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FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Reginaldo Alves Nogueira Reginaldo Otto Nau CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof. Ivan Tesck Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Revisão de Conteúdo: Jorge Hilário Bertoldi Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.562015195 N778f Nogueira, Reginaldo Alves Fundamentos da gestão de processos e da qualidade / Reginaldo Alves Nogueira; Reginaldo Otto Nau. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 283 p. : il. ISBN 978-85-69910-67-1 1. Gestão de Qualidade – Métodos Estatísticos. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Reginaldo Alves Nogueira Economista e mestre em engenharia de processos industriais, com experiência há mais de 20 anos de atuação em organizações privada e pública; vivência nas mais dinâmicas performances, resultando em amplo conhecimento e trabalhos organizacionais desenvolvidos no campo da Gestão da Produção & Processos, Gestão Administrativa; Planejamento e Controle da Produção e Material (PCP&M); Pesquisa; e, Planejamento Administrativo/Orçamentário. Com formação universitária em Ciências Econômicas pela UFAM (2003), especialista com MBA Executivo em Finanças Corporativas (2008) e Gestão Empresarial (2009) pela UGF. Mestrado em Engenharia elétrica com ênfase em Processos Industriais pela UFPA (2011), com vários artigos publicados. No campo acadêmico possui interesse nas temáticas: Economia ambiental, Sustentabilidade, Produtividade, Orçamento, PCP, Tecnologia de manufatura, Simulação computacional, Processos industriais, Ensino à Distância (EAD). Reginaldo Otto Nau Iniciou o Mestrado em Engenharia de Produção em 2017 na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), possui especialização em Engenharia de Produção (2010), e Gestão Estratégica Empresarial (2008), graduado em Engenharia de Produção pela UNIDAVI (2007). Atualmente é bolsista/pesquisador na área de Gestão de Operações na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com foco de estudo em Lean Manufacturing, onde participa de seminários e congressos de nível internacional. Possui experiência de mercado atuando com consultoria e treinamento especializado a mais de 5 anos na área de melhoria de processos e controle de produção, onde tem vasta experiência em criar soluções empresariais com o uso do Microsoft Excel. Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................01 CAPÍTULO 1 Introdução ao Estudo da Gestão de Processos....................09 CAPÍTULO 2 Aplicabilidade do Gerenciamento de Processos ...................53 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 5 CAPÍTULO 6 CAPÍTULO 7 CAPÍTULO 8 Ferramentas e Técnicas para Mapeamento e Modelagem de Processos ...............................................................................81 Melhorias e Gerenciamento de Processos ...........................135 Conceitos e Terminologias da Qualidade ..............................197 Visão Sistêmica e Abordagem de Processos .........................221 Sistema de Gestão da Qualidade .............................................243 Programa 5S ..............................................................................263 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a)! Novos desafios nos são propostos a cada fase da vida. Isso acontece porque o mundo ao nosso redor mudou e essa mudança ocorre numa velocidade cada vez maior nos dias atuais, causando uma série de transformações nas empresas existentes, e elas precisam se adequar a essas mudanças, para serem capazes de responder com maior eficácia, velocidade e flexibilidade. Nesse contexto, surgem assuntos novos que vão influenciar consideravelmente a direção que uma empresa deverá seguir para continuar existindo. Temas como aplicação de recursos, geração de lucro, concorrência, qualidade dos produtos ou serviços, clientes, profissionais comprometidos, se tornaram fundamentais para o bom andamento da empresa. Quando há falha em uma ou mais dessas áreas, as consequências podem ser irreparáveis para a continuidade da empresa. Uma solução para as atuais organizações é a Gestão de Processos, haja vista que as organizações são formadas por processos. O objetivo da Gestão de Processos é possibilitar uma integração geral na empresa, com parâmetros pré-definidos de custo, qualidade e resultados com maior eficiência, eficácia e efetividade; sempre alinhados aos objetivos estratégicos organizacionais. Em relação à qualidade, há muito tempo o tema é discutido e esteve sempre associado somente às atividades operacionais das organizações, ou seja, setores ligados à produção. Nas últimas décadas, devido a reestruturação das empresas gerada pela globalização dos mercados, o assunto qualidade tomou novo rumo e começou a ser visto também como fator importante em setores estratégicos das empresas. A qualidade tornou-se primordial na busca pela competitividade, e vem sendo implantada em diversos setores econômicos, sejam eles, industrial, comercial ou serviços. Devido os estes fatores é dada a importância do estudo desta disciplina. Sendo assim, a disciplina tratará no Capítulo 1 dos principais conceitos relacionados à Gestão de Processos, sua contextualização e evolução histórica, dentre outros aspectos, para que você possa se situar e conhecer as principais características da gestão de processos. O Capítulo 2 terá como foco os Componentes de Processo, incluindo ainda a questão dos Registros e Classificação dos Processos, com ênfase nos Processos Críticos de Negócios e as Relações Cliente versus Fornecedor. Já o Capítulo 3 vai apresentar as principais Ferramentas e Técnicas de Mapeamento e Modelagem de Processos, para que você fique a par das ferramentas de apoio à decisão gerencial. O Capítulo 4, se voltará para as questões de melhorias nos processos organizacionais, nos conceitos de Gestão da Qualidade dos Processos e busca compreender as funções e interrelações da Cadeia de Valor, da Reengenharia, da Gestão de Processos de Negócios e do Gerenciamento de Processos com BSC. Agora, adentrando ao tema Qualidade, o Capítulo 5 objetiva fazer um resgate histórico sobre a evolução do conceito da qualidade. Assim, você verá porque é tão difícil encontrar uma definição exata para o termo e quais são os fatores que influenciaram para a evolução do conceito. Neste capítulo você também terá a oportunidade de conhecer os Gurus da Qualidade. O Capítulo 6 demonstrará como ter uma visão sistêmica, muito importante para conseguirmos resultados acima do esperado com qualidade. Entenderemos a influência da produtividade em busca da competitividade. Entenderemos também o que é eficiência e eficácia. Aprenderemos também aqui o que são indicadores de desempenho e a sua importância para a produtividade. No Capítulo 7 conheceremos a norma ISO, e algumas ferramentas que nos auxiliam na resolução de problemas e na melhoria de processos. Também nos auxiliam na tomada de decisões e melhoramentos dos processos internos. Por fim, no Capítulo 8 compreenderemos o conceito do programa 5S, entenderemos os 5 sensos e conheceremos sua metodologia de implantação e monitoramento. E não se esqueça, este material é tão somente um recurso para o seu aprendizado. Seu crescimentoe aprimoramento profissional estão diretamente ligados à sua dedicação aos estudos da área que escolheu. É um ciclo que para ser completo necessita de sua busca constante e aprofundamento nas leituras complementares, exercícios propostos e, principalmente, com a prática na lida diária organizacional. Bons Estudos! Prof. Reginaldo Alves Nogueira. Prof. Reginaldo Otto Nau. CAPÍTULO 1 Introdução ao Estudo da Gestão de Processos ProF. Reginaldo AlVes Nogueira. Na perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Identifi car os principais conceitos relacionados à gestão de processos. Compreender a concepção da gerência de processos e sua respectiva fi nalidade, identifi cando suas funções e características relevantes em uma organização. Realizar a descrição teórica/pragmática da temática abordada, com indicação de sua relevância na aplicação correta nas organizações. Aplicar conhecimentos integrados em gestão de processos. 10 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 11 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 ConteXtualiZação Neste capítulo, abordaremos os principais conceitos relacionados à gestão de processos, apresentando a temática da gerência de processos, sua fi nalidade e di- mensão, bem como a contextualização e os aspectos da evolução histórica. Iden- tifi caremos ainda as funções e as características relevantes presentes em uma or- ganização. E, ao fi nal, trataremos da importância de uma organização desenvolver uma visão sistêmica - transversal. Vamos lá!? O Que é Gestão de Processos? É uma pergunta que deve ser respondida sem pestanejar por você, que é gestor, especialista, consultor, analista ou responsável por administrar ou controlar algum processo numa organização, não é mesmo? Mas a realidade nos diz que nem sempre é fácil ou rápido assim. Digo isso porque gestão de processos é uma questão abrangente e com múltiplas peculiaridades, tanto para um indivíduo como para uma empresa. Sendo mais específi co ainda, a forma como se desenvolve a gestão de processos é crucial para a sobrevivência - sucesso ou fracasso de uma organização. Entender e gerenciar processos inter-relacionados como um sistema contribui para a efi cácia e a efi ciência da organização em atingir seus resultados pretendidos. Essa abordagem habil- ita a organização a controlar as inter-relações e interdependên- cias entre processos do sistema, de modo que o desempen- ho global da organização possa ser elevado (NBR ISO 9001, 2015, s.p.). Processo: título dado a uma série de atividades/objetos, transformando entradas (inputs) em saídas/produtos (outputs), de modo a atribuir determinado grau (tangível) de agregação de valor. Um processo deve necessariamente começar e terminar em outro processo ou em um dos seus clientes externos. Fonte: JUNIOR, O. P.; SCUCUGLIA, R. Mapeamento e gestão por processos: BPM. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda., 2011. 12 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade NBR ISO: a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), fundada em 1940, é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras (ABNT-NBR), e é membro fundador da International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização - ISO). Fonte: Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 20 abr. 2017. Em nossa vida cotidiana, e em qualquer lugar, afi rmamos que a todo instante participamos ou gerenciamos - como autores ou coautores - inúmeros processos diariamente, sejam em ações, tarefas sequenciadas ou valores de forma repetitiva ou nova. Veja estes exemplos: 1) Carro/moto: a) desativar alarme/entrar; b) sentar/colocar cinto de segu- rança; c) ligar/partida; d) ajustar comandos; e) dirigir; f) local destino/esta- cionar; g) desligar/sair; h) ativar alarme. 2) Celular/smartphone/tablet: a) carregar bateria; b) ligar/ativar funções; c) fazer ligação/receber dados (whatsApp); d) tirar fotos/selfi es; e) desligar/ stand by. 3) Trabalho/serviço: a) início expediente/registrar ponto/entrar; b) local das atividades/desenvolver funções; c) refeições/reuniões; d) fi nal expedi- ente/registrar ponto/sair. É importante compreender ainda que todo processo pode ser simples ou complexo, e envolve ações visíveis ou não visualizáveis, início e fi m (ligar/ desligar; entrar/sair). Vejamos isso de forma mais detalhada, usando dois dos exemplos anteriores: 1) Carro/moto: dirigir um carro ou moto é um processo simples, mas fab- ricá-los é um processo complexo. Conseguimos visualizar as ações perceptíveis (processos) listadas, mas o nível de estresse, a postura ou efi ciência dos motoristas não estão mapeadas ou modeladas neste pro- cesso - são imperceptíveis. 13 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 2) Celular/smartphone/tablet: utilizar estes equipamentos é um processo simples, mas fabricá-los é um processo complexo. Neste caso, a opera- cionalidade/manuseio do equipamento é clara - visível. No entanto, quan- to ao desempenho das ações do usuário, seus sentimentos/emoções, por exemplo, não são. Logo, são imperceptíveis. De antemão, podemos compreender que o processo está asso- ciado a todo acontecimento, visível ou não, simples ou complexo, com certa sequência de ações e valores intrínsecos que serão moldados ou transformados em prol da satisfação de um resultado. Vale lembrar que, além das atividades de cada processo, está também subtendido o controle de tempos e medidas, quando necessário, para atingir o resultado fi nal almejado. Ressaltamos ainda que um processo nunca deve ser considerado como defi nitivo ou es- tático, tendo em vista a possibilidade de ocorrer alterações, como pa- dronização, informatização ou nova tecnologia, objetivando melhorias da qualidade e rentabilidade. Processo está associado a todo acontecimento, visível ou não, simples ou complexo, com certa sequência de ações e valores intrínsecos que serão moldados ou transformados em prol da satisfação de um resultado. DeFinindo Gestão e Processos O termo gestão está relacionado às ações de planejar, organizar, dirigir e controlar uma organização (NBR ISO 9001, 2015). Veja mais esta defi nição: Gestão signifi ca gerenciamento, administração, onde existe uma instituição, uma empresa, uma entidade social de pessoas, a ser gerida ou administrada. Fonte: Disponível em: <https://www.signifi cados.com.br/?s=gest% C3%A3o>. Acesso em: 20 abr. 2017 14 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade O Dicionário Aurélio (2016) apresenta o signifi cado de gestão como: “Gerência; administração”. Logo, são sinônimos, então poderemos aplicá-los de forma semelhante. Pieritz Netto (2010) afi rma que a gestão está intrinsecamente ligada ao ser humano, e que desde os tempos mais remotos, as pessoas sentiram necessidade de gerir toda e qualquer atividade, seja no processo de caça, para cercar um animal, seja nos seus afazeres de agricultura e cultivo. Afi rma ainda que o processo de gestão teve seu momento de decolagem com a Revolução Industrial, encaminhando-o a níveis mais ousados e elevados para seu crescimento e alcance nas recém-criadas organizações. Também não podemos tratar da gestão sem fazermos referên- cia a Fayol, a Taylor, a Mayo, à experiência de Hawthorn, a Peter Drucker, a Mintzberg, ao sistema Toyota de fabricação (lean manufacturing), cujas contribuições para a gestão estão presentes no dia a dia de nossas organizações, tanto pela for- ma de liderarmos quanto pelos sistemas de controle de resul- tados que utilizamos. Conforme Nóbrega (2004), a gestão é a maior inovação do século XX, porém o autor alerta que ainda é muito mal assimilada. A verdade é que gerimos as pessoas, os recursos e os resultados de forma complexa dentro das nossas organizações (PIERITZ NETTO, 2010, p. 81). E processo, o que é isso? Processos: “do latim Processus,projeção, derivado de PRO, para frente, e CEDERE, ir. Aplica-se este termo aos tecidos ou órgãos que se projetam”. Fonte: Disponível em: <http://www.dicionarioetimologico. com.br>. Acesso em: 20 abr. 2017. Vamos ampliar um pouco mais o signifi cado de processo. Conforme estabelecido no Dicionário do Aurélio (2016), a seguir: 15 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Processo: 1) Método, sistema, modo de fazer uma coisa. 2) Conjunto de manipulações para obter um resultado. 3) O conjunto dos papéis relativos a um negócio. 4) Conjunto dos autos e mais documentos escritos numa causa civil ou criminal. 5) Processamento. Fonte: Disponível em: <http://dicionariodoaurelio.com>. Acesso em: 20 abr. 2017. Um processo é uma atividade organizada, com início, meio e fi m, projetada para gerar um resultado, já preestabelecido por alguém, ao fi nal. Em qualquer organização, os processos estão presentes e são o alicerce para conduzir e melhorar os resultados (produto, serviços etc.). Organização (1): “companhia, corporação, fi rma, órgão, instituição, empresa ou uma unidade dessas; sociedade anônima, limitada ou com outra forma estatutária, que tem funções e estruturas administrativas próprias ou autônomas, no setor público ou privado, com ou sem fi nalidade de lucro, de portes pequeno, médio ou grande”. Fonte: FNQ - Fundação Nacional da Qualidade (2010, p. 103). Organização (2): “toda organização é uma entidade social, por ser constituída por pessoas que interagem entre si para alcançar objetivos específi cos. [...] denota todo empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos. Toda organização é dirigida por objetivos, uma vez que é desenhada para alcançar resultados [...] é deliberadamente estruturada, pois o trabalho é dividido e seu desempenho é atribuído aos seus membros”. Fonte: Chiavenato (2007, p. 190). 