da comunicação e da linguagem. Os europeus que chegaram à América no final do século XV estavam marcados por uma cosmovisão híbrida, formada pela combinação de valores modernos e pré-modernos, enquanto os nativos possuíam uma cosmovisão constituída por elementos mitológicos. Nas palavras do autor: “Em processo de construção da mentalidade moderna, os espanhóis tomaram as sociedades nativas da América como objeto a ser explorado, não apenas no aspecto mercantil, mas também no cognitivo. Houve o esforço de compreensão, nos quadros de uma racionalidade moderna ainda rudimentar, mas já equipada com métodos e valores que consolidariam posteriormente. Já os nativos ainda estavam embebidos de uma cosmovisão mitológica que os incapacitou de ler o encontro com os espanhóis na chave do ineditismo. Essa diferença de percepção foi fundamental para que as respostas das duas partes envolvidas tenham sido diferentes e essa diferença foi favorável aos conquistadores.” (TODOROV, 2009, p. 32) A colonização da América e a contrarreforma católica A história europeia do século XVI foi marcada por uma série de conflitos que ficaram conhecidos como Guerras Civis Religiosas. Seria equivocado, entretanto, acreditar que a única motivação para esses conflitos foi a religiosa. Era um momento de afirmação das monarquias nacionais e a autoridade universalista da Igreja Católica era vista como ameaçadora para esses novos regimes de poder. a Igreja Católica empreendeu esforços institucionais de reorganização e reação, no que ficou conhecido como Contrarreforma Católica. Em 1545, o Papa Paulo III convocou o Concílio de Trento, que formulou as estratégias de resistência, entre as quais, podemos destacar: ● Condenar os princípios dos protestantismos, especialmente a noção luterana de “sacerdócio individual”, segundo a qual o cristão poderia ser o seu próprio sacerdote, prescindindo, assim, da mediação institucional da Igreja Católica. ● Reafirmar a doutrina católica, sobretudo o sacramento da comunhão, destacando a importância da mediação institucional na relação entre Deus e o cristão. ● Reafirmar a necessidade da fé e das boas obras para a salvação, contrariando a tese luterana de que bastaria apenas a fé. Assim, caberia à autoridade institucional da Igreja Católica avaliar o que seriam as “obras pias”. ● A afirmação da autoridade da Igreja como intérprete final das escrituras. As sociedades nativas da América podem ser divididas em dois grupos: as altas culturas e as baixas culturas a classificação se dá apartir de critérios politicos. as altas culturas se organizavam na estrutura do estado centraçizado, enquanto as baixas culturas rejeitavma esse tipo de estrutura.as categorias alta cultura e baixa cultura não são hierarquizáveis entre si e adotam o critério político, fundado na organização centralizada do Estado. As guerras civis religiosas do século XVI foram marcadas por um claro componente político.As reformas religiosas foram impulsionadas, também, pelo interesse de afirmação de algumas monarquias nacionais contra as pretensões universalistas da Igreja Católica. Discursos decoloniais Desde o século XV, o sistema internacional só fez aprofundar sua capacidade de conectar, em relações assimétricas e violentas, as diversas regiões do mundo. Em todo esse período, ocentro expansionista europeu produziu ideologias de legitimação dessas relações violentas e assimétricas Debate pós-colonial Aimé Césaire (1913-2008), poeta e dramaturgo martiniquenho, publicou em 1955 o seu Discurso sobre o colonialismo, um dos mais importantes textos do nacionalismo de libertação que se fortaleceu no debate público internacional após a Segunda Guerra Mundial. No texto, Césaire criticou as pretensões universalistas da racionalidade europeia e reivindicou o “direito à personalidade” para os povos oprimidos pela colonização moderna. No cerne da denúncia elaborada pelo autor, está a falsa universalidade europeia que há séculos sustentava o sistema internacional moderno e a própria colonização. O que é, no seu princípio, a colonização? Concordemos no que ela não é; nem evangelização, nem