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Industrialização brasileira

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28/09/2023, 15:16 Industrialização brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03471/index.html#imprimir 1/55
Industrialização brasileira
Prof. Daniel Pinha Silva
Descrição
O papel da industrialização no seu processo histórico para o Brasil.
Propósito
Compreender que os trabalhadores do setor industrial e o próprio setor
transformam a sociedade brasileira.
Objetivos
Módulo 1
A industrialização em perspectiva
histórica
Reconhecer as características da industrialização entre a Primeira
República e a Era Vargas.
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Módulo 2
Industrialização - motor do
desenvolvimento: de Vargas a JK
Analisar o programa nacional industrializante de desenvolvimento no
contexto político entre os anos 1930 e 1950.
Módulo 3
A política industrial: da Ditadura
Militar aos anos 1990
Examinar as variações econômicas brasileiras e sua relação com a
industrialização dos anos 1970 até 1990.
Para introduzir a nossa discussão sobre o processo de
industrialização brasileira ao longo do século XX, vale citar a
reflexão de Maria Antonieta Leopoldi, importante pesquisadora
desse tema: “Durante o período 1929-1987 o Brasil foi um dos
países que mais cresceram em todo o mundo. Essa onda de
crescimento econômico já vinha desde o início do século XX, mas
toma impulso no primeiro governo Vargas, que realiza a difícil
tarefa de responder às turbulências internas e externas e fazer
desse desafio um aprendizado para crescer de forma continuada”
(LEOPOLDI, 2003, p. 243).
Eli Diniz segue a mesma direção argumentativa ao propor que
“Podemos considerar os anos trinta como importante etapa na
definição dos rumos do capitalismo industrial no país,
conservando-se, no plano econômico, o deslocamento do eixo da
economia do polo agroexportador para o polo urbano-industrial e,
no plano político, o esvaziamento da influência e do poder dos
interesses ligados à preservação da preponderância do setor
externo no conjunto da economia” (DINIZ, 1981, p. 89).
Introdução
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1 - A industrialização em perspectiva histórica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as características
da industrialização entre a Primeira República e a Era Vargas.
Linha do tempo da
industrialização brasileira
Do modelo agrário-exportador ao
programa neoliberal
É consenso entre os especialistas o novo papel atribuído ao Estado
brasileiro no desenvolvimento econômico no pós-1930. Foi nesse
contexto que se estabeleceu no país um núcleo base de indústrias de
bens de produção e uma infraestrutura elementar para fomento do
crescimento industrial. Esse novo papel do Estado está relacionado à
conjuntura internacional, especificamente à depressão que se segue à
Leopoldi e Diniz destacam a centralidade da Era Vargas (pós-1930)
na construção de uma agenda para o Estado brasileiro ao longo do
século XX, no sentido de induzir um processo de industrialização. É
esse percurso que pretendemos desenvolver aqui.
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grande crise econômica de 1929 e seus imediatos efeitos na vulnerável
economia brasileira, predominantemente agrário-exportadora.
Relaciona-se também à modernização do Estado brasileiro e à crise dos
grupos cafeeiros paulistas, segmentos tradicionais da ordem
republicana vigente até então, que perderam o protagonismo na
condução governamental.
A partir dos anos 1930, o eixo dinâmico do processo
de acumulação capitalista no Brasil torna-se urbano e
industrial. Desenvolvimento torna-se sinônimo de
crescimento industrial.
A conjuntura internacional adversa dificulta o ingresso de investimentos
externos e reforça um giro para dentro nacional, baseado na
acumulação interna e na ação do Estado. Esse movimento, que
impulsionou o processo de industrialização, realizou-se por meio da
conciliação de interesses de classe, em que a exportação de produtos
agrícolas, estimulada pelo Estado, garantiu o ingresso de divisas
estrangeiras e a aquisição de máquinas e equipamentos no exterior para
implantação, manutenção e ampliação do parque industrial.
Desenvolvimento industrial e soberania apontavam necessariamente
para o tratamento de algumas questões que, no período entre 1930 e
1945, foram cruciais para erigir as bases sustentadoras do
desenvolvimento brasileiro até os anos 1980. Veja, a seguir, quais são
elas:
Industrialização
Entre 1930 e 1954 ― a
era Vargas ―, procurou-
se estabelecer as
determinações internas
do processo de
industrialização, com a
implantação pelo
Estado do setor
industrial de bens de
Agroexportação
Por outro lado, atendia
aos interesses dos
setores
agroexportadores
mediante a construção
e ampliação dos
transportes, vias de
acesso e comunicação.
E, politicamente, o

