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Júlia Assis Silva - Turma IV alfa TENÍASE E CISTICERCOSE Parasitologia CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS ● Complexo, o agente etiológico é a Taenia spp. ● O complexo teníase/cisticercose é causado pela mesma espécie de cestódeo, em fases diferentes do seu ciclo de vida. ● A cisticercose é causada pela forma larvária presente nos tecidos de suínos e a teníase é causada pela forma adulta no intestino delgado do hospedeiro. ● O suíno doméstico ou javali é o hospedeiro intermediário da T. solium e o bovino é o hospedeiro intermediário da T. saginata, por apresentarem a forma larvária (Cysticercus cellulosae e C. bovis respectivamente) nos seus tecidos. PARASITO ● São vermes achatados (planos ou em fita). ● São hermafroditas. ● Não possuem trato digestivo interno. Usam o tegumento recoberto de microtríquias para absorverem nutrientes (quanto maior for mais nutrientes retira do hospedeiro). ● Os quadros patológicos mais graves são causados pelas larvas (cisticercos, hidátides). Corpo ou estróbilo ● Anterior: presença do escólex, órgão de fixação à mucosa. Tem 4 ventosas formadas por tecido muscular, arredondadas e proeminentes. Também chamado de cabeça, porção mais fina do parasito. ● ⇒ Só considera que a pessoa foi curada quando sai a cabeça pelas fezes ou cirurgicamente. ● Posterior: presença do pescoço ou colo, abaixo do escólex. Não tem segmentação mas produz proglotes jovens (zona de crescimento ou de formação de proglotes) para atividade reprodutora. ● Segmentos: proglotes, divididas em imaturas, maduras e grávidas. Cada segmento 1 tem órgãos masculino e feminino e na região posterior tem segmentos com ovos. ● ⇒ Essa porção posterior com ovos vai aparecer nas fezes. Quanto mais distante a proglote mais madura ela está e mais chance de estar grávida. ● ⇒ Quanto mais tempo de infecção maior a Taenia, pois ela cresce pelos segmentos. ● ⇒ Elas podem se autofecundar ou fecundar as proglotes próximas. ● ⇒ Proglotes jovens:mais curtas do que largas e os órgãos genitais masculinos se desenvolvem primeiro. ● ⇒ Proglotes maduras: tem órgãos tanto femininos quanto masculinos. ● ⇒ Proglotes grávidas: a do T. solium é quadrangular e tem útero formado por 12 pares de ramificações dendríticas com 80 mil ovos e a do T. saginata é retangular e possui útero com 26 pares de dicotômicas com 160 mil ovos. ● ● Esses parasitos induzem resposta imune do próprio hospedeiro contra Taenia da mesma espécie, por isso a pessoa tem apenas um parasito da mesma espécie, mas pode ter mais de espécies diferentes pois não tem imunidade cruzada. Diferenciação das espécies 2 ● ● Tem como diferenciar as duas espécies de Taenia olhando a proglote e a cabeça. ● ● A T. solium tem uma coroa de espinhos, também chamada de coroa de acúleos, na cabeça, enquanto a T. saginata não. É globoso. ● ⇒ Essa coroa auxilia na fixação no intestino e ajuda a penetração quando o ovo passa pelo estômago e perde sua casca. ● ⇒ É por isso que apenas T. solium causa cisticercose, pois quando os ovos são ingeridos da carne crua ou mal passada e passam pelo estômago eles perdem a casca e a larva consegue penetrar no tecido. ● ⇒ Quando tem acúleo ocorre também a presença do rostro ou rostela. ● ⇒ Na T. solium as ramificações uterinas são do tipo dendrítico e pouco numerosas, pois se ramificam várias vezes, galhos mais grossos e numerosos, vê todos juntos. Saem passivamente com as fezes. ● ⇒ O seu cisticerco, Cysticercus cellulosae sobrevive vários anos e talvez toda a vida. 3 ● T. saginata é maior que T. solium e tem ramificações uterinas de tipo dicotômico. O que quer dizer que tem proglotes maiores e maior quantidade de ramificações. ● ⇒ Dicotômica: do centro para a beirada se divide em duas, fica mais separado pois ela é maior. Muito numerosas. ● ⇒ Suas proglotes saem ativamente no intervalo entre as defecações e podem sair pela boca em caso de refluxo. ● ⇒ Não possui rostelo e nem acúleo. É quadrangular. ● ● ● Os