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Análise de investimentos III Apresentação Nesta Unidade de Aprendizagem, abordaremos um pouco mais sobre análise de investimento a partir de payback corrigido, índice de lucratividade e valor anual equivalente. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer e aplicar o payback corrigido na análise de investimentos.• Identificar e aplicar o índice de lucratividade na análise de investimentos.• Reconhecer e aplicar valor anual equivalente na análise de investimentos.• Desafio Uma fábrica de chocolates planeja o lançamento de uma nova marca para o mercado de alto luxo. O investimento estimado é de R$250.000,00, e os fluxos de caixa projetados são de R$10.000,00 no primeiro ano, R$15.000,00 no segundo, e R$80.000,00, por ano, do 3o ao 8o ano. Considerando um custo de capital de 10% a.a., determine o payback corrigido deste projeto. Infográfico O infográfico a seguir apresenta o conceito, o método de solução e o critério de seleção de projetos, a partir de índice de lucratividade, valor anual equivalente e payback corrigido. Conteúdo do livro Algumas empresas preferem usar o método do payback ou a taxa de retorno simples para avaliar propostas de investimento. O período de payback é o tempo necessário para recuperar de modo integral o investimento inicial feito em um projeto. Para entender melhor o método do payback, leia mais em Contabilidade Gerencial, no capitulo Orçamento de Capital – Planejar Investimentos. Boa leitura. CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK Garrison Noreen Brew er www.grupoa.com.br 0800 703 3444 Garrison, Noreen & BrewerGarrison, Noreen & Brewer contabilidade www.grupoa.com.br 14a edição A contabilidade gerencial é o instrumento essencial para a análise das necessidades internas de qualquer organização; por meio dela, obtemos as informações necessárias para os planos de ação, as atividades de controle e as tomadas de decisão. Nesse contexto, esta nova edição de Garrison expõe como coletar e interpretar as in- formações contábeis e apresenta novas ferramentas didáticas para auxiliar o seu es- tudo, como resolução de exercícios com o uso de fórmulas no Excel®, textos para análise com base em histórias reais de grandes empresas e outros recursos aplicados a sua realidade. Contabilidade gerencial é leitura indispensável para estudantes de graduação e pós- -graduação em administração e contabilidade, com interesse em controle de gestão, controladoria, gestão de custos, teoria da contabilidade, contabilidade societária e áreas afins. Material online Visite o site www.grupoa.com.br e tenha acesso a planilhas em Excel®, exercícios adicionais e outros materiais, em inglês e português. Área do professor Visite a Área do Professor no site e tenha acesso à biblioteca de imagens, em português, e ao manual de soluções, ao banco de testes e a outros materiais exclusivos, em inglês, deste livro. CoNtaBilidade GERENCIAL 14a edição 14a edição CoNtaBilidade GERENCIAL CoNtAbILIdAdE GERENCIAL Recorte aqui seu m arcador de página. a Bookman editora é parte do Grupo a, uma empresa que engloba diversos selos editoriais e várias plataformas de distribuição de conteúdo técnico, científico e profissional, disponibilizando-o como, onde e quando você precisar. o Grupo a publica com exclusividade obras com o selo McGraw-Hill em língua portuguesa. Garrison Noreen Brew er CoNtaBilidade GERENCIAL 14 a edição 42377_Garrison_Contabilidade 2 14/11/12 16:10 G242c Garrison, Ray H. Contabilidade gerencial [recurso eletrônico] / Ray H. Garriosn, Eric W. Noreen, Peter C. Brewer ; tradução: Christiane de Brito ; revisão técnica: Luciane Reginato. – 14. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8055-162-4 1. Ciências contábeis. 2. Contabilidade gerencial. I. Noreen, Eric W. II. Brewer, Peter C. III. Título. CDU 330 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 Iniciais_Eletronico.indd ii 17/01/2013 17:43:04 576 CONTABILIDADE GERENCIAL Em geral, os gerentes consideram decisões que envolvem um investimento no presente esperando obter lucros futuros. Por exemplo, a Tri -Con Global Res-taurants Inc. faz um investimento ao abrir um novo restaurante da Pizza Hut. A L. L. Bean faz um investimento ao instalar um novo computador para lidar com co- branças dos clientes. A Chrysler faz um investimento ao reprojetar um produto, como o Jeep Eagle. A Merck & Co. investe em pesquisas médicas. A Amazon.com faz um in- vestimento ao reformular seu site. Todos esses investimentos exigem gastos imediatos com a expectativa de fluxos de caixa líquidos adicionais no futuro. O termo orçamento de capital é usado para descrever como os gerentes planejam investimentos significativos em projetos que possuem implicações de longo prazo como a compra de novos equipamentos ou o lançamento de novos produtos. A maioria das empresas possui mais projetos do que verba para financiamento. Logo, os gerentes têm de selecionar com cuidado os projetos que prometem o maior retorno futuro. Quão bem os gerentes tomam decisões de orçamento de capital é um fator fundamental para a saúde financeira de longo prazo da organização. ORÇAMENTO DE CAPITAL – PLANEJAR INVESTIMENTOS Decisões típicas de um orçamento de capital Qualquer decisão que envolve uma despesa imediata a fim de obter um retorno futuro é uma decisão de orçamento de capital. As mais comuns incluem: 1. Decisões de redução de custos. Novos equipamentos devem ser comprados para redu- zir custos? 2. Decisões de expansão. Uma nova fábrica, um novo armazém ou outras instalações devem ser adquiridos para aumentar a capacidade e as vendas? 3. Decisões de seleção de equipamentos. Quais das várias máquinas disponíveis devem ser compradas? 4. Decisões de alugar ou comprar. Novos equipamentos devem ser alugados ou comprados? 5. Decisões de substituição de equipamentos. Equipamentos antigos devem ser substituí- dos agora ou mais tarde? As decisões de orçamento de capital se enquadram em duas amplas categorias – decisões de seleção e decisões de preferência. As decisões de seleção estão relacionadas à aceita- ção ou não de um determinado projeto proposto – se ele passa ou não de um limite máxi- mo pré -estipulado. Por exemplo, uma empresa pode ter uma política de aceitar apenas projetos que forneçam um retorno de pelo menos 20% sobre o investimento. A taxa de retorno exigida é a taxa de retorno mínima que um projeto tem de gerar para ser aceitá- vel. As decisões de preferência, ao contrário, estão relacionadas à escolha dentre várias alternativas aceitáveis. Para ilustrar essa questão, uma empresa pode considerar diversas máquinas diferentes para substituir uma máquina existente na linha de montagem. Esco- lher qual máquina comprar é uma decisão de preferência. Neste capítulo, primeiro discu- tiremos as decisões de seleção e, então, passaremos às decisões de preferência ao final. Valor do dinheiro no tempo Investimentos de capital, na maior parte das vezes, geram retornos que se estendem por perío- dos de tempo razoavelmente longos. Em consequência, é importante reconhecer o valor do dinheiro no tempo ao avaliar propostas de investimento. Um dólar, por exemplo, vale mais hoje do que daqui a um ano. Se por nenhum outro motivo, pelo menos pelo fato de você poder colocá -lo no banco e ter mais do que um dólar daqui a um ano. Portanto, projetos que prome- tem retornos mais rápidos são preferíveis àqueles que prometem retornos mais lentos. As técnicas de orçamento de capital que reconhecem o valor do dinheiro no tempo envolvem descontar fluxos de caixa. Passaremos a maior parte deste capítulo mostrando como usar os métodos de fluxos de caixa descontados ao tomar decisões de orçamento de capital. Se você ainda não estiver familiarizado com esse tipo de desconto e com o uso ESCOLHER UM SNOWCATÀs vezes, uma decisão de longo prazo não deve envolver cálculos de valor presente ou qualquer outra técnica analítica sofisticada. A White Grizzly Adventures de Meadow Creek, Columbia Britâ‑ nica, Canadá, precisa de dois snowcats para as operações de esqui em neve fofa – um para trans‑ portar os participantes até o alto da montanha e outro para ficar de reserva no caso de problemas mecânicos com o primeiro. A Bombardier, do Canadá, vende snowcats novos por US$ 250 mil e usados e recondicionados por US$ 150 mil Em qualquer caso, os snowcats funcionam bem por cerca de 5 mil horas antes de precisarem de recondicionamento. A escolha da White Grizzly é, portanto, clara. Como tanto os snowcats novos quanto os recondicionados duram em torno de 5 mil horas, mas os recondicionados custam US$ 100 mil a menos, são então a escolha óbvia. Eles podem não ter todos os últimos acessórios, mas fazem o trabalho por um preço acessível para uma pequena empresa. Os snowcats da Bombardier não possuem cabines de passageiros como equipamento padrão. Para economizar dinheiro, a White Grizzly constrói sua própria cabine de passageiros customizada por cerca de US$ 15 mil, usando assentos reciclados do Ford Escort e alumínio industrial para a carroceria e revestimento. Se comprada no varejo, uma cabine de passageiros custaria aproxima‑ damente o dobro e não seria tão adequada para o esqui. FONTE: Brad & Carole Karafil, proprietários e operadores da White Grizzly Adventures, <www.whitegrizzly.com>. POR DENTRO DAS EMPRESAS Orçamento de capital processo de planejar investimentos significativos em projetos que têm implicações de longo prazo, como a compra de novos equipamentos ou a introdução de um novo produto. Decisão de seleção decisão referente à aceitabilidade de um projeto proposto. Decisão de preferência decisão na qual as alternativas têm de ser ordenadas. 13_Contabilidade Gerencial.indd 576 20/09/2012 11:23:55 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 577 de tabelas de valor presente, você deve ler o “Apêndice 13A: conceito de valor presente”, no final deste capítulo, antes de prosseguir. ESCOLHER UM SNOWCAT Às vezes, uma decisão de longo prazo não deve envolver cálculos de valor presente ou qualquer outra técnica analítica sofisticada. A White Grizzly Adventures de Meadow Creek, Columbia Britâ‑ nica, Canadá, precisa de dois snowcats para as operações de esqui em neve fofa – um para trans‑ portar os participantes até o alto da montanha e outro para ficar de reserva no caso de problemas mecânicos com o primeiro. A Bombardier, do Canadá, vende snowcats novos por US$ 250 mil e usados e recondicionados por US$ 150 mil Em qualquer caso, os snowcats funcionam bem por cerca de 5 mil horas antes de precisarem de recondicionamento. A escolha da White Grizzly é, portanto, clara. Como tanto os snowcats novos quanto os recondicionados duram em torno de 5 mil horas, mas os recondicionados custam US$ 100 mil a menos, são então a escolha óbvia. Eles podem não ter todos os últimos acessórios, mas fazem o trabalho por um preço acessível para uma pequena empresa. Os snowcats da Bombardier não possuem cabines de passageiros como equipamento padrão. Para economizar dinheiro, a White Grizzly constrói sua própria cabine de passageiros customizada por cerca de US$ 15 mil, usando assentos reciclados do Ford Escort e alumínio industrial para a carroceria e revestimento. Se comprada no varejo, uma cabine de passageiros custaria aproxima‑ damente o dobro e não seria tão adequada para o esqui. FONTE: Brad & Carole Karafil, proprietários e operadores da White Grizzly Adventures, <www.whitegrizzly.com>. POR DENTRO DAS EMPRESAS FLUXOS DE CAIXA DESCONTADOS – MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO Duas abordagens para a tomada de decisões de orçamento de capital usam fluxos de caixa descontados. A primeira é o método do valor presente líquido, e a segunda é o método da taxa interna de retorno. O método do valor presente líquido será discutido nesta seção, seguido por uma discussão sobre o método da taxa interna de retorno. Exemplificação do método do valor presente líquido Sob o método do valor presente líquido, o valor presente das entradas de caixa de um projeto é comparado ao valor presente das saídas de caixa do mesmo projeto. A diferença entre o valor presente desses fluxos de caixa, chamada de valor presente líquido, deter- mina se o projeto é ou não um investimento aceitável. Para ilustrar, considere os seguin- tes dados: Exemplo A: A empresa Harper considera comprar uma máquina capaz de realizar algumas operações agora realizadas manualmente. A máquina custará US$ 50 mil e terá duração de cinco anos. No final do período de cinco anos, a máquina terá um valor residual (ou recuperado) igual a zero. O uso da máquina reduzirá os custos com mão de obra em US$ 18 mil por ano. A Harper exige um retorno mínimo antes dos impostos de 20% em todos os projetos de investimentos.1 A máquina deve ser comprada? A Harper tem de determinar se um investimento de caixa hoje de US$ 50 mil pode ser justificado se resultar em uma redução de US$ 18 mil em custos em cada um dos próximos cinco anos. A resposta pode parecer óbvia porque a economia de custo total é de US$ 90 mil (US$ 18 mil por ano × 5 anos). Entretanto, a empresa pode obter um retorno de 20% investindo esse dinheiro em outra coisa. Não é suficiente que as reduções de custo cubram apenas o custo original da máquina; também devem gerar um retorno de pelo menos 20% ou a empresa se sairia melhor com outro investimento. 