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TÉCNICAS DE MAQUIAGEM, VISAGISMO E DESIGN DE SOBRANCELHAS (Unidade 1) Leticia Chaves; Jucelma da Silva Cardoso; Flávia Garramone; Francisca Kelcia de Sousa Lima; Kelly Nara Grego Correa; Caroline Borges Azevedo; Lucimar Fernandes de Lima; Bruno César de Albuquerque Ugoline. Organizadora: Cynthia de Cássia. Técnicas de maquiagem, visagismo e design de sobrancelhas © by Ser Educacional Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Imagens e Ícones: ©Shutterstock, ©Freepik, ©Unsplash, ©Wikimedia Commons. Diretor de EAD: Enzo Moreira. Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato. Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa. Equipe de Designers Instrucionais: Carlos Mello; Gabriela Falcão; Isis Oliveira; José Felipe Soares; Márcia Gouveia; Mariana Fernandes; Mônica Oliveira; Nomager Sousa. Equipe de Revisores: Emily Pacífico; Everton Tenório; Lillyte Berenguer; Nathalia Araujo. Equipe de Designers gráficos: Bruna Helena Ferreira; Danielle Almeida; Jonas Fragoso; Lucas Amaral; Sabrina Guimarães; Sérgio Ramos e Rafael Carvalho. Ilustrador: João Henrique Martins. Chaves, Leticia; Cardoso, Jucelma da Silva; Garramone, Flávia; Lima, Francisca Kelcia de Sousa; Correa, Kelly Nara Grego; Azevedo, Caroline Borges; Lima, Lucimar Fernandes de; Ugoline, Bruno César de Albuquerque. Organizador(a): Cássia, Cynthia de. Técnicas de Maquiagem, Visagismo e Design de Sobrancelhas. Recife: Editora Grupo Ser Educacional e CENGAGE- 2023. 42 p.: pdf ISBN: --- Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com Iconografia Estes ícones irão aparecer ao longo de sua leitura: ACESSE Links que complementam o contéudo. OBJETIVO Descrição do conteúdo abordado. IMPORTANTE Informações importantes que merecem atenção. OBSERVAÇÃO Nota sobre uma informação. PALAVRAS DO PROFESSOR/AUTOR Nota pessoal e particular do autor. PODCAST Recomendação de podcasts. REFLITA Convite a reflexão sobre um determinado texto. RESUMINDO Um resumo sobre o que foi visto no conteúdo. SAIBA MAIS Informações extras sobre o conteúdo. SINTETIZANDO Uma síntese sobre o conteúdo estudado. VOCÊ SABIA? Informações complementares. ASSISTA Recomendação de vídeos e videoaulas. ATENÇÃO Informações importantes que merecem maior atenção. CURIOSIDADES Informações interessantes e relevantes. CONTEXTUALIZANDO Contextualização sobre o tema abordado. DEFINIÇÃO Definição sobre o tema abordado. DICA Dicas interessantes sobre o tema abordado. EXEMPLIFICANDO Exemplos e explicações para melhor absorção do tema. EXEMPLO Exemplos sobre o tema abordado. FIQUE DE OLHO Informações que merecem relevância. SUMÁRIO UNIDADE 1 Anatomia da pele e estrutura dos pelos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 15 Biotipos cutâneos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �17 Fâneros � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �21 Harmonização facial: seu traço e formas em design de sobrancelha � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 22 Tipo de sobrancelhas conforme o formato do rosto � � � � � � � � � � � � � � � � 25 Visagismo aplicado ao design de sobrancelhas � � � � � � � � � � � � � � � � � �26 Harmonização com o uso da simetria facial� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 29 Medição de sobrancelhas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 30 Materiais necessários para o design de sobrancelhas � � � � � � � � � � � � � � � 31 Modelagem de sobrancelhas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 32 Simetria facial � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �33 Variações de largura da sobrancelha � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 36 Variações entre a distância da sobrancelha � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 37 Passo a passo – desenho e modelagem � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 37 Biossegurança no design de sobrancelhas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 38 Materiais utilizados e cuidados � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 39 Apresentação Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à disciplina de Técnicas de maquiagem, Visa- gismo e Design de Sobrancelhas. Esta disciplina tem como obje- tivo apresentar as principais técnicas de maquiagem, modelagem dos pelos e valorização da beleza facial, levando em consideração a biossegurança. Ao longo dos materiais, você irá conhecer e se aprofundar acerca dos princípios e conceitos do visagismo, maquiagem e valo- rização do olhar. Está animado(a)? Temos certeza de que os conteú- dos abordados auxiliarão você em seu desenvolvimento profissional e prática clínica. Bons estudos! Autoria Leticia Chaves. Formada em Letras Francês/Português pela PUC-SP, possui pós- -graduação em Docência no Ensino Superior. É sócia e diretora da Agência Boucle, uma empresa com foco na educação/capacitação de profissionais da área da beleza. Atua como docente do Curso de Es- tética e Cosmética da Universidade Cruzeiro do Sul, onde também é coordenadora do curso de Formação Profissional. Cabeleireira for- mada pela Soho Hair Academy, também possui formação em aca- demias como o Instituto LLongueras, Vidal Sasson Academy e Pivot Point Academy, além de ser revisora técnica dos livros “Spa e salões de beleza” e “Tricologia e a química cosmética”, ambos da editora Milady. Jucelma da Silva Cardoso. Graduada em Estética e Cosmética pela IESP. Possui pós-graduação em Terapias Naturais e Holística pela Faculdade Estratego (Núcleo Avançado de Pós-graduação), da Paraíba. Atuou como professora na área Capilar e Podologia no Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e Senac do Rio Grande do Norte; no Senac da Paraíba, atuou como docente na área Capilar, Podologia, Depilação Corporal e Facial. Atualmente trabalha em uma clínica de estética em João Pessoa, PB, e atua na administração de cursos livres. Currículo Lattes Currículo Lattes Flávia Garramone. Especialista em Docência no Ensino Superior pela Universidade Ca- tólica Dom Bosco (UCDB) e em Acupuntura pela Faculdade de Me- dicina Chinesa (FTEBRAMEC); também é tecnóloga em Estética e Cosmetologia pela Universidade Anhembi Morumbi. Possui expe- riência em estética clínica, Spa e docência desde 2006. Ministrou aulas de estética facial, corporal e eletroterapia, atuando também como auxiliar de coordenação pedagógica. Atualmente é professora conteudista em EaD. Francisca Kelcia de Sousa Lima. Bacharel em Estética e Cosmetologia, formada pela Universidade Anhembi Morumbi, e pós-graduanda em Docência de Ensino Supe- rior e Tutoria em EaD. Atua na área da estética em vários segmentos há quase 10 anos, como clínicas de