cisticercos apresentam as mesmas características que os vermes adultos. ● As semelhanças são que ambas tem 4 ventosas e podem viver até 25 ou 30 anos. Ovos ● São esféricos e tem 30 mm de diâmetro. ● Possuem oncosfera ou embrião hexacanto com 3 pares de acúleos e dupla 4 membrana. ● Presença de embrióforo (casca protetora), formado por blocos piramidais de quitina unidos entre si por uma substância que confere resistência no ambiente. ● São idênticos entre as duas espécies. ● TENÍASE OU SOLITÁRIA ● O ciclo se fecha, homens são os hospedeiros definitivos da forma adulta. É chamada de solitária pois tem um verme adulto único no intestino (é hermafrodita tem os dois sexos). ● Transmissão: ingestão de carne crua ou mal passada, contendo a larva que é o cisticerco. ● Tanto temperaturas quentes quanto congelamento matam o cisticerco. ● Os sintomas são intestinais e mais leves e causados pela presença do verme adulto no intestino delgado. Ciclo do parasito ● A proglote é eliminada nas fezes, e no solo libera os ovos que são ingeridos pelos animais. ● ⇒ Podem estar contaminando a água ou os vegetais. ● No estômago ocorre a ação da pepsina que rompe a camada de quitina dos embrióforos. ● No intestino delgado há ação dos sais biliares que auxiliam na liberação e ativação das oncosferas do embrióforo. ● As oncosferas ativadas movimentam-se no sentido das vilosidades e aí penetram com auxílio do acúleo. ● Desenvolvem-se para cisticerco em qualquer tecido mole (pele, músculos 5 esquelético e cardíacos, olhos e cérebro). Tem preferência por músculos de maior movimentação e com O2 (masseter, língua, coração e cérebro). ● No interior dos tecidos perdem os acúleos e cada oncosfera se transforma em um cisticerco. ● Essa parte do ciclo ocorre nos animais quando ingerem ovos de T. solium e T. saginata e nos homens quando ingerem os ovos de Taenia solium. ● Após a ingestão de carne crua, o cisticerco sofre ação do suco gástrico, invagina-se e fixa-se na mucosa do ID, através do escólex onde se transforma em tênia adulta. ● Três meses depois da infecção inicia-se a eliminação de proglotes grávidas. Quadro clínico ● Fenômenos toxênicos (longo período de permanência e liberação de substâncias excretadas), agressão direta. ● Dores abdominais, diarreia, perda de peso, tonturas e náuseas. ● T. saginata: perturbações gastrointestinais, dores abdominais e perda de peso. E eosinofilia em crianças. ● T. solium: quase sempre assintomático e quando presente assemelha-se à T. saginata. Diagnóstico ● Clínico: não é específico. ● Na teníase faz o exame parasitológico das fezes para identificação do parasito, por meio dos ovos ou da saída de proglotes. ● Tamização: técnica em que peneira as fezes e analisa a proglote para definir a espécie da Taenia. Sua vantagem é a identificação da espécie. ● ⇒ Caso seja identificado que é T. solium procurar cisticerco nos tecidos. ● HPJ: usada para encontrar ovos nas fezes, na tamização não consegue pois eles são microscópicos enquanto a proglote é macroscópica. ● Fita gomada: é pouco útil, mas pode ser utilizada em infecções com T. saginata pois as proglotes saem ativamente. ● Exame sorológico: não é padrão ouro pois pode ocorrer falso positivo com outras parasitoses. ● Os exames devem ser feitos apenas depois de 3 meses pra dar tempo da proglote engravidar. Profilaxia ● Controlar o preparo da carne, evitar consumir carne crua ou mal passada. 6 ● Impedir o acesso dos bovinos e suínos às fezes humanas e melhorar suas condições de criação. ● Tratar os doentes. CISTICERCOSE ● O ciclo não fecha, somos os hospedeiros intermediários e acidentários. ● Transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados com dejetos humanos que contenham o ovo da T. solium. ● Ocorre quando o homem se comporta como o animal e ingere o ovo da T. solium. ● Pode ser heteroinfecção, com a ingestão do ovo de outra pessoa, ou ingestão do próprio ovo pela autoinfecção. ● Esse ovo eclode e dá origem ao cisticerco, que é a larva. O Cysticercus cellulosae é o