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A Era de Getúlio Vargas no Poder 9 Ano

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A ERA DE GETÚLIO VARGAS NO PODER
Política do Café com Leite
Voto do cabresto
Revolução de 1930
Ao assumir o governo, Getúlio Vargas dissolveu o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais.
Criou o Conselho Nacional do Café, buscando equilibrar a oferta e a procura, afetadas pelas políticas de valorização do preço internacional do café e pela crise de 1929, que gerou uma recessão econômica mundial. 
A solução imediata foi a compra e destruição de milhares de toneladas de café, além da produção de novas plantações e o incentivo à policultura, para que o país saísse da dependência econômica de um único produto.
Revolução Constitucionalista de 1932
Durante a República oligárquica (1889-1930), o estado de São Paulo dominou o cenário político e econômico brasileiro, manipulando os resultados das eleições por meio do voto do cabresto, impondo a hegemonia da política “café com leite”sobre as demais oligarquias.
Após a Revolução de 1930, novos setores assumiram o controle, e São Paulo não aceitou ser relegado a um plano secundário nacional, iniciando um movimento antigetulista.
Os paulistas protestaram contra a nomeação de um interventor militar e pernambucano e exigiram um governador civil e paulista e a imediata reconstitucionalização do país.
Getúlio cedeu a pressão e nomeou um novo governador, e prometeu eleições para maio de 1933.
Enquanto isso, São Paulo articulava apoio de outros estados contra Getúlio como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso.
No dia 23 de maio de 1932, manifestantes na Praça da República, em São Paulo, invadiram a sede da Legião Revolucionária, organização tenentista de inspiração fascista, dirigida pelo general Miguel Costa. Foram recebidos à bala e, na confusão, os paulistas Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo foram mortos. Esses quatro jovens se tornaram o símbolo da resistência paulista, dando origem ao movimento MMDC.
MMDC
Revoltados com o fato, os paulistas marcaram a revolução para 14 de julho.
Imediatamente, o governo tomou medidas: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso recuaram.
Uma intensa campanha feita pelos paulistas para atrair voluntários foi realizada. Os jornais paulistas aderiram à causa e chamavam a população à luta contra as tropas federais.
Em 9 de julho de 1932, iniciou-se a Revolução Constitucionalista. O apoio surgiu de todas as partes: de universitários, de mulheres que se organizaram em enfermarias, refeitórios e oficinas de costura, professores da Escola Politécnica (USP- Poli) estavam a serviço da revolução, artistas e intelectuais como Anita Malfatti e Monteiro Lobato disponibilizaram pincéis e canetas, quadros, panfletos, artigos e poemas, saudando São Paulo e os revolucionários.
As tropas federais com poder bélico superior e contando com mais soldados, ocupavam cidade por cidade.
Após três meses, São Paulo foi derrotado.
Isto custou a perda da hegemonia política, exigindo uma resposta da elite paulista.
Em janeiro de 1934, Armando de Salles Oliveira criou a Universidade de São Paulo, a USP. 
Era uma forma de a elite paulista vingar a derrota militar, reafirmando a grandeza de São Paulo.
Funcionando em casarões doados por famílias tradicionais, a USP tornou-se um centro de excelência universitária contratando professores renomados no exterior.
Assim, São Paulo tornou-se o polo formador da elite dominante no aspecto cultural e político da nação.
Constituição de 1934
Foi promulgada em julho de 1934, estabelecendo:
A República Federativa;
A tripartição de poderes;
O voto secreto e feminino;
A jornada de trabalho de oito horas;
O descanso semanal;
Férias remuneradas;
A proibição do trabalho a menores de 14 anos.
Getulio Vargas foi escolhido presidente pela Assembléia.
Governo Constitucional (1934-1937)
O período 1934-1937 foi extremamente conturbado por combates ideológicos que refletiam a conjuntura política mundial. Nas décadas de 1920 e 1930, o mundo se dividira entre direita e esquerda. Inspirados por Mussolini, na Itália, Hitler, na Alemanha, Franco, na Espanha, e Salazar, em Portugal, grupos nazifascistas surgiram em vários outros lugares do mundo em contraposição aos socialistas e comunistas, que se inspiravam na Revolução Bolchevique de 1917.
Enquanto os nazifascistas se apoiavam na burguesia, os socialistas, comunistas e anarquistas apoiavam-se na classe trabalhadora.
No Brasil, o fascismo foi introduzido por Plínio Salgado, que, em 1932, lançou o Manifesto de Outubro, tornando pública a organização política inspirada no fascismo italiano: a Ação Integralista Brasileira.
Os membros do partido saudavam-se com o brado Anauê, palavra indígena para designar cumprimento, com o braço estendido e a mão espalmada, imitando a saudação nazista ao fuhrer.
Ainda imitando os camisas-negras fascistas e os camisas-pardas nazistas, os integralistas usavam camisa verde e logo foram apelidados de “galinhas verdes” pelo povo.
Pregavam um governo autoritário apoiado por um partido único, o controle da imprensa e das escolas, eram antiliberais e anticomunistas. 
Sob a liderança de Luís Carlos Prestes, os comunistas, democratas e liberais criaram a Aliança Nacional Libertadora, que contou com 1500 núcleos e conseguiu quase 100 mil simpatizantes.
Seus integrantes pretendiam a nacionalização das empresas, o não pagamento da dívida externa e a reforma agrária.
A Intentona Comunista
Em junho de 1935, o governo decretou a ilegalidade da ANL, e os comunistas passaram à ação revolucionária, promovendo a ocupação de quartéis em Pernambuco, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte.
A repressão foi imediata e violenta. Foram feitas prisões de sindicalistas, operários, intelectuais, políticos, estudantes e jornalistas, acusados de subversão à ordem política e social.
