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REVISÃO PSICODIAGNÓSTICO Professora Liana Ximenes Psicodiagnóstico • Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica, feita com propósitos clínicos e, portanto, não abrange todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais. • É um processo que visa a identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico, com um foco na existência ou não de psicopatologia. • O psicodiagnóstico é um estudo profundo da personalidade do ponto de vista clínico. Psicodiagnóstico x Avaliação Psicológica • Psicodiagnóstico - o conceito de avaliação psicológica é muito amplo, englobando em si o psicodiagnóstico. Este seria uma avaliação psicológica de finalidade clínica, e não abarcaria todos os modelos possíveis de avaliação psicológica. • Avaliação Psicológica - avaliação psicológica envolve a integração de informações oriundas de fontes diversas, bem como testes psicológicos, entrevistas, observações, análise de documentos. Avaliação Psicológica • Avaliação Psicológica é definida como um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas. Avaliação psicológica • Na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear sua decisão, obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional da psicóloga e do psicólogo (fontes fundamentais de informação), podendo, a depender do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de informação). Uso de testes • A testagem psicológica não deve ser sinônimo de avaliação psicológica, mas uma etapa do processo. • Teste psicológico é um instrumento que avalia (mede ou faz uma estimativa) construtos que não podem ser observados diretamente e uma Avaliação Psicológica não seria realizada apenas com testes, mas envolveria outras técnicas a partir da demanda do caso. Fontes fundamentais de informação a) Testes psicológicos aprovados pelo CFP para uso profissional da psicóloga e do psicólogo e/ou; b) Entrevistas psicológicas, anamnese e/ou; c) Protocolos ou registros de observação de comportamentos obtidos individualmente ou por meio de processo grupal e/ou técnicas de grupo. Fontes complementares de informação • a) Técnicas e instrumentos não psicológicos que possuam respaldo da literatura científica da área e que respeitem o Código de Ética e as garantias da legislação da profissão; • b) Documentos técnicos, tais como protocolos ou relatórios de equipes multiprofissionais. Satepsi e ética • Será considerada falta ética, conforme disposto na alínea c do Art. 1º e na alínea f do Art. 2º do Código de Ética Profissional da psicóloga e do psicólogo, a utilização de testes psicológicos com parecer desfavorável ou que constem na lista de Testes Psicológicos Não Avaliados no site do SATEPSI, salvo para os casos de pesquisa na forma da legislação vigente e de ensino com objetivo formativo e histórico na Psicologia. Psicodiagnóstico • Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso. (CUNHA, 2007) Psicodiagnóstico • O psicodiagnóstico é o momento da atividade clínica que o profissional busca uma compreensão sobre o paciente e a questão que ele pode estar lhe apresentando. • Vai além da queixa e do sintoma, buscando a compreensão daquilo que se observa no encontro com o paciente, relacionando-o com o desenvolvimento e no momento de vida do sujeito. (SILVA, 2006) Visão tradicional • Um psicodiagnóstico do tipo mais tradicional seria aquele realizado apenas adotando uma atitude que compara evidências de comportamentos com descrições nosológicas. • Esse modelo é coordenado pelo estatuto da doença, sendo a atitude do profissional como a de um detetive diante do crime. • É uma atitude classificatória embasada em padrões absolutos, impessoais e biológicos na qual todo o paciente é estigmatizado e o seu discurso desqualificado. (SILVA, 2006) Fases do Psicodiagnóstico • a) levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das hipóteses iniciais e dos objetivos do exame; • b) planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico; • c) levantamento quantitativo e qualitativo dos dados; • d) integração de dados e informações e formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de referência as hipóteses iniciais e os objetivos do exame; • e) comunicação de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do processo. Finalidades do Psicodiagnóstico • 1) Diagnóstico. A principal finalidade de um estudo psicodiagnóstico é a de estabelecer um diagnóstico. E cabe esclarecer que isto não equivale a "colocar um rótulo” mas a explicar o que ocorre além do que o paciente pode descrever conscientemente. • 2) Avaliação do tratamento. Outra forma de utilizar o psicodiagnóstico é como meio para avaliar o andamento do tratamento. • 3) Como meio de comunicação. Existem pacientes com dificuldades para conversar espontaneamente sobre sua vida e seus problemas. (ARZENO, 1995) Finalidades do Psicodiagnóstico (continuação) • 4) Na investigação. No que se refere à investigação, devemos distinguir dois objetivos: um, é a criação de novos instrumentos de exploração da personalidade que podem ser incluídos na tarefa psicodiagnôstica. Outro, o de planejar a investigação para o estudo de uma determinada patologia, algum problema trabalhista, educacional ou forense, etc. Neste caso, usa-se o psicodiagnóstico como uma das ferramentas úteis para chegar a conclusões confiáveis e, portanto, válidas. (ARZENO, 1995) Psicodiagnóstico: abordagens • Abordagem ideográfica - tem a premissa fundamental de que os indivíduos são seres únicos e irrepetíveis . Seu objetivo é entender o ser humano individualmente, e baseia-se em um estudo intensivo sobre ele (também individualmente). • Abordagem nomotética - Por sua vez, a abordagem nomotética é baseada na suposição básica de que os indivíduos são semelhantes entre si . Seu objetivo é obter leis gerais aplicáveis à população. Sua metodologia é baseada no exame de grandes amostras de sujeitos e utiliza métodos correlacionais e experimentais. Psicodiagnóstico: abordagens • Quantitativa – Busca de mudanças quantitativas observadas através de testes objetivos. Avaliação de exagero ou ausência de comportamento/ características/ traços. • Qualitativa – avaliação da subjetividade. Os sujeitos são considerados como protagonistas do processo, expressando os seus valores, desejos e crenças. o desenho qualitativo é aberto, com a análise e a interpretação dos dados se conjugando no próprio pesquisador, que é quem integra o que se diz e quem o diz. Tipos de técnicas • Técnicas projetivas – Testes de personalidade concebidos para revelar emoções escondidas e conflitos internos através de respostas de um sujeito a estímulos ambíguos. as respostas são livres e o avaliando pode construir sua resposta. • Busca a captura do mundo simbólico do testando, mundo que, muitas vezes, é difícil de expressão através da linguagem verbal. • Ex: Rorschach, o teste de Apercepção Temática (TAT) teste de Apercepção infantil (CAT) • Técnicas Objetivas – testes que têm por base a psicometria, as teorias da medida e nesse caso, os números descrevem os fenômenos psicológicos; Tipos de técnicas • Os testes psicológicos (psicométricos ou projetivos) refinam acapacidade do - profissional de captar e compreender indivíduos, grupos e fenômenos psicológicos. Enquadre • Varia de conforme profissional, suas características pessoais e também conforme características do consultante => adapta-se a cada caso • Esclarece papéis, objetivos e limites • Lugar e horário, frequência dos encontros e duração do processo • Honorários- Tempo de duração do psicodiagnóstico. HISTÓRIA DAS MEDIDAS EM PSICOLOGIA • Final do século XIX – trabalhos de Galton – introduziu o estudo das diferenças individuais • Trabalhos de Catell – primeiras provas mentais • Binet – exame mental por meio de provas intelectuais • A estes autores é dada a paternidade do psicodiagnóstico Escalas Binet-Simon • Junto com seu assistente Theodore Simon, Binet publicou a primeira versão do seu teste, em 1905. Que depois ganhou novas versões. • Ele considerava que crianças com inteligência subnormal poderiam ser definidas em termos do quanto estavam atrasadas em anos. Uma criança de 5 anos com dificuldades poderia executar tarefas do nível de idade com 04 anos, por exemplo. • Binet chamou o nível em que a criança se classificava de nível mental, termo que depois foi erroneamente traduzido por “idade mental”. Amostra dos testes dos níveis mentais de Binet e Simon Idade Tarefas 03 anos Mostrar os olhos, o nariz, a boca; repetir uma oração; nomear objetos na ilustração 05 anos Copiar um quadrado; comparar duas caixas de pesos diferentes; repetir uma oração mais complexa 07 anos Copiar uma oração; Repetir cinco dígitos; Indicar omissões no desenho 09 anos Nomear os dias da semana; reter suas lembranças depois de uma leitura; arrumar cinco pesos na ordem correta 11 anos Criticar orações absurdas; colocar três palavras dadas numa oração; dar definições abstratas 13 anos Diferenciar sentidos das palavras; resolver problemas Quociente Intelectual • O psicólogo alemão Stern, em 1912, adequou a escala de Binet- Simon criando a escala do Quociente Intelectual (Q.I), e com revisão do psicólogo estadunidense Terman. David Wechsler (1896-1981) • O norte-americano David Wechsler, que havia rejeitado o conceito de “idade mental”, publica suas escalas de inteligência para crianças e adultos, com avaliações verbais de desempenho em áreas como como compreensão verbal, memória e velocidade de processamento • Um dos testes mais utilizados no mundo WAIS • Primeira versão em 1938 – em um hospital de Nova York , TESTES PSICOLÓGICOS Testes psicológicos • Testes não são limitados a contextos de pesquisa • Atendem a necessidades práticas da sociedade • Ferramentas que estão em constante aperfeiçoamento. • Testes costumam ser revistos e ter novas versões. Tipos de testes – diversos contextos • Testes de personalidade • Testes vocacionais • Testes voltados para escolas • Testes para seleção • Ganharam interesse dos hospitais, escolas, empresas, etc. • Surgiram por necessidades práticas da sociedade. Instrumentos de auto-relato • Tais estratégias de avaliação incluem instrumentos de auto-relato e podem ser consideradas como medidas de sintomas ou de síndromes • Um exemplo é o Inventário de Depressão de Beck, que é uma escala sintomática. Tipos: Entrevistas estruturadas • Historicamente, como o método mais antigo, individualizado e, portanto, não-estruturado, utilizado por psicólogos, psiquiatras e por seus predecessores, foi considerado não-fidedigno. • a entrevista voltou a ganhar seu status na psiquiatria, num formato estruturado, com propriedades psicométricas bem estabelecidas e refletindo avanços recentes. • Já na psicologia, a entrevista estruturada não teve tão grande aceitação, uma vez que, na avaliação com propósitos clínicos, o psicólogo, em princípio, não se limita a um único