16 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Na Figura 1, podemos visualizar uma representação gráfi ca desta defi nição. Figura 1 - Representação gráfi ca de processo Fonte: Marshall Junior et al. (2012). A palavra processo tem origem no latim procedere (e processus - derivado), signifi cando: “método, sistema, maneira de agir ou conjunto de medidas tomadas para atingir algum objetivo. A palavra processo tem origem no latim procedere (e processus - derivado), signifi cando: “método, sistema, maneira de agir ou conjunto de medidas tomadas para atingir algum objetivo. Relativamente à sua etimologia, processo é uma palavra relacionada a percurso, e signifi ca avançar ou caminhar para a frente. “As 10 melhores defi nições de gestão de processos”, frases e comentários de profi ssionais consagrados no mercado. Disponível em:<http://www.venki.com.br/blog/definicao-gestao-processos/>. Acesso em: 6 jun. 2017. “Sem gestão não há solução”, ABNT NBR ISO 37001:2017.Disponível em: <http://www. abnt.org.br/images/boletim/Boletim__mar_abr_2017.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2017. 17 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Ao tratar da temática de processo, a norma brasileira NBR ISO 9001 (2015, p. 9) informa que “a abordagem de processo envolve a defi nição e a gestão sistemáticas de processos e suas interações para alcançar os resultados pretendidos de acordo com a política da qualidade e com o direcionamento estratégico da organização”. Em outras palavras, a gestão dos processos e de todo o sistema estão vinculados à aplicação do ciclo PDCA, com ênfase na chamada "mentalidade de risco”, que são as ações preventivas para que se obtenha um melhor aproveitamento das oportunidades e tentar evitar ao máximo resultados indesejáveis na organização. A aplicação da abordagem de processo em um sistema de gestão da qualidade proporciona: a) Entendimento e consistência no atendimento a requisitos; b) A consideração de processos em termos de valor agregado; c) O atingimento de desempenho efi caz de processo; d) Melhoria de processos baseada na avaliação de dados e informação (NBR ISO 9001, 2015, p. 9). O Ciclo PDCA - também chamado de Ciclo de Deming ou Ciclo de Shewhart - é uma ferramenta de gestão que tem como objetivo promover a melhoria contínua dos processos por meio de um circuito de quatro ações: planejar (plan), fazer (do), checar (check) e agir (act). O intuito é ajudar a entender não só como um problema surge, mas também como deve ser solucionado, focando na causa e não nas consequências. Uma vez identifi cada a oportunidade de melhoria, é hora de colocar em ação atitudes para promover a mudança nec essária e, então, atingir os resultados desejados com mais qualidade e efi ciência. Fonte: Disponível em: <http://www.projectbuilder.com.br/blog-home/entry/pratica/ciclo- pdca-uma-ferramenta-imprescindivel-ao-gerente-de-projetos>. Acesso em: 20 abr. 2017. 18 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Maiores detalhes dessa abordagem estão na Figura 2, a seguir. Observamos a existência de uma representação esquemática de qualquer processo, bem como de suas interações elementares. “Os pontos de monitoramento e medição necessários para controle são específi cos de cada processo” e são modifi cados conforme os riscos associados (NBR ISO 9001, 2015, p. 10). Figura 2 - Representação esquemática de um processo Fonte: NBR ISO 9001 (2015). Na concepção do BPM CBOK®, o processo está relacionado ao conjunto de atividades ou comportamentos desenvolvidos por humanos ou sistemas em prol de resultados. Processo é um conjunto de atividades interdependentes, ordenadas no tempo e espaço de forma encadeada, que ocor- rem como resposta a eventos e que possui um objetivo, início, fi m, entradas e saídas bem defi nidos. Essas atividades são geralmente interfuncionais ou interorganizacionais, que tra- balham juntas para criar um produto ou serviço fi nal. Atividades são apresentadas no contexto da sua relação entre si para pro- porcionar uma visão da sequência e do fl uxo. Isso inclui um conjunto defi nido de atividades ou comportamentos realizados por humanos, sistemas ou uma combinação dos dois e têm um ou mais resultados que podem levar ao fi m do processo ou uma entrega (handoff) a outro processo (BPM CBOK, 2013, p. 444, grifo nosso). Processo está relacionado ao conjunto de atividades ou comportamentos desenvolvidos por humanos ou sistemas em prol de resultados 19 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Business Process Management Commom Body of Knowledge (BPM CBOK®), sigla que em português signifi ca “Corpo Comum de Conhecimentos em Gerenciamento de Processos de Negócio”. Trata- se de um documento mantido pela Association of Business Process Management Professionals (ABPMP), que gerencia um repositório de melhores práticas em Gestão por Processos em nível internacional, dedicada à promoção dos conceitos e práticas de BPM. Fonte: Disponível em: <http://www.abmp-br.org/>. Acesso em: 20 abr. 2017. Silva (2015, p. 8) entende que “processo é uma sequência lógica de operações, atividades ou tarefas, que aplica recursos organizacionais para a geração de um produto ou serviço que atenda às necessidades de um cliente ou consumidor”. A Figura 3 sintetiza essa conceituação. Figura 3 - Ilustração do conceito de processos e seus aspectos Fonte: Silva (2015). Ainda sobre o signifi cado de gestão de processos, atente-se às ideias seguintes, com outras defi nições literárias de processo no Quadro 1. 20 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Quadro 1 - Defi nição de processos Defi nição Autoria da Defi nição Agregação de atividades e comportamentos exe- cutados por humanos ou máquinas para alcançar um ou mais resultados. ABPMP BPM CBOK™ v 3.0 (Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio Corpo Comum de Conheci- mento) Qualquer conjunto de atividades realizadas por uma organização que transforma insumosem produtos, idealmente de maior valor para a empresa do que os insumos originais. F. Robert Jacobs; Richard B. Chase (Administração de Operações e da Cadeia de Suprimentos) Conjunto de atividades inter-relacionadas ou intera- tivas que transforma insumos (entradas) em produ- tos (saídas). Norma NBR ISO 9000:2000 Conjunto de atividades, funções ou tarefas identifi - cadas que ocorrem em um período de tempo e que produzem algum resultado. Integration Defi nition for Modeling of Process (IDEFO) Reunião de tarefas ou atividades isoladas. Grupo organizado de atividades relacionadas, que juntas criam um resultado de valor para o cliente. Michael Hammer (The Reengeniring Revolu- tion Handbook) Conjunto de atividades estruturadas e medidas destinadas a resultar em um produto especifi cado para um determinado cliente ou mercado. Ordenação específi ca das atividades de trabalho, no tempo e no espaço, com um começo, um fi m, e inputs e outputs claramente identifi cados. Thomas H. Davenport (Re- engenharia de Processos) São sequências de atividades que são necessárias para realizar as transações e prestar o serviço. Rohit Ramaswamy (Designer and Management of Service Processes) Uma sequência de passos, tarefas ou atividades que convertem entradas de fornecedores em uma saída. Um processo de trabalho adiciona valor às entradas, transformando-as ou usando-as para produzir alguma coisa nova. Dianne Galloway (Mapping Work Processes) Uma série de etapas criadas para produzir um serviço ou produto. Geary A. Rummler e Alan P. Brache (Melhores Desem- penhos das Empresas) Fonte: Adaptado de Ferreira (2013). É possível identifi carmos diversas defi nições de processo, e ainda fazermos correlação de seus signifi cados. Neste aspecto, houve predominância em citar algo relacionado ao sequenciamento lógico das tarefas e atividades com foco na obtenção de resultados. Esta análise é relevante porque os processos, em uma organização, devem sempre agregar valor e proporcionar resultados tangíveis. Assim, já podemos ter uma visão mais ampla desta temática. A prática leva à perfeição, portanto, vamos praticar um pouco o que aprendemos até aqui? Os processos, em uma organização, devem sempre agregar valor e proporcionar resultados tangíveis 21 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Atividades de Estudos: 1) Com suas palavras, defi na o que é “processo”. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Exemplifi que um tipo de processo de seu cotidiano. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ DimensÕes e FunçÕes da Gerência de Procesos Uma das maiores alterações que ocorreu nas organizações foi a visão sobre as pessoas e sua importância para o pleno desenvolvimento dos processos organizacionais. A abordagem de processos não se limita apenas a aspectos puramente formais ou técnicos (entenda-se rotinas padronizadas de fl uxogramas). Defi nitivamente, os processos são "atividades coordenadas que envolvem um complexo de pessoas, procedimentos, recursos, informações e tecnologias” (FERREIRA, 2014, p. 36). As organizações são constituídas por servidores de silício, os computadores, e de carbono, seres humanos. Contudo, apenas os seres humanos são capazes de mudar ativamente a organi- zação, nomeadamente o estado dos recursos empresariais, e por isso o conhecimento das pessoas é o principal foco deste conceito. Só os servidores de carbono podem ser responsabili- zados por qualquer mudança que ocorra na organização, uma vez que qualquer recurso utilizado por esta terá obrigatoriamente que ter um agente ativo como fonte elementar de mudança (TRI- BOLET, 2012 apud QUINTAS, 2016, p. 30). 22 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Ferreira (2014) considera relevante que a política das organizações não fi que tão somente limitada à questão dos recursos materiais, que geram produtos e serviços fi ns. Se tal organização segue nesse caminho, dissociando aquisição de equipamentos modernos do desenvolvimento de seus componentes humanos, o insucesso lhe bate à porta. Por isso, compatibilizar os anseios e os objetivos dos indivídu- os com a política, objetivos e metas da organização é fator essencial para garantir a satisfação plena dos clientes internos e externos. Planejar a melhoria da organização, ou de seus processos e produtos, implica, portanto, considerar o papel e a importância estratégica que os indivíduos desempenham nesse processo. A organização que deseja um excelente pa- drão de qualidade necessita dar a máxima importância a atrib- utos como motivação, criatividade e ousadia, investindo sig- nifi cativamente na melhoria e valorização do desempenho de seus funcionários (FERREIRA, 2014, p. 36). Uma organização pode sobreviver por um bom tempo às intempéries da falta de recursos materiais, mas nunca sobreviverá com êxito se não tiver em seu quadro pessoas comprometidas com seus objetivos. Uma organização pode sobreviver por um bom tempo às intempéries da falta de recursos materiais, mas nunca sobreviverá com êxito se não tiver em seu quadro pessoas comprometidas com seus objetivos. A ImportÂncia do Trabalho em EQuipe Para os Processos Um fato que mais percebemos atualmente é que as organizações, de um modo geral, estão fazendo uso de sistemas de trabalho voltados para a criação de equipes e na formação de parcerias com os colaboradores e dirigentes - e isso acontece de forma muito mais contínua. Deste modo, para que o trabalho em equipe se desenvolva de modo efi caz, é necessário passar pelo crivo de novas competências (conhecimentos - adquirir o saber; habilidades - saber fazer; e atitudes - querer fazer; que alguns autores chamam de "CHA"). Isso exige certo nível “de um processo de aprendizado permanente” (FERREIRA, 2014, p. 37). Para aqueles que desejarem saber um pouquinho mais sobre o “CHA”, recomendamos a leitura do seguinte livro: CHAMON, Edna Maria Querido de Oliveira. Gestão integrada de organizações. São Paulo: Brasport, 2008 23 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 A integração das equipes é peça fundamental ao sucesso das organizações - são elas que dão o tom ao desenrolar da efi ciência e efetividade nos processos organizacionais. Isso compreende não só integração em temos relacionais, com alternativas e soluções adequadas para os confl itos, mas, sobretudo, integração em relação aos fundamentos da orga- nização (missão, visão, objetivos e desafi os). Equipes mobili- zadas para o alto desempenho, além de autodeterminação, po- dem contribuir signifi cativamente para os saltos de qualidade da organização (FERREIRA, 2014, p. 36-37). E nessa dinâmica de mobilização, quem ganha destaque são os gerentes. Têm papel relevante e estratégico, haja vista que são eles que têm o apoio/ incentivo para desenvolver ações como procedimentos de: Incentivar dentro da equipe o conhecimento da missão organizacional. Defi nir claramente a missão da equipe. Defi nir os papéis e as regras de funcionamento da equipe. Construir ou consolidar o relacionamento entre os membros da equipe. Utilizar métodos adequados. Realizar reuniões efi cazes. No Quadro 2, identifi camos os principais tipos e características de uma equipe em qualquer organização. Quadro 2 - Características e tipos de equipe Principais características de uma equipe Tipos de equipes Unidades de desempenho compostas por, pelo menos, três indivíduos. As atividadesque desempenham são complementares. Possuem e identifi cam um objetivo específi co que é comum a todos os membros. Mantêm relações de interação e interdependência dinâmicas e complexas. • Círculos de controle de qualidade: são grupos de pessoas que buscam formas de aumentar a efi ciência e a efi cácia de seus processos de trabalho pelo alcance da maior produtividade e da melhoria de sua qualidade. • Equipes de melhoria: são equipes de resolução de problemas constituídas para lidar temporariamente com questões que cruzam funções ou linhas de autoridade e têm sua vida restrita a uma tarefa. 