estética, cirurgia plástica e Spas. Como consultora, produz, desenvolve e implementa projetos rela- cionados à estética em clínicas. Docente de diversos cursos na área da estética, já ministrou aulas em instituições de renome como Cruz Vermelha, Senac e Universidade Braz Cubas como tutora do curso de estética EaD, além de produzir conteúdos relacionados à área da beleza e bem-estar para cursos de estética. Currículo Lattes Currículo Lattes Kelly Nara Grego Correa. Graduada em Estética Facial, Corporal e Capilar pelo Centro Uni- versitário Anhanguera, e em Pedagogia - Formação Pedagógi- ca paraPortadores de Diploma pela Faculdade Unigran Capital. É pós-graduada em Estética e Imagem Pessoal pela Faculdade Uni- gran Capital, e em Ludopedagogia Infantil pela Faculdade Famart. Atuou como supervisora de práticas assistidas no curso de Estéti- ca no Centro Universitário Unigran Capital entre os anos de 2017 e 2019. Atualmente trabalha com atendimentos estéticos particulares e clínicos. Caroline Borges Azevedo. Graduada em Estética e Cosmetologia, e em Química Industrial; as- sim como é mestre em Ciências, todos pela Universidade de Franca, SP. Atuou como docente em cursos técnicos e tecnológicos em Es- tética na Universidade de Franca e na Unilago, em São José do Rio Preto – SP. Foi docente em cursos de Engenharia nas disciplinas na área de química, na Unilago. Foi professora substituta no Insti- tuto Federal de São Paulo, Campus Catanduva, no curso técnico de Química integrado ao Ensino Médio. Atualmente é doutoranda na Universidade de Franca, SP, bolsista Fapesp, com projeto na área de química voltada à saúde. Currículo Lattes Currículo Lattes Lucimar Fernandes de Lima. Graduada em Estética e Cosmética pela Universidade Potiguar – RN; especialista em estudos em Tricologia pela Faculdade de Paraíso do Norte; e mestre em Ciência, Tecnologia e Inovação pela Universi- dade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente é doutoranda em Biotecnologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bruno César de Albuquerque Ugoline. Farmacêutico Industrial graduado pelo Centro Universitário New- ton Paiva, MG, (2006); Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Pitágoras, MG, (2012); Mestre e Doutor pelo Progra- ma de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Ouro Preto (2012 e 2017). Trabalhou no mercado farma- cêutico por cerca de 8 anos, com principal atuação no setor magistral e em programas institucionais de controle do uso de entorpecentes. Experiência em docência do ensino superior desde 2012 em Institui- ções como UNEC (Caratinga/MG) e UNIBH. Professor convidado de pós-graduação em Controle de Qualidade de Medicamentos (Univi- çosa, 2012). Foi professor substituto nas disciplinas de Farmacotéc- nica, Introdução às Operações Unitárias e Estágio na Universidade Federal de Ouro Preto (2017 a 2019). Atualmente, é Coordenador da área da saúde e professor titular da Faculdade Santa Rita (FaSaR/ MG) e membro do banco nacional de avaliadores de instituições de ensino superior do INEP/MEC. Currículo Lattes Currículo Lattes Organizadora Cynthia de Cássia. Olá, estudante! Sou a professora Cynthia de Cássia. Sou tecnóloga em Estética e Cosmética e docente do Grupo Ser Edu- cacional há alguns anos, lecionando para o curso de Estética, Cos- mética e Podologia. Sou especialista em Metodologia do Ensino a Distância e pós-graduanda em Estética e Cosmética. Além disso, sou graduanda em biomedicina pelo Grupo Ser Educacional. Possuo experiência profissional na área de maquiagem social e artística há dezoito anos, tendo trabalhado na equipe de cabelo e maquiagem das cerimônias de abertura e encerramento dos jogos olímpicos e paralímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Além disso, lecionei tem- porariamente no SENAC Paulista em Pernambuco para o curso téc- nico de Estética, além de realizar atendimentos pós-operatórios e terapêuticos até hoje e ministrar palestras e cursos dentro da minha área de atuação. Currículo Lattes UN ID AD E 1 Introdução e conceitos relacionados ao design de sobrancelhas Objetivos 1. Conhecer os principais conceitos relacionados à anatomia, fi- siologia e anatomia dos pelos. 2. Compreender os principais formatos da face. 3. Conhecer a técnica de desenho e modelagem das sobrancelhas. 4. Identificar o material necessário para a técnica de design e como utilizá-lo. 14 Introdução A expressão que vai além do olhar trata da anatomia da pele e da es- trutura dos pelos. Aqui você conhecerá mais sobre os estudos ana- tômico, histológico e fisiológico dos pelos, além do estudo da face. Faz parte dos conhecimentos necessários para o profissional de estética a anatomia, fisiologia e histologia dos pelos, bem como o estudo da face, necessário para compreender qual o melhor formato e tamanho de sobrancelha para cada tipo de rosto. Para isso, é ne- cessário que o tecnólogo também conheça como realizar o procedi- mento do desenho e modelagem das sobrancelhas. Portanto, neste material, você conhecerá os principais con- ceitos acerca da anatomia, fisiologia e histologia do pelo, além do procedimento de desenho e modelagem das sobrancelhas, assim como entenderá os formatos do rosto e sua influência nos designs. Sendo assim, vamos dar início ao nosso conteúdo. 15 Anatomia da pele e estrutura dos pelos A pele representa 15% do peso corpóreo, constitui o revestimento do organismo e é o órgão de proteção contra agentes nocivos físicos, químicos ou biológicos. Infere-se que seja um órgão de perfeita sin- tonia com o organismo, refletindo, através de si, o estado de saúde do indivíduo. A pele é constituída pela epiderme, derme e hipoder- me. Leia atentamente as informações a seguir. Epiderme De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia ([s.d.], [n.p.]), a epiderme “é a camada mais externa da pele, aquela que você pode ver a olho nu. A principal função da epiderme é formar uma barreira protetora do corpo, protegendo contra danos externos e dificultan- do a saída de água (do organismo) e a entrada de substâncias e de micróbios no organismo”. As células que produzem melanina (pig- mento que dá cor à pele), os melanócitos, se encontram na epider- me, que por sua vez origina as unhas, pelos, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas. Derme A derme é a camada de tecido conjuntivo rica em mucopolissaca- rídeo e material fibrilar, inervada e irrigada. Como característica, apresenta elasticidade e flexibilidade e é a parte do órgão de prote- ção contra agentes que a ultrapassaram. É constituída de três par- tes: derme papilar (rica em finos feixes de fibra colágena), derme reticular (rica em densos feixes de fibra colágena) e adventicial (fi- nos feixes colagenosos dispostos nos anexos e vasos). Hipoderme A hipoderme é a camada posterior à derme, constituída de lóbulos de células adiposas delimitadas e septos conjuntivos elásticos. Como a derme, é uma camada de pele irrigada, porém, na derme, existe um plexo subpapilar composto por capilares. Os vasos da pele, além da função metabólica e de nutrição, têm importância no controle da regulação da temperatura corporal e da pressão sanguínea. 