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Transtorno depressivo maior

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 Natalia Quintino Dias 
 
Transtornos do humor 
Humor: definido como o tônus afetivo do 
indivíduo, o estado emocional basal que colore a 
percepção que a pessoa tem do mundo. Está 
intimamente ligado ao afeto e pode ser descrito de 
várias maneiras, como: ansioso, deprimido, 
eufórico. 
Afeto: qualidade emocional que acompanha uma 
ideia, a expressão externa do estado emocional, e 
pode ser congruente ou incongruente com o 
humor. 
Os transtornos do humor é composto por 
condições clínicas caracterizado pela perda do 
senso de controle das expressões afetivas e pela 
experiência subjetiva de grande sofrimento. A 
perturbação fundamental é uma alteração do 
humor, no sentido de uma depressão (com ou sem 
ansiedade associada) ou de uma exaltação. 
Os principais transtornos do humor são o 
transtorno bipolar e o transtorno depressivo. No 
DSMV são utilizados os termos “transtorno bipolar 
e relacionados” e “transtornos depressivos”. 
A base causal para os transtornos do humor é 
desconhecida, mas os fatores causais podem ser 
divididos em biológicos, genéticos e psicossociais 
(interação entre eles).
Transtorno depressivo maior 
Epidemiologia 
O transtorno depressivo é o transtorno de humor 
mais comum, com uma prevalência durante a vida 
de cerca de 15% em mulheres. A prevalência de 
depressão nas mulheres é duas vezes maior do que 
nos homens. 
A idade média de início do transtorno depressivo é 
40 anos. 
A depressão ocorre mais frequentemente em 
pessoas que não têm relações interpessoais 
íntimas ou são divorciadas. 
Critérios diagnósticos 
A. 5 (ou +) dos seguintes sintomas estiveram 
presentes durante o mesmo período de duas 
semanas e representam uma alteração a partir do 
funcionamento anterior; pelo menos um dos 
sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do 
interesse ou prazer. 
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase 
todos os dias. 
2. Interesse ou prazer acentuadamente 
diminuídos. 
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar 
em dieta (por ex.: mais de 5% do peso corporal em 
um mês), ou diminuição ou aumento do apetite. 
4. Insônia ou hipersonia. 
5. Agitação ou retardo psicomotor. 
6. Fadiga ou perda de energia. 
7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou 
inadequada. 
8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-
se, ou indecisão. 
9. Pensamentos de morte recorrentes (não apenas 
medo de morrer), ideação suicida recorrente sem 
um plano específico, tentativa de suicídio ou plano 
específico para cometer suicídio. 
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento social 
ou ocupacional ou em outras áreas importantes da 
vida do indivíduo. 
C. Os sintomas não se devem aos efeitos 
fisiológicos diretos de uma substância (por ex.: 
droga de abuso ou medicamento) ou de uma 
condição médica geral (por ex.: hipotireoidismo). 
D. A ocorrência do episódio depressivo maior não 
é mais bem explicada por: transtorno 
esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno 
esquizofreniforme, transtorno delirante, outro 
transtorno do espectro da esquizofrenia e outro 
transtorno psicótico especificado, ou transtorno da 
esquizofrenia e outro transtorno psicótico não 
especificado. 
E. Nunca houve um episódio maníaco ou um 
episódio hipomaníaco. 
Episódio leve 
O diagnóstico de episódio depressivo leve requer a 
presença de pelo menos 2 dos seguintes sintomas: 
- humor deprimido; 
- perda de interesse e prazer; 
- e fatigabilidade aumentada; 
E mais dois dos outros sintomas descritos acima. 
Nenhum sintoma deve estar presente em um grau 
intenso, e o indivíduo pode ter alguma dificuldade 
em continuar com o trabalho do dia a dia. No 
entanto, os sintomas não o impedem de continuar 
 Natalia Quintino Dias 
 
