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Estrutura de capital Apresentação A estrutura de capital de uma empresa é o resultado das políticas e diretrizes que são alinhadas no planejamento estratégico financeiro e operacional. Dessa forma, as decisões devem ser embasadas nesses norteadores. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá compreender a composição da estrutura de capital, diferenciando curto prazo e longo prazo e capital de terceiros e capital próprio, irá entender a estrutura de capital sob o enfoque do lucro operacional e do lucro por ação, e, por fim, será capaz de definir a estrutura ótima de capital de uma organização. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar capital de terceiros e capital próprio.• Analisar a estrutura de capital sob o enfoque do lucro operacional e do lucro por ação.• Definir a estrutura ótima de capital.• Desafio O crescimento das empresas talvez seja o objetivo mais evidente quando se trata de pretensões organizacionais, pois nenhum empresário quer manter sua organização do mesmo tamanho do que quando ela foi criada. Para isso, com muita constância, as empresas adotam o endividamento como forma de crescer. O endividamento é uma maneira muito comum de captar recursos para a expansão da empresa e para a troca de imobilizado, por exemplo. Imagine que você é um gestor financeiro e está prestes a decidir sobre um investimento de grande valor, que necessitará de recursos financeiros externos. A política da empresa, que foi revisada recentemente, consolidou que a captação de recursos para investimento será por meio de financiamento bancário. Diante das possíveis alternativas no que tange à captação de recursos externos no setor bancário, com base em quais critérios você pode tomar a decisão de escolher um determinado banco? Infográfico As empresas precisam de capital para seus negócios, sejam capitais próprios ou capitais de terceiros. Os capitais próprios são os oriundos dos proprietários, sejam os sócios ou acionistas. Os capitais de terceiros são os buscados em instituições financeiras, por exemplo, são os terceiros, que não possuem outro tipo de ligação com a empresa, senão este recurso. Os capitais de terceiros são onerosos, existe um custo para sua aquisição, os capitais próprios não são onerosos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Sendo a estrutura de capital de uma empresa o retrato da combinação entre capital próprio e capital de terceiros, para entender como pode dar-se essa composição, há a necessidade de compreender os conceitos que são inerentes a ela. Acompanhe, neste Infográfico, os principais conceitos a respeito da estrutura de capital. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/4cbb5bb0b84e24ee56d55e1afb9b218b Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/e072aee3-8a7b-4946-a83e-6d0d153a1f5a/29d94eba-7481-4d27-96e7-7249a34d399f.png Conteúdo do livro Quando as empresas crescem, elas buscam diversificar a composição de sua estrutura de capital. Isso acontece em função de que, quanto maiores as possibilidades, mais alternativas a empresa terá para buscar aquela que mais lhe traga benefícios, dentre os quais se pode citar a redução de custos. No capítulo Estrutura de capital, do livro Investimentos, estratégia e lucros econômicos, você irá compreender a relação existente entre capital e longo prazo, percebendo como a estrutura de capital pode ser analisada por meio do lucro operacional e do lucro por ação. Assim, também irá entender que a estrutura ótima de capital de uma empresa pode ser um conteúdo útil para organizações e para gestores que objetivam a maximização de resultados. Boa leitura. INVESTIMENTOS, ESTRATÉGIA E LUCROS ECONÔMICOS Fabiane Padilha da Silva Estrutura de capital Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Relacionar capital de terceiros e capital próprio. � Analisar a estrutura de capital sob o enfoque de lucro operacional e lucro por ação. � Definir a estrutura de capital ótima. Introdução As empresas necessitam de recursos para colocar em prática suas opera- ções. Tais