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Relações de trabalho no Brasil contemporâneo

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28/09/2023, 15:19 Relações de trabalho no Brasil contemporâneo
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03472/index.html#imprimir 1/55
Relações de trabalho no Brasil contemporâneo
Prof.ª Claudiane Torres da Silva
Descrição
O Brasil republicano e as questões sociais nas relações de trabalho.
Propósito
Compreender a história das relações de trabalho e das conquistas
trabalhistas no Brasil republicano, apresentando seus atores sociais e
políticos para o entendimento do processo de avanços e de recuos da
legislação trabalhista brasileira, que se apresenta sempre em disputa.
Preparação
Para auxiliar em eventuais dúvidas sobre termos da Sociologia,
sugerimos o Dicionário do Ensino de Sociologia, de Brunetta et al.
Maceió: Café com Sociologia, 2020.
Objetivos
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Módulo 1
O Brasil republicano e as questões sociais
nas relações de trabalho
Caracterizar as questões sociais e o trabalho no Brasil republicano.
Módulo 2
Projetos trabalhistas e a legislação do
trabalho no Brasil
Identificar as primeiras leis trabalhistas e os projetos de ampliação
das conquistas sociais no Brasil.
Módulo 3
O trabalhismo e o direito do trabalho na
política varguista
Caracterizar as relações de trabalho no contexto do trabalhismo
varguista.
Módulo 4
Dos direitos trabalhistas à uberização do
trabalho
Relacionar o processo de flexibilização de direitos e os impactos nas
relações de trabalho.
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03472/index.html#imprimir 3/55
O Brasil viveu um difícil processo de transição do regime
monárquico para o republicano no final do século XIX, tendo que
enfrentar muitas questões sociais que emergiam no mundo e que
influenciavam a sociedade brasileira, principalmente sob impacto
do abolicionismo e das desigualdades que traziam a reflexão sobre
o trabalho escravizado e livre. Nesse contexto, as questões de
soberania nacional, territorialidade, nacionalidade e cidadania
também compunham o cenário político do país, tendo reflexos no
campo das relações de trabalho que questionavam as ausências de
direitos fundamentais como saúde, educação e trabalho em
condições dignas.
É muito comum pensarmos em relações de trabalho no Brasil,
legislações e direitos trabalhistas a partir dos governos de Getúlio
Vargas, após 1930, já que historicamente foi Vargas quem criou a
Justiça do Trabalho que conhecemos, regulou a legislação
trabalhista com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) e inseriu o trabalho como categoria dos direitos sociais na
constituição brasileira de 1934. Entretanto, para compreendermos
melhor a trajetória das relações de trabalho no Brasil, é importante
concentrarmos a reflexão nas primeiras décadas da República e
acompanharmos as mobilizações sociais e políticas.
Já no século XXI, a sociedade brasileira presenciou um amplo
debate sobre as propostas de profundas transformações nas
relações sociais e nas relações de trabalho. Esse contexto de
mudanças marcou vidas, tendo uma reestruturação no campo
político e econômico ao longo da história.
Introdução
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1 - O Brasil republicano e as questões sociais nas relações de
trabalho
Ao �nal deste módulo, você será capaz de caracterizar as questões sociais e o trabalho no
Brasil republicano.
Conceito de trabalho
Sentidos e valores do trabalho
Protagonismo da classe trabalhadora
durante a República
Neste vídeo, falaremos sobre o protagonismo da classe trabalhadora
brasileira durante o período de transição para o sistema republicano e
também na virada do século XIX para o XX.

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Ao longo da história, a palavra trabalho apresenta mais de um
significado em diversas línguas europeias. O grego adotava palavras
diferentes para fabricação e para esforço, sendo este o oposto ao ócio.
O latim apresentava uma distinção entre laborare (ação do trabalho) e
operare (verbo que corresponde à obra). O francês, assim como o latim,
reconhecia a diferença entre travailler (trabalho) e ouvrer (obra ou
artesanato). O italiano também usava lavorare e operare. Em espanhol,
há trabajar e obrar. No inglês, a diferença está entre labour e work. Na
língua portuguesa, também é possível encontrar as palavras labor e
trabalho utilizadas no sentido de obra ou trabalho e no sentido de
esforço. As diferentes palavras para denotar o trabalho nos seus
diversos contextos demonstram uma preocupação dessas sociedades
em diferenciar o conceito, levando em conta seus agentes, seu tempo e
seus valores.
Com o tempo, a concepção de trabalho recebeu sentidos e valores que
mudaram de acordo com a organização das sociedades. Sabemos que
muitos trabalhos acadêmicos de Sociologia, Filosofia e História tratam
do tema, com importantes pesquisas sobre as mais diversas
perspectivas, apontando os diferentes modos de produzir e pensar as
relações de trabalho adotados pelas sociedades ao longo da história.
Aqui nos interessa pensar como os valores ligados à atividade laboral
foram alterados de modo que o ato de trabalhar passou a sofrer
influências em diversos setores da vida humana, desnaturalizando o
trabalho como algo pré-estabelecido. Essas alterações estruturaram
organizações sociais, políticas e econômicas no Brasil.
A herança das relações de Trabalho
no Brasil
Categorias de trabalho
Partindo das concepções de trabalho que vimos anteriormente, vamos
revisitar o final do século XIX – um momento de importante reflexão
sobre os impactos que o sistema capitalista impunha até aquele
momento – e, nesse contexto, veremos como os direitos sociais
emergiram em razão do tratamento desumano vivido pela classe
trabalhadora e quais foram os excessos capitalistas, sobretudo, a partir
da Revolução Industrial.
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Tempos Modernos, Charlie Chaplin, 1936.
Desde o surgimento da produção em série, os
trabalhadores e trabalhadoras viviam em condições de
trabalho desumanas, com ambientes insalubres,
intermináveis jornadas de trabalho, mão de obra
infantil e ausência de direitos básicos, como saúde e
condições dignas.
Essas questões também estavam presentes no Brasil, que vivia um
momento de transição no final do século XIX. Nesse período, além do
recém-findado trabalho escravizado, o Brasil estava também vivendo a
expectativa de que o sistema republicano pudesse trazer novas
condições de vida para a população brasileira.
Nesse contexto, as lutas sociais por melhores condições de trabalho
estavam presentes em diversos grupos da sociedade brasileira que
reivindicavam mudanças. Os negros, ex-escravizados, estavam
marginalizados no contexto social e reivindicavam uma inclusão na
cidadania republicana recém-estabelecida. Os operários urbanos
lutavam por melhores condições de trabalho e salários dignos. Os
trabalhadores e trabalhadoras rurais, que sequer eram reconhecidos
como trabalhadores formais pelo Estado, no contexto de um exaustivo
trabalho no campo, também desejavam ampliar direitos sociais.
Portanto, o período republicano na história do Brasil foi cenário para
diversas lutas, movimentações sociais e políticas que alteraram as
relações de trabalho a partir de então.
Vamos ver como essas lutas se estabeleceram!
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Trabalhadores colhendo café em uma lavoura no Rio de Janeiro, em 1882.
As relações de trabalhono campo eram bastante importantes, pois o
Brasil se caracterizava como um país de economia essencialmente
agrária. Heterogêneas e complexas, as relações de trabalho rurais
podem ser categorizadas em três práticas: o colonato, a parceria e a
camaradagem. Além dessas categorias, podemos ressaltar também os
trabalhadores permanentes e os temporários em diversas outras
condições.
O colonato correspondia ao regime de trabalho que combinava a força
de trabalho de toda família, ou seja, o trabalho do homem, da mulher e
dos filhos maiores de 14 anos no campo durante um ano.
O modelo foi muito comum na lavoura cafeeira do século XIX e se
relacionava à imigração. Cada chefe de família assumia a
responsabilidade de negociar a produção, especificar o trabalho de
acordo com os membros da sua família. Porém, estava sempre em
relação de força desigual com o proprietário da terra, pois as famílias
assinavam contrato que receberiam adiantamento em troca do trabalho
na lavoura e, ao fim do contrato, deveriam pagar juros sobre o
adiantamento, o que gerava uma dívida que poderia se tornar impagável.
Outra categoria importante de trabalho no campo foi o trabalhador
camarada. Os camaradas eram trabalhadores contratados por tempo,
como diaristas ou mensalistas. Sua remuneração geralmente era
através de salário ou comida.
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Os camaradas normalmente eram encarregados de fiscalizar o serviço
quando não eram carroceiros, tratoristas ou ensacadores. Também
muito comuns nas lavouras de café, os camaradas ficavam
encarregados de transportar a produção para locais de secagem
(tratoristas) ou armazenar o café para o preparo (ensacadores).
