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UNIVERSIDADE BRASIL INTERNATO DE MEDICINA BEATRIZ MENEGOTTO TOSTES – 1812757-1 GABRIELA AIKO PARO NAKAI – 1722424-7 GABRIELLE DA SILVA VELOSO – 1817723-8 JULIANO PAULO SANTIN – 19115143-0 LUANA SABINO FERREIRA – 1722566-5 PÂMELA MARTINS BUENO – 1817680-0 THALITA SARGI MONTEDOR – 1813986-5 VITORIA DOS SANTOS ZULIANI – 1722510-3 SAÚDE MENTAL II TRANSTORNO DE ANSIEDADE VOTORANTIM – SP 2023 1. INTRODUÇÃO Inicialmente é importante definir o que é ansiedade e medo. A ansiedade pode ser caracterizada como um estado emocional aversivo, uma inquietação interna, uma preocupação exagerada com o futuro, acompanhada de sensações corporais como tontura, secura na boca, vazio no estômago, aperto no peito, batimentos cardíacos acelerados, suores, calafrios, tremores, formigamentos, cãibras, urgência para urinar e cólicas abdominais. O medo é uma reação a um perigo específico. Medo e ansiedade são estados emocionais muito comuns. Tornam-se patológicos quando passam a ser disfuncionais, ou seja, a trazer prejuízos sociofuncionais e/ou sofrimento importante para o indivíduo. Os transtornos de ansiedade são a classe de transtornos mais prevalentes, com 28,8% de prevalência ao longo da vida. Até 10% das crianças e dos adolescentes sofrem de algum transtorno de ansiedade (TA). O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), que afeta até 2% das crianças e adolescentes, não é mais considerado um transtorno de ansiedade no DSM-5. 2. ETIOPATOGENIA As principais modificações do sistema nervoso central (SNC) nos estados ansiosos são: ativação autonômica e aumento do estado de alerta por ativação do locus ceruleus (LC), inibição de comportamentos em andamento (sistema de inibição comportamental septohipocampal) e ativação do sistema executivo do medo, composto por três regiões cerebrais que eliciam respostas de medo/pânico (áreas laterais e centrais da amígdala, hipotálamo anterior e medial e áreas específicas da substância cinzenta periaquedutal). Com exceção do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), no qual um fator externo traumático é a causa primária, o principal fator de risco para um TA na infância é ter pais com algum TA ou depressão. Em idosos, é mais comum que condições médicas gerais mimetizem um TA, entre elas: hipertireoidismo, angina do peito, dores localizadas ou generalizadas, condições incapacitantes, intoxicações ou abstinência por substâncias (inclusive medicamentos). 3. ATAQUES DE PÂNICO Eles são definidos como crises súbitas de intensos sintomas ansiosos que atingem um pico em até 10 minutos. Entretanto, um ataque de pânico não é um transtorno mental. Podem ocorrer em qualquer TA ou mesmo em outros transtornos mentais e em algumas situações médicas (cardíacas, respiratórias, etc). Os sintomas são: surgimento abrupto de palpitações ou ritmo cardíaco acelerado, sudorese, tremores ou abalos, sensações de falta de ar ou sufocamento, sensações de asfixia, dor ou desconforto torácico, náusea ou desconforto abdominal, sensação de tontura, instabilidade, vertigem, desmaio, sensações de calafrios ou ondas de calor, parestesias (adormecimento ou sensação de formigamento), desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (estar distanciado de si mesmo), medo de perder o controle ou enlouquecer ou medo de morrer. 4. TIPOS DE TRANSTORNOS: • Transtorno de pânico • Agorafobia • Transtorno de ansiedade generalizada • Transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de estresse agudo • Fobias específicas • Transtorno de ansiedade social • Transtorno de ansiedade de separação • Mutismo seletivo 4.1 Transtorno de Pânico: O diagnóstico de transtorno de pânico (TP) exige a ocorrência de ataques de pânico recorrentes e inesperados e que os ataques sejam seguidos de pelo menos um dos seguintes: 1) preocupação persistente sobre a possibilidade de ter novos ataques; 2) preocupação sobre as implicações ou consequências dos ataques; 3) mudança comportamental significativa. São crises súbitas e imprevisíveis com sintomas físicos, como palpitações, sudorese, tremores, falta de ar ou sufocamento, dor no peito, náusea ou desconforto abdominal, tontura, instabilidade, desmaio, desrealização ou despersonalização, medo de enlouquecer, medo de morrer. As crises duram poucos minutos e são inesperadas. São necessárias pelo menos 2 crises de pânico para fechar diagnóstico de transtorno de pânico. É comum ter transtorno de pânico associado com agorafobia. 4.2 Agorafobia A agorafobia é o medo de desenvolver sintomas ansiosos em lugares cuja saída pode ser difícil ou embaraçosa ou em que não haja ajuda disponível. Os critérios diagnósticos atuais exigem a ocorrência de sintomas em pelo menos duas situações diferentes. 4.3 Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é um transtorno crônico que envolve ansiedade excessiva e preocupações sobre diversos eventos ou situações na maioria dos dias por pelo menos 6 meses. A dificuldade para controlar as preocupações é marcante, e as queixas físicas são comuns. Os sintomas são: dificuldade para relaxar, cansar-se com facilidade, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, dificuldade para dormir. Crianças com TAG tendem a exibir preocupação excessiva com sua competência e com a qualidade de seu desempenho, mesmo quando não estão sendo avaliadas, assim como com pontualidade e eventos catastróficos. Podem ser extremamente conformistas, perfeccionistas e inseguras e refazer tarefas até a perfeição desejada. 