empresa filantrópica, nem vontade de recuar as fronteiras da ignorância, da doença, da tirania, nem propagação de Deus, nem extensão do Direito; admitamos, uma vez por todas, sem vontade de fugir às consequências, que o gesto decisivo, aqui, é o do aventureiro e do pirata, do comerciante e do armador, do pesquisador de ouro e do mercador, do apetite e da força, tendo por detrás a sombra projetada, maléfica, de uma forma de civilização que a dado momento da sua história se vê obrigada, internamente, a alargar à escala mundial a concorrência das suas economias antagónicas. (CÉSAIRE, 1997, p. 14-15 A crítica decolonial O sociólogo peruano Aníbal Quijano (1928-2018) é o principal nome da crítica decolonial, ou seja, a crítica ao sistema internacional moderno formulada a partir da América Latina. o sistema internacional é uma das grandes características da modernidade, em que as partes estão conectadas entre si, o que demanda a perspectiva da história de dimensão transterritorial. Essa característica é central para o entendimento da história moderna em sua riqueza, pois a pulverização e a conexão são aspectos centrais para caracterizar a modernidade. ogo após o fim da Segunda Guerra Mundial (1945) ganhou forma uma corrente de pensamento social e político que teve o sistema internacional moderno como objeto de reflexão.Tratou-se da crítica à modernidade colonial, que denunciou as violências e assimetrias que fundaram o sistema internacional moderno. Tema 4 História do Comércio Transnacional Comércio entre nações Formação do Antigo Regime A história das relações comerciais transnacionais remonta há tempos muito distantes, uma vez que a história do comércio se confunde com a própria história da humanidade.Um exemplo é a Dinastia Han, que ocorreu três séculos antes do início da Era Comum. Durante a dinastia, os chineses já utilizavam seu poderio militar para manter e garantir o funcionamento da rota da seda em função de seu potencial comercial.Da mesma forma, na dinastia liderada pelo Triunvirato, o Império Romano invadiu e conquistou o Egito. Boa parte disso se deu em função de interesses comerciais voltados para a disponibilidade de grãos que existia na região. comércio internacional Consideremos comércio internacional todo aquele que extrapola fronteiras, sejam elas oficialmente delimitadas ou não, sendo possível considerá-lo como trocas de caráter comercial entre diferentes povos. As relações de comércio aparecem inicialmente entre os humanos durante o período paleolítico da História, na chamada Idade da Pedra Lascada. Esse tipo de troca surgiu quando um excedente de alimentos foi possibilitado pela divisão do trabalho. Essas trocas iniciais (de produtos por outros produtos) foram se intensificando com o passar dos anos. Durante o período neolítico, com a descoberta da agricultura, elas aumentaram graças à complexidade e ao amadurecimento das sociedades. Chegou-se ao ponto em que referências passaram a ser necessárias, como seria o caso, por exemplo, de uma espécie de “moeda”, mas não necessariamente a de metal que conhecemos hoje. Por vezes, algum produto essencial, que permitia estimar o valor de cada um dos produtos trocados, era utilizado com esse propósito (TEJADO, 1962). Com o passar do tempo, o ser humano evoluiu como espécie, o que se refletiu em sua forma basilar de se organizar. Isso gerou sociedades mais complexas, maiores e que demandavam cada vez mais alimentos e outros recursos.O Império Romano incorporou partes estratégicas da rota da seda ao seu domínio, o que permitiu que os romanos controlassem regiões relevantes e aprofundassem suas relações comerciais com outros povos. Seu império abrangeu boa parte da Europa; com isso, o domínio romano permitia que os plebeus se ocupassem das relações de comércio. A queda do Império Romano, por volta do ano 500 da Era Comum, marcou o início da próxima era, a Idade Média, também conhecida como era medieval, quando a sociedade e as forças militares se organizaram em uma nova estrutura denominada feudalismo. Durante a Idade Média, o feudalismo representou uma mudança