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1 1) QUESTIONAMENTOS - Como falar em dificuldade de leitura em um país como o Brasil? → País que apresenta alta taxa de desigualdade socioeconômica - O que considerar como dificuldade “normal” para a idade e o que considerar como indicativo de quadro patológico? - Qual é o padrão ouro de leitura para cada ano de escolaridade? 2) DIFICULDADE ESCOLAR x TRANSTORNO de APRENDIZAGEM - Dificuldade escolar = Origem pedagógica → Não é intrínseca ao indivíduo que apresenta a dificuldade, ela vem de fatores extrínsecos - Transtorno de Aprendizagem = Disfunção neurológica (neurobiológica) - Esquema → Indica que quando há uma queixa de baixo desempenho escolar, podem ser duas coisas: dificuldade escolar ou transtorno de aprendizagem que podem se dar pelas seguintes causas: OBS: Artigos sugeridos → 1- Mau desempenho escolar: uma visão atual (Cláudia Machado Siqueira) 2- Dificuldade de aprendizagem escolar: como abordar? (Cláudia Machado Siqueira) 3) DSM-5 • Método inadequado • Escola desorganizada • Fatores psicológicos de causas externas (Ex.: Morte de familiar, separação de pais, doença de familiares) 2 - DSM-5= Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª edição) - É importante aliar o uso do DSM-5 com a CIF, que a partir do diagnóstico fechado vai mostrar como são as dificuldades, limitações e potencialidades que podem ser obtidas dentro daquele quadro. 4) TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM - Disfunção neurobiológica → Motivações intrínsecas, seja genética, questão pré ou perinatal. - Dificuldade escolar pode atingir 5 a 20% da população em crianças em idade escolar, apenas 7% teriam disfunção neurológica (Ciasca, 2003) - Preponderância no gênero masculino (Rotta & Ritter, 2005; Ciasca, 2003; McCall,1994) OBS: Artigo sugerido → 1- Mudanças apontadas no DSM-5 em relação aos transtornos específicos de aprendizagem em leitura escrita (Renata Mousinho) OBS: CID-11 = Classificação Internacional de Doenças OBS: Transtornos do desenvolvimento manifestam-se na época da alfabetização 3 - Critérios diagnósticos de Transtorno Específico de Aprendizagem segundo DSM-5 • Critério A (sintomas): - Permanência dos sintomas por pelo menos 6 meses, apesar da intervenção dirigida 1. Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço 2. Dificuldade para compreender o sentido do que é lido 3. Dificuldade em soletrar (ou escrever ortograficamente) 4. Dificuldade com expressão escrita 5. Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo 6. Dificuldade no raciocínio lógico-matemático OBS: É necessário ter esses 6 sintomas ou pelo menos 1 deles • Critério B (prejuízo): - Habilidades comprometidas abaixo do esperado, confirmadas por medidas padronizadas e por avaliação clínica abrangente, com interferência no desempenho acadêmico ou profissional, ou nas atividades cotidianas • Critério C (idade de início): - Durante os anos escolares, mas podem não se manifestar completamente até que as exigências pelas habilidades afetadas excedam as limitações • Critério D (critérios de exclusão): - Não podem ser explicadas por deficiências intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros transtornos mentais ou neurológicos, adversidade psicossocial, falta de proficiência na língua de instrução educacional adequada. 4 • Grau de severidade: leve, moderado e grave (de acordo com a intensidade de prejuízo nos diversos domínios acadêmicos). • Diagnóstico diferencial: - Variações normais no rendimento; acadêmico, deficiência intelectual; - Dificuldades de aprendizagem de origem neurológica ou sensorial; - Desordens neurocognitivas; - TDA/H; - Outros transtornos mentais. • Coocorrências: - Transtorno de linguagem, TDA/H*, ansiedade, depressão OBS: Pode ocorrer de haver TDAH como comorbidade ao TEAp (Transtorno Específico de Aprendizagem), mas a porcentagem é de 1 a 2%, por isso é importante avaliar se é realmente TDA/H ou apenas uma leve desatenção. - Os déficits comuns neuropsicológicos e genéticos podem explicar parcialmente a coocorrência - Os escolares com os dois quadros têm maiores