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Função Tireoidiana 1 Função Tireoidiana Patofisiologia da tireoide Avaliação da função tireoidiana Alterações das concentrações dos (em processos patológicos): hormônios tireoidianos (T4, T4 livre, T3 e TSH) tireoglobulina marcadores de autoimunidade Testes dinâmicos de função tireoidiana (estímulo com TRH). A fase pré-analítica e princípios metodológicos para quantificação dos marcadores séricos para a função tireoidiana; Introdução A função tireoidiana é um tema de grande importância na bioquímica e bioquímica clínica, pois a glândula tireoide desempenha um papel central na regulação do metabolismo humano. Neste capítulo, exploraremos a patofisiologia da tireoide, a avaliação da função tireoidiana, as alterações nas concentrações de hormônios tireoidianos em processos patológicos, bem como a importância dos marcadores séricos e dos testes dinâmicos na compreensão dessa função crucial. Além disso, abordaremos a fase pré-analítica e os princípios metodológicos essenciais para a quantificação dos marcadores séricos da função tireoidiana. História A história da pesquisa sobre a função tireoidiana remonta ao século XIX, quando o médico suíço Theodor Kocher realizou estudos pioneiros sobre a glândula tireoide e seus efeitos no corpo humano. Kocher, que posteriormente foi laureado com o Prêmio Nobel de Medicina em 1909, desempenhou um papel fundamental na compreensão das disfunções tireoidianas e na identificação de distúrbios como o bócio e o hipotireoidismo. Função Tireoidiana 2 Atualidades Avanços recentes na pesquisa em função tireoidiana têm destacado a importância dos hormônios tireoidianos não apenas no metabolismo basal, mas também em processos como o desenvolvimento neurológico, a regulação do sistema cardiovascular e a modulação do sistema imunológico. Estudos epidemiológicos têm revelado uma prevalência crescente de distúrbios tireoidianos, como hipotireoidismo e hipertireoidismo, em todo o mundo, levando a uma maior conscientização sobre a necessidade de avaliação e tratamento adequados. Epidemiologia A epidemiologia dos distúrbios tireoidianos varia amplamente em todo o mundo. O hipotireoidismo, por exemplo, é mais comum em mulheres e aumenta com a idade. A deficiência de iodo é uma das principais causas de hipotireoidismo em algumas regiões. Por outro lado, o hipertireoidismo é frequentemente associado a distúrbios autoimunes, como a doença de Graves. A compreensão da epidemiologia desses distúrbios é crucial para a implementação de estratégias de prevenção e tratamento eficazes. Pode ocorrer em todas as faixas etárias - na idade adulta acomete 2% das mulheres e 0,2% dos homens - e nos indivíduos com mais de 65 anos, a prevalência é de 6% em mulheres e de 2% nos homens. Cerca de 95% dos casos de hipotireoidismo são de origem tireoidiana (hipotireoidismo primário), sendo a tireoidite de Hashimoto (tireoidite crônica autoimune) a causa mais comum. Outras causas de hipotireoidismo primário são o tratamento do hipertireodismo com radioiodo, tireoidectomia, evolução de tireoidites (subaguda, de Riedel, pós-parto), deficiência grave de iodo, drogas interferentes com a síntese / liberação de hormônios tireoidianos (antitireoidianos, amiodarona, iodo, lítio, contrastes iodados, interferon alfa, sunitinibe, sorafenibe, valproato de sódio), doenças infiltrativas, ectopia ou agenesia da tireoide, disormonogênese. Menos frequentemente, o hipotireoidismo pode ter origem na hipófise [tumor, trauma, cirurgia, radioterapia Função Tireoidiana 3 hipofisária, apoplexia/vascular (síndrome de Seehan), doenças infiltrativas, infecções, hipofisite linfocítica crônica, lesões congênitas, drogas interferentes na biossíntese e liberação do TSH (glicocorticoide em altas doses, dopamina, dobutamina, análogos da somatostatina, bexaroteno; interrupção da terapia com L-tiroxina)] ou hipotálamo (cirurgia, tumor, traumatismo crânio-encefálico), recebendo a denominação de hipotireoidismo central. Ainda menos frequente é a ocorrência de hipotireoidismo por resistência ao hormônio tireoidiano ou ao TSH, assim como mutações em genes envolvidos com TSH e TRH (mutações em receptores ou hormonais). Relevância Atual A disfunção tireoidiana está associada a uma série de complicações de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, distúrbios metabólicos e distúrbios neurológicos. Além disso, a investigação de marcadores de autoimunidade relacionados à tireoide desempenha um papel importante