método (como a entrevista), mas tende a aliar enfoques quantitativos e qualitativos e, assim, consegue testar, até certo ponto, a consistência e a fidelidade dos subsídios que suas estratégias lhe fornecem, para chegar a inferências com grau razoável de certeza. AULA 03 - PSICOLOGIA CLÍNICA: AS DIFERENTES ABORDAGENS DO PSICODIAGNÓSTI CO Universidade Estácio de Sá SDE4006 Professora Liana Ximenes Psicodiagnóstico e Psicoterapia • O prestígio da atividade psicodiagnóstica e sua consequente relação com a atividade psicoterapêutica, entretanto, tem variado ao longo do tempo, em um leque que abrange desde posições em que o psicodiagnóstico é considerado como a primeira e indispensável etapa da psicoterapia até posições que o consideram “inútil”, “desumanizante” ou “autoritário”. (Ari Pedro Balieiro Junior, 2005) Psicodiagnóstico • “Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica feita com propósitos clínicos; portanto, não abarca todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais • Em outras palavras, o psicodiagnóstico é um tipo de avaliação psicológica estreitamente vinculado à prática clínica em saúde mental. • Assim, durante o século XX, o prestígio do psicodiagnóstico e a prática concreta das estratégias de avaliação psicodiagnóstica refletiram o debate teórico, que vem marcando o campo da saúde mental desde seus primórdios. (Ari Pedro Balieiro Junior, 2005) MODELOS E ABORDAGENS 1) Positivismo - Ponto de vista objetivo • Atuação inicial em psicodiagnóstico: possível chegar-se ao conhecimento objetivo de um fenômeno, utilizando metodologia baseada em observação imparcial e experimentação. • Modelo médico • Modelo psicométrico • Modelo comportamental - Behaviorismo Modelo Médico • Transposição do modelo médico para o modelo psicológico - Investigação de uma patologia ou dos aspectos patológicos do sujeito • Psicopatologia: síndromes psiquiátricas • Postura de distanciamento do examinador • Visando eficiência e objetividade – maior distância possível do paciente Modelo Médico • Uso de medidas • Objetivo dos testes: fornecer informações aos médicos como subsídios para determinar os diagnósticos psicopatológico • Ênfase nos aspectos psicopatológicos – limitava o estudo e conhecimento sobre o sujeito. Modelo Psicométrico • Muda enfoque de detectar distúrbios e classificação psicopatológica, para estabelecer diferenças individuais e orientações específicas. • Testes – campo de atuação exclusivo do psicólogo, garantindo identidade profissional. • Detectar características genéricas do comportamento: identificá-las e classificá-las Modelo Behaviorista • Não utilizam o termo “psicodiagnóstico”, mas “levantamento de repertório” ou “análises de comportamento”. • Postura positivista – homem pode ser estudado como qualquer outro fenômeno da natureza. • Todo comportamento é aprendido e controlado por contingências ambientais • Identificação de reforços • Mudanças do ambiente • Necessidade de um objeto de estudo observável e mensurável – comportamento observável único objeto de estudo da Psicologia. • Comportamento humano é aprendido, pode ser modificado. 2) Ponto de vista subjetivo • O ponto de vista subjetivo: • Todo conhecimento é estabelecido pelo sujeito que conhece • Presença da intencionalidade: o fenômeno determina e é determinado pelo mundo • Homem não pode ser estudado como mero objeto – mundo não passa de um objeto intencional para o sujeito que o pensa. • Métodos das ciências naturais não podem ser transpostos para as ciências humanas. • Abordagens Humanistas • Psicanálise Abordagens Humanistas • Evitar posições reducionistas ao lidar com o homem • Manter visão global do homem e compreender seu mundo e seu significado. • Insurgiram-se contra o diagnóstico psicológico– contra aspecto classificatório,- contra uso do indivíduo através dos testes • Procuraram restituir ao ser humano sua liberdade e condições de desenvolvimento. • Consideram que através do relacionamento com o cliente durante a psicoterapia ou aconselhamento alcançam uma compreensão Abordagens Humanistas • No âmbito do psicodiagnóstico,os processos de tipo compreensivo buscam uma compreensão mais global do cliente, incluindo sua dinâmica intrapsíquica, intrafamiliar e sociocultural. • O psicólogo que trabalha com o modelo compreensivo de psicodiagnóstico procura compreender, junto com o cliente, o significado de sua experiência, identificar os fatores que estão impedindo seu desenvolvimento e encontrar os meios de lidar melhor com suas limitações. Não se dedica a pesquisar as causas dos problemas nem se fixam identificação de uma patologia. (Poelman, 2014) Rogers e o Psicodiagnóstico • A pergunta que Rogers se faz é: “Deve a psicoterapia ser precedida de um diagnóstico psicológico completo do cliente e desenvolvida a partir dele?” (Rogers, 1951, p.252) • Sua resposta é: • O diagnóstico psicológico, da maneira como usualmente é compreendido, é desnecessário para a psicoterapia e pode, na verdade, ser prejudicial ao processo terapêutico. • Em seu livro Terapia Centrada no Cliente, Rogers rejeitou o uso do diagnóstico tradicional, conforme o modelo médico que visa a identificar no cliente uma patologia específica a partir de sintomas. • Ora, se, para Rogers, o objetivo da psicoterapia é a pessoa, não o problema ou quaisquer classificação, seja de normalidade ou de patologia, então o diagnóstico é desnecessário. Rogers e o Psicodiagnóstico • “Entro na relação, não como um