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Tema 3 - Execução de título executivo extrajudicial e as defesas do executado

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Prévia do material em texto

Execução de título executivo extrajudicial e
as defesas do executado
Prof. Guilherme Rodrigues de Andrade
Descrição
O processo de execução de quantia certa por título executivo extrajudicial e a defesa do executado.
Propósito
Nada é mais importante do que a própria efetividade do processo, de maneira que a fase de execução, seja
ela o cumprimento de sentença ou um processo de execução de título executivo extrajudicial, é o momento
em que poderá ser dado à parte tudo aquilo a que ela realmente tem direito no plano material, sendo
imprescindível o conhecimento sobre a execução de modo geral.
Preparação
Antes de iniciar seu estudo, tenha em mãos o Código de Processo Civil (CPC).
Objetivos
Módulo 1
Conceitos, características e regras
Identificar os conceitos, as características e as regras do processo de execução de quantia certa de título
executivo extrajudicial.
Módulo 2
Distinção dos processos
Distinguir a penhora, a avaliação do depósito, a impenhorabilidade e a expropriação de bens.
Módulo 3
Defesa do executado: os embargos
Reconhecer as principais características dos embargos à execução.
A lei atribuiu força executiva a determinados documentos, chamados de títulos executivos
extrajudiciais, dispensando aquela etapa prévia do processo de conhecimento, a fim de que o direito
ao crédito seja reconhecido.
Introdução
1 - Conceitos, características e regras
Ao �m do módulo, você será capaz de identi�car os conceitos, as
características e as regras do processo de execução de quantia certa de
título executivo extrajudicial.
Da execução por quantia certa contra
devedor solvente
Assim, constatamos, de plano, a importância do estudo do processo de execução de título
extrajudicial, motivo pelo qual iniciaremos o estudo conhecendo um pouco sua estrutura básica e,
posteriormente, os atos de penhora, avaliação e expropriação dos bens em caso de não pagamento
do débito. Por fim, estudaremos os embargos à execução, que nada mais são do que a defesa do
executado no processo de execução de título executivo extrajudicial.
Processos de execução de quantia certa
O CPC estabeleceu um procedimento específico para a execução de quantia certa baseada em título
executivo extrajudicial, o qual está regulamentado nos arts. 824 a 909 e 921 a 925.
Trata-se de procedimento que apresenta duas fases bem definidas:
Fase inicial ou cumprimento voluntário
É a fase na qual se defere um prazo para que o devedor cumpra, espontaneamente, a obrigação.
Fase de execução forçada
É a fase na qual se praticam atos para a satisfação compulsória do direito de prestação do credor, ou
melhor, atos de expropriação, conforme já adiantam os arts. 824 e 825 do CPC.
Competência
A competência para o processo de execução de título executivo extrajudicial está expressamente prevista
no art. 781 do CPC.
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente,
observando-se o seguinte:

I – a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do
executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação
dos bens a ela sujeitos;
Analisando-se o dispositivo legal, observa-se, de plano, que o inciso I do art. 781 do CPC autoriza que o
exequente opte por ajuizar o processo de execução no domicílio do executado (que é a regra do art. 46 do
CPC) ou no local onde se encontrem os bens do executado sujeitos à execução (para facilitar a penhora e a
apreensão dos bens).
No entanto, vale esclarecer que, se existir foro de eleição no contrato entre o exequente e o executado, a
ação de execução deve ser proposta no foro eleito pelas partes, sendo certo que, se o exequente propuser a
ação em domicílio diverso, o executado poderá alegar a incompetência relativa do juízo da execução em
sede de embargos à execução, nos termos do art. 917, V, c/c o art. 63 do CPC.
Nas demais hipóteses, o CPC, nos termos dos arts. 46 a 53, trouxe regras semelhantes às existentes para a
definição de competência.
II – tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser
demandado no foro de qualquer deles;
III – sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a
execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou
no foro de domicílio do exequente;
IV – havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a
execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do
EXEQUENTE;
V – a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se
praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título,
mesmo que nele NÃO mais resida o executado.

Processo de execução da obrigação de pagar
quantia certa
O professor Guilherme Andrade discorre sobre os principais aspectos procedimentais da execução de
obrigação de pagar quantia certa.
Petição inicial
O processo de execução de título executivo extrajudicial inicia-se com a petição inicial, que, além de seus
requisitos pertinentes, mencionados nos arts. 319 e 320 do CPC, deverá ser instruída com o título executivo
extrajudicial (art. 784 do CPC) e com o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da
ação, esse último o qual deverá indicar o índice de correção monetária e a taxa de juros aplicados, bem
como os respectivos termos iniciais e finais, de acordo com o art. 798, I, a e b, e parágrafo único, do CPC.
Se a petição inicial estiver incompleta, apresentar algum vício ou não estiver acompanhada dos documentos
indispensáveis à propositura da execução, como o próprio título executivo, o juiz, antes de indeferi-la, deverá
conceder um prazo de 15 dias para que o exequente corrija seu vício ou junte o documento pertinente, nos
termos do art. 801 do CPC.
Averbação da execução
Um mecanismo ainda pouco utilizado, mas muito útil, é a averbação da execução do Cartório de Registro de
Imóveis. Sobre isso, o art. 828 do CPC dispõe que:
“O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes
e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a
penhora, arresto ou indisponibilidade”.
Percebe-se que, após a admissão do processo pelo juiz (se o juiz receber a petição inicial, entender que está
tudo correto e mandar citar o executado), o exequente poderá pedir uma certidão na vara onde tramita o
processo, para averbar, junto ao registro de bens, a existência do processo de execução contra o devedor.
O objetivo da averbação da execução é dar ciência a terceiros e ao próprio executado, ANTES mesmo de sua
citação, de que existe uma ação executiva em trâmite, de forma que qualquer alienação ou oneração de
bens efetuada APÓS a averbação será presumida como fraude à execução, conforme dispõe o § 4º do art.
828 do CPC: “Art. 828. […] § 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens
efetuada APÓS a averbação.”
Citação do executado
Se o juiz entender que a petição inicial está correta, determinará a citação do executado.
Diferentemente do CPC de 1973, que previa que, nos processos de execução, a citação do executado
deveria ser feita por oficial de justiça (art. 222, d, do CPC de 1973), o CPC de 2015 (NCPC) não repetiu essa
regra, de modo que a citação do executado deverá seguir a regra do CPC, que prevê a citação pelo correio
como a primeira modalidade de citação (art. 247 do CPC).
Mas o executado é citado para quê? Para apresentar embargos à execução? Não. Os embargos à execução
são um direito do executado, mas ele não é citado para apresentar embargos, e, sim, para efetuar o
pagamento da dívida no prazo de três dias, conforme dispõe o art. 829 do CPC.
Comentário
Vale lembrar que não se pode confundir o prazo para o pagamento na execução de título executivo
extrajudicial, que é de três dias, com o prazo para pagamento no cumprimento de sentença de obrigação de
pagar quantia certa, que é de 15 dias (art. 523 do CPC).
Honorários advocatícios
Ao determinar a citação do executado, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios, no percentualde
10%.
Os honorários advocatícios do processo de execução são devidos pelo simples fato de o executado ter dado
causa ao ajuizamento da ação de execução. Ou seja, pelo simples fato de não ter efetuado o pagamento
conforme acordado no título e ter dado causa ao ajuizamento de um processo de execução, o executado já
terá que pagar 10% de honorários advocatícios, conforme dispõe o art. 827 do CPC.
No entanto, se o executado efetuar o pagamento do valor principal no prazo de três dias, o valor dos
honorários advocatícios será reduzido para 5% apenas, conforme o § 1º do art. 827 do CPC.
Se o executado NÃO paga seu débito no prazo legal e ainda apresentar embargos à execução, além
daqueles 10% de honorários iniciais, o advogado do exequente terá direito a mais um percentual de
honorários (limitado ao máximo de 20%, somando os honorários da execução com os honorários dos
embargos), conforme dispõe o § 2º do art. 827 do CPC.
Prazo para pagamento
O executado será citado para pagar seu débito no prazo de três dias, conforme dispõe o art. 829 do CPC.
Mas, atenção, pois o prazo para o pagamento se inicia a partir do momento em que houve a efetiva citação,
e não da juntada aos autos do mandado de citação.
Além da previsão expressa do art. 829, dispõe art. 231, § 3º, do CPC que:
“[…] § 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma,
participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo para
cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em que se der a comunicação”.
Arresto executivo ou pré-penhora
Segundo o art. 830 do CPC, “se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens
quantos bastem para garantir a execução”. Isto é, se não for possível a citação do executado pelo fato de ele
não ter sido encontrado, mas se for conhecida a localização de seus bens, caberá ao oficial de justiça
realizar o arresto executivo de tantos bens quantos bastarem para garantir a dívida, nos termos do art. 830
do CPC.
Veja, portanto, que o arresto executivo busca evitar que os bens do devedor não localizado se percam, a fim
de assegurar a efetivação de futura penhora na ação de execução. Isso porque, não tendo sido localizado o
executado inicialmente e tendo sido feito o arresto executivo na forma do caput do art. 830, o exequente
deverá diligenciar para providenciar a citação do devedor, seja ela real ou ficta (por hora certa ou por edital;
vide §§ 1º e 2º do art. 830), sendo certo que, após a citação e não efetuado o pagamento, o arresto
executivo se converterá em penhora, conforme dispõe o § 3º do mesmo artigo: “Art. 830. […] § 3º
Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em penhora,
independentemente de termo.”
De todo modo, havendo citação ficta (seja a citação por hora certa, em razão de suspeita de ocultação, ou a
citação por edital), caso não haja nenhum advogado constituído nos autos, o juiz indicará um curador
especial, que terá legitimidade para oferecer inclusive embargos à execução, conforme a redação do art. 72,
II, do CPC e da Súmula nº 196 do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Arresto executivo on-line
Não localizado o executado, poderia ser feito o arresto executivo on-line pelo Sistema de Busca de Ativos do
Poder Judiciário (Sisbajud), na tentativa de encontrar dinheiro nas contas do devedor? Sim, perfeitamente.
Inclusive, recentemente, o STJ se manifestou sobre o assunto, afirmando que, “frustrada a tentativa de
localização do devedor, é possível o arresto de seus bens na modalidade on-line, com base na aplicação
analógica do art. 854 do CPC/15” (REsp. nº 1.822.034/SC, rel. min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em
15/6/2021, DJe 21/6/2021).
Averbação do arresto
Se o arresto executivo ou a penhora forem registrados no cartório competente, presume-se, de forma
absoluta, seu conhecimento por terceiros.
Art. 844. Para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, cabe ao exequente providenciar a
averbação do arresto ou da penhora no registro competente, mediante apresentação de cópia do auto ou
do termo, independentemente de mandado judicial.
Posturas do executado citado
Uma vez citado, o executado poderá adotar uma das seguintes posturas:

Pagar o débito integral no prazo legal

Requerer o pagamento parcelado

Embargar a execução

Ficar inerte
Pagamento integral do débito
Se o executado comparecer e pagar o débito no prazo de três dias, os honorários advocatícios serão
reduzidos pela metade, ou seja, para 5%, conforme dispõe art. 827, § 1º, anteriormente visto, ocasião em
que a execução será extinta, com base no art. 924, II, do CPC, segundo o qual se extingue “a execução
quando a obrigação for satisfeita”.
E se houver pagamento somente parcial do débito?
A doutrina majoritária entende que NÃO haverá o referido desconto, pois ele só vale para o pagamento
INTEGRAL do débito.
Requerimento de pagamento parcelado
Dispõe o art. 916, caput, do CPC que:
“No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por
cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá
requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção
monetária e de juros de um por cento ao mês”.
Vê-se, portanto, que, ainda que não tenha efetuado o pagamento do valor integral no prazo de três dias, a lei
permite que o executado requeira o pagamento da dívida de modo parcelado, pagando uma parte à vista
(30%) e o restante em até seis vezes.
No entanto, para obter esse benefício, o executado deverá:

Requerer o parcelamento no prazo para oferecimento dos embargos à execução, ou seja, no prazo de 15
dias, a contar da juntada do mandado aos autos (art. 915 do CPC).

Depositar (assim que requerer, já deve depositar), no mínimo, 30% do valor total da execução, mais as
custas e os honorários advocatícios (de 10%, já que não pagou no prazo de três dias).