16 Figura 1 – Estrutura da pele. Fonte: Shutterstock (2020). Com relação aos nervos sensitivos, estes formam órgãos ter- minais específicos da pele no que se refere à sensibilidade. São eles: • Corpúsculos de vater-pacin Localizados no subepidérmico. Têm a função de sensibilidade tátil e pressão. • Corpúsculos de Meissner Encontrados nas polpas digitais. Têm relação com a sensibilidade tátil. • Corpúsculos de Krause Receptores de frio (órgãos terminais subcutâneos). • Meniscos de Merkel-Ranivers Relacionados ao tato. 17 Tendo em vista esta estrutura complexa, o profissional de design deve manobrar a pinça com uma força mínima quando to- car a pele do cliente. Ao fazer isso, o ele deve observar as variações dos pelos na espessura cutânea e na região superior da órbita ocu- lar, verificando se existe uma variação entre a sobrancelha direita e esquerda. O profissional de design deve, também, avaliar o nível de umidade na superfície de área e a hidratação da própria pele, pois estes fatores podem refletir no resultado. Uma pele muito úmida precisa ser muito bem higienizada com sabão e adstringentes, dei- xando o PH dessa área mais equilibrada, facilitando o deslizamento e a precisão da pinça. Biotipos cutâneos Para o exercício da prática profissional, também é importante saber sobre os tipos de pele. Vejamos. Pele oleosa: esta pele é brilhante,tem um aspecto engordurado e dá a sensação de que está sempre pegajosa. O acúmulo de óleo pode entupir os poros, provocando cravos e espinhas. Isso acontece devi- do a uma hiperatividade das glândulas sebáceas causada por fatores genéticos ou por disfunções hormonais. No caso dos homens, a pele apresenta tendência à oleosidade devido aos hormônios masculinos que estimulam a atividade das glândulas sebáceas, por terem mais pelos no rosto e por estas células se concentrarem mais em regiões onde eles se fazem presentes. A boa notícia é a seguinte: como vive bem lubrificada, a pele oleosa demora muito mais para exibir rugas e linhas de expressão. Pele mista: a pele das laterais do rosto é opaca, enquanto a região que engloba a testa, o nariz e o queixo (zona T) brilha, tem cravos e poros dilatados. Quer ter certeza de que este é o seu tipo de pele? Então, lave o rosto com um sabonete em barra, que costuma ter pH alcalino no alto. Se a região das maçãs repuxar e a zona T ficar livre do brilho, sua pele é mesmo mista. No mercado, existem várias li- nhas de cosméticos dedicadas a ela, mas uma sugestão válida é usar produtos para pele oleosa no verão (especialmente se você mora em um lugar muito quente), deixando para aplicar loções para peles mistas nas outras estações do ano. 18 Pele seca: em geral, este tipo de pele revela-se à medida que os anos avançam. Seu aspecto é ligeiramente áspero, fino e opaco, descama facilmente, tem pouca elasticidade e, por isso mesmo, é propenso a rugas e flacidez. Na verdade, até mesmo uma pele extremamente oleosa na juventude pode se transformar em seca mais tarde, pois a produção de sebo diminui com a idade. A pele funciona como uma armadura: suas estruturas prote- gem o corpo das agressões do meio ambiente, como bactérias, fun- gos, condições climáticas, poluição e substâncias químicas. Além de proteger o corpo, a pele produz para si uma camada de proteção, chamada manto hidrolipídico. Esta camada é formada por uma mis- tura de gordura, produzida pelas glândulas sebáceas, e suor, fabri- cado nas glândulas sudoríparas, e tem como função lubrificar a pele e os pelos; lubrificação que é fundamental, pois a camada de sebo e suor torna a pele mais resistente às infecções. Assim, fungos ou bactérias presentes no ar têm mais dificuldades de penetrar na pele e causar doenças, como as conhecidas micoses e o impetigo (infec- ção comum que afeta a camada mais superficial da pele, atingindo principalmente crianças). Figura 2 – Estrutura da epiderme. Fonte: Shutterstock (2020). 19 O manto hidrolipídico também protege a pele dos agressores externos que estão no ar, como o pó, pólen, pelos etc. Sem proteção, esses agentes irritam a pele, causando dermatites (inflamações). Além disso, a pele fica mais protegida da ação de moléculas das substâncias químicas, como aquelas que fazem parte dos detergen- tes e de outros produtos de limpeza, substâncias que podem causar grande irritação, como vermelhidão, inchaço, coceira e secreção. A micropigmentação é a implantação de pigmentos exóge- nos na camada subepidérmica da pele. Pigmentos são substâncias coradas, algumas das quais são elementos constitutivos normais das células, como a melanina, ao passo que outras são anormais e se acumulam nas células somente em algumas circunstâncias. Os vários pigmentos diferem muito na sua origem, constituição quí- mica e significados biológicos. Os pigmentos podem ser exógenos, oriundos de fora do corpo, ou endógenos, sintetizados dentro do próprio corpo. A cor da pele depende da combinação de quatro pigmentos da epiderme e da derme: • Vermelho: hemoglobina oxigenada nas arteríolas e capilares; • Azul: hemoglobina desoxigenada das vênulas; • Amarelo: quaisquer carotenoides ingeridos ou bile incomple- tamente metabolizada; • Marrom: melanina epidérmica, que é o pigmento mais im- portante na determinação da cor da pele. A melanina é formada por células dendríticas especializa- das. Os melanócitos formam a melanina por oxidação da tirosina, da qual se origina a dioxifenilalanina (ou DOPA), e desta, a melani- na. A oxidação é catalisada pela enzima tirosinase, existente no seu citoplasma. 