24 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Identifi cam-se e são identifi cados por outros membros da organização como integrantes de uma equipe. São elementos importantes na implementação da melhoria dos processos organizacionais. • Equipes de projeto: são organizadas para trabalhar especifi camente em um projeto, como no caso do desenvolvimento de novo produto, implantação em novo serviço ou programa. Da mesma forma que as equipes de melhoria, sua vida restringe- se ao projeto para qual foram criadas. Fonte: Adaptado de Ferreira (2014). Finalidade da Gerência de Processos Para Slack et al. (2008), o gerenciamento de processos está associado a qualquer tipo de negócio. Enfatiza ainda que tudo na empresa movimenta-se por meio de processos e que o gestor deve ser responsável por gerenciar o seu processo através de aspectos técnicos próprios. Exemplifi cando: a) Gerente de marketing: é gerente de processo na perspectiva interna do escopo do marketing, e produz planos de marketing/previsão de vendas. b) Gerente de contabilidade: é um gerente de processo no escopo das ciências contábeis, e produz orçamentos. Esta abordagem é interessante porque apresenta um aspecto acerca de processos que traz a ideia de “gestão”. Processos precisam ser gerenciados. E gerenciar processos “é gerenciar performance, é gerenciar entrega, mas de processos. Pode parecer irreal, mas não é incomum alguns gestores não saberem de fato o que entregam para as empresas - ou, ao menos, o que deveriam entregar” (SILVA, 2015, p. 20). A prática me fez presenciar situações interessantes. Quando os famosos “SLAs”, os Service Level Agreements ou Acordos de Nível de Serviço (algumas empresas usam a sigla em por- tuguês também, ANS), começaram a ser estabelecidos, pude verifi car que alguns gestores não sabiam de fato o que en- tregavam, qual era realmente a missão da área na empresa. Consequentemente, não sabiam como medir o próprio desem- penho. O mesmo ocorre no caso dos KPIs - Key Performance Indicators -, indicadores-chave de performance. E o “curioso” é quando se inicia o processo de medição e os números iniciais apurados são abaixo do esperado. Fica a pergunta: “o que se gerencia aqui, senhor gestor?” (SILVA, 2015, p. 20). Tudo na empresa movimenta-se por meio de processos e que o gestor deve ser responsável por gerenciar o seu processo através de aspectos técnicos próprios 25 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Em geral, o processo de gestão compreende quatro funções principais, combinadas e não estanques: DIREÇÃO: estabelece metas. GERÊNCIA: atinge metas, treina supervisão, detecta e elimina anomalias crônicas, apoia a supervisão no trata- mento das anomalias. SUPERVISÃO: verifi ca o cumprimento dos padrões de tra- balho, treina operação, registra anomalias, conduz análise de causas. OPERAÇÃO: cumpre padrões de trabalho, relata anoma- lias (FERREIRA, 2014, p. 39). Apesar de haver particularidades de identifi cação das organizações e o nível de complexidade de seus processos, não há muita diferença na atuação e responsabilidades dos gerentes de processos. Essencialmente esses profi ssionais alocam recursos, ajustam prioridades, coordenam interações com usuários e fornecedores e, sobretudo, gerenciam equipes de trabalho. Em verdade, essa é a principal característica do papel desses gerentes: devem ser bons articuladores e mobilizadores de equipes. Cabe a ele man- ter a equipe responsável pelo projeto concentrada nos objetivos e nas metas. Ele também deve estabelecer práticas que garan- tam a integridade e a qualidade dos resultados pretendidos ou perseguidos pela equipe (FERREIRA, 2014, p. 21). Podemos entender então que as funções relacionadas ao trabalho de um gerente por processos compreendem: Planejar o processo: determinação de metas e expectativas, estabelec- imento de planos e orçamentos, promoção dos recursos, mobilização do pessoal e implementação do processo. Executar o processo: gerenciamento das entradas, saídas e feedbacks. Controlar o processo: monitoramento, reforço do sucesso, diagnóstico dos desvios e tomada de ações corretivas. Um bom gerente agirá de forma completa nessas funções como parte de suas atividades na organização. 26 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Atividades de Estudos: Vamos exercitar para continuarmos mais forte no conhecimento?! 1) Defi na com suas palavras “gestão de processo”. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) A “gestão de processo” tem alguma importância para as organizações? Justifi que. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ HistÓrico da Gestão de Processos A investigação acerca da trajetória de processos não é de agora. Esse conjunto de atividades, denominado de função produtiva, que proporciona a transformação de um bem tangível em um outro com maior utilidade, ou, como dizemos atualmente, com valor agregado, vem desde a origem do homem. De acordo com Martins e Laugeni (2005), quando algumas pessoas, já na época medieval, procuraram desenvolver suas habilidades para a produção de bens de consumo específi cos, fi zeram surgir a fi gura dos artesãos e a forma de produção organizada. Com a dinâmica da sociedade, paulatinamente, o advento da Revolução Industrial fez com que esse modelo de produção artesanal entrasse em declínio, permitindo o aparecimento das primeiras fábricas, que eram formadas por grandes artesãos que antes detinham todo o conhecimento e laboravam em suas ofi cinas particulares. 27 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 EVolução HistÓrica Vamos viajar um pouco no tempo? A história nos relata que os processos de manufatura tiveram sua origem na Inglaterra entre o período de 1765 a 1815, com a Revolução Industrial, e está ligada ao resultado do surgimento de novas tecnologias associadas às habilidades dos artesãos daquela época. A princípio, a produção de bens manufaturados surgiu do artesanato produzido pelos artesãos na Era Medieval europeia, como sapatos, utensílios e carroças. Eram os grandes empresários da época, pois eram “os donos do negócio” - detinham tanto o poder de projeto, como o de compra, venda e confecção dos produtos de toda a produção. Nesse contexto, com ideias eminentemente centralizadoras, o artesanato permaneceu inalterado como a principal forma de produção até o advento da Revolução Industrial e tinha como características fundamentais: mão de obra qualifi cada, baixo volume de produção e qualidade variável. A princípio, a produção de bens manufaturados surgiu do artesanato produzido pelos artesãos na Era Medieval europeia, como sapatos, utensílios e carroças. Para aqueles que desejarem saber um pouquinho mais sobre “manufatura”, recomendamos a leitura do Capítulo 4 do livro Inovação e empreendedorismo:administração, de John Bessant, Joe Tidd. O Quadro 3 nos mostra um resumo da história da manufatura em suas diferentes fases. Quadro 3 - Evolução dos processos de manufatura nos últimos 200 anos ANO FASE FILOSOFIA BÁSICA BASE DE COMPETIÇÃO ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL 1800 – 1850 A idade do capitalismo técnico Poder e controle Substituição das importações Dono próximo da operação e domínio da tecnologia Capataz cuida da produção 1850 – 1890 Introdução da produção em massa Intercabialidade de componentes Baixo custo Dono preocupado com a tecnologia e investimentos Encarregado cuida da produção 28 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 1890 – 1920 Administração científi ca “One Best Way” Efi ciência A administração toma o poder do encarregado sobre a produção 1920 – 1960 Os anos dourados da manufatura Curva de aprendizado Volume Automatização da mão de obra 1960 – 1990 Declínio da manufatura americana Entrada dos novos competidores no cenário internacional Técnicas numéricas e computacionais versus Os modelos simplifi cados e descentralizados Automação e Base Eletrônica Qualidade e variedade Automatização da mão de obra indireta Descentralizações das decisões 1990 em diante Manufatura como arma competitiva Um tipo de produção para cada estratégia de negócio Qualidade, Variedade e Velocidade Fábrica focalizada; trabalhos em equipes Lançamento de novos produtos Customização em massa Fonte: Paiva (2004). Apesar de ter sua origem localmente na Inglaterra, os processos de manufatura correram mundo e ganharam novos ares em sua trajetória, como detalhado no Quadro 4. Quadro 4 - Evolução dos processos de manufatura em décadas: desde 1950 Estados Unidos: a manufatura encontrou terra fértil para se desenvolver, onde “a história de seu desenvolvimento nos EUA é a própria história da manufatura mundial, até a entrada dos países orientais no cenário internacional, por volta da década de 1960”. Brasil: a história da manufatura está inter-relacionada com a indústria automobilística, e que, a partir da década de 1920 (início da chegada das multinacionais) até a atualidade podemos visualizar várias fases da qual foi vivenciada pela indústria nacional, como: Década de 1950 Com o advento da Segunda Guerra houve a substituição nas importações de autopeças, proporcionando expansão neste setor até meados do fi nal destes anos Década de 1960 Período marcado pela estagnação até o golpe militar 29 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Década de 1970 É concebido o “milagre econômico” Década de 1980 O desdobramento da política brasileira desse período foi desastroso, sendo conhecida como a “década perdida” Década de 1990 A abertura do mercado e a chegada do modelo japonês proporcionam novo impulso à indústria brasileira, mas ainda se encontra com necessidade de uma visão de longo prazo e de melhoramentos à inserção internacional Década de 2000 (e o futuro) Período com forte demanda por “qualidade, produtividade e fl exibilidade” para atingir o padrão internacional. Os anseios por vantagem competitiva passam a exigir da indústria brasileira nova estratégias de produção para poder participar de um ambiente que estava nascendo denominada de “Nova Economia” a qual está “remodelando todos os setores da economia mundial”, onde existe uma “euforia associada à utilização de tecnologias de ponta” Fonte: Adaptado de Paiva (2004). Principais Mudanças Nos Processos de Produção Desde 1790, foi introduzido o conceito de padronização de componentes por Eli Whitney, um inventor nascido nos Estados Unidos, em 1765. Entre seus inventos mecânicos mais relevantes está a criação de espingardas, ou mosquetões, que usavam peças intercambiáveis, proporcionando benefícios operacionais aos exércitos; surgia “a função de projeto de produto, de processos, de instalações, de equipamentos”, entre outros. Entretanto, foi somente com Frederick W. Taylor, pai da administração científi ca, que a sistematização da defi nição de produtividade passou a existir, ou seja, “a procura incessante por melhores métodos de trabalho e processos de produção, com o objetivo de se obter melhoria da produtividade com o menor custo possível”, tendo como objetivo principal mensurar o sucesso ou o fracasso das organizações até hoje (MARTINS; LAUGENI, 2005, p. 2). Através de Henry Ford, em 1910, são criadas as linhas de montagens seriadas, surgindo o conceito de produção em massa, diferenciada por apresentar volumes de produtos extremamente padronizados, com técnica defi nida pela engenharia industrial. Começaram assim os conceitos de linha de montagem, posto de trabalho, estoques intermediários, monotonia do trabalho, arranjo físico, balanceamento de linha, produtos em processo, motivação, sindicatos, manutenção preventiva, controle estatístico da qualidade e fl uxogramas de processo, entre outros. Foi somente com Frederick W. Taylor, pai da administração científi ca, que a sistematização da defi nição de produtividade passou a existir. 30 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Martins e Laugeni (2005) ressaltam que esse ambiente predominou nas fábricas até 1960, quando então foi sendo substituído por uma nova técnica denominada de produção enxuta. Surgiram a partir daí novos conceitos de just- in-time (JIT), engenharia simultânea, tecnologia de grupo, consórcio modular, células de produção, desdobramento da função qualidade (quality function deployment - QFD), comakership, sistemas fl exíveis de manufatura (fl exible manufacturing systems - FMS), manufatura integrada por computador (computer integrated manufacturing - CIM), benchmarking. Algum tempo depois, nesse ambiente dinâmico e sempre alterável, o consumidor passou a ser, de forma mais clara, o grande protagonista do cenário produtivo, “levando as empresas a se atualizarem com novas técnicas de produção cada vez mais efi cazes, efi cientes e de alta produtividade”, como através de uma produção customizada (personalizado, fl exível), com uma incessante procura por melhoria contínua, almejando o grupo seleto de uma empresa de classe mundial (MARTINS; LAUGENI, 2005, p. 4). Assista aos vídeos para maior entendimento das mudanças ocorridas com os avanços tecnológicos nos séculos XIX e XX, disponíveis em: <https://www.youtube.com/watch?v=aU0E4FSAqw4>. <https://www.youtube.com/watch?v=TtDgBoky3fo>. <https://www.youtube.com/watch?v=meSQG 6bNvOM&spfreload=1>. <https://www.youtube.com/watch?v=G7k9hX_KEPw>. Martins e Laugeni (2005) afi rmam ainda que o processo de automação industrial gerou a expressão “fábrica do futuro”, caracterizada pelo alto grau de automação, organizada tecnologicamente com aplicação de ferramentas como CAD, CAM, CIM, MRP II, ERP, EDI, proporcionando, dentre outros fatores, um alto nível de produtividade; havendo colaboradores com elevado conhecimento e aplicação da inteligência no processo (utilizando menos esforço físico), denominados de knowledge worker. 31 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Recomendamos a leitura do Capítulo 2 do livro Thoughtworks antologia Brasil: histórias de aprendizado e inovação, editado por Paulo Caroli, para maiores esclarecimentos sobre knowledge worker. Mudanças signifi cativas ocorreram através das inovações que foram e ainda continuam sendo implantadas nas organizações. Desde o início do século passado, estudos de Taylor e da Administração Científi ca introduziram os conceitos de efi ciência, especialização e medição do processo nas organizações. Segundo Netto (2008), existe uma corrida de investimentos na especialização de atividades e na formação de profi ssionais como especialistas em processos de negócio em vários ramos do mercado. Mais Mudanças e Melhorias A gestão de processo, segundo Ferreira (2013, p. 52), “tem avançado e vem alcançandoimportância há algum tempo, tendo como base a implementação de ferramentas e técnicas na busca de melhorias de processos”. A autora comenta ainda que essas transformações ao longo dos anos têm alterado também os conceitos de gestão de processo. A Figura 4 revela mais detalhes. Figura 4 - Evolução dos conceitos Fonte: Ferreira (2013). 32 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade As temáticas principais, no início das tentativas de processos, se resumem em: a) inspeção na fonte; b) poka-yoke ou a prova de falhas; c) feedback; d) ação imediata. Para Ghinato (1995 apud FERREIRA, 2013, 53, grifo nosso), “este paradigma tem como base a evolução e a melhoria das operações (centradas em pessoa/posto/tarefa) e é considerado o precursor para a melhoria de processos que teve início na Toyota nas décadas de 1970 e 1980”. Já o segundo paradigma teve sua origem dos “Sistemas Toyota de Produção; Teoria das Restrições; Sistemas da Qualidade e a Reengenharia de Processos”. Em que todos esses sistemas se espelharam na melhoria de processos para as organizações. Essa segunda visão avança da melhoria das operações para o paradigma Gestão de Processos. Começam então a surgir as grandes questões, tendo em vista que a incorporação de ferramentas e a sistematização de tarefas para gerir processos são fundamentais para essa mudança. No entanto, há impli- cações, como deslocamento de modelo mental de gestores, de modo que o foco seria nos resultados globais do processo e não mais nos locais funcionais de sua responsabilidade; risco de investimentos em novas tecnologias de altos custos com a incerteza de retorno; falta de pessoal qualifi cado para operar essa nova tecnologia. Esses são alguns dos entraves que difi - cultaram a consolidação da gestão de processo naquela época (PAIM et al., 2009 apud FERREIRA, 2013, p. 53). São notórias as modifi cações ocorridas na Reengenharia de Processos, desde o fi nal da década de 1990 e início do século XXI, e agora se consolida como modelo de Melhoria de Processos. E, através deste novo modelo, há o suporte de um novo conjunto de tecnologias, dando às organizações condições de gerar resultados diretos, ou partir de outras nuances processuais, tais como: 1. Adoção de sistemas integrados de gestão tipo Enterprise Resource Planning ERP. 2. Defi nição de indicadores de desempenho global. 3. Defi nição de estrutura organizacional baseada em processo. 4. Gestão de competência baseada em processo. 5. Criação de modelo de referências baseado em processo. 6. Ampliação das práticas de benchmarking. 7. Ampliação de colaboração entre empresas. 8. Outros desdobramentos (FERREIRA, 2013, p. 54). Certos autores comentam ainda que alguns desses itens ainda encontram muita difi culdade para serem implementados, em razão da especialização, de deslocamento do modelo mental dos gestores e do domínio sobre as inovações tecnológicas necessárias à execução das inovações de melhoria de processos. São notórias as modifi cações ocorridas na Reengenharia de Processos, desde o fi nal da década de 1990 e início do século XXI, e agora se consolida como modelo de Melhoria de Processos. 