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AULA 1 MODELOS DE GESTÃO E GESTÃO POR PROJETOS Prof. Sandro Fabiano da Luz 2 INTRODUÇÃO A realização de projetos, em todas as organizações, pode ser entendida como uma importante forma de dinamizar a gestão e solidificar a estratégia organizacional. Na esfera privada, as instituições perceberam isso e utilizam-se de projetos para elevar a competitividade no mercado. Na esfera pública, por exemplo, o projeto tem sido extremamente utilizado como uma ordenação de ações que priorizam, como resultado final, a promoção do bem-estar social e o alcance de metas preestabelecidas. A utilização de projetos como ação importante em todas as esferas de administração nacional está sendo observada e faz com que ações, conceitos e novas metodologias sofram discussões, fazendo com que todos os interessados sejam beneficiados. Isso também faz com que seja necessário que todos os envolvidos, principalmente o núcleo tomador de decisões na esfera pública, trabalhe na atualização de formas diferenciadas e inovadoras, que tendem a otimizar o resultado de seus esforços. Neste capítulo introdutório sobre gerenciamento de projetos e o seu papel na gestão, vamos entender de que maneira os projetos funcionam e como tomar proveito deles em nosso dia a dia. TEMA 1 – GESTÃO ESTRATÉGICA DE PROJETOS Em todas as esferas organizacionais no Brasil, não existe uma única forma considerada ideal para se planejar um projeto. Dentro de cada organização, a forma de se trabalhar com os projetos existentes está diretamente ligada à maturidade da organização em que os projetos vão operar. Além da maturidade, é possível identificar a importância de uma clara estrutura organizacional, que vai ajudar a solidificar todas as decisões que serão tomadas pela gestão. Uma das formas mais significativas de se organizar os trabalhos relativos aos projetos em uma instituição é aproveitar os benefícios de concatenar ações coordenadas em prol de um bem-estar comum, que é uma situação possível de se observar, considerando a importância dos projetos, programas e portfólios que veremos a seguir. 3 1.1 Projetos, Programas e Portfólios Na esfera pública brasileira, as instituições envolvidas possuem a intenção de realizar o desenvolvimento de determinadas atividades-fim totalmente vinculadas às necessidades e também ao interesse direto da sociedade. Desta forma, com a intenção de sanar os anseios populacionais, elas podem demandar algumas ações de programas de gestão que ajudam na utilização racional dos recursos públicos disponíveis, visando a promoção de ações que gerem resultados planejados. Neste cenário, as metodologias existentes de gerenciamento de projetos surgem como ferramentas reais de apoio comprovado (Vieira et al., 2018). O trabalho com projetos pode ser organizado de forma a propiciar uma melhor otimização dos recursos escassos. Estes recursos podem ser pessoas, máquinas, dinheiro ou até redução no tempo de realização dos projetos. Para que isso seja realizado de forma correta, diversas ações realizadas dentro dos projetos devem ser aglutinadas em programas para auxiliar na tomada de decisão e no gerenciamento do projeto. Assim, a gestão estratégica pública pode se valer de projetos, programas e portfólios como forma de organizar suas ações em prol da melhor gestão dos recursos escassos. Inicialmente como conceito, os programas podem ser entendidos como um agrupamento de projetos com uma determinada afinidade estratégica comum (Vargas, 2018). Eles são estrategicamente agrupados, levando em conta particularidades como: afinidade, cronograma similar ou mesmo a utilização dos recursos de forma conjunta. De forma geral, os programas visam integrar, de forma plena, os projetos existentes. De forma similar, comportam-se os portfólios, com a diferença de que podem ser, em algumas ocasiões, um agrupamento de programas gerenciados em conjunto. Um portfólio, além de um agrupamento de programas, também pode ser composto por um conjunto de projetos que estrategicamente possuem relação direta. A gestão estratégica na esfera pública deve considerar o encadeamento de ações que, juntas, devem compor uma organização de projetos capazes de alcançar estes objetivos. Desta forma, de maneira mais visual, a organização de projetos, programas e portfólios pode se assemelhar ao gráfico a seguir. 