Ensacadores pesando os sacos de café.
Já o sistema de parceria era muito comum em momentos de crise e
necessidade de transformações. Foi o que aconteceu, por exemplo, com
a adoção do trabalho livre no fim do trabalho escravizado no campo. A
parceria passou por diversas alterações ao longo dos anos, mas se
caracterizou como um tipo contratual de trabalho que estabelecia
relações de dependência entre o empregado e o empregador e possuía
elementos estruturantes como o endividamento das famílias com o
pagamento das passagens para o Brasil e a divisão do resultado da
produção anual também chamada de meação.
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Imigrantes europeus trabalhando em uma colheita de café em São Paulo, por volta de 1910.
Todas essas formas contratuais de trabalho estabeleciam relações de
forças desiguais entre os envolvidos e não eram reguladas pelo Estado
de modo a diminuir essa desigualdade, fazendo com que a questão do
acesso à terra no Brasil fosse vista como uma questão social e política
importante na república brasileira.
O trabalho urbano
Um novo contexto
Com a crescente industrialização e urbanização das cidades no Brasil,
vimos no êxodo do campo e no crescimento da vida urbana uma
importante ampliação do espaço de trabalho.
Avenida Central, atual avenida Rio Branco, na altura da rua do Ouvidor com rua Miguel Couto. Rio
de Janeiro.
A modernização do século XX parecia apontar para a industrialização no
Brasil, o que atingia o modo de vida e de trabalho caracterizados pelo
contexto republicano de participação na vida pública. Estava no
horizonte dos trabalhadores e trabalhadoras estabelecer novos
parâmetros de relações sociais em padrões de classes, além de se
apropriar das regras no modo de produzir. Esse contexto consagraria as
clássicas relações entre o capital e o trabalho dentro do novo sistema
político.
Contraditoriamente, a busca pela ampliação da participação da vida
pública nas cidades foi seguida pela crescente perda de autonomia do
trabalhador, dos meios de produção e do processo do trabalho.
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A nova dinâmica de mercado e trabalho nas cidades
fez do trabalhador um consumidor, regulando seus
hábitos e comportamentos sociais no espaço do
trabalho e fora dele, ou seja, na vida pública e privada.
Os novos parâmetros de produtividade, competitividade e consumo do
chamado mundo moderno estabeleciam hierarquias que colocavam a
economia em primeiro plano, alteravam as relações de trabalho para
atender aos interesses econômicos e isso atingiu duramente a classe
trabalhadora.
Para obter novos parâmetros de classes, era preciso trabalhar de modo
que fosse possível atingir necessidades básicas de uma vida urbana
promissora: moradia, transporte, saúde, educação, formação
profissional e atividades sociais exigiam dos trabalhadores uma jornada
de trabalho que desse conta dessas demandas.
Nesse contexto, as relações de trabalho são movidas pela cooperação
do trabalhador e pela imposição dos empregadores que configuram a
dinâmica estabelecida entre o capital e o trabalho no final do século XIX
e início do século XX, aprofundando ainda mais as desigualdades
sociais já existentes.
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Os trabalhadores, que passam a entender essa dinâmica desigual em
forças sociais e políticas, reagem e iniciam uma nova organização de
classe para lutar por melhores condições de trabalho e de vida.
Tais relações de trabalho se fazem admitindo a organização dos
trabalhadores em sindicatos, em congressos, em associações, em
clubes, na política e em outros espaços de lutas até chegar aos
tribunais.
Vila Operária da Companhia Tijuca de Tecidos. À direita, o prédio da fábrica; à esquerda, a Vila
Operária. Rio de Janeiro, 1907.
O início do século XX no Brasil evidencia uma ampla precariedade da
vida social. O projeto de modernidade que o republicanismo propunha,
junto à angústia dos trabalhadores e trabalhadoras, colocava algumas
questões no foco do cenário nacional e de todos os grupos que estavam
insatisfeitos até então.
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O desemprego, a instabilidade do mercado de trabalho e as garantias de
direitos sociais definitivamente entraram em pauta naquele momento.
Estava claro que a estabilidade do mercado só era possível às custas da
instabilidade das expectativas em relação ao trabalho. Os governos e as
legislações até então parcas beneficiavam apenas os empregadores,
tendo como foco principal o sucesso econômico.
Ficava mais evidente que a luta deveria ser ampliada
do negociado no ambiente de trabalho para o legislado
na vida política.
O trabalho que deveria ocupar lugar de destaque como produtor de
cidadania, ao perder esse estatuto político, ficou reduzido ao sofrimento,
às péssimas condições, à exploração e, em última instância, ao
desemprego. Mantendo o controle de mecanismos importantes na
economia capitalista, no plano das relações de trabalho e da
regulamentação das atividades produtivas, os trabalhadores estavam
cada vez mais longe de possuir consciência política e precisavam
buscar caminhos para uma organização efetiva.
Assim, os movimentos de trabalhadores de diversas categorias
passaram a implementar uma luta no campo político, no contexto da
esfera pública, até chegar ao campo jurídico colocando as relações de
trabalho como uma questão de justiça social.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
As expectativas da classe trabalhadora com o novo sistema político
republicano estariam ligadas à participação popular no projetode
modernidade e à superação de questões sociais evidentes no final
do século XIX e início do XX. Passados alguns anos de república
brasileira, as relações de trabalho não mudaram muito, ao contrário,
estabeleciam novos parâmetros de desigualdades que exigiram
movimentações diferentes dos trabalhadores. De acordo com o
texto do módulo 1, os novos meios de lutas empreendidas pela
classe trabalhadora nesses primeiros anos de república são:
I. Destruição das fábricas.
II. Organização de frentes de trabalhadores como sindicados e
associações.
III. Ações na justiça do trabalho.
Estão corretas as afirmativas:
Parabéns! A alternativa B está correta.
A Somente a I.
B Somente a II.
C Somente a III.
D Somente I e II.
E Somente II e III.
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Os estudantes deverão apresentar as organizações de classe como
sindicatos, congressos, associações, clubes e ampliação da luta
para o campo político com atuação de partidos políticos como
alternativas de lutas nesses primeiros anos de república, tendo as
questões sociais como cenário emergente no país.
Questão 2
(Concurso Fundação Hospitalar de santa Terezinha de Erechim –
RS (FHSTE) – Assistente Social 2019 – Adaptada.) Em relação à
questão social, é importante identificar que foram as lutas sociais
que romperam o domínio privado das relações entre capital e
trabalho, extrapolando a questão social para o(a):
Parabéns! A alternativa C está correta.
O trabalho que deveria ocupar lugar de destaque como produtor de
cidadania, ao perder esse estatuto político, fez com que a classe
trabalhadora buscasse novas formas de lutas para diminuir as
desigualdades provocadas pelo contexto das relações de trabalho.
Ficava mais evidente que a luta deveria ser ampliada do negociado
no ambiente de trabalho para o legislado na vida política. Assim, os
movimentos de trabalhadores de diversas categorias passaram a
implementar uma luta no campo político, no contexto da esfera
pública, até chegar ao campo jurídico colocando as relações de
trabalho como uma questão de justiça social.
A Campo da filantropia.
B Âmbito acadêmico.
C Esfera pública.
D Campo da solidariedade.
E Âmbito empresarial.
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2 - Projetos trabalhistas e a legislação do trabalho no Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de indenti�car as primeiras leis trabalhistas e os
projetos de ampliação das conquistas sociais no Brasil.
Surgimento das leis trabalhistas no
Brasil
Primeiros ordenamentos pelos direitos dos trabalhadores
No Brasil, a luta pela ampliação de direitos sociais e da regulamentação
do trabalho e dos direitos trabalhistas começou ainda no final do século
XIX e se intensificou ao longo do século XX, quando as primeiras leis
surgiram de forma dispersa, como foi o caso das Normas de Proteção
ao Trabalho do Menor, em 1891, e a Lei de Sindicalização Rural de 1903.
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Evaristo de Moraes.
No ano de 1905, o jurista Evaristo de Moraes, em sua obra
Apontamentos de direito operário, já refletia acerca da necessidade da
organização oficial de um tribunal composto de patrões e operários,
destinado a resolver as questões suscitadas a propósito do trabalho
assalariado.
Entre 1906 e 1930, percebemos o contexto de numerosas greves no
país, com ampla participação de movimentos sociais e sindicatos no
Rio de Janeiro e em São Paulo.