recursos podem originar-se de duas fontes específicas: fontes próprias ou fontes de terceiros. Ainda, nesse sentido, podem refletir decisões de curto ou longo prazo. Neste capítulo, você estudará a diferença entre capital próprio e de terceiros, bem como verá a estrutura de capital sob o enfoque do lucro operacional e do lucro por ação. Por fim, vai conferir qual é a estrutura ideal para que a organização atinja seus objetivos estratégicos. Capital de terceiros e capital próprio O planejamento estratégico de uma organização e as estratégias definidas para o alcance dos objetivos devem ser o ponto de partida para as decisões dos gestores. Na área financeira não poderia ser diferente. A compreensão do objetivo do gestor financeiro, ou seja, a maximização da riqueza dos acionis- tas, faz que sejam avaliadas as possibilidades de realização dessa situação, e a definição sobre como será estipulada a parcela condizente às fontes de recursos revela muito sobre a empresa. Uma das mais importantes demonstrações financeiras é o balanço patri- monial (Figura 1), que retrata o patrimônio da empresa em um determinado momento, ou seja, mostra os bens, os direitos e as obrigações pertencentes àquela empresa em um determinado período. Figura 1. Balanço patrimonial: ativo e passivo. Fonte: Ross et al. (2013, p. 25). O balanço patrimonial apresenta, em seu lado direito, as obrigações da empresa, as quais podem se estabelecer em termos de fontes de terceiros ou fontes próprias. As fontes de terceiros representam as dívidas da empresa e são originadas de terceiros (credores), como fornecedores, bancos, governo e empregados. Já as fontes próprias referem-se aos recursos pertencentes aos sócios ou acionistas, que, por sua vez, representam o capital próprio da empresa. Além dessa divisão quanto a capitais de terceiros ou capitais próprios, o balanço patrimonial apresenta a composição em termos de curto ou longo prazo. As dívidas de curto prazo se referem ao passivo circulante, em que o grau de exigibilidade da quitação da dívida está dentro do exercício atual. Já a dívida de longo prazo é aquela “[...] cujo pagamento não é devido no ano corrente [...]” (GITMAN, 2010, p. 43) — que é o que ocorre no passivo não circulante e no patrimônio líquido. Dessa forma, o capital de terceiros (no Estrutura de capital2 longo prazo), somado ao valor do capital próprio, refletirá o valor do capital total da empresa. A Figura 2 apresenta o balanço patrimonial com enfoque no lado do passivo. Figura 2. Balanço patrimonial: enfoque do passivo. Fonte: Adaptada de Gitman e Zutter (2017). Balanço patrimonial Dívida de longo prazo Ativo Patrimônio líquido Ações preferenciais Patrimônio líquido dos acionistas ordinários Ações ordinárias Lucros retidos Passivo circulante Capital próprio Capital de terceiros Capital total A seguir, será apresentada uma conceituação dos termos, segundo Gitman e Zutter (2017), para uma melhor compreensão do assunto. � Capital: são os recursos de longo prazo, ou seja, os itens que constam no lado direito do balanço patrimonial. � Balanço patrimonial: com exceção do passivo circulante, o balanço patrimonial é obtido por meio da soma do capital próprio mais o capital de terceiros, responsáveis pelo financiamento das operações de longo prazo. � Capital de terceiros: elenca as dívidas de longo prazo, como, por exemplo, os credores. � Capital próprio: representado pelo patrimônio líquido, tendo como exemplo sócios e acionistas. Assim, a estrutura de capital que é estabelecida pelas organizações por meio do planejamento estratégico é a “[...] combinação de capitalde terceiros de longo prazo e capital próprio mantido por uma empresa [...]” (GITMAN, 3Estrutura de capital 2010, p. 468). Em outras palavras, isso indica que as decisões de longo prazo podem se estabelecer em termos de capital de terceiros (dívidas que geram despesas financeiras e, embora sejam caracterizadas pelo longo prazo, possuem data de vencimento) ou capital próprio (sendo uma forma de financiamento permanente da empresa, não há vencimento nem obrigatoriedade