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Vygotsky e a teoria 
socio-interacionista
 
SST
Silva, Marcos Antonio
Vygotsky e a teoria socio-interacionista / 
Marcos Antonio Silva 
nº de p. : 11
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Vygotsky e a teoria 
socio-interacionista
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Apresentação
O desenvolvimento humano se baseia em uma relação complexa entre 
aprendizagem e desenvolvimento, onde diversos determinantes se configuram na 
história de vida individual de cada um de nós.
Nesta unidade, discutiremos ideias centrais da teoria histórico-cultural de Vygotsky, 
identificando os processos psicológicos superiores e inferiores, abordaremos os 
conceitos de zona de desenvolvimento proximal e zona de desenvolvimento real. 
Será proposta a compreensão de aprendizagem e desenvolvimento humano na 
perspectiva deste autor.
Teoria da aprendizagem segundo 
Vygotsky
Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) nasceu na cidade de Orscha, hoje Belarus, 
localizada na Rússia. Ele estudou medicina, direito, história e filosofia. Infelizmente, 
faleceu ainda jovem, com apenas 38 anos, e muitas de suas ideias só vieram a 
público muito tempo depois de sua morte, pois foram banidas pela antiga União 
Soviética durante décadas.
Vygotsky é considerado por vários autores como um gênio da psicologia de sua 
época. Seus estudos apresentam críticas tanto aos colegas behavioristas quanto 
ao cognitivismo de Piaget.
Para o teórico, a aprendizagem é marcada por três elementos: a cultura, o papel da 
linguagem e as interações humanas.
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Interação social
Fonte: Plataforma Deduca (2021).
#PraCegoVer: Figuras humanas, coloridas se sobrepondo 
umas às outras, com quadros de diálogos como nexo.
Uma das características da abordagem histórico-cultural, idealizada pelo russo, é 
a ideia de que aprendemos em contato com outras pessoas a partir do processo 
de interação social, que nos auxilia a compartilhar os signos específicos de nosso 
grupo. Essa prática favorece o desenvolvimento da linguagem e das funções 
cognitivas superiores.
Em seus trabalhos, Vygotsky tentou superar as visões anteriores sobre a pedagogia, 
que desconsideravam as relações sociais e a história das transformações 
socioculturais e suas implicações na formação do sujeito. A abordagem histórico-
cultural enfatiza os processos de aprendizagem como um ponto essencial do 
desenvolvimento das funções psicológicas superiores. 
Ele desenvolveu as suas teorias nos períodos pré e pós-Revolução Russa, 
utilizando-se dos princípios do materialismo histórico de Marx e Engels para 
compreender o ser humano como um ser histórico, fruto de seu tempo e das 
interações sociais.
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A abordagem histórico-cultural de Vygotsky considera o homem na relação com o 
meio em que está inserido, partindo do pressuposto de que seu desenvolvimento 
se dá a partir da sua inserção na sociedade. Nesse sentido, a linguagem e a 
comunicação com o outro são elementos essenciais para o desenvolvimento do 
sujeito, considerando que, é a partir das relações estabelecidas com o outro, de 
suas vivências e trocas de experiências com o coletivo que o indivíduo adquire 
conhecimentos e se constrói como sujeito.
De acordo com os aspectos do funcionamento psicológico e social, segundo 
Vygotsky, quatro planos genéticos de desenvolvimento são considerados na 
formação do sujeito, são eles: filogênese, ontogênese, sociogênese e microgênese. 
Filogênese
refere-se ao desenvolvimento da própria espécie humana que evolui de 
maneira gradativa tornando-se um homem cultural moderno.
Sociogênese
refere-se às interações sociais como sendo a origem das funções 
psicológicas superiores, que só passam a existir no indivíduo na relação 
mediada com o mundo externo por outros sujeitos e instrumentos. 
Ontogênese: 
refere-se à evolução humana do ponto de vista individual, desde a concepção, 
passando pelas transformações sequenciadas até a morte do indivíduo, de 
tal forma que cada estágio apresenta um determinado nível de maturidade. 
Microgênese: 
é caracterizada pela construção do psiquismo individual na interação dos 
fatores biológico, histórico e cultural, sendo essencial no processo de 
elaboração da afetividade e na construção da personalidade.
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A importância da cultura na teoria de 
Vygotsky
Para Vygotsky, o desenvolvimento da cognição é marcado pela interação social 
da criança com seu meio cultural. Diferentemente dos outros seres vivos, o ser 
humano cria uma série de elementos culturais que permitem o desenvolvimento 
de esquemas mentais cada vez mais complexos. Signos linguísticos, artefatos 
e comportamentos sociais são exemplos de itens que auxiliam a criança a 
desenvolver habilidades, funções intelectuais, maneiras de expressar emoções e 
comportamentos e, dessa forma, fazer parte do que chamamos de grupos sociais.
