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Júlia Assis Silva - Turma IV alfa AMEBÍASE Parasitologia CASO CLÍNICO ● Comprometimento do fígado, inicialmente infecta o intestino mas depois pode invadir o fígado primeiramente. ● Proteína C reativa:marcador de inflamação. ● Como tem comprometimento hepático, pode ser que não houvesse mais parasitos nas fezes, por isso usou dois métodos de diagnóstico: RIFI (pesquisa de anticorpos, não confirma presença do parasito apenas anticorpos, mas em áreas não endêmicas com sintomas é indicativo de infecção) e EPF. ● O fígado pode se regenerar a depender do tamanho do dano. CARACTERÍSTICAS ● Única ameba patogênica: Entamoeba hystolitica, as outras são comensais, não causam alterações no hospedeiro. A presença de outras amebas indica possível contaminação da água com fezes. ○ Causa a amebíase e os sintomas. ● Entamoeba dispar: igual a E. hystolitica, porém não tem fatores de virulência. ● Amebas de vida livre: presença de uma fase flagelada em seu ciclo vital. Ficam no solo, água ou em ambos. ○ Naegleria fowleri→ ameba comedora de cérebros, infecta o indivíduo pela mucosa nasal e pode se adaptar ao parasitismo e invadir o sistema nervoso, onde produz meningoencefalite. ● 1 ● Habita o intestino grosso do homem, e pode produzir colonização assintomática ou infecções invasivas graves com diarreia sanguinolenta e disseminação para outros órgãos. ● Em casos sintomáticos não temos dúvidas de que é E. hystolitica, mas em casos assintomáticos pode ser a E. dispar ou a E. hystolitica (ocorre a transmissão pelas fezes mesmo sem sintomas). ● No resultado do exame parasitológico de fezes a pessoa não consegue diferenciar se é a E. histolytica ou a E. dispar, então o resultado vem→ E. histolytica/E. dispar Diferença entre E. histolytica e E. dispar ● A E. hystolitica é invasiva e patogênica, enquanto a E. dispar é não invasiva e comensal. ● São morfologicamente idênticas, como diferenciar? ● Bioquímica: eletroforese de isoenzimas (zimodemas). ○ Separação por carga e tamanho de algumas enzimas presentes nas espécies. ● Imunológicas: presença de lectina de adesão inibível por Gal/GalNAC detectada por anticorpos monoclonais específicos. ● Genéticas: subunidade 18s de RNAr. ○ PCR. ● Epidemiológicas: não é tão utilizada pois pode haver sobreposição de espécies de ameba. ● 2 Diferença entre Entamoeba histolytica e Entamoeba coli ● Diferenciar por meio de cistos: quantidade de núcleos. ● A E. histolytica têm até 4 núcleos e tem a região de ectoplasma maior do que as outras espécies e a E. coli tem até 8. ● Diferenciar por meio de trofozoítos: verificar presença de hemácias dentro. ○ Apenas a E. histolytica é patogênica e ingere hemácias para usar o ferro. ○ No caso da E. dispar também não teriam hemácias, mas os cistos das duas são idênticos. ● Fezes formadas ou sólidas: quantidade de núcleos nos cistos. ● Fezes diarréicas: procurar hemácias no citoplasma. ● CARACTERÍSTICAS DO PARASITO ● Apresenta dois estágios: trofozoítos e cistos. 3 ● ● Se locomovem por pseudópodes e ingerem alimentos por fagocitose (hemácias, bactérias ou restos celulares) e por pinocitose. ● A multiplicação se dá através da divisão binária dos trofozoítos. ● Vetores mecânicos: baratas, moscas, etc. ● Se aderem à mucosa intestinal e podem formar membrana cística para formar cistos. ● Portadores assintomáticos disseminam cistos e infectam outras pessoas. ● Habitam o intestino grosso do homem. ● Trofozoítos ● Formas reprodutivas e não infectantes, sai nas fezes diarréicas. Causam sintomas. ○ Reprodução através da divisão binária. ● Diferente dos outros trofozoítos não tem formato de pêra, pois tem movimentos amebóides, devido aos pseudópodes para fagocitar bactérias e hemácias. 