legal de restituição deste). Ainda de acordo com Gitman (2010), as formas de obten- ção de capital próprio são internas — por meio da retenção de lucros — ou externas — lançando ações (ordinárias ou preferenciais) para serem subscritas pelo mercado financeiro. Em função da acirrada competitividade na área em que as organizações estão inseridas, na qual existe uma rotina de busca e seleção de novos negó- cios e demandas, estabelece-se uma necessidade de recursos financeiros e, consequentemente, de opções de financiamento, as quais servirão para dar andamento aos projetos da empresa. As decisões que se referem à estrutura de capital embasam as decisões de investimento e financiamento das empresas, por isso, é fundamental que sua compreensão seja efetiva, dado que o custo de capital, geralmente, possui grande impacto nas decisões gerenciais. Hisrich, Peters e Shepherd (2013) apontam dois tipos de financiamento disponíveis: o financiamento por endividamento e o financiamento por capital próprio. O financiamento por endividamento geralmente ocorre em formato de empréstimo — por meio de instituições financeiras ou por lançamento de títulos da dívida (p. ex., debêntures) no mercado financeiro — com juros, cujo pagamento está relacionado às vendas e aos lucros da empresa, mesmo que indiretamente. Esse financiamento, na maioria dos casos, possui como garantia algum ativo da empresa (casa, terreno, veículo), a título de cobrir o valor do empréstimo em caso de inadimplência. Esse processo, em que se utilizam as dívidas como instrumento de financiamento, é denominado alavancagem, no qual o risco do empreendimento é diretamente proporcional ao nível de alavancagem. Já no financiamento por capital próprio não há garantias, mas há participação nos lucros do empreendimento, representada por um percentual sobre o total. O capital próprio refere-se à parcela dos recursos que são investidos em uma empresa por parte dos investidores (acionistas) em patrimônio líquido (equity), os quais possuem, da mesma forma que investidores externos, expectativas de retorno do seu investimento, com as devidas adições de juros em relação ao tempo e ao custo das operações (ANTONOVZ; MAZZAROPPI, 2018). Estrutura de capital4 No Quadro 1, a seguir, Gitman e Zutter (2017) resumem as diferenças entre os dois tipos de capitais. Fonte: Adaptado de Gitman e Zutter (2017). Características Tipo de capital Capital de terceiros Capital próprio Influências nas decisões da administração Não Sim Direitos sobre resultados e ativos Preferencial em relação ao capital próprio Subordinado ao capital de terceiros Prazo de investimentos Determinado Indeterminado Tratamento fiscal Com dedução de juros Sem dedução de juros Quadro 1. Principais diferenças entre capital de terceiros e capital próprio É importante salientar que a organização deve buscar diversificar suas alternativas de formação de capital, optando por uma cesta mista, para que haja uma combinação favorável a seus objetivos, mesclando recursos internos e externos, já que, na maioria dos casos, não há possibilidade de pagamentos à vista. De acordo com Ross et al. (2013, p. 542), “[...] o custo médio ponderado de capital (CMPC) mostra que o custo de capital de uma empresa é uma média ponderada dos custos de diversos componentes da estrutura de capital [...]”. Ou seja, ao minimizar o custo de capital, haverá a maximização do valor da empresa. Dessa forma, na busca pela maximização da riqueza dos acionistas da empresa, mantém-se a continuidade de projetos de investimento, visando à vantagem competitiva. 5Estrutura de capital Estrutura de capital: enfoque LAJIR–LPA A estrutura de capital de uma organização possui suas bases nas diretrizes de- finidas no planejamento estratégico da empresa. Contudo, não se pode esquecer que a maximização dos resultados da empresa é reflexo direto das decisões tomadas nesse sentido, as quais, por sua vez, repercutem na valorização das ações da organização. Ross et al. (2013, p. 11) ressaltam um ponto crucial: [...] não importa se a empresa é uma empresa individual, uma sociedade ou uma companhia aberta. Para cada uma delas, as boas decisões financeiras aumentam o valor de mercado do patrimônio dos proprietários, e as decisões financeiras ruins o diminuem [...]