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Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes - 7º Semestre - Habilidades Cirúgicas Anatomia Incidência - 6º maior causa ele morte por câncer no mundo - Aproximada mente 286.000 óbitos/ano. - Mais frequente no sexo masculino, de 3 a 5:1. - Os tumores do esôfago mais frequentes são o carcinoma espinocelular e o adenocarcinoma. Fatores de risco e afecções predisponentes Carcinoma espinocelular (CEC) - Mais comum no mundo - Mais comum em negros - Proporção 3 homens para 1 mulher - Principais afecções predisponentes são: megaesôfago, estenose cáustica, mais raramente a tilose, a síndrome ele Plummer-Vinson e os divertículos esofágicos. - FR: Tabagismo, alcoolismo, líquidos quentes, acalasia (dis- túrbio de motilidade esofágica congênito caracterizado por peristaltismo esofágico defeituoso e falta de relaxamento do esfíncter esofágico inferior durante a deglutição). *Megaesôfago: é o grave alargamento do esôfago, poden- do apresentar como sintomas dificuldade de deglutição, sensação de entalo e ainda dor torácica, regurgitação e emagrecimento* O megaesôfago determina estase esofágica, fator provavel- mente determinante do aparecimento de neoplasia. O au- mento da concentração de nitritos decorrente da presença ele maior concentração de bactérias redutoras de nitrato na luz esofágica (decorrente da estase) poderia corroborar essa hipótese. Outra afecção predisponente é a estenose cáustica do esô- fago, especialmente nos doentes tratados de forma prolon- gada por dilatação endoscópica. Adenocarcinoma - Mais comum nos EUA (70%) - Mais comum em brancos - Proporção 15 homens para 1 mulher - 2 fatores vêm sendo relacionados ao aumento de inci- dência do adenocarcinoma do esôfago: a obesidade e a do- ença do refluxo gastroesofágico. O esôfago de Barrett, que consiste na substituição do epi- télio esofágico por outro do tipo colunar, decorrente da ação prolongada de refluxo gastroesofágico, é considerado fator predisponente ao adenocarcinoma do esôfago. Quan- to maior for a extensão do epitélio colunar ao longo do esôfago, maior será o risco relativo ele ocorrência de neo- plasia. Medidas Preventivas As medidas preventivas visam principalmente à restrição ao consumo de fumo e álcool. Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes - 7º Semestre - Habilidades Cirúgicas Classificação DE ACORDO COM O TIPO HISTOLÓGICO Os tumores do esôfago podem ser classificados de acordo com o que indica a Tabela: Os carcinomas espinocelulares podem ser classificados his- tologicamente em diferentes graus de diferenciação, de acordo com a queratinização: diferenciado (queratinização > 75%), moderadamente diferenciado (de 25 a 75%) e indi- ferenciado( < 25%). Os adenocarcinomas podem ser classificados, segundo Lau- rén (1965) e conforme as normas da Sociedade Brasileira de Patologia, em: intestinais, em que há melhor definição da organização tubuloglandular, e difusos, em que a estru- turação glandular é precária com células tendendo a indi- ferenciação. Em relação à Sociedade Brasileira de Patologia, os tumores podem ser divididos em: padrão intestinal (tubulopapilífe- ro, tubular bem diferenciado e moderadamente diferencia- do) e padrão gástrico (tubulopapilífero (foveolar), microtu- bular, mucinoso mucocelular (células anel de sinete) e mu- cinoso muconodular). Os dois padrões também compor- tam o tipo indiferenciado. DE ACORDO COM A LOCALIZAÇÃO Os tumores do esôfago podem ser, de acordo com a locali- zação, divididos em: cervicais, torácicos e abdominais. Os tumores torácicos podem ser divididos em: superiores (lo- calizados acima da bifurcação traqueal), médios (desde a carina até o ponto médio e desta distância ao hiato dia- fragmático) e inferiores (deste ponto médio até o hiato esofágico). Para os adenocarcinomas do