riscos de: MDE, consequências psicológicas e sociais → As dificuldades podem persistir até a via adulta OBS: Artigos sugeridos → 1- The co-occourrence of Reading Disorder and ADHD: Epidemiology, Trearment, Psychosocial Impact and economic Burden (Chis C. Sexton) 2- Alterações Fonoaudiológicas no Trasntorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: revisão sistemática de literatura (Niari Machado Nascimento e Stela Maris Aguiar Lemos) 3- Desempenho escolar e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (Paulo Matos) - Características da atenção de crianças com transtornos de aprendizagem: • Transtorno específico de leitura (dislexia) • Apreensão em relação a tarefas difíceis • Suscetibilidade à distração relacionada a fuga da tarefa • Dificuldade em atenção seletiva • Dificuldade em atenção seletiva • Não apresenta dificuldade em atenção sustentada TDA/H 4 a 7% TEAp 5 a 10% TDA/H + TEAp 1 a 2% 5 5) DISLEXIA 5.1) O que é a dislexia? Um transtorno específico da leitura de origem neurobiológica (INTRÍNSECO) caracterizado pela dificuldade na habilidade de decodificação e soletração, fluência e interpretação. Déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas. Lyon, 2003; DSM-5 - DSM-5: “Dislexia é um termo alternativo usado para se referir a um padrão de dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas com a precisão ou fluência para reconhecer palavras, pobreza nas habilidades de decodificação e de soletração. Se o termo dislexia for usado para especificar este padrão particular de dificuldades, é importante especificar qualquer dificuldade adicional que esteja presente, como dificuldade de compreensão leitora ou raciocínio matemático.” - A dislexia é: Uma condição que leva a um rendimento escolar abaixo do esperado, considerando o potencial intelectual e a escolaridade da criança. 6 • Um transtorno específico de aprendizagem da leitura comprovadamente de origem neurobiológica caracterizado pela dificuldade na habilidade de decodificação e soletração, fluência e interpretação. • Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas (Lyon, 2003) • A grande maioria dos autores aponta a teoria do déficit fonológico como causa da dislexia, relevando as dificuldades relacionadas ao processamento fonológico em tempo real, como dificuldades em tarefas que envolvem: • repetição de palavras e não palavras • retenção de informações verbais na memória de trabalho • nomeação rápida • tarefas metalinguísticas de manipulação de fonemas (Blomert et. al, 2004) - Mitos e verdades: 1- A dislexia não tem cura? 2- Existem remédios que podem minimizar os efeitos da dislexia? 3- O diagnóstico da dislexia só pode ser fechado por um médico neurologista? 4- O uso de lentes corretivas especiais pode curar a dislexia? 5- Uma dieta rica em ômega 3 pode prevenir a dislexia? - Como a leitura é afetada na dislexia • Uma das rotas de acesso à leitura está comprometida → Rota fonológica (dislexia visual ou fonológica) ou lexical (dislexia lexical) ou as duas comprometidas (dislexia mista → apresenta mais sintomas) • Fonológica → Acesso via decodificação (bor – bo – le – ta) • Lexical → Acesso visual direto (borboleta) - Alteração na escrita de indivíduos disléxicos: - Exemplo 1: • Leitura e escrita, muitas vezes, incompreensíveis • Escrita em espelho após 6-7 anos(?) - Exemplo 2: • Dificuldades de estruturação sintática 7 - Exemplo 3: • Confusões de letras - Diferentes orientações ou semelhança na grafia (p/q – b/d – c/e – u/v – i/j – n/u) - Sons semelhantes (b/p – d/t) - Exemplo 4: • Supressão ou adição de letras ou de sílabas - gainha / galinha – ponte/pote • Fragmentação incorreta: - Voubrin caramanhã / vou brincar amanhã - Exemplo 5: • Problema psicológico, não relacionado ao transtorno de aprendizagem 8 5.2) O que pode causar dislexia? O que pode causar a dislexia? Herança genética: sempre que houver algum caso (pai, mãe, irmão, irmã), deve-se atentar ao desenvolvimento da criança e buscar ajuda ao primeiro sinal apresentado Fatores ambientais: prematuridade, baixo peso ao nascimento, exposição fetal a álcool e fumo, anemia falciforme