4 ● Contém hemácias dentro do seu citoplasma e apenas 1 núcleo. ○ Hemácias são fagocitadas para retirar o ferro. ● Possuem pseudópodes: usados para movimentação e alimentação. ○ Apresenta movimento amebóide. ○ Alimentação por fagocitose (hemácias, bactérias ou restos celulares) e por pinocitose. ● Vacúolos: produção e armazenamento de grande quantidade de enzimas para fagocitose e destruição. ● Vivem na luz do intestino grosso e podem penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do organismo, como fígado, pulmão, rim e mais raramente, no cérebro. ○ Caso não penetrem na mucosa viram cistos e são liberados nas fezes. ● Cistos ● Formas infectantes e altamente resistentes. ● São esféricos e tem uma parede rígida (cística) formada de quitina e glicoproteínas. Camada de proteção para auxiliar na sobrevivência no ambiente. ● Possuem de 1 a 4 núcleos. Quando tem mais de 4 núcleos é outra espécie. 5 ● Estão presentes em fezes formadas ou sólidas. ● Pré-cisto: fase intermediária do trofozoíto e cisto→ quando o trofozoíto está para virar um cisto. ● Metacisto: forma multinucleada, sofre divisões no intestino delgado, dando origem aos trofozoítos. ● ● Presentes em: água sem tratamento contaminada com dejetos humanos, alimentos contaminados (verduras cruas e frutas), alimentos contaminados pelos vetores mecânicos contato direto pessoa a pessoa pela falta de higiene. ○ Animais de estimação também podem ter cistos nas patas e pelos. CICLO DO PARASITO ● É monoxênico, apenas uma espécie, não tem vetor biológico. ● Infecção por ingestão de cistosmaduros em água ou alimentos contaminados. ● O desencistamento ocorre no intestino delgado ou no intestino grosso, devido ao estímulo do pH. ○ Temperatura adequada e meio anaeróbio. ● De cada cisto tetranucleado surgem 8 amebas com um núcleo, formametacística. Vão se multiplicar. ● Da forma metacística surgem os trofozoítos. Estes, por sua vez, colonizam o intestino grosso. ● Os trofozoítos fagocitam bactérias e outras partículas e podem se multiplicar indefinidamente na luz do intestino grosso. ● Normalmente ficam aderidos à mucosa do intestino. ● Depois de um tempo, algumas formas trofozoíticas do bolo fecal reduzem sua atividade, deixam de emitir pseudópodes, fagocitar e formar vacúolos digestivos, diminuem de tamanho e viram a forma pré-cística. ● Ao em torno da forma pré-cística surgem uma parede cística, o núcleo se divide 2 vezes para formar os cistos típicos com 4 núcleos. 6 ● Ciclo patogênico ● Em alguns casos a E. histolytica apresenta capacidade invasiva da mucosa intestinal, penetra nos tecidos e coloniza. ● Esse parasito começa o ciclo patogênico, onde se alimenta de hemácias, de células ou de fragmentos celulares. ● Multiplica-se nos tecidos por divisão binária, mas sem produzir cistos. ● Ocorre na parede intestinal, fígado ou outros órgãos. ● O ciclo não-patogênico, que ocorre na luz do intestino grosso, e o patogênico podem ocorrer simultaneamente. ● A sobrevivência do parasito depende das amebas que permaneceram na luz intestinal, que são as únicas que produzem cistos. PATOGENIA ● Ciclo patogênico. ● O paciente pode ser assintomático ou sintomático a depender do estado imunológico do hospedeiro. 7 ● ● O desfecho da história natural da doença depende da resposta imune do hospedeiro. ○ Resposta imune inata boa→ pode haver cura. ● A patogenia ocorre quando o trofozoíto invade os tecidos, podendo causar amebíase extra intestinal. ● Lectinas: efeito letal sobre a célula do hospedeiro, necessitando que haja adesão. ● Proteases e movimentos amebóides: destruição dos tecidos. ● Após a destruição, os trofozoítos se multiplicam e prosseguem penetrando nos tecidos sob a forma de ulcerações, que variam em tamanho e forma. ○ Como ocorre essa úlcera? Parasito adere usando as lectinas e depois usa proteases para destruição dos tecidos. 