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produção e tendo como
base desse modelo a
legislação sindical e
trabalhista.
Estado garantia a
manutenção da
estrutura fundiária e das
relações de produção
no campo.
Na Ditadura Militar, o crescimento da economia, sustentado pelos
elevados investimentos externos e pela política de contenção salarial,
não promoveu um processo de desenvolvimento autônomo em relação
ao capital externo e levou a uma intensa concentração de renda.
Fernando Collor, presidente do Brasil de 1990 até 1992.
O quadro de profunda crise da economia brasileira nos anos 1980,
marcado pelo fracasso dos planos econômicos (Cruzado, Cruzado II,
Verão e Bresser), abriu espaço para a vitória eleitoral de Fernando Collor,
em 1989, e, por consequência, do projeto que propunha a introdução da
agenda conhecida como “Consenso de Washington” no Brasil, ancorada
em princípios neoliberais de enfraquecimento do papel do Estado na
economia.
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Apesar do fracasso político de Collor, o que gerou seu impeachment, a
posse de seu vice-presidente Itamar Franco e a posterior vitória de seu
ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, nas eleições para
presidente em 1994, não impuseram barreiras ao desenvolvimento do
programa neoliberal.
Em síntese, pensando em uma perspectiva histórica, que teremos
oportunidade de aprofundar nos próximos módulos: enquanto a década
de 1920 e a primeira metade da década de 1930, ainda marcada pelo
modelo agrário-exportador centrado no café, foram caracterizadas pelo
predomínio do setor privado nos investimentos da economia nacional, a
ampliação da participação governamental no processo de
desenvolvimento industrial teve início a partir da Era Vargas,
permanecendo com força até a década de 1970, durante o governo
Geisel. A década de 1980, porém, foi marcada pela reversão de tal
tendência: as eleições de Collor, em 1989, e depois de Fernando
Henrique Cardoso, em 1994, levaram à implementação das reformas
neoliberais no Brasil, cujo eixo girava em torno da redução da atuação
estatal na industrialização e no processo econômico como um todo.
Construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), 1941.
O café e a indústria
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Centralidade do café e formação da
classe operária
Na Primeira República (1889-1930), havia uma centralidade do café na
economia brasileira. Até os anos 1920, diferentes governos criaram
políticas de defesa do café. Aliado ao aumento dos preços desse
produto no mercado internacional, estimulou-se uma expansão do
cultivo da planta e de sua exportação.
O processo industrial existente no período decorria,em
geral, da relação com a produção de café: produção,
transformação, distribuição, exportação. Ou seja, a
industrialização incipiente atrelava-se, de maneira
subordinada, ao modelo agrário-exportador centrado
no café.
Até a década de 1920, os interesses da cafeicultura e do Estado
brasileiro pareciam se confundir. Em 1922, com a inflação em alta, o
país foi atingido por uma crise fiscal, e as contas públicas não
apresentavam saldo positivo. Essa conjuntura econômica desfavorável
repercutiu nas exportações do café. Diante do desequilíbrio financeiro, o
Estado brasileiro contraiu empréstimos no exterior para equilibrar seu
orçamento.
Todavia, o déficit persistia, e o Estado brasileiro precisou recorrer a
medidas como a emissão de moeda ou, ainda, a colocação de títulos da
dívida pública no mercado. Os estados cafeicultores saíram em defesa
do seu produto, entretanto, para garantir o preço do café diante da
ameaça de superprodução, era necessário que os estoques excedentes
fossem comprados, o que, na prática, significava mais gastos públicos.
A manutenção desse patamar de produção levou à superprodução,
agravada com a crise mundial de 1929. As políticas econômicas do
governo Vargas, após a Revolução de 1930, responderam a esse
contexto.
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Sacas de café.
Dé�cit
Quando as despesas são maiores que a receita.
Greve geral de 1917.
O desenvolvimento da industrialização fez surgir um movimento
operário organizado em lutas por ampliação de direitos. Ocorreu o
aumento do operariado urbano devido à crescente urbanização e às
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atividades industriais, uma vez que os serviços urbanos, principalmente
os transportes e as fábricas, passaram a recrutar um número cada vez
maior de operários.
Assim, os trabalhadores procuraram se organizar, sendo a greve seu
principal instrumento de ação política, com a realização de comícios e a
formação de entidades que defendessem seus interesses.
A expectativa positiva com que o regime republicano brasileiro foi
recebido pelo movimento operário foi rapidamente transformada em
desilusão, uma vez que a República Oligárquica se mostrou incapaz de
responder às demandas por igualdade de direitos. Ao longo da Primeira
República, esse desencantamento suscitou variadas propostas e ações
voltadas para o reconhecimento de direitos vinculados à condição
operária: organização em sindicatos, ligas e associações; manifestação
das suas ideias e dos seus valores por meio da imprensa; constituição
de espaços de sociabilidade e educação, como teatro e escola próprios;
e, principalmente, a luta pelo estabelecimento de um conjunto de leis
que garantisse condições dignas de trabalho.
Saiba mais
A despeito das divergências de métodos, o movimento priorizou a luta
pelos direitos sociais: estabelecimento de jornada máxima de trabalho
semanal, férias remuneradas, regulamentação do trabalho feminino e
infantil e salários dignos eram as suas principais reivindicações. Durante
boa parte da Primeira República, essas reivindicações foram, em grande
medida, desconsideradas pelo empresariado e pelo governo. Greves e
manifestações dos trabalhadores foram duramente reprimidas: prisões
arbitrárias, fechamento de associações, deportação dos estrangeiros e
desterro dos nacionais para a Amazônia eram medidas usuais dos
governantes.
Em 1920, o valor da produção industrial chegou a um quarto do valor da
produção agrícola e o operariado já se constituía como um grupo social
relevante para a sociedade brasileira. Os estabelecimentos industriais
concentravam-se no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas já se
espalhavam pelo país afora. Nesse quadro, com o crescimento, a
diversificação e o fortalecimento do movimento operário, o
empresariado e o governo não podiam simplesmente ignorar as suas
demandas. Mesmo recusando atender às reivindicações, as lideranças
empresariais passaram a discuti-las. E isso repercutiu no programa de
organizações partidárias como a Reação Republicana e a Aliança
Liberal.
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O Congresso Nacional debateu e aprovou, em 1925, a Lei de Férias, que
estabelecia 15 dias de férias anuais, e o Código de Menores, em 1927.
Essas duas leis trabalhistas seguiram-se à aprovação de uma medida
previdenciária, a Lei das Caixas de Aposentadorias e Pensões, em 1923.
Apesar de votadas, aprovadas e até mesmo regulamentadas, essas
duas leis trabalhistas não foram efetivamente cumpridas pelos
estabelecimentos comerciais e industriais até 1930.
Crianças trabalhando em fábrica de sapato no início do século XX.
Era Vargas
Industrialização brasileira na Era
Vargas dos anos 1930
O contexto da crise pós-1929 fez com que o setor industrial se voltasse
para um processo de substituição de importações. Trata-se de uma
ação iniciada pela crise e impulsionada pelo governo Vargas, que trouxe
para o âmbito do Estado a responsabilidade de conduzir o processo de
industrialização. Os industriais obtiveram auxílio das políticas
governamentais por meio de taxas tarifárias e medidas cambiais
favoráveis.
Com Vargas, a industrialização em torno do café foi
mantida e ampliada. Para o novo governo, era
necessário assumir a defesa do produto no mercado
internacional ― visto que era não só fonte de renda dos
cafeicultores, mas também importante elemento da
receita do Estado ― e, ao mesmo tempo, desestimular
novos plantios.
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O Conselho Nacional de Café (CNC), criado em 1931, e o Departamento
Nacional do Café (DNC), seu substituto dois anos mais tarde, fizeram
valer a direção centralizadora em relação à política cafeeira, com um
grau significativo de autonomia do governo em relação aos grupos
diretamente interessados. No médio prazo, a política foi bem-sucedida:
a produção foi normalizada em 1937, e o café brasileiro tornou-se
competitivo em relação ao colombiano, principal competidor
internacional. Nessa ocasião, o governo resolveu liberar os controles
estabelecidos tanto para a produção como para as taxas de câmbio e os
impostos. As medidas de liberalização, porém, duraram pouco tempo,
pois o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, ensejou novas
restrições.
Tal como ocorreu com o café, o governo Vargas criou agências voltadas
para a regulamentação e o controle de várias atividades agrícolas e
extrativas, em suas diferentes fases de produção e comercialização.
Alguns desses órgãos seguiam um padrão corporativo, isto é, admitiam
em suas composições representantes dos grupos privados diretamente
interessados, ao lado dos técnicos e funcionários do Estado; outros não.
Destacaram-se o Instituto do Açúcar e do Álcool, criado em 1933, o
Instituto do Mate, em 1938, o Instituto do Sal, em 1940, e o Instituto do
Pinho, em 1941 (DINIZ, 1981).
Chaminés ativas e inativas em uma usina de açúcar e álcool no Brasil.
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É possível identificar nesse contexto um processo de diversificação
industrial motivada por incentivos estatais. O dinamismo da
industrialização na década de 1930 é tributário de uma base industrial
preexistente, constituída ao longo da Primeira República. Entretanto, a
expansão nos anos 1930 não tinha precedentes: dos quase 50 mil
estabelecimentos industriais existentes no país, segundo o Censo
Industrial de 1940, cerca de 35 mil foram fundados depois de 1930, ou
seja, 70% dos estabelecimentos eram recentes.
Saiba mais
A exemplo do sucedido com o setor agrícola, a concessão de incentivos
à indústriaprivada e a criação de condições infraestruturais para a
industrialização ficaram a cargo de um conjunto de agências estatais
como a Comissão de Similares, criada em 1934, o Conselho Técnico de
Economia e Finanças, em 1937, o Conselho Nacional de Petróleo, em
1938, o Conselho de Águas e Energia, em 1939, a Comissão Executiva
do Plano Siderúrgico Nacional, em 1940, a Comissão de Combustíveis e
Lubrificantes e o Conselho Nacional de Ferrovias, ambos em 1941, além
da constituição, durante o Estado Novo, das estatais Companhia
Siderúrgica Nacional (1941), Companhia Vale do Rio Doce (1942) e
Companhia Nacional de Álcalis (1943).
A partir dessas experiências, suscitadas originalmente com a Crise de
1929 e a recessão internacional nos anos 1930, iniciou-se um debate
sobre planejamento econômico e planificação nacional. Em 1934, foi
criado o Conselho Federal de Comércio Exterior (CFCE), primeiro órgão
do país voltado para o planejamento estatal; em 1943, o Conselho
Nacional de Política Industrial e Comercial (CNPIC); e, no ano seguinte, a
Comissão de Planejamento Econômico (CPE). Ao longo de todo o
período do governo Vargas, no interior desses órgãos ocorreram
acirrados debates envolvendo representantes do empresariado agrícola,
comercial e industrial, consultores técnicos e funcionários ministeriais.
Governo Vargas
Durante todo o período e, especialmente, no Estado Novo (1937-1945), o
Estado foi permeável às pressões dos grupos sociais organizados —
empresários, militares, sindicalistas, diplomacia internacional — que
disputaram entre si para o atendimento de suas demandas. Em particular,
cabe ressaltar a consolidação de uma geração de industriais que soube
tirar proveito a partir dos novos arranjos políticos corporativos. A
exploração dos recursos naturais extraídos do solo brasileiro e a produção
industrial em larga em escala faziam parte da meta econômica de
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desenvolvimento, incorporando interesses de diversas classes, como
empresários e trabalhadores, atuando sob a mediação do Estado.
Filinto Müller, Góes Monteiro, Getúlio Vargas, Valdemar Falcão, Benedito Valadares e Israel
Pinheiro (da esquerda para a direita), 1938. São Lourenço (MG).
No intuito de viabilizar a expansão industrial, o Estado manteve os
produtos industriais nacionais protegidos da livre concorrência por meio
do controle de importações. A desvalorização da moeda, o mil-réis,
resultou no redirecionamento da demanda nacional para a produção
doméstica. Os setores industriais mais dinâmicos foram o têxtil, o
químico, bem como os de papel, cimento, aço e pneus. No ano de 1939,
99% do ferro gusa consumido no Brasil eram da indústria nacional,
assim como 85% do cimento.
Industrialização e desenvolvimento
nacional
Ao longo dos anos 1930, não se pode afirmar que houve, por parte do
Estado brasileiro ou das elites emergentes, um projeto sistemático de
desenvolvimento industrial. O projeto foi sendo construído
gradativamente, respondendo aos acontecimentos e às variáveis
econômicas e políticas, só compreensíveis a partir de uma perspectiva
histórica (LEOPOLDI, 2003). A consolidação de uma ideia de
industrialização como alternativa exequível para o desenvolvimento
brasileiro ocorreu pari passu a reformas institucionais.
Veja o papel de cada setor, burguesia e empresariado, para a
industrialização brasileira:
Burguesia industrial
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A participação na defesa e organização de seus interesses já vinha se
pavimentando desde os anos 1920, em resposta às novas demandas
sociais oriundas da complexificação política e econômica.
Empresariado industrial brasileiro
A esse setor, coube a luta para participação efetiva nos novos espaços
institucionais decisórios criados no aparelho de Estado, como os
conselhos técnicos e as comissões reguladas por aparelhos estatais.
A partir dessas ações específicas, seria possível a elaboração de um
discurso próprio, servindo de base para um programa industrialista a ser
implementado pelo Estado.
Nos anos 1930, edificou-se um modelo de atuação do Estado em face
da industrialização: ação regulamentadora do Estado sobre a atividade
econômica e o estabelecimento de um padrão de financiamento público.
Em outras palavras, o Estado é convocado para construir as condições
básicas para o crescimento industrial, no que tange ao estabelecimento
de uma indústria pesada (na qual o capital privado nacional não tinha
condições de alocar recursos próprios em função dos altos custos) e de
uma infraestrutura basilar para esse desenvolvimento. É nesse contexto
que a discussão sobre o petróleo, a siderurgia e a energia elétrica
emerge como primaz na agenda política brasileira.
A industrialização brasileira
até os anos 1930
Neste vídeo, o doutor Daniel Pinha traz esclarecimentos sobre
características da industrialização entre a Primeira República e a Era
Vargas, fala acerca da centralidade do café e da classe operária e, ainda,
aborda os impactos percebidos atualmente pelas escolhas do modelo
de industrialização dos anos 1930.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(Unesp - SP/2017) A industrialização contemporânea requer
investimentos vultosos. No Brasil, esses investimentos não podiam
ser feitos pelo setor privado, devido à escassez de capital que
caracteriza as nações em desenvolvimento. Além disso, o
crescimento econômico do Brasil, um recém-chegado ao processo
de modernização, processou-se em condições socioeconômicas
diferentes. Um efeito internacional de demonstração, na forma de
imitação de padrões de vida, entre países ricos e pobres, e entre
classes ricas e pobres dentro das nações, resultou em pressões
significativas sobre as taxas de crescimento para diminuir a
diferença entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Em
vista das aspirações de melhores padrões de vida, o governo
desempenhou um papel importante no crescimento econômico
recente do Brasil.
(PELÁEZ, C. M.; SUZIGAN, W. História monetária do Brasil. Brasília,
DF: Universidade de Brasília, 1981. Adaptado.)
De acordo com o texto, uma das particularidades do processo de
industrialização brasileira é
A
o controle das matérias-primas industriais pelas
nações imperialistas do planeta.
B
a escassez de mão de obra devido à sobrevivência
da pequena propriedade rural.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
O Brasil é um país historicamente agroexportador, tendo ainda hoje
fortes características herdeiras dessa questão. Nossa
industrialização veio a reboque de ações e dinâmicas
internacionais. O comando é reconhecer as particularidades da
industrialização brasileira, dessa forma, o controle imperialista era
da industrialização e não das matérias-primas. Em um país de
tradição escravocrata e vocação de receber imigrantes, a mão de
obra nunca foi um problema, mercados emergentes não têm
padrões de luxo, e a economia já não era colonial há muito tempo.
Questão 2
(ENEM MEC/2014) Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a
situação da economia cafeeira se apresentava como se segue. A
produção, que se encontrava em altos níveis, teria que seguir
crescendo, pois os produtores haviam continuado a expandir as
plantações até aquele momento. Com efeito, a produção máxima
seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da
depressão, como reflexo das grandes plantações de 1927-1928.
Entretanto, era totalmente impossível obter crédito no exterior para
financiar a retenção de novos estoques, pois o mercadointernacional de capitais se encontrava em profunda depressão, e o
crédito do governo desaparecera com a evacuação das reservas.
(FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia.
Editora Nacional, 1997. Adaptado.)
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica
mencionada foi
C a existência prévia de um amplo mercado
consumidor de produtos de luxo.
D
o domínio da política por setores sociais ligados aos
padrões da economia colonial.
E
a emergência da industrialização em meio a
economias internacionais já industrializadas.
28/09/2023, 15:16 Industrialização brasileira
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Outra característica a ser reconhecida são as ações do Estado
brasileiro em meio às crises internacionais, aos quadros de guerra e
à crise da produção industrial em 1929. Destaca-se no governo de
Vargas a organização de uma política industrial, dirigida e
trabalhada para o fim. Não somos mercados, não revimos nossas
estruturas aristocráticas, e mão de obra imigrante não responde à
questão, e é de fato parte da política dirigida que é tratada.
A a reformulação do sistema fundiário.
B a atração de empresas estrangeiras.
C o financiamento de pequenos agricultores.
D o desenvolvimento de política industrial.
E o incremento da mão de obra imigrante.
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2 - Industrialização - motor do
desenvolvimento: de Vargas a JK
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o programa nacional
industrializante de desenvolvimento no contexto político entre os anos
1930 e 1950.
Desenvolvimento industrial
e soberania nacional
A elite industrial, ao elaborar sua perspectiva industrializante na década
de 1930, se apropriaria de categorias do discurso político autoritário
vigente à época, combinando-as ao discurso de modernização
econômica que defendia (FONTES; MENDONÇA, 1988). Em outras
palavras, era como se o salto industrial modernizador fosse compatível
ao modelo político antidemocrático instaurado pelo varguismo. A
combinação industrialização e autoritarismo seria a fórmula para
superar a vulnerabilidade da economia brasileira, em face do seu caráter
predominantemente agroexportador. Eis uma diferença decisiva nos
anos 1950, quando o desenvolvimento nacional e a industrialização
deveriam ajustar-se à experiência democrática, e o ponto central deste
módulo, a ser desenvolvido de agora em diante.
Segundo Leopoldi (2003), o crescimento industrial registrado
principalmente no triênio 1933-1936 se daria basicamente pelo
resultado da conjugação de alguns fatores, veja quais foram:

Ampliação do processo de
substituição de importações
O primeiro deles é motivado pela conjuntura externa de crise e brusca
desaceleração da economia mundial no imediato pós-1929.

Reação das políticas
governamentais
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Em segundo lugar, a pronta resposta dada pelas políticas
governamentais ao choque externo sofrido pela economia brasileira.

Necessidades setoriais ganham
espaço na cena política
E, por fim, a existência de demandas setoriais que ganhavam espaço na
cena política brasileira e que gradativamente foram incorporadas pelo
Estado.
Além de um programa industrialista sendo gerido por lideranças desses
segmentos, merece destaque também o papel dos militares, que
passaram a postular a criação de uma infraestrutura mínima no país,
para servir de base ao desenvolvimento industrial em curso e vista
como condição elementar para manutenção da soberania nacional.
Petróleo, siderurgia e energia elétrica foram os pontos
fundamentais que ganharam os círculos do debate
político-econômico que propunha o salto industrial
qualitativo almejado por importantes segmentos da
elite brasileira. Seriam questões de relevo na economia
política não apenas do Estado Novo, mas de todo o
primeiro governo Vargas.
O debate acerca dessas questões ultrapassaria os limites da mera
discussão técnica e ganharia contornos eminentemente políticos. Em
outras palavras, era preciso construir um consenso na sociedade
brasileira e na base política do Estado para que essas questões
pudessem se transformar em políticas públicas efetivas (LEOPOLDI,
2003).
A Companhia Siderúrgica Nacional
Ainda que fosse possível identificar a existência de um incipiente setor
privado de indústrias siderúrgicas desde a década de 1920, tal atividade
só passaria a constar efetivamente na pauta da agenda política do país
quando a orientação modernizadora-industrialista do governo brasileiro
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começou a se delinear ao longo da década de 1930. Nesse contexto,
verificou-se a necessidade premente do Estado de atuar nesse setor,
entendido como estratégico.
A demanda crescente por aço esbarrava na incapacidade de o setor
privado supri-la. Os militares, nesse sentido, viriam a adquirir papel de
protagonistas na elaboração de uma efetiva proposta que demandasse
uma atuação estatal nessa atividade.
Presidentes Getúlio Vargas e Franklin Delano Roosevelt.
Em 1940, ao mesmo tempo em que Vargas tentava estabelecer acordos
com os EUA (país que possuía uma crescente demanda por minério de
ferro e aço) para possíveis parcerias com o capital estrangeiro, foi
criada, pelo Decreto-Lei nº 2.054, a Comissão Executiva do Plano
Siderúrgico, encarregada de fazer os estudos e organizar uma
companhia nacional de siderurgia.
Veja o cenário:
União de militares
e empresariado
A composição política e
técnica da comissão do
plano siderúrgico
refletia a evidente
aproximação entre
militares e
empresariado industrial,
com o objetivo de
elaborar o modelo de
política estatal para o
setor.
Força dos setores
no governo
varguista
Por outro lado,
mostrava a capacidade
de influência desses
segmentos perante o
establishment varguista,
tendo em vista a efetiva
participação de figuras
proeminentes,
lideranças intelectuais