na identificação e tratamento de doenças autoimunes da tireoide, como a tireoidite de Hashimoto. A tireoide A tireoide é a primeira glândula a ser formada no embrião humano. A tireoide é uma glândula localizada na base do pescoço, composta por dois lóbulos (direito e esquerdo), associadas às paratireoides, que estão localizadas em suas porções superiores e inferiores. Em sua histologia geral, a tireoide é composta por células folicular ou parafoliculares e as células perifoliculares. Essa glândula produz dois hormônios ativos, que são a tiroxina (T4) e triiodotironina (T3). A tireoide também produz a calcitonina, que é um importante hormônio envolvido no metabolismo do cálcio - uma hipofunção da tireoide também pode influenciar nos níveis de cálcio ósseo. Hormônios tireoidianos Esses hormônios formados são provenientes de basicamente dois componentes: a tirosina (aa) e iodo (metal). A tireoide também pode produzir T3 reverso que é um Função Tireoidiana 4 hormônio inativo. Os hormônios tireoidianos produzem efeitos em diversos sistemas celulares e praticamente sobre todas as células. No geral, ativam o metabolismo celular: aumentam débido cardíaco, a ventilação, o consumo de oxigênio pelos tecidos na ausência de atividade desses hormônios, há deficiência na atividade celular na hiperfunção desses hormônios, também podem acontecer danos e prejuízos à atividade celular Síntese dos hormônios tireoidianos São necessários dois substratos: Função Tireoidiana 5 tirosina: aminoácido produzido endogenamente iodo: componente essencial: proveniente da dieta, especialmente de animais marinhos No Brasil, existe uma Lei que estabelece a incorporação de iodo como um aditivo no sal marinho, favorecendo drasticamente a diminuição do hipotireoidismo (recomendado consumo de 150 ug/dia pela OMS) Ao ser absorvido pelo TGI na forma de iodeto, atinge circulação e as células foliculares através do carreador Na/I presente na membrana basal (NIS) 1) Após ser captado, o iodo é migra em direção à membrana apical, e seu efluxo para o lúmen folicular é realizado pela pendrina. 2) No lúmen folicular, ocorre a oxidação do iodo, que requer a presença de H2O2, e é realizada pela enzima TPO - peroxidase tireoidiana. Essa etapa é essencial para a próxima etapa: 3) Organificação do iodo: incorporação do iodeto aos resíduos tirosil da molécula de tireoglobulina, formando MIT (monoiodo tirosina) e DIT (diiodo tirosina) Degradação dos hormônios da tireoide O primeiro hormônio formado é o T4 (maior parte circulante: 98,5%) , e esse é convertido em T3 (+ ativo; 1,5% circulante) pela 5’deiodinase. A enzima também pode converter T4 em rT3 (inativo). T3 é convertido em rT2 (inativo). —> rT3 é inativo, mas pode ser medido no soro como indicativo de hipotireoidismo (a pessoa pode até produzir, mas é convertido em rT3), para identificar esse quadro. Transporte A carga hormonal total é influenciada pelas proteínas de ligação do soro Função Tireoidiana 6 Globulina ligadora de tiroxina (TBG) 70% Albumina (TBA) 15% Transtiretina (TBPA ou TTR) 10% O T4 é transportado pelas 3 proteínas, enquanto que o T3 é mais transportado pela TBG, TBA e muito pouco pela TTR. Essas proteínas transportam 99,97% de T4 e 99,7% de T3 A regulação é baseada no componente livre do hormônio tireoidiano: essa porção que atinge os tecidos e também permite a regulação Quando tem menos proteínas, tem mais hormônio livre e o organismo responde por feedback, podendo gerar quadro patológicoSe tem muita proteína, também interfere no teor de hormônios livres. Essa alteração pode interferir na tireoide e seu controle hormonal. Por isso, ao dosar hormônios tireoidianos, deve ser levado em conta possíveis alterações nas concentrações de proteínas transportadoras. Fração livre de T4: 0,03% FT3: 0,3 % frações biologicamente ativas É mais fácil dosar T4 livre do que o T3, porque tem muita maior quantidade circulante. Função Tireoidiana 7 O T3 é 3-4 vzs mais ativo fisiologicamente do que o T4, pois interage com mais receptores celulares Enzimas importantes E usadas no diagnóstico, para marcação da hipofunção da glândula.. Peroxidase tireoidiana (TPO) Glicoproteína glicosilada ligada à membrana que possui grupo heme e é encontrada na membrana apical das células foliculares Tireoglobulina (TG) Proteína produzida pelas células foliculares e utilizada na totalidade dentro da glândula tireoide. Forma coloides no centro dos folículos da tireoide e é usado na produção de tri-iodotironina (T3) e tetraiodotironina (T4) Função Tireoidiana 8 Controle da Função tireoidiana Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireoide O hipotálamo é denominado de órgão terciário e produz TRH, que estimula a hipófise a produzir o TSH. O TSH é secretado de modo circadiano, e os valores mais altos ocorrem entre 2 e 4h da manhã, enquanto que os mais baixos entre 17- 18 h. O órgão primário é a tireoide que produz T3 e T4, e a sua regulação se dá pela quantidade de hormônio livre circulante, agindo como feedback negativo nos órgão secundário e terciário, para diminuir síntese tanto de TRH quanto de TSH. Situações de Desequilíbrio Função Tireoidiana 9 Hipofunção hipotalâmica (terciário) ou hipofisário (secundário): diminuição de TRH ou TSH que prejudica a síntese tireoidiana —> hipotireoidismo secundário Hiperfunção da hipófise (tumor hipofisário): superexpressão de TSH e superestimulação da tireoide —> hipertireoidismo secundário Hipertireoidismo primário: aumento de T3 e T4 por causa da tireoide e diminuição de TSH pelo feedback negativo Hipotireoidismo primário: diminuição de síntese de T3 e T4 e aumento de TSH São várias situações possíveis, com mecanismos regulatórios finos. É necessário entender a regulação para saber diagnosticar. Disfunções Tireoidianas Hipotireoidismo: Deficiência dos hormônios tireoidianos Deficiência (ingestão de Iodo, síntese hormônios) Doença primária da tireoide (inflamação) Síndrome de Hashimoto Sintomas Fadiga, frio, cansaço crônico, ganho de peso, constipação, voz baixa Sinais Pele fria, pele seca, inchaço da face / mãos / pernas, reflexos lentos, mixedema Recém-nascido: retardo, baixa estatura, inchaço do rosto/mãos Tipos Primário - falha da tireoide Secundário - Insuficiência hipofisária Terciária - falha hipotalâmica Função Tireoidiana 10 Diagnóstico: Primário FT4 baixo TSH alto Verificar presença de anticorpos anti-TPO, anti-TBG (diferencial para síndrome de Hashimoto) Secundário ou terciário Tratamento: Adm de tiroxina sintética via oral —> manter concentrações de T3 e T4 em níveis estáveis Hipertireoidismo: Função Tireoidiana 11 Produção excessiva do hormônio tiroxina, pode acelerar o metabolismo Causas mais comuns: Ingestão excessiva de iodo Doença de Graves - maioria dos casos de hipertireoidismo resulta de anticorpos anti-receptor de TSH Diagnóstico: sintomas de hipertireoidismo: exoptalmos clínicos e bócio TSH baixo FT4 normal/alto Hormônio anti-TSH (opcional) Se não ohuver achados clínicos, é indicado a administração de iodo radioativo I123 para demonstrar se existe captação aumentada de iodo pela glândula Mecanismo fisiopatológico: em uma situação normal, o TSH se liga ao receptor e dispaar produção de T3/T4. Quando aumentado, há feedback negativo, fazendo com que diminua produção hormonal pelo hipotálamo e hipófise, e consequentemente, pela tireoide. Na doença de Graves, há produção de auto-anticorpos que estimulam os receptores TSH e a produção tireoidiana de T3/T4 contínua. Por mais que hipófise diminua produção de TSH, continua produção de T3 e T4. Função Tireoidiana 12 Tratamento: Correção dos distúrbios autoimunes: tratamento à base de iodo radioativo —> contínuo, seguro e de fácil administração Inflamação da tireoide (tireoidite) por infecções virais ou outros motivos - como a tireoidite pós-parto Tumores não cancerígenos da tireoide ou hipófise Superdosagem de hormônio da tireoide (tireotoxicose) Sintomas Cabelo fino e fraco Suor excessivo Problemas intestinais Tremos nas mãos Olhos salientes Inchaço na garganta Palpitações cardíacas Aumento do apetite Eutireoidismo: Doenças da tireoide (alteração de tamanho, forma da glândula) que se manifestam sem alterações nas concentrações de hormônios tireoidianos Alguns tipos de bócio Tumores benignos da tireoide Alguns tumores malignos Bócio: Condição causada tanto em casos de hipo quanto de hipertireoidismo. Função Tireoidiana 13 Bócio endêmico Causado pela deficiência alimentar de iodeto Aumento do TSH estimula crescimento da glândula Resulta também em cretinismo em crianças, deficiência de desenvolvimento mental e de estatura Bócio em países desenvolvidos Tireoidite de Hashimoto Tireoidite subaguda Outras causas Excesso de iodeto Adenoma, malignidade Defeitos na síntese de hormônios genéticos/familiares Avaliação da Função Tireoidiana Métodos para dosagem de TSH - triagem diagnóstica O método mais comum é o imunométrico não isotópico (MA) melhor método para triagem de disfunções tireoidianas e para monitoramento dos pacientes em tratamento