1 Para simplificar, ignoramos inflação e impostos. O impacto do imposto de renda sobre decisões de orça- mento de capital é discutido no Apêndice 13C. OA13.1 Avaliar a aceitabilidade de um projeto de investimento usando o método do valor presente líquido. Valor presente líquido diferença entre o valor presente das entradas de caixa de um projeto de investimento e o valor presente de suas saídas de caixa. 13_Contabilidade Gerencial.indd 577 20/09/2012 11:23:56 578 CONTABILIDADE GERENCIAL QUADRO 13.1 Análise do valor presente líquido de um projeto proposto. Custo inicial (US$) ........................................................................ Vida do projeto .............................................................................. Economias de custo anuais (US$) ................................................ Valor recuperado (US$) ................................................................ Taxa de retorno exigida ................................................................. 50.000 5 anos 18.000 0 20% Item Ano(s) Valor do fluxo de caixa (US$) Fator de 20% Valor presente dos fluxos de caixa (US$) Economias de custo anuais ...... Investimento inicial ................... 1−5 Hoje 18.000 – 50.000 2,991* 1,000 53.838 – 50.000 Valor presente líquido ............... 3.838 *Do Quadro 13B.2 no Apêndice 13B, no final deste capítulo. Para determinar se o investimento é desejável, a sequência de economias de custo anuais de US$ 18 mil deve ser descontada para chegar ao seu valor presente e, então, comparada ao custo da nova máquina. O retorno mínimo exigido de 20% da Harper é usado como a taxa de desconto no processo de desconto. O Quadro 13.1 ilustra o cálculo do valor pre- sente líquido desse projeto proposto. As economias de custo anuais de US$ 18 mil são multiplicadas por 2,991, o fator do valor presente de uma anuidade de cinco anos com a taxa de desconto de 20%, obtendo -se US$ 53.8382. Esse é o valor presente das economias de custo anuais. O valor presente do investimento inicial é calculado multiplicando -se o valor do investimento de US$ 50 mil por 1.000, o fator do valor presente de qualquer fluxo de caixa que ocorra de imediato. De acordo com a análise, a Harper deve comprar a nova máquina. O valor presente das economias de custo é US$ 53.838, enquanto o valor presente do investimento neces- sário (custo da máquina)é de apenas US$ 50 mil. Deduzindo -se o valor presente do in- vestimento necessário do valor presente das economias de custo, obteremos o valor pre- sente líquido de US$ 3.838. Toda vez que o valor presente líquido for maior ou igual a zero, como em nosso exemplo, um projeto de investimento é aceitável. Toda vez que o valor presente líquido for negativo (o valor presente das saídas de caixa exceder o valor presente das entradas de caixa), um projeto de investimento não é aceitável. Em resumo: Se o valor presente líquido é ... Então o projeto é ... Positivo ...................... Aceitável porque seu retorno é maior do que a taxa de retorno exigida. Zero ........................... Aceitável porque seu retorno é igual à taxa de retorno exigida. Negativo ..................... Não aceitável porque seu retorno é menor do que a taxa de retorno exigida. Há outra maneira de interpretar o valor presente líquido. A Harper poderia gastar até US$ 53.838 com a nova máquina e, ainda assim, obter a taxa de retorno mínima exigida de 20%. O valor presente líquido de US$ 3.838, portanto, mostra o valor de “reserva” ou “margem de erro”. A empresa poderia subestimar o custo da nova máquina em até US$ 3.838, ou superestimar o valor presente líquido das economias de caixa futuras em até US$ 3.838, e o projeto ainda assim seria atraente em termos financeiros. Ênfase nos fluxos de caixa O lucro líquido contábil baseia -se em acréscimos que ignoram quando os fluxos de caixa ocorrem. Entretanto, no orçamento de capital, a cronologia dos fluxos de caixa é funda- 2 A não ser que seja dito o contrário, para simplificar suporemos que neste capítulo todos os fluxos de caixa que não sejam o investimento inicial ocorrem no final dos anos. GRANDE APOSTA DA BEST BUY A Best Buy está modernizando centenas de lojas na tentativa de adaptar as ofertas de mercadorias e as habilidades dos colaboradores de modo a atender às necessidades dos clientes ‑alvo de cada loja. O custo para reformar um departamento de uma loja pode exceder com facilidade os US$ 600 mil em iluminação e acessórios, mais os custos adicionais de treinamento de colaboradores. Em‑ bora essas saídas de caixa iniciais sejam quantificadas de maneira fácil, as futuras entradas de caixa que elas gerarão são bastante incertas. As primeiras dezenas de lojas reformadas pela Best Buy registraram um crescimento nas ven‑ das três vezes maior do que o das lojas não reformadas. A Best Buy reagiu a esses resultados ini‑ ciais renovando de maneira precipitada outras 154 lojas nos três meses seguintes. Pouco depois de concluir as caras reformas, a empresa teve a infelicidade de informar à Wall Street que as taxas de crescimento das lojas recém ‑reformadas eram apenas um pouco maiores do que a das lojas não renovadas. Essa notícia decepcionante fez o valor de mercado das ações ordinárias da Best Buy cair vertiginosamente em quase US$ 3 bilhões em um só dia. Ficou claro que os analistas da Wall Street estavam muito preocupados com a capacidade de gerar fluxos de caixa futuros desse projeto de investimento de capital. Apesar desse contratempo, a Best Buy continua comprometida com sua ação; no entanto, a empresa decidiu diminuir o ritmo do projeto. FONTE: Matthew Boyle, “Best Buy’s Giant Gamble”, Fortune, 3 de abril de 2006, p. 69 ‑75. POR DENTRO DAS EMPRESAS 13_Contabilidade Gerencial.indd 578 20/09/2012 11:23:56 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 579 mental. O valor presente de um fluxo de caixa depende de quando ele ocorre. Por este motivo, no orçamento de capital o foco é o fluxo de caixa, e não o lucro líquido contábil.3 A seguir, descreveremos exemplos de saídas de caixa e entradas de caixa que em geral são relevantes para as decisões de investimento de capital. Saídas de caixa típicas A maioria dos projetos tem pelo menos três tipos de saídas de caixa. Primeiro, eles exigem de modo geral uma saída de caixa imediata na forma de um investimento inicial em equipamentos, outros ativos e custos de instalação. Qualquer valor recuperado com a venda de antigos equipamentos pode ser reconhecido como uma redução no investimento inicial ou como uma entrada de caixa. Em segundo lugar, al- guns projetos exigem que uma empresa expanda seu capital de giro. Capital de giro é o ativo circulante (por exemplo, caixa, contas a receber e estoques) menos o passivo circu- lante. Quando uma empresa inicia um novo projeto, os saldos nas contas de ativos circu- lantes costumam aumentar. Por exemplo, abrir uma nova loja de departamentos Nords- trom exige dinheiro adicional nas caixas registradoras e mais estoques. Esse capital de giro adicional precisa ser tratado como parte do investimento inicial de um projeto. Em terceiro lugar, muitos projetos exigem desembolsos de caixa periódicos para consertos e manutenção e custos operacionais adicionais. Entradas de caixa típicas A maioria dos projetos também possui pelo menos três tipos de entradas de caixa. Em primeiro lugar, um projeto em geral aumenta as receitas ou re- duz custos. De uma maneira ou de outra, o montante envolvido deve ser tratado como uma entrada de caixa para fins de orçamento de capital. Observe que, do ponto de vista de um fluxo de caixa, uma redução nos custos é equivalente a um aumento nas receitas. Em segundo lugar, também se realizam com frequência entradas de caixa do valor recu- perado da venda de equipamentos quando um projeto termina, embora a empresa possa, na verdade, ter de pagar para descartar alguns itens sem valor ou com maiores riscos. Em terceiro lugar, qualquer capital de giro comprometido no projeto pode ser liberado para algum outro uso no final do projeto e deve ser tratado como uma entrada de caixa nesse momento. O capital de giro é liberado, por exemplo, quando uma empresa vende seus estoques ou cobra as contas a receber. 3 Sob certas condições, as decisões de orçamento de capital podem ser feitas de forma correta, descontando- -se o lucro líquido contábil apropriadamente definido. Entretanto, essa abordagem exige técnicas avança- das que estão além do escopo deste livro. GRANDE APOSTA DA BEST BUY A Best Buy está modernizando centenas de lojas na tentativa de adaptar as ofertas de mercadorias e as habilidades dos colaboradores de modo a atender às necessidades dos clientes ‑alvo de cada loja. O custo para reformar um departamento de uma loja pode exceder com facilidade os US$ 600 mil em iluminação e acessórios, mais os custos adicionais de treinamento de colaboradores. Em‑ bora essas saídas de caixa iniciais sejam quantificadas de maneira fácil, as futuras entradas de caixa que elas gerarão são bastante incertas. As primeiras dezenas de lojas reformadas pela Best Buy registraram um crescimento nas ven‑ das três vezes maior do que o das lojas não reformadas. A Best Buy reagiu a esses resultados ini‑ ciais renovando de maneira precipitada outras 154 lojas nos três meses seguintes. Pouco depois de concluir as caras reformas, a empresa teve a infelicidade de informar à Wall Street que as taxas de crescimento das lojas recém ‑reformadas eram apenas um pouco maiores do que a das lojas não renovadas. Essa notícia decepcionante fez o valor de mercado das ações ordinárias da Best Buy cair vertiginosamente em quase US$ 3 bilhões em um só dia. Ficou claro que os analistas da Wall Street estavam muito preocupados com a capacidade de gerar fluxos de caixa futuros desse projeto de investimento de capital. Apesar desse contratempo, a Best Buy continua comprometida com sua ação; no entanto, a empresa decidiu diminuir o ritmo do projeto. FONTE: Matthew Boyle, “Best Buy’s Giant Gamble”, Fortune, 3 de abril de 2006, p. 69 ‑75. POR DENTRO DAS EMPRESAS Capital de giro ativos circulantes menos passivos circulantes. 13_Contabilidade Gerencial.indd 579 20/09/2012 11:23:56 580 CONTABILIDADE GERENCIAL Em resumo, os seguintes tipos de fluxos de caixa são comuns em projeto de investimen- tos empresariais: Saídas de caixa: Investimentoinicial (incluindo custos de instalação). Necessidades de mais capital de giro. Consertos e manutenção. Custos operacionais incrementais. Entradas de caixa: Receitas incrementais. Redução nos custos. Valor recuperado. Liberação de capital de giro. Recuperação do investimento original O método do valor presente líquido fornece de maneira automática o retorno do investi- mento original. Toda vez que o valor presente líquido for positivo, o projeto recuperará o custo original do investimento somado às entradas de caixa excessivas e suficientes para compensar a organização por comprometer fundos no projeto. Para demonstrar essa questão, considere a seguinte situação: Exemplo B: o Hospital Carver considera a compra de um acessório para sua máquina de raio X que custará US$ 3.170. O acessório será útil por quatro anos, depois dos quais não terá nenhum valor recuperado. Ele aumentará as entradas de caixa em US$ 1.000 por ano no departamento de raio X. A diretoria do hospital exige uma taxa de retorno de pelo menos 10% em investimentos desse tipo. Uma análise de valor presente líquido da conveniência da compra do acessório de raio X é apresentada no Quadro 13.2. Observe que o acessório possui uma taxa de retorno exata de 10% sobre o investimento original porque o valor presente líquido é zero a uma taxa de desconto de 10%. Cada entrada de caixa anual de US$ 1.000 decorrente do uso do acessório é formada por duas partes. Uma representa uma recuperação de uma parte dos US$ 3.170 originais pagos pelo acessório e a outra representa um retorno sobre esse investimento. A decom- posição da entrada de caixa de US$ 1.000 de cada ano entre a recuperação do investi- mento e retorno sobre o investimento é exibida no Quadro 13.3. A entrada de caixa de US$ 1 mil do primeiro ano consiste em um retorno de US$ 317 sobre o investimento (um retorno de 10% sobre o investimento original de US$ 3.170), somado a um retorno de US$ 683 desse investimento. Como o montante do investimento não recuperado diminui a cada ano, o valor em dólar do retorno sobre o investimento também diminui a cada ano. No final do quarto ano, todos os US$ 3.170 do investimento original serão recuperados. QUADRO 13.2 Hospital Carver – análise do valor presente líquido de um acessório de raio X. Custo inicial (US$) .......................................... Vida do projeto ................................................ Entrada de caixa líquida anual (US$) .............. Valor recuperado (US$) .................................. Taxa de retorno exigida ................................... 3.170 4 anos 1.000 0 10% Item Ano (s) Valor do fluxo de caixa (US$) Fator 10% Valor presente dos fluxos de caixa (US$) Entrada de caixa líquida anual ..... Investimento inicial ...................... 