20 As células dendríticas especializadas fabricam grânulos de pigmento com cerca de meio mícron de comprimento (1 mícron ou = u 1/1000 mm), passando-os para células epidérmicas por meio de seus pro- longados, processo este que recebe o nome de melanogênese. A quantidade de melanina na epiderme pode aumentar ou di- minuir pela exposição ao sol, como acontece com os veranistas nas praias, na gravidez (mancha escura na face ou cloasma gravídico), por conta de lesões de pele, emagrecimento ou na velhice. Além dis- so, é muito frequente o aparecimento de manchas ou tumorações escuras na pele, denominadas nevos pigmentados, nevos celulares ou nevos melanocíticos. A cor escura ocorre devido a acúmulos de melanóticicos, proliferados por anomalia do desenvolvimento. A diminuição ou a perda de pigmentação da pele é vista em dermatites (hanseníase), cicatrizes, manchas senis, vitiligo, albi- nismo etc., em consequência da formação deficitária de melanina pelos melanócitos. O vitiligo caracteriza-se pela presença de áreas pigmentadas, brancas, em qualquer parte da pele, que têm início nos punhos, nas axilas e na região periorbitária e peribucal. No caso de vitiligo, que pode ser genético, os melanócitos inexistem, e se percebe um mecanismo autoimune de destruição dos melanócitos em virtude da presença de anticorpos circulantes contra eles. No al- binismo, os melanócitos estão presentes, mas não formam a mela- nina por carência de tirosinase. Você já deve saber que a micropigmentação é uma forma de pigmentação localizada e exógena da pele. Os pigmentos inoculados são fagocitados pelos macrófagos dérmicos, nos quais passam a re- sidir para o resto da vida do pigmentado. Esta é a razão pela qual é de suma importância analisar a predominância de pigmentação clara ou escura naquele que venha a ser pigmentado, uma vez que é efe- tuada uma soma de pigmentos ao realizar a técnica. VOCÊ SABIA? 21 Fâneros Chamamos de fâneros as estruturas visíveis da pele, a saber: cabe- los, pelos e unhas. Os pelos são constituídos de células queratiniza- das, produzidas nos folículos pilosos. São responsáveis por proteger áreas orificiais e os olhos. Além disso, exercem função sensorial de- vido a sua rica inervação. São constituídos de haste (onde a cutícula externa é composta de queratina compacta e coesa) e raiz. O cabelo cresce em média 0.37 mm/dia de maneira intermi- tente. Os pelos podem ser do tipo lanugem (fino, claro e pouco de- senvolvido) ou terminal (espesso, pigmentado). O pelo é formado por três camadas distintas: • a medula é a parte mais interna do eixo capilar, possuindo en- tre duas e cinco fileiras de células pouco conectadas. Os fios são muito finos e podem ou não apresentar medula desconti- nuada. Por isso, é mais comum em fios mais grossos; • o córtex é formado por queratinócitos bem compactados, cor- respondendo em até 90% da massa capilar. Proporciona elas- ticidade e solidez aos fios e abriga os grânulos de melanina produzidos pelo melanócito; • a cutícula é a parte mais externa do pelo, formada por células bastante queratinizadas e sobrepostas, similar a escamas. Por ser a porção mais externa, sofre maiores desgastes e possui a função de proteger o córtex física e quimicamente, além de proporcionar brilho aos fios. Com relação ao pelo, também é importante falar sobre as glândulas sebáceas e sudoríparas: • as glândulas sebáceas são responsáveis pela secreção sebá- cea, que é valiosa na proteção contra as bactérias e fungos. Estas glândulas desembocam no folículo pilossebáceo e estão distribuídas por todo o corpo, exceto nas regiões palmoplan- tares. A principal função destas glândulas é de equilíbrio de temperatura e controle hídrico; 22 • as glândulas sudoríparas, que se abrem na superfícieda pele, são divididas em écrinas e apócrinas. As glândulas sudorípa- ras écrinas são distribuídas, em particular, pelas regiões pal- moplantares e são constituídas pelo glomérulo, pelos canais sudoríparos, intradérmicos e intraepidérmicos. Glândulas sudoríparas ápocrinas situam-se nas regiões axilar, anoperi- neal, inguinal e ao redor dos mamilos. Diferente das glându- las écrinas, desembocam no folículo polissebáceo ou nas suas proximidades. Figura 3 – Glândulas da pele. Fonte: Senda1234 / Wikimedia Commons (2023). Disponível em: https://commons. wikimedia.org/wiki/File:Skin_Glandes_-_es.svg Harmonização facial: seu traço e formas em design de sobrancelha O conceito de proporção áurea, descoberta por matemáticos gregos da antiguidade, é fundamental para a estética, pois se trata de uma proporção considerada perfeita. Com o estudo da proporção áurea, conseguimos analisar o rosto em cada parte e a sua totalidade, para que, por meio desse mapeamento facial, possamos encontrar os 23 pontos estéticos e proporcionais. Assim, é possível enquadrar todos os elementos e distribuí-los harmonicamente no rosto, por meio dos recursos técnicos de embelezamento facial para a harmoniza- ção da imagem total, incluindo ambientes e adornos. O rosto revela muito sobre as pessoas, tanto em leituras ob- jetivas quanto em leituras subjetivas. As informações são coleta- das por meio de análises críticas e especulativas. O estudo do rosto é fundamental na formação do visagista; este profissional tem que ser especialista em tudo que se relaciona ao rosto. Com relação às partes do rosto, o que agrada o olhar é a re- gularidade dentro do formato irregular. Portanto, um rosto que pode ser dividido em três partes iguais é percebido como belo, as- sim como aquele que tem aproximadamente o mesmo tamanho de nariz, de olho e de espaço entre o olho e o nariz – isso se aplica a qualquer grupo étnico (Hallawell, 2010). Você sabe quais são os tamanhos médios da altura e da largu- ra de um rosto? Para descobrir, meça a altura e a largura de vários rostos e, depois, tire a média; assim, você descobrirá que, em geral, a largura do rosto, na parte mais larga, equivale a dois terços da al- tura. Isto é a proporção: duas larguras para três alturas, ou 2:3. Não importa o tamanho real, se o rosto tiver 18 cm de altura – tamanho médio do rosto da mulher –a largura será de aproximadamente 13 cm. Se a proporção for menor que dois terços, isso significa que o rosto é longo; se for maior, o rosto é largo. (Hallawell, 2009, p. 32) Ainda segundo Hallawell (2009, p. 33), é necessário pegar uma régua, medir os tamanhos reais do rosto e, então, compará- -los; para isso, o uso do lápis é ideal. É muito importante conhecer as proporções do rosto humano, e a melhor maneira de lembrar de- las é quando se descobre quais são, observando pessoas. Primeira- mente, devemos estabelecer a largura do rosto em relação à altura. Geralmente, a largura equivale a uma vez e meia a altura do rosto (não da cabeça) e é igual ao tamanho da distância entre as sobran- celhas e o queixo. Depois, é preciso estabelecer a altura da testa (das sobran- celhas até a linha do cabelo) em relação ao comprimento do nariz e à distância entre a base do nariz e o queixo. Essas medidas são 24 aproximadamente iguais. Depois, comparamos esse tamanho com a distância entre o meio do nariz e a maçã do rosto, na sua parte mais alta e larga. Finalmente, comparamos com o tamanho da ore- lha. Todos têm aproximadamente a mesma proporção. (Hallawell, 2009, p. 33) Quando se observam as proporções do rosto, é necessário olhar o conjunto e comparar todos os tamanhos entre si. As soluções de maquiagem devem