fazendo suas atividades habituais. O paciente com 
episódio depressivo leve pode também apresentar 
sintomas somáticos. 
Episódio moderado 
Quando 2 dos 3 principais sintomas estiverem 
presentes. A diferença é que devem estar 
presentes três ou, preferencialmente, quatro dos 
outros sintomas. Vários dos sintomas estão 
presentes em um grau marcante e o paciente, 
geralmente, tem dificuldade em continuar com 
suas atividades habituais. Também pode 
apresentar sintomas somáticos. 
Episódio grave 
Em um episódio depressivo grave, o paciente 
usualmente apresenta angústia ou agitação 
consideráveis, a menos que retardo seja um 
aspecto importante. O suicídio é um perigo 
marcante nos casos particularmente graves. Todos 
os três sintomas principais devem estar presentes, 
e pelo menos quatro outros devem ser de 
intensidade grave. 
No episódio depressivo com sintomas psicóticos 
estão presentes delírios, alucinações ou estupor. 
Os delírios envolvem ideias de pecado, pobreza ou 
desastre iminentes, pelos quais o paciente pode 
assumir a responsabilidade. As alucinações 
geralmente são de vozes depreciativas. Existe um 
tipo de delírio em que o paciente acredita estar 
morto, ou que seus órgãos não estão mais 
funcionando: síndrome de Cotard. 
Como ocorre de acordo com o estado do humor do 
paciente, denomina-se sintomas congruentes com 
o humor. 
Todos os sintomas devem estar presentes há, pelo 
menos, duas semanas, a não ser que o quadro seja 
grave. 
Um episódio depressivo não tratado costuma durar 
de seis a doze meses. 
Tratamento 
Deve ser dirigido para vários objetivos: garantir a 
segurança do paciente, avaliação diagnóstica 
completa e plano terapêutico que aborde não 
apenas os sintomas imediatos, mas também o 
bem-estar futuro do paciente. O tratamento 
também deve procurar reduzir o número e a 
severidade dos estressores na vida do paciente, 
além da farmacoterapia e psicoterapia. 
Hospitalização: Nos casos de depressão grave, a 
internação pode ser indicada quando há um 
evidente risco de suicídio, quando falta ao paciente 
apoio psicossocial, quando há abuso de substância 
grave ou o paciente não coopera com o 
tratamento. 
Para depressão leve está indicado inicialmente só 
o tratamento psicoterápico. 
Se existe uma história familiar ou história anterior 
de resposta positiva a determinada droga, esta 
deve ser tentada em 1º lugar. Se não houver 
história prévia, deve-se utilizar como primeira 
escolha um Inibidor Seletivo da Recaptação da 
Serotonina (ISRS) e monitorar por 2- 3 semanas. A 
resposta geralmente aparece dentro de quatro 
semanas. Efeitos colaterais: Disfunção sexual 
(diminuição da libido e anorgasmia) e efeitos 
gastrointestinais, como náuseas e vômitos. 
Há 50% de recaídas com tratamentos inadequados, 
e a resistência, na maioria dos casos, deve-se ao 
uso de subdoses. 
Os principais efeitos colaterais dos tricíclicos são 
efeitos anticolinérgicos: tontura, sedação, boca 
seca, visão turva, constipação intestinal e esforço 
para urinar. Outros efeitos incluem ganho de peso, 
hipotensão ortostática e alterações na condução 
cardíaca. Nos pacientes com risco de suicídio, o uso 
de tricíclicos deve ser evitado, em função do 
potencial de intoxicação fatal quando há ingestão 
excessiva. 
Os efeitos colaterais são a principal variável 
relacionada à não adesão dos pacientes, portanto, 
deve-se estar atento ao perfil de efeitos 
indesejáveis. 
 Natalia Quintino Dias 
 
 
 
Após seis semanas, se o antidepressivo não tiver o 
efeito desejado, uma mudança de classe de 
antidepressivo e/ou potencialização da terapia 
podem ser experimentados. L-tri-iodotironina (T3), 
carbonato de lítio e L-triptofano podem ser 
utilizados para potencializar o efeito 
antidepressivo. 
O tratamento de manutenção com antidepressivos 
por pelo menos seis meses auxilia na prevenção de 
recaídas. O tratamento em longo prazo pode ser 
indicado em pacientes com transtorno depressivo 
recorrente, podendo ser feita associação com 
carbonato de lítio. 
A retirada do antidepressivo deve ser gradual, ao 
longo de uma a duas semanas, dependendoda 
meia-vida do composto. 
A Eletroconvulsoterapia (ECT) fica reservada aos 
casos de transtorno depressivo grave com 
sintomas psicóticos e refratário ao uso de 
antidepressivos.