Luís Carlos Prestes, o líder da Intentona Comunista, foi preso e tão barbaramente torturado que seu advogado, Sobral Pinto, chegou a invocar a Lei de Proteção aos Animais em favor de seu cliente.
Golpe de Estado (1937)
Em 1938, terminaria o mandato de Getúlio Vargas. Entre os candidatos à presidência, Plínio Salgado era o mais exaltado. 
Em setembro de 1937, um documento “comunista” contendo planos para levar o país ao caos com greves e assassinatos de vários líderes políticos vazou para os principais jornais da capital. O objetivo era tomar o poder, com apoio da URSS. 
Tratava-se do famoso Plano Cohen que foi forjado pelos integralistas e entregue ao general Góis Monteiro, o autor da descoberta. O governo então alarmou a nação sobre o “perigo vermelho”, embora quase todos os comunistas e simpatizantes já estivessem presos e sendo torturados.
Getúlio então, em 10 de novembro de 1937 deu um golpe de Estado. Fechou o Congresso Nacional, outorgou uma nova Constituição (Polaca), dissolveu os partidos políticos.
O Estado Novo
Vargas assumiu poderes para prender, julgar e condenar sumariamente pessoas denunciadas como comunistas, anarquistas, enfim, qualquer oposição era considerada subversão e portanto uma ameaça nacional.
Os estados brasileiros perderam sua autonomia e as bandeiras estaduais foram queimadas em ato público.
A Ação Integralista Brasileira que apoiou o golpe de 1937 também foi fechada.
Como reação, em maio de 1938, os integralistas tentaram um golpe ao invadir a residência oficial do presidente. Getúlio, sua filha Alzira e a Guarda se defenderam com armas em punho. Vários integralistas foram presos e Plínio Salgado foi exilado do país, refugiando-se em Portugal.
Criou-se o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável pela divulgação dos atos do governo e pela censura. 
A divulgação e a propaganda das realizações do governo eram feitas por meio de músicas, cartilhas escolares, folhetos e festas cívicas. O radio foi amplamente utilizado como instrumento político oficial., com a criação da Hora do Brasil,a atual A voz do Brasil.
Enquanto isso, a repressão policial e política se fortalecera. A Polícia Especial, chefiada pelo ex-tenente Filinto Muller, que passou por um estágio na Gestapo, atualizou-se no campo de tortura em prisioneiros.
Filinto Muller
Getúlio Vargas: o “pai dos pobres”
Em 1931, Getúlio criou o Ministério do Trabalho e promulgou várias leis, regulamentando as relações entre patrões e empregados.
Incentivou e controlou sindicatos.
Em 1943, Getúlio lançou a Consolidação das Leis Trabalhistas, CLT, inspirada na Carta do Trabalho de Mussolini, garantindo uma série de direitos aos trabalhadores, entre eles, o salário mínimo.
Seu objetivo era garantir o apoio político das massas urbanas ao seu governo.
Getúlio Vargas e a industrialização
Foram construídas hidrelétricas, rodovias, ferrovias e uma usina siderúrgica. 
Em 1940, Getúlio conseguiu empréstimos dos EUA para a construção, em Volta Redonda, da Companhia Siderúrgica Nacional. Em 1942 foi fundada a Companhia Vale do Rio Doce para garantir o fornecimento de ferro à CSN. Em 1943 criou a Companhia Nacional de Álcalis e a Fábrica Nacional de Motores e, em 1945, a Companhia Hidrelétrica de São Francisco.
A crise e o fim do Estado Novo
Em 1939, iniciou a Segunda Guerra Mundial. Nesse momento, o Brasil, apesar da simpatia pelos regimes nazifascistas, permaneceu neutro.
Aos poucos, o governo passou a pender para o lado dos Aliados, graças aos EUA, que passaram a conceder empréstimos a juros baixos. Além disso, o presidente Roosevelt visitou Getúlio Vargas, formulando o convite para que o Brasil fosse um dos membros fundadores da Organização das Nações Unidas.
Em janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo, e, em agosto, após o afundamento de navios mercantes no litoral brasileiro, declarou-lhes guerra.
Em 1944, o Brasil enviou tropas para a Itália com membros da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e da Força Aérea Brasileira (FAB).
Força Expedicionária Brasileira
A participação brasileira gerou uma contradição entre o governo ditatorial e a luta pela democracia do lado dos Aliados. Esta contradição favoreceu o fortalecimento da oposição, que passou a exigir a redemocratização do país.
À medida que as notícias sobre as vitórias dos Aliados chegavam ao Brasil, os movimentos de oposição cresciam, exigindo a democracia também no Brasil.
Getúlio então, anunciou em um grande comício, em 1º de maio de 1945, que sua missão estava cumprida e que iria patrocinar a redemocratização do país.
As eleições foram marcadas para o dia 2 de dezembro de 1945. Imediatamente, vários partidos políticos se organizaram como a União Democrática Nacional (UDN), o Partido Social Democrata (PSD), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Social Progressista (PSP).
Foi concedida anistia aos presos políticos e restaurada a liberdade de imprensa.
Os partidários de Getúlio lançaram uma campanha favorável a redemocratização do país, liderada por Getúlio, cujo lema era “Queremos Getúlio”. Esse movimento ficou conhecido como queremismo.
As lideranças políticas e militares esperavam um pretexto para derrubar Getúlio. Este surgiu em 28 de outubro de 1945, com a nomeação de Benjamim Vargas, irmão de Getúlio, e de João Alberto para os cargos de chefe de Polícia e prefeito do Rio de Janeiro.
Com isso, os militares ameaçaram bombardear o Palácio da Guanabara, e Getúlio Vargas renunciou ao cargo.

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