ser escolhidas de acordo com a correta ava- liação das proporções, para que as correções também sejam feitas de forma adequada. (Hallawell, 2009, p. 41) Para conseguirmos uma harmonização facial equilibrada, de- vemos dominar o visagismo, que é a ciência que, através de estudos técnicos, chega a resultados perfeitos na harmonização da imagem de um indivíduo. Por isso, o designer de sobrancelha deve conhe- cer as formas de rosto para obter uma técnica profissional que lhe dê segurança nos traços e formas para alcançar o desejo procurado pela cliente, sabendo que a sobrancelha é o único elemento do rosto que pode ser mudado de posição, visto que, por exemplo, embora os olhos possam ficar mais compridos ou maiores, eles permanecem em seu lugar, assim como a boca. O diagnóstico é entendido como a etapa em que se definem as formas e o tempo necessário para o desenvolvimento do estilo de sobrance- lha que mais se adequa às necessidades do cliente. A etimologia da palavra diagnóstico vem do grego diagnóstikós e quer dizer “capaz de distinguir, de discernir”. É o momento em que o profissional vai decidir, com base nos dados levantados, como e quais serão os pro- cedimentos adotados na construção da nova imagem. SAIBA MAIS 25 Tipo de sobrancelhas conforme o formato do rosto Quando pensamos em traçar o design, é importante seguir o para- lelismo para criar uma harmonia das linhas. O profissional deve sa- ber que sobrancelhas finas ficam melhores para pessoas maduras, mais largas para os mais jovens e mais naturais para adolescentes. É importante informar ao cliente que será necessário fazer uma nova modelagem e, depois de pinçadas e modeladas, as sobrancelhas ga- nham cor e realce com técnicas modernas de tintura. (Ifould, Forsy- the-Conroy; Whittaker, 2015, p. 71) O designer de sobrancelha deve saber também dos artifícios para a correção da sobrancelha; na prática, sobrancelhas diferentes uma da outra devem ser pinçadas para deixá-las com um formato mais parecido. Por exemplo, se uma delas é arqueada demais, tente deixá-las mais retas na parte de cima; caso existam falhas, elas de- vem ser solucionadas com a aplicação de uma coloração até “dar o crescimento” dos pelos. No caso de sobrancelhas muito claras, elas devem ser coloridas com um tom a mais do que a cor dos cabelos; fios grossos e rebeldes devem ser mascarados com máscara incolor em gel, para alinhar os pelos e mantê-los penteados. Caso a sobran- celha seja rala, não hesite em limpá-la e desenhá-la; mesmo não tendo muitos pelos, ela ficará mais bonita. Além disso, lembre-se: Quadro 1 – Precauções e cuidados para o desenho das sobrancelhas. Os retoques tornam-se necessários quando as sobrancelhas são ralas, muito claras ou apresentam falhas ou imperfeições. Escove as sobrancelhas com uma escova macia, penteando os fios de baixo para cima e de dentro para fora. Não aplique máscara de cílios nas sobrancelhas. Use um lápis de sobrancelhas do mesmo tom dos pelos ou uma sombra opaca nes- te mesmo tom. É importante fazer a avaliação das sobrancelhas e da forma do rosto, verificando se há alterações. Este procedimento técnico tem por objetivo melhorar a eficiência dos resultados. 26 Transmita para o cliente aquilo que está vendo, em termos téc- nicos, dando exemplos. Se surgir a oportunidade, mostre seu portfólio. A higienização das mãos dos clientes e do profissional deve ser fei- ta usando a loção antisséptica ou o álcool 70%. Este procedimento deve ser executado antes de qualquer design de sobrancelha. Após a aplicação da técnica e com toda simetria traçada, use um espelho para que ela se certifique do que será elaborado. Informe o tempo de toda a técnica, incluindo coloração, caso precise. Fonte: Cynthia de Cássia (org.) (2023). Higienize todos os materiais na frente do cliente e descarte os ma- teriais em um lugar apropriado após o uso, seguindo os preceitos da biossegurança. Visagismo aplicado ao design de sobrancelhas A influência que a proporção das feições possui no design de so- brancelha está diretamente relacionada com os procedimentos que se propõem a encontrar a harmonia do rosto, uma vez que a face humana, em sua grande maioria, é muito mais assimétrica do que simétrica. Toda imagem e/ou forma deve atenderao design de uma determinada função. Este é um dos princípios básicos de uso da lin- guagem visual. Além disso, é importante destacar alguns conceitos quando se trata da aplicação do visagismo, apesar de não existir postulado acerca de alguns conceitos da psicologia, que são valiosos para a nossa prática. DICA 27 Dito isso, entende-se por traços de personalidade os aspectos visíveis do indivíduo, ou seja, as características externas que dis- tinguem as pessoas umas das outras, enquanto a identidade é con- siderada um processo de transformação permanente, que está em contínua mutação, permitindo que o indivíduo se perceba como su- jeito único e representando o que ele agrupa no conjunto de ideias ou na sua formação individual. Esses traços externos e visíveis passam para o espectador informações subliminares que podem ser enten- didas como o temperamento da pessoa, ou podem até mesmo gerar julgamento de valor de quem ela é. Por este motivo, é muito impor- tante que se faça o uso do visagismo acadêmico e não do intuitivo. Enquanto o visagismo intuitivo acredita que mudanças nas características externas, ou seja, nos traços de personalidade, in- terferem diretamente no modo como as pessoas se comportam ou agem, o visagismo acadêmico defende a ideia de que existem códigos que são comuns e universais a qualquer tipo de imagem, induzindo o espectador a inferir significado imediatamente ao visualizá-la. Diante disso, o que se pretende com isso é que os indivíduos tenham uma consciência emocional madura, a ponto de saber iden- tificar quais são as características identitárias que lhes são essen- ciais em seu cotidiano e que, portanto, devem estar expressas em sua imagem, criando, desse modo, sincronicidade entre o que so- mos e o que expressamos visualmente. Quando o indivíduo atinge a adequação da imagem (persona) com o que a pessoa é (identidade), ocorre o que chamamos de harmonia da imagem pessoal. Figura 4 – Marcação de sobrancelha. Fonte: Istockphoto (2023). 