33 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Podemos dizer que há autores que têm nas fi guras de Hammer e Champy (1994) como os responsáveis pelo início do movimento de melhoria de processos, baseada numa mudança radical no processo ao longo da organização, conquistando com isso algumas melhorias no desempenho. Eles descrevem como “o repensar fundamental e o redesenhar radical de processos de negócio para alcançar melhorias dramáticas em medições-chave e contemporâneas de desempenho, tais como custo, qualidade, serviço e velocidade” (FERREIRA, 2013, p. 54). O método de melhorias de processos, que se baseia em princípios de reengenharia, propõe o redesenhar do processo, sugerindo uma alteração tipo “ponta a ponta", a fi m de que sejam realizados os processos em andamento. Esse movimento não ofereceu em si técnicas para a melhoria de processos. Nele haviam mudanças radicais que deveriam ser adotadas independente dos processos vigentes, tanto que muitas organizações que adotaram essa iniciativa de forma voluntária e pouco fundamentadas foram frustradas. Pensa-se que isso contribuiu para que se criasse uma resistência ao dis- curso de processos de um modo geral, o que provocou um recuo ao uso de tecnologias voltadas a processo como lógica ou paradigma gerencial (FERREIRA, 2013, p. 54). Atualmente, temos uma nova visão de gestão por processo de negócio, conhecida como BPM (Business Process Management) e tem foco no processo global. Essa visão está relacionada aos conceitos de Gestão, Tecnologia e Técnica, os quais estão sendo implementados internacionalmente, por meio de associações nos diversos países, do qual o Brasil já faz parte. Veremos mais detalhes desta abordagem nos Capítulos 3 e 4. Atualmente, temos uma nova visão de gestão por processo de negócio, conhecida como BPM (Business Process Management) e tem foco no processo global. BPM é uma disciplina gerencial que integra estratégias e objetivos de uma organização, expectativas e necessidades de clientes, por meio do foco em processos ponta a ponta. BPM é uma nova forma de articular e aplicar de modo integrado abordagens, metodologias, estruturas de trabalho, práticas, técnicas e ferramentas para processos que muitas vezes são aplicadas de maneira isolada. Fonte: ABPMP BRAZIL. BPM CBOK: guia para o gerenciamento de processos de negócio corpo comum de conhecimento. 1. ed. Brasil, 2013. Disponível em: <http://c.ymcdn.com/sites/www.abpmp.org/resource/resmgr/Docs/ ABPMP_CBOK_Guide__Portuguese.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2017. 34 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Wolf e Harmon (2012), que realizaram pesquisa acerca da utilização de BPM, concluíram que existe grande interesse por parte das organizações em continuar investindo recursos em projetos de processo, principalmente os relacionados à coordenação e ao gerenciamento para intensifi car os esforços quanto à gestão de processos na organização como um todo. Em síntese, é possível compreender a relevância histórica da gestão nos processos produtivos, visto que suas atividades refl etem diretamente na dinâmica existencial da organização - de forma positiva ou negativa - no resultado fi nal. O processo de evolução tecnológica e cultural, relacionados à modernização dos processos, tem proporcionado resultados signifi cativos nos sistemas produtivos tanto no aspecto quantitativo, quanto qualitativo. A tomada de decisão, aliada a recursos tecnológicos e novas estratégias têm favorecido um padrão aceitável - mais produtivo e otimizado -, constituindo-se como peça-chave para que a administração dos processos alcance êxito. A prática leva à perfeição, portanto, vamos praticar um pouco o que aprendemos até aqui? Atividade de Estudos: 1) Que aspectos você considerou interessante na trajetória histórica dos processos para entendimento do assunto? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Gestão de Processo ou Por Processo: FunçÕes ou Processos? Estes dois conceitos, aparentemente iguais, causam certa estranheza na mente de algumas pessoas em uma primeira leitura. Parecem tão próximos e, ao mesmo tempo, são tão diferentes, isto é, são dois modelos de estruturas com formas de gestão distintas. 35 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Vejamos as diferenças e particularidades desta temática! a) Estrutura por funções - gestão de processo: funcional. A base é a divisão hierárquica; e, departamentalização (silos). - Modelo tradicional, onde as organizações geralmente estãoconstituídas em conjunto de unidades funcionais verticalizadas - isoladas, sem ou pou- ca interação. Visão compartimentada de uma abordagem funcional. b) Estrutura por processos - gestão por processo. Recursos e fl uxos na perspectiva dos processos estratégicos. - A lógica é a dinâmica da organização em prol de resultados efetivos. A estrutura de processos bem defi nida possibilita à organização operar como uma rede de serviços, com poucos níveis hierárquicos, maior rentabilidade e agregando valor ao cliente. Na Figura 5, são mostrados, de forma resumida, os dois conceitos. Figura 5 - Organização Tradicional x Gestão por Processos 36 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Fonte: Adaptado de UNICAMP (2003). As principais particularidades desses dois tipos de gestão são as elencadas no Quadro 5, a seguir: Quadro 5 - Características da Gestão: Tradicional versus Por Processo Gestão Tradicional Gestão por Processos • Compartimentação (silos). • Subotimização do todo. • Impede o contato interdepartamental e interfuncional. • Gestão lenta e pesada (não consegue acompanhar o novo ritmo tecnológico e gerencial). • Estruturas verticalizadas. • Estruturas gerenciais e processos de trabalho desenhados há décadas. • Esforços centrados para tarefas, pessoas ou estruturas. • Divisão do trabalho. • Responsabilização. • Estruturas horizontalizadas. • Tomada de decisão compartilhada. • Visão integrada dos processos (ultrapassam os limites das unidades funcionais). • Agrupamento de atividades. • Redução de fl uxos (efi ciência). • Relações de alianças, parcerias, participação e acordos. • Baseada em objetivos, políticas e estratégias comuns. • Trabalho em equipe. • Solução de confl itos pela negociação ou eliminação das causas. • Foco em resultados. 37 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 A gestão “Por Processos” difere da gestão “Tradicional” nos aspectos Emprega objetivos externos. Funcionários e recursos são agregados de forma a produzir um produto ou serviço completo. Informação segue diretamente para onde é necessária, sem o fi ltro da hierarquia. Membros da equipe asseguram que o trabalho seja realizado, estabelecem padrões para avaliação da performance da equipe e incentivam toda a equipe para a superação dos objetivos. Líderes da equipe (process owners) não são defi nidos por sua posição hierárquica, portanto necessitam negociar com os membros da equipe e exercer infl uência. Tal estrutura demanda grande esforço de colaboração. Fonte: Adaptado de Ferreira (2014). Na gestão funcional (tradicional), conforme Paim et al. (2009), acontece um fenômeno de pouca ou inexpressiva coordenação, com a consequente redução no entendimento dos processos, especialmente aqueles desconhecidos. Os autores complementam que na perspectiva funcional, a organização fi ca desconectada consigo mesma, tendo que encarar certos entraves, como: Existe baixa orientação para o mercado ao qual a organização atende. Os objetivos são prioritariamente departamentais. Lógicas de avaliação de desempenho são localmente defi nidas. Competências dos indivíduos não ultrapassam fronteiras funcionais. Remuneração, reconhecimento e premiação são departamentais. Orçamento defi nido e aplicado, desconsiderando processos transversais. Inexistem unidades organizacionais responsáveis pelos processos como um todo. Na perspectiva funcional, a organização fi ca desconectada consigo mesma, tendo que encarar certos entraves De Processo ou Por Processo Os dois conceitos correm por linhas paralelas em todos os meios. Na concepção de Sordi (2008 apud FERREIRA, 2014), não há rivalidade ou exclusão entre os dois conceitos; o que se faz necessário é a medição da distância entre a gestão tradicional da gestão por processos. Afi rma que para facilitar a compreensão, podemos relacionar a gestão de processos com o esforço de estabelecer sistemas de trabalho submetidos a descrições, mensurações e controles das atividades em função do que foi planejado. Destaca também que: 38 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Gerir processos é, portanto, monitorá-los para manter a con- formidade e os resultados pretendidos. Esse monitoramento ocorre nas diversas áreas que constituem uma organização de acordo com suas especifi cidades: a área de gestão de pes- soas, a área de suprimentos, a área de tecnologia e assim por diante. Todas essas áreas têm os seus processos e eles pre- cisam, obviamente, ser monitorados de forma efi ciente. No entanto, quando nos referimos à gestão por processos, a perspectiva é mais global ou mais sistêmica: ela envolve o conjunto da organização. A gestão por processo signifi ca gerir a organização considerando a interação entre os processos e entre esses e o ambiente. Em outras palavras, a gestão de processos é uma abordagem administrativa e se apresenta com uma abrangência muito reduzida em comparação com a gestão por processos, que é um estilo de gerenciamento da própria organização (FERREIRA, 2014, p. 21). Caso queira saber mais desta temática, leia o artigo “As Empresas São Grandes Coleções de Processos”, de José Ernesto Lima Gonçalves, disponível em: https://www.scielo.br/j/rae/a/ RgMGb3VwDT8hGWmhwD84zYf/?format=pdf&lang=pt Agora observe o Quadro 6, desenvolvido por Sordi (2008), que mostra as características de uma abordagem administrativa, diferenciando a gestão funcional da gestão por processos. Quadro 6 - Principais diferenças entre a gestão por processos e a gestão funcional CARACTERÍSTICAS ANALISADAS GESTÃO FUNCIONAL GESTÃO POR PROCESSOS Alocação de pessoas Agrupados junto a seus pares em áreas funcionais Times de processos envolvendo diferentes perfi s e habilidades Autonomia operacional Tarefas executadas sob rígida supervisão hierárquica Fortalece a individualidade dando autoridade para a tomada de decisões Avaliação de desempenho Centrada no desempenho funcional do indivíduo Centrada no resultado dos processos de negócios Cadeia de comando Forte supervisão de níveis hierárquicos superpostos Fundamentada na negociação e colaboração 39 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Capacitação dos indivíduos Voltadas ao ajuste da função que desempenham/ especialização Dirigido às múltiplas competências da multifuncionalidade requerida Escala de valores da organização Metas exclusivas de áreas geram desconfi ança e competição entre as áreas Comunicação e transparência no trabalho, gerando clima de colaboração mútua Estrutura organizacional Estrutura hierárquica, departamentalização/vertical Fundamentada em equipes de processos/horizontal Medidas de desempenho Foco no desempenho de trabalhos fragmentados das áreas funcionais Visão integrada do processo de forma a manter uma linha de agregação constante de valor Natureza do trabalho Repetitivo e com escopo bastante restrito/mecanicista Bastante diversifi cado, voltado ao conhecimento/ evolutivo-adaptativo Organização do trabalho Em procedimentos de áreas funcionais/mais linear Por meio de processos multifuncionais/ mais sistêmico Relacionamento externo Pouco direcionado, maior concentração no âmbito interno Forte incentivo por meio de processos colaborativos de parcerias Utilização da tecnologia Sistemas de informação com foco em áreas funcionais Integração e "orquestração dos sistemas de informação” Fonte: Sordi (2008). Ainda de acordo Ferreira (2014), como se refere a uma abordagem mais estratégica, é necessário que a organização cumpra alguns requisitos mínimos para atendimento pela gestão por processos, que são: 1. clareza de sua missão e objetivos (para que a organização exista); 2. identifi cação e defi nição dos processos críticos (aqueles que impactam sua razão de ser e objetivos estratégicos); 3. defi niçãodos serviços e/ou produtos que pretendem oferecer em função de um público determinado (cliente ou usuários); 4. disponibilidade dos recursos necessários para gerar os serviços ou produtos pretendidos; 5. capacidade para gerenciar o fl uxo de informações e as atividades necessárias para atingir os resultados pretendi- dos e a satisfação dos clientes ou usuários (FERREIRA, 2014, p. 23, grifo nosso). 40 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Acesse o link a seguir, e veja mais sobre esta temática: <https:// gaussconsulting.com.br/blog/o-tombamento-da-gestao-empresarial- por-meio-de-processos/>. Acesso em: 6 jun. 2017. Como falamos antes, Gestão de Processo e Gestão Por Processo são conceitos distintos, que estão consolidados em perspectivas diferentes, mas não são excludentes. Ferreira (2014, p. 23) afi rma que “a organização orientada por processos precisa, necessariamente, de processos bem monitorados, caso contrário inviabiliza a possibilidade de tê-los funcionando efi cientemente em rede ou de forma sistêmica”. E complementa: Não obstante, é possível apontar algumas vantagens da gestão por processos, sobretudo quando o contexto exige or- ganizações mais versáteis e dinâmicas: a organização desenvolve-se além do seu desempenho básico; direciona os esforços para resultados, por meio da melho- ria efetiva dos processos essenciais; mudança cultural (de visão por função para visão do todo); facilita a gestão do conhecimento organizacional; permite a compreensão de como as coisas são feitas na organização, revelando problemas, estrangulamento e in- efi ciências; redução de custos (retrabalho e problemas logísticos, por exemplo) e confl itos; aumento da satisfação dos clientes ou usuários (cidadãos e colaboradores); concentra o foco no que realmente interessa; facilita a gestão das competências; proporciona fl exibilidade organizacional (descentralização, organização em rede, alianças estratégicas entre organi- zações) (FERREIRA, 2014, p. 22). Na Figura 6, visualizamos o nível de maturidade de cada tipo de estrutura organizacional. É possível identifi car as possibilidades de migração de um estágio intermediário de gestão por processos, em detrimento da opção plena. Gestão de Processo e Gestão Por Processo são conceitos distintos, que estão consolidados em perspectivas diferentes, mas não são excludentes. 41 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Figura 6 - Estruturas Organizacionais: a transversalidade de um processo Fonte: Maranhão e Macieira (2004). O que podemos entender é que cada organização tem a sua estratégia, pela qual traduzirá sua missão, visão e valor. Isso será a essência de sua existência, e geralmente difere do status quo das outras. Status Quo ou Statu quo é uma expressão do latim que signifi ca “estado atual”. Está relacionado ao estado dos fatos, das situações e das coisas, independente do momento. O termo status quo é geralmente acompanhado por outras palavras, como manter, defender, mudar etc. O conceito inicial do status quo tem origem na expressão diplomática latina “in statu quo res erant ante bellum”, que pode ser traduzido por “no estado como as coisas eram antes da guerra”. Fonte: Disponível em: <http://www.signifi cados.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2017. Outra constatação após tudo isso é que, apesar de todos os avanços que temos visto ou ouvido, não são todas as empresas que estão preparadas para encarar uma gestão por processos. É uma decisão muito particular de cada uma, e que exige uma análise cuidadosa da real situação e caracterização de cada organização. 42 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Estratégia VERSUS Processos O termo estratégia, que vem da palavra grega estrategos, tem sua origem nos meios militares, nas campanhas para guerra, e originalmente se referia ao líder maior de uma tropa. “Seu uso já era conhecido há 500 a.C., e com as mudanças advindas com o tempo, a palavra passou a ser usada também no ambiente empresarial, como uma habilidade gerencial" (RIBEIRO, 2008, p. 10). Nos dias atuais, podemos dizer que o termo estratégia ganhou evidência a partir da década de 1960, com a introdução de ferramentas de medição de desempenho. A estratégia descreve os caminhos a serem trilhados pelas organizações, com seus objetivos básicos de longo prazo e as ações a serem implementadas, visando ao atingimento de suas metas e objetivos. "Essa defi nição demanda um alinhamento organizacional, principalmente entre estratégia e estrutura, mas já indica que a estratégia e os processos também devem estar alinhados entre si" (PAIM et al., 2009, p. 54). Isso levou a uma mudança de comportamento, pois as organizações começaram a ser vistas como um conjunto integrado de elementos. Surgem também ferramentas que unem estratégia e processos. O ponto crucial da estratégia é a tarefa de alinhar os trabalhos gerenciais e operacionais numa única vertente nas ações e decisões para que se alcance o fi m pretendido. Na aplicação da gestão por processos, é preciso ter foco, saber onde se quer chegar e que produto ou serviço é necessário gerar para atingir os objetivos propostos na realização da missão da organização, pois se torna um círculo, que se repete constantemente. Vejamos a Figura 7 para mais entendimento. O termo estratégia, que vem da palavra grega estrategos, tem sua origem nos meios militares, nas campanhas para guerra, e originalmente se referia ao líder maior de uma tropa. Figura 7 - Ciclo da gestão por processos Fonte: IPHAN (2015). 