1−4 Hoje 1.000 – 3.170 3.170* 1.000 US$ 3.170 – 3.170 Valor presente líquido .................. 0 * Do Quadro 13B.2 no Apêndice 13B. BUCK KNIVES FAZ AS MALAS A Buck Knives estava perdendo dinheiro com sua fábrica de San Diego, Califórnia, Estados Uni‑ dos. A empresa respondeu a essa crise carregando toda a fábrica em uma caravana de caminhões‑ ‑trailer e mudando ‑se para Post Falls, Idaho, EUA. A relocação custou US$ 6,5 milhões, mas a Buck Knives justificou a mudança com base nas economias de custo anuais resumidas a seguir. San Diego Post Falls Energia elétrica (custo por kilowatt ‑hora) (US$) ........................................... 0,118 0,031 Remuneração dos trabalhadores (custo anual por colaborador) (US$) ........ 2.095 210 Média do salário por hora (US$) .................................................................... 15,15 12,40 Imposto estadual (%)...................................................................................... 8,84 7,6 Seguro ‑saúde (anual por família) (US$) ........................................................ 9.091 8.563 Espaço do escritório (custo por m2) (US$) .................................................... 34,20 1,50 Imposto sobre vendas (%) .............................................................................. 7,75 5 Como você analisaria a viabilidade financeira dessa decisão? O primeiro passo seria converter os dados da tabela anterior em um único valor de economias anuais. Então, a análise do valor presen‑ te líquido poderia ser usada para comparar o valor descontado das economias de custo anuais à despesa de caixa inicial associada à relocação. FONTE: Chris Lydgate, “The Buck Stopped Here”, Inc. Magazine, maio de 2006, p. 86 ‑95. POR DENTRO DAS EMPRESAS 13_Contabilidade Gerencial.indd 580 20/09/2012 11:23:56 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 581 (1) (2) (3) (4) (5) QUADRO 13.3 Hospital Carver – decomposição das entradas de caixa anuais (US$). Ano Investimento pendente durante o ano Entrada de caixa Retorno sobre investimento (1) × 10% Recuperação do investimento durante o ano (2) − (3) Investimento não recuperado no fim do ano (1) − (4) 1....... 3.170 1.000 317 683 2.487 2....... 2.487 1.000 249 751 1.736 3....... 1.736 1.000 173 827 909 4....... 909 1.000 91 909 0 Total de investimento recuperado ............................................ 3.170 Pressupostos facilitadores Em geral, admitem -se dois pressupostos facilitadores na análise do valor presente líquido. O primeiro é de que todos os fluxos de caixa, que não sejam o investimento inicial, ocorrem no final dos períodos. Isso é um tanto irreal, pois os fluxos de caixa ocorrem durante todo um período, e não apenas no fim dele. O propósito desse pressuposto é sim- plificar os cálculos. O segundo é que todos os fluxos de caixa gerados por um projeto de investimento sejam reinvestidos de imediato a uma taxa de retorno igual à taxa de desconto. A me- nos que essas condições sejam atendidas, o valor presente líquido calculado para o projeto não será preciso. Usamos uma taxa de desconto de 10% para o Hospital Carver no Quadro 13.2. A menos que os fluxos de caixa em cada período sejam reinvestidos logo a um retorno de 10%, o valor presente líquido calculado para o acessório de raio X estará errado. BUCK KNIVES FAZ AS MALAS A Buck Knives estava perdendo dinheiro com sua fábrica de San Diego, Califórnia, Estados Uni‑ dos. A empresa respondeu a essa crise carregando toda a fábrica em uma caravana de caminhões‑ ‑trailer e mudando ‑se para Post Falls, Idaho, EUA. A relocação custou US$ 6,5 milhões, mas a Buck Knives justificou a mudança com base nas economias de custo anuais resumidas a seguir. San Diego Post Falls Energia elétrica (custo por kilowatt ‑hora) (US$) ........................................... 0,118 0,031 Remuneração dos trabalhadores (custo anual por colaborador) (US$) ........ 2.095 210 Média do salário por hora (US$) .................................................................... 15,15 12,40 Imposto estadual (%)...................................................................................... 8,84 7,6 Seguro ‑saúde (anual por família) (US$) ........................................................ 9.091 8.563 Espaço do escritório (custo por m2) (US$) .................................................... 34,20 1,50 Imposto sobre vendas (%) .............................................................................. 7,75 5 Como você analisaria a viabilidade financeira dessa decisão? O primeiro passo seria converter os dados da tabela anterior em um único valor de economias anuais. Então, a análise do valor presen‑ te líquido poderia ser usada para comparar o valor descontado das economias de custo anuais à despesa de caixa inicial associada à relocação. FONTE: Chris Lydgate, “The Buck Stopped Here”, Inc. Magazine, maio de 2006, p. 86 ‑95. POR DENTRO DAS EMPRESAS 13_Contabilidade Gerencial.indd 581 20/09/2012 11:23:56 582 CONTABILIDADE GERENCIAL Escolher uma taxa de desconto Um valor presente líquido positivo indica que o retorno do projeto excede a taxa de des- conto. Um valorpresente líquido negativo indica que o retorno do projeto é menor do que a taxa de desconto. Portanto, se a taxa de retorno mínima exigida for usada como a taxa de desconto, um projeto com um valor presente líquido positivo terá um retorno que ex- cede a taxa de retorno mínima exigida e será aceitável. Ao contrário, um projeto com um valor presente líquido negativo terá um retorno menor do que a taxa de retorno mínima exigida e será inaceitável. Qual é a taxa de retorno mínima exigida de uma empresa? O custo de capital de uma empresa é em geral considerado como a taxa de retorno mínima exigida. O custo de ca- pital é a taxa média de retorno que a empresa tem de pagar a seus credores de longo prazo e aos seus acionistas pelo uso de seus fundos. Se a taxa de retorno de um projeto é menor do que o custo de capital, a empresa não ganha o suficiente para compensar seus credores e acionistas. Portanto, qualquer projeto com uma taxa de retorno menor do que o custo de capital deve ser rejeitado. O custo de capital serve como um dispositivo de triagem. Quando o custo de capital é usado como a taxa de desconto na análise do valor presente líquido, qualquer projeto com um valor presente líquido negativo não cobre o custo de capital da empresa e deve ser descartado. Exemplo ampliado do método do valor presente líquido O Exemplo C fornece um modelo ampliado de como o método do valor presente líquido é usado para analisar um projeto proposto. Este exemplo ajuda a ligar e reforçar muitas das ideias discutidas até agora. Exemplo C: Sob um acordo de licenciamento especial, a Swinyard Corporation tem uma oportunidade de comercializar um novo produto pelo período de cinco anos. O produto seria comprado do fabricante e a Swinyard seria responsável pelos custos de promoção e distribuição. O acordo de licenciamento poderia ser renovado no final do período de cinco anos. Depois de um estudo cuidadoso, a Swinyard estimou os se- guintes custos e receitas para o novo produto: Custo dos equipamentos necessários (US$) ................................................ Capital de giro necessário (US$) ................................................................... Modernização dos equipamentos daqui a quatro anos (US$) ...................... Valor recuperado dos equipamentos daqui a cinco anos (US$) ................... 60.000 100.000 5.000 10.000 Receitas e custos anuais (US$): Receitas de vendas ..................................................................................... Custos de produtos vendidos ..................................................................... Custos operacionais correntes (para salários, propaganda e outros custos diretos) .............................................................................. 200.000 125.000 35.000 Ao final do período de cinco anos, se a Swinyard decidir não renovar o acordo de licen- ciamento, o capital de giro será liberado para outros investimentos. A Swinyard usa uma taxa de desconto de 14%. Você recomendaria que o produto seja lançado? Esse exemplo envolve uma variedade de entradas e saídas de caixa. A solução é dada no Quadro 13.4. Observe como o capital de giro é tratado neste quadro: é contado como uma saída de caixa no início do projeto e como uma entrada de caixa quando é liberado no final proje- to. Observe também como as receitas de vendas, os custos de produtos vendidos e os custos correntes são tratados. Custos correntes são desembolsos reais de caixa para sa- lários, propaganda e outras despesas operacionais. Como o valor presente líquido da proposta é positivo, o novo produto é aceitável. PROBLEMAS ECONÔMICOS DIMINUEM ORÇAMENTOS DE CAPITAL Quando a saúde da economia é incerta, os gastos de capital diminuem. A presidente ‑executiva da Rite Aid, Mary Sammons, cortou o orçamento de capital de sua empresa em US$ 50 milhões em virtude de condições econômicas incertas. A PetroHawk Energy respondeu a uma economia fraca cortando seu orçamento de capital de US$ 1,5 bilhão em um terço. A Estee Lauder “apertou o cinto” desafiando os gerentes a definirem o que era necessário e do que eles poderiam abrir mão. A YUM! Brands (proprietária da Pizza Hut, KFC e Taco Bell) enfrentou as dificuldades econômicas abandonando projetos que “talvez dessem certo”, procurando valorizar apenas o necessário no orçamento de capital. FONTE: Matthew Boyle, “The Budget Knives Come Out,” BusinessWeek, 13 de outubro de 2008, p. 30. POR DENTRO DAS EMPRESAS Custos correntes desembolsos de caixa reais para o pagamento de salários, propaganda, consertos e custos similares. Custo de capital taxa média de retorno que uma empresa deve pagar a seus credores de longo prazo e acionistas pelo uso de seus fundos. 13_Contabilidade Gerencial.indd 582 20/09/2012 11:23:56 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 583 Receitas de vendas (US$) .................................................................... Menos custo de produtos vendidos (US$) .......................................... Menos custos correntes de salários, propaganda etc. (US$) ............. Entradas de caixa líquidas anuais (US$) ............................................. 200.000 125.000 35.000 40.000 QUADRO 13.4 Método do valor presente líquido – exemplo ampliado. Item Ano(s) Valor do fluxo de caixa (US$) Fator de 14% Valor presente dos fluxos de caixa (US$) Compra de equipamentos ............. Hoje – 60.000 1,000 – 60.000 Capital de giro necessário ............. Hoje – 100.000 1,000 – 100.000 Modernização de equipamentos ..... 4 – 5.000 0,592* – 2.960 Entradas de caixa líquidas anuais das vendas da linha de produtos .. 1−5 40.000 3,433† 137.320 Valor recuperado dos equipamentos 5 10.000 0,519* 5.190 Capital de giro liberado ................. 5 100.000 0,519* 51.900 Valor presente líquido ................... 31.450 * Do Quadro 13B.1, no Apêndice 13B. † Do Quadro 13B.2, no Apêndice 13B. PROBLEMAS ECONÔMICOS DIMINUEM ORÇAMENTOS DE CAPITAL Quando a saúde da economia é incerta, os gastos de capital diminuem. A presidente ‑executiva da Rite Aid, Mary Sammons, cortou o orçamento de capital de sua empresa em US$ 50 milhões em virtude de condições econômicas incertas. A PetroHawk Energy respondeu a uma economia fraca cortando seu orçamento de capital de US$ 1,5 bilhão em um terço. A Estee Lauder “apertou o cinto” desafiando os gerentes a definirem o que era necessário e do que eles poderiam abrir mão. A YUM! Brands (proprietária da Pizza Hut, KFC e Taco Bell) enfrentou as dificuldades econômicas abandonando projetos que “talvez dessem certo”, procurando valorizar apenas o necessário no orçamento de capital. FONTE: Matthew Boyle, “The Budget Knives Come Out,” BusinessWeek, 13 de outubro de 2008, p. 30. POR DENTRO DAS EMPRESAS FLUXOS DE CAIXA DESCONTADOS – MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO A taxa interna de retorno é a taxa de retorno de um projeto de investimento ao longo de sua vida útil. Ela é calculada encontrando -se a taxa de desconto que iguala o valor pre- sente das saídas de caixa de um projeto ao valor presente de suas entradas de caixa. Em outras palavras, a taxa interna de retorno é a taxa de desconto que resulta de um valor presente líquido igual a zero. Exemplificação do método da taxa interna de retorno Para ilustrar o método da taxa interna de retorno, considere os seguintes dados: Exemplo D: O Distrito da Escola de Glendale considera a compra de um grande cor- tador de grama puxado por um trator. No momento, a grama é cortada usando -se um pequeno cortador manual movido a gás. O cortador puxado por trator custará US$ 16.950, terá vida útil de dez anos e valor residual insignificante, que pode ser ignorado. Também faria o trabalho mais rápido, o que resultaria em economia de US$ 3 mil ao ano com mão de obra. Para calcular a taxa interna de retorno do novo cortador, temos que encontrar a taxa de des- conto que resultará em um valor presente líquidoigual a zero. Como fazemos isso? A aborda- OA13.2 Avaliar a aceitabilidade de um projeto de investimento