Nessas greves, promovidas por associações profissionais, entidades
sindicais, ligas operárias, associações trabalhistas, uniões profissionais,
federações, comitês e outras agremiações, circulavam ideias
anarquistas e socialistas.
As greves e agitações envolviam diversas categorias de trabalhadores e
trabalhadoras que estavam a cada dia mais insatisfeitos com suas
condições de trabalho e vida. Algumas greves tiveram ampla
repercussão, com a participação de trabalhadores de pedreiras,
tecelões, portuários, marítimos, chapeleiros, condutores de bondes,
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ferroviários, operários da construção civil, gráficos, empregados de
hotéis entre outros.
As demandas e as principais reivindicações eram redução da jornada de
trabalho, pois estavam inconformados com a duração de dez a treze
horas diárias de serviço, além de exigirem aumentos salariais e
melhorias de condições degradantes de trabalho. Todo esse debate
colocava foco nas relações de trabalho no Brasil durante a Primeira
República.
Lutas por direitos trabalhistas
Greves e lutas
Em 1907, após forte onda grevista em diversas cidades do país, o
Decreto nº 1.637 propôs a regulamentação da organização dos
sindicatos, que deveriam se constituir “com o espírito de harmonia entre
patrões e operários”. Assim, os sindicatos estariam relacionados a
conselhos permanentes de conciliação e arbitragem que existiam,
destinados a dirimir as divergências e as contestações entre o capital e
o trabalho que, naquele momento, eram competências da justiça
comum.
Saiba mais
É importante observar que, na primeira década do século XX, o poder
legislativo já atentava para algumas questões sociais e trabalhistas que
atingiam o interesse do Estado e dos patrões.
Alguns anos depois, em 1911, foi criado o Departamento Estadual do
Trabalho de São Paulo que ressaltava as vantagens de formar e
institucionalizar órgãos de conciliação e arbitragem, sob a mediação do
Estado e a partir de experiências internacionais.
Em 1917, o Brasil presenciou uma das maiores greves organizada pelos
trabalhadores, que resultou no fortalecimento do sindicalismo no país.
No contexto da desigualdade social crescente e ausência de direitos
sociais, os trabalhadores reivindicavam melhores condições de trabalho,
redução da jornada para oito horas diárias e proibição do trabalho
infantil até os doze anos de idade.
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Trabalhadores cruzam os braços em uma fábrica em São Paulo, durante a greve geral de 1917.
Em meio a tensões sociais, o poder legislativo deu início ao debate da
aprovação de um Código do Trabalho liderado pelos deputados Maurício
de Lacerda e Nicanor Nascimento. Embora esse projeto não tenha
vingado pelo desinteresse da classe política, que via o tema como uma
questão de saúde e higiene, quando não como caso de polícia, aos
poucos começaram a ser tomadas iniciativas para a criação de normas
jurídicas de regulação e controle dos contratos de trabalho, alterando as
relações entre o capital e o trabalho.
Em 2 de julho de 1917, Maurício de Lacerda propôs o estabelecimento
de Comissões de Conciliação e de Conselhos de Arbitragem, que teriam
o objetivo de dirimir conflitos e, por isso mesmo, previam a
representação de operários e de patrões. A sugestão de Lacerda para a
criação de um Código do Trabalho já rascunhava a situação de
acirramento entre trabalhadores e empregadores que diariamente
piorava e era tratado como caso de polícia.
As ruas de São Paulo tomadas de trabalhadores que reivindicavam melhores condições de
trabalho, durante a greve geral de 1917.
O projeto recebeu forte oposição na Câmara e permaneceu engavetado
por anos. Ao mesmo tempo, Maurício de Lacerda encaminhava o projeto
de criação de um Departamento Nacional do Trabalho (DNT). O projeto
do DNT foi aprovado pela Câmara em 19 de dezembro de 1917 e pelo
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relativa aos acidentes de trabalho em 1919. Por precaução, o patronato
criou companhias seguradoras responsáveis pelo pagamento de
benefícios e que, ao mesmo tempo, configuravam-se como fontes de
acumulação de capital para o próprio patronato. É importante perceber
que essas datas de avanços de legislação trabalhistas no Brasil não são
ao acaso.
Em 1917, quando o Brasil criava o DNT, a Constituição mexicana estava
sendo promulgada, com um artigo específico para questões trabalhistas
garantindo direitos aos trabalhadores.
Em 1919, quando criamos uma lei para acidente de trabalho, a
Constituição alemã de Weimar também estabelecia garantias
trabalhistas e a Organização das Nações Unidas (ONU) fundava a
Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Resumindo
Portanto, o avanço no país se deve às mobilizações internas da classe
trabalhadora com as grandes greves e demais organizações sociais e
políticas e às pressões externas de avanços nos direitos do trabalho.
A expansão de novos contingentes de
trabalhadores
Finalmente, as leis trabalhistas!
Impacto dos direitos sociais e
trabalhistas nas relações de trabalho
Neste vídeo, falaremos sobre o impacto causado pelos direitos sociais e
trabalhistas nas relações entre o Estado e a classe trabalhadora
brasileira.

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Durante a década de 1920, a indústria brasileira registrou alto índice de
expansão, fruto do declínio do comércio internacional após a Primeira
Guerra Mundial. Com o aumento das atividades industriais, aumentou
também o contingente de trabalhadores e trabalhadoras organizadas
fortalecendo o sindicalismo e o movimento operário nas cidades.
O patronato também viu a necessidade de se organizar em associações
e sindicatos para fazer frente às pressões da classe trabalhadora. Nesse
contexto, as relações de trabalho ficavam cada dia mais tensionadas, o
que fez com que o próprio empresariado e os políticos enxergassem a
necessidade de pensar novas concessões à classe trabalhadora e
garantir o processo de produção e acumulação de capital.
Ao mesmo tempo que a década de 1920 apontava para a ampliação do
processo de industrialização no Brasil, formava, também, as bases para
uma legislação social já influenciada pelas legislações e constituições
sociais do México (1917) da Alemanha (1919).
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Matéria de capa do jornal O Brasil de 24 de janeiro de 1923.
É importante lembrar que o governo de Artur Bernardes marcou o Brasil
com grande instabilidade política devido ao movimento tenentista e a
uma forte repressão ao movimento operário.
No avanço das conquistas trabalhistas, em 1922, no estado de São
Paulo, o então governador Washington Luiz estabeleceu os Tribunais
Rurais com a função de resolver conflitos entre fazendeiros e colonos,
surgidos pela presença maciça de imigrantes na cidade paulista, já
mencionados no módulo anterior.
Em 1923, a Lei Eloy Chaves criou caixas de aposentadoria e pensões
nas empresas de estradas de ferro, depois estendidas a outros setores.
O Decreto nº 16.027 de 30 de abril do mesmo ano acabou sancionando
o Conselho Nacional do Trabalho (CNT), que passaria a ser apenas um
órgão consultivo e não administrativo, facilitando a aceitação dos
patrões.
Em 1925, o congresso estabeleceu a Lei de Férias, obrigando o
patronado a garantir quinze dias de férias aos trabalhadores e, no ano
seguinte, a Lei de Regulamentação do Trabalho de Menores, que
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determinava 18 anos como maioridade e propunha a jornada de trabalho
de seis horas. Entretanto, todas essas leis foram sistematicamente
desrespeitadas pelos empregadores.
Neste momento, é importante ressaltar que o enfraquecimento do poder
de pressão da classe trabalhadora, sempre perseguida por políticas
elitistas locais, juntamente com a desaceleração do ritmo de produção e
o aumento das importações, fez com que setores do patronado
retrocedessem no apoio ao avanço de conquistas sociais e trabalhistas
em curso. Além disso, o patronado sentia-se a cada dia mais
prejudicado com o intervencionismo do Estado no campo trabalhista e
nos direitos sociais.
Moradia de um trabalhador rural, José Teixeira, 1912.
Em 1926, com a reforma da Constituição republicana, pela primeira vez,
passou a constar no texto constitucional do país, “como assunto
expresso”, a referência à legislação do trabalho na reformulação do
artigo 31, que diz que compete privativamente ao Congresso Nacional
legislar sobre o trabalho.
Entretanto, no plano propriamente jurídico, as primeiras funções
específicas do que estava mais próximo de ser uma Justiça do Trabalho
colocavam em destaque os tribunais rurais do estado de São Paulo,
decorrentes principalmente dos efeitos da imigração e da presença de
trabalhadores estrangeiros mais politizados, e a massiva presença de
partidos políticos comunistas nos sindicatos dos trabalhadores.