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orgânicas desses dois
setores.
Sem dúvida, o ano divisor de águas para a definição das políticas para o
setor foi o de 1940. No bojo das discussões realizadas por essa
comissão e a partir dos entendimentos entre o governo brasileiro e o
governo americano (por meio do Eximbank – Banco de Exportação e
Importação), surgiu a decisão de se construir uma usina siderúrgica
estatal de grande porte.
Comentário
O governo americano abriria uma linha de crédito de 20 milhões de
dólares, e a contrapartida brasileira seria de 25 milhões, provenientes de
várias fontes — depósitos das cadernetas de poupança em bancos
públicos, fundos de pensão e aposentadoria e ações do Tesouro
(LEOPOLDI, 2003; MARTINS, 1976). O local escolhido para a instalação
da usina, a cidade de Volta Redonda (RJ), ocorrera pela necessidade de
se estabelecer um complexo de indústrias de base no eixo Rio–São
Paulo, principal polo urbano-industrial do país.
A consolidação do acordo para a construção da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), em março de 1942, deu-se no contexto de imediata
definição da entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial (após o
ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, no Pacífico). Nesse
sentido, a diplomacia econômica brasileira soube explorar as condições
que levaram à entrada dos EUA no conflito, explorando os interesses
econômicos e militares americanos no campo de batalha. A promessa
de um fornecimento constante de minerais estratégicos para os EUA e a
autorização para estabelecimento de bases militares no Nordeste
brasileiro foram condições colocadas pelo governo dos EUA e
prontamenteaceitas.
Construída ao longo da Segunda Guerra Mundial, a Siderúrgica Nacional
só passou a operar no máximo da sua capacidade produtiva em 1948. A
CSN foi o último empreendimento significativo do primeiro período
Vargas e o símbolo de um projeto nacional desenvolvimentista que
incluiu uma tácita aliança entre Estado, industriais e militares. De fato,
consolidava-se um modelo de acumulação capitalista que, malgrado a
atuação do capital privado nacional em diversos setores, consolidava o
Estado como grande agente indutor das opções de desenvolvimento
adotadas no período.
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Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Os anos JK
Anos JK: industrialização,
desenvolvimento e democracia
O governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi aquele que, na
experiência democrática dos anos 1946-1964, melhor encarnou a ideia
de desenvolvimento e industrialização. Governando estritamente nos
limites da Constituição e da democracia advinda com a queda do
Estado Novo e sob a égide de um pretensioso plano de crescimento e
industrialização da economia brasileira, o governo JK produziu
transformações significativas na realidade brasileira. Promoveu, a partir
do Plano de Metas, a integração de boa parte do território brasileiro e
consolidou um modelo de desenvolvimento industrial assentado na
associação com o capital estrangeiro. O plano “50 anos em 5”, proposto
por JK, ainda em sua campanha eleitoral, traduziu muito bem a ideia de
movimento, ação e desenvolvimento que caracterizou o Brasil da
segunda metade da década de 1950.
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Posse de Juscelino Kubitschek como presidente da República e de João Goulart como vice, em
1956.
Apesar dos percalços atravessados entre a vitória eleitoral e a efetiva
posse, o governo JK foi, certamente, um período de estabilidade política,
combinada a um processo de crescimento econômico. A partir de um
quadro social e político tenso e com interesses divergentes, conciliou o
processo democrático e a intensificação do desenvolvimento do tipo
capitalista e industrial.
Não é por mero acaso, portanto, que a Era JK tenha recebido,
posteriormente, o adjetivo de "anos dourados", servindo, dessa forma, de
modelo para vários políticos, defensores da ordem política e
democrática no Brasil — ainda que não tenha conseguido superar ou
mitigar assimetrias sociais e incorporar amplos segmentos sociais à
cidadania (MOREIRA, 2003).
Em linhas gerais, o governo JK fez-se sob o signo do
binômio crescimento/desenvolvimento industrial.
Embora tal objetivo fosse consensual entre os diversos
atores sociais e políticos que compunham a cena
brasileira, a forma como o desenvolvimento nacional
deveria ser alcançado era o que estava efetivamente
em disputa.
Nesse sentido, o “nacional-desenvolvimentismo”, além de predominante,
exerceria o papel crucial de alinhavar diferentes segmentos da
sociedade em torno desse modelo de desenvolvimento. A partir de
meados da década de 1950, a industrialização por substituição de
importações passa a ter como carro-chefe a implantação da indústria
de bens de consumo duráveis, notadamente automóveis e
eletrodomésticos. Durante o governo JK, a taxa de crescimento da
economia foi de 8% ao ano em média, mas a produção industrial
cresceu 100%.
Todo esse desenvolvimento foi definido a partir do Plano de Metas, que
priorizou a substituição de importações nos setores de bens de capitais
e, principalmente, bens de consumo duráveis.O Estado, especialmente
por meio do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico),
continuou a financiar grande parte das indústrias de base, por meio de
novas emissões de moedas ou de empréstimos externos. Já o setor de
bens de consumo duráveis desenvolveu-se a partir da
internacionalização da economia, e para isso utilizou a Instrução 113 da
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Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), baixada no início de
1955, no curto governo Café Filho (1954-1955), que garantia a
importação de máquinas e equipamentos no exterior, sem impostos ou
cobertura cambial, desde que os empresários estrangeiros tivessem
sócio nacional.
João Café Filho, presidente do Brasil (1954-1955).
Dessa maneira, realizou-se a abertura do mercado nacional para as
grandes empresas estrangeiras, que passaram a investir maciçamente
no Brasil com a disponibilidade de capitais. Assim, os EUA e as nações
europeias retomavam a expansão imperialista. A Europa Ocidental e o
Japão recuperavam-se dos prejuízos causados pela Segunda Guerra
Mundial, como resultado do Plano Marshall e outros investimentos
realizados pelos EUA. O governo Kubitschek soube aproveitar a nova
conjuntura econômica internacional, com maior disponibilidade de
capitais e a retomada da disputa por mercados pelas empresas das
economias centrais. Assim, as reticências e as condições impostas
pelos americanos à cooperação para o desenvolvimento industrial
brasileiro podiam ser agora contornadas com essas novas parcerias,
ávidas por oportunidades de investimentos rentáveis.
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Tendo como base a política econômica construída por Getúlio Vargas e
a massa crítica da Comissão Econômica das Nações Unidas para a
América Latina (Cepal), Juscelino Kubitschek inovou no gerenciamento
da economia brasileira, lançando seu Plano de Metas. Um plano que
deveria realizar “50 anos em 5”, e cuja meta síntese era a construção da
nova capital no planalto central ― Brasília. O maior dinamismo da
economia brasileira no período pode ser constatado por meio de alguns
números:
 Produção de cimento
Foram produzidas 914 mil toneladas em 1947 e 4,6
mihões de toneladas em 1961, alcançando-se a
autossuficiência.
 Produção de aço
A produção em lingotes passou de 1,4 milhão de
toneladas em 1956 para 2,7 milhões de toneladas
em 1962.
 Produção de veículos
automotores
Passou de 31 mil em 1957 para 200 mil em 1962.
 Geração de energia elétrica
A capacidade instalada de geração de energia
elétrica passou de 2,8 milhões de kW em 1954 para
5,8 milhões de kW em 1962.
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Enfim, o crescimento médio anual da economia brasileira foi de 8,1%.
Construção do Palácio da Alvorada, Brasília.
Política desenvolvimentista
50 anos em 5: industrialização e
desenvolvimento nacional
Mesmo que a economia não tenha avançado 50 anos, durante o governo
JK foi inegável a aceleração do crescimento econômico, sobretudo nos
ramos industriais modernos. O plano abrangia os seguintes setores
estratégicos:

Energia

Transportes
 Extensão de rodovias
pavimentadas
Passou de 3, 2 mil quilômetros em 1956 para 9 mil
quilômetros em 1962.
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
Alimentação

Indústria de base
Seus objetivos principais eram enfrentar os pontos de estrangulamento
da economia por meio de investimentos do Estado em infraestrutura,
expandir a indústria de base, bem como desenvolver a indústria
automobilística, incentivando investimentos privados nacionais e
estrangeiros, principalmente.
Apesar do crescimento da produção interna, cresceu
também a dependência tecnológica, pois as empresas
aqui instaladas continuavam a importar máquinas.
Havia também a dependência financeira, fruto do maior
endividamento e da remessa de lucros realizada pelas
multinacionais. O crescimento urbano foi
acompanhado pelo crescimento de uma "classe
média", em grande parte vinculadaao setor de
serviços, ampliando-se também o consumo.
A inflação voltou a crescer e, apesar dos investimentos públicos no
setor de serviços, as cidades não estavam preparadas para o
crescimento, pois atraíam milhares de migrantes.
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Fluxo de migrações entre os anos 1960 e 1980.
A política para o setor agrário caracterizou-se pela manutenção do
modelo tradicional. A concentração fundiária manteve-se e foi menos
questionada, uma vez que toda a discussão econômica passou a se
basear no desenvolvimento industrial.
Dessa maneira, os financiamentos tradicionais garantiram a
manutenção do latifúndio, ao mesmo tempo em que a não existência de
uma nova política para o campo garantia o fluxo constante de mão de
obra barata, expulsa do campo e atraída pelas novas oportunidades nas
grandes cidades.
Para conduzir sua política econômica, Juscelino implantou a
administração paralela. Esta consistia em órgãos vinculados
diretamente à presidência que agiam com mais independência e
agilidade, contornando as dificuldades do processo legislativo. Dentre
eles, assumiram destaque o Grupo Executivo de Maquinaria Pesada
(Geimape), o Grupo Executivo para a Indústria Automobilística (Geia) e o
Grupo Executivo para a Construção Naval (Geicon). O conhecimento
técnico desses agentes era aliado à representação de interesses
empresariais, constituindo uma interlocução privilegiada com o
Executivo e a implementação de seus projetos.
Atenção!
A partir de 1956, com o modelo de desenvolvimento sugerido pelo Plano
de Metas de JK, houve um evidente deslocamento na ênfase desse
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debate, uma vez que a participação do capital estrangeiro se tornou uma
realidade concreta. A questão da participação do capital estrangeiro na
promoção do desenvolvimento nacional ocupava, naquele momento,
papel de destaque.
Nacionalismo e desenvolvimento
Não havia, nos anos 1950, somente um, mas vários nacionalismos,
pluralidade esta que se devia às diferentes elaborações intelectuais,
assim como às práticas políticas específicas dos vários segmentos
sociais e seus interesses particulares (FONTES; MENDONÇA, 1988). A
“corrente vitoriosa” dentre essas diversas elaborações, no governo JK,
foi aquela que girava em torno do chamado “nacional-
desenvolvimentismo”, que apregoava a participação do capital
estrangeiro na economia brasileira, submetido, entretanto, aos marcos
regulatórios estabelecidos pelo Estado. Nesse contexto, foram
importantes os diagnósticos oferecidos pelo pensamento econômico
estruturalista da Cepal acerca do problema do subdesenvolvimento
brasileiro, além da atuação do Iseb para elaboração de uma ideologia
orientadora da perspectiva de desenvolvimento que se tornara
predominante.
Cepal
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe. “A Cepal é uma das
cinco comissões regionais das Nações Unidas e sua sede está em Santiago
do Chile. Foi fundada para contribuir ao desenvolvimento econômico da
América Latina, coordenar as ações encaminhadas à sua promoção e
reforçar as relações econômicas dos países entre si e com as outras
nações do mundo. Posteriormente, seu trabalho foi ampliado aos países do
Caribe e se incorporou o objetivo de promover o desenvolvimento social.”
(CEPAL, 2021, n. p.).
Iseb
Instituto Superior de Estudos Brasileiros. “Instituição cultural criada pelo
Decreto nº 37.608, de 14 de julho de 1955, como órgão do Ministério da
Educação e Cultura. Gozando de autonomia administrativa e de plena
liberdade de pesquisa, de opinião e de cátedra, destinava-se ao estudo, ao
ensino e à divulgação das ciências sociais, cujos dados e categorias seriam
aplicados à análise e à compreensão crítica da realidade brasileira e à
elaboração de instrumentos teóricos que permitissem o incentivo e a
promoção do desenvolvimento nacional. Desapareceu em 1964.” (ABREU, s.
d., n. p.).
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Industrialização motor do
desenvolvimento: de Vargas
a JK
Neste vídeo, o doutor Daniel Pinha fala sobre os impactos atuais das
decisões tomadas ao longo das políticas de soberania nacional, CSN,
Anos JK e 50 anos em 5.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) ficou
marcado, no contexto da industrialização brasileira, pelo(a)