cientista, não como um médico que procura diligentemente o diagnóstico e a cura, mas como uma pessoa que se insere numa relação pessoal. Enquanto eu olhar para o cliente como um objeto, ele tenderá a tornar-se apenas um objeto”. (Rogers) • Fundamenta-se a posição de Rogers, contrária ao uso do diagnóstico, segundo o modelo médico ou o psicométrico, como pré-requisito à psicoterapia. Ambos classificam as pessoas a partir de uma referência externa, contrariando o princípio de tomar como critério o campo de experiências do cliente (e não o do terapeuta). Teorias Humanistas • Assumem visão holística • Supõem que as pessoas são organismos integrados que não podem ser estudando partes componentes. • Deve-se examinar como uma pessoa pensa, age e sente, examinar a maneira pela qual ela vive cotidianamente. • Os psicólogos dessa área dependem das observações clínicas para entenderem o sujeito. Abordagens psicanalíticas ou psicodinâmicas As abordagens psicodinâmicas estão baseadas na ideia de que a personalidade é motivada por forças e conflitos internos sobre os quais as pessoas tem pouca consciência e não possuem controle. • Sigmund Freud, um medico austríaco, desenvolveu a teoria psicanalítica no inicio da década de 1900. • De acordo com a teoria de Freud, a experiencia consciente e apenas uma pequena parte de nossa constituição e experiencia psicológica. • Ele argumentou que grande parte de nosso comportamento e motivada pelo inconsciente, uma porção da personalidade que contem memorias, conhecimentos, crencas, sentimentos, desejos, impulsos e instintos dos quais o individuo não esta consciente. Psicanálise • No psicodiagnóstico: • acentuou o valor das entrevistas como instrumento de trabalho, • estudo da personalidade através da utilização de observações, técnicas projetivas. • desenvolveu maior consideração da relação do psicólogo e cliente Psicodiagnóstico Tradicional • é um processo psicológico voltado para o esclarecimento da demanda que mobilizou o paciente a buscar ajuda psicológica, com o objetivo de propor o encaminhamento mais adequado. • Parte-se do pressuposto de que essa modalidade de prática psicológica visa esclarecer a demanda no momento de chegada ao serviço de psicologia para, em seguida, fazer o encaminhamento correto. Está de acordo com a etimologia da palavra, que vem do "grego diagnõstikós e significa discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de." Psicodiagnóstico de tipo compreensivo • Designa uma série de situações que inclui, entre outros aspectos: • o de encontrar um sentido para o conjunto das informações disponíveis, • tomar aquilo que é relevante e significativo na personalidade, entrar empaticamente em contato emocional, • conhecer os motivos profundos da vida emocional de alguém. Psicodiagnóstico de tipo compreensivo • Este processo inclui partes de outros modelos já mencionados. • Objetiva: • compreensão psicológica globalizada do paciente. • conhecimento amplo da personalidade do paciente ênfase no julgamento clínico • anamnese e exploração clínica da personalidade são a base. • importância da comunicação direta e indireta do paciente e relações paciente-psicólogo. Psicodiagnóstico de tipo compreensivo • Exige do psicólogo: • experiência clínica, • sólida formação profissional e humanista • As grandes linhas de composição do diagnóstico abrangem: • - dinâmicas intrapsíquicas,intrafamiliares e sócio-culturais • Conjunto de forças em interação, que resultam em desajustamentos individuais. Psicodiagnóstico Interventivo • possibilidade de comunicação privilegiada entre paciente e terapeuta /O terapeuta no papel do objeto subjetivo. • Setting humano: Torna possível um tipo de comunicação em que o paciente pode surpreender-se com ideias e sentimentos que não estavam antes integrados a personalidade total. Psicodiagnóstico Interventivo • Para Barbieri (2009), o psicodiagnóstico interventivo é “um procedimento clínico que consiste em efetuar intervenções já no momento de realização de entrevistas e aplicação de testes, oferecendo ao paciente, devoluções durante todo o processo avaliativo e não somente ao seu final” (p. 02). • Nessa perspectiva de psicodiagnóstico, os testes configuram-se como instrumentos que facilitam o contato do psicólogo com o paciente e auxiliam nas intervenções durante o processo psicodiagnóstico como consequência daquilo que o paciente apresenta, de forma a provocar mudanças (Paulo, 2009). (MILANI; TOMAEL; GREINERT, 2014) Psicodiagnóstico Interventivo • Campos de aplicação: • Equipamentos de saúde mental • Instituições • Contexto hospitalar • Clínica particular • Pesquisa • Os pacientes chegam com necessidades (querem desabafar buscam alívio) • Necessitam de um interlocutor que compreenda naquele momento • .Os primeiros encontros com os pacientes já têm a função de uma intervenção/continência Finalidades do Psicodiagnóstico 1. Diagnóstico 2. Avaliação do Tratamento 3. Como meio de comunicação 4. Na investigação 1. Diagnóstico • Conforme o exposto acima é óbvio que a primeira e principal finalidade de um estudo psicodiagnóstico é a de estabelecer um diagnóstico. E cabe esclarecer que isto não equivale a "colocar um rótulo, mas a explicar o que ocorre além do que o paciente pode descrever conscientemente. • Alguns psicólogos reservam a utilização do psicodiagnóstico para casos nos quais surgem dúvidas diagnósticas ou quando querem obter uma informação mais precisa. • Outros consideram