Não apresentar embargos à execução (art. 916, § 6º, do CPC).
Feito o requerimento de parcelamento, o juiz intimará o exequente para se manifestar (art. 916, § 1º, do
CPC). Não obstante a intimação, a doutrina entende que eventual recusa do credor somente pode ser feita
de maneira justificada, uma vez que se trataria de direito do devedor efetuar o pagamento de forma
parcelada.
Feito o requerimento e efetuado o depósito dos 30%, o executado renunciará, segundo o § 6º do art. 916, ao
direito de embargar a execução.
Deferida a proposta pelo juiz, o exequente poderá levantar o valor já depositado, sendo suspensos os atos
executivos.
Art. 916. […] § 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas
vincendas, facultado ao exequente seu levantamento.
§ 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos
executivos.
E se, por acaso, for indeferido o pedido de pagamento parcelado?
A execução prosseguirá, e o valor pago a título de depósito será liberado ao exequente (credor) e já servirá
como quitação daquela parcela do débito: “Art. 916. […] § 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos
executivos, mantido o depósito, que será convertido em penhora”.
E se o executado NÃO concordar com o indeferimento do pagamento parcelado?
A decisão que indefere o pedido de pagamento parcelado é uma decisão interlocutória, recorrível por agravo
de instrumento, nos termos do art. 1.015, parágrafo único, do CPC.
Deferido o pedido, o devedor deverá pagar as parcelas mensalmente no prazo estabelecido, sendo certo que
o CPC estabelece as sanções para o caso de inadimplemento das prestações:
Art. 916. […] § 5º O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente:
I – o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício
dos atos executivos;
II – a imposição ao executado de multa de 10%sobre o valor das prestações não pagas.
Embargos à execução
Trataremos deles, de maneira mais detalhada, adiante, mas são cabíveis no prazo de 15 dias (art. 915 do
CPC).
Quedar-se inerte
Se o executado permanecer inerte e não efetuar o pagamento no prazo legal, o oficial de justiça voltará ao
endereço dele e realizará a penhora e a avaliação dos bens.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(TJ/RJ – 2016 – Juiz de Direito) Tratando-se de execução de título extrajudicial, não tendo sido
encontrado o executado para citação pelo oficial de justiça, assinale a alternativa correta.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Segundo o art. 830 do CPC: “Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens
quantos bastem para garantir a execução.” Com relação à possibilidade de arresto on-line nas contas
do executado, o STJ se manifestou sobre o assunto, afirmando que, “frustrada a tentativa de localização
do devedor, é possível o arresto de seus bens na modalidade on-line, com base na aplicação analógica
do art. 854 do CPC/15” (REsp. nº 1.822.034/SC, rel. min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em
15/6/2021, DJe 21/6/2021).
Questão 2
(TJ/RS – 2020 – Oficial de Justiça) No que concerne à execução por quantia certa, é correto afirmar
que:
A Não será possível o arresto de bens até que o credor os indique, bem como sua
localização.
B
Em razão da natureza do título e de sua força executiva extravagante, enquanto não
houver a citação, não serão arrestados bens.
C
Somente se houver prova do periculum in mora o juiz determinará o arresto dos bens do
devedor até o limite da dívida.
D
Será possível o arresto bancário prévio por meio eletrônico, nos moldes da penhora, por
interpretação analógica.
E A execução será arquivada.
A
Concluída a avaliação do bem penhorado, não é mais lícito ao executado pagar a dívida,
ainda que atualizada e acrescida de juros, custas e honorários advocatícios.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Segundo o art. 830 do CPC: “Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens
quantos bastem para garantir a execução”.
B Ao despachar a inicial, o juiz deve determinar a intimação do executado para que, no
prazo de três dias, apresente contestação.
C
Caso o executado aliene bem imóvel cuja penhora foi previamente averbada na
serventia imobiliária, incide presunção legal de ocorrência de fraude contra credores.
D
A avaliação do bem penhorado é requisito de validade do processo de execução,
devendo ser realizada ainda que uma das partes aceite a estimativa de valor feita pela
outra.
E
Caso o oficial de justiça, por ocasião da diligência citatória, não encontre o executado,
deverá proceder ao arresto de bens de sua propriedade suficientes para garantir a
execução.
2 - Distinção dos processos
Ao �m do módulo, você será capaz de distinguir a penhora, a avaliação do
depósito, a impenhorabilidade e a expropriação de bens.
Da penhora
Conceito
Conforme dispõem os arts. 829, § 1º, e 831 do CPC, não efetuando o devedor o pagamento do valor devido,
serão penhorados tantos bens quantos bastarem para satisfazer o pagamento da dívida.
A penhora, portanto, é o ato executivo consistente na individualização e na
apreensão dos bens do devedor executados, a fim de que sejam levados a leilão
judicial (como regra) e, com o dinheiro da alienação, possa ser pago o crédito do
exequente.
Essa penhora é realizada pelo próprio oficial de justiça (art. 829, § 1º, do CPC) e recairá, em geral, sobre os
bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz,
mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao
exequente (art. 829, § 2º, do CPC).
Após a apreensão dos bens, o oficial de justiça formalizará essa penhora, lavrando um ato ou termo de
penhora (arts. 838 e 839 do CPC) e entregando os bens penhorados a um depositário (uma pessoa que
guardará os bens – art. 840 do CPC).
Intimação da penhora
Feita e formalizada a penhora, o executado deverá ser intimado dessa penhora (art. 840, § 1º, do CPC). Se o
executado estiver presente no momento em que o oficial de justiça estiver penhorando seus bens, nesse
mesmo momento, o oficial de justiça intimará o executado (art. 841, § 3º, do CPC).
Caso contrário, a intimação do executado será feita na pessoa de seu advogado (por meio do Diário de
Justiça), se já tiver advogado constituído nos autos do processo de execução), ou, não o tendo, será feita
pessoalmente (só o executado pode ser intimado), de preferência pelo correio (art. 841, §§ 1º e 2º, do CPC).
Atenção
Se o executado for casado e a penhora recair sobre imóvel (apenas no caso de imóveis), ainda que ele
esteja apenas em nome do executado, será necessário intimar o cônjuge do executado a respeito dessa
penhora, salvo se forem casados em regime de separação absoluta de bens (art. 842 do CPC).
Ordem legal da penhora
O art. 835 do CPC estipula uma ordem legal da penhora. Não obstante a ordem legal estabelecida pelo art.
835, indaga-se se o juiz poderia alterar essa ordem no caso concreto.
Na vigência do CPC de 1973, o STJ tinha o entendimento de que, “na execução civil, a penhora de dinheiro na
ordem de nomeação de bens NÃO tem caráter absoluto”, conforme a Súmula nº 417.
No entanto, com o advento do NCPC, o enunciado dessa súmula parece ter sido superado. Isso porque o §
1º do art. 835 dispõe que
“é prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a
ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto”.
Dessa forma, pode-se concluir que, nos casos envolvendo dinheiro, a penhora em dinheiro goza de
presunção absoluta de preferência, não podendo ser penhorado nenhum outro bem, se houver dinheiro
disponível. Por outro lado, caso não seja encontrado dinheiro do executado, a ordem da penhora dos bens
nos demais casos poderá ser alterada.
Penhora on-line (Sisbajud)
A penhora on-line nada mais é do que a penhora de dinheiro por meios eletrônicos, ou seja, por meio do
Sisbajud.
Não efetuado o pagamento do débito no prazo, o credor poderá requerer ao juiz a penhora on-line por meio
do Sisbajud, de modo que o juiz, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições
financeiras que tornem indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a
indisponibilidade ao valor indicado na execução, nos termos do art. 854 do CPC.
Penhora on-line em conta conjunta
No caso de conta-corrente conjunta, seria possível a penhora on-line do valor integral existente na conta,
ainda que apenas um dos correntistas (geralmente cônjuges) seja o executado devedor? Dentro do próprio
STJ, a questão é controvertida.
Existem julgados no sentido de que, “no caso de conta conjunta, cada um dos correntistas é credor de
todo o saldo depositado de forma solidária, assim, o valor depositado pode ser penhorado em
garantia da execução, ainda que somente um dos correntistas seja responsável tributário pelo
pagamento do tributo” (AgInt. no AREsp. nº 1.177.841/SP, rel. min. Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª
Turma, julgado em 1/6/2020, DJe 4/6/2020).
Contudo, existem outros julgados entendendo que, “em se tratando de conta-corrente conjunta
solidária, NA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS VALORES QUE INTEGRAM O PATRIMÔNIO DE CADA
UM, presume-se a divisão do saldo em partes iguais, de forma que os atos praticados por quaisquer
dos titulares em suas relações com terceiros não afetam os demais correntistas” (REsp. nº
1.510.310/RS, rel. min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 3/10/2017, DJe 13/10/2017 –
Informativo nº 613).
Para finalizar a divergência, o STJ, em 11 de maio de 2021, instaurou, de ofício, o incidente de assunção de
competência para a delimitação da controvérsia: “possibilidade ou não de penhora integral de valores
depositados em conta bancária conjunta, na hipótesede apenas um dos titulares ser sujeito passivo de
processo executivo” (ProAfR. no REsp. nº 1.610.844/BA, rel. min. Luis Felipe Salomão, Corte Especial,
julgado em 11/5/2021, DJe 4/6/2021).
Impenhorabilidade
O professor Guilherme Andrade discorre sobre as impenhorabilidades e suas principais controvérsias na
jurisprudência.
Em geral, o devedor responde por sua dívida com todo o seu patrimônio, conforme dispõe o art. 789 do CPC.
No entanto, pode-se observar que o próprio dispositivo legal citado admite ressalvas à responsabilidade
patrimonial integral do devedor. Com efeito, em respeito ao princípio da dignidade humana, deve-se
assegurar ao devedor um patrimônio mínimo suficiente para manutenção de uma existência digna.