A
ascensão da economia do país como um
importante mercado emergente.
B
criação de empresas estatais de exploração de
petróleo e gás natural.
C
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Parabéns! A alternativa E está correta.
O processo de JK tem relação direta com a influência das grandes
empresas internacionais, reduzindo a ação governamental e
focando a infraestrutura para difundir os novos valores.
Questão 2
(Fuvest - SP/2017) O período que vai de 1956 a 1967 é considerado
como a primeira fase da industrialização pesada no Brasil.
(NEGRI, B. Concentração e desconcentração industrial em São
Paulo – 1880-1990. Campinas: Unicamp, 1996.)
Sobre as características da industrialização brasileira no período de
1956 a 1967, é correto afirmar que
incentivo da prática do desenvolvimento sustentável
nas fábricas.
D
utilização de fontes de energia renováveis no parque
industrial do país.
E
promoção da abertura econômica do país para as
empresas multinacionais.
A
partiu do Estado brasileiro, de caráter fortemente
centralizador e nacionalista, a criação das
condições para a nascente indústria têxtil que se
instalava no país, por meio de diversos incentivos e
isenções fiscais.
B
a instituição do Plano de Metas, que teve como
principal finalidade incrementar a incipiente
industrialização do Rio de Janeiro e de São Paulo,
marcou politicamente esse momento do processo.
C
houve uma associação entre os investimentos no
setor estatal e a entrada de capital estrangeiro, que
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A lógica estrutural é de formular um ideal de novo Brasil mais plural
e tentar que os movimentos Rio-São Paulo possam se expandir
para demais eixos.
3 - A política industrial: da Ditadura Militar aos
anos 1990
Ao �nal deste módulo, você será capaz de examinar as variações
econômicas brasileiras e sua relação com a industrialização dos anos
1970 até 1990.
propiciaram a instalação de plantas produtoras de
bens de capital.
D
trata-se de uma fase marcada pela política de
“substituição de importações”, uma vez que se deu
um incremento da indústria nacional, pela
abundância de mão de obra.
E
ocorreu a implantação de multinacionais do setor
automobilístico, que se concentraram em São Paulo,
principalmente ao longo do eixo da Estrada de Ferro
Santos-Jundiaí, em direção a Ribeirão Preto.
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Ditadura Militar: contexto
econômico
A orientação da política econômica durante a vigência da Ditadura
Militar no Brasil possui três momentos bastante definidos:
 Plano de Ação Econômica do
Governo
De 1964 até 1968
Um primeiro, diante de um quadro de elevados
níveis inflacionários e de redução do PIB, a política
econômica procurou conciliar o binômio
crescimento e redução da inflação; o Plano de Ação
Econômica do Governo estruturava-se no tripé
reforma fiscal, reforma monetária e reforma
salarial.
 Milagre econômico
De 1968 até 1973
Um segundo, no início do governo Médici, sob o
comando do ministro DelfimNeto, alterou
profundamente a condução da política econômica,
por meio do chamado “milagre econômico”. Em que
pese a prosperidade do período 1968-1973, as
frágeis bases do desenvolvimento abriram espaço
para a crise, desencadeada no governo Geisel.
 Década perdida
Anos 1980
U t i t ti h i í i i
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Logo após o golpe, iniciou-se o programa de estabilização e reformas
pelo ministro do Planejamento, Roberto Campos, e pelo ministro da
Fazenda, Octavio Gouvêa de Bulhões, que lançou as bases para um novo
ciclo de acumulação capitalista no Brasil. Algumas dessas reformas
fizeram parte do Plano de Ação Econômica do Governo (Paeg), que
havia sido discutido e elaborado em parte nos círculos do Ipes antes do
golpe. O Paeg pretendia devolver ao país o crescimento da segunda
metade dos anos 1950; pôr fim à inflação anual de três dígitos; corrigir o
déficit externo; equilibrar as contas públicas; reduzir desigualdades
regionais e sociais; e gerar empregos.
O Paeg incluiu uma reforma tributária, que criou impostos sobre valor
agregado (ICM e IPI) e universalizou o imposto de renda. O aumento dos
impostos reduziu substancialmente o déficit público de 1964 a 1966.
Outras medidas foram a unificação da Previdência, com a criação do
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS); a criação de um
mercado para títulos da dívida pública e da correção monetária; a
criação do Banco Central (inicialmente com independência, depois
retirada pelo presidente Costa e Silva); o fim da estabilidade de emprego
aos 10 anos de trabalho, substituída, como “mecanismo de proteção ao
trabalhador”, pelo Fundo de Garantia do Tempo de Trabalho (FGTS); e o
lançamento das cadernetas de poupança e do financiamento da casa
própria em larga escala, com a fundação do Banco Nacional da
Habitação (BNH) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Um terceiro momento tinha início, assim
caracterizado pela grave crise da economia
brasileira que deixou como herança o descontrole
dos anos 1980, em outras palavras, a “década
perdida”.
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Logomarca do INPS.
Essas medidas resultaram em forte capitalização do Estado, na
alavancagem das empresas e numa intensa rotatividade de mão de
obra, e ainda viabilizaram o período de acelerado crescimento
econômico a partir de 1968, conhecido como “milagre econômico”.
Entre 1968 e 1973, sobretudo no governo Médici, ainda
com Delfim à frente da economia, o país cresceu em
média 12% ao ano. Houve o estímulo à atividade
econômica, como a expansão do crédito — incluindo,
especificamente, o crédito ao consumidor —, baixas
taxas de juros e redução de compulsórios.
Destaca-se o desempenho do setor de bens de consumo duráveis, como
eletrodomésticos e carros, que cresciam de 20% a 25% ao ano. Uma
iniciativa importante do governo foi a criação da Embrapa e as medidas
de apoio ao setor agrícola, que acompanharam a fase inicial do plantio
de soja no Brasil, modernizando setores agrícolas tradicionais e
lançando as bases dos complexos agroindustriais (CAIs). Além disso,
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ocorreram grandes obras para o “Brasil Grande”: a Transamazônica e a
Ponte Rio-Niterói. Apesar da economia aquecida, a inflação caiu no
período, saindo de 25% em 1968 para 16% em 1973.
Delfim Netto.
"É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo". A frase do então
ministro da Fazenda Delfim Netto é, até hoje, uma das mais lembradas
da Ditadura Militar. O bolo cresceu, mas não foi dividido: entre 1968 e
1973, o Brasil cresceu acima de 10% ao ano, mas, em contrapartida, o
salário mínimo ― que vinha recuperando o poder de compra nos anos
1960 ― perdeu com o golpe.
Os limites estruturais da economia brasileira, ao lado da crise
internacional, inviabilizaram o projeto econômico do governo Geisel,
levando à chamada “crise do milagre brasileiro”. A crise da economia
mundial, promovida pela primeira crise do petróleo, demonstrou a
fragilidade das bases desse crescimento e a excessiva dependência da
economia brasileira diante do capital externo. A concentração de renda,
a explosão da inflação e a redução dos níveis de exportação
desencadearam a crise do modelo vigente, durante o governo Médici, e
levaram a uma nova orientação econômica, materializada no II Plano
Nacional de Desenvolvimento (PND).
Posto americano fechado durante a primeira crise do petróleo.
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PND
O programa de industrialização
proposto pelo II PND
O II PND forneceria as principais diretrizes e elementos da estratégia de
longo prazo:
Indústrias básicas
Grande ênfase nas indústrias básicas, notadamente no setor de
bens de capital, e de eletrônica pesada, assim como no campo
dos insumos básicos, a fim de substituir importações e, se
possível, abrir novas frentes de exportação.
Setor energético
No setor energético, optou-se por uma aceleração dos
investimentos de prospecção, principalmente na bacia de
Campos (RJ), e na execução de um programa de elevação de 60%
da capacidade geradora de energia hidroelétrica, que viabilizaria a
expansão da produção e da exportação de bens, como o
alumínio, produzidos com intenso consumo de energia.
Tecnologia termonuclear
O investimento no domínio da tecnologia termonuclear,
viabilizada pelo acordo Brasil-Alemanha.
Os principais instrumentos da política industrial, carro-chefe na
estratégia de desenvolvimento, foram o crédito do Imposto de Produtos
Industrializados (IPI) sobre a aquisição de equipamentos, a depreciação
acelerada para equipamentos nacionais, as isenções do imposto de
importação, o crédito subsidiado, a reserva de mercado para alguns
setores e a garantia de preços.
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Os órgãos de implementação dessa política foram o Conselho de
Desenvolvimento Industrial (CDI), o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE), o Conselho de Política Aduaneira, a Carteira de
Comércio Exterior (CACEX) do Banco do Brasil e o Conselho
Interministerial de Preços (CIP).
Sede do BNDES, Rio de Janeiro.
Contexto internacional e o
neoliberalismo
A crise do petróleo de 1973
A primeira crise do petróleo em 1973 teve como consequências para o
Brasil não só a elevação do preço do produto e derivados, mas também
o aumento dos juros no mercado financeiro internacional, encarecendo
o abundante fluxo de poupança externa. A política desenvolvimentista
do governo Geisel prosseguiu, em ritmo menos acelerado e com
investimentos de maturação mais lenta, com taxas de crescimento em
torno de 4% ao ano, contra a média de 10% a.a. no período anterior. Essa
“marcha forçada” da economia teve o seu limite em 1979, com o início
de uma política recessiva de “ajuste”, promovida pelo governo, conforme
o receituário do Fundo Monetário Internacional (CASTRO; SOUZA, 1985).
A diferença importante da experiência brasileira da década de 1970,
tanto em relação às experiências anteriores quanto às de outros países,
é que a opção pela política de substituição de importações foi feita sem
que houvesse descontinuidade no incentivo às exportações. Veja a
diferença entre exportações e importações em um mesmo período,
apesar do segundo choque do petróleo:
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
Exportações
Passam de 7,5% do PIB
em 1974 a 8,4% em
1980.

Importações
Caem de 11,9% em
1974 para 9,5% do PIB
em 1980.
Em meados de 1980, a equipe econômica já percebiaos primeiros
sinais de escassez de financiamento externo, evidenciando a disposição
dos credores de cobrar pesados custos internos no curto prazo para
financiar o ajuste. Todavia, manteve-se a programação dos
investimentos, incluindo-se no III PND investimentos relacionados à
exploração do petróleo, à substituição de energia na indústria e no
transporte, à substituição de importações de insumos básicos e para
atividades voltadas para a exportação.
Atenção!
A economia brasileira experimentou, após longo período de
crescimento, uma profunda recessão no início dos anos 1980, que
culminou com uma queda de cerca de 10% no produto industrial em
1981. Pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial o PIB teve um
declínio real de 4,3%.
O advento do neoliberalismo como
solução para a crise
Sustentado pelo cenário de profunda crise econômica dos anos 1980
(diretamente relacionada à crise do “milagre econômico”), consolidou-se
o diagnóstico de que somente a reestruturação do papel do Estado
poderia garantir a recuperação econômica do país. Tal constatação por
parte de dirigentes políticos brasileiros levou à reconfiguração da
política econômica brasileira, a partir da introdução do projeto neoliberal
no Brasil.
Os sucessivos fracassos dos planos econômicos
implementados durante o governo de José Sarney
(1985-1990) – Plano Cruzado I, Plano Cruzado II e