Disfunção neurológica: não se manifestam por lesões neurológicas detectáveis em exames convencionais de neuroimagem 5.3) O que caracteriza a dislexia? DIFICULDADES APRESENTADAS PELAS CRIANÇAS DISLÉXICAS (ASHA) expressar ideias coerentemente aprender o alfabeto expandir seu vocabulário (via oralidade ou leitura) identificar os sons que correspondem às letras entender questões e seguir instruções (ouvidas ou lidas) memorizar convenções de tempo lembrar de sequências numéricas dizer as horas entender e reter detalhes de uma estória desatenção e distração aprender rimas e seguir músicas desorganização e incoordenação motora distinguir direita de esquerda e letras de números leitura lenta e compreensão reduzida do material lido - Caracteriza-se por uma leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituição de palavras, além de paradas, correções e bloqueios, ocorrendo também por um transtorno de compreensão do material lido. - O que acontece com o cérebro dos disléxicos? LEITORES TÍPICOS DISLÉXICO Leitores típicos ativam sistemas neurais que estão em sua maioria na parte posterior do cérebro. Subativação dos sistemas neurais na parte posterior do cérebro em leitores disléxicos, com superativação das áreas frontais. 9 5.4) Quais são os sinais que podem indicar precocemente estes sintomas? OBS: Leituras recomendadas: 1- (https://e81fcb6f-7eef-41da-8b3a- 3a2bc7d2f424.filesusr.com/ugd/a68200_482429828dd74f69b60f9935bda6c162.pdf) 2- https://e81fcb6f-7eef-41da-8b3a- 3a2bc7d2f424.filesusr.com/ugd/a68200_bbdfbaeb9b5b4d81aa37a14764dee3ae.pdf https://e81fcb6f-7eef-41da-8b3a-3a2bc7d2f424.filesusr.com/ugd/a68200_bbdfbaeb9b5b4d81aa37a14764dee3ae.pdf https://e81fcb6f-7eef-41da-8b3a-3a2bc7d2f424.filesusr.com/ugd/a68200_bbdfbaeb9b5b4d81aa37a14764dee3ae.pdf 10 • Sinais na pré-escola: - Histórico familiar; - Imaturidade no trato com outras crianças; - Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem; - Disnomias; - Dificuldade de aprender rimas e aliterações – canções; - Falta de interesse por livros; - Dificuldade em seguir histórias; - Dificuldade na memória imediata. • Na linguagem oral: - Atraso na fala - Dificuldade na pronúncia de palavras* - Dificuldade em nomeação - Dificuldades em CF - Dificuldade na linguagem expressiva e não no pensamento • “A criança sabe exatamente o que quer dizer, mas não consegue buscar palavra certa” • A falha ou atraso em adquirir as habilidades para o reconhecimento de letras e a capacidade de associar os sons às letras é um sinal precoce de um problema de leitura 11 • Sinais na idade escolar: – Dificuldade na aquisição e des. das habilidades linguísticas; – Dificuldade em aprender sequências diárias; – Dificuldade com análise e síntese das palavras; – Fraco senso de direção: confusão direita-esquerda (dificuldade com mapas, dicionário, ginástica); – Desatenção e dispersão; – Dificuldade na coordenação motora fina; – Desorganização geral: trabalho escolar – tempo; – Dificuldade em cópia (livro ou quadro); – Dificuldade na leitura: se nega a ler; – Bom desempenho em provas orais. • Sinais na fase adulta: – Continua a ter dificuldades na leitura e na escrita; – Dificuldade em soletrar; – Memória imediata prejudicada; – Disnomias; – Dificuldade com uma segunda língua; – Dificuldade em organização geral; – Encontram seus caminhos para copiar, ler e escrever; – Emocional prejudicado. - No entanto, as pessoas com dislexia: • Aprendem rápido e facilmente outras habilidades; • Fora de sala de aula, não lhes falta capacidade para aprender talentos e competências; • Podem apresentar excepcional aptidão para informática; • Podem apresentar inteligência acima da média; • Mostram uma compreensão auditiva muito superior à da linguagem escrita; • Podem ser bons desenhistas; • Se permitido aportar a originalidade de sua visão à nossa forma de vida, grandes potencialidades são reveladas. 5.6) DIAGNÓSTICO - Pode ter suas primeiras manifestações desde os primeiros anos de vida - No entanto, o diagnóstico somente pode ser determinado após o final do oitavo ano de vida 12
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