28 Desse modo, o formato das sobrancelhas pode tanto realçar a expressão da face do indivíduo como também expor aspectos que evidenciam quem somos, ou, ainda, aspectos de nossa identidade que nos desfavorecem. Toda a imagem reflete uma intenção e o for- mato das sobrancelhas pode auxiliar o cliente na busca pela harmo- nia da imagem pessoal. Dessa maneira, destacam-se os formatos mais comuns, seguidos dos seus respectivos significados. São eles: Sobrancelha arredondada Este formato é simétrico e centralizado sobre os olhos, não proje- tando os cantos do ponto final da sobrancelha. É indicado para sua- vizar formatos de rosto mais angulosos e que tendem a demonstrar com maior facilidade os sentimentos de surpresa e nojo. Sobrancelha arqueada ou angular Possui ângulo acentuado no ponto alto da sobrancelha, e pode de- monstrar com maior facilidade a expressão de raiva ou de nervo- sismo, deixando, desse modo, o olhar naturalmente tenso. Quando aplicada dentro dos princípios de harmonização ou simetria, tam- bém representa uma expressão marcante e determinada. Sobrancelha reta Possui nenhuma ou pouca curvatura, reduzindo o espaçamento entre as sobrancelhas e os olhos. Pode demonstrar, com maior fa- cilidade, por meio das microexpressões faciais, os sentimentos de alegria e determinação. Quando combinada com o comprimento longo, demonstra um olhar ameaçador e de raiva. Sobrancelha descendente ou caída Possui curta distância entre as sobrancelhas, criando, com maior facilidade, uma expressão de tristeza, preocupação ou de surpresa. 29 Figura 5 – Tipos de sobrancelha. Fonte: Istockphoto (2023). Harmonização com o uso da simetria facial O formato de rosto é determinado pelo desenho composto pelo con- torno da face e é considerado a “moldura” das feições do rosto hu- mano. Destacam-se, entre as técnicas de identificação dos formatos de rosto, as do plano vertical e do plano horizontal. A técnica de identificação do plano vertical determina que a largura perfeita do rosto corresponde a 5 medidas dos olhos. Desse modo, mais de cinco medidas correspondem a um rosto mais lar- go, enquanto menos de cinco medidas, um rosto mais estreito. Já a técnica de identificação do plano horizontal determina a altura do rosto por meio de um cálculo padrão que divide a face em 3 alturas, denominadas de eixo superior, eixo mediano e eixo inferior. A me- dida da altura perfeita de um rosto corresponde à medida de 7,5cm para cada um dos eixos do plano horizontal. Assim, rostos predominantemente largos harmonizam com formatos de sobrancelhas mais angulosas ou arredonda- das, que promovem a sensação de alongamento, e, para os rostos 30 predominantemente altos, são indicados os formatos de sobrance- lha retos ou angulares suaves e ligeiramente arredondados no ponto alto. Os rostos equilibrados, como o oval, harmonizam com sobran- celhas ligeiramente angulosas, sem arquear demais o ponto alto. O rosto triangular invertido, por sua vez, é mais largo no eixo superior e mais estreito no eixo inferior, portanto, harmonizam melhor com os formatos de sobrancelha mais arredondados ou ar- queados. Sobrancelhas de espessura muito grossa podem voltar a atenção para a região da testa, reforçando os pontos frágeis desse formato de rosto. Por fim, o rosto triangular de base reta possui o terço inferior mais largo e o terço superior mais estreito, harmoni- zando com formatos de sobrancelhas levemente arqueadas e arre- dondadas de tamanho médio ou longo. Medição de sobrancelhas Para a verificação das medidas, é importante utilizar o acessório chamado paquímetro, que mantém a forma simétrica das duas so- brancelhas em altura, largura e ângulo de curvatura. Abaixo, se- guem algumas orientações: • após comparar as medidas, deve-se realizar o desenho ade- quado ao tipo de rosto, sempre relacionando a harmonia e não ressaltando o que já é aparente. Por exemplo: nariz largo pede sobrancelhas juntas e nariz fino pede sobrancelhas mais separadas; • após o término do desenho, realiza-se a retirada do excesso de pelos e a modelagem das sobrancelhas; • a retirada do excesso de pelos deve ser realizada com uma pinça de ponta quadrada para facilitar a remoção; • para a modelagem, é necessária a utilização de uma pinça de ponta fina; • deve-se retirar apenas um pelo de cada vez para evitar falhas desnecessárias; 31 • os desenhos devem ser naturais, acompanhando seu formato natural; • respeite a opinião do cliente; • harmonizar? sempre! Ressaltar? Jamais! Materiais necessários para o design de sobrancelhas • Caneta e lápis para anotações; • Borracha; • Álcool 70%; • Algodão, cotonete, lenço de papel; • 1 Caixa de luvas descartáveis; • Máscara descartável; • Fator de proteção solar; • Paquímetro grande; • Paquímetro pequeno; • Faixa protetora; • Capa protetora; • Avental do aluno; • Tesourinha para sobrancelha; • Caneta 24 horas (marrom); • Potinho de vidro (Dappen); • Pente e escova para sobrancelhas; • Pincel para aplicação de Henna; 32 • Pincel leque; • Anel para aplicação de Henna. • Demaquilante; • Lápis de sobrancelha marrom; • Lápis duo preto e branco; • Moldes para sobrancelha; • Pinça de sobrancelha ponta reta (média); • Pinça de sobrancelha ponta diagonal ou chanfrada (média); • Pinça de sobrancelha ponta fina (ponta agulha); • Aparador de pelos; • Henna (preta/castanho/louro); • Pau de laranjeira; • Linha de algodão. Modelagem de sobrancelhas A modelagem é considerada um dos elementos que possibilitam com que o profissional possa efetivamente esculpir a face do indi- víduo. Segundo Bemvenutti (2018), cada formato de face tem o seu encanto, e, para potencializá-lo, basta suavizar as características menos favoráveis, a fim de obter um conjunto mais harmonioso. Esse princípio nos possibilita fundamentar a ideia de que a linha do olhar, por expressar muito das emoções das pessoas, torna-se qua- se que naturalmenteum ponto de interesse central na composição da imagem pessoal, sendo a sobrancelha um importante elemento que alça o protagonismo desse conjunto tão importante. 33 Simetria facial Ao relacionarmos o formato de rosto com as feições, promovemos a junção dos elementos que constituem a face, onde, para cada um desses elementos, existem cálculos que nos possibilitam saber quais são os tamanhos e/ou proporções médias dos elementos da face. Este conhecimento é essencial para entender que a prática da modelagem de sobrancelha requer o uso dos cálculos de identifica- ção das proporções das feições, dentre os quais, destacam-se como mais comuns: 1. Cálculos de precisão: Se dão por meio de pontos de medição matemática comumente aplicados, realizados com o auxílio do paquímetro ou de moldes de acetato que já possuem as ba- ses de cálculo prontas no formato desejado. 2. Cálculos por aproximação: Se dão por meio da observação dos pontos de equilíbrio da face como base de referência da medição, para que a modelagem do formato de sobrancelha desejado ocorra. 