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Trabalhadores, incluindo crianças, na construção da estrada de ferro, pertencente a Rede de
Viação Cearense, que liga Fortaleza ao antigo ramal de Itapipoca, em fevereiro de 1920.
Comentário
As questões sociais e trabalhistas que incidiam diretamente nas
relações de trabalho no Brasil durante as primeiras décadas da república
brasileira oscilavam entre projetos e iniciativas isoladas no contexto dos
estados ou por políticos com projetos individuais no Congresso
Nacional, quase sempre rejeitados ou engavetados.
As pressões internas tensionadas com as ausências de garantias
sociais e trabalhistas no país, que resultaram em grandes mobilizações
grevistas, na mobilização de classe trabalhadora nos contextos de lutas
e crises da década de 1920, agravadas com a Crise de 1929, juntamente
com o avanço do direito do trabalho no cenário internacional, colocaram
o Brasil em uma posição em que as garantias trabalhistas não poderiam
mais esperar.
No próximo módulo, vamos ver como as relações de trabalho e os
direitos trabalhistas passaram a ser tratados como projetos políticos do
governo federal quando Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930 e
iniciou uma política caracterizada como trabalhismo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O movimento operário no Brasil iniciou-se em fins do século XIX. Ele
tinha como principal objetivo colocar um fim à exploração
capitalista e construir uma nova sociedade. Na primeira década do
século seguinte, viveu anos de fortalecimento, quando as principais
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cidades brasileiras foram sacudidas por greves, sendo uma das
mais importantes a de 1917, em São Paulo, em que 70 mil
trabalhadores cruzaram os braços, exigindo melhores condições de
trabalho e aumentos salariais. Esses movimentos tiveram vitórias
importantes nos anos 1920. Podemos destacar:
I. Os anos 1920, apesar de alguns avanços em termos de
legislação social, foram difíceis para o movimento operário,
que foi obrigado a enfrentar grandes desafios, entre os quais o
recrudescimento da repressão por parte do governo, que
enxergava a luta da classe trabalhadora como caso de polícia.
II. Não se pode deixar de reconhecer que foi nessa década que o
movimento operário brasileiro ganhou maior legitimidade
entre os próprios trabalhadores e a sociedade mais ampla,
transformando-se em um atorpolítico que atuaria com maior
desenvoltura nas décadas seguintes.
III. Foi do período que levou a vitórias como a reforma
constitucional e a criação da Consolidação das Leis
Trabalhistas.
Estão corretas as afirmativas:
Parabéns! A alternativa D está correta.
A reorganização da classe trabalhadora em mobilizações sociais e
lutas por garantias trabalhistas, como a grande greve de 1917,
influenciou partidos políticos, além de motivar iniciativas de
políticos que viam a necessidade de implementar uma legislação
trabalhista, como os projetos empreendidos pelo deputado
A I e II somente.
B I e III somente.
C II e III somente.
D I somente.
E II somente.
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Maurício de Lacerda. Os fatores externos podem ser apresentados
com o surgimento de constituições sociais como a mexicana e
alemã em 1917 e 1919, respectivamente, além da fundação da
Organização Internacional do Trabalho pela ONU. É um equívoco
atribuir as reformas de Vargas a esse momento.
Questão 2
A greve de Julho de 1917, iniciada em São Paulo, foi a maior
mobilização operária já ocorrida, com repercussões em todo o país.
Ela começou com a paralisação em uma fábrica de tecidos, seguiu
por todo segmento têxtil, alastrando-se pelo interior paulista e por
outros estados. O choque entre policiais e grevistas culminou na
morte do operário Antônio Martinez, o que gerou ainda mais revolta
e transformou a cidade de São Paulo em um campo de guerra.
(Adaptado de MOTA, B. Myriam; BRAICL, Patrícia. História das
cavernas ao Terceiro Milênio. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1997, p.
444)
As manifestações operárias no Brasil, em 1917, ocorreram devido:
A
Ao aumento do preço das passagens dos bondes
elétricos, transporte urbano popular em São Paulo, o
que provocou protestos e greves dos operários.
B
À entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial
(1914-18) e ao recrutamento obrigatório dos
operários que seriam enviados aos campos de
batalhas na Europa.
C
Ao comando do PCB (Partido Comunista do Brasil),
pois os operários pretendiam implantar uma
revolução comunista em São Paulo.
D
À inexperiência das lideranças anarquistas
operárias, que não souberam conduzir os protestos
e as paralisações, o que resultou em morte.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
No contexto da desigualdade social crescente e ausência de
direitos sociais, os trabalhadores reivindicavam melhores
condições de trabalho, redução da jornada para oito horas diárias e
proibição do trabalho infantil até os doze anos de idade.
3 - O trabalhismo e o direito do trabalho na política varguista
Ao �nal deste módulo, você será capaz de caracterizar as relações de trabalho no contexto do
trabalhismo varguista.
Anos 1930 e as vitórias dos
trabalhadores
A Justiça do Trabalho como lugar de
luta para os trabalhadores e
E À inexistência de uma legislação trabalhista à época
e ao desinteresse dos governos oligárquicos com a
questão social, pois a reivindicação operária era
vista como “um caso de polícia”.

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trabalhadoras
Neste vídeo, vamos falar sobre as legislações trabalhistas como um
espaço de importantes lutas e conquistas entre o Estado e a classe
trabalhadora.
Contexto social e político
Historicamente, a década de 1930 foi marcada por tensões sociais e
políticas importantes dentro e fora do Brasil. Foi nesse contexto que a
Segunda Guerra Mundial foi deflagrada e, após um movimento
configurado por um golpe de Estado, intitulado Revolução de 1930,
Getúlio Vargas assume o poder.
Getúlio Vargas após a revolução de 1930.
Nesse contexto de crise política sucessória que levou Vargas ao poder,
os trabalhadores atuaram e formularam reivindicações criando suas
associações de classe, fazendo boicotes, greves e campanhas, até
chegaram a formular partidos operários e o próprio Partido Comunista
do Brasil ainda em 1922. Houve um olhar mais atento sobre a legislação
trabalhista após 1930, levando em consideração esses movimentos,
mas não os vendo ingenuamente como determinantes.
É importante salientar que o governo varguista abriu caminho para
algumas conquistas políticas e para a efetiva formulação e implantação
de uma legislação social na busca da expansão dos direitos do trabalho
no Brasil. Essa iniciativa lançaria luz às relações de trabalho como tema
de política de governo à medida que deixavam de ser projetos
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legislativos isolados para caracterizar o trabalhismo que colocaria a
classe trabalhadora como atores políticos e sociais a partir de então.
O trabalhismo colocava a questão dos direitos sociais
como parte estruturante da cidadania dos
trabalhadores incorporando-os como atores centrais
desse processo na relação entre o Estado e a classe
trabalhadora.
A formação da identidade coletiva seria um processo dinâmico
protagonizado pela classe trabalhadora e não se projetava como meros
benefícios sociais, sob a ótica da política das massas, mas apoiava-se
como um investimento político e simbólico reinventando os
trabalhadores do Brasil e suas relações de trabalho em novos
parâmetros, requalificando os benefícios demandados e construindo um
novo modelo de relações de reciprocidade entre o povo e os
governantes.
Trabalhadores homenageiam Vargas na Esplanada do Castelo, no Rio de Janeiro, 1940.
Nesse contexto, construir a identidade do trabalhador brasileiro
significava rever a marca de atraso e a desvalorização do trabalho
escravizado, redefinindo-a positivamente como fator de grandeza,
riqueza e progresso da sociedade. O Estado após 1930 interferiu no
controle sobre o mercado de trabalho, projetando-se como um governo
que pretendia garantir, finalmente, uma legislação trabalhista.
Afinal, apenas o uso da força e do autoritarismo sobre o movimento da
classe trabalhadora não estava dando certo até aquele momento.
Assim, era necessário colocar o Estado como regulador dessas
relações.
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O trabalho como política
Constituição de 1934
Em julho de 1934, o Brasil ganhou uma nova Constituição, uma nova lei
de sindicalização e um novo Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio. Com o artigo 120, o texto constitucional consagrava a
pluralidade e a autonomia sindical, mas, meses antes de promulgar a
Carta Magna, o Decreto-lei nº 24.694 tornou essa pluralidade muito
difícil de ser atingida, gerando fortes conflitos no campo jurídico,
especialmente, pelo caráter coletivo dos direitos que deveria proteger.
Era o momento de tensões sociais, com a influência do Partido
Comunista nos sindicatos, que passaram a ser tratados como questão
de segurança nacional.