. O conceito de lucro antes dos juros e do imposto de renda (LAJIR) pres- supõe o conhecimento do demonstrativo do resultado do exercício (DRE), uma das demonstrações (ou demonstrativo) utilizadas na área financeira. O DRE apresenta o resumo financeiro dos resultados da empresa em um determinado período, mostrando se esta obteve lucro ou prejuízo em suas operações (GITMAN; ZUTTER, 2017). Essa demonstração apresenta uma síntese do desempenho da empresa em um espaço de tempo predeterminado, mostrando o comportamento das receitas e despesas, bem como dos custos de uma determinada organização. O DRE apresenta na linha superior o valor da receita de vendas, do qual é subtraído o valor dos custos da mercadoria vendida (CMV), resultando no lucro bruto. Deste, é subtraído o valor das despesas operacionais para chegar- -se ao lucro operacional, também denominado LAJIR. Quando desse lucro operacional são subtraídas as despesas de juros, chega-se ao valor do lucro antes do imposto de renda (LAIR), e, ao subtrair do LAIR o valor do imposto de renda (e também da contribuição social sobre o lucro líquido), encontra-se o lucro líquido, também denominado lucro disponível. Ao ter conhecimento do número de ações ordinárias, pode-se chegar ao lucro por ação (LPA). O Quadro 2, a seguir, mostra a estrutura do DRE. Conforme observa-se no DRE apresentado no Quadro 2, o impacto do LAJIR sobre o LPA é evidente. Sabe-se que muitas variáveis podem afe- tar o preço da ação de uma empresa, como, por exemplo, o lucro e o risco. No enfoque LAJIR–LPA, o objetivo é “[...] selecionar a estrutura de capital que maximiza o LPA na faixa esperada do LAJIR [...]” (GITMAN, 2010, p. 493). Essa ideia parte do pressuposto de que a estrutura de capital deve ser Estrutura de capital6 analisada tendo-se em vista os retornos oferecidos aos acionistas na busca do melhor resultado possível no valor das ações. Fonte: Adaptado de Gitman e Zutter (2017). Demonstração do resultado do exercício de 31 de dezembro de 2015 Receita de vendas R$ 600.000,00 Custo da mercadoria vendida R$ 460.000,00 Lucro bruto R$ 140.000,00 Despesas operacionais Despesas administrativas R$ 30.000,00 Despesas de depreciação R$ 30.000,00 Total das despesas R$ 60.000,00 Lucro operacional (LAJIR) R$ 80.000,00 Despesas de juros R$ 10.000,00 Lucro líquido antes do imposto de renda R$ 70.000,00 Imposto de renda R$ 27.100,00 Lucro disponível aos acionistas R$ 42.900,00 Lucro por ação (LPA) R$ 2,15 Quadro 2. Estrutura do DRE Ao abordar o assunto enfoque LAJIR–LPA, faz-se necessário que haja conhecimento sobre a estrutura de capital da empresa, que deve ter por base as políticas e diretrizes apontadas no planejamento estratégico. Tal conheci- mento, muitas vezes, pode pressupor uma quebra de paradigmas, em que a ideia de endividamento é vista como ruim para a grande maioria da população. O endividamento organizacional deve ser observado durante a análise de outros elementos, visto que a empresa pode estar adquirindo dívidas, a fim de buscar resultados melhores. Esses conceitos são relacionados ao assunto alavancagem, que se refere a “[...] quanto uma empresa se apoia na dívida. Quanto maioro financiamento por meio de dívidas que uma empresa usar 7Estrutura de capital em sua estrutura de capital, maior será a alavancagem financeira que ela usa [...]” (ROSS et al., 2013, p. 543). É possível visualizar o enfoque LAJIR–LPA por meio de um gráfico, no qual os valores a serem inseridos podem ser encontrados supondo-se valores específicos para LAJIR e calculando-se o LPA a eles associado. A Figura 3 apresenta o enfoque LAJIR–LPA por meio do cálculo para três estruturas de capital que apresentam índices de endividamento de 0, 30 e 60% para valores de LAJIR de R$ 100.000 e R$ 200.000. Observe que, nas situações apresentadas, pode-se constatar o crescimento do LPA à medida que aumenta o LAJIR da empresa, de modo que há