43 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 “Em qualquer forma de entendimento da estratégia, há relação com o conceito de processo”, afi rmam Paim et al. (2009, p. 56). Os autores ressaltam que existem cinco defi nições formais instituídas acerca de estratégia, que são: Estratégia como Plano. Estratégia como Manipulação ou Manobra. Estratégia como Padrão Realizado. Estratégia como Posição. Estratégia como Perspectiva. Estratégia como Perspectiva: “A palavra alemã weltanschauung (visão do mundo) é a que mais se aproxima desse tipo de estratégia: signifi ca a intuição coletiva sobre como o mundo funciona, englobando aspectos como culturas, ideologias, paradigmas. Essa defi nição relaciona mais a noção de cultura da organização para compartilhar valor que priorize a atuação na melhoria, na coordenação e no aprendizado organizacional orientada pelo conceito de PROCESSOS” (PAIM ET AL., 2009, p. 57). Fonte: PAIM, R. et al. Gestão de processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. Não esqueça! É importantíssimo que os processos sempre estejam inter-relacionados à estratégia da organização. Assim, torna-se fundamental que cada organização conheça ou comece a conhecer bem seus próprios processos, para poder dar prioridade e prosseguimento a eles, concentrar os esforços em seus usuários diretos e indiretos, e decidir estrategicamente qual estrutura organizacional é apropriada para atingir os objetivos propostos e lograr resultados exponenciais. Não esqueça! É importantíssimo que os processos sempre estejam inter-relacionados à estratégia da organização. 44 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Atividade de Estudos: 1) Assista ao vídeo disponível em <https://www.youtube.com/ watch?v=yBlhPBoW7kk> e responda: Que aspectos da Gestão de Processos e Gestão por Processos são considerados no vídeo? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Visão Sistêmica das OrganiZaçÕes A expressão sistemas envolve inúmeras concepções, mas a essência de seu conceitoé que se refere a um todo, total, completo. Quando pensamos, por exemplo, em sistema circulatório, sistema fi nanceiro, sistema educacional, sistema bancário, pensamos em um conjunto de componentes ou fatores que os compõem. Podemos compreender melhor uma visão sistêmica quando entendemos a forma do pensar sistêmico. De acordo com Teixeira, Salomão e Teixeira (2015, p. 81, grifo nosso): “A visão sistêmica melhora o entendimento e a explicação sobre relacionamento entre as partes de um conjunto e desse conjunto com seu meio. Ela teve sua origem na biologia, uma das matrizes da medicina”. Esse tipo de pensamento pressupõe criar uma forma de anal- isar e uma linguagem para descrever e compreender as forças e inter-relações que modelam o comportamento dos sistemas. A essência do pensamento sistêmico é a mudança de mentali- dade. O pensamento sistêmico parte do conceito de feedback, que revela como as ações podem se neutralizar uma às outras. O pensamento sistêmico simplifi ca a vida, por ajudar a enxer- gar padrões mais profundos. Foi introduzido nas organizações baseando-se na obra de Senge (2009), A Quinta Disciplina, publicada em 1990 (FERREIRA, 2013, p. 47). Quando pensamos na organização levando em conta todas as suas inter- relações envolvidas, estamos pensando sistemicamente. 45 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Da Visão CientÍFica Para a Visão Geral do Conhecimento TransVersal A importância da criação de uma visão geral do conhecimento está na “necessidade de passar da mecânica da estratégia de negócios” para uma visão mais global nas organizações - transversal. “Incutir a visão implica comunicar a visão organizacional até que os membros comecem a executá-la” (TAKEUCHI; NONAKA, 2008, p. 129). Os autores comentam que, quando a administração consegue transmitir sua visão de conhecimento às pessoas de forma efi caz, está, na realidade, contribuindo para a formação de microcomunidades internas, tornando o nivelamento transversal do conhecimento possível e real. As visões do conhecimento podem também possibilitar a criação de conceitos e a construção de protótipos. Elas têm menor impacto no compartilhamento do conhecimento tácito dentro de uma microcomunidade, mas o processo de incutir uma visão de conhecimento depende, fi nalmente, da liberação do conhecimento tácito para que este impulsione a inovação. No mínimo, a visão deve levar em conta o fato de que nem todo conhecimento organizacional se manifesta de maneira explícita (TAKEUCHI; NONAKA, 2008, p. 129). Esse entendimento nos leva a pensar nos processos transversais com mais concretude. "Embora alguns processos sejam inteiramente realizados dentro de uma unidade funcional, a maioria dos processos importantes das empresas [...] atravessa as fronteiras das áreas funcionais. Por isso mesmo, são conhecidos como processos transversais" (GUERRINI, 2014, p. 49). A ilustração da Figura 8 procura mostrar o seguinte raciocínio: “se processos transversais são defi nidos e entendidos, pode ocorrer a defi nição de indicadores que estejam orientados pelos processos, e não só pelas unidades organizacionais” (PAIM et al., 2009, p. 74). “Incutir a visão implica comunicar a visão organizacional até que os membros comecem a executá-la” 46 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Figura 8 - Indicadores de desempenho a partir de uma visão por processos Fonte: Paim (2009). Visão por processos: “privilegia a análise das atividades transversais à empresa, permitindo o entendimento e a melhoria da UN como um todo em função de seu objetivo fi nal. Ao se decidir o que precisa ser feito, tem-se em mente as atividades que agregarão valor para a UN sem se preocupar em saber, inicialmente, qual será o departamento que as executará”. Fonte: NEUMANN, C. Gestão de sistemas de produção e operações: produtividade, lucratividade e competitividade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Quando ocorre o entendimento dos processos transversais, a organização tem uma alternativa para autoavaliação, e começará a ter condições de se posicionar de forma mais consciente de sua própria atuação no meio em que está inserida. CompleXidade de Atributos do Processo Paim et al. (2009, p. 105) analisam a complexidade de atributo do processo e comentam que: Complexidade de atributos utilizados para complementar a descrição do processo na forma de modelos que representam mais do que atividades, recursos e objetos em fl uxo. Esses atrib- utos podem incluir nível de detalhamento, objetivo, cliente e out- 47 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 ras formas de se escrever os processos. Quanto mais atributos forem necessários para explicar o processo, mais complexa é a sua gestão e execução, mas por outro lado, melhor defi nido e entendido estará o processo. A complexidade varia em função da natureza das atividades predominantes em um processo. Pelo Quadro 7, podemos visualizar alguns exemplos da natureza das atividades. Quadro 7 - Natureza das atividades Avaliação Atividades nas quais o executor, a partir de um conjunto de alternativas, deve julgar aquelas que mais se adapta à situação colocada. Negocial Atividades marcadas pela existência de vários atores, com interesses e níveis de poder distintos no qual se deve chegar a um resultado pelo consenso. Aprovatória Atividades nas quais há aprovação por um ou mais executores que, em geral, são fundamentais como eventos que disparam outras atividades. Consultiva Atividades com propósito de recolhimento de informações, em geral para suportar a tomada de decisões. Concepção Atividades relacionadas com a criação de novos produtos, serviços, processos, tecnologias etc. Normativa Atividades relacionadas com a documentação/ normatização de outros processos da organização. Planejamento/ Programação Atividades relacionadas com a defi nição de planos em diferentes horizontes de tempo (curtíssimo, curto, médio e longo prazo). Execução Atividades relacionadas com execução/realização dos planos defi nidos nos processos de planejamento/programação. Acompanhamento/ Monitoramento Atividades que tratam de identifi car como está se dando a execução ao longo do tempo, para fi ns de comparação entre a programação e a execução real. Controle Atividades que tratam do estabelecimento e da execução de ações para intervir no desempenho de processos, a fi m de colocá-los dentro de padrões de desempenho aceitáveis/desejados. Fonte: Adaptado de Paim et al. (2009). Na Figura 9, são revelados três tipos de processos: a) Gestão de processos funcionais; b) Gestão funcional de processos transversais; e c) Gestão por processos. 48 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Figura 9 - As três abordagens da gestão de processos Fonte: Paim et al. (2009). Para Paim et al. (2009), o modelo funcional não sabe o que é ou para que serve o processo transversal, apesar da unidade organizacional fi car dentro de um contexto transversal. Processos da "ideia até o produto", "da prospecção de mer- cado até a internalização de novos clientes", "do pedido até o atendimento por completo da demanda (incluindo a compra, produção, entrega, faturamento etc.)" são desconhecidos e não estão documentados, tampouco estão na "cabeça" de to- dos os profi ssionais. As necessidades e as oportunidades de melhoria nesse modelo surgem dos departamentos e não dos processos (PAIM et al., 2009, p. 125-126). A Figura 10 traz informações sobre o ciclo de alinhamento entre estratégia, estrutura e processos. Entedemos assim que é a partir da visão e missão da empresa que serão defi nidos os processos necessários para atingir os objetivos estratégicos da organização. Tais processos são realizados através da estrutura organizacional - funcional ou não -, e devem resultar em produtos ou serviços; em seguida passarão pela avaliação dos clientes, proporcionando um feedbacke alimentando novamente a visão da organização. É a partir da visão e missão da empresa que serão defi nidos os processos necessários para atingir os objetivos estratégicos da organização. 49 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GESTÃO DE PROCESSOS Capítulo 1 Figura 10 - Ciclo de alinhamento entre estratégia, estrutura e processos Fonte: Maranhão e Macieira (2004, p. 51). Assim, mesmo que uma organização não tenha uma gestão ampla de seus processos, item indispensável para resultados efetivos, a tendência da atualidade está em observar, aplicar e desenvolver a inter-relação entre variados tipos de processos organizacionais em uma cultura de negócio muito mais dinâmica e sistêmica - transversal. Atividade de Estudos: 1) Faça uma analogia de sua casa/família (ambiente micro) com uma organização (ambiente macro) e explique se existe alguma relação com o pensamento sistêmico. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 50 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Algumas ConsideraçÕes Ao longo deste capítulo, trabalhamos vários conceitos de processos e suas múltiplas facetas, bem como sua importância como instrumentos técnicos para uma organização. A relevância em saber e compreender as principais defi nições e características da temática gestão de processos e gestão por processos se mostra no cotidiano tanto da vida privada quanto da vida em comunidade - somos compelidos a gerenciar processos. Vimos também a questão do conhecimento e aplicabilidade da visão sistêmica/transversal com relação à gestão de processos nas organizações. Vivemos em um ambiente em que todos os componentes que nos cercam estão conectados uns aos outros. De posse desses conhecimentos, podemos partir para voos mais altos! ReFerências ABNT. NBR ISO 9001:2015. Sistemas de gestão da qualidade: requisitos. 3. ed. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.logfacilba.com.br/iso/iso2015_ versao_completa.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2017. ABPMP BRAZIL. BPM CBOK. Guia para o gerenciamento de processos de negócio corpo comum de conhecimento. 1. ed. 2013. Disponível em: <http://c. ymcdn.com/sites/www.abpmp.org/resource/resmgr/Docs/ABPMP_CBOK_ Guide__Portuguese.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2017. BRASIL. Guia de referência em gestão de processos. Programa de Modernização Integrada do Ministério da Fazenda – PMIMF. Brasília: Ministério da Fazenda, 2014. 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Realizar a correlação sistêmica dos processos da organização com visão holística para o cliente. 54 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 55 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 ConteXtualiZação Neste capítulo veremos assuntos referentes aos Componentes de Processo, descrevendo suas características funcionais, até chegar a sua menor parcela. Também abordaremos a questão dos Registros de Processos, que nos fazem ver claramente sua importância para a organização (tanto para sua história como para solução de problemas referentes à comprovação de ações e procedimentos), seus desdobramentos menores visuais. Prosseguindo,trataremos também da Classifi cação de Processos, enfatizando os Processos Críticos de Negócios, haja vista que seu desempenho compromete a imagem e a atuação efi caz da organização. E, por último, veremos as Relações Cliente versus Fornecedor. Boa leitura! Componentes de Processo Olá! Agora vamos começar nossa caminhada rumo ao entendimento de conceitos dos principais componentes de um processo. Já vimos no capítulo an- terior várias defi nições de um processo. Veremos a partir deste momento seus componentes (ou elementos), e identifi caremos as subdivisões genéricas de um processo como: a atividade, a tarefa, o evento. a) Principais elementos de um processo Nossos estudos, no capítulo 1, começaram com a defi nição de processo e seus vários desdobramentos. De forma resumida, processo é um conjunto de atividades com certa sequência defi nida, originário de inputs (entradas), as quais serão transformadas e ao fi nal resultarão em um produto a um interessado. E esse processo não é unicelular!! Possui outras decomposições em sua estrutura. Para você visualizar e entender melhor, veja a seguir uma estrutura detal- hada. Uma estrutura genérica de um processo pode possuir os seguintes compo- nentes (ou elementos): • Processo – Ex.: comprar produtos ou serviços. Atividade – Ex.: cadastrar fornecedor/cliente no sistema. Tarefa – Ex.: atender/ligar para fornecedor/cliente. ο Evento – Ex..: reunião às 15h30min com fornecedor/cliente. Defi nindo melhor passo a passo: acompanhe! E esse processo não é unicelular!! Possui outras decomposições em sua estrutura. 56 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade • Processo: A defi nição da palavra processo pode ser sintetizada como sendo um conjunto de atividades inter-relacionadas, visando transformar certas entradas ou insumos em novos resultados ou saídas - como pro- dutos e serviços - com maior valor agregado, para grupos interessados de usuários ou clientes específi cos. • Atividade: É uma subdivisão do trabalho em ações que serão desen- volvidas no processo ou subprocesso - com o início e fi m já preestabele- cidos, ou seja, é um conjunto de tarefas úteis para gerar parte exclusiva e defi nível de um produto ou serviço. Para Harrington (1993), as atividades são ocorrências que acontecem dentro do processo ou subprocesso, e em geral são realizadas por pessoa ou departamento e geram um resul- tado específi co. Nesse ponto, a ênfase é dada em o que fazer. • Tarefa: É a divisão máxima das atividades em ações ou passos sequen- ciais para a realização de um trabalho, com explicações minuciosas - sua ênfase está em como fazer. É a menor parte de um processo e dá fun- damentação aos procedimentos. • Evento: Todo e qualquer impulso que ocorre e ative os processos no ambi- ente organizacional a produzirem uma resposta. Pode está no início, meio ou fi m, e pode ser de tempo, exceção, erro, mensagem, dentre outros. A título de exemplifi cação - Início da reunião às 15h30min é um exemplo de tempo. Atividades de Estudos: 1) Analise as defi nições acerca dos principais elementos de um processo e marque a alternativa na ordem correta: • Conjunto de atividades inter-relacionadas, visando transformar certas entradas ou insumos em novos resultados ou saídas como produtos e serviços de maior valor agregado, para grupos interessados de usuários ou clientes específi cos. • Ocorrências que acontecem dentro do processo ou subprocesso, e em geral são realizadas por pessoa ou departamento para gerar resultado específi co. • Decomposição de atividades em conjunto de passos ou ações para desenvolver o trabalho em determinado cenário. 