usando o método da taxa interna de retorno. Taxa interna de retorno taxa de desconto para a qual o valor presente líquido de um projeto de investimento é igual a zero; a taxa de retorno de um projeto ao longo de sua vida útil. 13_Contabilidade Gerencial.indd 583 20/09/2012 11:23:56 584 CONTABILIDADE GERENCIAL gem mais simples e direta quando a entrada de caixa líquida é igual todo ano, é dividir o investimento no projeto pela entrada de caixa líquida anual esperada. Esse cálculo gera um fator a partir do qual a taxa interna de retorno pode ser determinada. A fórmula é a seguinte: Fator da taxa interna de retorno = Investimento necessário (1) Entrada de caixa líquida anual O fator deduzido da fórmula (1) é, então, localizado nas tabelas de valor presente para ver que taxa de retorno ele representa. Usando a fórmula (1) e os dados do projeto proposto para o Distrito da Escola de Glendale, temos: Investimento necessário = US$ 16.950 = 5,650 Entrada de caixa líquida anual US$ 3.000 Assim, o fator de desconto que tornará igual uma série de entradas de caixa de US$ 3 mil e um investimento presente de US$ 16.950 é 5,650. Agora, temos que encontrar esse fator no Quadro 13B.2, no Apêndice 13B, para ver que taxa de retorno ele representa. Devemos usar a linha de dez períodos no Quadro 13B.2, porque os fluxos de caixa do projeto continuam por dez anos. Se olharmos ao longo da linha de dez períodos, veremos que um fator de 5,650 representa uma taxa de retorno de 12%. Portanto, a taxa interna de retorno do projeto do cortador de grama é de 12%. Podemos verificar isso calculando o valor presente líquido do projeto por meio de uma taxa de desconto de 12%, como mostra o Quadro 13.5. Observe, a partir do Quadro 13.5, que usar uma taxa de desconto de 12% iguala o valor presente das entradas de caixa líquidas anuais ao valor presente do investimento necessário para o projeto, deixando o valor presente líquido igual a zero. A taxa de 12%, portanto, representa a taxa interna de retorno do projeto. Valor recuperado e outros fluxos de caixa A técnica que acabamos de demonstrar funciona se os fluxos de caixa de um projeto forem idênticos todo ano. Mas, e se não forem? Por exemplo, e se um projeto tiver algum valor recuperado ao fim de sua vida útil além das entradas de caixa anuais? Sob essas circunstân- cias, pode ser usado um processo de tentativa e erro para encontrar a taxa de retorno que resultará em um valor presente líquido igual a zero. O processo de tentativa e erro pode ser realizado à mão; no entanto, programas de computador como planilhas podem fazer os cálculos necessários em uma questão de segundos. Fluxos de caixa irregulares ou desiguais não devem impedir que um analista determine a taxa interna de retorno de um projeto. QUADRO 13.5 Avaliação do cortador de grama usando ‑se uma taxa de desconto de 12%. Custo inicial (US$) .......................................... Vida do projeto ................................................ Economias de custo anuais (US$) .................. Valor recuperado (US$) .................................. 16.950 10 anos 3.000 0 Item Ano (s) Valor do fluxo de caixa (US$) Fator 12% Valor presente dos fluxos de caixa (US$) Economias de custo anuais ......... Investimento inicial ...................... 1−10 Hoje 3.000 – 16.950 5.650* 1.000 16.950 – 16.950 Valor presente líquido .................. 0 * Do Quadro 13B.2, no Apêndice 13B. Usar a taxa interna de retorno Para avaliar um projeto, a taxa interna de retorno é comparada à taxa de retorno mínima exigida da empresa, que em geral é o custo de capital da empresa. Se a taxa interna de re- torno for maior ou igual à taxa de retorno exigida, então o projeto é aceitável. Se a taxa in- terna de retorno for menor do que a taxa de retorno exigida, então o projeto é rejeitado. 13_Contabilidade Gerencial.indd 584 20/09/2012 11:23:57 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 585 No caso do exemplo do Distrito da Escola de Glendale, suponha que o distrito tenha estabelecido uma taxa de retorno mínima exigida de 15% sobre todos os projetos. Como a taxa interna de retorno do cortador de grama é de apenas 12%, o projeto não alcança o limite mínimo de 15% e deve ser rejeitado. Custo de capital como uma ferramenta de triagem Como vimos nos exemplos anteriores, o custo de capital de modo geral é usado para identificar e excluir projetos de investimentos indesejáveis. Essa triagem é realizada de diferentes maneiras, e depende se a empresa usa o método da taxa interna de retorno ou o método do valor presente líquido. Quando é usado o método da taxa interna de retorno, o custo de capital é usado como a taxa de retorno mínima que um projeto tem de apresentar para ser aceito. Se a taxa in- terna de retorno de um projeto não for alta o suficiente para superar o limite mínimo do custo de capital, então o projeto é, na maioria das vezes, rejeitado. Vimos a aplicação dessa ideia no exemplo do Distrito da Escola de Glendale, em que a taxa de retorno mí- nima foi determinada em 15%. Quando o método do valor presente líquido é usado, o custo de capital é a taxa de desconto usada para calcular o valor presente líquido de um projeto proposto. Qualquer projeto que gere um valor presente líquido negativo é rejeitado, a menos que outros fato- res sejam bastante significativos para garantir sua aceitação. O uso do custo de capital como uma ferramenta de triagem é resumido no Quadro 13.6. O custo de capital é usado como a taxa de desconto ao calcular o valor presente líquido de um projeto. Qualquer projeto com um valor presente líquido negativo é rejeitado, a menos que outros fatores determinem sua aceitação. O custo de capital é comparado à taxa interna de retorno do projeto. Qualquer projeto cuja taxa interna de retorno seja menor do que o custo de capital é rejeitado, a menos que outros fatores determinem sua aceitação. Custo de capital como uma ferramenta de triagem Método do valor presente líquido Método da taxa interna de retorno QUADRO 13.6 Decisões de triagem do orçamento de capital. Comparação dos métodos do valor presente líquido e da taxa interna de retorno O método do valor presente líquido apresenta várias vantagens importantes em relação ao método da taxa interna de retorno. Em primeiro lugar, o método do valor presente líquido é em geral mais simples de utilizar do que o método da taxa interna de retorno. Como mencionado antes, o método da taxa interna de retorno pode exigir que se procure a taxa de desconto que resulta em um valor presente líquido igual a zero. Isso pode ser um processo de tentativa e erro mui- to trabalhoso, embora possa ser automatizado com o uso de um computador. Em segundo lugar, o método da taxa interna de retorno faz uma suposição questio- nável. Ambos os métodos supõem que os fluxos de caixa gerados por um projeto du- rante sua vida útil sejam logo reinvestidos. No entanto, os dois métodos fazem diferen- tes suposições quanto à taxa de retorno que é obtida sobre esses fluxos de caixa. O método do valor presente líquido supõe que a taxa de retorno seja a taxa de desconto, enquanto o método da taxa interna de retorno supõe que a taxa de retorno obtida sobre 13_Contabilidade Gerencial.indd 585 20/09/2012 11:23:57 586 CONTABILIDADE GERENCIAL os fluxos de caixa seja a taxa interna de retorno do projeto. Porém, se a taxa interna de retorno do projeto for alta, essa suposição pode não ser realista. De modo que é mais realista supor que as entradas de caixa possam ser reinvestidas a uma taxa de retorno igual à taxa de desconto – em especial se a taxa de desconto for o custo de capital da empresa ou a taxa de retorno de uma oportunidade. Por exemplo, se a taxa de desconto for o custo de capital da empresa, essa taxa de retorno pode ser realizada,na verdade, pagando -se os credores da empresa e recomprando -se as ações com os fluxos de caixa do projeto. Em resumo, quando o método do valor presente líquido e o método da taxa interna de retorno não concordam no que diz respeito à atratividade de um projeto, é melhor usar o método do valor presente líquido. Dos dois métodos, este é o que faz a suposição mais realista sobre a taxa de retorno que pode ser obtida sobre os fluxos de caixa do projeto. EXPANDIR O MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO Até agora, todos os nossos exemplos envolveram uma avaliação de um único projeto de investimento. Na seção seguinte, expandiremos a discussão sobre o método do valor presente líquido, incluindo a avaliação de dois projetos alternativos. Além disso, inte- graremos conceitos de custos relevantes à análise de fluxos de caixa descontados. Usa- remos duas abordagens para comparar projetos de investimentos concorrentes – a abordagem do custo total e a abordagem do custo incremental – ilustradas nas próxi- mas páginas. Abordagem do custo total A abordagem do custo total é o método mais flexível para comparar projetos concorren- tes. Para ilustrar o mecanismo da abordagem, considere os seguintes dados: Exemplo E: A empresa Harper Ferry opera um serviço de barca de passageiros de alta velocidade que cruza o Rio Mississippi. Uma de suas barcas está em más condi- ções, e pode ser reformada por um custo imediato de US$ 200 mil. Outros consertos e a modernização do motor serão necessários daqui a cinco anos pelo custo de US$ 80 mil. Ao todo, a barca durará dez anos se esse trabalho for feito. Ao final dos dez anos, a barca terá de ser sucateada por um valor recuperado de US$ 60 mil. O valor residual da barca neste momento é de US$ 70 mil. A operação da barca custará US$ 300 mil por ano e as receitas totalizarão US$ 400 mil anuais. Como alternativa, a Harper Ferry pode comprar uma nova barca pelo custo de US$ 360 mil. A nova barca terá vida útil de dez anos, mas exigirá alguns reparos que custarão US$ 30 mil ao final de cinco anos. Findos os dez anos, a barca terá um valor residual de US$ 60 mil. A operação da barca custará US$ 210 mil por ano e as recei- tas totalizarão US$ 400 mil anuais. A empresa Harper Ferry exige um retorno de pelo menos 14% sobre todos os projetos de investimentos. A empresa deve comprar a nova barca ou reformar a antiga? O Quadro 13.7 mostra a so- lução por meio da abordagem do custo total. Devemos observar duas questões no quadro. Primeiro, todas as entradas de caixa e todas as saídas de caixa estão inclusas em cada alternativa. Não foi feito nenhum esforço para isolar os fluxos de caixa relevantes para a decisão daqueles que não o são. A inclu- são de todos os fluxos de caixa associados a cada alternativa dá à abordagem o seu nome – a abordagem do custo total. Segundo, observe que é calculado um valor presente líquido para cada alternativa. Essa é uma vantagem distinta da abordagem do custo total porque há um número ilimitado de alternativas que podem ser comparadas, lado a lado, para determinar a melhor opção. Por exemplo, uma alternativa para a Harper Ferry Company seria sair do negócio de barcas. Se a gerência desejasse, o valor presente líquido poderia ser calculado para compará -lo 13_Contabilidade Gerencial.indd 586 20/09/2012 11:23:57 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 587 às alternativas exibidas no Quadro 13.7. No caso em questão, comparando apenas duas al- ternativas, os dados indicam que a escolha mais lucrativa é comprar a barca nova.4 4 Apesar do exemplo, a alternativa com o maior valor presente líquido nem sempre é a melhor escolha. Para uma discussão mais aprofundada, ver a seção "Decisões de preferência – classificação de projetos de investimentos". 5 Tecnicamente, a abordagem de custos incrementais tem um nome errôneo, pois ela se concentra em custos diferenciais (isto é, tanto no aumento quanto na diminuição deles) em vez de apenas em custos incremen- tais. Do modo como aqui é apresentado, o termo custos incrementais deve ser interpretado de maneira ampla, incluindo tanto os aumentos quanto as diminuições de custos. Barca nova Barca antiga QUADRO 13.7 Abordagem do custo total para a seleção de um projeto.Receitas anuais (US$) .................................. Custos operacionais em caixa anuais (US$) 400.000 210.000 400.000 300.000 Entradas de caixa líquidas anuais (US$) ...... 190.000 100.000 Item Ano(s) Valor dos fluxos de caixa (US$) Fator de 14%* Valor presente dos fluxos de caixa (US$) Comprar a barca nova: Investimento inicial ................. Valor recuperado da barca antiga Consertos daqui a cinco anos . Entradas de caixa líquidas anuais Valor recuperado da nova barca Hoje Hoje 5 1‑10 10 – 360.000 70.000 – 30.000 190.000 60.000 1,000 1,000 0,519 5,216 0,270 – 360.000 70.000 – 15.570 991.040 16.200 Valor presente líquido ............. 701.670 Ficar com a barca antiga: Reforma ................................... Consertos daqui a cinco anos . Entradas de caixa líquidas anuais Valor recuperado da antiga barca Hoje 5 1 ‑10 10 – 200.000 – 80.000 100.000 60.000 1,000 0,519 5,216 0,270 – 200.000 – 41.520 521.600 16.200 Valor presente líquido ............. 296.280 Valor presente líquido a favor de comprar a nova barca ........ 