um risco constante à medida que o endividamento aumenta. Figura 3. Enfoque LAJIR–LPA. Fonte: Adaptada de Gitman (2010). Índice de endividamento geral da estrutura de capital LAJIR $ 100.000 $ 200.000 Lucro por ação (LPA) 0% 30 60 $ 2,40 2,91 3,03 $ 4,80 6,34 9,03 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 –1 30% 30% 60% 60% LAJIR ($ mil) 0% 50 100 95,50 150 200 –2 –3 –4 LP A ( $ ) Índice de endividamento geral = 60% Índice de endividamento geral = 30% Índice de endividamento geral = 0% Pontos de equilíbrio financeiro Estrutura de capital8 Nem todas as empresas estão preparadas para o endividamento, por isso é essencial que se conheça a estrutura de capital da organização e a aceitação ao risco. O ideal seria que, à medida que o endividamento aumentasse, houvesse o mesmo nível de crescimento nos lucros e, consequentemente, a maximização da riqueza do proprietário. O detalhe é que, muitas vezes, são apenas hipóteses que são traçadas, presumindo-se um futuro que ainda não aconteceu e que, infelizmente, pode sofrer muitos revezes até que, efetivamente, se estabeleça a situação almejada. O objetivo principal do enfoque LAJIR–LPA é avaliar se o resultado no lucro por ação será impactado de forma positiva pelo endividamento da empresa, porém uma das limitações desse método é o fato de que os lucros constituem apenas um dos determinantes da maximização de riqueza dos acionistas. Dessa forma, o método não avalia de forma explícita o impacto do risco. Estrutura de capital ótima Para definir a estrutura de capital ótima de uma empresa, deve-se ressaltar que cada empresa possuirá a sua estrutura ideal, pois existem especificidades de cada organização, as quais devem ser ajustadas conforme o contexto. A estrutura de capital ótima de uma empresa deve equilibrar os benefícios e os custos do financiamento com capital de terceiros. Assim, deve-se haver coerência entre o endividamento de longo prazo e o capital empregado pela empresa. De acordo com Ross et al. (2013, p. 558), “[...] uma empresa só toma em- prestado porque o benefício fiscal dos juros é valioso [...]”. No Brasil, as linhas de financiamento empresarial são diversas e costumam ser um instrumento bastante útil quando se trata de alavancar os resultados das empresas. O cresci- mento vem acompanhado de decisões de endividamento, e escolher a estrutura ótima, muitas vezes, é um caminho para que os riscos sejam minimizados. Ross et al. (2013) citam a teoria estática da estrutura de capital, em que se assume que a empresa está definida em termos de ativos e operações, considerando-se apenas possíveis variações na proporção dívida/capital próprio. Nessa teoria, os autores afirmam que “[...] uma empresa toma emprestado até o ponto em que o benefício fiscal de um real extra de dívida é exatamente igual ao custo resultante da maior probabilidade de dificuldades financeiras [...]” (ROSS et al., 2013, p. 558). Ou seja, as empresas irão se endividar apenas se lhe for proveitoso. Assim, avaliadas as condições, será tomada a decisão de se vale a pena endividar-se ou não, pois os riscos existem, e qualquer empresário 9Estrutura de capital sabe que as condições podem mudar de uma hora para outra, uma vez que a volatilidade é constante no mundo dos negócios. Para melhor compreensão dos conceitos relacionados à estrutura ótima, foram extraídos de Gitman (2010) os seguintes dados: a empresa Cooke Company, usando como medida de risco os coeficientes de variação do LPA associados a cada uma das sete estruturas de capital alternativas, estimou os retornos requeridos (Quadro 3). Fonte: Adaptado de Gitman (2010). Índice de endividamento geral da estrutura de capital Coeficiente de variação do LPA (1) Retorno requerido estimado, r1 (2) 0% 0,71 11,5% 10% 0,74 11,7% 20% 0,78 12,1% 30% 0,83 12,5% 40% 0,91 14,0% 50% 1,07 16,5% 60% 1,40 19,0% Quadro 3. Retornos requeridos nas sete alternativas da empresa Cooke Company Observa-se que o retorno requerido aumenta com o risco crescente, medido pelo coeficiente de variação do LPA. Ao substituir o nível esperado de LPA e o retorno requerido