57 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 • Estímulo que ocorre e que ativa os processos na organização produzindo uma resposta, que podem ser iniciais, fi nais ou intermediários. Alguns tipos são de: tempo, exceção, erro, mensagem, entre outros. A alternativa na ordem correta de sua respectiva defi nição é: a) Processo, Evento, Atividade, Tarefa. b) Atividade, Processo, Tarefa, Evento. c) Processo, Atividade, Evento, Tarefa. d) Processo, Atividade, Tarefa, Evento. e) Tarefa, Atividade, Evento, Processo. 2) Exemplifi que um tipo de processo com seus elementos principais (lembre-se que um processo genérico divide-se em: atividade, tarefa e evento). ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Registro de Processos A partir da identifi cação das estruturas mais comuns de um processo, passemos à fase de fazer o registro dele, que em analogia ao que acontece na vida das pessoas, há o registro dos eventos mais signifi cativos de cada um - registro do nascimento, do casamento, da compra e venda de um imóvel/bem etc. Maranhão e Macieira (2010, p. 126-127) dizem que "os registros são evidências ou a materialidade de um determinado fato ou feito para fi ns de comprovação administrativa ou legal. Os registros perenizam a história. Na realidade, toda história do homem é construída e mantida mediante respectivos registros recuperados". Os registros são afetados pela quantidade e complexidade de alguns fatores, que são (MARANHÃO; MACIEIRA, 2010): • A complexidade do produto - fabricação de produtos complexos (aviões, usinas, aplicativos tecnológicos, etc.) Em oposição à fabricação de produ- tos menos complexos (confecção de roupas, picolé, pão, etc.). 58 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade • O tipo de contrato com o cliente - quanto mais complexo em suas cláu- sulas contratuais, maiores serão também as exigência de registros. • A natureza do negócio - há setores que são naturalmente complexos (medicamentos e químicos, por exemplo) em razão dos riscos envolvidos. O Quadro 8 a seguir nos permite visualização de alguns desses registros dos processos. Quadro 8 - Registros de processos Tipos de Registros Finalidade Exemplos Obrigatórios pela legislação vigente Cumprir a Lei → Registros de pessoal → Registros de acidentes Especifi cações de produtos Comprovar a conformidade e solucionar demandas judiciais → Relatórios de testes fi scais → Relatórios de inspeção de recebimento Especifi cações de processos Controlar e manter a história dos processos e reforçar a defesa de demandas judiciais → Cartas de controle de processos → Registros de parâmetros de processos (pressão, temperatura, etc.) → Calibração de equipamentos Especifi cações que impliquem segurança Segurança, redução do preço de apólices de seguros → Recarga de extintores → Inspeções de segurança Pontos críticos de processos Controle de processos e redução de custos → Vários, conforme a natureza do processo Auditoria e inspeções Rastreabilidade e defesa de demandas judiciais → Relatórios de auditoria → Relatórios de inspeção Ação corretiva e ação preventiva Follow-up → Relatórios de Ação Corretiva → Relatórios de Ação Preventiva → Registros de controles das ações Reclamações de clientes Follow-up → Cartas de reclamações → Gravações telefônicas de reclamações Projetos Memória de projeto, follow-up e comprovações de conformidades → Dados de entradas e de saídas → Relatórios de verifi cações e de validações Fonte: Maranhão e Macieira (2010, p. 128). 59 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 Dessa forma, percebemos o quanto é importante fazer registros - corretos e bem elaborados - para a continuidade próspera da organização. Como diria o poeta "registrar é preciso" Assista o vídeo indicado no link a seguir e imagine quantos registros foram feitos para que esse processo tivesse êxito: <https:// www.youtube.com/watch?v=PhZRxtibWN0>. Atividades de Estudos: 1) Analise as sentenças a seguir: I - São evidências ou materialidade de um determinado fato ou feito para fi ns de comprovaçãoadministrativa ou legal; II - Perenizam a história com dados recuperados; III - São afetados pela quantidade e complexidade de alguns fatores, como: complexidade do produto; tipo de contrato com o cliente; e, natureza do negócio. De acordo com os itens acima Identifi camos um tipo de: a) Processo Crítico. b) Estruturas. c) Registro. d) Atividade. e) Elementos. 2) É possível uma organização não utilizar do registro em seus processos? Justifi que. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 60 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade ClassiFicação de Processos Então, alguém pergunta: - Como podem ser os processos? É simples já vou explicar! Quando elaboramos uma classifi cação, na verdade estamos hierarquizando algo, ou seja, é um exercício de redução ou pormenorização. Diante disto, é importante compreender que este formato de categorização dos processos é relativo ou dinâmico, pois dependerá do ambiente, “in loco”, que está enquadrado na organização. Mas essa dependência ambiental não impede de fazer surgir os níveis de processos. Veja, de modo detalhado, como os níveis dos processos estão divididos: Os processos podem ser de nível macro (macroprocessos) que poderão derivar processos de menor porte (processos e sub-processos ou falando de outra forma, processos de 1º nível, 2º nível, 3º nível, e assim por diante); depois em detal- hamento maior, surgem as atividades (ações a serem real- izadas dentro de um processo) e por fi m as tarefas (que são elementos individuais de uma atividade) (IPHAN, 2015, p. 9, grifo nosso). Há um fenômeno de intercambiação entre os níveis de processo que os torna conectados numa ligação sem fi m. Observe a fi gura a seguir, para maiores esclarecimentos de conceituações de processos. Quando elaboramos uma classifi cação, na verdade estamos hierarquizando algo, ou seja, é um exercício de redução ou pormenorização. 61 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 Figura 11 - Generalização e especialização das defi nições de processo Fonte: Baldam, Valle, Rozenfeld (2014). Uma forma prática de se compreender esse conjunto de processos existentes em um ambiente organizacional é a classifi cação. Podemos classifi cá- los em macroprocessos (aqueles considerados mais amplos e mais abrangentes), processos e subprocessos (sendo que estes últimos são uma subdivisão do processo) (MARANHÃO; MACIEIRA, 2010). Figura 12 - Classifi cação de processos Fonte: Adaptado de Maranhão e Macieira (2004 apud MARSHALL JUNIOR et al., 2012). 62 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade “A hierarquia de processos é uma abordagem que permite à organização visualizar como seus processos desdobram-se desde uma "visão do todo" – normalmente representada pela Cadeia de Processos - até uma "visão operacional", em geral representada por fl uxogramas e procedimentos” (FNQ, 2017, p.16). As grandes corporações possuem tamanho organizacional e processos mais complexos. E, no geral estão classifi cadas no formato da fi gura a seguir: Figura 13 – Hierarquia dos processos Fonte: Brasil (2014, p. 11). A Cadeia de valor de uma organização é representada pelos macroprocessos, os quais proporcionarão a capacidade para atingir os objetivos estratégicos, a missão e concretizar a visão. De acordo com o Guia de Referência em Gestão de Processos “a Cadeia de Valor é o conjunto de atividades criadoras de valor desde as fontes de matérias-primas básicas, passando por fornecedores de componentes e até o produto fi nal entregue nas mãos do consumidor” (BRASIL, 2014, p.11). Desse modo, é possível compreender que com a categorização dos processos, a gestão de processos permitirá melhor condução de atitudes para indicar de forma sistemática e plena o ambiente de atuação, em prol da estabilidade deste, e conforme as necessidades da organização, deve implementar ações que venham proporcionar maiores resultados em prol de um desenvolvimento sustentável da organização e demais interessados (stakeholders). A Cadeia de valor de uma organização é representada pelos macroprocessos, os quais proporcionarão a capacidade para atingir os objetivos estratégicos, a missão e concretizar a visão. 63 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 Stakeholders – signifi ca público estratégico e descreve uma pessoa ou grupo que tem interesse em uma empresa, negócio ou indústria, podendo ou não ter feito um investimento neles. É uma palavra em inglês muito utilizada nas áreas de comunicação, administração e tecnologia da informação cujo objetivo é designar as pessoas e grupos mais importantes para um planejamento estratégico ou plano de negócios, ou seja, as partes interessadas. Fonte: Disponível em: <http://www.signifi cados.com.br>. Acesso em: 28 abr. 2017. NÍVeis do Processo Maranhão e Macieira (2010, p. 18) afi rmam que "os processos não possuem fronteiras perfeitamente defi nidas; tanto os limites quanto o fracionamento de processos em outros é uma decisão discricionária, de acordo com as fi nalidades da respectiva modelagem de processos". Há pelo menos dois tipos de nivelamento de um processo. Um pela ótica tradicional e outro pela ótica do PBM (mais moderna). Por enquanto, neste capítulo apenas enfocaremos a visão tradicional, onde temos genericamente os termos: • Macroprocessos; Processos; Subprocessos. Agora é com você! Veja as defi nições para compreender melhor. • Macroprocessos: São aqueles que formam o conjunto de processos fundamentais ou críticos para o alcance dos objetivos e a efetiva realização da missão organizacional. Estão diretamente linkados a fornecedores e clientes. Visam primordialmente à obtenção de soluções integradas de produtos e serviços que tenham a capacidade de satisfazer às necessidades dos clientes. Em síntese, são os processos mais abrangentes e de maior alcance nas organizações, pois envolvem mais de uma função. 64 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade O Fornecedor: “É a pessoa ou a empresa que abastece algo a outra empresa ou comunidade. O termo deriva do verbo fornecer, que faz referência a prover ou providenciar o necessário para um determinado fi m. Por exemplo: “Estamos a fi car sem folhas: por favor, chama o fornecedor para trazer várias resmas”, “O João está à procura de um novo fornecedor de matérias-primas, pois o seu atual não está em conformidade”, “O fornecedor de água ainda não chegou, pelo que não te posso oferecer nada fresco por enquanto”. Fonte: Disponível em: <http://conceito.de/fornecedor>. Acesso em: 28 abr. 2017. O Cliente: Do latim cliens, o termo cliente permite fazer alusão à pessoa que tem acesso a um produto ou serviço mediante pagamento. A noção tende a ser associada a quem recorrer ao produto ou serviço em questão com assiduidade, ainda que também existam os clientes ocasionais (ou pontuais). Dependendo do contexto, a palavra cliente pode ser usada como sinônimo de comprador (a pessoa que compra o produto), utilizador (a pessoa que utiliza o serviço) ou consumidor (quem consome um produto ou serviço). Fonte: Disponível em: <http://conceito.de/cliente>. Acesso em: 28 abr. 2017. • Processos: Os processos são defi nidos como conjuntos de atividades inter-relacionadas, visando transformar certas entradas ou insumos em novos resultados ou saídas como produtos e serviços de maior valor agregado, para grupos interessados de usuários ou clientes específi cos. • Subprocessos: De modo sucinto, os subprocessos nada mais são do que as subdivisões dos processos. Formam um conjunto de atividades necessárias e sufi cientes para que os processos sejam executados. A existência de subprocessos dependebasicamente da complexidade de cada processo. Seu detalhamento se desdobra em descrições de tarefas e se destina a alcançar um objetivo específi co. 65 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 Tipos do Processo Como todo substantivo da língua portuguesa, o processo também exige suas nomenclaturas, que tipifi cam as suas categorias. Através desta categorização, é possível determinar inúmeros procedimentos relacionados que poderão ser implementados em cada tipo de processo na organização, conforme Paim et al. (2009). Destacam-se as categorias básicas de processo, como: • Processos de Negócio ou Finalístico: caracterizam a atuação da organização ou empresa (suportados por outros processos internos) - resulta no produto ou serviço adquirido pelo cliente externo; • Processos Gerenciais: direcionado nos gerentes e suas relações; abrangem ações de intervenção ou mediação visando ajustes no desempenho da organização, para promover o funcionamento da organização e seus processos; • Processos Organizacionais (Integração Organizacional): com foco na organização para o funcionamento dos diversos subsistemas desta, visando seu desempenho global, e assegurar apoio adequado aos processos de negócio da organização. Para Marshall Junior et al. (2012), segundo os critérios de excelência (FNQ/ PNQ), os tipos de processos podem ser classifi cados conforme apresenta o Quadro 9. Quadro 9 - Classifi cação por tipo de processos Classifi cação Defi nição Processos Principais do Negócio (ou fi nalístico, primários, de cliente, fi ns, críticos) Processos que, com suas operações, agregam valor diretamente para os clientes. Estão envolvidos na geração do produto e na sua venda e transferência para o cliente, bem como na assistência após a venda e na disposição fi nal. Processos de Apoio (ou organizacional) Processos que sustentam, com suas operações, os processos principais do negócio e a si mesmos, fornecendo bens e serviços. Processo Gerencial (ou processo de gestão) Processo de natureza gerencial, não operacional. Fonte: Adaptado de Marshall Junior et al. (2012, grifo nosso). 66 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Uma visão estrutural dos conceitos de processo (generalização versus especialização), segundo Baldam, Valle e Rozenfeld (2014) está demonstrada na fi gura a seguir: Figura 14 - Visão estrutural dos principais conceitos de processo Fonte: Baldam, Valle e Rozenfeld (2014, p. 641-642). A importância de categorização dos processos repousa na identifi cação de seus principais elementos e sua estrutura; o objetivo é poder administrá-lo no formato mais adequado, que proporcione resultados positivos para a organização. Na fi gura a seguir, podemos ter um entendimento mais consolidado de processos e suas interrelações. Trata-se de uma visão holística do que estudamos até aqui. A importância de categorização dos processos repousa na identifi cação de seus principais elementos e sua estrutura; o objetivo é poder administrá- lo no formato mais adequado, que proporcione resultados positivos para a organização. 