3. Cálculos híbridos: Se dão por meio da utilização tanto das ferramentas de precisão, feitas por cálculos matemáticos, quanto pela observação dos pontos de equilíbrio da face, e ambas as técnicas se complementam, subsidiando o trabalho do profissional. O principal objetivo da modelagem no design de sobrancelha é conseguir suavizar as características menos favoráveis do cliente, através do trabalho de identificação dos tamanhos médios da face. Esses tamanhos médios são definidos com a finalidade de conquistar efeitos de simetria no rosto do cliente, ou seja, esse princípio parte do pressuposto de que a beleza está diretamente ligada à simetria, e que pontos de assimetria devem ser corrigidos e/ou atenuados. Desse modo, há uma série de estudos que demonstram cálcu- los médios das proporções do corpo humano, tendo em vista a busca por modelos e padrões de beleza harmônicos ou simétricos. 34 Dentre os cálculos de aproximação mais usados, podemos destacar os parâmetros de medição de Bemvenutti (2018) e Gouveia (2010), este último tendo elaborado a regra das metades, técnica que auxilia o designer. Assim, temos os seguintes pontos de medição da face perfeita e/ou tamanho médio, segundo Bemvenutti (2018): 1. Olhos: A medida dos olhos deve ser correspondente à distân- cia entre eles. 2. Nariz: As medidas das orelhas e do nariz devem ser do mesmo tamanho e estarem alinhadas na mesma altura. 3. Boca: A medida da boca deve estar em alinhamento com a parte interna da íris dos olhos esquerdo e direito. 4. Sobrancelha: De acordo com o cálculo aproximado, a sobran- celha média possui três pontos de medição: o ponto de início, o ponto alto e/ou arcada e o ponto final. A medida do ponto alto deve estar alinhada com a parte externa da íris ocular, o início da sobrancelha deve acompanhar o osso do nariz e o seu final deve traçar uma linha diagonal, ligando o canto externo do olho e do nariz. A regra das metades, por sua vez, segundo Gouveia (2010), recomenda que: • A face é dividida ao meio em uma linha horizontal, que é tra- çada a partir dos olhos, acima da pálpebra móvel; • As sobrancelhas estão localizadas logo acima dessa linha central; • A parte inferior do nariz deve estar alinhada com a distância entre os olhos e a linha do queixo; • As orelhas estarão alinhadas com a linha que marca a base do nariz, assim como indica Bemvenutti (2018), juntamente com a linha de base das sobrancelhas; • A base da boca, localiza-se entre a base do nariz e do queixo, traçando uma linha exatamente ao meio entre esses dois ele- mentos de referência. 35 A dimensão das sobrancelhas consiste em determinar qual é o tamanho da sobrancelha do cliente tendo como modelo o seu tama- nho médio. As dimensões das sobrancelhas são determinadas com base no seu comprimento e largura. Variações de comprimento da sobrancelha (st) Quanto ao comprimento, pode-se determinar três referên- cias possíveis de tamanho, são elas: • Tamanho de sobrancelha média: Possui a medida de apro- ximadamente 6cm contados a partir do ponto central da so- brancelha até o seu ponto final. • Tamanho de sobrancelha curta: Possui a média de aproxi- madamente 5 e 5,5cm contados a partir do ponto central da sobrancelha até o seu ponto final. • Tamanho de sobrancelha grande longa: Possui média de 6,5cm ou mais, sempre contando a partir do ponto central da sobrancelha até o seu ponto final. Neste caso, o indivíduo que possui esse comprimento de sobrancelha pode passar a im- pressão de estar sempre franzindo a testa. Figura 6 – Tipos de sobrancelhas Fonte: Editorial Cengage (2020). 36 Variações de largura da sobrancelha A largura da sobrancelha é determinada por dois pontos referen- ciais: a densidade e a largura, sendo a densidade determinada pela quantidade de pelos. Por isso, podem ser classificadas em: • Sólida: quando o indivíduo possui muita densidade de fios, não permitindo que se visualize a sua pele. Esse tipo tornou- -se a principal tendência da atualidade. • Falhada: quando o indivíduo possui densidade mediana de fios e ao longo de sua extensão, percebendo-se com nitidez o aparecimento de falhas e permitindo a uma visualização maior da pele. • Esparsa: quando o indivíduo possui pouca ou pouquíssima densidade de fios, percebendo-se com muita nitidez grandes áreas de exposição da pele. Nesse caso, o indivíduo acaba por perder, em muito, a expressão das emoções. Já a largura deve ser definida com base nos critérios de har- monização estabelecidos pelo designer, que deverá fazer uma aná- lise comparativa do formato de rosto e proporções das feições do cliente para, assim, definir qual é a espessura ideal. Pode-se classificar as variações de espessura da sobrancelha em fina, grossa e mediana, onde o designer deve ter atenção re- dobrada para a espessura fina, que já não é considerada padrão de beleza na atualidade, sendo, muitas vezes, ressignificada negativa- mente na sociedade contemporânea. As duas novas tendências no estilo das sobrancelhas são a insta- -brow e brushy brow. O Insta-brow valoriza o extremo volume sem deixar de realizar um desenho impecável, adaptando-se perfeita- mente ao formato de rosto e proporção das feições; já o brushy brow VOCÊ SABIA? 37 preconiza ao máximo a naturalidade, sem muito design e manten- do, de preferência, os pelos aparentes. Variações entre a distância da sobrancelha De acordo com cálculo de precisão matemática, a distância entre as sobrancelhas possui o tamanho médio de 2cm, tendo seu pon- to central dado pela divisão em dois do tamanho médio, em que se considera como ponto de referência, por aproximação, o nariz. Des- sa maneira, o tamanho da distância entre as sobrancelhas pode se apresentar nas seguintes variações possíveis: • Distância ideal entre as sobrancelhas: Possui 2cm e o ponto central é marcado em 1cm, tendo como referência de alinha- mento o nariz. • Curta distância entre as sobrancelhas: Possui 3cm e o ponto central é marcado em 1,5 cm, tendo como referência de ali- nhamento o nariz, ou, pelo menos, aproximado ao mesmo. • Longa distância entre as sobrancelhas: Possui acima de 3 cm e o ponto central é marcado pela divisão em dois da distância entre as sobrancelhas. Passo a passo – desenho e modelagem Quadro 2: Passo a passo da modelagem e desenho das sobrancelhas Primeiramente, deve-se higienizar com adstringente as sobran- celhas e fazer a ficha de avaliação (anamnese) 1 Traceje o formato desejado com um lápis marrom ou preto, pró- prio para sobrancelha. 