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Plano Verão – fortaleceram o discurso de que somente
a implementação da agenda produzida pelo Consenso
de Washington poderia promover a inserção do país
nos novos rumos e nas novas exigências da economia
mundial.
O Consenso de Washington ficou conhecido como um conjunto de dez
medidas econômicas formuladas durante uma reunião ocorrida em
Washington, D.C., em novembro de 1989, realizada por economistas de
instituições financeiras como o Fundo Monetário Internacional, Banco
Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. As novas
medidas estimulavam a competição entre as taxas de câmbio, davam
incentivos às exportações e previam a gestão de finanças públicas,
tornando-se a política oficial do Fundo Monetário Internacional em 1990,
no momento que passaram a ser receitadas para promover o
ajustamento macroeconômico dos países em desenvolvimento que
passavam por dificuldades.
A nova configuração que as políticas públicas irão assumir, desde então,
toma como elementar ponto de referência as diretrizes elaboradas pelo
economista John Williamson na reunião na cidade de Washington, no
ano de 1989, na qual foram traçados os caminhos que os países da
América Latina deveriam trilhar.
Capitólio dos Estados Unidos em Washington.
Segundo o próprio economista, o grande consenso pode ser
sistematizado em três planos:
 Ordem macroeconômica
É id i f fi l
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Assim, nos anos 1980 e começo dos anos 1990, a conjuntura brasileira
constituiu-se em um fértil terreno para a pregação do ideário neoliberal.
A crise econômica, a crise de legitimidade e os movimentos de massa
deram a tônica à chamada “abertura”. Estavam desenhadas, então, as
condições para que a agenda neoliberal apresentada fosse vista como a
única solução para a crise. Segundo Francisco de Oliveira (1996), o
processo de dilapidação do Estado brasileiro que teve início ainda
durante a Ditadura e prosseguiu sem interrupções no governo Sarney
terá papel decisivo para a consolidação do cenário para a penetração da
ideologia neoliberal: o binômio hiperinflação/desqualificação da ação
política e dos espaços públicos como agentes promotores do bem-estar
social.
É requerido um rigoroso esforço fiscal que passa
por um programa de reformas administrativas,
previdenciárias e fiscais, além de um corte violento
nos gastos públicos.
 Ordem microeconômica
Passa pela necessidade de desonerar fiscalmente o
capital (desoneração fiscal, flexibilização dos
mercados de trabalho, diminuição da carga social
com os trabalhadores, diminuição dos salários)
para que ele possa aumentar sua competitividade
no mercado internacional, desregulado e aberto.
 Novo modelo
Desmonte radical do modelo anterior (Estado
interventor).
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José Sarney e Tancredo Neves.
Programa neoliberal
A eleição de Fernando Collor e a
adoção do programa neoliberal
Na primeira eleição direta para presidente desde 1960, o papel principal
coube a Fernando Collor, candidato por uma frágil aliança partidária,
cuja trajetória não foi marcada pela fidelidade partidária. Pela Arena, foi
nomeado prefeito de Maceió em 1979; pelo Partido Democrático Social
(PDS), elegeu-se deputado federal em 1982; pelo Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), foi eleito governador de Alagoas em
1986. Em 1989, em meio às articulações para lançamento de sua
candidatura à presidência, criou um partido próprio, o Partido da
Reconstrução Nacional (PRN).
Posse do presidente Fernando Collor de Melo.
Assim que toma posse no dia 15 de março de 1990, Collor põe em
marcha um conjunto de reformas que tem origem na constatação do
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esgotamento financeiro do Estado e na necessidade de redução do
déficit público. O “enxugamento” da máquina estatal a partir da redução
de um número significativo de órgãos e a diminuição de custos
constituíram-se em objetivos de reforma administrativa.
O eixo do discurso governamental sustentava-se no tripé
desestatização, desregulamentação e liberalização dos preços e
salários. A defesa da redução dos gastos públicos também é um ponto
nodal na proposta de governo de Collor. Torna-se, assim, recorrente no
discurso do então presidente a promoção do equilíbrio do orçamento
federal por meio do fim da concessão de benefícios e de privilégios, o
que exige obrigatoriamente uma estratégia global de reforma do Estado,
cujo saneamento será conquistado por meio de uma tríplice reforma:

Fiscal

Patrimonial

Administrativa
No dia seguinte à posse, medidas de choque para tentar controlar a
inflação são tomadas: o cruzeiro retoma sua posição de moeda oficial;
os saques da poupança, do overnight e das contas correntes são
reduzidos ao máximo de Cr$ 50 mil, ficando o saldo restante retido pelo
Banco Central pelo prazo de dezoito meses; os aumentos dos preços
são proibidos; é adotado o câmbio flutuante; foram extintos 24
organismos estatais e autárquicos, destacando-se entre eles, a
Siderúrgica Brasileira (Siderbrás), o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA)
e o Instituto Brasileiro do Café (IBC).
A despeito do confisco da poupança, os preços de alguns produtos
congelados começam a ser liberados já a partir de maio, mesmo
momento em que o governo anuncia a meta de 360 mil demissões no
funcionalismo público — das quais efetivamente somente em torno de
10 mil ocorreram. Esse pacote ficou conhecido como Plano Collor.
O projeto político-econômico, apresentado por Fernando Collor de Mello
em seu discurso de posse no Congresso Nacional, tinha como ponto
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central a ideia de “reconstrução nacional”.
Logotipo do governo Fernando Collor.
Para tal, o então eleito presidente propunha a redução das áreas de
atuação do Estado, o controle sobre a inflação, a defesa da economia de
mercado, a redução dos gastos públicos e o equilíbrio orçamentário.
No discurso de posse, em 15 de março de 1990, Fernando Collor já
deixou clara a sua orientação econômica:
Entendendo assim o Estado não
como produtor, mas como promotor
do bem-estar coletivo.Daí a
convicção de que a economia de
mercado é a forma
comprovadamente superior de
geração de riqueza, de
desenvolvimento intensivo e
sustentado. [...] Não abrigamos, a
propósito, nenhum preconceito
colonial ante o capital estrangeiro.
Ao contrário: tornaremos o Brasil,
uma vez mais, hospitaleiro em
relação a ele […] Não nos anima a
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ideia de discriminar nem contra nem
a favor dos capitais externos, mas
esperamos que não falte seu
concurso para a diversificação da
indústria, a ampliação do emprego e
a transferência de tecnologia em
proveito do Brasil. Em síntese, essa
proposta de modernização
econômica pela privatização [...] é a
esperança de completar a liberdade
política, reconquistada com a
transição democrática, com a mais
ampla e efetiva liberdade
econômica.
(MELO, 1990, n. p.)
Caras-pintadas em manifestação em frente ao Congresso Nacional, em Brasília.
Governo FHC
A reestruturação industrial do
Estado no governo FHC
Apesar da força eleitoral do principal candidato da oposição, Luiz Inácio
Lula da Silva, o ex-ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso,
sustentado eleitoralmente pela aliança PSDB/ PFL e do Plano Real, foi
eleito com 54% dos votos válidos ainda no primeiro turno.
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Assim como Collor, Cardoso também configura seu programa de
governo em torno do diagnóstico da falência do modelo de Estado
nacional-desenvolvimentista. Embora constate ter havido o crescimento
da economia, a estruturação de um importante parque industrial e o
aumento da capacidade competitiva das exportações brasileiras no
período que se estendeu entre 1930 e 1980, para Fernando Henrique
Cardoso o nacional-desenvolvimentismo deixou profundas sequelas
para a sociedade brasileira:
A partir desse diagnóstico, as principais propostas de governo de
Fernando Henrique Cardoso giravam em torno da implementação do
projeto de um novo modelo de desenvolvimento que tem como pontos
centrais: a reconstituição do esquema de financiamento do
desenvolvimento, a eleição da geração de empregos como a forma mais
efetiva e duradoura de distribuição de renda, e o fortalecimento do poder
político decisório.
Marcaram esse período os embates em torno do
processo de privatização, principalmente da
Companhia Vale do Rio Doce e do sistema de
Telecomunicações, as disputas internas ao grupo
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responsável pela condução da política econômica e,
principalmente, os embates em torno da aprovação das
emendas constitucionais que viabilizariam a
implementação das propostas governamentais.
Enviado ao Congresso em fevereiro de 1995, o pacote foi aprovado em
15 de agosto. Tomando como ponto de partida a redefinição do
conceito de empresa nacional e tendo como prioridade reordenar o
Estado, nessa primeira rodada de reformas “abria-se a exploração de
gás natural aos capitais privados, mediante concessão; quebrava-se o
monopólio estatal das telecomunicações; permitia-se a navegação de
cabotagem por navios de qualquer bandeira e propunha-se o que eu
chamei de ‘flexibilização’ do monopólio do petróleo, ou seja, sem
privatizar a Petrobras, promover a concorrência da estatal com outras
empresas, nacionais e estrangeiras, nas atividades de exploração,
importação e refino” (CARDOSO, 2006, p. 452-453).
Desse pacote, somente o item referido à “flexibilização do monopólio do
petróleo” teve sua aprovação postergada. Os problemas e as crises
ocorridas no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso não
inviabilizaram o projeto de sua reeleição, que acabou por ser vitorioso,
dando-lhe a possibilidade de outro quadriênio na condução política do
governo brasileiro.
Fernando Henrique Cardoso com George W. Bush.
Analisando documentos
Leia, atentamente, a “Carta Testamento” publicada na ocasião do
suicídio de Getúlio Vargas em 1954.
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Voltei nos braços do povo. A
campanha subterrânea dos grupos
internacionais aliou-se à dos grupos
nacionais [...] Quis criar a liberdade
nacional na potencialização de
nossas riquezas através da
Petrobras; mal ela começa a
funcionar, a onda de agitação se
avoluma. A Eletrobras foi
obstaculada até o desespero. Não
querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja
independente.
(VARGAS, 1954, n. p.)
Réplica da Carta Testamento de Getúlio Vargas na Praça Julio de Castilhos, em São Jerônimo,
Rio Grande do Sul.
E o discurso de posse de Fernando Henrique Cardoso na ocasião de sua
reeleição presidencial em 1999.
O Estado começou a ser
transformado para tornar-se mais
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eficiente, evitar o desperdício e
prestar serviços de melhor
qualidade à população. [...] Fui
escolhido pelo povo [...]. Para
continuar a construir uma economia
estável, moderna, aberta e
competitiva. Para prosseguir com
firmeza na privatização. Para apoiar
os que produzem e geram
empregos. E assim recolocar o País
na trajetória de um crescimento
sustentado, sustentável e com
melhor distribuição de riquezas
entre os brasileiros.
(CARDOSO, 1994, n. p.)
Os dois documentos revelam as diferenças decisivas entre os projetos
de modernização econômica e as perspectivas para o desenvolvimento
industrial brasileira. A diferença principal está no papel exercido pelo
Estado na defesa dos interesses nacionais. Para Vargas, o
desenvolvimento econômico e a prosperidade nacional seriam
conquistados por meio da atuação das empresas nacionais sob
controle do Estado. Já para Fernando Henrique Cardoso, a
modernização econômica ocorreria por meio da redução da atuação
estatal e mediante privatizações. De certa maneira, esse debate
sintetiza a discussão em torno do processo histórico de industrialização
brasileira.
Industrialização e política
nas décadas de 70, 80 e 90
Neste vídeo, o doutor Daniel Pinha traz esclarecimentos sobre a
industrialização brasileira e a política entre os anos 1970 e 1990.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(FEI - SP/2000) A Ditadura Militar no Brasil começou a ser abalada
quando o modelo de desenvolvimento econômico começou a dar
sinais de esgotamento. Além de problemas inerentes ao modelo,
um fator externo foi fundamental para a crise. Esse fator foi
Parabéns! A alternativa C está correta.
Partindo de uma divisão histórica das funções no mercado e nos
empréstimos estrangeiros para a industrialização, a Ditadura sofre
um duro golpe com a questão do petróleo pela dificuldade brasileira
de prospecção e refino. Os demais conflitos ou se relacionam de
A a Guerra do Vietnã.
B a Guerra Fria.
C a crise internacional do petróleo.
D a invasão do Kuwait pelo Iraque.
E a Revolução Islâmica no Irã.
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forma genérica, como a Revolução Islâmica e a Guerra Fria, ou são
posteriores, como a invasão do Kuwait.
Questão 2
Sobre a história do neoliberalismo, leia o trecho abaixo.
Não é novidade que, a partir do momento em que a neoliberalização
foi violenta e repentinamente imposta em partes do sul global, nas
décadas de 1970 e 1980, seja por conquista imperial, golpes de
Estado internos, exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI)
ou alguma combinação destes, o trabalho foi amordaçado e o
capital, posto à solta. [...] De um lado, asindústrias estatais são
privatizadas, proprietários estrangeiros são atraídos, a retenção de
lucros é assegurada; de outro, as greves são criminalizadas e os
sindicatos, limitados, por vezes até declarados ilegais.
(BROWN, W. Cidadania sacrificial: neoliberalismo, capital humano e
políticas de austeridade. Rio de Janeiro: Zazie Edições, 2018. p. 24.)
Considerando a história contemporânea, o texto aborda algumas
práticas associadas à emergência de regimes neoliberais pelo
globo ao longo das últimas décadas. Assinale a alternativa que
indica algumas dessas práticas.
A
A estatização de empresas privadas, a extensão das
redes de proteção social e o controle social dos
lucros das grandes corporações.
B
A ampliação dos direitos democráticos, a crítica às
políticas de austeridade e a introdução de reformas
sociais em larga escala.
C
A privatização de empresas públicas, a precarização
das relações laborais e a introdução de políticas de
austeridade em larga escala.
D
A defesa do nacionalismo econômico, a quebra de
grandes monopólios corporativos e o
enfraquecimento do sistema de seguridade social.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A lógica de não intervenção e valorização de livre mercado contra
as barreiras de proteção levam à discussão sobre o papel do Estado
e sua necessidade de se retirar das questões de mercado, por isso,
a lógica não é de defesa, direitos, criminalizações, mas a simples
lógica de que o Estado precisa diminuir para ser autossuficiente e
não atrapalhar ou fragilizar o que é uma definição de mercado.
Considerações �nais
A industrialização brasileira é tardia, tendo sido o Brasil um premente
fornecedor de produtos naturais ou agrícolas. Ainda que surtos
industriais tenham aparecido no século XIX, a industrialização brasileira
é fruto da República.
Diante do contexto internacional, o Brasil posicionou-se com uma forte
atuação do Estado durante o governo Vargas, Kubitschek e a Ditadura,
que apesar das divergências apontam para o papel do Estado, mudando
quem são os parceiros.
Com a redemocratização e a mudança da ótica do mercado mundial,
nossa indústria entrou em forte crise e, considerando seus potenciais e
suas dificuldades, pode-se dizer que se encontra abalada até os dias
atuais.
Podcast
Neste podcast, o doutor Rodrigo Santos Rainha faz uma revisão sobre
os tópicos mais importantes do tema.
E
A criminalização da superexploração do trabalho, a
ampliação do setor de serviços e a democratização
das rendas nacionais.

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Explore +
Assista aos seguintes filmes:
1930: tempo de Revolução (1990), de Eduardo Escorel, disponível
no YouTube.
Os anos JK (1980), de Silvio Tendler, disponível no YouTube.
ABC da Greve (1990), de Leon Hiszman, disponível no YouTube.
Leia:
O discurso de posse de Getúlio Vargas em 1930, disponível no site
da Biblioteca da Presidência da República.
A entrevista de Shoshana Zuboff, filósofa e professora emérita da
Harvard Business School, intitulada Shoshana Zuboff: “O
neoliberalismo destroçou tudo. Temos que começar do zero”,
disponível no site El País Brasil.
Acesse:
O site da Cepal e conheça melhor seus projetos e suas ações.
Referências
ABREU, A. A. de. Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). In:
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Acervo CPDOC. Rio de Janeiro: FGV;
CPDOC, s. d. Consultado na internet em: 2 fev. 2022.
ABREU, M. de P. Crise, crescimento e modernização autoritária: 1930-
1945. In: ABREU, M. de P. (org.). A ordem do progresso: cem anos de
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CARDOSO, F. H. Discurso de posse. Brasília: Presidência da República,
Secretaria de Comunicação Social, 1995. Consultado na internet em 5
dez. 2021.
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FONTES, V. M.; MENDONÇA, S. R. de. História do Brasil recente: 1964-
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FERREIRA, J.; DELGADO, L. de A. N. O Brasil Republicano. Rio de Janeiro:
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OLIVEIRA, F. O primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso
(debate). Novos Estudos CEBRAP, n. 44, mar. 1996.
VARGAS, G. Carta Testamento. Rio de Janeiro, 23 ago. 1954. Consultado
na internet em: 1 dez. 2021.
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