Nesse sentido, o CPC estabelece algumas hipóteses em que os bens do devedor não estarão sujeitos à
execução, conforme se extrai do art. 832, segundo o qual não estão sujeitos à execução os bens que a lei
considera impenhoráveis ou inalienáveis.
Vamos, portanto, estudar algumas hipóteses de impenhorabilidade previstas no art. 833 do CPC.
Art. 833. São impenhoráveis:
I – os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II – os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo
os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão
de vida; […].
Padrão médio de vida é a média nacional de conforto representativa do padrão médio da sociedade
brasileira, tomando-se por base a conclusão dos índices apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Exemplo
Assim, por exemplo, o STJ já entendeu serem impenhoráveis “aparelho de som, televisão, forno micro-ondas,
computador, impressora e ‘bar em mogno com revestimento em vidro’, bens que usualmente são
encontrados em uma residência e que não possuem natureza suntuosa” (REsp. nº 589.849/RJ, rel. min.
Jorge Scartezzini, 4ª Turma, julgado em 28/6/2005, DJ 22/8/2005, p. 283).
Art. 833. São impenhoráveis:
[…] III – os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV – os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade
de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os
honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º; […].
Em geral, a remuneração ou o salário do devedor são impenhoráveis. No entanto, o inciso IV do art. 833
admite duas exceções expressas no § 2º do mesmo artigo:
Para pagamento de prestação alimentícia.
Art. 833. […] § 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para
pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias
excedentes a 50 (cinquenta) salários mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art.
528, § 8º, e no art. 529, § 3º.
Em que pese o fato de o art. 833 admitir, expressamente, essas duas exceções à impenhorabilidade do
salário, o STJ vem relativizando regra prevista no inciso IV do referido artigo.
A Corte Especial do STJ, no julgamento do EREsp. nº 1.582.475/MG (3/10/2018), decidiu que a regra geral
de impenhorabilidade dos vencimentos do devedor, ALÉM DA EXCEÇÃO EXPLÍCITA, prevista no § 2º do art.
649, IV, do CPC de 1973 (art. 833, § 2º, do NCPC), também pode ser excepcionada, quando preservado
percentual capaz de manter a dignidade do devedor e de sua família, uma vez que, se, por um lado, a
impenhorabilidade de salários, vencimentos e proventos tem por fundamento a proteção à dignidade do
devedor, com a manutenção do mínimo existencial e de um padrão de vida digno em favor de si e de seus
dependentes, por outro lado, o credor tem direito ao recebimento de tutela jurisdicional capaz de dar
efetividade, na medida do possível e do proporcional, a seus direitos materiais, conforme previsto na
Constituição.
Frise-se que, analisando os embargos de declaração opostos no julgado citado, a Corte Especial do STJ
reiterou que:
[…] não há que se falar na flexibilização da impenhorabilidade com base,
unicamente, no disposto no art. 833, IV, § 2º, do CPC/2015, porque a própria
evolução jurisprudencial não impede que tal mitigação ocorra nas hipóteses
em que os vencimentos, subsídios, soldos etc. sejam inferiores a 50
(cinquenta) salários mínimos. O que a nova regra processual dispõe é que, em
regra, haverá a mitigação da impenhorabilidade na hipótese de as importâncias
excederem o patamar de 50 (cinquenta) salários mínimos, O QUE NÃO
SIGNIFICA DIZER QUE, NA HIPÓTESE DE NÃO EXCEDEREM, NÃO PODERÁ SER
PONDERADA A REGRA DA IMPENHORABILIDADE.
Para pagamento de obrigação de qualquer natureza, quando o
devedor receber remuneração mensal superior a 50 salários
mínimos.
(EDcl. nos EREsp. nº 1.518.169/DF, rel. min. Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em 21/5/2019, DJe 24/5/2019)
Nos termos do inciso V do art. 833 do NCPC:
Art. 833. São impenhoráveis:
[…] V – os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis
necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; […].
Os bens necessários ou úteis ao exercício profissional também são impenhoráveis, tendo em vista que a
penhora dos referidos bens poderia retirar justamente a possibilidade de o executado se manter
dignamente.
Contudo, vale ressaltar que, segundo o STJ, a impenhorabilidade mencionada no inciso V não se aplica, em
geral, às pessoas jurídicas, salvo no caso de microempresas e empresas de pequeno porte, quando os bens
se revelarem indispensáveis à continuidade das atividades (AgRg. no Ag. nº 1.370.023/SP, rel. min. Maria
Isabel Gallotti, 4ª Turma, julgado em 2/2/2016, DJe 5/2/2016).
Nos termos do inciso V do artigo em tela: “Art. 833. São impenhoráveis: […] VI – o seguro de vida; […]”.
Não obstante a previsão legislativa ampla, o STJ vem entendendo que “a impenhorabilidade dos valores
recebidos pelo beneficiário do seguro de vida limita-se ao montante de 40 (quarenta) salários mínimos”. A
finalidade do seguro de vida é proporcionar um rendimento a alguém, não o deixando à míngua de recursos.
A razão da impenhorabilidade, portanto, está no caráter alimentar do benefício, motivo pelo qual deve ser
aplicado o disposto no art. 833, X, do NCPC, cuja norma tem o mesmo objetivo, ou seja, proteger a dignidade
do executado, mas não impedir a execução de valores que superem as exigências deste (REsp. nº
1.361.354/RS, rel. min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 22/5/2018, DJe 25/6/2018
– Informativo nº 268).
Art. 833. São impenhoráveis:
[…] VII – os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família […].
A pequena propriedade rural trabalhada pela família também é impenhorável. Observe que a “pequena
propriedade” prevista no CPC é até mais ampla do que a da norma constitucional (Constituição Federal de
1988 – CF/1988, arts. 5º, XXVI, e 185, I), visto que a única exigência para a impenhorabilidade é que ela seja
trabalhada pela família, pouco importando a natureza da dívida contraída pelo executado (REsp. nº
1.591.298/RJ, rel. min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 14/11/2017, DJe 21/11/2017 –
Informativo nº 616).
Art. 833. São impenhoráveis:
[…] IX – os recursos PÚBLICOS recebidos por instituições PRIVADAS para aplicação compulsória em
educação, saúde ou assistência social;
X – a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos; […].
Em que pese o fato de o dispositivo legal falar apenas em “caderneta de poupança”, o STJ vem dando uma
interpretação extensiva ao inciso X do art. 833 do CPC, no sentido de que “todos os valores pertencentes ao
devedor, até o limite de 40 (quarenta)salários mínimos, mantidos em conta-corrente, caderneta de
poupança ou fundos de investimentos, são impenhoráveis” (AgInt. no AREsp. nº 1.826.475/RJ, rel. min.
Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, julgado em 22/6/2021, DJe 25/6/2021).
Art. 833. São impenhoráveis:
[…] XI – os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII – os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária,
vinculados à execução da obra.
Da avaliação
Após a penhora dos bens do devedor, antes de serem levados a leilão, é imprescindível que sejam avaliados
judicialmente, para saber por qual valor serão vendidos no leilão.
Essa avaliação é feita, como regra, pelo próprio oficial de justiça (oficial de justiça avaliador – OJA), salvo se
forem necessários conhecimentos especializados e o valor da execução o comportar, situação em que o
juiz nomeará um especialista avaliador (art. 870 do CPC).
Em algumas situações, todavia, a própria lei diz que não será feita avaliação (art. 871 do CPC), como quando