67 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 Fonte: Baldam, Valle e Rozenfeld (2014). Neste modelo, Baldam, Valle, Rozenfeld (2014) mostram que é necessário ter habilidade em conhecer o todo, possuir visão do processo de modo sistêmico, para proceder a uma análise mais acurada e tomar decisões estratégicas. Comentam também que as perspectivas de um processo variam de organização para organização, mas que no fundo, processo envolve transformação dos insumos de entrada (materiais, energia, informações, pessoas) em um produto ou resultados com valor agregado na saída, que nem sempre são desejáveis, como, por exemplo, a poluição causada por certo processo de fabricação. As características principais de processo, para Paim et al. (2009), entre outros autores, no que concerne a esse conjunto de atividades integradas estão listadas a seguir: • Complexos e longos (tamanho e/ou duração); • Dinamicidade; • Propriedade - possuem um ou mais responsáveis; • Condicionados à tecnologia; • Interfuncional; • Existência de clientes e/ou usuários; • Utilizam recursos; • Possui controlabilidade; • Suscetível à medições e ações corretivas. Figura 15 - Esquema geral de funcionamento de processos nas organizações 68 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Com as classifi cações dos processos, a organização ganhará celeridade na uniformização da visão estratégica do negócio, identifi cando melhor o processo principal a ser monitorado e gerido em prol da obtenção de maiores resultados. Hora de movimento (mental)!! Atividades de Estudos: Assista os vídeos indicados nos links a seguir e analise-os pela perspectiva do assunto estudado até aqui: <https://www.youtube.com/watch?v=_JLSZw4Nsqs>. <https://www.youtube.com/watch?v=hepIiFKG54Q>. <https://www.youtube.com/watch?v=GWET5PUn7BQ>. Agora, faça o que se pede: 1) Identifi que quais os macroprocessos, processos e subprocessos que se desenvolvem em cada um. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Quais são os produtos nos processos identifi cados da questão 1? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Analise as defi nições acerca das classifi cações de um processo e marque a alternativa na ordem correta: • São defi nidos como conjuntos de atividades inter-relacionadas, visando transformar certas entradas ou insumos em novos resultados ou saídas como produtos e serviços de maior valor agregado. 69 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 • São os processos mais abrangentes e de maior alcance nas organizações, pois envolvem mais de uma função; formam o conjunto de processos fundamentais ou críticos para o alcance dos objetivos e a efetiva realização da missão organizacional. • São subdivisões dos processos; formam um conjunto de atividades necessárias e sufi cientes para que os processos sejam executados; seu detalhamento se desdobra em descrições de tarefas e se destina a alcançar um objetivo específi co. A alternativa na ordem correta de sua defi nição é: a) Macroprocesso, Processo, Subprocesso. b) Processo, Macroprocesso, Subprocesso. c) Subprocesso, Processo, Macroprocesso. d) Processo, Subprocesso, Macroprocesso. e) Macroprocesso, Subprocesso, Processo. Processos CrÍticos de NegÓcios Como vimos, uma organização vive em função do desenvolvimento de seus processos e como se alcançarão os resultados pretendidos por meio desses processos. Agora, vamos aprofundar mais o estudo e conhecer o ambiente estratégico da organização que agrega valor direto ao cliente – processos críticos principais. Na fi gura a seguir, podemos começar a perceber como todas as peças numa organização estão inter-relacionadas. 70 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Figura 16 - Cadeia cliente-fornecedor Fonte: GAV-UFSC (apud UNICAMP, 2003, p. 14). Essa inter-relação é tanta que uma interfere na outra. Por exemplo, se a expectativa dos clientes for bem atendida, o processo vai continuar existindo. Caso contrário, seu fi m se aproxima. a) Processos Críticos Os processos críticos estão relacionados à natureza estratégica da organização, visando ao sucesso da instituição. A defi nição de processos críticos tem sido bastante diversifi cada, e isto tem difi cultado pesquisas e entendimento acerca desta temática na literatura. Os processos críticos são conhecidos comvárias nomenclaturas na literatura, das quais citamos: • Processos de Geração de Receita Real; • Processos Principais do Negócio; • Processos de Produção; • Processos de Finalístico; • Processos de Cliente; • Processos Primários; • Processos Chaves; • Processos Fins. Os processos críticos são conhecidos com várias nomenclaturas na literatura. 71 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 Ressalto que quando os processos críticos não são gerenciados de modo adequado na organização, isso pode ocasionar difi culdades ou haver impedimentos na concretização dos objetivos estratégicos. Mesmo existindo alguns processos de apoio, como os processos intermediários, que são considerados críticos pela sua relevância ou pelo efeito impactante nos resultados da organização, enfatiza-se que, os processos críticos são considerados fi nalísticos principais, pois estes estão relacionados ao foco maior do negócio da instituição – o cliente e demais interessados do negócio. O Quadro 10 a seguir nos mostra a categorização básica dos processos. Ressalto que quando os processos críticos não são gerenciados de modo adequado na organização, isso pode ocasionar difi culdades ou haver impedimentos na concretização dos objetivos estratégicos. Quadro 10 - As 3 categorias dos processos de negócio C at eg o ri a LIGADOS AO CLIENTE OU DE NEGÓCIO ORGANIZACIONAIS OU DE INTEGRAÇÃO GERENCIAIS O u tr as N o m en cl at u ra s n a L it er at u ra → Processos Principais do Negócio → Processos de Produção → Processos Finalístico → Processos de Cliente → Processos Primários → Processos Críticos → Processos Chaves → Processos Fins → Processos de Geração de Receita Real → Processos de Apoio → Processo Organizacional → Processos de Geração de Receita Virtual → Processo Gerencial → Processos de Gestão A tr ib u to s • São ligados à essência do funcionamento da organização. • São suportados por outros processos internos. • Resultam no produto ou serviços que é recebido pelo cliente. • São centrados na organização. • Viabilizam o funcionamento coordenado dos vários subsistemas da organização • Garantem o suporte adequado aos processos de negócio. • São centrados nos gerentes e nas suas relações • Incluem ações de medição e ajuste do desenvolvimento da organização • Incluem as ações de suporte que os gerentes devem realizar. 72 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade E xe m p lo s Vendas Desenvolvimento de produtos Distribuição Cobrança Atendimento de pedidos Atendimento de garantia Planejamento estratégico Orçamento Empresarial Recrutamento e seleção Compras Treinamento operacional Fixação de metas Avaliação do resultado da empresa Gestão de interfaces Alocação de recursos Processos Primários Processos de Suporte Fonte: Adaptado de Gonçalves (2000a, p. 7). Em toda e qualquer organização, percebemos uma preocupação comum a todas elas: como melhorar seus processos internos/externos, tornando-os mais efi cientes e duradouros em seu ambiente de atuação. Há uma certa inquietação para saber o que faz a organização ir para a frente ou andar para trás. Para Ricardi (2014), elas procuram saber quais são seus processos críticos. E tentam aplicar uma metodologia sistemática que objetive melhorias naqueles seus processos que têm muita relevância e aqueles de baixo impacto para o alcance de seus resultados almejados. "Nas organizações que aplicam esse conceito [...] os processos não têm um valor em sim mesmos, mas buscam, em seu conjunto, atingir as melhorias para o sistema todo" (RICARDI, 2014, p. 88). Então, surge a pergunta: o que são esses processos críticos? Vamos tentar elucidar mais essa questão a seguir! b) Processo Principal (ou Crítico) e de Apoio Quando pensamos em algo crítico - seja a simples ação de atravessar uma rua ou a fabricação de um complexo habitacional, somente para exemplifi car, nos vêm à cabeça algo que é decisivo ou crucial para o prosseguimento de qualquer empreendimento humano/organizacional. Os processos, dentro de uma organização se mostram como principal ou críticos, dependendo de seu enfoque; também há outras nomenclaturas, como, por exemplo, processos-chave, processos de produção, etc; por hora, focaremos apenas como principal ou críticos, conforme preconiza Couto e Soares (2004). Pois bem, "processo principal de uma organização [...] é qualquer arranjo de operações e atividades que produzam bens ou serviços, visando essencialmente atender à necessidade de cliente ou usuário externo à organização” (COUTO; SOARES, 2004, p. 64). 73 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 Apesar de visar primeiramente ao atendimento de clientes de fora da organização, eventualmente poderá atender também aos clientes pertencentes à própria unidade criadora dessas atividades produtoras. Além dos processos principais, há os processos de apoio que signifi cam "qualquer arranjo de operações e atividades que produzam bem ou serviço que, essencialmente, atendam à necessidade do cliente ou usuário interno à própria organização" (COUTO; SOARES, 2004, p. 65). De igual modo, aos processos principais, os de apoio também podem se destinar o atendimento ao público externo. E como o nome sugere, os processos de apoio servem para dar suporte aos principais ou ainda a outro processo de apoio. Não se engane! Um processo que é entendido como principal numa organização, pode ser visto como processo de apoio em outra; e vice-versa - tudo depende do foco organizacional dado a ele. No tratamento de cada um desses dois tipos, principal e de apoio, há uma diferenciação de resultados, pois: O processo principal, quando seus produtos são repassa- dos para clientes externos, passa a exigir cobrança de direitos, que podem gerar atrasos e chegar à total sonegação do pag- amento das obrigações. Já os processos de apoio têm resul- tado garantido e imediato, uma vez que a realização de sua receita é virtual, automática e imediata, porque corresponde a um não-desembolso. Por isso, não cometeria disparate quem chamasse os processos principais de "processos de geração de receita real" e os processos de apoio de "processos de ger- ação de receita virtual". A característica de não-desembolso dos processos de apoio é importante para a avaliação de seu desempenho (COUTO; SOARES, 2004, p. 66, grifo nosso). Em resumo, o objetivo de cada um vai nortear seus resultados. No que se refere aos processos principais (ou críticos), ressalto que são eles que dão o tom de sucesso ou fracasso a qualquer unidade organizacional - depende de como são desenvolvidas suas operações e atividades para o alcance dos objetivos. Processos principais (ou críticos), ressalto que são eles que dão o tom de sucesso ou fracasso a qualquer unidade organizacional - depende de como são desenvolvidas suas operações e atividades para o alcance dos objetivos. 74 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Couto e Soares (2004) consideram críticos aqueles processos que se referem às seguintes operações e atividades: CCL - contato inicial com cliente ou usuário dos produtos dis- ponbilizados pela unidade de negócio; CCMPS - negociação para a internalização de insumos (con- tratação para a compra de matéria-prima ou a contratação da prestação de serviços de terceiros); LDO - liquidação das obrigações devidas ao fi sco, a parceiros, fornecedores de matéria-prima e prestadores de serviços; (EN) - efetiva internalização de insumos contratados (entrada de insumos); PP - processo principal; (SD) - efetiva disponiblização de produtos a clientes ou usuári- os (saída de produtos); CVBPS - negociação para disponibilização de produtos (con- tratação de venda de bens ou contração de prestação de serviços a terceiros): CDH - cobrança de direitos havidos juntoao fi sco, a parceiros, clientes ou usuários; APV - atendimento após a disponibilização de bens ou serviços (atendimento pós-venda) (COUTO; SOARES, 2004, p. 71, grifo nosso). Dentre essas atividades, podemos dizer que, fora o PP - processo principal -, as demais são atividades de apoio. Relembrando que o que é dado como principal em uma organização (ou ainda unidade organizacional) poderá ser apenas um processo de apoio em outra. Atividades de Estudos: 1) Conceitue o que são processos críticos e identifi que quais são as nomenclaturas que mais aparecem na literatura sobre eles. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Analise as informações: “Além dos processos principais, há os processos de apoio que signifi cam “qualquer arranjo de operações e atividades que produza bem ou serviço essencialmente atender a necessidade de cliente ou usuário interno à própria organização” (COUTO; SOARES, 2004, p. 65). 75 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 a) Imagine que você é gerente de um projeto da venda de um apartamento. Quais seriam os processos críticos desse processo? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Quais seriam os processos de apoio? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ RelaçÕes Cliente VERSUS Fornecedor Se olharmos ao nosso redor, poderemos perceber que a todo instante nos envolvemos em situações que nos colocam em posição de responsáveis para prover algo (um pagamento, uma compra, um atendimento qualquer, por exemplo) a alguém, ou então fi camos à espera de receber algo dessa mesma natureza. Dependendo da situação, agimos como fornecedores ou como clientes. Ao refl etirmos sobre essa relação, concluímos que: [...] há uma sequência de tarefas; de pessoas interessadas no seu desempenho, que atuam em conjunto com você no proces- so e que recebem serviços seus; há materiais que são usados e transformados; há recursos de tecnologia ou equipamentos [...]; e, claro, tudo isso gera custos ou é fi nanciado de alguma maneira, ou seja, há o emprego de recursos fi nanceiros para que o processo seja desempenhado. E, ainda, há expectativas e resultados esperados desse processo (SILVA, 2015, p. 100). Silva (2015) nos confi rma que nas organizações isso também acontece semelhantemente ao que ocorre na vida de cada um - tudo é resolvido por meio de processos produtivos, e o resultado é entregue a um cliente, que pode entregar esse mesmo produto a um terceiro e assim sucessivamente. Observe a fi gura: 76 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Figura 17 - Modelo de uma estrutura de processos de negócios Fonte: Silva (2015, p. 110). Quanto a esse tópico, fi ca nítida a separação, e por vezes antagônica, de interesses entre cliente e fornecedor. Contudo, ocorrem situações que ora uma ponta está na posição de fornecedor, ora está na de cliente - é a tão celebrada conversibilidade, que signifi ca a mobilidade célere de posições e atuações de cada um. [...] ao compreender a empresa como um conjunto de proces- sos, coloca que as áreas são fornecedoras e clientes inter- nas – em uma abordagem estritamente orientada a proces- so, ora um processo pode ser fornecedor de um processo, ora cliente de outro. Afi rma ainda que todo o processo é com- posto por: “entradas, saídas e clientes específi cos (SLACK, 2002, p. 42-46 apud SILVA, 2015, p. 182, grifo nosso). Segundo Ferreira (2014, p, 18), "a cadeia cliente-fornecedor é o conjunto de processos integrados, e não raro em que um processo ora é cliente de um processo anterior a ele, ora é fornecedor daquele que vem logo depois dele" - que pode ser um processo ou um subprocesso. O objetivo primordial de processos em uma organização é a transformação de insumos (inputs) em produtos (outsputs) de valor a clientes - tanto internos quanto externos. E as necessidades desses clientes são os requisitos dos processos organizacionais. Temos uma visualização mais clara desse assunto na fi gura a seguir: A cadeia cliente- fornecedor é o conjunto de processos integrados, e não raro em que um processo ora é cliente de um processo anterior a ele, ora é fornecedor daquele que vem logo depois dele 77 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 Figura 18 - Requisitos e atendimento: fornecedor, processo e cliente Fonte: FNQ (2017, p. 4). Aqui vale a pena dizer que existem os Fundamentos da Excelência, que orientam os processos pela busca da efi ciência e efi cácia em seu desenvolvimento operacional, acresce valor aos olhos dos clientes e de todas as partes que têm interesse nele. Fundamentos da Excelência - modelo de gestão do trabalho da FNQ (Fundação Nacional da Qualidade), fundada em 1991, está baseado no Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), uma metodologia de avaliação, autoavaliação e reconhecimento das boas práticas de gestão. Estruturado em oito fundamentos, o modelo defi ne uma base teórica e prática para a busca da excelência, dentro dos modernos princípios da identidade empresarial e do atual cenário do mercado. Para a Fundação, as organizações são sistemas vivos integrantes de ecossistemas, que necessitam entender e exercitar os princípios da interdependência, do pensamento sistêmico e da sustentabilidade na gestão. Fonte: Disponível em: <http://fnq.org.br/sobre-a-fnq>. Acesso em: 9 jun. 2017. 