2 Retire todos os pelos que ficaram de fora do contorno do lápis. Comece da base do canto interno do olho até chegar no externo. Puxe um fio de cada vez, sempre na direção do crescimento e bem na raiz, para não quebrar o fio. 38 3 Depois de toda limpeza da parte do arco, siga para o alto da so- brancelha. Nesta região, deve-se tirar apenas a penugem. Fonte:Cynthia de Cássia (org.) (2023). Sobrancelhas grossas e desenhadas estão na moda e dão ainda mais expressão ao olhar. Para disfarçar as falhas, espalhe um pouco de sombra marrom por toda a extensão. Biossegurança no design de sobrancelhas O atendimento em design de sobrancelhas apresenta riscos para o profissional e para o cliente. Por isso, tomar as medidas de biosse- gurança adequadas é imprescindível para a realização de qualquer procedimento na área de saúde. Os riscos podem ser biológicos, químicos, físicos, ergonômicos e de acidentes. Por isso, o espaço de atendimento deve ser adequado e aten- der às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e à legislação vigente que incluem as Boas Práticas especificadas na RDC nº 63/2011. Para funcionar corretamente, o estabelecimento necessitará de um alvará sanitário, concedido após visita técnica ao espaço. Além disso, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), o corre- to descarte, esterilização e manuseio dos resíduos dos atendimen- tos deve ser feito de acordo com o estabelecido pela ANVISA. Como exemplo, está o descarte ou esterilização em autoclave das pinças e tesouras utilizadas no design de sobrancelhas e das agulhas e/ou demais perfurocortantes. A coleta é realizada por empresas certifi- cadas, que dão o destino ao material gerado nos estabelecimentos de beleza. Lembrando que é de responsabilidade do estabelecimento DICA 39 a correta separação, acondicionamento e descarte do material para que a empresa possa, então, coletá-lo. Materiais utilizados e cuidados Armário: Um bom armário ajuda na organização do seu ambiente de trabalho, uma vez que nele estarão acomodados todos os instru- mentos, materiais e produtos necessários ao serviço. O armário deve ser pequeno, para não atravancar a cabine, e de fácil limpeza. Lim- pe-o com um pano úmido. Pia: A cada atendimento, lave as mãos e alguns dos seus instrumen- tos de trabalho. O ideal é que disponha de uma pia dentro da cabine. A pia, por sua vez, deve estar instalada em local de fácil acesso, sem prejudicar a circulação. Para limpá-la, use um bom desinfetante uma vez ao dia, ou sempre que houver necessidade. Avental ou jaleco: O avental, ou jaleco, serve para proteger a roupa do profissional, uma vez que, durante o serviço, podem acontecer acidentes. Além disso, serve para melhor identificação e apresen- tação dos profissionais e deve ser lavado diariamente. Dica: prefira os de algodão, pois esquentam menos. Escolha modelos práticos e confortáveis, de preferência em cores claras. Cesto de lixo: O cesto de lixo é um objeto indispensável a qualquer ambiente. Procure aqueles com tampa, que você possa abrir com o pé. Além disso, um saco plástico deve ser colocado no cesto, pois permite melhor acomodação do lixo e facilita a remoção. Sempre que houver acúmulo, retire o plástico e lave o cesto, utilizando um produto desinfetante. Escova para as mãos: A escova para as mãos contribui para a per- feita higiene do profissional, pois alguns produtos são mais difíceis de se remover com a simples lavagem. A escova deve ser macia e, para limpá-la, basta lavar com água e sabão, não se esquecendo de secá-la bem. Lenço de papel: Os lenços de papel têm diversas utilidades numa cabine. Devem ser macios e de boa qualidade, para evitar irritar a 40 pele das clientes. Devem também ser descartáveis, devendo ser jo- gados no lixo imediatamente após o uso. Máscara descartável: A aspiração de produtos químicos e a proxi- midade com o cliente justificam o uso de máscara descartável pelo profissional. Em alguns estados brasileiros, a vigilância sanitária exige sua utilização por todos aqueles que atuam num salão de be- leza. Compre as máscaras descartáveis em lojas especializadas em material médico e odontológico. Prefira as com elástico, que são mais práticas que as de amarrar. A máscara deve ser trocada a cada cliente. Palito de laranjeira: O palito de laranjeira, entre outras coisas, é usado como espátula na retirada das sobrancelhas, para definir o seu formato e tamanho. É conveniente procurá-lo em lojas especia- lizadas, onde você poderá escolher o tipo de sua preferência. Deve ser descartado após o uso. Recipientes para gaze, algodão e demais materiais: Cada coi- sa deve ter o seu lugar. Por isso, você vai precisar de potes específi- cos para guardar algodão, gaze e outros materiais. Estes recipientes precisam ter tampas para evitar qualquer tipo de contaminação, e devem ser lavados com água e sabão ou com um pano embebido em clorexidina. Nunca realize nenhum procedimento sem antes fazer uma anamnese. DICA 41 Vamos resumir o que vimos até aqui? Aprendemos que os pelos são constituídos de células queratiniza- das produzidas nos folículos pilosos e protegem áreas orificiais e os olhos. Além disso, exercem função sensorial. O rosto revela muito sobre as pessoas, tanto em leituras objetivas, quanto em leituras subjetivas. Por isso, é necessário que o pro- fissional da área de modelagem e pigmentação das sobrancelhas compreenda os preceitos do visagismo, assim como o formato dos rostos e sobrancelhas. Para realizar a correta medição das sobrancelhas, é necessário le- var em consideração, além do gosto pessoal do cliente, sua própria anatomia, uma vez que cada indivíduo possui características anatô- micas diferentes. Entre os instrumentos para medição, estão o uso da linha e do paquímetro. Por fim, você aprendeu que a biossegurança é imprescindível para o profissional da área de saúde e deve acompanhar todos os estágios de seu atendimento. SINTETIZANDO 42 Referências UNIDADE 1 CURY, M. C. F. da S. Guia técnico para profissionais: beleza com segurança. São Paulo: Prefeitura da Cidade de São Paulo, 2005. HALLAWELL, P. Visagismo: harmonia e estética. 6 ed. São Paulo: Senac, 2010. HALLAWELL, P. Visagismo integrado: identidade, estilo e beleza. 2 ed. São Paulo: Senac, 2009. HIRATA, M. H., HIRATA, R. D. C.; MANCINI FILHO, J. Manual de Biossegurança. 2. ed. São Paulo: Manole, 2012. IFOULD, J.; FORSYTHE-CONROY, D.; WHITTAKER. M. Técnicas em estética. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2015 PIATTI, I. L. Biossegurança: Estética e Imagem Pessoal. 2 ed. Curitiba, 2016 RAMOS, J. M. P. Biossegurança em estabelecimento de beleza e afins. São Paulo: Atheneu Editora, 2009. REDAÇÃO MUNDO ESTRANHO. Para que servem cílios, sobrancelhas e outros pêlos esquisitos? [S. l], 2018. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/para-que-servem- os-cilios-as-sobrancelhas-e-outros-pelos-esquisitos>. Acesso em: 18 de mar. 2020. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Conheça a pele. Rio de Janeiro, 2021. Disponível em: <https://www.sbd.org. br/cuidados/conheca-a-pele/#:~:text=%C3%89%20a%20 camada%20mais%20externa,e%20de%20micr%C3%B3bios%20 no%20organismo>. Acesso em: 13 set. 2023.