for penhorado um veículo, ocasião em que o preço ou valor que deverá ser levado em consideração no leilão
pode ser conhecido por meio de pesquisas realizadas em anúncios de venda divulgados em meios de
comunicação, caso em que caberá a quem fizer a nomeação o encargo de comprovar a cotação de
mercado, nos termos do inciso IV do art. 871 do CPC.
Da expropriação de bens
Penhorados e avaliados, os bens serão agora expropriados, a fim de satisfazer o crédito do credor (art. 875
do CPC).
Expropriar significa, justamente, retirar a propriedade do bem do devedor com o objetivo de, assim,
satisfazer o direito do exequente. Atualmente, podemos constatar duas principais espécies típicas de
expropriação, quais sejam:
Adjudicação
Arts. 876 a 878 do CPC.
Alienação
Arts. 879 a 903 do CPC.
Seja por iniciativa particular, seja por leilão judicial.
Adjudicação (arts. 876 a 878 do CPC)
A adjudicação ocorre quando o próprio bem penhorado é transferido, judicialmente, ao credor para a
satisfação de seu crédito, independentemente de realização de leilão judicial.
Segundo o art. 876 do CPC, “é lícito ao exequente, oferecendo preço NÃO inferior
ao da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados”.
Não se pode confundir a adjudicação com a arrematação em leilão judicial. Na adjudicação, o bem
penhorado é transferido para a satisfação do direito do credor, independentemente de arrematação em
leilão judicial. Já no leilão, o bem penhorado é vendido para, posteriormente, o dinheiro obtido com a venda
ser entregue ao credor para a satisfação de seu crédito.
Para que seja possível a adjudicação, é imprescindível que o valor oferecido pelo exequente não seja inferior
ao da avaliação, nos termos do art. 876 do CPC.
Exemplo
Se o imóvel penhorado do devedor foi avaliado em R$ 200.000,00 e o crédito do exequente for de R$
300.000,00, o exequente deve chegar para o juiz e falar: “Juiz, dos R$ 300.000,00 que eu tenho para receber,
eu quero adjudicar esse imóvel para mim e ofereço R$ 200.000,00 nesse imóvel, a ser pago com parcela
desse meu crédito”.
Dessa forma, se o crédito do exequente for superior ao valor do bem (como no exemplo apresentado), o
exequente não precisa, efetivamente, pagar nenhum valor, bastando que seja abatido de seu crédito o valor
referente ao que foi oferecido para que o imóvel lhe fosse adjudicado (valor esse que, repita-se, deverá ser,
no mínimo, igual ao da avaliação), prosseguindo-se à execução quanto à diferença (art. 876, § 4º, II, do
CPC).
No entanto, se o crédito do exequente for inferior ao valor do bem (por exemplo, crédito de R$ 100.000,00 e
imóvel avaliado em R$ 200.000,00), o exequente deverá pagar a diferença entre seu crédito e o valor do bem
(art. 876, § 4º, I, do CPC).
O procedimento da adjudicação está descrito nos arts. 876 a 878 do CPC.
Alienação por iniciativa particular
A alienação por iniciativa particular ocorre quando o próprio exequente (ou algum corretor ou leiloeiro
público credenciado) tenta conseguir um comprador para o imóvel, seguindo determinadas regras impostas
pela lei, estando seu procedimento regulamentado no art. 880 do CPC.
Alienação por leilão judicial
A alienação judicial, ao menos nos termos da lei, é a última opção na tentativa de expropriação dos bens.
Dispõe o art. 881 do CPC que “a alienação far-se-á em leilão judicial se não efetivada a adjudicação ou a
alienação por iniciativa particular”. Na prática, todavia, a alienação por leilão judicial é muito mais comum
que a alienação por iniciativa particular e a adjudicação.
A alienação por leilão judicial deve ser feita, preferencialmente, por meio eletrônico (art. 882 do CPC) e será
realizada por um leiloeiro público (art. 882, § 1º, do CPC), que, como regra, é indicado pelo próprio juiz, mas
a parte exequente pode (não é obrigada, é uma faculdade) indicar um leiloeiro (art. 883 do CPC).
No entanto, antes de levar o bem penhorado a leilão, esse leiloeiro deve publicar um edital (art. 884, I, do
CPC) com pelo menos cinco dias de antecedência da data do leilão (art. 887, § 1º, do CPC), contendo as
informações constantes no art. 886 do CPC.
Em geral, a publicação do edital deverá ser feita na internet, conforme dispõe o art. 887, §§ 2º e 3º, do CPC.
Além da publicação do edital, é necessária a intimação a respeito da data marcada para a alienação judicial,
com pelo menos cinco dias de antecedência dessa data, do executado e das outras pessoas mencionadas
no art. 889 do CPC.
Atenção
A ausência de intimação do devedor ou de qualquer outro sujeito que participe do processo como
responsável patrimonial, tendo bem de sua propriedade oferecido em leilão judicial, gera a nulidade de
eventual arrematação, com a necessidade de realização de novo leilão judicial.
Por outro lado, a ausência de intimação de terceiro gera tão somente a ineficácia da alienação perante o
terceiro não intimado (art. 804 do CPC).
Das propostas
Os interessados em adquirir o bem deverão fazer propostas por escrito, mas o valor das propostas
dependerá se se está diante do primeiro ou do segundo leilão:
Primeiro leilão
A proposta não poderá ser inferior ao valor de avaliação.
Segundo leilão
A proposta não poderá ter preço vil.
De acordo com o art. 895 do CPC: “O interessado em adquirir o bem penhorado em prestações poderá
apresentar, por escrito: […].”
Essas regras valem para os lances apresentados ANTES do leilão, de forma que, durante o leilão, são, sim,
possíveis novos lances, inclusive em valor abaixo do valor de avaliação, mesmo no primeiro leilão.
Art. 835. […] I – até o início do primeiro leilão, proposta de aquisição do bem por valor NÃO inferior ao da
avaliação;
II – até o início do segundo leilão, proposta de aquisição do bem por valor que NÃO seja considerado vil.
[…]
§ 6º A apresentação da proposta prevista neste artigo não suspende o leilão.
E o que é “preço vil”?
O juiz quem determina, mas, se ele não determinar, será até 50% do valor de avaliação.
Art. 885. O juiz da execução estabelecerá o preço mínimo, as condições de pagamento e as garantias que
poderão ser prestadas pelo arrematante.
Art. 891. NÃO será aceito lance que ofereça preço VIL.
Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital, e,
não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a 50% do valor da avaliação.
Exceção: no caso de o bem imóvel penhorado pertencer a incapaz, o CPC exige que
o valor da arrematação represente ao menos 80% do valor de avaliação. NÃO se
atingindo esse valor, a alienação será ADIADA por até um ano.
Art. 896. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em leilão pelo menos 80% do valor da avaliação, o juiz
o confiará à guarda e à administração de depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a
1 (um) ano.
§ 1º Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, mediante caução idônea, o preçoda
avaliação, o juiz ordenará a alienação em leilão.
§ 2º Se o pretendente à arrematação se arrepender, o juiz impor-lhe-á multa de 20% sobre o valor da
avaliação, em benefício do incapaz, valendo a decisão como título executivo.
§ 3º Sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º, o juiz poderá autorizar a locação do imóvel no prazo do
adiamento.
§ 4º Findo o prazo do adiamento, o imóvel será submetido a novo leilão.
Em geral, as propostas de pagamento à vista têm preferência sobre o pagamento parcelado, mas o juiz
deverá analisar cada caso concreto, pois pode haver situações em que o pagamento parcelado seja mais
vantajoso.
Exemplo
É melhor um pagamento parcelado em 10 vezes no valor total de 80 mil reais do que um pagamento à vista
de 50 mil reais, em relação a um débito de 100 mil reais.
Art. 895. […]