importante na forma de organização da sociedade europeia. Nos últimos anos do Império Romano, os povos europeus já haviam iniciado a transição para o feudalismo. Organizaram a sociedade em pequenos reinados. cujos nobres, detentores das propriedades, passavam a administrar seus territórios de maneira mais ativa. ]Isso culminou na criação dos burgos, tipo de cidade comercial em que produtos e serviços eram comercializados. Como se deu o comércio internacional no Antigo Regime? O período conhecido como Antigo Regime se refere à organização do Estado durante a Idade Moderna em um sistema político e social baseado em princípios aristocráticos que fixavam na figura do rei a principal fonte de poder. Era o monarca que detinha todo o poder político e o mais alto prestígio social. É comum lembrar a frase atribuída ao rei da França Luís XIV (1638-1715), o Rei Sol, em que ele resume o Estado francês à sua figura ao anunciar: “O Estado sou eu”. A fala do rei revela muito sobre a organização política e social desse período, evidenciando a centralidade da figura do rei como chefe absoluto do Estado, cujas funcionalidades eram profundamente dependentes e influenciadas pela vontade do soberano. Afinal, como era possível, em uma sociedade aristocrática marcada pela distinção social, pelos excessivos luxos, pela ostentação e pelo ócio, a manutenção dessa estrutura? Você sabe o que são o mercantilismo e o liberalismo? Omercantilismo pode ser definido como: Um sistema econômico caracterizado pelo protecionismo do Estado na economia e baseado na premissa de que a riqueza dele é mensurada por meio do acúmulo demetais preciosos, como ouro e prata. Como são as fronteiras e proteções no comércio internacional? É nesse contexto de fronteiras que cabe a discussão sobre as colônias e os protetorados no cenário do comércio internacional. Ainda sobre as fronteiras, destacam-se as dinâmicas comerciais dos países europeus, principalmente das grandes nações industrializadas, muito beneficiadas pelo Tratado de Berlim, que dividiu os territórios da Ásia e África em colônias a serem exploradas por potências europeias.Ingleses e franceses ocuparam boa parte do território do continente africano, reunindo povos de culturas e etnias diferentes em uma mesma divisão geográfica. Com isso, eles criaram inúmeras dificuldades para quem vivia sob a colonização ao mesmo tempo que consolidavam seus impérios coloniais. Ao considerar a história e o desenvolvimento do comércio internacional ao longo do tempo,O florescimento comercial foi promovido pela livre iniciativa dos povos tanto nos períodos da Idade Moderna e da Idade Média quanto na pré-história. Com base nas explicações apresentadas sobre fronteiras, protetorados e colônias, indique a alternativa que corretamente relaciona uma colônia e um protetorado.No contexto dos protetorados, um Estado fornece proteção militar e diplomática a outro território autônomo contra terceiros países. Como são as relações entre comércio e política?1. ciência do governo dos povos; 2. direção de um estadoe determinação das formas de sua organização; 3. mecanismo de orientação administrativa de estados; 4. conjunto dos negócios de estado, maneira de os conduzir. (DICIO, 2022) As relações comerciais influenciam os resultados políticos quando os grupos de interesse se organizam e mobilizam suas forças em torno da defesa de seus interesses perante o Estado. Nesse sentido, as classes empresariais costumam influenciar os governos para a construção do melhor ambiente econômico para suas relações comerciais. As negociações internacionais voltadas para as questões comerciais internacionais são responsáveis por engajar tanto o aparato político quanto o diplomático dos países.As relações comerciais influenciam os resultados políticos quando os grupos de interesse se organizam e mobilizam suas forças em torno da defesa de seus interesses perante o Estado. Nesse sentido, as classes empresariais costumam influenciar os governos para a construção do melhor ambiente econômico para suas relações comerciais.
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