4 Gráfico 1 – Projetos, Programas e Portfólios Fonte: Luz, 2022. Vale salientar os pontos de diferença existentes entre a esfera pública e a esfera privada na organização dos projetos de forma coordenada. Enquanto a esfera privada precisa se valer de um robusto planejamento estratégico, de forma a coordenar os projetos em conjunto para um objetivo, a esfera pública também precisa se valer de uma legislação que não pode ser desconsiderada. A esfera pública precisa se valer de uma grande legislação própria que regula a sua atuação. Neste sentido, segundo Giambiagi et al. (2008), as leis de licitações, bem como a Lei n. 8.666/93, que regula os processos de compras, dentre diversas outras, devem ser levadas em consideração, de modo que seja possível pensar e organizar os projetos de forma plena. Outro importante ponto na organização de projetos em uma instituição é o seu grau de maturidade para com projetos. Os autores Archibald e Prado (2015) realizaram uma pesquisa com mais de 70 profissionais atuantes na área de projetos em instituições públicas no Brasil. O levantamento indicou que a maturidade média dessas organizações, na área de gestão de projetos, foi de 2,5 em uma escala de 1 a 5 pontos. Ou seja, é possível verificar que muito foi realizado na área de gerenciamento de projetos em aderência à gestão pública, mas ainda existe um importante caminho a evoluir. O setor público é um ambiente complexo, porque envolve diversos e importantes atores, com interesses distintos, que possuem pouca preocupação com o risco observado no projeto. O desafio do setor público é considerar as práticas adequadas para viabilizar um diálogo vital entre os objetivos e as ferramentas de gestão de projetos disponíveis. Portfólio programa A programa B Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 Projeto 4 Projeto 5 Projeto 6 5 Em um cenário onde ocorre pressão popular aliada à insatisfação social, é necessário que haja constante busca por um incremento na eficiência da gestão, tendo a própria população como principal beneficiário. Um importante fator, que tem influência na elevação do interesse sobre a temática gerenciamento de projetos na área pública, é a crescente necessidade de controle e avaliações dos gastos públicos. Este movimento é crescente não somente no Brasil, mas em diversos outros países. TEMA 2 – RELAÇÃO ENTRE PROJETOS E PROCESSOS A atenção para com o gerenciamento de projetos é crescente, assim como o reconhecimento dos seus benefícios diretos nas organizações. Considerada, antigamente, apenas como uma ação dispensável na esfera privada, transformou-se em uma grande necessidade para todas as atividades brasileiras. Neste sentido, para que seja possível solidificar o entendimento sobre projetos, é importante realizar a separação entre o que pode ser considerado como projeto e o que pode ser considerado como processo existente nas instituições. A dificuldade em separar estes dois diferentes conceitos é tida como motivo principal para o erro no gerenciamento e na tomada de decisão nas organizações. 2.1 Relação entre projetos e processos Inicialmente, para verificar as particularidades existentes entre processos e projetos, é importante citar que todas as instituições precisam de ambos para realizar as suas funções. Os dois conceitos operam em consonância e cooperam mutuamente para que todas as organizações, tanto da esfera privada quanto da esfera pública, possam existir. Desta maneira,as instituições se valem de habilidades para gerir, de forma otimizada, os projetos e também os seus processos existentes. Contudo, o gerenciamento dos projetos e dos processos não pode ser considerado uma tarefa fácil, muito por conta de que a realização de ambos comumente é feita pela mesma pessoa em momentos distintos. Por isso, é importante considerar seus conceitos para solidificar o entendimento. Assim sendo, define-se os processos como as funções organizacionais existentes, que são repetitivas e também contínuas. Por outro lado, projetos 6 podem ser entendidos como atividades exclusivas e com seu final preestabelecido. A profunda observância destes dois conceitos possibilita a visualização de um importante diferencial existente entre eles. Os processos existentes em todas as esferas organizacionais são realizados sem prazo definido para a sua conclusão e de maneira repetitiva; já os projetos possuem prazo e objetivo previamente definidos. A grande semelhança existente entre eles indica que ambos são realizados por recursos limitados na organização e também gerenciados por um planejamento. Outro ponto de convergência verificado entre eles é que ambos devem ser executados e controlados. Na prática das organizações, é possível verificar a existência de um projeto que, com o seu final, pode levar à criação de um processo. Como exemplo, pode-se observar uma linha de produção