§ 7º A proposta de pagamento do lance à vista sempre prevalecerá sobre as propostas de pagamento
parcelado.
§ 8º Havendo mais de uma proposta de pagamento parcelado:
I – em diferentes condições, o juiz decidirá pela mais vantajosa, assim compreendida, sempre, a de maior
valor;
II – em iguais condições, o juiz decidirá pela formulada em primeiro lugar.
§ 9º No caso de arrematação a prazo, os pagamentos feitos pelo arrematante pertencerão ao exequente
até o limite de seu crédito, e os subsequentes, ao executado.
Pagamento do preço
O pagamento deverá ser realizado de imediato pelo arrematante, por depósito judicial ou por meio
eletrônico. Segundo o art. 882 do CPC: “Salvo pronunciamento judicial em sentido diverso, o pagamento
deverá ser realizado de imediato pelo arrematante, por depósito judicial ou por meio eletrônico.”
Sendo o arrematante o exequente e o único credor, não estará obrigado, ao menos em regra, a exibir o preço,
o que significa que não será compelido a realizar o pagamento, até mesmo porque, sendo beneficiado por
este, não teria qualquer sentido o exigir.
A exigência de que seja o único credor é importante, porque, tendo sido instaurado incidentalmente o
concurso de credores, o exequente deverá depositar em juízo o valor integral da arrematação.
Por óbvio, se o valor da arrematação superar o valor da dívida, deverá ser paga a diferença a ser entregue ao
devedor. Nesse caso, o exequente-arrematante deverá realizar o pagamento da diferença no prazo de três
dias, sob pena de tornar sem efeito a arrematação, hipótese na qual os bens voltariam a novo leilão judicial,
que ocorreria às custas do exequente.
Independentemente do valor a ser pago, a proposta deverá ser paga em 25% de seu valor à vista, e o
restante poderá ser parcelado em até trinta vezes.
Atraso no pagamento: havendo atraso no pagamento de qualquer das prestações,
incidirá multa de 10% sobre a soma da parcela inadimplida com as parcelas
vincendas.
Art. 895. […]
§ 4º No caso de atraso no pagamento de qualquer das prestações, incidirá multa de 10% sobre a soma da
parcela inadimplida com as parcelas vincendas.
§ 5º O inadimplemento autoriza o exequente a pedir a resolução da arrematação ou promover, em face do
arrematante, a execução do valor devido, devendo ambos os pedidos ser formulados nos autos da
execução em que se deu a arrematação.
Além da multa, o arrematante perderá a caução que deu em garantia. Segundo o art. 897 do CPC: “Se o
arrematante ou seu fiador NÃO pagar o preço no prazo estabelecido, o juiz impor-lhe-á, em favor do
exequente, a perda da caução, voltando os bens a novo leilão, do qual não serão admitidos a participar o
arrematante e o fiador remissos.”
Segundo leilão
Enquanto no CPC de 1973, para que houvesse segundo leilão, era necessário que o bem não atingisse o
valor da avaliação, no NCPC, para que haja o segundo leilão, é preciso que não haja interessados no primeiro
leilão, de forma que se pode concluir que são, sim, permitidos lances inferiores ao valor de avaliação já no
primeiro leilão, desde que não representem preço vil. Para tanto, basta comparar o art. 886 do NCPC com o
art. 686 do CPC de 1973.
O objetivo dessa regra é promover a economia processual.
Dica
Apesar de o NCPC só falar expressamente em dois leilões presenciais, nada impede que, frustradas essas
duas tentativas, haja a designação de um terceiro leilão judicial, e assim sucessivamente.
Auto de arrematação
Arrematação se encerra com a elaboração de um auto, instrumento apto a documentar os atos praticados
no leilão judicial, que será lavrado de imediato, mencionando as condições pelas quais foi alienado o bem.
A carta de arrematação só é expedida em caso de arrematação de bens imóveis, de forma que a
arrematação de bens MÓVEIS dispensa a expedição de carta de arrematação, bastando que, após a
elaboração do auto, já seja expedida ordem judicial para a imediata entrega da coisa.A carta de arrematação
exige tão somente a comprovação da quitação do imposto de transmissão, sendo os demais encargos
tributários retirados do produto da arrematação, isto é, serão abatidos do valor pago pelo arrematante.
Arrematação viciada
Corrente doutrinária majoritária afirma que os vícios da arrematação têm natureza de matéria de ordem
pública, de forma que seu reconhecimento poderá ocorrer de ofício.
A exceção a essa regra fica por conta da previsão do art. 903, § 4º, do CPC, ao
exigir uma ação autônoma para invalidar a arrematação após a expedição de carta
de arrematação ou da ordem de entrega, na qual o arrematante participará como
litisconsorte necessário.
Entrega de dinheiro ao credor
Por fim, haverá a entrega de dinheiro ao credor e, se o valor entregue quitar o débito relativo à dívida original
+ honorários advocatícios + custas processuais + correção monetária + juros moratórios, haverá a quitação
da dívida. Caso contrário, continuará a execução em relação ao montante remanescente.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(TJ/CE – 2018 – Cespe – Juiz de Direito) De acordo com o Código de Processo Civil (CPC), se, em
processo de execução de contrato inadimplido, ocorrer a penhora judicial de dinheiro depositado em
conta bancária do executado, o juiz poderá cancelar o ato de penhora, caso acolha o pedido de
impenhorabilidade sob o argumento de que a quantia bloqueada:
A Pertence a terceiro.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Trata-se de decorrência do art. 833, IV e § 2º, do CPC: “Art. 833. São impenhoráveis: […] IV – os
vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as
pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e
destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os
honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º; […] § 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não
se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua
origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários mínimos mensais, devendo a
constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º.”
Questão 2
(TJ/MG – 2018 – Consulplan – Juiz de Direito) A sociedade empresária X, pequena empresa que se
dedica à atividade econômica de prestação de serviços (consertos de celulares) sem atendimento
domiciliar, aceitou uma duplicata emitida por seu fornecedor Y. No vencimento, a obrigação foi
inadimplida, o credor aforou ação de execução e indicou para penhora um automóvel utilizado pelo
sócio-gerente da devedora. A executada foi citada e, no prazo legal, ofereceu embargos à execução
somente para alegar impenhorabilidade absoluta do veículo, porque seria instrumento de trabalho.
Nesse caso, a alegação deve ser rejeitada, porque:
B Decorreu de venda de imóvel.
C Corresponde ao salário do executado e não ultrapassa cinquenta salários mínimos.
D Estava vinculada ao pagamento de conta exclusivamente em débito automático.
E Acarretará enriquecimento ilícito.
A A impenhorabilidade é relativa.
B O usuário do veículo pode utilizar transportepúblico.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Segundo o art. 833, V, do CPC, “são impenhoráveis os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios,
os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado.
Os bens necessários ou úteis ao exercício profissional também são impenhoráveis. Tal disposição legal
é devida, pois retirar tais bens seria o mesmo que impedir o executado de obter o necessário para a sua
manutenção. Além desse motivo, parte da doutrina ainda aponta outro fundamento para sua
impenhorabilidade: a realização pessoal do executado, que, caso fosse-lhe privado, feriria sua dignidade
humana. No caso em tela, entretanto, a empresa não fazia atendimento domiciliar, razão pela qual o