a ele associado, pode-se estimar o valor por ação de uma empresa, como mostrado na equação a seguir: Estrutura de capital10 onde: � P0 = valor por ação; � LPA = lucro por ação; � rs = retorno requerido. O Quadro 4, a seguir, apresenta o cálculo do valor estimado da ação as- sociado às sete estruturas de capital alternativas. Fonte: Adaptado de Gitman (2010). Índice de endividamento geral da estrutura de capital LPA esperado (1) Retorno requerido estimado, r1 (2) Valor estimado da ação [(1) ÷ (2)] (3) 0% R$ 2,40 0,115 R$ 20,87 10% R$ 2,55 0,117 R$ 21,79 20% R$ 2,72 0,121 R$ 22,48 30% R$ 2,91 0,125 R$ 23,28 40% R$ 3,12 0,140 R$ 22,29 50% R$ 3,18 0,165 R$ 19,27 60% R$ 3,03 0,190 R$ 15,95 Quadro 4. Cálculo dos retornos requeridos nas sete alternativas A Figura 6, a seguir, traz uma representação gráfica, para uma melhor visualização da situação apresentada. 11Estrutura de capital Figura 4. Gráfico das estimativas de valor. Fonte: Adaptada de Gitman (2010). 2,00 2,50 3,00 3,50 15,00 20,00 25,00 10 20 30 40 50 60 700 Valor máximo da ação LPA máximo Índice de endividamento geral (%) V a lo r es ti m a d o d a a çã o ( $ ) LP A ( $ ) LPA Valor estimado da ação Valor máximo da ação = $ 23,28 LPA máximo = $ 3,18 Assim, embora o LPA tenha sido maximizado, com um índice de endi- vidamento de 50%, o valor da ação, por sua vez, é maximizado quando o endividamento é de 30%, que será a estrutura ótima dessa empresa. É importante, portanto, que haja maior atenção ao se estimar um pano- rama futuro com endividamento, pois as situações podem mudar. Os fatores elencados no Quadro 5, a seguir, apontam para o direcionamento das maiores preocupações que devem ser avaliadas antes de uma tomada de decisão quanto à estrutura de capital de uma empresa. Estrutura de capital12 Preocupação Fator Descrição Risco econômico Estabilidade da receita Empresas com receitas estáveis e previsíveis podem adotar com maior segurança estruturas de capital altamente alavancadas do que empresas cujos padrões de receitas de vendas sejam mais voláteis. Empresas com vendas crescentes tendem a beneficiar-se do acréscimo de dívida, colhendo os benefícios da alavancagem financeira, que amplifica o efeito desse crescimento. Fluxo de caixa Ao considerar uma nova estrutura de capital, a empresa deve concentrar-se em sua capacidade de gerar fluxos de caixa necessários para atender a suas obrigações. Qualquer alteração da estrutura de capital deve encontrar respaldo em projetos de caixa que reflitam a capacidade de serviço de dívida (e das ações preferenciais). Custos de agency Obrigações contratuais A empresa pode estar contratualmente limitada quanto aos tipos de fundos que é capaz de levantar; pode estar proibida de emitir mais dívidas, a menos que os titulares dessas dívidas sejam subordinados aos titulares existentes; e pode haver restrições contratuais à venda de novas ações e à capacidade de distribuição de dividendos. Preferências da administração Em alguns casos, a empresa impõe uma restrição interna aouso de dívida, a fim de limitar sua exposição ao risco a um nível tido como aceitável pela administração. Em outras palavras, devido à aversão ao risco, a administração da empresa restringe sua estrutura de capital a limites que podem ou não representar o ótimo verdadeiro. Quadro 5. Fatores importantes na tomada de decisão de uma estrutura de capital (Continua) 13Estrutura de capital Fonte: Adaptado de Gitman (2010). Quadro 5. Fatores importantes na tomada de decisão de uma estrutura de capital Preocupação Fator Descrição Custos de agency Controle Uma equipe de administradores que esteja preocupada com o controle pode preferir emitir dívida em vez de ações ordinárias (votantes). Sob condições favoráveis de mercado, uma empresa que queira vender ações pode fazer uma oferta preventiva ou emitir ações sem direito a voto, permitindo que cada acionista mantenha sua participação proporcional. De modo geral, é só em empresas de capital fechado ou ameaçadas por aquisição hostil que o controle se torna uma preocupação significativa nas decisões quanto à estrutura