importante fazer sempre uma avaliação diagnóstica inicial • Outro grupo de profissionais que não concordam em absoluto com este ponto de vista e prescindem totalmente do psicodiagnóstico. • Um psicodiagnóstico completo e corretamente administrado permite-nos estimar o prognóstico do caso e a estratégia mais adequada para ajudar o consultante 2. Avaliação do tratamento • Outra forma de utilizar o psicodiagnóstico é como meio para avaliar o andamento do tratamento. • Algumas vezes isto é feito para apreciar os avanços terapêuticos de forma mais objetiva e também para planejar uma alta. 3. Como meio de comunicação • Existem pacientes com dificuldades para conversar espontaneamente sobre sua vida e seus problemas. • Favorecer a comunicação é favorecer a tomada de insight. ou seja, contribuir para que aquele que consulta adquira a consciência de sofrimento suficiente para aceitar cooperar na consulta. • Também provoca a perda de certas inibições, possibilitando assim um comportamento mais natural. 4. Na investigação • Psicodiagnósticocomo estratégia de investigação para pesquisar determinados conflitos emocionais. • Criação de testes para investigar objetivos específicos (questões de personalidade, ansiedade, etc.) Objetivos do Psicodiagnóstico • A avaliação da demanda indicará qual aspecto avaliativo deverá ser priorizado em cada caso, situando-se o objetivo do psicodiagnóstico a partir dessa reflexão inicial. • Segundo Cunha (2000), precursora do psicodiagnóstico em nosso meio, os objetivos podem priorizar: a) a classificação simples; b) a descrição; c) a classificação nosológica; d) o diagnóstico diferencial; e) a avaliação compreensiva; e) o entendimento dinâmico; f) a prevenção; g) o prognóstico; h) a perícia forense. • Hurtz et al (2016) entendem que, ao realizar uma perícia forense, não necessariamente está se fazendo um psicodiagnóstico. Classificação Simples • O exame compara a amostra do comportamento do examinando com os resultados de outros sujeitos da população geral ou de grupos específicos, com condições demográficas equivalentes; esses resultados são fornecidos em dados quantitativos, classificados sumariamente, como em uma avaliação de nível intelectual. • As perguntas mais elementares que podem ser formuladas, em relação a uma capacidade, um traço, um estado emocional, seriam: “Quanto?” ou “Qual?”. • Um exemplo comum de exame com tal objetivo seria o de avaliação do nível intelectual, que permitiria uma classificação simples. • O examinando é submetido a testes, adequados a sua idade e nível de escolaridade. • São levantados escores, consultadas tabelas, e os resultados são fornecidos em dados quantitativos, classificados sumariamente. Descrição • Ultrapassa a classificação simples, interpretando diferenças de escores, identificando forças e fraquezas e descrevendo o desempenho do paciente, como em uma avaliação de déficits neuropsicológicos. • O psicólogo clínico, que não perde a referência da pessoa do examinando, dificilmente iria se restringir a tal objetivo, porque analisaria escores dos subtestes (se tivesse usado um instrumento WIS), bem como diferenças inter e intratestes, que são suscetíveis de interpretação. Então, teria condições de identificar forças e fraquezas no funcionamento intelectual. • No caso, o objetivo do exame seria de descrição. • Mas, se se detivesse a examinar certos erros e desvios, poderia levantar pistas que servissem de base para hipóteses sobre a presença de déficits cognitivos. • O objetivo ainda seria o de descrição, mas o processo seria mais complexo. Classificação nosológica • Hipóteses iniciais são testadas, tomando como referência critérios diagnósticos psiquiátricos. • Essa avaliação com tal objetivo é realizada pelo psiquiatra e, também, pelo psicólogo. • Nesse caso específico, pode-se dizer que ambos usam preferencialmente um modelo categórico para analisar a psicopatologia, isto é, devem fazer um julgamento clínico sobre a presença ou não de uma configuração de sintomas significativos Classificação nosológica • A classificação nosológica, além de facilitar a comunicação entre profissionais, contribui para o levantamento de dados epidemiológicos de uma comunidade. • Assim, deve ser usada, mas, num psicodiagnóstico, a tarefa não se restringe a conferir quais os critérios diagnósticos que são preenchidos pelo caso. Diagnóstico Diferencial • São investigadas irregularidades ou inconsistências do quadro sintomático, para diferenciar alternativas diagnósticas, níveis de funcionamento ou a natureza da patologia. • O psicólogo investiga irregularidades e inconsistências do quadro sintomático e/ou dos resultados dos testes para diferenciar categorias nosológicas, níveis de funcionamento, etc. • Naturalmente, para trabalhar com tal objetivo, o psicólogo, além de experiência e de sensibilidade clínica, deve ter conhecimentos avançados de psicopatologia e de técnicas sofisticadas de diagnóstico. Avaliação compreensiva • É determinado o nível de funcionamento da personalidade, são examinadas as funções do ego, em especial a de insight, condições do sistema de defesas, para facilitar a indicação de recursos terapêuticos e prever a possível resposta aos mesmos. • Considera o caso numa perspectiva mais global, determinando o nível de funcionamento da personalidade, examinando funções do ego, em especial quanto a insight, para indicação terapêutica ou, ainda, para estimativa de progressos ou resultados de