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Universidade Paulista – UNIP Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa Local: Metro Belém Data: 28/08/2022 Duração: 2h Aluno(a): Tânia Aparecida Ferreira Teodoro RA: F130509 - TURMA: PS6S33 ESTÁGIO BÁSICO DO NÚCLEO COMUM RELATO INDIVIDUAL TEMA DA OBSERVAÇÃO: POPULAÇÃO DE RUA OBSERVAÇÃO: A observação se dá no Metrô Belém lugar de acesso a ônibus e metrô e por esse motivo o fluxo de pessoas é muito grande principalmente durante a semana. Observo alguns moradores de rua próximo ao banheiro e próximo aos ônibus. São três moradores que fizeram de um pequeno espaço a sua casa. Um deles aparenta 58 anos, moreno bem alto e magro vestindo uma calça jeans um pouco suja, chinelos e blusa de frio. O espaço onde ele ocupa é organizado com um colchão com lençol e ao lado ele colocou suas poucas coisas, como garrafa de água, cobertor, e um tênis, tudo em cima de um caixa de madeira. Como se trata de uma tarde fria, vejo dois moradores de rua ao lado dele com cobertor ao redor do corpo e alguns cobertores no chão que acredito que seja deles. Estão conversando e parecem indignados com algo, um deles fala bem alto e gesticula com as mãos. As pessoas que passam a todo momento quase não observam ao seu redor, talvez pela correria do dia ou até mesmo porque aquele cenário já é normal é habitual. Mais à frente observo um senhor de aproximadamente 58 anos sentado no chão com um coberto preto, ele tem um olhar triste e quando as pessoas passam ele ergue a mão pedindo ajuda, mas poucas pessoas contribuem com alguma moeda, algumas passam e finge que não vê, ou não vê mesmo. Percebo que algumas pessoas passam próximo, mas com um certo receio, muitos até fingem que não estão ouvindo ele pedir e passam direto. Infelizmente acaba ocorrendo uma generalização a respeito dos moradores de rua, e eles mesmo se afastam, alguns aparentam solidão e outros parecem levar a situação com normalidade como se já estivesse acostumado. Percebe o quanto é solitário essa vida das ruas, enquanto eu andava pelo Metro na mesma calçada está um homem que carregava um cobertor e uma garrafa, quando ele me viu atravessou rápido como se estivesse fugindo. Infelizmente a forma que são tratados e visto pela nossa sociedade pode causar esse sentimento de inferioridade, como se o mundo que eles vivem não fizesse parte do nosso mundo. COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nesta observação foi possível perceber como o número de idosos tem crescimento na população de rua. Idosos estão cada dia mais vivendo em situação de abandono, sem nem tipo de cuidado sem ter a quem recorrer, vivendo de forma desumana e muitas vezes estão nas ruas a muito tempo, resultado de diversas situações que ocorreram em suas vidas, e devido ao abandono passam a desenvolver problemas físicos e mentais. Segundo Broide (2021, p.39), “Obviamente, a fragilidade do idoso em situação de rua está seriamente agravada por sua condição e tende a aumentar exponencialmente. Dormir ao relento, em abrigos ou mesmo em equipamentos para idosos é estar em contato direto com a violência”. O Metrô Belém é um dos lugares que encontramos moradores de rua, mas sabemos que no centro de São Paulo há muitos moradores de rua inclusive idosos que se alojam em diversos lugares, alguns em cabanas improvisadas com papelão, debaixo de pontes, outros vão para abrigos ou ficam ao relento mesmo. Alguns se escondem como se estivessem com medo ou com receio porque infelizmente são vistos como indesejáveis, como poluidores do espaço urbano principalmente no inverno (FILGUEIRAS 2020). E possível observar que existe igrejas e instituições que se compadecem do sofrimento da população de rua, mas infelizmente são atitudes de poucos. É necessário de alguma forma trazer acolhimento, empatia, olhar com cidadania, porque eles não perderam seus diretos e sua identidade porque estão nas ruas. O preconceito contra essas pessoas é manifestado corriqueiramente e xingamentos – como vagabundo, maloqueiro, preguiçoso e mendigo – são muito comuns. Esses modos de denominar esses indivíduos acabam influenciando a forma deles próprios se perceberem. Diante desta realidade, podemos concluir que é urgente o resgate da identidade da pessoa em situação de rua. Ela precisa, antes de qualquer outra demanda, recuperar a sua própria percepção de que é um ser humano como todos os outros. Após esse resgate, é necessário também afirmar essa identidade perante a sociedade e o Estado. Nossa sociedade não pode continuar não enxergando tanta gente. Precisamos passar a olhar os moradores de rua como pessoas que vivem numa situação precária, mas que possuem muitas potencialidades, direitos, enfim, é preciso um olhar mais cidadão. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014, p.10). A falta de interesse do estado influencia diretamente no comportamento da sociedade, haja vista que os moradores de rua são tratados como se não fizessem parte de nossa sociedade. Nesse sentido, devem ser desenvolvidas políticas que atuem na causa do problema, não somente em serviços de distribuição de alimentos e outros objetos que sabemos que tem sua importância, mas é necessário proporcionar dignidade para todos independência de onde e de como essa pessoa está vivendo. REFERÊNCIAS: BROIDE, Jorge. Envelhecer vivendo nas ruas experiência radical do desamparo, vol.32, n 81, p. 32-45, dez. 2021.Disponível em: https://www.sescsp.org.br/wp-content/uploads/2022/01/Artigo2.pdf. Acesso em: 28 ago. 2022. FILGUEIRAS, Cristina. Moradores de rua: um problema público invisível e hiper visível nas cidades brasileiras. Revista Colombiana de Sociologia, Bogotá, vol.43, n.p.,08. maio 2021.Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S012159X2020000200109.Acesso em: 28. ago. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde: Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Coordenação Geral de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social: Saúde da população em situação e rua, Brasília, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_populacao_situacao_rua.pdf. Acesso em: 28 ago. 2022.