405.390 * Todos os fatores de valor presente são dos Quadros 13B.1 e 13B.2, no Apêndice 13B. Abordagem do custo incremental Quando estão sendo consideradas apenas duas alternativas, a abordagem de custo incre- mental oferece um caminho mais simples e mais direto para tomar uma decisão. Nesse caso, apenas os custos e receitas que diferem nas duas alternativas são incluídos na análi- se. Para ilustrar essa ideia, volte aos dados no Exemplo E relativos à empresa Harper Ferry. A solução que usa apenas custos diferenciais é apresentada no Quadro 13.8.5 Duas coisas devem ser observadas nos dados desse quadro. Primeiro, o valor presente líquido a favor de comprar a barca nova exibido no Quadro 13.8, de US$ 405.390, está de acordo com o valor presente líquido exibido no Quadro 13.7, que usa a abordagem do custo total. As duas abordagens são equivalentes. Segundo, os custos usados no Quadro 13.8 são apenas as diferenças entre os custos exibidos para as duas alternativas no quadro anterior. Por exemplo, o investimento incre- mental de US$ 160 mil necessário para comprar a barca nova no Quadro 13.8 é a diferen- ça entre o custo de US$ 360 mil da barca nova e o custo de US$ 200 mil necessário para renovar a barca antiga, do Quadro 13.7. Os outros números no Quadro 13.8 foram calcu- lados da mesma maneira. 13_Contabilidade Gerencial.indd 587 20/09/2012 11:23:57 588 CONTABILIDADE GERENCIAL QUADRO 13.8 Abordagem do custo incremental para a seleção de um projeto. Item Ano (s) Valor dos fluxos de caixa (US$) Fator de 14%* Valor presente dos fluxos de caixa (US$) Investimento incremental para comprar a barca nova Valor recuperado da barca antiga hoje Diferença nos custos dos consertos daqui a cinco anos Aumento nas entradas de caixa líquidas anuais Diferença no valor recuperado daqui a dez anos Hoje Hoje 5 1 ‑10 10 – 160.000 70.000 50.000 90.000 0 1,000 1,000 0,519 5,216 0,270 – 160.000 70.000 25.950 469.440 0 Valor presente líquido a favor de comprar a barca nova 405.390 * Todos os fatores de valor presente são dos Quadros 13B.1 e 13B.2, no Apêndice 13B. Decisões de custo mínimo Algumas decisões não envolvem nenhuma receita. Por exemplo, uma empresa pode querer decidir se deve comprar ou alugar um jato executivo. A escolha seria feita com base em qual das alternativas – comprar ou alugar – custaria menos. Em situações como essas, nas quais não há receitas envolvidas, a alternativa melhor é aquela com o menor custo total do ponto de vista do valor presente. Logo, essas são conhecidascomo decisões de custo mínimo. Para ilustrar uma decisão de menor custo, considere os seguintes dados: Exemplo F: A empresa Val -Tek considera substituir uma antiga máquina de rosca- gem por uma nova que reduziria bastante os custos operacionais anuais. A seguir, temos dados selecionados relativos à máquina antiga e à nova: Máquina antiga Máquina nova Custo de compra quando nova (US$) ....................... Valor recuperado hoje (US$) ................................... Custos operacionais anuais (US$) ........................... Modernização imediata necessária (US$) ................. Valor recuperado daqui a seis anos (US$) ................. Vida útil restante .................................................. 200.000 30.000 150.000 40.000 0 6 anos 250.000 — 90.000 — 50.000 6 anos A Val -Tek usa uma taxa de desconto de 10%. O Quadro 13.9 analisa as alternativas que usam a abordagem do custo total. Como esta é uma decisão de custo mínimo, os valores presentes são negativos para ambas as alterna- tivas. Entretanto, o valor presente da alternativa de comprar a máquina nova é US$ 109.500 mais alto do que a outra alternativa. Portanto, comprar a máquina nova é a alter- nativa de menor custo. O Quadro 13.10 apresenta uma análise das mesmas alternativas por meio da aborda- gem do custo incremental. Mais uma vez, quando feitas de modo correto, a abordagem do custo total e a abordagem do custo incremental chegam à mesma resposta. CONSTRUÇÃO RESIDENCIAL A FAVOR DO “VERDE” – OU NÃO? Muitos proprietários de imóveis residenciais gostam da ideia de construir casas mais favoráveis ao meio ambiente até receberem a conta. A Specpan, uma empresa de pesquisas de Indianápolis, India‑ na, Estados Unidos, estima que uma casa “verde” custe de 10 a 19% a mais do que uma casa con‑ vencional de mesmo padrão. Por exemplo, instalar telhas com cobertura de vidro que captam a energia solar custa US$ 15 mil por cada 30 m2 em comparação a US$ 1,2 mil por cada 30 m2 para telhas padrão de fibra e cimentos. Tinta para pintar interiores que respeita o meio ambiente custa US$ 35–US$ 42 por galão, em comparação a US$ 20–US$ 32 por galão de tinta látex. Para compli‑ car ainda mais a decisão de custo mínimo, o proprietário comum vive em uma casa por apenas sete anos antes de se mudar. Dentro desse período de tempo, muitos investimentos “verdes” parecem pouco atraentes do ponto de vista financeiro. Não obstante, o Instituto Americano de Arquitetos re‑ lata que 63% de seus clientes expressam interesse em materiais para revestimento de piso que se‑ jam renováveis, como cortiça e bambu, um aumento de 53% em relação ao ano anterior. FONTE: June Fletcher, “The Price of Going Green”, The Wall Street Journa l, 29 de fevereiro de 2008, p. W8. POR DENTRO DAS EMPRESAS 13_Contabilidade Gerencial.indd 588 20/09/2012 11:23:57 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 589 Item Ano(s) Valor dos fluxos de caixa (US$) Fator de 10%* Valor presente dos fluxos de caixa (US$) QUADRO 13.9 Abordagem do custo total (decisão de custo mínimo). Comprar a máquina nova: Investimento inicial .................................. Valor recuperado da máquina antiga ....... Custos operacionais anuais ..................... Hoje Hoje 1‑6 – 250.000 30.000 – 90.000 1,000 1,000 4,355 – 250.000† 30.000† – 391.950 Valor recuperado da máquina nova ......... 6 50.000 0,564 28.200 Valor presente das saídas de caixa líquidas – 583.750 Manter a máquina antiga: Modernização necessária imediata ......... Custos operacionais anuais ..................... Hoje 1‑6 – 40.000 – 150.000 1,000 4,355 – 40.000 – 653.250 Valor presente das saídas de caixa líquidas – 693.250 Valor presente líquido a favor de comprar a máquina nova ......................................... 109.500 * Todos os fatores são dos Quadros 13B.1 e 13B.2, no Apêndice 13B. † Esses dois itens poderiam ser somados em um único valor de custo incremental de US$ 220.000 (US$ 250.000 − US$ 30.000 = US$ 220.000). Item Ano(s) Valor dos fluxos de caixa (US$) Fator de 10%* Valor presente dos fluxos de caixa (US$) QUADRO 13.10 Abordagem do custo incremental (decisão de custo mínimo). Investimento incremental necessário para comprar a máquina nova Valor recuperado da máquina antiga Economias em custos operacionais anuais Diferença no valor recuperado daqui a seis anos Hoje Hoje 1Ð6 6 – 210.000 30.000 60.000 50.000 1,000 1,000 4,355 0,564 – 210.000† 30.000† 261.300 28.200 Valor presente líquido a favor de comprar a máquina nova 109.500 * Todos os fatores são dos Quadros 13B.1 e 13B.2, no Apêndice 13B. † Esses dois itens poderiam ser somados em um único valor de custo incremental de US$ 180.000 (US$ 210.000 − US$ 30.000 = US$ 180.000). CONSTRUÇÃO RESIDENCIAL A FAVOR DO “VERDE” – OU NÃO? Muitos proprietários de imóveis residenciais gostam da ideia de construir casas mais favoráveis ao meio ambiente até receberem a conta. A Specpan, uma empresa de pesquisas de Indianápolis, India‑ na, Estados Unidos, estima que uma casa “verde” custe de 10 a 19% a mais do que uma casa con‑ vencional de mesmo padrão. Por exemplo, instalar telhas com cobertura de vidro que captam a energia solar custa US$ 15 mil por cada 30 m2 em comparação a US$ 1,2 mil por cada 30 m2 para telhas padrão de fibra e cimentos. Tinta para pintar interiores que respeita o meio ambiente custa US$ 35–US$ 42 por galão, em comparação a US$ 20–US$ 32 por galão de tinta látex. Para compli‑ car ainda mais a decisão de custo mínimo, o proprietário comum vive em uma casa por apenas sete anos antes de se mudar. Dentro desse período de tempo, muitos investimentos “verdes” parecem pouco atraentes do ponto de vista financeiro. Não obstante, o Instituto Americano de Arquitetos re‑ lata que 63% de seus clientes expressam interesse em materiais para revestimento de piso que se‑ jam renováveis, como cortiça e bambu, um aumento de 53% em relação ao ano anterior. FONTE: June Fletcher, “The Price of Going Green”, The Wall Street Journa l, 29 de fevereiro de 2008, p. W8. POR DENTRO DAS EMPRESAS 13_Contabilidade Gerencial.indd 589 20/09/2012 11:23:57 590 CONTABILIDADE GERENCIAL FLUXOS DE CAIXA INCERTOS Até agora, supusemos que todos os fluxos de caixa futuros são conhecidos com certeza. No entanto, os fluxos de caixa futuros de modo geral são incertos ou difíceis de estimar. Há diversas técnicas disponíveis para lidar com isso. Algumas delas são bastante com- plexas – envolvendo simulações computadorizadas ou habilidades matemáticas avança- das – e estão além do escopo deste livro. Entretanto, podemos fornecer algumas informa- ções muito úteis aos gerentes sem entrarmos em detalhes técnicos. Exemplo Como um exemplo de fluxos de caixa futuros de difícil estimativa, considere o caso de investimentos em equipamentos automatizados. Os custos imediatos desses equipamen- tos e os benefícios tangíveis, como reduções nos custos operacionais e no desperdício, tendem a ser fáceis de estimar. Entretanto, os benefícios intangíveis, como mais confia- bilidade, mais velocidade e mais qualidade, são mais difíceis de quantificar. Esses bene- fícios intangíveis sem dúvida afetam os fluxos de caixa futuros – em especial tratando -se de vendas maiores e talvez de preços de venda mais altos – mas os efeitos de fluxo de caixa são difíceis de estimar. O que pode ser feito? Um procedimento bem simples pode ser seguido quando os benefícios intangíveis fo- rem significativos. Suponha, por exemplo, que uma empresa com uma taxa de desconto de 12% considera comprar equipamentos automatizados que teriam vida útil de dez anos. Su- ponha também que uma análise de fluxos de caixa descontados apenas dos custos e bene- fícios tangíveis mostre um valor presente líquido negativo de US$ 226 mil. Fica claro que se os benefícios intangíveis forem grandes o suficiente, poderão transformar esse valor presentelíquido negativo em positivo. Neste caso, o valor do fluxo de caixa adicional por ano proveniente dos benefícios intangíveis que seriam necessários para tornar o projeto atraente do ponto de vista financeiro pode ser calculado da seguinte maneira: Valor presente líquido excluindo os benefícios intangíveis (negativos) (US$) ...... Fator do valor presente de uma anuidade a 12% por 10 períodos (do Quadro 13B.2, no Apêndice 13B) ........................................................ – 226.000 5,650 Valor presente líquido negativo a ser neutralizado, US$ 226.000 = US$ 40.000 Fator do valor presente, 5,650 Assim, se os benefícios intangíveis dos equipamentos automatizados valerem pelo menos US$ 40 mil por ano para a empresa, então os equipamentos automatizados devem ser comprados. Se, na opinião da gerência, esses benefícios intangíveis não valerem US$ 40 mil por ano, então os equipamentos automatizados não devem ser adquiridos. Essa técnica pode ser usada em outras situações em que os fluxos de caixa futuros são difíceis de estimar, por exemplo, no caso do valor recuperado. Para ilustrar, suponha que todos os fluxos de caixa de um investimento em um superpetroleiro tenham sido es- timados – menos o seu valor recuperado daqui a vinte anos. Usando uma taxa de descon- to de 12%, a gerência determinou que o valor presente líquido de todos esses fluxos de caixa seja de US$ 1,04 milhão negativo. Esse valor presente líquido negativo seria neu- tralizado pelo valor recuperado do superpetroleiro. De qual tamanho teria de ser o valor recuperado para tornar esse investimento atraente? Valor presente líquido excluindo valor recuperado (negativo) (US$) ............................. Fator do valor presente a 12% por 20 períodos (do Quadro 13B.1, no Apêndice 13B) ...... – 1.040.000 0,104 Valor presente líquido negativo a ser neutralizado, US$ 1.040.000 = US$ 10.000.000 Fator do valor presente, 0,104 OA13.3 Avaliar um projeto de investimento que possui fluxos de caixa incertos. 