tratamento. • Não chega necessariamente à classificação nosológica, embora esta possa ocorrer subsidiariamente, uma vez que o exame pode revelar alterações psicopatológicas. • Mas, de qualquer forma, envolve algum tipo de classificação, já que a determinação do nível de funcionamento é especialmente importante para a indicação terapêutica, definindo limites da responsabilidade profissional. Entendimento clínico • Ultrapassa o objetivo anterior, por pressupor um nível mais elevado de inferência clínica • Permite chegar a explicações de aspectos comportamentais nem sempre acessíveis na entrevista, à antecipação de fontes de dificuldades na terapia e à definição de focos terapêuticos, etc. • Pode ser considerado como uma forma de avaliação compreensiva, já que enfoca a personalidade de maneira global, mas pressupõe um nível mais elevado de inferência clínica. • Através do exame, procura-se entender a problemática de um sujeito, com uma dimensão mais profunda, na perspectiva histórica do desenvolvimento, investigando fatores psicodinâmicos, identificando conflitos e chegando a uma compreensão do caso com base num referencial teórico. • Frequentemente, combina-se com os objetivos de classificação nosológica e de diagnóstico diferencial. • Quando é um objetivo do psicodiagnóstico, leva não só a uma abordagem diferenciada das entrevistas e do material de testagem, como a uma integração dos dados com base em pressupostos psicodinâmicos. Prevenção • Procura identificar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego, de sua capacidade para enfrentar situações novas, difíceis, estressantes. • Tal exame visa a identificar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego, bem como da capacidade para enfrentar situações novas, difíceis, conflitivas ou ansiogênicas. • Muitas vezes, é levado a efeito utilizando recursos de triagem, procurando atingir o maior número de casos no menor espaço de tempo, portanto, não pressupondo maior profundidade no levantamento de certos indícios de possível patologia, apenas para dar fundamentação ao desenvolvimento de programas preventivos, com grupos maiores. Prognóstico • Determina o curso provável do caso. Perícia forense • Fornece subsídios para questões relacionadas com “insanidade”, competência para o exercício das funções de cidadão, avaliação de incapacidades ou patologias que podem se associar com infrações da lei, etc. • Na perícia forense, o objetivo, na maioria das vezes, é responder a quesitos legais, solicitados pelo juiz (para uma leitura mais aprofunda da, ver Rovinski, 2013). • Conforme Rovinski (2010, p. 95), “. . . a avaliação forense, mais especificamente, quando exercida como atividade pericial, diferencia-se em muitos aspectos daquela realizada no contexto clínico. A não diferenciação de tais padrões de avaliação acaba por gerar conflitos de papéis e, consequentemente, condutas antiéticas.”. Perícia Forense • Uma pessoa que busca auxílio de um psicólogo para lidar com o sofrimento - geralmente estabelece com o profissional uma relação de cooperação e aliança de trabalho diferente daquele sujeito que é encaminhado para uma perícia em contexto jurídico. • Neste último, fenômenos como simulação e dissimulação conscientes, inerentes a essa realidade avaliativa, acabam exigindo cuidados técnicos específicos, que diferem daqueles eminentemente clínicos. • Ainda assim, reconhecemos asemelhança entre muitos aspectos técnicos adotados na perícia e no psicodiagnóstico. Finalidades da Avaliação (segundo Arzeno, 1995) • Nessa perspectiva, Arzeno (1995) refere que o psicodiagnóstico contempla algumas finalidades, como: 1. Investigação diagnóstica: tem como objetivo ex plicar o que acontece além do que o avaliando consegue expressar de forma consciente – e isso não significa rotulá-lo. 2. Avaliação do tratamento: visa avaliar o andamento do tratamento. Seria o “reteste”, no qual se aplica novamente a mesma bateria de testes usados na primeira ocasião ou uma bateria equivalente. 3. Como meio de comunicação: procura facilitar a comunicação e, em consequência, a tomada de insight. 4. Na investigação: com o intuito de criar novos instrumentos de exploração da personalidade e, também, de planejar a investigação para o estudo de uma determinada patologia, etc Responsabilidade do Psicodiagnóstico • O diagnóstico psicológico pode ser realizado: • a) pelo psicólogo, pelo psiquiatra (e, eventualmente, pelo neurologista ou psicanalista), com vários objetivos (exceto o de classificação simples), desde que seja utilizado o modelo médico apenas, no exame de funções, identificação de patologias, sem uso de testes e técnicas privativas do psicólogo clínico; • b) pelo psicólogo clínico exclusivamente, para a consecução de qualquer ou vários dos objetivos, quando é utilizado o modelo psicológico (psicodiagnóstico), incluindo técnicas e testes privativos desse profissional; Responsabilidade do Psicodiagnóstico • c) por equipe multiprofissional (psicólogo, psiquiatra, neurologista, orientador educacional, assistente social ou outro), para a consecução dos objetivos citados e, eventualmente, de outros, desde que cada profissional utilize o seu modelo próprio, em avaliação mais complexa e inclusiva, em que é necessário integrar dados muito interdependentes (de natureza psicológica, médica, social, etc.). Ações do psicólogo no psicodiagnóstico a) determinar motivos do encaminhamento, queixas e outros problemas iniciais; b) levantar