8 ● ● Ameboma: “massa” com intensa inflamação. ● As amebas podem penetrar nos vasos sanguíneos e se disseminar, o principal órgão com acometimento extra intestinal é o fígado, formando abscessos. ○ Mas os trofozoítos podem migrar para rim, pulmão e até cérebro. ● Dentro dos sintomáticos espera-se que a maior quantidade de casos seja forma intestinal. ○ Forma assintomática: 90%dos casos. ○ Forma sintomática: 10% dos casos. ■ Na forma sintomática, a amebíase intestinal ou extra-intestinal. ● Causa de morte: choque hipovolêmico, desidratação. Crianças e idosos. ○ Vômitos e diarreia em excesso também causam choque hipovolêmico. Amebíase intestinal ● Colites não disentéricas: 2 a 4 evacuações por dia com fezes moles ou pastosas, desconforto abdominal e cólicas. Menor número de evacuações. ● Colites disentéricas: de 8 a 10 evacuações por dia com cólicas intestinais e diarreia com evacuações mucosanguinolentas, febre e dor abdominal. ○ Quantidade maior de trofozoítos, sistema imune mais debilitado, mais chance de amebíase extra-intestinal. ● Complicações: perfurações e peritonite, hemorragia, colites pós disentéricas, apendicite e ameboma. ● Diferença: número de evacuações, muco, sangue e febre (que é inespecífica). Amebíase extra-intestinal 9 ● Amebíase hepática, amebíase cutânea, amebíase renal, dentre outras. ● A amebíase hepática é a forma mais invasiva e com maior número de mortes. ○ Sintomas: dor, febre, hepatomegalia, desequilíbrio das enzimas hepáticas, perda de peso e fraqueza. ● Porque o fígado é o principal órgão a ser atingido? Proximidade da região do trato gastrointestinal com a circulação porta hepática, que transporta nutrientes para o fígado. ● Uma mesma pessoa pode ter a forma intestinal e a extra ao mesmo tempo. ● Pode haver problemas de coagulação? Sim, já que os fatores de coagulação são feitos no fígado. DIAGNÓSTICO Clínico ● Não é sempre possível e pode ser errôneo devido a superposição de sintomas com outras doenças intestinais. ● Abscesso hepático: exames de imagem, como raios X, cintilografia, ultrassonografia e tomografia computadorizada para verificar a localização, o número e a evolução do abscesso. Laboratorial ● Identificação de trofozoítos ou cistos, por meio do exame parasitológico de fezes. ○ Ver o parasito diretamente nas fezes. Padrão ouro. ○ Coleta a amostra de fezes, faz a fixação e coloração e olha no microscópio. ● Fezes formadas: cistos. ● Fezes diarreicas: trofozoítos, importante usar conservador como formol ● Indivíduos parasitados não eliminam cistos de forma contínua e sim de forma intermitente, pode ser que dia elimine e dia não. Espaço para falso negativo. ● Coletar mais de uma amostra, 3 amostras de fezes em dias alternados ou em dias seguidos. Imunológicos ● Também são métodos laboratoriais. ● ELISA e RIFI: são imunoensaios pois avaliam a ligação antígeno anticorpo. ● Se eu procurar na amostra do paciente o antígeno no teste tem que ter anticorpos, se eu procuro na amostra o anticorpo no teste tem que ter antígeno. 10 ● Tem o teste rápido imunocromatográfico. ● Esses testes não são bons para pacientes de áreas endêmicas pois ele pode ter entrado em contato com os antígenos da amebíase antes e ter desenvolvido anticorpos. ● Imunoensaios: podem causar reação cruzada com outras doenças. ● Porém, para pacientes de áreas não endêmicas pode ser feito, pois não tem vacina ainda, a presença de IgM indicaria contato recente. ○ OBS: na COVID agora pedimos o antígeno nos testes imunológicos, pois todos estamos vacinados e temos anticorpos – IgG positivo. ○ Porém, mesmo em áreas não endêmicas o EPF ainda é melhor. Molecular ● Ensaios de reação em cadeia da polimerase (PCR) e de sondas de DNA para detecção de cepas patogênicas de E. histolytica (versus E.dispar ou E.moshkovskii não patogênicas). ● A sensibilidade e especificidade do EPF é maior. PREVENÇÃO ● Higiene pessoal. ● Proteção de alimentos para prevenir contra vetores mecânicos. ● Tratamento, com cloro (apesar do cisto ser resistente) ou fervura da água. ● Cuidados aos animais domésticos que podem carregar cistos nos pelos e patas, podendo ser vetores mecânicos. ● Detecção e tratamento precoce dos doentes, pois pacientes assintomáticos são formas constantes de infecção e eliminação de cistos. TRATAMENTO ● Amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal. ● Amebicidas tissulares: amebíase extra-intestinal. ● Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal como nos tecidos. ● Em cada caso será utilizado uma medicação diferente. ● inflamações intestinais causam intolerância a lactose 11