de capital. Informação assimétrica Avaliação externa do risco A capacidade da empresa para levantar fundos rapidamente a taxas favoráveis depende das avaliações externas realizadas pelos credores e pelos responsáveis pelo rating de obrigações. Deve-se considerar o impacto das decisões de estrutura de capital tanto sobre o valor da ação quanto sobre as demonstrações financeiras obrigatórias, com base nas quais credores e agências de rating avaliam o risco da empresa. Oportunidade Às vezes, quando as taxas de juros estão baixas, o financiamento com capital de terceiros pode ser mais atraente; quando elevadas, a venda de ações pode ser mais interessante. No entanto, algumas vezes é impossível obter dívida, ou capital próprio, sob condições aceitáveis. As condições econômicas gerais — especialmente as do mercado de capitais — podem, portanto, afetar de forma significativa as decisões sobre estruturas de capital. (Continuação) Estrutura de capital14 Diante do exposto, ao definir a estrutura de capital, os gestores devem buscar alinhar as expectativas da empresa àquilo que o mercado está ofe- recendo e, com isso, perceber que cada empresa é única. Assim, a estrutura denominada ótima está muito relacionada à empresa e aos gestores, bem como às expectativas e experiências que eles possuem. Todavia, ela deverá buscar sempre equilibrar os benefícios e os custos do financiamento com capital de terceiros. ANTONOVZ, T.; MAZZAROPPI, M. Análise de riscos. Porto Alegre: Sagah, 2018. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2010. GITMAN, L. J.; ZUTTER, C. J. Princípios de administração financeira. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2017. HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD, D. A. Empreendedorismo. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. ROSS, S. et al. Fundamentos da administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 15Estrutura de capital Dica do professor Diante da tomada de decisão sobre a composição da estrutura de capital da empresa, os gestores devem buscar minimizar os fatores que podem causar preocupações. A busca da maximização de resultados é impactada pelas decisões relativas às políticas de captação de capitais, que, por sua vez, afetarão diretamente a combinação entre capital próprio e capital de terceiros. Assim, conhecer detalhadamente cada um desses fatores se torna imprescindível, pois a definição de estrutura ótima de capital é subjetiva. Nesta Dica do Professor, você irá saber mais sobre a estrutura de capital ótima e os fatores que influenciam a tomada de decisão. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/ae4570a563b49f7eb3da90879a75b4d7 Exercícios 1) As organizações apresentam a estrutura de capital conforme foi definida nas políticas e diretrizes estabelecidas no planejamento estratégico e, mais especificamente, no planejamento financeiro. Dessa forma, a composição da estrutura de capital se dá por meio da combinação do capital de terceiros e do capital próprio. Assim, assinale a alternativa que apresenta uma forma de captação de recursos de terceiros. A) Os financiamentos ou empréstimos efetuados por uma empresa podem ser formas de reestruturar operações ou alavancar a expansão da empresa e de seus indicadores. B) A submissão e a venda de ações podem ser uma alternativa para reestruturar operações ou alavancar a expansão da empresa. C) A retenção de lucros pode ser uma alternativa para reestruturar operações ou alavancar a expansão da empresa. D) O autofinanciamento é uma alternativa para reestruturar operações ou alavancar a expansão da empresa. E) Por meio de financiamentos ou empréstimos, captar recursos destinados apenas à expansão da empresa nas exportações decorrentes das operações da instituição na venda de bens ao exterior. 