13_Contabilidade Gerencial.indd 590 20/09/2012 11:23:57 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 591 Assim, se o valor recuperado do petroleiro daqui a vinte anos for de pelo menos US$ 10 milhões, seu valor presente líquido seria positivo e o investimento seria feito. Entretanto, se a gerência acredita ser improvável que o valor recuperado seja tão alto quanto US$ 10 milhões, o investimento não deve ser feito. Opções reais A análise neste capítulo supõe que um investimento não possa ser adiado e que, uma vez iniciado, nada possa ser feito para alterar o curso do projeto. Na realidade, os investimen- tos de modo geral podem ser adiados, e essa é uma opção particularmente atraente quan- do o valor presente líquido de um projeto é modesto e os fluxos de caixa futuros envol- vem uma grande incerteza que pode ser resolvida com o tempo. De maneira similar, uma vez que um investimento tenha sido feito, a gerência geralmente pode explorar mudanças no ambiente de negócios e realizar ações que melhorem os fluxos de caixa futuros. Por exemplo, comprar um superpetroleiro fornece à gerência inúmeras opções, algumas das quais podem se tornar mais atraentes com o passar do tempo. Em vez de ela mesma ope- rar o superpetroleiro, a empresa pode decidir alugá -lo para outra operadora se as taxas de locação se tornarem altas o suficiente. Ou, se surgir uma escassez de superpetroleiros, a gerência pode decidir vendê -lo, obtendo lucro. No caso de um investimento em equipa- mentos automatizados, a gerência pode no início comprar apenas o modelo básico sem acessórios caros, mas manter em aberto a opção de adicionar mais capacidade e compe- tência no futuro. A capacidade de adiar o início de um projeto, de expandi -lo se as condi- ções forem favoráveis, de diminuir o prejuízo se elas forem desfavoráveis e modificar os planos à medida que as condições de negócios mudam, agrega valor a muitos investimen- tos. Essas vantagens podem ser quantificadas usando -se o que é chamado de análise de opções reais, mas as técnicas estão além do escopo deste livro. DECISÕES DE PREFERÊNCIA – CLASSIFICAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Lembre -se de que ao considerar oportunidades de investimento, os gerentes têm de to- mar dois tipos de decisão – decisões de seleção e decisões de preferência. As decisões de seleção, que vêm primeiro, envolvem decidir se um investimento proposto é aceitável. As decisões de preferência vêm depois das decisões de seleção e tentam responder à seguin- te pergunta: “Qual a ordem de preferência das propostas de investimento restantes, visto que todas foram selecionadas na triagem e fornecem taxa de retorno aceitável? Em outras palavras, qual(ais) seria(m) a(s) melhor(es) para a empresa aceitar?”. Às vezes, as decisões de preferência são chamadas de decisões de racionamento ou de classificação. Fundos de investimento restritos têm de ser racionados entre muitas alternativas concorrentes. Logo, as alternativas têm de ser ordenadas. Pode -se usar o método da taxa interna de retorno ou o método do valor presente líquido ao se tomar decisões de preferência. Entretanto, como discutido antes, se os dois métodos estive- rem em conflito, é melhor usar o método do valor presente líquido, que é mais confiável. Método da taxa interna de retorno Ao usar o método da taxa interna de retorno para ordenar projetos de investimentos con- correntes, a regra de preferência é: quanto mais alta a taxa interna de retorno, mais de- sejável o projeto. Um projeto de investimento com uma taxa interna de retorno de 18% é em geral considerado preferível a outro que tenha um retorno de apenas 15%. A taxa in- terna de retorno é muito utilizada para classificar projetos por ordem de preferência. Método do valor presente líquido O valor presente líquido de um projeto não pode ser comparado de maneira direta ao valor presente líquido de outro projeto, a menos que os investimentos iniciais sejam iguais. Por exemplo, suponha que uma empresa considere dois investimentos concorren- tes, como exibidos a seguir: OA13.4 Classificar projetos de investimento por ordem de preferência. 13_Contabilidade Gerencial.indd 591 20/09/2012 11:23:58 592 CONTABILIDADE GERENCIAL Investimento (US$) A B Investimento necessário .......................... Valor presente das entradas de caixa ......... – 10.000 11.000 – 5.000 6.000 Valor presente líquido .............................. 1.000 1.000 Embora cada projeto tenha um valor presente líquido de US$ 1.000, os projetos não serão igualmente desejáveis se os fundos disponíveis para investimento forem restritos. O pro- jeto que exige um investimento de apenas US$ 5 mil é muito mais desejável do que o projeto que exige um investimento de US$ 10 mil. Esse fato pode ser realçado dividindo- -se o valor presente líquido do projeto pelo investimento necessário. O resultado, exibido a seguir na forma de equação, é chamado de índice de lucratividade do projeto. Índice de lucratividade do projeto = Valor presente líquido do projeto (2) Investimento necessário Os índices de lucratividade do projeto dos dois investimentos anteriores seriam calcula- dos da seguinte maneira: Investimento (US$) A B Valor presente líquido (a) ............................. Investimento necessário (b) ......................... 1.000 10.000 1.000 5.000 Índice de lucratividade do projeto, (a) ÷ (b) ..... 0,10 0,20 Ao usar o índice de lucratividade do projeto para ordenar projetos de investimento con- correntes, a regra de preferência é: quanto maior o índice de lucratividade do projeto, mais desejável o projeto.6 Aplicando essa regra aos dois investimentos anteriores, o in- vestimento B deve ser escolhido em detrimento do investimento A. O índice de lucratividade do projeto é uma aplicação das técnicas para utilizar recur- sos restritos discutidas no capítulo anterior. Neste caso, o recurso restrito é os fundos restritos disponíveis para investimento, e o índice de lucratividadedo projeto é similar à margem de contribuição por unidade do recurso restrito. Alguns detalhes devem ser esclarecidos em relação ao cálculo do índice de lucrativi- dade do projeto. O “investimento necessário” refere -se a qualquer saída de caixa que ocorra no início do projeto, menos qualquer valor recuperado com a venda de equipa- mentos antigos. O “investimento necessário” também inclui qualquer investimento em capital de giro de que o projeto possa precisar. OUTRAS ABORDAGENS PARA AS DECISÕES DE ORÇAMENTO DE CAPITAL Os métodos do valor presente líquido e da taxa interna de retorno são muito utilizados como ferramentas de tomada de decisões. Entretanto, alguns gerentes também usam o método do payback e o método da taxa de retorno simples para tomarem decisões de orçamento de capital. Cada um desses métodos será discutido à parte. FEDEX VIRA “VERDE” – BEM, NÃO EXATAMENTE! Em 2003, a FedEx anunciou um plano de dez anos para substituir 3 mil caminhões de entrega a cada ano por veículos híbridos mais favoráveis ao meio ambiente, o que eliminaria 250 mil tonela‑ das de gases de efeito estufa por ano. Os veículos híbridos custam 75% a mais do que os cami‑ nhões convencionais, mas ao longo de dez anos, gerariam economias de combustível que neutra‑ lizariam o custo mais alto. Em 2007, a FedEx tinha comprado menos de 100 veículos híbridos porque a gerência decidiu que o investimento “verde” não seria o uso mais lucrativo dos recursos da empresa. O diretor ambiental da FedEx justificou as ações da empresa dizendo: “temos respon‑ sabilidade fiduciária para com nossos acionistas. Não podemos subsidiar o desenvolvimento des‑ sa tecnologia para nossos concorrentes”. Esse exemplo ilustra os desafios que as empresas enfrentam ao tentar satisfazer as expectati‑ vas de vários interessados. Talvez os acionistas da FedEx aplaudissem a decisão da empresa de voltar atrás em seu plano de dez anos, mas clientes com consciência ambiental talvez criticassem as ações da empresa. O que você acha? FONTE: Ben Elgin, “Little Green Lies”, BusinessWeek, 29 de outubro de 2007, p. 45 ‑52. POR DENTRO DAS EMPRESAS 6 Em virtude dos projetos exigirem investimentos feitos em uma prestação única, a ordenação do índice de lucratividade do projeto pode não ser perfeita. No entanto, é um bom ponto de partida. Para mais detalhes, ver o Apêndice B, sobre análise de lucratividade, no final do livro. O MELHOR DA INVENTIVIDADE EMPRESARIAL Jonathan Pratt é proprietário de dois Ümani Cafés no condado de Westchester, Nova York, Estados Unidos. Ele pagava US$ 200 por mês para descartar o óleo vegetal usado para fritar alimentos em seus restaurantes. Além disso, comprava US$ 700 de gasolina por mês para operar o caminhão picape de sua empresa. Então, Pratt teve uma ideia. Comprou um Ford F250 a diesel no eBay por US$ 11 mil e pagou US$ 1,5 mil para transportá ‑lo do Arizona a Nova York. Depois, instalou um kit de conversão de US$ 850 em seu novo caminhão para permitir que ele rodasse com óleo vegetal. Como não tinha mais de pagar para descartar o óleo vegetal ou comprar gasolina, Pratt percebeu que seu investimento se pagaria em cerca de 15 meses (US$ 13.350 ÷ US$ 900 = 14,83 meses). Além disso, ele agora tinha o carro com o melhor cheiro da cidade – ao dirigi ‑lo pelas ruas, o caminhão solta cheiro de batata frita. FONTE: Jean Chatzky, “Out of the Frying Pan, Into the Ford”, Money, outubro de 2004, p. 28. POR DENTRO DAS EMPRESAS OA13.5 Determinar o período de payback de um investimento. Índice de lucratividade do projeto coeficiente do valor presente líquido dos fluxos de caixa de um projeto pelo investimento necessário. 13_Contabilidade Gerencial.indd 592 20/09/2012 11:23:58 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 593 FEDEX VIRA “VERDE” – BEM, NÃO EXATAMENTE! Em 2003, a FedEx anunciou um plano de dez anos para substituir 3 mil caminhões de entrega a cada ano por veículos híbridos mais favoráveis ao meio ambiente, o que eliminaria 250 mil tonela‑ das de gases de efeito estufa por ano. Os veículos híbridos custam 75% a mais do que os cami‑ nhões convencionais, mas ao longo de dez anos, gerariam economias de combustível que neutra‑ lizariam o custo mais alto. Em 2007, a FedEx tinha comprado menos de 100 veículos híbridos porque a gerência decidiu que o investimento “verde” não seria o uso mais lucrativo dos recursos da empresa. O diretor ambiental da FedEx justificou as ações da empresa dizendo: “temos respon‑ sabilidade fiduciária para com nossos acionistas. Não podemos subsidiar o desenvolvimento des‑ sa tecnologia para nossos concorrentes”. Esse exemplo ilustra os desafios que as empresas enfrentam ao tentar satisfazer as expectati‑ vas de vários interessados. Talvez os acionistas da FedEx aplaudissem a decisão da empresa de voltar atrás em seu plano de dez anos, mas clientes com consciência ambiental talvez criticassem as ações da empresa. O que você acha? FONTE: Ben Elgin, “Little Green Lies”, BusinessWeek, 29 de outubro de 2007, p. 45 ‑52. POR DENTRO DAS EMPRESAS Método do payback O método do payback concentra -se no período de payback. O período de payback é o tempo que um projeto leva para recuperar seu custo inicial com as entradas de caixa lí- quidas que gera, e que às vezes é chamado de “o tempo que leva para um investimento se pagar”. A premissa básica do método do payback é que quanto mais rápido o custo de um investimento puder ser recuperado, mais desejável o investimento. O período de payback é expresso em anos. Quando a entrada de caixa líquida anual é igual todo ano, a fórmula a seguir pode ser usada para calcular o período de payback: Período de payback = Investimento necessário (3) Entrada de caixa líquida anual Para ilustrar o método do payback, considere os seguintes dados: Exemplo G: A empresa York precisa de uma nova máquina de fresagem. A empresa considera duas máquinas: a máquina A e a máquina B. A máquina A custa US$ 15 mil, tem vida útil de dez anos e reduzirá os custos operacionais em US$ 5 mil por ano. A máquina B custa apenas US$ 12 mil, também reduzirá os custos operacionais em US$ 5 mil por ano, mas tem vida útil de apenas cinco anos. Requisitado: Qual máquina deve ser comprada de acordo com o método do payback? O MELHOR DA INVENTIVIDADE EMPRESARIAL Jonathan Pratt é proprietário de dois Ümani Cafés no condado de Westchester, Nova York, Estados Unidos. Ele pagava US$ 200 por mês para descartar o óleo vegetal usado para fritar alimentos em seus restaurantes. Além disso, comprava US$ 700 de gasolina por mês para operar o caminhão picape de sua empresa. Então, Pratt teve uma ideia. Comprou um Ford F250 a diesel no eBay por US$ 11 mil e pagou US$ 1,5 mil para transportá ‑lo do Arizona a Nova York. Depois, instalou um kit de conversão de US$ 850 em seu novo caminhão para permitir que ele rodasse com óleo vegetal. Como não tinha mais de pagar para descartar o óleo vegetal ou comprar gasolina, Pratt percebeu que seu investimento se pagaria em cerca de 15 meses (US$ 13.350 ÷ US$ 900 = 14,83 meses). Além disso, ele agora tinha o carro com o melhor cheiro da cidade – ao dirigi ‑lo pelas ruas, o caminhão solta cheiro de batata frita. FONTE: Jean Chatzky, “Out of the Frying Pan, Into the Ford”, Money, outubro de 2004, p. 28. POR DENTRO DAS EMPRESAS Período de payback período de tempo que um projeto leva para recuperar todo seu custo inicial com as entradas de caixa líquidas que gera. 13_Contabilidade Gerencial.indd 593 20/09/2012 11:23:58 594 CONTABILIDADE GERENCIAL Período de payback da máquina A = US$ 15 mil = 3 anos US$ 5 mil Período de payback da máquina B = US$ 12 mil = 2,4 anos US$ 5 mil De acordo com os cálculos de payback, a empresa York deve comprar a máquina B por- que ela possui um período de payback menor do que o da máquina A. Avaliação do método do payback O método do payback não é uma medida real da lucratividade de um investimento. Em vez disso, ele apenas diz a um gerente quantos anossão necessários para recuperar o in- vestimento original. Infelizmente, um período de payback mais curto nem sempre signi- fica que um investimento é mais desejável do que outro. Para ilustrar essa ideia, volte ao Exemplo G. A máquina B possui um período de pay- back mais curto do que o da máquina A, mas tem vida útil de apenas cinco anos, em vez dos dez anos da outra. A Máquina B teria de ser comprada duas vezes – uma de imediato e outra depois do quinto ano – para fornecer o mesmo serviço da máquina A. Sob essas circunstâncias, a máquina A teria probabilidade de ser um investimento melhor do que a máquina B, embora a máquina B tenha um período de payback mais curto. Infelizmente, o método do payback ignora todos os fluxos de caixa que ocorrem depois do período de payback. Outra crítica feita ao método do payback é que ele não considera o valor do dinheiro no tempo. Uma entrada de caixa a ser recebida vários anos adiante tem o mesmo peso de uma entrada de caixa recebida de imediato. Para ilustrar isso, suponha que para um in- vestimento de US$ 8 mil, você possa comprar qualquer uma das duas sequências de en- tradas de caixa a seguir: Ano .................... 