Nesse contexto, a partir do Estado Novo, outorgada a Constituição de
1937, implantado o autoritarismo e o corporativismo com orientações
para uma política da “paz social” e desenvolvimento econômico, a
Justiça do Trabalho começou a funcionar em 1941.
A partir de então, os sindicatos, mesmo tutelados pelo Estado,
posicionavam-se de modo a ocupar mais um espaço de lutas por
conquistas sociais e trabalhistas nos tribunais da Justiça do Trabalho.
Foi através desse novo cenário de luta que o modelo de relações de
trabalho no Brasil passou a ganhar novos contornos.
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Constituição da Repúblicados Estados Unidos do Brasil, de 1937.
A partir de 1930, o modelo brasileiro de relações de
trabalho tem sido qualificado como legislado com forte
característica corporativista em detrimento do modelo
contratual.
Antes de tudo, é preciso definir o que as Ciências Humanas entendem
por modelos de relações de trabalho. Uma das definições mais recentes
sobre o tema apresenta o modelo de relações de trabalho no Brasil
como o conjunto de organizações, leis e normas sociais que regulam a
compra e a venda da força de trabalho e os conflitos resultantes dessa
relação.
Sabemos que o Direito do Trabalho regula dois tipos de relações de
trabalho:
A venda da força de trabalho e os con�itos resultantes
dessa relação
Essa definição é baseada na corrente de estudos intitulada industrial
relations, que busca romper com a dicotomia das análises que
abordam separadamente, por um lado, os conflitos de trabalho no
olhar das Ciências Políticas, e por outro, os mercados de trabalho no
olhar dos economistas (NORONHA, 1998, p. 25).

Individuais / Contratuais
As relações de trabalho chamadas de individuais ou contratuais são
aquelas que se estabelecem entre empregadores e empregados, pelas
quais se troca trabalho por remuneração e envolvem outras conquistas
jurídicas.

Pro�ssionais / Legislados
As relações de trabalho profissionais ou legislados são aquelas
estabelecidas por meio de normas para a defesa e/ou representação de
interesses das partes, capital e trabalho, que regulam o coletivo.
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A justiça do trabalho
Mediação jurídica nas relações de trabalho
Há muito a sociedade brasileira entende as relações de trabalho como
uma negociação que necessita da intervenção de instituições que
exercem um papel importante na resolução dos conflitos.
A Justiça do Trabalho, os sindicatos e a legislação trabalhista agem
para atingir o consenso entre as partes, legitimando o que estaria sendo
acordado. Assim, foi se caracterizando uma cultura jurídica no Direito
do Trabalho no qual essas instituições são fundamentais para
compreendermos o modelo de relações de trabalho legislado adotado
no Brasil. Nesse sentido, precisamos ressaltar que, enquanto os
modelos contratuais têm na contratação coletiva o espaço privilegiado
de produção das normas, nos modelos legislados, o Estado ocupa o
lugar por excelência tanto no Executivo como no Legislativo.
A partir disso, iniciaremos o processo de compreensão das
especificidades do nosso modelo legislado de relações de trabalho no
Brasil.
Manifestação a favor de Getúlio Vargas ao final do Estado Novo, em 21 de agosto de 1945.
A centralidade da lei no modelo brasileiro torna relevante o estudo do
desenho legal e do funcionamento real das instituições do mercado de
trabalho no Brasil. As relações sociais são modeladas pelas
expectativas de ações referenciadas pela norma jurídica e sua
operação.
Logo, em modelos legislados como o caso brasileiro, a legitimidade da
norma jurídica é aspecto estruturante das ações recíprocas de capital e
trabalho. Também podem ser identificados através da “divisão de
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trabalho”, definida unilateralmente pelo empregador, entre três espaços
normativos:

A lei

O contrato coletivo

As normas das empresas
Com base no esquema acima delimitado, Noronha (1998) argumenta
que o modelo brasileiro, após a década de 1980, teria migrado do
legislado-corporativo para o legislado-pluralista.
Para esclarecer a diferença entre esses modelos, Noronha usa a
definição proposta por Schmitter (1992) para as características do
modelo corporativo e do modelo pluralista respectivamente:
O modelo legislado-corporativo é um sistema de intermediação
de interesses no qual suas unidades constitutivas estão
organizadas em:
um número limitado de categorias;
compulsórias;
não competitivas;
hierarquicamente ordenadas e funcionalmente
diferenciadas;
reconhecidas ou autorizadas, se não criadas, pelo Estado,
às quais se outorga o monopólio da representação no
interior de suas respectivas categorias em troca da
observância de certos controles na seleção de seus líderes
e na articulação de suas demandas e apoios.
Esse seria o caso dos sindicatos legais autorizados nos
governos após 1930, controlados, reconhecidos e regulados
pelas legislações e instituições criadas pelo governo varguista.
Na imagem que ilustra a capa deste módulo, é possível ver um
exemplo dessa relação de trabalho legislado-corporativista onde,
Modelo legislado-corporativo 
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em um evento promovido pelo governo Vargas, aparece uma
faixa em que está escrito “Trabalhador sindicalizado é trabalho
disciplinado”, o que evidencia o controle sobre as instituições e
organizações de classe tuteladas pelo Estado, caracterizando o
trabalhismo que apenas reconhecia o trabalho que estava
oficialmente sindicalizado e, portanto, monitorado pelo Estado.
O modelo legislado-pluralista é um sistema de articulação de
interesses, onde as unidades constitutivas estão organizadas
em:
um número não especificado de categorias;
voluntárias;
competitivas;
não ordenadas hierarquicamente e autodeterminadas;
não são especificamente autorizadas, reconhecidas,
subsidiadas, criadas pelo Estado ou controladas na
escolha de lideranças ou articulação de interesses e que
não exercem o monopólio da representação em suas
respectivas categoria.
Esse seria o caso das representações de categorias que também
incluem sindicatos, mas que já não são obrigatoriamente
regulados, criados ou validados pelo Estado.
A seguir, você pode conferir que o inciso I, do artigo 8º a
Constituição de 1988 – conhecida como Constituição Cidadã –,
garante a pluralidade sindical no Brasil sem intervenção do
Estado nas organizações de classe:
“Art. 8º – É livre a associação profissional ou sindical,
observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical [...]”. (BRASIL, 1988).
Modelo legislado-corporativista
Tradição jurídica do trabalho
Modelo legislado-pluralista 
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A tradição do modelo legislado-corporativista brasileiro após 1930 foi
reforçada a partir da relação que se fez, e ainda se faz, da Consolidação
das Leis do Trabalho no Brasil como reprodução da Carta del Lavoro
italiana. Existem diversas críticas à redução e à simplificação daquela
que foi a primeira regulamentação das relações de trabalho no Brasil, a
CLT, em uma reprodução pura e simples da Carta italiana. Vamos
começar relativizando o modelo legislado-corporativo de relações de
trabalho no Brasil:
É sabido que o sistema de corporações era comum não só na França e
na Inglaterra, mas também na Itália, Alemanha e Espanha desde a Idade
Média. De maneira geral, as chamadas corporações de ofícios
organizavam o meio de produção e, consequentemente, o comércio que
renascia com o surgimento dos burgos. Tal recuo do período histórico
foi necessário para chamarmos atenção para alguns estudos que
naturalizam a atividade corporativista ou, pelo menos, enxergam tal
atividade em quase tudo.
Partiremos da análise feita pelo professor Amauri Mascaro Nascimento
(2020), que considera as corporações de ofício como uma das primeiras
formas de organização das relações de trabalho dotadas de estatutos e
regulamentação trabalhistas. O autor defende a ideia de que, embora
não sejaum sindicato, tais corporações foram uma forma de
agrupamento do capital e do trabalho, que integrava os sujeitos das
relações de trabalho. Tais corporações seriam, mais tarde, aproveitadas
pelo corporativismo de Estado com apenas uma diferença, o
corporativismo estatal teria publicizado o que antes era privado.
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Francisco José de Oliveira Vianna.
De fato, o pensamento corporativista era uma das fundamentações do
projeto do Estado, iniciado em 1930, que enquadrou os organismos do
trabalho. Tal característica está presente, por exemplo, em todos os
discursos empreendidos por Oliveira Vianna (1939) em que ele defende
a ideia de que o Estado deveria fazer dos sindicatos uma espécie de
conselhos deliberativos voltados à participação direta dos
trabalhadores, sem a necessidade de representantes parlamentares ou
de partidos políticos. Assim, no discurso de Vianna (1939), os sindicatos
seriam, no Estado corporativo, o lugar da democracia direta.