dados de natureza psicológica, social, médica, profissional e/ou escolar, etc. sobre o sujeito e pessoas significativas, solicitando eventualmente informações de fontes complementares; c) colher dados sobre a história clínica e história pessoal, procurando reconhecer denominadores comuns com a situação atual, do ponto de vista psicopatológico e dinâmico; d) realizar o exame do estado mental do paciente (exame subjetivo), eventualmente complementado por outras fontes (exame objetivo); e) levantar hipóteses iniciais e definir osobjetivos do exame; F) estabelecer um plano de avaliação; Ações do psicólogo no psicodiagnóstico g) estabelecer um contrato de trabalho com o sujeito ou responsável; h) administrar testes e outros instrumentos psicológicos; i) levantar dados quantitativos e qualitativos; j) selecionar, organizar e integrar todos os dados significativos para os objetivos do exame, conforme o nível de inferência previsto, com os dados da história e características das circunstâncias atuais de vida do examinando; l) comunicar resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo, parecer e outros informes), propondo soluções, se for o caso, em benefício do examinando; m) encerrar o processo. PASSOS DO PSICODIAGNÓSTICO Passos do diagnóstico (modelo psicológico de natureza clínica) A. levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das hipóteses iniciais e dos objetivos do exame; B. planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico; C. levantamento quantitativo e qualitativo dos dados; D. integração de dados e informações e formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de referência as hipóteses iniciais e os objetivos do exame; E. comunicação de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do processo. (HURTZ et al., 2016) Determinar os motivos da consulta e/ou do encaminhamento/ Levantamento de dados • Cabe ao psicólogo ampliar o motivo, elencando as principais queixas e sofrimentos psíquicos apresentados pelo avaliando. • Em um primeiro momento deve-se realizar a primeira entrevista (entrevista inicial) para que se esclareça o encaminhamento. • Também nesse primeiro contato, após se esclarecer como o processo ocorrerá, sugerimos que se proceda à assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido, em que a pessoa a ser avaliada ou o seu responsável legal autorizará a realização da avaliação. • É importante salientar que, no caso de crianças, a primeira entrevista precisa ser feita com os pais ou responsáveis. Demanda • Para fazer um psicodiagnóstico, o profissional deve saber avaliar com cuidado a demanda trazida pelo paciente ou pela fonte de encaminhamento para, a partir disso, realizar considerações éticas sobre o pedido e, quando essas forem favoráveis, tecer os objetivos de sua realização. (HUTZ et al., 2016) Definir as hipóteses e os objetivos da avaliação • Ao longo dessas entrevistas, o psicólogo naturalmente elenca algumas hipóteses. O plano de avaliação é estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses iniciais, definindo-se não só quais os instrumentos necessários, mas como e quando utilizá- los. Pressupõe-se, naturalmente, que o psicólogo saiba que instrumentos são eficazes quanto a requisitos metodológicos. (CUNHA, 2007) Estruturar um plano de avaliação • A partir do que foi coletado nas primeiras entrevistas, o psicólogo terá condições de elaborar o plano de ação. • O plano inicia com as primeiras entrevistas, e, ao longo delas, se constrói: • o contrato de trabalho, em que são previstos os papéis de cada parte; • a questão de sigilo e privacidade; • o número aproximado de encontros, incluindo-se as primeiras entrevistas; • a bateria de testes que será utilizada, se necessário; • as entrevistas de devolução; • e a forma como serão pagos os honorários (caso se trate de consultas particulares ou em uma instituição paga). Duração • O psicodiagnóstico pode ser realizado em consultórios privados, clínicas psicológicas ou psiquiátricas, instituições, postos de saúde ou hospitais. • Dependendo do local onde irá ocorrer o processo, poderá haver certa urgência na avaliação. Por exemplo, em um ambiente de internação, geralmente sua realização ocorre de forma mais breve, pois, muitas vezes, a conclu são e a emissão do laudo serão determinantes para a adequação de alguma medicação ou mesmo para a alta e futuro tratamento ambulatorial. • Já em uma avaliação em uma clínica, cujo funcionamento costuma ser ambulatorial, há mais tempo para a realização do processo; no entanto, o mesmo tende a durar, em média, dois meses, podendo ter uma frequência semanal maior ou menor, dependendo do caso, totalizan do, aproximadamente, 6 a 12 encontros, no máximo. Seleção dos instrumentos e estratégias • Selecionada e administrada uma bateria de testes, obtêm-se dados que devem ser interrelacionados com as informações da história clínica, da história pessoal ou com outras, a partir do elenco das hipóteses iniciais, para permitir uma seleção e uma integração, norteada pelos objetivos do psicodiagnóstico, que determinam o nível de inferências que deve ser alcançado. • Tais resultados são comunicados a quem de direito, podendo oferecer subsídios para decisões ou recomendações. (CUNHA, 2007) Planejamento • O planejamento deve levar em consideração as características do caso (idade, sexo, escolaridade, ocupação/profissão, condições físicas, etc.), a sequência (ordem de aplicação) e o ritmo (número