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Sequência 1 (US$) Sequência 2 (US$) 2.000 2.000 2.000 8.000 2.000 2.000 8.000 2.000 2.000 2.000 Qual sequência de entradas de caixa você preferiria receber em retorno de seu investi- mento de US$ 8 mil? Cada sequência possui um período de payback de 4 anos. Portanto, se usássemos apenas o payback para tomar a decisão, as sequências seriam consideradas igualmente desejáveis. Entretanto, do ponto de vista do valor do dinheiro no tempo, a sequência 2 é muito mais desejável do que a sequência 1. Todavia, sob certas condições, o método do payback pode ser muito útil. Em primeiro lugar, ele pode ajudar a identificar quais propostas de investimento são consideráveis. Em outras palavras, pode ser usado como uma ferramenta de triagem para ajudar a responder à pergunta: “Devo levar adiante a consideração dessa proposta?”. Se uma proposta não forne- cer um payback dentro de um período específico, então pode não haver necessidade de levá -la adiante. Além disso, o período de payback é em geral importante para novas empre- sas que estão com pouco dinheiro em caixa. Quando uma empresa tem pouco dinheiro em caixa, um projeto com um período de payback curto, mas com uma baixa taxa de retorno pode ser preferível em relação a outro como uma taxa de retorno alta, mas com um longo período de payback. O motivo é que a empresa pode precisar de um retorno mais rápido de seu investimento de caixa. E, por fim, o método do payback às vezes é usado em indústrias em que os produtos se tornam obsoletos muito rapidamente – como a de produtos eletrôni- cos de consumo. Como os produtos podem durar apenas um ou dois anos, o período de payback sobre investimentos deve ser muito curto. ECONOMIA DOS VEÍCULOS HÍBRIDOS A tabela adiante mostra os prêmios de preços (depois de reduções fiscais) que os clientes têm de pagar para comprar quatro tipos de veículos híbridos. Mostra também as economias anuais de gasolina que os clientes realizam por dirigir uma versão híbrida do veículo em vez de um modelo‑ ‑padrão do mesmo veículo (supondo que os veículos sejam dirigidos 24.140 quilômetros por ano e que a gasolina custe US$ 2,79 por galão). Dividindo ‑se o prêmio de preço pelas economias anuais de gasolina, obtém ‑se o período de payback ao comprar a versão híbrida do veículo. Montadora e modelo Prêmio de preço (US$) Economia anual de gasolina (US$) Período de payback Ford Escape .......................................... Honda Civic .......................................... Toyota Camry ........................................ Toyota Highlander .................................. 1.364 1.482 3.763 4.372 438 317 310 388 3,1 4,7 12,1 11,3 Os valores de payback anteriores ressaltam o dilema enfrentado pelos clientes que querem fazer compras mais favoráveis ao meio ambiente, mas que são restringidos por seus recursos financei‑ ros restritos. FONTE: Mike Spector, “The Economics of Hybrids”, The Wall Street Journal, 29 de outubro de 2007, p. R5 ‑R6. POR DENTRO DAS EMPRESAS 13_Contabilidade Gerencial.indd 594 20/09/2012 11:23:58 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 595 ECONOMIA DOS VEÍCULOS HÍBRIDOS A tabela adiante mostra os prêmios de preços (depois de reduções fiscais) que os clientes têm de pagar para comprar quatro tipos de veículos híbridos. Mostra também as economias anuais de gasolina que os clientes realizam por dirigir uma versão híbrida do veículo em vez de um modelo‑ ‑padrão do mesmo veículo (supondo que os veículos sejam dirigidos 24.140 quilômetros por ano e que a gasolina custe US$ 2,79 por galão). Dividindo ‑se o prêmio de preço pelas economias anuais de gasolina, obtém ‑se o período de payback ao comprar a versão híbrida do veículo. Montadora e modelo Prêmio de preço (US$) Economia anual de gasolina (US$) Período de payback Ford Escape .......................................... Honda Civic .......................................... Toyota Camry ........................................ Toyota Highlander .................................. 1.364 1.482 3.763 4.372 438 317 310 388 3,1 4,7 12,1 11,3 Os valores de payback anteriores ressaltam o dilema enfrentado pelos clientes que querem fazer compras mais favoráveis ao meio ambiente, mas que são restringidos por seus recursos financei‑ ros restritos. FONTE: Mike Spector, “The Economics of Hybrids”, The Wall Street Journal, 29 de outubro de 2007, p. R5 ‑R6. POR DENTRO DAS EMPRESAS Exemplo ampliado do payback Como mostra a fórmula (3) na página 593, o período de payback é calculado dividindo -se o investimento em um projeto pelas entradas de caixa líquidas anuais do projeto. Se no- vos equipamentos estão substituindo equipamentos antigos, então qualquer valor recupe- rado a ser recebido mediante o descarte dos equipamentos antigos deve ser deduzido do custo dos novos equipamentos, e apenas o investimento incremental deve ser usado no cálculo do payback. Além disso, qualquer depreciação deduzida ao atingir a receita ope- racional líquida do projeto deve ser somada de volta para obter a entrada de caixa líquida anual esperada do projeto. Para ilustrar isso, considere os seguintes dados: Exemplo H: A Goodtime Fun Centers Inc. opera parques de diversão. Algumas das máquinas automáticas de venda de um de seus parques geram muito pouca receita, então a empresa considera removê -las e instalar equipamentos que sirvam sorvete expresso. Os equipamentos custariam US$ 80 mil e teriam vida útil de oito anos sem nenhum valor recuperado. As receitas e os custos incrementais anuais associados à venda do sorvete seriam os seguintes: Vendas (US$) ............................ Despesas variáveis (US$) ........... 150.000 90.000 Margem de contribuição (US$) .... 60.000 Despesas fixas (US$): Salários ................................ Manutenção .......................... Depreciação .......................... 27.000 3.000 10.000 Despesas fixas totais (US$)......... 40.000 Receita operacional líquida (US$) . 20.000 As máquinas automáticas de venda podem ser vendidas por um valor residual de US$ 5 mil. A empresa não comprará equipamentos a menos que tenham um período 13_Contabilidade Gerencial.indd 595 20/09/2012 11:23:58 596 CONTABILIDADE GERENCIAL de payback menor ou igual a três anos. A máquina de sorvete expresso passa desse limite mínimo? O Quadro 13.11 calcula o período de payback da máquina de sorvete expresso. Várias coisas devem ser observadas ali. Primeiro, a depreciação é somada de volta à receita operacional líquida para obter a entrada de caixa líquida anual proveniente dos novos equipamentos. A depreciação não é um desembolso de caixa; assim, deve ser somada de volta para ajustar a receita operacional líquida baseada no que há em caixa. Segundo, o cálculo do paybackdeduz o valor recuperado das máquinas antigas do custo dos novos equipamentos, de modo que apenas o investimento incremental seja usado no cálculo do período de payback. QUADRO 13.11 Cálculo do período de payback. Passo 1: Calcule a entrada de caixa líquida anual. Como a entrada de caixa líquida anual não é dada, tem de ser calculada antes de o período de payback ser determinado: Receita operacional líquida .......................................................... US$ 20.000 Mais: dedução de depreciação (não é desembolso de caixa) ..... 10.000 Entrada de caixa líquida anual...................................................... US$ 30.000 Passo 2: Calcule o período de payback. Usando a entrada de caixa líquida anual anterior, o período de payback pode ser determinado da seguinte maneira: Custo dos novos equipamentos ................................................... US$ 80.000 Menos valor recuperado dos equipamentos antigos .................. 5.000 Investimento necessário .............................................................. US$ 75.000 Período de payback = Investimento necessário Entrada de caixa líquida anual = US$ 75.000 = 2,5 anos US$ 30.000 Como os equipamentos propostos têm um período de payback de menos de três anos, a exigência de payback da empresa foi atendida. Payback e fluxos de caixa desiguais Quando os fluxos de caixa associados a um projeto de investimento mudam de um ano para o outro, a fórmula de payback simples evidenciada anteriormente não pode ser usa- da. Considere os seguintes dados: Ano Investimento (US$) Entrada de caixa (US$) 1 ......... 2 ......... 3 ......... 4 ......... 5 ......... 6 ......... 7 ......... 4.000 2.000 1.000 0 2.000 1.000 500 3.000 2.000 Qual é o período de payback desse investimento? A resposta é 5,5 anos, mas para obter- mos esse valor é necessário rastrear o investimento não recuperado ano a ano. Os passos envolvidos nesse processo são exibidos no Quadro 13.12. Na metade do sexto ano, terão sido realizadas entradas de caixa suficientes para recuperar todo o investimento de US$ 6.000 (US$ 4.000 + US$ 2.000). 13_Contabilidade Gerencial.indd 596 20/09/2012 11:23:58 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 597 Ano Investimento (US$) Entrada de caixa (US$) Investimento não recuperado* (US$) QUADRO 13.12 Payback e fluxos de caixa desiguais.1........ 2........ 3........ 4........ 5........ 6........ 7........ 4.000 2.000 1.000 0 2.000 1.000 500 3.000 2.000 3.000 3.000 1.000 2.000 1.500 0 0 * Investimento não recuperado do Ano X = Investimento não recuperado do Ano X ‑1 + Investimento do Ano X − Entrada de caixa do Ano X. Método da taxa de retorno simples O método da taxa de retorno simples é outra técnica de orçamento de capital que não envolve descontar fluxos de caixa. A taxa de retorno simples também é conhecida como taxa de retorno contábil ou taxa de retorno sem ajuste. Ao contrário dos outros métodos de orçamento de capital discutidos, o método da taxa de retorno simples concentra -se na receita operacional líquida contábil em vez de nos fluxos de caixa. Para obter a taxa de retorno simples, a receita operacional líquida incremental anual gerada por um projeto é dividida pelo investimento inicial no projeto, como exibido a seguir. Taxa de retorno simples = Receita operacional líquida incremental anual (4) Investimento inicial Duas questões precisam ser realçadas. Primeiro, os encargos de depreciação que resul- tam do investimento devem ser deduzidos ao se determinar a receita operacional líquida incremental anual. Segundo, o investimento inicial deve ser reduzido de qualquer valor recuperado realizado com a venda de equipamentos antigos. Exemplo I: A Brigham Tea Inc. é uma empresa que processa chá de baixa acidez, que considera comprar equipamentos para uma linha de processamento adicional que au- mentaria as receitas em US$ 90 mil por ano. As despesas operacionais incrementais seriam de US$ 40 mil por ano. Os equipamentos custariam US$ 180 mil e teriam vida útil de nove anos sem nenhum valor recuperado. Para aplicar a fórmula da taxa de retorno simples, temos primeiro que determinar a recei- ta operacional líquida incremental anual do projeto: Receita incremental anual (US$) ................................................ Despesas operacionais incrementais anuais (US$) ........................ Depreciação anual (US$ 180.000 − US$ 0)/9 (US$) ....................... 40.000 20.000 90.000 Despesas incrementais anuais (US$) .......................................... 60.000 Receita operacional líquida incremental anual (US$) ..................... 30.000 Dado que a receita operacional líquida incremental anual do projeto é de US$ 30 mil e o investimento inicial é de US$ 180 mil, a taxa de retorno simples é de 16,7%, como exibi- do a seguir: Taxa de retorno simples = Receita operacional líquida incremental anual Investimento inicial = US$ 30.000 US$ 180.000 = 16,7% OA13.6 Calcular a taxa de retorno simples de um investimento. Taxa de retorno simples taxa de retorno calculada dividindo -se a receita operacional líquida contábil incremental anual de um projeto pelo investimento inicial necessário. 