Um dos pontos centrais no trabalho de Vygotsky é a importância 
que a cultura adquire no processo de desenvolvimento do 
sujeito. Quanto mais qualidade tiver um determinado estímulo, 
maior o potencial de desenvolvimento das funções psicológicas 
superiores.
Reflita
Segundo essa abordagem, podemos considerar o desenvolvimento como um 
processo global e unitário, e que é possível perceber uma relação entre os 
processos associativos, nos quais os fatores genéticos e culturais encontram-se 
articulados. Em outras palavras, o desenvolvimento humano é produto da interação 
entre diferentes estímulos recebidos do meio e a forma como o corpo processa 
esses influxos. O desenvolvimento da criança evolui de atitudes puramente reflexas 
para ações intencionais, aprendidas no convívio social.
Nessa perspectiva, o professor constitui-se em um mediador entre os 
conteúdos já elaborados pelos homens e os alunos, de tal modo que 
propicia a formação e transformação das funções psicológicas superiores 
(atenção voluntária, imaginação, pensamento, linguagem, etc.), por meio 
de apropriação permanente de novos conhecimentos. (PILETTI; ROSSATO, 
2012, p. 85)
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Vygotsky defendia que os seres humanos são diferentes dos outros animais 
basicamente pela produção cultural. E o que tem de tão importante nessa 
produção? 
É a partir da cultura que o homem desenvolve as funções psicológicas superiores, 
as quais o distingue dos outros animais. É com a interação social que aprendemos 
a interiorizar os signos, o que nos permite compreender as regras de convivência 
social em diferentes contextos. Por meio da cultura, também desenvolvemos os 
processos psicológicos superiores. 
Funções psicológicas
Inferiores (inatas) Superiores (culturais)
Sensação, atenção, percepção, memória 
sensorial, audição, visão, somestesia, 
olfato, emoção.
Consciência, imaginação, cognição, 
memória de longo prazo, atenção 
voluntária, linguagem, pensamento, leitura, 
escrita.
Fonte: Elaborada pelo autor (2021).
#PraCegoVer: Tabela que mostra as funções psicológicas 
divididas entre inferiores (inata) e superiores (cultural).
A espécie humana se difere das outras pela capacidade de assumir o controle de 
seu próprio processo evolutivo na medida em que produz formas para se adaptar 
melhor às necessidades impostas pelo meio, desenvolvendo, por meio cultural, 
novas formas de resolver problemas cotidianos. 
Neste ponto, Vygotsky descreve dois tipos de elementos que fazem a mediação 
entre os seres humanos: os instrumentos e os signos.
O uso de instrumentos tem relação direta com a importância que o trabalho tem 
na formação da sociedade. Por meio do uso de instrumentos o homem cria e 
transforma a sociedade de acordo com suas necessidades.
O conceito de signos compreende a ideia de que utilizamos instrumentos 
psicológicos para organizar e compreender a realidade à nossa volta. São os 
signos que permitem aos seres estabelecerem um processo de mediação simbólica 
(FARIA; DIETRICH; GOMES, 2018). É exatamente o uso dos signos que faz com que a 
espécie humana seja diferente dos outros animais.
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O psiquismo humano é produto do aperfeiçoamento genético a 
partir dasrelações sociais que permitem as trocas entre diferentes 
sujeitos. O processo de adaptação tem como base a relação 
entre o desenvolvimento da nossa genética como espécie e os 
processos de interação social. 
Atenção
A partir do processo de interação social, a criança entra em contato com elementos 
da cultura que permitem mudanças significativas nos seus esquemas mentais. 
Os adultos compartilham com as crianças aspectos culturais construídos ao 
longo da história, a partir do processo que Vygotsky denominou de mediação. 
Assim, a criança passa a fazer uso de ferramentas culturais para atingir seus 
objetivos. Podemos destacar como exemplo a linguagem infantil. Se observarmos o 
desenvolvimento da linguagem do ponto de vista genético, podemos dizer que, para 
“falar”, a criança precisa amadurecer suas estruturas motoras (um recém-nascido 
não consegue se expressar da mesma maneira que uma criança de 5 anos). 
Porém, do ponto de vista social, é possível identificar diferenças de vocabulário 
em crianças da mesma faixa etária, de acordo com o nível de estimulação ao qual 
foram submetidas. 