esôfago, existem classifica- ções que variam de acordo com a localização. Segundo Sie- wert, os tumores são classificados em três tipos, como de- monstra a Figura: De acordo com a Sociedade Japonesa de Doenças do Esô- fago, as lesões da TEG podem ser divididas em EG, E = G e GE, conforme ilustrado na Figura: Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes - 7º Semestre - Habilidades Cirúgicas DE ACORDO COM A PROFUNDIDADE DA LESÃO Os tumores malignos são divididos em: precoces, que são aqueles limitados à mucosa; superficiais, quando restritos às camadas mucosa e submucosa; e avançado, quando in- vadem além da camada submucosa (muscular própria, ad- ventícia e estruturas adjacentes). DISSEMINAÇÃO DO CÂNCER DE ESÔFAGO A disseminação pode ocorrer por contiguidade (estruturas adjacentes), continuidade, via linfática e hematogênica. A possibilidade não rara de disseminação por metástase in- tramural submucosa pode ter forte implicação na decisão cirúrgica, especialmente quanto à margem de segurança nas esofagectomias. As metástases por via hematogênica ocorrem principal- mente no fígado, pulmão, suprarenal e nos ossos. A disse- minação linfonodal pode ocorrer para cadeias cervicais, to- rácicas e abdominais, independentemente da topografia do tumor. A escola japonesa particulariza a disseminação linfonodal de acordo com a localização do tumor. Quadro Clínico A disfagia é o sintoma mais frequente, sendo referida ge- ralmente no mesmo nível da localização do tumor. Ela de- corre habitualmente do caráter obstrutivo da lesão, surgin- do geralmente quando já há comprometimento de mais de 50% da luz esofágica. *Disfagia: dificuldade para engolir. Seja por dor ou por des- conforto, a sensação de que a comida ou bebida ficou pre- sa ou que machucou o local durante a passagem é bastan- te comum* Tem por característica ser rapidamente progressiva, além de ocorrer perda rápida de peso (perda ponderal), odinofa- gia e regurgitação (pirose, indigestão, regurgitação - DRGE). A hematêmese, melena ou anemia decorrentes do sangramento da lesão são raras no CEC e mais frequentes no adenocarcinoma. Fases mais avançadas da doença podem propiciar manifes- tações decorrentes do comprometimento de estruturas adjacentes, como tosse com expectoração produtiva (fístu- la esofagobrônquica e/ou aspiração), dor torácica e rouqui- dão (invasão de nervos laríngeos recorrentes com paralisia de pregas vocais). Estudo radiológico do esôfago, estômago e duodeno O objetivo desse exame é estabelecer o diagnóstico, a loca- lização e avaliar a extensão do tumor. Ele permite ainda es- tudar a morfologia gastroduodenal, que é importante para o planejamento cirúrgico. A técnica de duplo contraste com distensão gasosa associa- da à substância baritada permite maior refinamento da imagem, evidenciando-se lesões de até 5 mm. -> ESOFA- GOGRAMA BARITADO Estudo endoscópico com biópsia -> EDA + Biópsia Esse estudo está indicado para todos os casos, pois ele per- mite a visualização direta ela lesão e a aquisição de biópsi- as que permitem o diagnóstico histológico. As lesões superficiais dos tipos protrusa, elevada, ulcerada e mista geralmente já invadem a submucosa, e as planas e erosivas mais frequentemente invadem apenas a mucosa. Estas duas últimas lesões geralmente não se acompanham de invasão linfonodal, podendo ser este um dos fatores pa- ra auxílio na indicação de esofagectomia sem linfadenecto- mia. A cromoscopia com solução de lugol a 2% permite uma avaliação mais minuciosa do epitélio estratificado elo esô- fago, com identificação de áreas não-coradas, que podem corresponder às neoplasias, facilitando a realização de bió- pias dirigidas. De forma análoga, outros corantes (por exemplo, azul de metileno) são utilizados para o estudo mais refinado de epitélio colunar localizado no esôfago (esôfago de