A partir de 1942 e 1943, o Estado brasileiro se esforçou para
implementar seu projeto de organização sindical corporativista e
sinaliza que este, até então, funcionava apenas como uma orientação
legal e organizacional. Assim, o sindicalismo corporativista iria ser
realmente implementado, não no momento autoritário por excelência do
Estado Novo, mas no período de transição, após 1942, quando a
questão da mobilização de apoios sociais tornou-se uma necessidade
inadiável ante a própria transformação do regime.
No minucioso trabalho de compreender o projeto do governo Vargas
para a classe trabalhadora, a historiadora Ângela de Castro Gomes
(2007) destrincha aspectos mais sutis para compreender o
corporativismo de Estado. Assim, observa que a defesa do
corporativismo estava fundamentalmente vinculada à defesa do Estado
Novo como um regime autoritário antiliberal. Nesse sentido, afirma que
a qualidade democrática de nosso corporativismo tinha como referência
um modelo de “democracia autoritária” fundada na justiça social.
Sabemos que a instituição, por excelência, responsável por gerir a
justiça social no Brasil é a Justiça do Trabalho.
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Getúlio Vargas.
Assim, desde 1946, quando a carta constitucional definiu a competência
da Justiça do Trabalho para conciliar e julgar dissídios individuais e
coletivos do trabalho, com expressa previsão em seu art. 123, parágrafo
segundo, dotava a Justiça do Trabalho com o poder normativo que
determinava que a lei especificaria os casos em que as decisões nos
dissídios coletivos poderiam estabelecer normas e condições de
trabalho, conferindo um poder que antes estava nas mãos,
exclusivamente, do Legislativo e, em casos especiais, do Executivo.
Desa�os da Classe trabalhadora
Desenhos do trabalhismo brasileiro
Na década de 1950, a mobilização da classe trabalhadora e dos
sindicatos se intensificou mais uma vez na busca pela ampliação dos
direitos trabalhistas nas relações de trabalho.
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Campanha da ditadura para convencer a opinião pública de que era preferível trocar a
estabilidade pelo FGTS.
Entretanto, esse curso de ascensão foi interrompido pelo golpe civil-
militar de 1964 que atingiu duramente a classe trabalhadora e suas
organizações que passaram a ter apenas o espaço dos tribunais para
empreender as lutas por conquistas trabalhistas.
Mesmo mantendo o funcionamento dos sindicatos, a repressão
interveio e modificou a organização sindical marcando profundamente a
história de lutas sociais da classe trabalhadora.
A partir de então, diversas reformas e legislações foram adotadas de
modo a flexibilizar as relações de trabalho, muitas vezes configurando-
se numa perda de direitos a partir da década de 1960, como foi o caso
da adoção do FGTS no lugar da estabilidade decenal.
Nesse sentido, desde o início da república brasileira, a classe dos
trabalhadores e trabalhadoras, rural ou urbana, empreende lutas por
conquistas de direitos trabalhistas. Essas lutas determinam mudanças e
permanências nas diversas relações de trabalho existentes no Brasil
durante todo século XX. Até agora, podemos perceber que existem
movimentos de avanços e recuos nesse processo de conquistas
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trabalhistas que foi empreendido por categorias que lutaram bastante e
que, no século XXI, sofrem um duro golpe com as progressivas reformas
trabalhistas empreendidas por governos.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(FGV 212 – PM/MA) O lema da faixa “Trabalhador sindicalizado é
trabalhador disciplinado” expressa com precisão o projeto do
Governo Vargas (1930-1945) de o Estado arbitrar os conflitos entre
capital e trabalho. Dentre as medidas listadas a seguir, assinale a
que indica esse aspecto do trabalhismo de Vargas.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A intensificação do controle sindical e as grandes solenidades
cívicas no dia 1º de maio. O trabalhismo varguista propunha
estreitar as relações entre o Estado e os trabalhadores que se
A
A instituição do salário mínimo e a regulamentação
do direito de greve.
B
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a
regularização do trabalho infantil.
C
A garantia da estabilidade do emprego e a
autonomia sindical.
D
A intensificação do controle sindical e as grandes
solenidades cívicas no dia 1º de maio.
E
O regime de livre negociação salarial e a liberdade
de associação dos trabalhadores.
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tornaram atores sociais do governo, garantindo conquistas
trabalhistas, porém tuteladas pelo estado que pretendia controlar
as atividades sindicais e sociais da classe trabalhadora.
Questão 2
(UERJ) Em seu discurso de despedida do Senado, em dezembro de
1994, o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou o fim da
Era Vargas, como um prenúncio das mudanças que estavam por vir.
Supunha-se sepultado um modelo econômico que tinha como
principal ator o intervencionismo do Estado, o paternalismo de
cooptação como atração política e a previdência pública e a
legislação trabalhista como modelo social. (NOGUEIRA, Octaciano.
In: Jornal da Tarde, publicado em: 11 nov. 1998.)
Embora a citação acima apresente a legislação trabalhista de
Getúlio Vargas como parte de um ultrapassado modelo econômico,
é possível apontar aspectos que, no sentido contrário, revelem o
significado da contribuição trazida pela Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT – para as relações de trabalho. Um aspecto dessa
contribuição está indicado
A
na manutenção da ação sindical e de direitos
trabalhistas durante a ditadura militar.
B
no estabelecimento da pluralidade sindical e de
partidos trabalhistas durante o Estado Novo.
C
na criação de normas legais para os aumentos
salariais reais e do gatilho salarial durante o governo
Sarney.
D
na instituição do estatuto político dos trabalhadores
e do Tribunal Superior do Trabalho durante o
segundo governo Vargas.
E
na tradição brasileira que rompeu as influências do
período varguista passando a ser os tribunais os
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Uma das principais medidas tomadas por Getúlio Vargas após
assumir o poder, em 1930, foi promover o controle sobre os
sindicatos e associações detrabalhadores por meio da
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Assim, a “Era Vargas”
conseguiu sobrepor o Estado sobre grande parcela da sociedade
civil.
4 - Dos direitos trabalhistas à uberização do trabalho
Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar o processo de �exibilização de direitos e
os impactos nas relações de trabalho.
O �m da era do trabalhismo?
A �exibilização dos direitos
trabalhistas nas últimas décadas
únicos a fazer parte do que determinava as antigas
determinações.

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Neste vídeo, vamos falar das causas e consequências da flexibilização
que afetaram os direitos trabalhistas brasileiros nas últimas décadas.
Debates contemporâneos
Em 2018, o sociólogo Ricardo Antunes (2018) lançou um livro intitulado
O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital
classificado como uma obra de resistência frente ao produtivismo
acadêmico desmedido do nosso tempo. Sua inspiração teve motivações
nos recentes episódios de flexibilização das leis trabalhistas no Brasil
no século XXI. O ápice desse momento foi durante o governo de Michel
Temer, em 2017, quando começaram a deslanchar a devastação e o
abandono da totalidade dos direitos sociais e trabalhistas conquistados
através da luta ao longo da história do Brasil republicano como vimos
até aqui.
Nas últimas décadas do século XX, surgiram muitos mitos
acerca do trabalho no Brasil.
Com o avanço das tecnologias da informação e comunicação, muitos
acreditaram que uma nova era da felicidade se inaugurava com o
trabalho on-line e digital. Anunciava-se que o mundo do labor superava
sua dimensão de sofrimento e a sociedade digitalizada e tecnológica
nos levaria ao paraíso.
Em pleno século XXI, já sabemos que esse prenúncio do paraíso está
bem distante de chegar. Ao contrário, as relações de trabalho no século
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XXI estão cada dia mais fragilizadas e voltamos ao patamar de
precariedade de trabalho do início do século anterior.
Mineiros chineses processam carvão numa mina em Huaibei, província de Anhui, no leste da
China, 2013.
Antunes (2018) nos lembra que, para chegar à tecnologia dos
smartphones, era preciso começar pela extração de minério, sem a qual
esses aparelhos não são produzidos, ou seja, as minas de carvão na
China e em tantos outros países mostram o ponto de partida do trabalho
digital através do duro trabalho dos mineiros. Logo, não fazia sentido
olhar para a tecnologia do trabalho sem compreender as bases que ela
trilhou.
Assim, esse paraíso anunciado segue composto por acidentes de
trabalho, contaminações, devastação do corpo produtivo, mortes, além
dos adoecimentos crônicos, assédios, baixos salários, superexploração
e da forte repressão ao movimento dos trabalhadores.