Vygotsky desenvolveu o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) para 
explicar a relação entre aprendiz e professor. Essa ideia, porém, pode ser aplicada a 
qualquer relação de ensino e aprendizagem em que aquele que deseja aprender só 
consegue fazer uma determinada tarefa com a outra pessoa.
Você pode estar pensando que todo ser humano possui a capacidade de realizar 
determinadas tarefas sem o auxílio de alguém, não é mesmo? Chamamos isso de 
desenvolvimento real. Agora, pense por um minuto em coisas que só conseguimos 
desempenhar com a assistência de outra pessoa, mas que, no futuro, seremos 
capazes de praticar sozinhos. Nesse caso, trata-se da zona de desenvolvimento 
proximal, já que é necessária uma orientação para que se possa desenvolver, de 
maneira eficiente, determinada tarefa. A ZDP está situada entre aquilo que o sujeito 
consegue fazer sozinho e o seu potencial futuro. 
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Zona de Desenvolvimento Proximal
Zona de Desenvolvimento Proximal
Zona de 
Desenvolvimento
 Real
O sujeito resolve 
problemas 
individualmente
Zona de 
Desenvolvimento 
Potencial
Representa o 
potencial de 
desenvolvimento 
individual futuro
Distância entre
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).
#PraCegoVer: Quadro que representa a relação entre o 
desenvolvimento real e o potencial.
Aprendizagem e desenvolvimento 
humano na perspectiva de Vygotsky
O desenvolvimento humano, de acordo com Vygotsky, é marcado pelos diferentes 
estímulos aos quais o sujeito é submetido ao longo de sua vida. A interação da 
criança com a cultura, mediada pelo adulto, é essencial na evolução das habilidades 
físicas, cognitivas e sociais. Vygotsky atribui uma importância fundamental aos 
estímulos que a criança recebe no momento em que interage com outras pessoas. 
Essa interação social é responsável pela qualidade no desenvolvimento da criança 
em diferentes momentos. 
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Aprendizagem baseado na interação social nas primeiras idades
Fonte: Plataforma Deduca (2021).
#PraCegoVer: Professora de ensino básico rodeada de 
crianças, realizando a leitura de um conto infantil. As crianças 
escutam atentamente.
O desenvolvimento qualitativo pode ser percebido em diferentes etapas. Nas 
classes de alfabetização, por exemplo, é possível observar quais crianças passaram 
por um processo eficiente de estimulação e quais não contaram com ele. Da mesma 
forma, é possível analisar, no primeiro período de um curso superior, a diferença 
entre alunos que tiveram uma estimulação adequada na preparação para a vida 
acadêmica e os que não receberam esse mesmo preparo. 
Concluindo, é importante enfatizar que, de acordo com Vygotsky, o desenvolvimento 
humano está diretamente relacionado à qualidade das interações sociais e às 
mediações estabelecidas por outros sujeitos no cotidiano. Novas interações geram 
novas possibilidades de aprendizado, que, por sua vez, podem ampliar os esquemas 
mentais da criança. 
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Fechamento
Nas discussões propostas sobre a obra de Vygotsky podemos entender que o 
desenvolvimento humano está sujeito a um conjunto de condições históricas e 
culturais que atuam em interação dialética complexa. No entanto, a educação e 
com ela a aprendizagem operam criativamente como um motor fundamental de 
desenvolvimento.
Vygotsky defende a mediação semiótica, definindo o caráter internalizado das 
ferramentas culturais e o caráter social da psique humana. Demonstra maturidade 
de sua visão cultural das funções psíquicas e no reconhecimento de sua 
complexidade intrínseca.
Podemos dizer que os processos de desenvolvimento e aprendizagem são 
dinâmicos. Em tese, as competências e habilidades que hoje pertencem ao 
desenvolvimento potencial tendem a, no futuro, fazer parte do desenvolvimento 
real. Vygotsky compreende que desenvolvimento e aprendizagem são processos 
inter-relacionados desde os primeiros dias de vida, pelo qual transcendem qualquer 
relação linear e causal.
Referências
FARIA. L. H. P.; DIETRICH, A. M.; GOMES, V. M. S. A contação de história como 
instrumento de mediação para o ensino de ciências a estudantes do ensino 
fundamental. REPesquiseduca, v. 10, n. 20, p. 230-250, 2018.
PILETTI, N.; ROSSATO, S. M. Psicologia da aprendizagem: da teoria do 
condicionamento ao construtivismo. São Paulo: Contexto, 2012.