veículo não era útil ao exercício da atividade empresarial, não se enquadrando na proteção do art. 833,
V, do CPC. Ademais, vale ressaltar que o STJ possui o entendimento de que a impenhorabilidade
mencionada no inciso V não se aplica, em regra, às pessoas jurídicas, salvo no caso de microempresas
e empresas de pequeno porte quando os bens se revelem indispensáveis à continuidade das
atividades” (AgRg. no Ag. nº 1.370.023/SP, rel. min. Maria Isabel Gallotti, 4ª Turma, julgado em
2/2/2016, DJe 5/2/2016).
C O bem não é utilizado na atividade empresarial da devedora.
D A impenhorabilidade, no caso narrado, beneficia somente a pessoa natural devedora.
E A impenhorabilidade é absoluta.
3 - Defesa do executado: os embargos
Ao �m do módulo, você será capaz de reconhecer as principais
características dos embargos à execução.
Embargos à execução
Conceito
Segundo o art. 914 do CPC, “o executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se
opor à execução por meio de embargos”.
Os embargos à execução nada mais são do que a defesa do executado no processo
de execução de título executivo extrajudicial.
Apesar de se tratar da defesa do executado, predomina o entendimento de que os embargos à execução
têm natureza jurídica de ação autônoma de conhecimento, que dará origem a um processo novo, o qual
tramitará em apenso aos autos da execução.
Nesse sentido, os embargos à execução são distribuídos por dependência e são autuados em apartado,
conforme dispõe o art. 914, § 1º, do CPC.
Garantia do juízo
Conforme se extrai da simples leitura do caput do art. 914 do CPC, para a interposição de embargos à
execução, é dispensada qualquer espécie de garantia do juízo, ou seja, o executado-embargante não precisa
depositar o valor que lhe está sendo cobrado no processo de execução para poder interpor os embargos à
execução.
No entanto, na execução fiscal, para que o executado apresente embargos à execução fiscal, é necessária a
garantia do juízo, conforme dispõe o art. 16, § 1º, da Lei nº 6.830/1980.
Prazos dos embargos
Os embargos à execução devem ser oferecidos no prazo de 15 dias, contados da data de juntada aos autos
do mandado de citação. Segundo o art. 915 do CPC: “Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze)
dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231.”
Prazo dos embargos na execução por carta
Se o executado estiver residindo em comarca diferente de onde tramita o processo de execução, será
necessária a expedição de carta precatória para sua citação. Nesse caso, fala-se que a “execução será feita
por carta”.
No caso de execução por carta, o prazo para embargar também será de 15 dias, variando, entretanto, o
termo inicial desse prazo, conforme dispõe o § 2º do art. 915 do CPC.
Expedida a carta precatória pelo juízo de origem (onde tramita a execução), ela será remetida ao juízo
deprecado (onde mora o executado). O juízo deprecado, por sua vez, determinará a citação do executado.
Após a efetivação da citação do executado, o juízo deprecado juntará o comprovante de citação aos autos
da carta precatória e enviará ao juízo deprecante, por meio eletrônico, o comprovante da citação, nos termos
do § 4º do art. 915 do CPC.
Devidamente citado, o termo inicial do prazo para a apresentação dos embargos à execução vai variar de
acordo com as alegações do próprio executado.
Alegação de vícios ou defeitos da penhora
Se nos embargos o executado alegar apenas (e tão somente) vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou
da alienação dos bens, o prazo se iniciará a partir do momento em que for juntado, na própria carta
precatória (ou seja, no juízo deprecado), o mandado ou a certificação de citação do executado.
Alegações de matérias diversas de vícios ou ou defeitos
da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens
Se nos embargos o executado alegar matérias diversas das mencionadas anteriormente (vícios ou defeitos
da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens), o prazo se iniciará a partir do momento em que for
juntado, nos autos do processo de execução (no juízo deprecante), o comunicado eletrônico comprovando a
citação enviado pelo juízo deprecado ou, não havendo este, a própria carta precatória.
Prazo dos embargos em caso de litisconsórcio passivo
Havendo litisconsórcio passivo na execução, o prazo para cada um deles embargar será contado de forma
independente, ou seja, para cada executado a contagem do prazo tem início com a juntada de seu mandado
de citação nos autos da execução (exceção: quando se trata de cônjuges).
Mesmo no caso de existir mais de um executado, com advogados distintos, de escritórios de advocacia
distintos, o prazo para a apresentação dos embargos à execução não será computado em dobro, tendo em
vista o disposto no § 3º do art. 915 do CPC, o qual preconiza que, “em relação ao prazo para oferecimento
dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art. 229”.
Atenção
Não se deve confundir, entretanto, com a regra do cumprimento de sentença, pois aqui o prazo para a
impugnação ao cumprimento de sentença será computado em dobro, se os executados tiverem advogados
distintos de escritórios de advocacia diferentes, conforme dispõe o art. 525, § 3º, do CPC.
Competência para julgar os embargos à
execução
A competência para o julgamento dos embargos à execução é absoluta do juízo do processo de execução
(competência funcional), salvo no caso de execução por carta precatória (o réu mora em comarca diferente
de onde tramita o processo de execução e, para sua citação, é necessária a expedição de carta precatória),
ocasião em que o juízo competente para julgar os embargos à execução dependerá da matéria alegada pelo
executado em seus embargos.
Alegação de vício na penhora, na avaliação ou na
alienação
Se o executado-embargante alegar apenas vício na penhora, na avaliação ou na alienação realizada pelo
juízo deprecado, a competência PARA JULGAR os embargos à execução será do juízo deprecado, porque se
trata de atos por ele praticados.
Alegação de questões distintas
Se o executado-embargante alegar questões distintas das mencionadas, os embargos serão julgados,
normalmente, pelo juízo deprecante, que é onde tramita a execução.
Rejeição liminar dos embargos
Art. 918. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:
I – quando intempestivos;
II – nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido;
III – manifestamente protelatórios.
Parágrafo único. Considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de embargos
manifestamente protelatórios.
O termo “rejeição” deve ser interpretado aqui em sentido amplo, admitindo-se tanto a extinção do processo
sem resolução do mérito (por exemplo, embargos intempestivos e petição inicial inapta) quanto a extinção
do processo com resolução do mérito (por exemplo, embargos manifestamente protelatórios).
O que temos certo é que a rejeição será inaudita altera pars, de modo que o embargante sequer terá sua
pretensão acolhida.
Considerando que os embargos à execução têm natureza de ação autônoma de conhecimento, a decisão
que os rejeita de forma liminar é uma sentença (art. 203, § 1º, do CPC), motivo pelo qual cabe apelação
contra essa decisão.
Efeitos em queos embargos à execução são
recebidos
Como regra, nos termos do art. 919 do CPC, “os embargos à execução não terão efeito suspensivo”, motivo
pelo qual, ainda que sejam opostos, a execução prosseguirá normalmente, com penhora, avaliação e
expropriação de bens.
Excepcionalmente, os embargos à execução podem vir a receber os efeitos suspensivos, desde que
atendidos os requisitos, cumulativos, do art. 919, § 1º, do CPC, quais sejam:

Requerimento expresso do embargante nesse sentido, não podendo o magistrado conceder efeito
suspensivo de ofício.

Demonstração da probabilidade do direito alegado pelo embargante.

Fundado receio de que a continuação da execução cause dano grave ou dano de difícil reparação.

Garantia integral do juízo.
Nos termos do § 1º do art. 919 do CPC:
Art. 918. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:
§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando
verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida
por penhora, depósito ou caução suficientes.

Matérias que podem ser objeto de embargos
à execução
O professor Guilherme Andrade discorre sobre as matérias que podem ser arguidas nos embargos à
execução.
Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da
obrigação
Para ajuizar uma ação de execução de título executivo extrajudicial, é imprescindível que o exequente
instrua sua petição inicial com um título executivo extrajudicial (art. 798, I, a, do CPC), entre aqueles
previstos como tais, nos termos do art. 784 do CPC, os quais, por sua vez, devem demonstrar a existência
de um crédito de obrigação certa, líquida e exigível (art. 783 do CPC).
Se, por acaso, o documento apresentado pelo exequente não for considerado um título executivo pela lei
(art. 784 do CPC), esse título não será exequível (não pode ser cobrado por processo de execução de título
extrajudicial).
Da mesma forma, pode até ser que o documento seja considerado um título executivo extrajudicial pela lei,
mas a obrigação ainda não seja exigível.
Exemplo
O contrato assinado pelo devedor e por mais duas testemunhas é considerado, pela lei, um título executivo
extrajudicial (art. 784, III, do CPC), mas pode ocorrer de os contratantes terem pactuado que a obrigação
somente seria exigível a partir de determinada data. Nesse caso, se o credor ajuizar uma ação de execução
antes dessa data, o devedor poderá alegar a inexigibilidade da obrigação, nos termos do art. 917, I, do CPC.
Penhora incorreta ou avaliação errônea
O executado pode ter interesse em apresentar embargos à execução tão somente para alegar que a penhora
foi incorreta, como quando ela incidiu sobre um bem impenhorável (art. 833 do CPC), ou para alegar que a
avaliação referente ao valor do bem foi equivocada.
Excesso de execução ou cumulação indevida de
execuções
O excesso de execução é a alegação mais comum, na prática. Como o próprio termo já diz, nessa hipótese,
o executado-embargante alega que o credor está cobrando uma quantia superior à devida. Segundo o art.
917, § 2º, do CPC:
Art. 917. […]
§ 2º Há excesso de execução quando:
I – o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II – ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;
III – ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título;
IV – o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da prestação do
executado;
V – o exequente não prova que a condição se realizou.
Para alegar o excesso de execução, todavia, é imprescindível que, em seus embargos à execução, o
executado-embargante informe o valor que entende devido, apresentando planilha discriminada,
demonstrando o valor atual do débito (art. 917, § 3º, do CPC).
Não o fazendo, os embargos à execução serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se o
excesso de execução for seu único fundamento; ou, se o excesso de execução não for o único fundamento,
o juiz não examinará essa alegação, mas analisará as demais (art. 917, § 4º, do CPC).
Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos
casos de execução para entrega de coisa certa
Se, no processo de execução, o exequente pedir a entrega de determinada coisa, como um imóvel, o
executado-embargante pode ter interesse em alegar apenas o direito de retenção por benfeitorias
necessárias ou úteis feitas na coisa, conforme previsão do Código Civil (CC) e em legislações especiais.
Incompetência absoluta ou relativa do juízo da
execução
A execução deve ser processada e julgada no juízo competente, nos termos do art. 781 do CPC. Se o
executado entender que o juízo da execução não é o competente (absoluta ou relativamente) para processar
e julgar o processo de execução, poderá apresentar embargos à execução questionando a competência, nos
termos do art. 917, IV, do CPC.
Comentário
Vale ressaltar, todavia, que, ainda que não alegada a incompetência absoluta em sede de embargos à
execução, por ser matéria de ordem pública, esta poderá ser alegada por simples petição no curso do
processo de execução, nos termos do art. 64, § 1º, do CPC, podendo o juiz reconhecê-la de ofício.
O mesmo não ocorre com a incompetência relativa, uma vez que, se não alegada em sede de embargos à
execução, ocorrerá a prorrogação da competência, nos mesmos termos do art. 65 do CPC, não podendo o
juiz conhecê-la de ofício.
Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como
defesa em processo de conhecimento
Diferentemente do que ocorre no caso de impugnação ao cumprimento de sentença, em que as matérias
possíveis de ser alegadas estão exaustivamente elencadas no art. 525, § 1º, do CPC, nos embargos à
execução o executado-embargante poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa
em processo de conhecimento.
Essa diferenciação se justifica, pois, no cumprimento de sentença, já houve uma fase prévia (processo de
conhecimento), em que o réu-executado teve a oportunidade de alegar todas as matérias possíveis para
afastar o direito do autor-exequente, o que não ocorre no processo de execução de título extrajudicial, uma
vez que, em razão do “poder” dado pela lei ao título executivo, o processo já começa sob o rito da execução,
sendo certo que a primeira oportunidade para questionar algo será nos próprios embargos à execução.
Procedimento dos embargos à execução
O procedimento dos embargos à execução está previsto no art. 920 do CPC:
Art. 920. Recebidos os embargos:
I – o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias;
II – a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará audiência;
III – encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença.
Inicialmente, vale esclarecer que não é necessária uma citação formal do exequente-embargado, bastando
sua intimação na pessoa de seu advogado nos autos do processo de execução (AREsp. nº 153.209/ES, rel.
min. Gurgel de Faria, 1ª Turma, julgado em 22/8/2017, DJe 6/10/2017), após a qual o exequente-embargado
terá o prazo de 15 dias para se manifestar sobre os embargos à execução (impugnação aos embargos à
execução).
Mas e se o exequente-embargado não apresentar impugnação aos embargos à
execução?
Poderão ser aplicados os efeitos materiais da revelia (presunção de veracidade dos fatos alegados pelo
executado-embargante), nos termos do que dispõe o art. 344 do CPC? Não. Segundo o STJ, “a ausência de
impugnação do credor aos embargos à execução não é suficiente para elidir a presunção de veracidade
consubstanciada no título judicial, não podendo ser reconhecido os efeitos da revelia em tal hipótese”
(AgInt. no AREsp. nº 1.358.615/SP, rel. min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, julgado em 10/12/2020, DJe
15/12/2020).
Em que pese o fato de não estar prevista no art. 920, parcela da doutrina entende que é possível a
apresentação de réplica, concedendo, após a impugnação aos embargos à execução, um prazo de 15 dias
para o executado-embargante se manifestar sobre a última, nos termos do que dispõem os arts.350 e 351
do CPC.
Posteriormente à apresentação da réplica (se for o caso), se não tiver havido necessidade de produção de
provas em audiência, o juiz proferirá sentença. Caso contrário, após a audiência de instrução e julgamento, o
juiz proferirá sentença.
Contra a sentença que julga os embargos à execução, cabe apelação. Se os embargos forem julgados
procedentes, essa apelação será recebida, normalmente, no duplo efeito (efeitos devolutivo e suspensivo).
Caso os embargos sejam julgados improcedentes, essa apelação será recebida apenas no efeito devolutivo
(não terá efeito suspensivo), conforme dispõe o art. 1.012, § 1º, III, do CPC.
Honorários advocatícios nos embargos à
execução
Inicialmente, não se podem confundir os honorários advocatícios do processo de execução “normal” com os
honorários advocatícios dos embargos à execução (que, lembrando, têm natureza de ação autônoma).
Dessa forma, os honorários advocatícios do processo de execução são devidos pelo simples fato de o
executado ter dado causa ao ajuizamento da ação de execução. Ou seja, pelo simples fato de não ter
efetuado o pagamento conforme acordado no título e ter dado causa ao ajuizamento de um processo de
execução, o executado já terá que pagar 10% de honorários advocatícios, conforme dispõe o art. 827 do
CPC: “Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem
pagos pelo executado.”
No entanto, se o executado efetuar o pagamento do valor principal no prazo de três dias, o valor dos
honorários advocatícios será reduzido para 5% apenas, conforme o § 1º do art. 827: “No caso de integral
pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade.”
Agora, se o executado resolver questionar a execução e apresentar embargos à execução, além daqueles
10% de honorários iniciais, o advogado do exequente terá direito a mais um percentual de honorários
(limitado ao máximo de 20%, somando os honorários da execução com os honorários dos embargos),
conforme dispõe o § 2º do art. 827 do CPC:
Art. 827.
§ 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à
execução, podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento
executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(TJ/RS – 2018 – Vunesp) O executado por título executivo extrajudicial, independentemente de penhora,
depósito ou caução, poderá opor-se à execução por meio de embargos, cujo prazo será contado, no
caso de execuções por carta, da juntada:
A
Na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou
defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens.
B Do último comprovante de citação, quando houver mais de um executado.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A letra A está correta em virtude da previsão do art. 915, § 2º, do CPC: “Art. 915. Os embargos serão
oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231. […] § 2º Nas
execuções por carta, o prazo para embargos será contado: I – da juntada, na carta, da certificação da
citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da
alienação dos bens; II – da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste
artigo ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre
questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo.”
Questão 2
(DPE/MG – 2019 – Fundep – Defensor Público) Com relação aos embargos à execução, assinale a
alternativa correta.
C
Do último comprovante de citação, que será contado em dobro, no caso de
litisconsortes com advogados diversos.
D Das respectivas citações, no caso de companheiros, sem contrato de união estável.
E
Nos autos de origem, quando versarem sobre a nulidade da citação na ação de
obrigação de pagar.
A
A ausência de impugnação do credor aos embargos à execução é insuficiente para elidir
a presunção de certeza consubstanciada no título executivo, motivo pelo qual são
inaplicáveis os efeitos da revelia.
B
Conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), apesar de o processo
executivo ter como finalidade a satisfação do crédito constituído, é plenamente cabível
reconvenção em embargos à execução.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Segundo o STJ, “a ausência de impugnação do credor aos embargos à execução não é suficiente para
elidir a presunção de veracidade consubstanciada no título judicial, não podendo ser reconhecido os
efeitos da revelia em tal hipótese” (AgInt. no AREsp. nº 1.358.615/SP, rel. min. Luis Felipe Salomão, 4ª
Turma, julgado em 10/12/2020, DJe 15/12/2020).
Considerações �nais
Conforme visto, a lei estabeleceu um procedimento específico para a cobrança de títulos executivos
extrajudiciais, apresentando peculiaridades que se distanciam bastante do processo de conhecimento.
Nesse procedimento, após a citação do devedor para o pagamento, caso este se quede inerte, serão
penhorados e expropriados seus bens para a satisfação da dívida. Obviamente, o processo é submetido ao
contraditório, em que o devedor pode impugnar a execução por meio dos embargos à execução. Trata-se,
assim, de procedimento mais célere, com o objetivo de satisfazer o direito do credor titular de um crédito.
C
Quando houver litisconsórcio passivo na execução, o prazo para cada um dos
executados embargar, incluindo réus cônjuges ou companheiros, conta-se a partir da
juntada do último comprovante da citação.
D
Citado por edital o executado, revela-se possível a oposição de embargos à execução
pelo curador especial, desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito
ou caução suficientes.
E
Caso o executado resolva questionar a execução e apresentar embargos à execução, o
embargado só pagará os 10% de honorários iniciais.
Processo de execução de quantia certa
Agora, o professor Guilherme Andrade encerra falando sobre processo de execução de quantia certa.

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Deixamos aqui duas obras fundamentais para sua leitura a respeito do assunto estudado:
ABELHA, Marcelo. Manual de execução civil. 7. ed. São Paulo: Forense, 2019.
THEODORO JR., Humberto. Processo de execução e cumprimento de sentença. 30. ed. São Paulo:
Forense, 2020.
Referências
DIDIER JR., Fredie et al. Curso de direito processual civil: execução. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador:
Juspodivm, 2018.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil: volume único. 9. ed. Salvador:
Juspodivm, 2017.
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