2) Dentre as demonstrações contábeis mais úteis na análise de investimentos se encontram o DRE, que é o demonstrativo do resultado do exercício, e também o balanço patrimonial. O balanço patrimonial, que é um retrato da empresa em um determinado período, é composto pelo lado do ativo e pelo lado do passivo. Analise as sentenças abaixo. I - No lado do passivo temos o passivo circulante, o passivo não circulante e o patrimônio líquido. II - O lado do passivo, em sua integralidade, é relacionado ao longo prazo. III - Se o total do lado do passivo é R$ 100.000,00 e não há passivo circulante, pode-se afirmar que o passivo não circulante é R$ 100.000,00. Quais sentenças estão corretas? A) Apenas a sentença I. B) Apenas a sentença II. C) As sentenças I e II. D) As sentenças I e III. E) Todas as sentenças. 3) Uma empresa possui capital próprio de R$ 5.000.000,00 e possui 10.000 ações. Em um determinado ano, essa empresa obteve de lucro líquido o valor de R$ 500.000,00. Assim, assinale a alternativa que apresente o LPA (lucro por ação) correto. A) O LPA é R$ 10,00. B) O LPA é R$ 50,00. C) O LPA é R$ 500,00. D) O LPA é R$ 500.000,00. E) O LPA é R$ 5.000.000,00. 4) Quando os gestores deliberam sobre questões de planejamento estratégico, o planejamento financeiro irá apontar a posição definida em relação ao volume de recursos exigidos para executar as atividades operacionais e de investimentos da empresa, avaliando as possíveis fontes de recursos. Portanto, torna-se necessária a análise da estrutura de capital, bem como a avaliação da capacidade de obtenção de financiamento da empresa. Analise as sentenças abaixo. I - Nem todas as empresas estão preparadas para o endividamento. Por esse motivo, é essencial que se conheça a estrutura de capital da organização e a aceitação ao risco. II - No enfoque LAJIR-LPA, pode-se supor valores específicos para LAJIR e calcular o LPA a eles associado. III - Uma empresa pode beneficiar-se do endividamento para buscar melhores resultados. Quais sentenças estão corretas? A) Apenas a sentença I. B) Apenas a sentença II. C) As sentenças I e II. D) As sentenças I e III. E) Todas as sentenças. 5) Ao optar pela captação de recursos originados de capital próprio, a empresa, por meio de suas políticas, assume que prefere o financiamento permanente, não havendo, legalmente, obrigatoriedade de sua restituição. Dessa forma, assinale a alternativa que contenha uma forma que pode representar uma alternativa presente na obtenção de capital próprio. A) Venture capital. B) Emissão de ações. C) Captação de recursos em bancos. D) Captação de recursos de outras empresas. E) Captação de recursos em entidades governamentais. Na prática O público leigo, muitas vezes, apresenta ideias preconcebidas que podem ser refutadas de acordo com o aprofundamento dos conhecimentos em uma determinada área. Com a área de finanças isso pode ocorrer quando o assunto é endividamento, poisele pode ser um bom sinal para algumas empresas. Neste Na Prática, perceba como isso pode acontecer. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/f8e46a41-0248-4525-abb0-c615233a2b97/e3054f50-7297-4edc-9ebf-16c63d3730e7.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Estrutura de capital de uma empresa: indicadores e como calcular No link a seguir, será abordado sobre Estrutura de Capital, um termo bastante falado no Mercado Financeiro, e ao longo deste artigo você vai conferir o que é esse conceito e quais as principais diferenças com a estrutura financeira. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A influência da alavancagem financeira na rentabilidade dos investidores em empresas brasileiras Este trabalho tem como objetivo verificar qual a influência da alavancagem financeira em relação à rentabilidade dos investidores nas empresas brasileiras. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Capital próprio versus capital de terceiros Este vídeo mostra diferenças entre capital próprio e de terceiros. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://4cinco.com/estrutura-de-capital/#:~:text=O%20primeiro%20passo%20para%20calcular,o%20ativo%20de%20sua%20empresa. https://pdfs.semanticscholar.org/76d2/c74c9fe769c8a71070b5a7f018dbfc74af24.pdf?_ga=2.10584116.1629971287.1627044610-1095494854.1611245940 https://www.jornalcontabil.com.br/capital-proprio-e-capital-de-terceiros-entenda-a-diferenca/