4.4 Transtorno de Estresse Pós-Traumático e Transtorno de Estresse Agudo Esses transtornos estão associados a eventos que envolveram sofrimento intenso, como morte ou grave ferimento, ameaças à integridade física. O transtorno de estresse pós-traumático se desenvolve de 30 dias a 6 meses após o evento, e o transtorno de estresse agudo aparece antes de 30 dias do evento. 4.5 Fobias Específicas Fobia é uma condição na qual determinado objeto ou situação gera no indivíduo extrema ansiedade ou medo, acompanhada de comportamentos de fuga/esquiva do objeto temido. O paciente teme um ou mais objetos ou situações causadoras de ansiedade, como sangue, injeção, altura, animais, voar, entre outras. Não é incomum que o idoso apresente fobia de doenças ou hipocondria, com uma percepção ameaçadora de doenças sabidamente sem risco, mas que lhe geram sofrimento e mobilizam suas ações visando a avaliações médicas repetidas, confirmações diagnósticas exageradas e situações que podem levar a procedimentos desnecessários. 4.6 Transtorno de Ansiedade Social: No TAS, as situações temidas são as sociais. É um quadro de intensa ansiedade com vários sintomas físicos (cefaleia, dor abdominal, diarreia, tremor, taquicardia, sudorese) quando a pessoa está em situações sociais (quando está sujeita ao olhar de outras pessoas). Crianças e adolescentes com TAS relatam intenso desconforto em situações cotidianas. Esse desconforto é caracterizado por sintomas somáticos de ansiedade ou pode manifestar-se na forma de crises de choro ou de raiva, irritabilidade ou imobilidade. Pelo seu comportamento de esquiva, crianças e adolescentes com TAS não desenvolvem bem suas habilidades sociais e podem se tornar pessoas restritas e solitárias. 4.7 Transtorno de Ansiedade de Separação O transtorno de ansiedade de separação está entre os quadros psiquiátricos mais comuns na infância e na adolescência. Caracteriza-se pelo medo excessivo acerca da separação dos pais ou seus substitutos ou de sua casa. Ocorre um apego excessivo a seus cuidadores, evitando o afastamento deles ou telefonando repetidamente como forma de assegurar seu bem-estar. No DSM-5, esse transtorno passou a fazer parte do grupo de TA e passou a ser possível diagnosticá- lo após os 18 anos. 4.8 MutismoSeletivo Trata-se de um transtorno bastante raro da infância, caracterizado pela capacidade de compreender a linguagem e de falar, mas de não o fazer em certas situações. Crianças com mutismo seletivo podem ter desempenho escolar inferior e comprometimento dos relacionamentos em razão da falta da fala. Em geral, é diagnosticado na pré-escola, quando se espera que a criança comece a interagir em um ambiente mais amplo. Em vez de se comunicarem pela verbalização, essas crianças o fazem por gestos, acenos ou balanços de cabeça, puxando ou empurrando ou, em alguns casos, por monossílabos ou sussurros. Na maioria dos casos, o exame neurológico e audiológico são normais. Geralmente, não se encontram complicações perinatais graves, mas pequenas anormalidades do desenvolvimento podem estar presentes, inclusive no desenvolvimento da aquisição da linguagem. Apresentam, muitas vezes, timidez excessiva, medo de embaraço social, isolamento social, negativismo, ataques de ira ou comportamento controlador ou opositor, particularmente em casa. Pode haver um intenso comprometimento do funcionamento social e escolar. 5. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os TA devem ser diferenciados de outros transtornos psiquiátricos, condições médicas gerais e quadros associados ao uso ou abstinência de substâncias. Sintomas psicóticos, depressão, demência e efeitos adversos de medicamentos incluem-se nesse contexto. Recomenda-se avaliar e excluir condições como angina, episódios agudos de asma brônquica, agravamento de doença pulmonar obstrutiva crônica, piora de insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus descompensado, distúrbios tireoidianos, crises epilépticas parciais complexas, crises epilépticas parciais simples psíquicas, intoxicação aguda por substâncias, crises de abstinência de drogas – sobretudo, álcool, benzodiazepínicos e estimulantes. 6. EXAMES COMPLEMENTARES: Não há exames específicos para confirmação do diagnóstico de TA. Entretanto, é pertinente a avaliação clínica e laboratorial com a finalidade de identificar doenças médicas gerais, especialmente em idosos. São recomendáveis pesquisa de funções renal, hepática, tireoidiana, glicemia de jejum, eletrólitos, eletrocardiograma, raio X de tórax e neuroimagem estrutural, quando há suspeita de alterações cerebrais agudas. 7. TRATAMENTO Muitas vezes, pacientes com TA resistem em aceitar o diagnóstico de transtorno mental. Uma explicação clara sobre os TA, seus sintomas e tratamento é um passo fundamental. Mudanças de hábitos também podem ser úteis como eliminar o uso de estimulantes (p. ex., cafeína e nicotina) e a prática regular de exercícios. Frequentemente, intervenções psicoterápicas específicas são necessárias. A eficácia da terapia cognitivo comportamental (TCC) foi demonstrada emdiversos estudos controlados. Em crianças e adolescentes, deve haver uma abordagem múltipla, incluindo psicoeducação, TCC, consultoria escolar, terapia familiar e farmacoterapia. 7.1 Tratamento farmacológico • Primeira linha: ISRS e duais (IRSN). • Segunda linha: tricíclicos (clomipramina). • Iniciar com dose baixa e progredir a dose mais devagar, pois no inicio do tratamento, os antidepressivos aumentam a ansiedade. • Explicar ao paciente que a medicação demora de 2 a 4 semanas para começar a fazer efeito. • Nas primeiras duas a quatro semanas pode passar um benzodiazepínico (clonazepam – ½ cp sublingual) para diminuir a ansiedade, mas apenas no primeiro mês de tratamento, depois vai retirar a medicação pois ele tem risco de dependência.
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