Comentário
No atual contexto do século XXI, regredimos mais que avançamos sob a
propaganda de que todas essas reformas se amparam na promessa de
melhores condições de trabalho e mais empregos. Falácia. Passam-se
décadas, anos e séculos e o mundo do trabalho segue com problemas
primários, oscilando entre conquistas trabalhistas e sociais, que se
apresentam de forma frágil.
Dificuldades para organizar sindicatos, ampliação da luta no trabalho
terceirizado e intermitente, direito à greve, enfrentamento da violência
policial, abusos etc. A instabilidade e a insegurança são traços
constitutivos dessas novas modalidades de trabalho. Expande-se a
uberização e amplia-se a pejotização.
Uberização? Mas o que é isso? Uma revolta relativa ao serviço de
transporte?
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Uberização
Termo que faz referência à venda de um serviço para alguém ou
alguma empresa de forma independente e sem um empregador,
através de uma plataforma.
Pejotização
Termo que faz referência à pessoa jurídica que é falsamente
apresentada como trabalho autônomo.
Um entregador de aplicativo se alimenta em uma quentinha na rua e ao lado dos seus
instrumentos de trabalho, 2019.
É importante ressaltar que uberização não tem relação
com a empresa de tecnologia, mas é preciso notar que
as empresas de tecnologia são precursoras de uma
transformação digital que muda o sentido de serviço
no século XXI ao desenvolverem sistemas que
disponibilizam – com relativa facilidade – serviços,
sem depender que aqueles que o prestam estejam
diretamente vinculados à empresa.
A dinâmica é disponibilizar trabalho e ser remunerado por esse trabalho.
Em outras palavras, as novas empresas de tecnologia são focadas na
resolução de problemas. De um lado, restaurantes que precisam vender
mais, de outro pessoas que precisam, por tempo, segurança ou qualquer
fator, receber esse alimento em casa. Antes, a busca era individual –
pelo que se conhecia – e a entrega era feita por uma equipe vinculada
ao estabelecimento.
A empresa de tecnologia entra e diz: facilito a logística, lhe dando
opções, velocidade na entrega. Para o trabalhador sem vínculo, a
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empresa diz que, dependendo do próprio trabalho e esforço, você pode
ganhar mais. Parece perfeito, mas as dores para o trabalhador são:
A ausência da possibilidade de uma negociação mais efetiva com
as empresas – “aceite as regras ou saia”.
A fragilidade da regulamentação dos serviços e do entendimento
desta como uma relação de trabalho.
A demanda desequilibrada entre os trabalhadores que precisam do
rendimento e a disponibilização do serviço, que permite às
empresas ditarem regras e estratégias sem ter que se preocupar
com instrumentos protetivos das leis trabalhistas – que passam a
ser tidas como obsoletas.
Resumindo
O mercado de trabalho mudou e as leis trabalhistas desenvolvidas no
mundo inteiro no advento da industrialização, assim como seus
instrumentos protetivos, passam a ser consideradas obsoletas. No
entanto, a substituição do modelo, que é ditado pela tecnologia, acaba
por fragilizar vitórias históricas de associação, voz e condições de
trabalho. O processo, que começa focado em serviços de transporte e
entrega, se multiplica e, hoje, pode ser observado na educação – por
núcleos digitais e serviços de aulas privadas –, em serviços e em
setores de serviços industriais.
Esse furacão digital entra e é quase impossível ser controlado, mas é
necessário refletir sobre as novas condições de trabalho e repensar
estratégias, cobrar os governos para atuação nessas dinâmicas,
garantindo a sua regulamentação.
Passamos agora a pensar no que tem sido feito com esse debate e
como o mercado enfrenta essa uberização.
Um tempo em aberto
Século XXI e o trabalho
Em pleno século XXI, as relações de trabalho mostram-se cada vez mais
instáveis e esbarrando no limite do desemprego. O processo
compreende a ampliação do contingente de trabalhadores e
trabalhadoras em escala global com grande redução de empregos.
Além disso, aqueles que se mantêm empregados presenciam a
corrosão dos seus direitos sociais e o desmantelamento de conquistas
históricas, como se isso fosse um avanço social. Novas modalidades de
trabalho informal, intermitente, precarizado, flexibilizado com níveis de
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remuneração insuficientes são cada vez mais comuns. Mas como
chegamos até aqui?
Centenas de trabalhadores demonstraram seu apoio ao Breque Internacional de Entregadores em
1º de julho de 2020.
A precariedade do trabalho é definida, incialmente, como o trabalho
exercido emcondições que colocam aqueles que executam em situação
de risco, fragilidade ou vulnerabilidade. À medida que os sinais de
transformações do mundo no trabalho se tornam mais evidentes,
crescem propostas político-jurídicas de reformas do direito do trabalho.
Os sinais de mudanças desses direitos no Brasil
podem ser identificados na condução política da
globalização de lógica neoliberal, que propõe a
fragilização do Estado na garantia do contrato social.
Esse contexto passou a conduzir políticas de
liberalização de mercado e capitais voláteis, dando
início aos processos de privatizações,
desregulamentações da economia e flexibilização dos
direitos trabalhistas.
É importante ressaltar que a campanha de flexibilização dos direitos
trabalhistas foi intensificada após a promulgação da Constituição
Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã.
A CF/88 não só expandiu os direitos sociais e do trabalho como elevou
ao status constitucional outros direitos já previstos na Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). Contraditoriamente, a Carta nasceria na
contramão das ideias liberalizantes que vinham ganhando força durante
os anos 1970-1980 e que passaram a compor as políticas de governos,
de modo que sua pauta social foi contraposta a uma nova agenda de
“desregulamentação”.
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A reforma trabalhista promovida em 2017 suprimiu prerrogativas e
modalidades de financiamento dos sindicatos, mas não reformou a
estrutura sindical.
As centenas de alterações na legislação, realizadas sem ampla
discussão pública, por sua vez, pretenderam tornar o modelo das
relações de trabalho mais contratual, ampliando as esferas de regulação
negociada, seja coletiva ou individualmente, com forte centralidade na
figura da empresa.
Novos olhares para o trabalho
A reforma trabalhista de 2017
O então presidente, Michel Temer (centro), junto a ministros e parlamentares no evento onde foi
sancionada a reforma trabalhista, em 13 de julho de 2017.
A reforma de 2017 modificou centenas de dispositivos da Consolidação
das Leis de Trabalho (CLT), além de rever pontos específicos de outras
leis, derrubando súmulas do Tribunal Superior do Trabalho (TST) com
jurisprudência favorável aos trabalhadores. Trata-se, portanto, da maior
alteração já realizada na CLT de uma só vez estabelecendo:
 A revogação do princípio que protege o trabalhador
perante o empregador e, segundo o qual, o primeiro
é a parte mais fraca na relação de emprego,
reduzindo a proteção do Estado aos trabalhadores
e aumentando as garantias e a liberdade de ação
das empresas nas relações de trabalho.
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 A redução do poder de negociação e contratação
coletiva dos sindicatos, prevendo a possibilidade
de realização de acordos individuais – inclusive
verbais – para a pactuação de diversos aspectos
das relações de trabalho, a não exigência de
participação dos sindicatos na homologação de
rescisões, o condicionamento da contribuição
sindical à prévia concordância dos trabalhadores e
a constituição de uma forma de representação dos
trabalhadores independente do sindicato.
 A autorização para o rebaixamento de direitos
previstos em lei, por meio do princípio da
prevalência do negociado sobre o legislado em
relação a diversos aspectos das relações de
trabalho.
 A ampliação da participação de contratos atípicos
e do trabalho autônomo no conjunto das formas de
contratação existentes no mercado de trabalho,
dando às empresas mais alternativas de promover
ajustes nos custos fixos.
 A forte restrição à atuação e ao poder normativo da
Justiça do Trabalho, bem como ao acesso dos
trabalhadores ao judiciário trabalhista, criando uma
série de condicionantes, limitando a gratuidade e
impondo penalidades ao demandante caso perca a
ação.
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Protestos contra a reforma de 2017.
O que tais medidas implicam nas relações de trabalho
contemporâneas? Elas possibilitam a prevalência do negociado sobre o
legislado em relação à definição, entre outros, dos seguintes temas:
Limite diário da jornada, observado o limite semanal de 44 horas.
Forma de quitação das horas extras, mediante pagamento ou
compensação por meio de banco de horas (coletivo ou individual).
Forma de registro da jornada (ponto eletrônico ou outras formas).
Intervalo intrajornada, observados os períodos mínimos de 30 e 15
minutos para jornadas de 8 e 6 horas, respectivamente. Caso
ocorra descumprimento desses períodos mínimos, o pagamento
de horas extras incidirá somente sobre o tempo mínimo de
intervalo não observado.