em uma empresa de tênis. Antes do tênis como objeto ser realmente produzido na linha de montagem (processo), é necessária a criação de um projeto para definir o tênis, suas cores, tamanhos, público-alvo e outras características – ou seja, o projeto. Para apresentar estes conceitos de forma visual, o quadro a seguir ilustra uma síntese das diferenças existentes entre projetos e processos. Quadro 1 – Estrutura: Processos/Projetos Processos e Projetos nas Instituições Processos Projetos Proximidades Realizados por recursos limitados da organização (pessoas/máquinas); são planejados e estruturados Diferenças Repetitivo e contínuo Único e temporário Fonte: Luz, 2022. Assim sendo, é importante entender que os projetos e os processos são vitais para a sobrevivência institucional. Como eles operam de forma conjunta e em todas as esferas das organizações, o seu entendimento e gestão compõem uma importante ferramenta para os profissionais das mais diversas áreas. 7 TEMA 3 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE PROJETOS A humanidade já se vale da utilização de projetos a muito tempo. Cada civilização, a seu modo, realizou projetos, muitos deles ligados à área de construção civil, e, desta forma, utilizou noções de gerenciamento de recursos escassos com objetivo e prazo definido. Nos tempos atuais, o gerenciamento de projetos permanece importante para a engenharia; contudo, percebeu-se que este tipo de gerenciamento pode ser realizado em diversas outras áreas da sociedade. Desde a criação de um novo software até a publicação de um livro, pode-se utilizar atividades ligadas ao gerenciamento de projetos. Desta forma, o conhecimento sobre conceitos e a própria função do gerenciamento de projetos se torna importante ferramenta a ser aplicada nas organizações. 3.1 Conceito de projeto Existem diversos estudiosos que dialogam acerca da definição de projeto no mundo todo. Contudo, em linha geral, existe um consenso de que são trabalhos coordenados que possuem término previamente definido. Em seu conceito, os projetos também possuem, como meta final, geralmente, a criação de um bem intangível ou tangível específico. Um projeto é identificado como um empreendimento que não é repetitivo e possui um planejamento ou organização sequencial coordenada. Esta organização possui alguns eventos, considerando início, meio e fim. Os projetos também pretendem alcançar um objetivo previamente definido, que é realizado por pessoas ou recursos escassos de uma organização. O projeto possui limitantes administrados, como tempo, orçamento, recursos envolvidos ou até o grau qualidade pretendido (Vargas, 2018). 8 Figura 1 – Conceito de projeto Crédito: NicoElNino/Shutterstock A mais importante publicação sobre gerenciamento de projetos, o Guia PMBOK (2021, p. 4) indica que projeto é “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único. A natureza temporária dos projetos indica início e um fim para o trabalho do projeto ou uma fase do trabalho do projeto”. Ou seja, tanto na esfera pública quando na esfera privada, os projetos são o trabalho realizado com um gerenciamento de recursos organizacionais articulados de forma a garantir a entrega de um bem que não existia. Os trabalhos articulados que formam um projeto são regidos por considerações sobre orçamento, cronograma, escopo, qualidade, entre outros, que devem ser finalizados junto à entrega do produto final. Com relação ao conceito de projetos identificado pelo Guia PMBOK, vale enfatizar dois importantes pilares que vão dar subsídios fundamentais para o entendimento de projetos. Estes pilares representam os objetivos centrais do conceito, que versam sobre a finitude dos projetos, quando dialoga sobre “produto, serviço ou resultado único”; e a também sobre a sua temporariedade, quando identifica a “natureza temporária” como indicado no conceito. 9 Aprofundando um pouco o tema, sobre o âmbito da criação de um produto, serviço ou resultado único, é importante destacar que a palavra “única”, ou seja, exclusiva, é o principal ponto que distancia os projetos dos processos organizacionais. Esta concepção elucida a forma como os projetos auxiliam na entrega de um produto que anteriormente não existia. Assim sendo, os projetos podem ser utilizados nos mais diversos ramos de atividade humana, como construção civil, criação de softwares, exploração de petróleo ou até no terceiro setor. Por outro lado, o pilar que indica o projeto como um “esforço temporário” evidencia uma necessária dimensão temporal relativa à realização dos projetos, ou seja, eles apresentam um prazo previamente definido. Posterior