de entrevistas previstas para a aplicação dos testes se lecionados). Escolha dos instrumentos • Um passo importante para um bom resultado do processo psicodiagnóstico refere-se à escolha de instrumentos e técnicas adequados a uma dada situação. • O descuido na escolha, o mau uso de instrumentos ou mesmo o não uso de técnicasapropriadas em diferentes etapas do psicodiagnóstico podem ter como consequências conclusões e encaminha mentos inapropriados, repercutindo negativamente na vida do avaliando. Administrar as estratégias e os instrumentos da avaliação • Os testes psicológicos (psicométricos ou projetivos) refinam a capacidade do profissional de captar e compreender indivíduos, grupos e fenômenos psicológicos • Contudo, para que os resultados alcançados sejam válidos, além de seguir à risca as instruções e o sistema de levantamento e interpretação do instrumento, é fundamental também garantir condições básicas no ambiente físico, certificar-se dos estados físico e psicológico do examinado, bem como gerenciar o contexto clínico em que será desenvolvida a avaliação. Estratégias de avaliação • As condições físicas e psicológicas do examinado devem estar preservadas para que a tarefa a ser desenvolvida seja compreendida de forma correta, sendo essenciais a motivação, o interesse e o desejo de se submeter ao processo de avaliação. • Em situações especiais, como em casos de internação psiquiátrica, é fundamental considerar o estado mental e até mesmo a possibilidade de impregnação por medicamentos que possam diminuir a motivação para o trabalho e alterar os resultados da testagem. Estratégias de avaliação • Quando pensamos na ordem de aplicação da bateria de testes selecionada, é recomendável que os primeiros testes sejam os menos ansiogênicos para a pessoa a ser avaliada, justamente para que não se desenvolva alguma resistência ante o processo. • Fica evidente, então, que o primeiro objetivo diz respeito à formação do vínculo entre o profissional e seu avaliando, a fim de garantir o bom andamento do processo, o que justifica a não utilização, em um primeiro momento, de testes que mobilizem uma conduta que corresponda ao sintoma. • Tais testes devem ser deixados para um segundo momento. Integrar os dados colhidos • Integração de dados provenientes de diferentes fontes, relato de resultados e devolução de informações, com vistas ao entendimento de um indivíduo ou grupo, proposição de intervenção e/ou tomada de decisão em relação às pessoas avaliadas. • É importante comparar e integrar informações de diferentes fontes obtidas na avaliação psicológica; Formular as conclusões • Com base em tal classificação e em aspectos específicos da história clínica, poderá fazer predições sobre o curso provável do transtorno (prognóstico) e planejar a intervenção terapêutica adequada. Muitos testes utilizados no psicodiagnóstico também podem fornecer indícios muito úteis para o prognóstico. • O psicólogo deve sempre lembrar que as conclusões precisam estar relacionadas à demanda inicial trazida pelo paciente, fundamentadas em teorias e técnicas consolidadas e não apenas na observação e experiência do profissional. • Destaque dos pontos positivos e das vulnerabilidades. Comunicar os resultados • O psicólogo deve comunicar os resultados encontrados, visando um encaminhamento adequado para o avaliando. • A transmissão dessa informação é, sem dúvida, o objetivo primordial dessa avaliação, que culmina em uma entrevista final, posterior à aplicação do último teste. • Essa comunicação ocorre em duas vias: escrita e oral. A primeira é realizada por meio de um laudo/relatório, devendo conter uma linguagem clara, concisa, inteligível e precisa, adequada ao requerente. • A segunda trata da comunicação verbal, que pode ser realizada na forma de uma ou mais entrevistas de devolução. Uma boa devolução inicia com um aprofundado conhecimento do caso, que proporcionará uma base sólida para que se proceda com eficácia. • Leiam a RESOLUÇÃO Nº 4, DE 11 DE FEVEREIRO DE 2019 que institui as regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional. • Na impossibilidade desta se realizar, a(o) psicóloga(o) deve explicitar suas razões. Entrevista de Devolução • Objetivando o término do processo, as entrevistas de devolução podem ocorrer de forma sistemática ou assistemática. • Forma sistemática é a entrevista mais habitual, que tem como objetivo a devolução dos resultados e a en trega do laudo. • forma assistemática é comumente utilizada nos casos em que há o predomínio de uma ansiedade mais elevada por parte do avaliando e/ou do seu responsável, em que se considera pertinente o fornecimento de pequenos feedbacks ao longo do andamento do processo, visando a dirimir essa ansiedade. • Outra situação em que se faz necessária a devolução assistemática é em casos graves ou de risco de suicídio. Entrevista de Devolução • Na entrevista de devolução, recomenda-se que se inicie abordando os aspectos mais sadios, adaptativos e/ou preservados da dinâmica de funcionamento do avaliando, para, em seguida, comunicar aqueles que requerem maior cuidado, na medida e no ritmo em que possam ser compreendidos e tolerados pelo avaliando e/ou seus responsáveis, já sugerindo os encaminhamentos apropriados. • Se realizado dessa forma, acreditamos que o processo favorecerá a compreensão e a aceitação das indicações terapêuticas sugeridas pelo profissional.
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