Regulamentação do teletrabalho, do regime de sobreaviso
(permanência do empregado à disposição do empregador fora do
horário e local habitual de trabalho, para, a qualquer momento, ser
convocado).
Regulamentação do trabalho intermitente, em que são alternados
períodos de prestação de serviços e de inatividade - horas, dias ou
meses – independentemente do tipo de atividade do empregado e
do empregador.
Enquadramento do grau de insalubridade dos locais de trabalho
nas empresas.
Prorrogação da jornada de trabalho em locais insalubres sem
prévia autorização do Ministério do Trabalho.
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Protestos contra a reforma de 2017.
De um modo geral, restringe bastante o acesso gratuito à Justiça do
Trabalho e a intervenção da Justiça do Trabalho nos resultados das
negociações coletivas, pela observação do “princípio da intervenção
mínima na autonomia da vontade coletiva”, mesmo que eventualmente
se entenda que o acordo ou convenção fira normas legais. Nesse
sentido, as relações de trabalho contemporâneo colocam a classe
trabalhadora cada vez mais vulnerável diante da precarização crescente
do trabalho.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A uberização do trabalho define uma tendência em curso que pode
ser generalizável pelas relações de trabalho, abarcando diferentes
setores da economia, tipos de ocupação, níveis de qualificação e
rendimento, condições de trabalho, em âmbito global. Derivado do
fenômeno social que tomou visibilidade com a entrada da empresa
Uber no mercado, em realidade o termo uberização se refere a
processos que não se restringem a essa empresa nem se iniciam
com ela, que culminam em uma nova forma de controle,
gerenciamento e organização do trabalho (Fonte: Abílio, 2020).
Como podemos caracterizar as relações de trabalho no processo
conhecido como uberização?
I. A uberização é a denominação do processo de precarização
do trabalho que se caracteriza pela desregulamentação e
perda de direitos trabalhistas e sociais.
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II. Legalização dos trabalhos temporários e da informalização do
trabalho.
III. Aumento do número de trabalhadores autônomos,
subempregados e a fragilização das organizações sindicais e
das ações de resistência coletiva e/ou individual dos sujeitos
sociais.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O contexto da precarização tem sido acompanhado de práticas de
intensificação do trabalho e/ou aumento da jornada de trabalho,
com acúmulo de funções, maior exposição a fatores de riscos para
a saúde, descumprimento de regulamentos de proteção à saúde e
segurança, rebaixamento dos níveis salariais e aumento da
instabilidade no emprego.
Questão 2
(2020 - FUNDEP - Gestão de Concursos – 2020 – Prefeitura de
Catas Altas - MG – AssistenteSocial) A tecnologia tem moldado
novas formas de emprego e comportamentos de consumo nos
últimos anos. O processo de “uberização” representa a
transformação das relações trabalhistas. A principal distorção
aparece na maneira como são feitos os contratos. [...] Esses
contratos invertem o ônus entre funcionário e empresa (Fonte:
https://www.qconcursos.com/questoes-de-
concursos/questoes/565f6b5e-62).
A Somente I e II.
B Somente I e III.
C Somente II e III.
D I, II e III.
E Somente I.
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A distorção no sistema de contrato entre funcionário e empresa, no
processo de “uberização”, está corretamente apresentado em:
Parabéns! A alternativa C está correta.
O motorista, ou seja, o funcionário é quem contrata a empresa,
nesse caso, o aplicativo. Os aplicativos de transporte, por exemplo,
deixam claro que é o motorista quem contrata a empresa e ele paga
uma taxa para usar o aplicativo. Com isso, a plataforma pode
mudar os termos de uso a qualquer momento, e o funcionário é
obrigado a concordar para continuar trabalhando.
Considerações �nais
A história da luta e das conquistas sociais e trabalhistas no Brasil
republicano se constituiu a partir de mobilizações e movimentações
sociais e políticas, com intensa participação da classe trabalhadora
A
A relação de trabalho é livre, pois o funcionário
torna-se o seu próprio chefe.
B
As despesas de manutenção do sistema são
divididas entre empresa e funcionário.
C
O motorista, ou seja, o funcionário, é quem contrata
a empresa, nesse caso, o aplicativo.
D
Os tributos trabalhistas são assumidos apenas
pelos administradores do aplicativo.
E
As práticas de empresas de tecnologia que
inauguram um novo jeito de pensar a dinâmica do
trabalho.
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como agente de transformação da sua realidade. Nesse contexto, as
relações de trabalho foram sendo consolidadas através de legislações
trabalhistas que avançaram e recuaram em diversos momentos da
história do Brasil.
A partir da década de 1980, quando promulgamos a Constituição de
1988, garantindo constitucionalmente direitos trabalhistas, muitos mitos
e teorias que propunham enfraquecer tais conquistas passaram a
ganhar força no cenário nacional, inclusive com adesão de parte da
classe trabalhadora diretamente afetada.
Com as sucessivas reformas trabalhistas implementadas no século XXI,
houve, na prática, uma drástica redução de direitos e o
desmantelamento do sistema das relações de trabalho que vigorava até
a primeira década deste século.
Podcast
Ouça o podcast a seguir. Nele, vamos recuperar um pouco do que lemos
sobre as relações trabalhistas no Brasil desde a 1ª República até às
problemáticas atuais dos processos de uberização do trabalho.

Explore +
Aprofunde seus conhecimentos com as seguintes leituras:
A organização operária no Brasil da Primeira República (1889-
1930): princípios e tendências, de Selson Garutti e Rafael Machado,
publicado, em 2019, na Revista Eletrônica de Humanidades do
Curso de Ciências Sociais da UNIFAP.
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A primeira república brasileira e os projetos relativos à ética do
trabalho, de Guilherme Chagas, publicado, em 2021, na Revista
História em Curso.
O Estado Novo e os trabalhadores: a construção de um
corporativismo latino-americano, de Alexandre Fortes, publicado,
em 2007, na Revista de História.
Assista também aos filmes:
Em guerra. De Stéphane Brizé. Roteiro: Stéphane Brizé, Olivier
Gorce. Elenco: Vincent Lindon, Mélanie Rover, Jacques Borderie. O
filme conta a história de 1100 funcionários liderados pelo seu porta-
voz Laurent Amedeo (Vincent Lindon) que, após a administração da
fábrica Perrin Industrie fechar a empresa e não respeitar o acordo
feito dois anos antes, decidem fazer de tudo para salvar seus
empregos.
Você não estava aqui. De Ken Loach. Roteiro: Paul Laverty. Elenco:
Kris Hitchen, Debbie Honeywood, Rhys Stone.O filme se passa após
a crise financeira de 2008, quando Ricky e sua família se encontram
em situação financeira precária. Ele decide adquirir uma pequena
van, na intenção de trabalhar com entregas, enquanto sua esposa
luta para manter a profissão de cuidadora. No entanto, o trabalho
informal não traz a recompensa prometida e, aos poucos, os
membros da família são jogados uns contra os outros.
Referências
ABÍLIO, Ludmila. Uberização: a era do trabalhador just-in-time?, 2020.
Consultado na internet em: 22 fev. 2022.
ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de
serviços na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRUNETTA, Antônio Alberto; BODART, Cristiano das Neves; CIGALES,
Marcelo Pinheiro. Dicionário do Ensino de Sociologia. Maceió: Editora
Café com Sociologia, 2020.
GOMES, Ângela de Castro. Ministério do Trabalho: uma história vivida e
contada. Rio de janeiro: CPDOC-FGV, 2007.
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PRIORI, Ângelo; POMARI, Luciana R.; AMÂNCIO, Silvia Maria; IPÓLITO,
Verônica. Relações de trabalho: colonos, parceiros e camaradas. Pp.
105-114. In: História do Paraná: séculos XIX e XX. Maringá: Eduem,
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NORONHA, Eduardo. A contribuição das abordagens institucionais-
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"Trabalho e Sociedade" no XXII Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu,
27 a 31 de outubro de 1998, p. 25. Consultado na internet em: 22 fev.
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NORONHA, Eduardo. O modelo legislado de relações de trabalho e seus
espaços normativos. Tese (Doutorado em Ciências Políticas) –
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1998.
SCHMITTER, Philippe. “Continúa el siglo del Corporativismo?” e “Modos
de intermediación de intereses y modelos de cambio social en Europa
Occidental”. In: SCHMITTER; LEHMBRUCH (coord.) Neocorporativismo I
– más allá del Estado y el Mercado. México: Alianza Editorial, 1992.
VIANNA, Oliveira. O idealismo da Constituição. 2. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1939.
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