ao alcance dos objetivos do projeto, é realizada a conclusão dele, ou, em outro cenário, quando o projeto não é mais útil ou mesmo possível. As duas características dos projetos, que identificam pilares de temporariedade e entrega única ou exclusiva, constituem dois importantes conceitos que diferenciam projetos dos processos em todas as instituições. Em todas as esferas, os projetos se apresentam como um importante auxílio ao desenvolvimento de um objetivo específico. Este objetivo é inexistente previamente e pode incluir o aperfeiçoamento organizacional em aderência a uma realização de estratégias institucionais determinadas. Eles podem existir como motivo de aumento no bem-estar social, adequação legal, construção civil nas mais diversas especificidades, pavimentação de ruas até na exploração espacial, entre vários outros. A utilização do gerenciamento de projetos já é uma realidade para a esfera pública, mesmo levando em conta as várias especificidades particulares do setor. Estas particularidades podem levar a uma maior burocracia no processo de gestão, que pode também ocasionar a perda na eficiência do alcance dos resultados pretendidos. Contudo, observa-se a preocupação do setor público quanto à utilização de mecanismos de gestão de projetos, que eram originalmente usados apenas no setor privado (Vieira et al., 2018). TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS DE PROJETOS E SEU CICLO DE VIDA Em todas as organizações, é vital o entendimento do ciclo de vida de um projeto, para que o seu próprio planejamento e monitoramento seja realizado de 10 forma plena. Por isso, é necessário o aprofundamento de suas características operacionais em uma linha do tempo própria. Isso é importante para que seja possível identificar em que momentoo projeto está enquadrado e, assim, tomar as decisões de forma coordenada. 4.1 Ciclo de Vida dos Projetos É possível identificar uma relação entre o ciclo de vida do projeto e a linha do tempo associada a ele. Esta relação apresenta informações sobre o progresso das atividades e auxilia também na tomada de decisão. Em todos os projetos existentes nas instituições, percebe-se que a linha do tempo possui as mesmas características. Desta forma, o ciclo de vida de um projeto é parecido em diversas situações. Um projeto pode ser dividido em algumas fases de desenvolvimento, que acontecem sistematicamente e acompanham o progresso de todas as atividades. A percepção correta das fases do projeto auxilia os responsáveis a tomarem decisões assertivas, além de realizar um eficiente controle e monitoramento dos recursos. O conjunto das fases observadas em um projeto é conhecido como ciclo de vida. A análise do projeto por seu ciclo de vida possibilita a correta percepção de todas as atividades que podem ser observadas em diferentes projetos (Vargas, 2018). O ciclo de vida apresenta uma possibilidade de otimização de atuação do gerenciamento do projeto em si, juntamente com o acompanhamento das atividades correlatas ao projeto. A observância de um ciclo de vida facilita a visualização de como o projeto está progredindo e a análise de intensidade de esforço necessário, de acordo com o que foi planejado anteriormente. Via de regra, um projeto é composto por atividades de diferentes intensidades ao longo do seu ciclo de vida. Em seu início, a concentração de atividades é relativamente menor, até quando as atividades começam a se intensificar de forma gradativa. Próximo ao seu fim, é possível perceber uma desaceleração gradual das atividades até o final efetivo do projeto. De acordo com a intensidade das atividades, um ciclo de vida se assemelha ao gráfico a seguir: 11 Gráfico 2 – Ciclo de Vida de um Projeto Atividades Tempo Fonte: Luz, 2022. A observância deste tipo de informação facilita o monitoramento das atividades e a tomada de decisão, porque, conhecendo o momento do ciclo de vida em que o projeto se encontra, é mais fácil ganhar efetividade em alguma alteração necessária dentro do projeto. Quanto mais cedo as alterações forem identificadas e processadas, maior o seu percentual de capacidade de aceitação e menor o percentual de rejeição. Isso acontece pelo fato de que, quanto antes uma possível alteração é identificada, menor é o número de atividades concluídas efetivamente e mais calculado seria o impacto nos trabalhos futuros. A linha do ciclo de vida de um projeto se assemelha, via de regra, à letra “S”; desta forma, este gráfico é também conhecido como curva S. Na esmagadora maioria dos casos, este gráfico se assemelha a uma curva com a letra S, independente das variáveis