Barrett). Podem ser realizados os seguintes exames para o diagnósti- co: Esofagograma Baritado Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes - 7º Semestre - Habilidades Cirúgicas EDA TC de Tórax e Abdome E outros: Pet-TC, RNM e USG Endoscópico Rastreamento Grandes populações com elevada incidência ou grupos de risco podem ser submetidos a métodos de rastreamento. Os principais métodos utilizados são a citologia esfoliativa por abrasão ea cromoscopia com biópsia. A citologia esfoliativa é realizada pela passagem de balões ou sondas com esponjas, que permitem recolher células descamadas da parede esofágica. É um método de boa es- pecificidade, porém de baixa sensibilidade. Em grupos especiais de risco, como fumantes e etilistas do sexo masculino com mais de 50 anos, pacientes com afec- ções predisponentes (megaesôfago, estenose cáustica e esôfago de Barrett) e pacientes com antecedente ou pre- sença de tumores de cabeça e pescoço, emprega-se com periodicidade a endoscopia com uso de corantes. Estadiamento Tomografia Computadorizada A tomografia computadorizada é o principal método de es- tadiamento do câncer do esôfago. Deve compreender ava- liação das regiões cervical, torácica e abdominal superior, estendendo-se para o abdome total nos adenocarcinomas. Seu principal objetivo é avaliar a lesão e suas correlações com estruturas adjacentes nos três campos estudados. É considerado um bom método para a avaliação do contato ou invasão da árvore brônquica. *Não há vantagem na utilização da ressonância magnética sobre a tomografia computadorizada para o estadiamento do câncer do esôfago* Laringotraqueobroncoscopia Esse exame deve ser realizado especialmente nos tumores proximais e médios torácicos, com o objetivo de detectar e comprovar histologicamente a invasão da árvore traqueo- brônquica ou a fistulização. Trata-se do único método ca- paz de visualizar a infiltração tumoral e permitir biópsias. Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes - 7º Semestre - Habilidades Cirúgicas Tumor sincrônico de cabeça, de pescoço e das vias respi- ratórias pode também ser detectado nesse exame. Ultra-sonografia endoscópica É atualmente o método mais eficaz para definir a profundi- dade da lesão (T), sendo especialmente útil para as lesões restritas à parede do órgão. Equipamentos de mais alta fre- quência (20 megahertz) são hoje úteis para distinguir infi- ltrações intramucosas das submucosas, que são tratadas de forma diferenciada. A estenose neoplásica pode, entre- tanto, restringir a possibilidade de uso do método. Esse exame permite também a avaliação dos linfonodos periesofágicos por meio de mensuração destes e aná lise da sua ecogenicidade e forma. Tratamento A melhor modalidade de tratamento com intenção curati- va no câncer epidermoide do esôfago e no adenocarcino- ma da junção esofagogástrica é a ressecção cirúrgica sem doença residual (também chamada R0). Apesar de esses tumores ocorrerem em pacientes com características clíni- cas diferentes, ou seja, desnutridos no primeiro caso e com sobrepeso ou obesos no segundo, eles apresentam uma característica comum: são diagnosticados em estádios avançados da doença. Dessa forma, na maior parte das ve- zes, o tratamento é paliativo e a ressecabilidade cirúrgica baixa. Estado Nutricional As perdas ponderais, especialmente maiores que 20%, re- querem suporte nutricional pré-operatório. Tem-se de- monstrado que a nutrição enteral por sonda, em período médio de dez a quinze dias no período anterior à cirurgia, pode contribuir para a reversão do processo catabólico e minimizar complicações pós-operatórias. Tratamento Complementar As outras modalidades de tratamento disponíveis são: radi- oterapia e/ou quimioterap ia exclusiva, radioterapia e/ou quimioterapia adjuvante e radioterapia e/ou quimioterapia neoadjuvante.