do hipotireoidismo, sendo bom indicador da dose de reposição de levotiroxina - padrão ouro sensibilidade de 98% e especificidade de 92% para definição do diagnóstico Existem outras metodologias disponíveis: Imunoensaio por quimioluminescência (CLIA) Imunoensaio por fluorescência polarizada (FPIA) Enzima imunoensaio (EIA) Ensaio imunoadsorvente ligado a enzima (ELISA) Radioimunoensaio (RIA) Função Tireoidiana 14 Pequenas variações de T4 livre induzem grandes alterações nas concentrações de TSH Determinações de T3 e T4 livre Triagem da função tireoidiana, avaliação das terapias e monitoramento do tratamento da patologia Ensaios de hormônios totais devem ser utilizados apenas quando houver discordância na avaliação dos hormônios livres Isso porque a fração livre possui maior importância na ação desses hormônios E porque as proteínas transportadoras que vão possuir maior interferência na quantidade desses hormônios totais Anormalidades de T3/T4 totais são geralmente decorrentes de alterações das proteínas transportadoras e não propriamente da função tireoidiana. Assim sendo, ensaios de hormônios totais devem ser utilizados em casos excepcionais. Vários medicamentos deslocam T3 e T4 da TBG, levando a um aumento de T3L e T4L. As principais drogas que competem com o T4 pela ligação com a TBG são os salicilatos, fenitoína, carbamazepina e furosemida. Os salicilatos aumentam a fração de T4L em até 100% e a carbamazepina e o furosemida em cerca de 30% Hemólise, lipemia e hiperbilirrubinemia —> não produz interferência significativa nos imunoensaios A investigação de uma desordem endócrina é normalmente indicada por uma dosagem plasmática das concentrações hormonais A dosagem isolada dos hormônios nem sempre possibilita a distinção entre normal e patológico As faixas de normalidade para concentrações séricas de alguns hormônios Hipertireoidismo: T4L (pode estar normal em 5% dos casos) - solicitado para determinar o grau do hipertireoidismo Função Tireoidiana 15 T3L: faz quando o TSH está diminuído ou quando o T4 livre ou totais está normal. Aumento de T3 e diminuição de TSH —> tireotoxicose por T3 TSH: pode ser o único exame alterado nas fases inicias Hipo tireoidismo: T4L: - solicitado para determinar o grau do hipotireoidismo TSH T3 não é necessário, pois pode estar normal, mesmo quanto o T4L já está baixo Valores de Referência:Protocolos para Avaliação da Função Tireoidiana Função Tireoidiana 16 Quanto não se tem uma resposta com T4L e TSH, se parte para outros exames, como estimulação do TRH, T3. Função Tireoidiana 17 Teste de estimulação do TRH para ser possível detectá-lo no soro (devido à sua baixa concentração em situações normais) É feita dosagem de TSH após injeção de TRH Diferenciar hipotireoidismo secundário do terciário No secundário (hipofisário) —> ausência da resposta do TSH ao TRH No terciário (hipotalâmico) —> TSH aumenta em resposta ao TRH, mas a resposta (pico) é tardia, após 45 minutos. Anticorpos anti-peroxidase e anti-tireoglobulina (anti-tireoidianos) Os 3 principais antígenos tireoidianos envolvidos na patogênese das doenças auto- imunes da tireoide (DAT) são: Tireoglobulinas (TG) Tireoperoxidases (TPO) Receptor de TSH (TSH-R) É possível realizar a dosagem de TgAb (anticorpo antiTireoglobulina) e TPOAb quando há suspeita de Tireoidite auto-imune. Essas dosagens podem ser feitas por RIA ou ELISA. No entanto, esse teste sozinho não é suficiente para diagnóstico, sendo necessário complementar com US. Anticorpos anti-receptor de TSH (TRAb) O TRAb pode estimular diretamente a função tireoidiana ou inibir os efeitos fisiológicos do TSH. O ensaio comumente utilizado (radiorreceptor) não diferencia esse o anticorpo estimulador do bloqueador. presente em mais de 90% de pacientes com DG, mas utilidade diagnóstica limitada Situações especiais que justificam a utilização desse método: hiperêmese gravídica com tireotoxicose Função Tireoidiana 18 hipertireoidismo subclínico com bócio difuso oftalmopatia de Graves eutireoidiana A dosagem do TRAb apresenta boa especificidade para o diagnóstico da DG, porém não é fundamental para o diagnóstico na maioria dos casos. Referências 1. Motta, V. T. Bioquímica clínica para o laboratório - Princípios e Aplicações. 4 ed., Edusc, Caxias do Sul, 2003. 2. Burtis, C. A.;Ashwood, E. R. Tietz Fundamentos de Química Clínica. 4 ed., Guanabara Koogan, Sao Pauloa, 1998. 3. Kaplan-Pesce. Química Clínica. Técnicas de laboratório. Fisiopatologia, métodos e análises. Ed. Panamericana. 1996.