utilizadas. Neste caso apresentado anteriormente, as variáveis são o tempo e a atividade, contudo, caso as variáveis utilizadas fossem tempo e custo ou, ainda, tempo e utilização de recursos, a curva seria muito semelhante. TEMA 5 – MODELOS DE GESTÃO DE PROJETOS Dentro de uma organização, os projetos podem ser conduzidos das mais diversas formas. De acordo com a complexidade do projeto, a experiência do corpo técnico, seu tempo de conclusão e a própria vivência da organização com projetos, um determinado modelo de gestão pode ser adotado. É importante citar 12 que não existe um modelo fechado de gestão de projeto para cada situação. Cada organização pode escolher de que forma vai observar os projetos e controlar o andamento das atividades. 5.1 Diferentes formas de se gerenciar um projeto O ambiente em que os projetos são realizados é regido por uma série de restrições próprias de cada organização. Elas afetam determinantemente o andamento das atividades do projeto de diversas maneiras. Estas restrições podem ocorrer no cronograma do projeto, nos recursos disponíveis, na qualidade, entre vários outros pontos. É possível perceber vários outros fatores que afetam, em alguma medida, o andamento das atividades relacionadas aos projetos, que diz respeito à própria estrutura em que uma a organização opera. Questões relacionadas à estrutura organizacional vão muito além de cenário político ou forma de gerenciar a instituição, dizendo respeito a como o processo de informação é percorrido dentro das empresas. Sobre as mais diversas formas de se gerenciar projetos, vale identificar que a interação de diferentes fatores em uma organização cria um sistema único que afeta o projeto determinantemente. O sistema organizacional resultante auxilia na identificação de poder, influência, interesses e também das competências políticas das pessoas capazes de agir no sistema e que, consequentemente, atuam no projeto de forma direta ou indireta. Os fatores do sistema incluem elementos de gerenciamento, estrutura de governança e tipos de estrutura organizacional mesmo na esfera pública. De uma forma geral, existem diferentes tipos de estruturas organizacionais que indicam o poder do gerente do projeto e também revelam a maturidade organizacional de cada instituição para com os projetos. Com relação a estas estruturas, é importante citar que não existe uma categoria certa ou errada. Existe um sistema que opera em uma instituição e que se relaciona com o seu histórico, bem como com as pessoas que lá estão inseridas. 13 Figura 2 – Gerenciamento de projeto Crédito: wutzkohphoto/Shutterstock O gerenciamento de projetos, mais comumente utilizado no setor privado, está gradualmente se apresentando como importante alternativa para a busca da elevação no nível de maturidade em projetos nas instituições públicas. Este processo pode fazer com que diminua o número de projetos públicos que não obtiveram sucesso recentemente (Carvalho et al., 2014). Hoje em dia, em todas as organizações, o gerenciamento de projetos pode ser considerado como uma ação dinâmica e, também, uma atividade bastante complexa. Isso ocorre pelo fato de os projetos precisarem ser gerenciados por diferentes prismas, como escopo, riscos, mudanças e cronogramas, entre outros que, juntos, formam a integração de um projeto. Existem diversas métricas ou metodologias preestabelecidas no mercado e que facilitam o processo de gerenciamento de projetos. Comumente, o que se visualiza nesta área é o fato de que, quanto maior o projeto pelo prisma de custos e envolvidos, maior é será o documental necessário para a tomada de decisões. Isso ocorre sobretudo na esfera pública, em que é preciso se valer de legislação vigente, de orçamento pré-definido e sem possibilidade de alterações, das mais diversas ordens, entre diversos outros aspectos. Por isso, muitos 14 projetos vão precisar de um documental robusto, com arcabouço variado de procedimentos no seu ciclo de vida. Contudo, por outro lado, existe uma grande gama de projetos nos quais se percebe a existência de uma equipe com grande experiência e escopo totalmente conhecido. Nestas particularidades, pode ser utilizada a realização de um gerenciamento de projetos baseado em ágeis decisões, tanto com relação ao escopo do projeto, quanto a diversas outras decisões. Assim, como existem diversas particularidades com relação ao projeto, existem também diversos cenários em que este projeto pode acontecer. Determinar a melhor forma de se gerenciar os projetos do mundo com todas as suas particularidades é uma missão muito difícil. No mercado, hoje, existem