13_Contabilidade Gerencial.indd 597 20/09/2012 11:23:58 598 CONTABILIDADE GERENCIAL Exemplo J: A Midwest Farms Inc. contrata pessoas em regime de meio expediente para selecionar ovos. O custo da seleção manual é de US$ 30 mil por ano. A empresa pesquisa por uma máquina de seleção de ovos que custaria US$ 90 mil e teria vida útil de quinze anos. A máquina teria um valor recuperado insignificante e custos de US$ 10 mil por ano de operação e manutenção. Os equipamentos de seleção de ovos usados no presente poderiam ser vendidos hoje por um valor residual de US$ 2.500. Esse projeto é um pouco diferente do projeto anterior porque envolve reduções de custo sem nenhuma receita adicional. Não obstante, a receita operacional líquida incremental anual pode ser calculada tratando -se as economias de custo anuais como se fossem recei- tas incrementais, como a seguir: Economias de custo incrementais anuais (US$) ........................... Despesas operacionais incrementais anuais (US$) ....................... Depreciação anual (US$ 90.000 − US$ 0)/15 (US$) ...................... 10.000 6.000 30.000 Despesas incrementais anuais (US$) ......................................... 16.000 Receita operacional líquida incremental anual (US$) .................... 14.000 Assim, embora os novos equipamentos não fossem gerar nenhuma receita adicional, eles reduziriam os custos em US$ 14 mil por ano. Isso teria o efeito de aumentar a receita operacional líquida em US$ 14 mil por ano. Por fim, o valor recuperado dos equipamentos antigos neutraliza o custo inicial dos novos equipamentos, como a seguir: Custos dos novos equipamentos (US$) ................................... Menos valor recuperado dos equipamentos antigos (US$) ......... 90.000 2.500 Investimento inicial (US$) ..................................................... 87.500 Dada a receita operacional líquida incremental anual de US$ 14 mil e o investimento inicial de US$ 87.500, a taxa de retorno simples é de 16%, calculada da seguinte maneira: Taxa de retorno simples = Receita operacional líquida incremental anual Investimento inicial = US$ 14.000 US$ 87.500 = 16% Críticas ao método da taxa de retorno simples O método da taxa de retorno simples ignora o valor do dinheiro no tempo, ou seja, considera, por exemplo, um dólar recebido daqui a dez anos como tão valioso quanto um dólar recebido hoje. Assim, o método da taxa de retorno simples pode ser enganoso se as alternativas tiverem diferentes padrões de fluxo de caixa. Além disso, muitos projetos não têm receitas e despesas incrementais constantes ao longo de suas vidas úteis. Em consequência, a taxa de retorno sim- ples flutuará de um ano para o outro, com a possibilidadede um projeto parecer desejável em alguns anos e indesejável em outros. Ao contrário, o método do valor presente líquido fornece um único valor que resume todos os fluxos de caixa ao longo de toda a vida útil do projeto. PÓS ‑AUDITORIA DOS PROJETOS DE INVESTIMENTO Depois de um projeto de investimento ter sido aprovado e implementado, deve ser rea- lizada uma pós -auditoria. Uma pós -auditoria envolve verificar se os resultados espe- rados foram de fato realizados. Essa é uma parte importante do processo de orçamento ROYAL CARIBBEAN CRUISES LANÇA O NAVIO DE CRUZEIROS OASIS OF THE SEAS A Royal Caribbean Cruises investiu US$ 1,4 bilhão para construir o Oasis of the Seas, um navio de cruzeiros que leva 5,4 mil passageiros e possui 20 andares de altura acima do nível do mar. A embarcação é um terço maior do que qualquer outro navio de cruzeiros e contém 21 piscinas, 24 restaurantes, 13 lojas de varejo e escorregadores aquáticos de 91 metros de comprimento. A em‑ presa espera que as extraordinárias atrações do navio conquistem grandes números de clientes dispostos a pagar preços mais altos. Entretanto, a retração econômica fez muitos clientes evita‑ rem esbanjar durante as férias. FONTE: Mike Esterl, “Huge Cruise Ships Prepare for Launch but Face Uncertain Waters”, The Wall Street Jour- nal, 4 de dezembro de 2009, p. B1–B2. POR DENTRO DAS EMPRESAS Pós -auditoria investigação que ocorre depois de um projeto ser aprovado e implementado para determinar se os resultados esperados foram de fato alcançados. 13_Contabilidade Gerencial.indd 598 20/09/2012 11:23:59 Capítulo 13 Decisões de orçamento de capital 599 de capital porque ajuda a manter os gerentes honestos em suas propostas de investi- mento. Qualquer tendência de inflar os benefícios ou minimizar os custos em uma proposta deve ficar evidente depois de algumas pós -auditorias serem realizadas. A pós -auditoria também oferece uma oportunidade de reforçar e quem sabe expandir projetos bem -sucedidos e de diminuir o prejuízo em projetos malsucedidos. Deve -se usar na pós -auditoria o mesmo método de orçamento de capital utilizado no processo de aprovação original. Assim, se um projeto foi aprovado com base em uma análise do valor presente líquido, o mesmo procedimento deve ser usado ao realizar a pós -auditoria. Entretanto, os dados usados na análise da pós -auditoria devem ser dados reais observados em vez de dados estimados. Isso dá à gerência uma oportunidade para fazer uma comparação lado a lado para ver o grau de sucesso do projeto. Ajuda também a garantir que os dados estimados recebidos em futuras propostas sejam preparados com cuidado porque aqueles que enviam os dados sabem que suas estimativas serão compara- das a resultados realizados no processo de pós -auditoria. Os resultados realizados que estiverem muito distantes das estimativas originais devem ser analisados com cuidado. ROYAL CARIBBEAN CRUISES LANÇA O NAVIO DE CRUZEIROS OASIS OF THE SEAS A Royal Caribbean Cruises investiu US$ 1,4 bilhão para construir o Oasis of the Seas, um navio de cruzeiros que leva 5,4 mil passageiros e possui 20 andares de altura acima do nível do mar. A embarcação é um terço maior do que qualquer outro navio de cruzeiros e contém 21 piscinas, 24 restaurantes, 13 lojas de varejo e escorregadores aquáticos de 91 metros de comprimento. A em‑ presa espera que as extraordinárias atrações do navio conquistem grandes números de clientes dispostos a pagar preços mais altos. Entretanto, a retração econômica fez muitos clientes evita‑ rem esbanjar durante as férias. FONTE: Mike Esterl, “Huge Cruise Ships Prepare for Launch but Face Uncertain Waters”, The Wall Street Jour- nal, 4 de dezembro de 2009, p. B1–B2. POR DENTRO DAS EMPRESAS RESUMO Decisões de investimento devem levar em consideração o valor do dinheiro no tempo porque um dólar, por exemplo, hoje vale mais do que um dólar amanhã. Os métodos do valor presente líquido e da taxa interna de retorno refletem esse fato. No método do valor presente líquido, os fluxos de caixa futuros são descontados em seu valor presente. A diferença entre o valor presente das entra- das de caixa e o valor presente das saídas de caixa é chamada de valor presente líquido de um projeto. Se o valor presente líquido de um projeto for negativo, o projeto será rejeitado. A taxa de desconto no método do valor presente líquido em geral é baseada em uma taxa de retorno mínima exigida, como o custo de capital da empresa. A taxa interna de retorno é a que iguala o valor presente das entradas de caixa e o valor presente das saídas de caixa, resultando em um valor presente líquido igual a zero. Se a taxa interna de retorno for menor do que a taxa de retorno mínima exigida de uma empresa, o projeto será rejeitado. Depois de rejeitar projetos cujos valores presentes líquidos são negativos ou cujas taxas internas de retorno são menores do que a taxa de retorno mínima exigida, podem ainda restar mais projetos do que a empresa suportaria com seus fundos. Esses projetos podem ser ordenados usando -se ou o índice de lucratividade ou a taxa interna de retorno do projeto. O índice de lucratividade é calculado dividindo -se o valor presente líquido do projeto pelo investimento inicial necessário. Algumas empresas preferem usar o método do payback ou a taxa de retorno simples para avaliar propostas de investimento. O período de payback é o tempo necessário para recuperar de modo integral o investimento inicial feito em um projeto. A taxa de retorno simples é deter- minada dividindo -se a receita operacional líquida contábil do projeto pelo investimento inicial no projeto. 13_Contabilidade Gerencial.indd 599 20/09/2012 11:23:59 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor Assista ao vídeo a seguir e aprenda mais sobre a análise de investimentos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/c789933b42640cd88575a7fc4f1bfac6 Exercícios 1) Na análise de investimentos, o índice de lucratividade, payback corrigido e valor anual equivalente auxiliam na tomada de decisão. A respeito do payback pode-se AFIRMAR que: A) É a relação entre o valor presente líquido do projeto e o módulo do valor presente dos desembolsos dele. B) É o período de tempo necessário para recuperação do investimento inicial. O payback corrigido difere do payback simples por desconsiderar o valor do dinheiro no tempo e, por isso, é mais eficiente. C) A apuração do payback corrigido é realizada pela mesma fórmula do payback simples, porém, aplicada ao fluxo de caixa descontado. Isto é, as entradas serão descapitalizadas à taxa de desconto definida. D) É utilizado para comparação de projetos com períodos distintos e repetíveis. E o projeto melhor é aquele com maior VAE. E) O valor anual equivalente não considera a possibilidade de refazer o investimento de aquisição de um projeto para igualar os cronogramas das opções a serem analisadas. 2) Considere que uma empresa de cosméticos analisa um investimento de R$105.000,00 no lançamento de uma nova linha de perfumes. Sabendo que ele tem um VPL de R$50.000,00, determine o índice de lucratividade do investimento e se este deve ser realizado, sabendo-se que a empresa deseja um IL maior que 1. A) IL = 0,48, e o investimento deve ser realizado. B) IL = 0,48, e o investimento não deve ser realizado. C) IL = 2,10, e o investimento deve ser realizado. D) IL = 2,10, e o investimento não deve ser realizado. E) IL = -0,48, e o investimento não deve ser realizado. Hoje, o projeto de um produto diet da fábrica "Doçura" custa R$1.200,00, e estima-se um fluxo de R$300,00 no primeiro ano, R$350,00 no ano 2, R$550,00 no ano 3 e R$800,00 no 3) ano 4. O custo de capital para financiar o projetoé 20% a.a. Calcule o payback corrigido e decida se a fábrica deve investir na linha diet. Para facilitar sua decisão complete o quadro abaixo. Lembre que a segunda coluna será preenchida com os dados do problema (onde R$1.200,00 é saída e os demais valores são entradas) e na terceira coluna os valores do fluxo (coluna 2) são multiplicados por (1+ r )-n , onde r = 20% = 0,2 e n representa o ano: Ano Fluxo de Caixa (R$) VP FLuxo de Caixa (R$) Fluxo de Caixa Acumulado (R$) 0 1 2 3 4 A) Payback corrigido de três anos, e deve-se investir na linha diet. B) Payback corrigido de três anos, e não se deve investir na linha diet. C) Payback corrigido de quatro anos, e deve-se investir na linha diet. D) Payback corrigido extrapola o período de quatro anos, e deve-se investir na linha diet. E) Payback corrigido extrapola o período de quatro anos, e não se deve investir na linha diet. A empresa "Carros" possui os projetos A e B, excludentes, com seus respectivos fluxos de caixa conforme a seguir. Ano Projeto A (R$) Projeto B (R$) (CRIAR TABELA DE 3 COLUNAS) 4) Determine o payback corrigido de cada um, tendo um custo de capital de 8% a.a. E, sabendo que a empresa tem como critério de seleção o prazo máximo aceitável de payback de 1,5 anos, decida em qual projeto se investir. Em seguida, marque a alternativa CORRETA: A) Payback corrigido de A: 3 anos; payback corrigido de B: 1,67 anos e deve-se investir no projeto B. B) Payback corrigido de A: 3 anos;payback corrigido de B: 1,67 anos e deve se investir no projeto A. C) Payback corrigido de A: 3,26 anos; payback corrigido de B: 1,86 anos e deve se investir no projeto B. D) Payback corrigido de A: 3,26 anos; payback corrigido de B: 1,86 anos e ambos os projetos devem ser rejeitados. E) Payback corrigido de A: 3,26 anos; payback corrigido de B: 1,86 anos e ambos os projetos devem ser aprovados. A empresa "Carros" possui os projetos A e B, excludentes, com seus respectivos fluxos de caixa conforme a seguir. Ano Projeto A Projeto B 0 -1.000,00 -1.000,00 1 100,00 250,00 2 300,00 250,00 3 600,00 300,00 4 900,00 300,00 5) Determine o VPL de cada um, tendo um custo de capital de 8% a.a. e decida em qual projeto investir. A) VPL de A: 487,62 e VPL de B: (95,53). Investir em B. B) VPL de A: (95,53). e VPL de B: 487,62. Investir em B. C) VPL de A: 487,62 e VPL de B: (95,53). Investir em A. D) VPL de A: 487,62 e VPL de B: (53,95). Investir em B. E) VPL de A: 95,53 e VPL de B: 478,32. Investir em nenhum projeto. Na prática Veja um exemplo que ilustra a análise de investimento. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Ajuste complementar entre o Brasil e CEPAL/ILPES Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Índice de lucratividade: entenda o que é, como calcular e o que diz sobre um negócio Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Entenda o que é Payback e como calcular o da sua empresa Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://docplayer.com.br/14185599-Ajuste-complementar-entre-o-brasil-e-cepal-ilpes-politicas-para-gestao-de-investimentos-publicos-curso-de-avaliacao-socioeconomica-de-projetos.html https://valoreasy.com.br/blog/indice-de-lucratividade/ https://rockcontent.com/br/blog/payback/