responsável pelossintomas. ● Nessa doença os sintomas são mais graves e dependem do local onde a larva está, pois o cisticerco pode ir para o sistema nervoso, sistema ocular, pele e músculo. ● O T. saginata não consegue causar cisticercose pois não tem a presença dos acúleos para penetração da larva. Sintomas ● A neurocisticercose é a patologia resultante da infestação do sistema nervoso central pela forma larvária da Taenia solium, denominada Cysticercus cellulosae, popularmente conhecido como “canjiquinha”, “pipoquinha”, “ladrária” ou “sapinho”. ● O homem é o hospedeiro definitivo e obrigatório do verme adulto, cujos ovos maduros e férteis encontram no suíno condições naturais favoráveis para o desenvolvimento da fase intermediária do seu ciclo. ● Dependem da migração da larva. ● Músculos, tecidos subcutâneos, olhos, cérebro. ● Cérebro: epilepsia, perda das funções cognitivas, desordem mental do tipo delírio, prostração alucinação e hipertensão intracraniana e morte. ● Olhos: Descolamento da retina ou perfuração atinge o humor vítreo. ● Muscular ou subcutânea: pouca alteração com reação local. ● Uma vez que os cisticercos alojam-se nos tecidos do hospedeiro, especialmente no SNC, o papel do sistema imune deste é de reconhecê-los como agentes estranhos e de desenvolver uma reação inflamatória que combata adequadamente a infecção. ● Mecanismos de escape: variação antigênica, imunidade concomitante e 7 mimetismo molecular (a incorporação de antígenos do hospedeiro à membrana celular dos parasitos). Identificação do cisticerco ● Os cisticercos são vesículas arredondadas de tamanho variável, repletas de líquido, constituídas por uma camada externa (Membrana vesicular), e uma porção interna chamada escólex. ● O escólex apresenta uma estrutura semelhante a da Taenia solium→ cabeça composta por 4 ventosas e uma coroa de ganchos, um colo estreito e um corpo rudimentar (estróbilo) que inclui o denominado canal espiral. ● Existe outra forma microscópica de cisticercos composta por numerosas membranas vesiculares aderidas entre si, com tendências a agrupamento em forma de cacho. ● Observa os cisticercos nos parasitos localizados nos espaços subaracnóide, especialmente ao nível de cisternas basais. ● Localizações mais frequentes: Leptomeninge e Córtex (substância cinzenta); no cérebro e medula espinhal são mais raros. ● Nos casos de elevada hipertensão craniana a visão pode ser afetada Etapas do cisticerco no SNC ● 1° etapa vesicular: a membrana é delgada e transparente, o líquido é claro e o escólex invaginado tem aspecto normal. Os cisticercos podem permanecer indefinidamente neste estágio evolutivo, ou entrar como resultado da reação imune do hospedeiro, em um processo degenerativo que pode culminar com sua completa destruição. ● 2° etapa coloidal: quando o líquido vesicular torna-se turvo e o escólex mostra sinais de degeneração hialina. ● 3° etapa granular nodular: a parede torna-se espessa e o escólex transforma-se em estrutura mineralizada de aspecto granular (Neste estágio os parasitos já não estão mais viáveis). ● 4° etapa nodular calcificada: todo o parasito torna-se um nódulo calcificado e inerte. ● Quanto mais cedo tratar, maior a chance de reverter as lesões. Diagnóstico ● Não usa EPF pois não tem verme adulto no tecido, então não tem produção de proglotes. É feito por exames de imagem, exames sorológicos (imunoensaios) e 8 biópsia de tecido, o que foi retirado. ● O exame de imagem apenas indica a lesão característica mas só confirma o resultado quando retira e vê a presença dos escólex, o que diferencia a doença com a neurotoxoplasmose. ● Nesse caso, a tomografia é melhor pois no raio X o cisticerco aparece apenas se estiver calcificado. Profilaxia e tratamento ● Tratar doentes com teníase, pois tem mais chance de ter cisticercose pela autoinfecção com os ovos. ● A presença do parasito induz a inflamação, usa fármaco para matar o parasito e outro para controlar a inflamação. 9
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