inúmeras formas de se gerenciar projetos. Contudo, a forma mais comum são as boas práticas de projetos levantadas na publicação chamada Guia do Conhecimento de Gerenciamento de Projetos, também conhecido como Guia PMBOK. Esta publicação, realizada pelo Project Management Institute (PMI), é conhecida pelo mercado comoa principal e uma das mais antigas publicações sobre o tema. Assim, o Guia PMBOK se apresenta como uma literatura importante para se observar o gerenciamento de projetos. Entretanto, em alguns ambientes complexos, onde as decisões de projetos são realizadas de forma fluída, ou, ainda, quando existem alguns projetos cuja entrega final ainda não é totalmente conhecida, é mais comum tratar estes projetos pelo prisma de gerenciamento ágil. Uma maneira de se gerenciar projetos em ambientes ágeis é o Scrum, que, de acordo com Cruz (2013, p. 31), “é um framework para gerenciamento de projetos ágeis que, apesar de muito utilizado na área de desenvolvimento de software, pode ser utilizado para o planejamento, gerenciamento e desenvolvimento de qualquer produto, principalmente por ser um framework iterativo e incremental”. De forma geral, os projetos ágeis nada mais são do que os projetos, gerenciados por algumas organizações, cuja fluidez nas decisões acaba tendo um nível maior se comparado aos projetos com escopo totalmente fechado. O Scrum é mais utilizado em cenários nos quais existe a necessidade de maior agilidade, tanto na tomada de decisão, quanto nos processos para o seu gerenciamento. 15 Com a utilização do gerenciamento ágil, a literatura sobre projetos teve um novo campo de atuação, agora voltado para uma metodologia de gerenciamento de projetos que priorize a rapidez, a utilização de uma burocracia muito pequena ou quase inexistente, e uma tomada rápida de decisão. Com este cenário, estavam lançadas as bases para a criação de um novo modelo de gerenciamento de projetos que seria denominado como metodologia ágil de projetos. Todavia, o Scrum é somente uma das formas de se gerenciar projetos ágeis, existe o Crystal, Feature-Driven Development (FDD), Dynamic System Development Method (DSDM), Kanban, Extreme Programming (XP), Modelos Híbridos, entre diversos outros. Modelos de gerenciamento ágeis são criados a cada dia e possuem a intenção de auxiliar na tomada de decisão em ambientes onde os projetos são necessários. O mesmo vale para os projetos preditivos, ou projetos cujo ambiente possibilita o seu gerenciamento de forma linear, que é o caso do modelo de gerenciamento de projetos estipulado pelo Guia PMBOK, Prince2, Canvas, entre diversos outros. Ainda é bastante comum a existência de ambientes onde ocorrem projetos em que existe a utilização de diversos modelos observados em conjunto, cada um com a sua particularidade. Uma metodologia de gerenciamento de projetos surge como importante opção que facilitará as organizações públicas no gerenciamento de importantes práticas gerenciais. A utilização de projetos vem se consolidando como uma iniciativa que permite aos gestores contribuir para a governança, com foco na transparência, eficiência e efetividade (Clemente et al., 2017). Contudo, com o passar do conteúdo, verificaremos com detalhes muitos destes modelos ou possibilidades de gerenciamento de projetos, muito pela comprovada eficiência em ambientes de projetos, e também para facilitar a tomada de decisão em todas as esferas. 16 REFERÊNCIAS ARCHIBALD, R.; PRADO, D. Pesquisa Sobre Maturidade em Gerenciamento de Projetos: Governo a Administração Direta e Indireta. MPCM – Maturity by Project Category Model. 2015. CARVALHO, K. E. M.; PISCOPO, M. R.; Fatores de Sucesso da Implantação de um PMO: Um Caso na Administração Pública. Revista Gestão & Tecnologia, Pedro Leopoldo, v. 14, n. 3, 2014. CLEMENTE, D. H.; MARX, R.; CARVALHO, M. M.; Gestão de Pojetos no Setor Público: Uma Análise Bibliométrica (1988-2014). Gestão da Produção, Operações e Sistemas, Bauru, v. 12, n. 2, 2017. CRUZ, F.; Scrum e Guia PMBOK: Unidos no Gerenciamento de Projetos. Rio de Janeiro: Brasport, 2013. GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C.; Finanças Públicas: Teoria e Prática no Brasil. São Paulo: Campus, 2008. VIEIRA, K. M.; KREUTZ, R. R.; A Gestão de Projetos no Setor Público: Os Desafios de suas Especificidades. Revista de Gestão Pública, v. 9, n. 1, 2018. VARGAS, R. V. Gerenciamento de Projetos: Estabelecendo Diferenciais Competitivos. Rio de Janeiro: Brasport, 2018. PMI. Project Management Institute. PMBOK – A guide to the project management body of knowledge (PMBOK Guide). 7. ed. Newtown Square: PMI, 2021.