78 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Esses fundamentos são espelhos que revelam os padrões culturais intrínsecos às organizações de classe mundial e são de reconhecimento internacional, declarados em seus processos gerenciais, conforme mostra a fi gura a seguir: Figura 19 - Modelo de excelência da gestão em processos Fonte: FNQ (2017, p. 18). Uma organização bem estruturada - com plena consciência de seus processos e cativa de um desejo de melhorar constantemente o seu modo operandis - terá grandes chances de melhorias com esses instrumentos de excelência. E caso queira aprofundar esta temática que vimos até aqui, basta consultar nosso referencial teórico a seguir e bons estudos! No próximo capítulo, vamos estudar um assunto muito importante para uma organização que prima pela excelência: ferramentas e técnicas para mapeamento e modelagem de processos. Até o próximo capítulo! 79 APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 2 Atividades de Estudos: 1) Qual o maior antagonismo entre fornecedor e cliente? Dê exemplo. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) A atuação como fornecedor e cliente é fi xa? Justifi que. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Qual dessas atuações é a mais complexa no seu ponto de vista? Justifi que. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Algumas ConsideraçÕes Ao fi nalizar esse capítulo, relembramos quea gestão de processos é apontada para dar suporte ao gerenciamento que busca os resultados mais promissores. E este fato tem sido a base para que as organizações o adotem mais frequentemente - visam a melhorias através de metodologias efi cazes, aprimoramento contínuo dos seus processos, tendo como base as estratégias e capacidades da organização em identifi car de forma plena seus processos principais do negócio. O método escolhido deve ser capaz de representar os objetivos estratégicos em metas mensuráveis, atingíveis por meio de processos consistentes, de forma a demonstrar a agregação de valor, com fundamentos de excelência, no trabalho realizado para o cliente fi nal e participantes do processo 80 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade ReFerências BALDAM, R.; VALLE, R.; ROZENFELD, H. Gerenciamento de processos de negócio – BPM: uma referência para implantação prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. BRASIL. Guia de referência em gestão de processos. Programa de Modernização Integrada do Ministério da Fazenda – PMIMF. Versão 2.0. Brasília: Ministério da Fazenda, 2014. COUTO, L. E.; SOARES, T. D. Três estratégias para turbinar a inteligência organizacional. Rio de Janeiro: FGV, 2004. FERREIRA, A. R. Gestão de processos. Apostila. Brasília: ENAP, 2014. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/handle/1/2332/1.%20 Apostila>. Acesso em: 20 abr. 2017. FNQ. Gestão por processo. Cadernos de Excelência. Modelo de Excelência da Gestão (MEG), série de e-books. Extraído de: <http://www.fnq.org.br/informe-se/publicacoes/ cadernos-de-implementacao/ cadernos-de-excelencia>. Acesso em: 29 abr. 2017. GONÇALVES, J.E.L. As empresas são grandes coleções de processos. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.40, n.1, p. 6-19, jan./ mar., 2000a. HARRINGTON, H. J. Aperfeiçoando processos empresariais. São Paulo: Makron Books, 1993. IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Manual interativo de gestão por processos organizacionais. Versão 1.0, CTEP, Brasília, 2015. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfi nder/arquivos/Manual_ processos.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2017. MARANHÃO, M.; MACIEIRA, M. E. B. O processo nosso de cada dia: modelagem de processos de trabalho. 2. ed. revista e ampl. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2010. PAIM, R. et al. Gestão de processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. RICARDI, André (org.). Gerenciamento da qualidade em projetos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. SILVA, L. C. Gestão e melhoria de processos: conceitos, técnicas e ferramentas. São Paulo: Brasport, 2015. CAPÍTULO 3 Ferramentas e Técnicas para Mapeamento e Modelagem de Processos ProF. Reginaldo AlVes Nogueira. Na perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Reconhecer as principais ferramentas e técnicas em gestão de processos, analisando os seus recursos mais importantes. Explicar o emprego de fl uxograma, matriz, gráfi co, BSC e BPM/BPMN como ferramentas/técnicas relevantes no gerenciamento de processos. Realizar a aplicação adequada das ferramentas/técnicas relevantes para o gerenciamento de processos em uma organização. Fazer a correlação da função das ferramentas quanto à sustentação e aplicabilidade. 82 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 83 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 ConteXtualiZação Mais uma etapa vencida, prosseguimos nos estudos sobre os processos nas organizações. E agora, nesse terceiro capítulo, vamos estudar as principais ferramentas e técnicas de mapeamento e modelagem de processos consagrados no mercado. Dentre as muitas disponíveis às organizações em geral, mencionaremos os Fluxogramas, algumas Matrizes, Gráfi cos, o Balanced Scorecard (BSC) e, por último, o Business Process Management (BPM/BPMN), dando destaque às suas principais funções e modelagem para processos organizacionais. Bons estudos!! FluXogramas Fluxogramas!! Creio que pelo menos uma pequena ideia do que seja isso você tem em mente, ou talvez já tenha ouvido alguém falar... E não se preocupe!! Vai ser muito fácil e interessante conhecer um pouco sobre essas valiosas ferramentas e técnicas. Let’s go!! Inúmeras ferramentas e técnicas são aplicadas em estudos na gestão de processos. Entretanto, quando se faz a opção por uma delas, o fator mais relevante nessa hora é que, ao escolher uma, a exigência maior será o domínio de saber usá-la, dominar o seu know-how e aplicá-la conforme o contexto e necessidades da organização. E para começarmos, vamos conhecer a utilização e vantagem do fl uxograma. Então vamos lá! a) Gráfi co universal: fl uxograma A primeira ferramenta a ser vista, e talvez a mais conhecida, é o fl uxograma. Um dado interessante dessa ferramenta é que ela nos permite compreender as inter-relações de variáveis, por exemplo, pessoas, processos, sistemas, eventos, resultados, entre outros, em um formato de detalhes bastante diversifi cado. 84 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade “Existem vários tipos de gráfi cos, mas o gráfi co de processamento, por excelência, para trabalhos de análise administrativa, é o fl uxograma, um gráfi co universal, que representa o fl uxo ou a sequência normal de qualquer trabalho, produto ou documento”. O conceito mais genérico e aceito pela maioria dos pensadores do ramo de gestão de negócios é que os fl uxogramas são verdadeiros diagramas (ou representações gráfi cas) e possuem a função de tornar claro o entendimento – de modo mais simples e prático – dos processos que envolvem as organizações. Desse modo, ao desenvolvê-lo é importante atentar para o conteúdo e a estética, pois deve ser compreensível e agradável para todos. Segundo Cury (2016, p. 340), “existem vários tipos de gráfi cos, mas o gráfi co de processamento, por excelência, para trabalhos de análise administrativa, é o fl uxograma, um gráfi co universal, que representa o fl uxo ou a sequência normal de qualquer trabalho, produto ou documento”. Um resumo sintético do que é um fl uxograma, para maiores esclarecimentos, nos é dado no Quadro 11. Quadro 11 - Visão geral de um Fluxograma Visão geral: Fluxogramas têm sido utilizados por décadas e são baseados em um conjunto simples de símbolos para operações, decisões e outros elementos de processo. A notação para o mapeamento de fl uxo mais comum foi aprovada como um padrão ANSI em 1970 para representar fl uxos de sistemas. Outras notações de fl uxogramas têm sido utilizadas por engenheiros industriais específi cos. São usados para descrever o fl uxo de materiais, papéis e trabalho ou a colocação de máquinas, análise de saídas e entradas em centros de expedição. Tipos de símbolos Principais características • Símbolos de início e fi m representados por retângulos arredondados geralmente contendo a palavra "início" ou "fi m", ou outra frase sinalizando o começo ou término de um processo, como "submeter consulta" ou "receber produto". • Setas provenientes de um símbolo e terminando em outro, indicando que o controle passa de um símbolo para o próximo. • Passos de processamento representados como retângulos. • Entradas e saídas representadas por paralelogramos. • Condição ou decisão representada como losango, geralmente contendo teste de sim/não ou verdadeiro/falso. Esse símbolo é único, na medida em que possui duas setas saindo, geralmente a partir da extremidade inferior e extremidade direita, uma correspondente a sim ou verdadeiro e uma correspondente a não ou falso. As setas devem ser rotuladas. Mais de duas setas podem ser utilizadas, mas é normalmente um indicativo claro de que uma decisão complexa está para ser tomada, caso que pode necessitar ser mais detalhado ou substituído por um símbolo de "processo predefi nido". Usado com ou sem raias. Muitas variaçõespara diferentes propósitos. Conjunto central simples de símbolos. Precursor de notações modernas. Quando usar • Para capturar rapidamente um fl uxo de processo para compartilhar, onde os detalhes não exigem documentação. • Para começar um projeto de modelagem em que não haja fi nanciamento disponível para ferramentas com recursos mais completos. • Para desenvolver diagramas detalhados para uso em codifi cação tradicional de sistemas. 85 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Vantagens Desvantagens Bem entendido por engenheiros de software e de sistemas. Em alto nível, ajuda a criar consenso. Adequado para ilustrações de "caminhos felizes". Aprendizado rápido. Suportado por ferramentas de baixo custo, incluindo ferramentas gráfi cas de uso geral e de visualização. Apesar da infl uência dos padrões ANSI, existem muitas variações. Pode ser impreciso quando usado para descrever processos complexos de negócio. Objetos não têm um conjunto de atributos descritivos. Modelos construídos são "planos", exigindo o uso de símbolos de conexão para mostrar onde segmentos de processo continuam. Fonte: Elaborado a partir de BPM CBOK (2013, p. 82-84). Agora vamos visualizar dois exemplos de fl uxogramas para ilustrar os símbolos mais utilizados. Ressalto que a forma de sua aparência pode variar de acordo com a organização. O fl uxograma a seguir mostra os principais símbolos básicos, e são os mais utilizados no dia a dia de muitas organizações, principalmente nas de porte pequeno com pouca necessidade de pormenorização de seus processos. Figura 20 - Exemplo de Fluxograma com Símbolos Básicos Fonte: Adaptado de ABPMP (2013, p. 84). Vemos que a quantidade de ações no processo é pequena e, por isso mesmo, é mais simples. Este fl uxograma foi adaptado utilizando o software da Microsoft Excel. 86 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Nestes links veja os vídeos e conheça formas práticas de fazer um fl uxograma: Fluxograma: mais um diagrama para aprender melhor - <https:// www.youtube.com/watch?v=SKDfl WcQ5dc>. Como montar um fl uxograma no Excel - Domine o Excel - <https://www.youtube.com/watch?v=u2EHFbyHdkY>. O fl uxograma da fi gura seguinte foi desenvolvido utilizando também ferramenta computacional. E você irá encontrar diversas outras ferramentas para serem utilizadas na modelagem de processos. Existem vários softwares específi cos para desenvolver fl uxogramas, disponíveis de forma gratuita, e entre os mais utilizados temos: SmartDraw e Microsoft Visio (que tem interação com Word, Excel e PowerPoint). Veja o próximo exemplo! Figura 21 – Exemplo de fl uxograma: Segregação dos resíduos químicos Fonte: FEAM (2008, p. 51). 87 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 O fl uxograma da fi gura acima tem como base informações da NBR 10.004 da ABNT, e nos mostra dados para auxiliar na classifi cação para segregar resíduos químicos. Você verá que, conforme a complexidade da organização, os fl uxogramas refl etirão em maiores detalhamentos e uma quantidade mais expressiva de ações. Os fl uxogramas colocam em evidência, por meio de símbolos, a origem, processamento e destino da informação. Desses símbolos, alguns já foram consagrados nos meios organizacionais, mas outros ainda carecem de maiores embasamentos. No entanto, ressalto que, apesar desse pormenor, a maioria dos símbolos já é bem aceita por quem faz uso deles. (CURY, 2016) Os fl uxogramas colocam em evidência, por meio de símbolos, a origem, processamento e destino da informação Há também vários outros símbolos que têm uma adoção menos universal. Círculos podem representar caminhos convergentes no fl uxograma e terão mais de uma seta de entrada, mas somente uma de saída. Alguns fl uxogramas podem ter setas apontando para outras setas para representar um processo repetitivo (em tecnologia da informação é chamado de loop). Conectores de página são muitas vezes utilizados para indicar conexão com outra parte do processo continuado em outra página ou tela. Fonte: BPM CBOK (2013, p. 83). Destaca-se que apesar da existência desses símbolos já conhecidos, eles não são exaustivos, mas apenas exemplifi cativos, pois sempre que o curso das atividades do processo evidenciar necessidade, é possível a criação/utilização de outros símbolos, bastando que seja elaborada uma legenda explicativa ao fi nal do fl uxograma. (CURY, 2016). 88 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade b) Principais vantagens dos fl uxogramas De forma abrangente, podemos citar as seguintes vantagens dos fl uxogramas, conforme Cury (2016): • Permitir verifi car como funcionam, realmente, todos os com- ponentes de um sistema, mecanizado ou não, facilitando a análise de sua efi cácia; • Entendimento mais simples e objetivo do que o de outros mét- odos descritivos; • Facilitar a localização das defi ciências, pela fácil visualização dos passos, transportes, operações, formulários etc.; • Aplicação a qualquer sistema, desde o mais simples aos mais complexos; • O rápido entendimento de qualquer alteração que se proponha nos sistemas existentes, por mostrar claramente as modifi - cações introduzidas. (CURY, 2016, p. 340-341). O fl uxograma é uma ferramenta ágil e efi ciente quando se quer uma visualização completa dos processos. Signifi cado de Fluxograma: (1) Tipo de diagrama, representação gráfi ca e esquemática, que expressa a solução de um problema, ou de um sistema, por meio de símbolos geométricos que se relacionam entre si. Fonte: Disponível em: <https://www.dicio.com.br/fl uxograma/>. Acesso: em 28 abr. 2017. Signifi cado de Fluxograma: (2) Representação gráfi ca, por meio de símbolos geométricos próprios, que apresenta o fl uxo ou a sequência normal de um procedimento, problema ou sistema, que permite visualizar, por meio de ilustrações, de maneira sintética, as diversas etapas de um processo; diagrama de fl uxo. Fonte: Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/ busca?id=OVW2>. Acesso em 28 abr. 2017. 89 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Um fl uxograma pode possibilitar variadas visões por representação gráfi ca do processo, como: Visão integrada do processo de trabalho; Visualização de detalhes críticos do processo de trabalho; Identifi cação do fl uxo do processo de trabalho, bem como das interações entre os subprocessos; Identifi cação dos potenciais pontos de controle; Identifi cação das oportunidades de melhoria. (BRASIL, 2013, p. 27-28). Numa visão que aborde a melhoria dos processos empresariais, essa ferramenta, segundo Cury (2016) proporciona: • a elaboração de fl uxogramas é uma ferramenta inestimável para entender o funcionamento interno e os relacionamentos entre os processos empresariais; • os fl uxogramas têm uma função básica: documentar um pro- cesso para que se possa identifi car áreas que precisam ser aperfeiçoadas; • a elaboração de um fl uxograma cria uma disciplina mental. Comparar um fl uxograma com as atividades do processo real irá destacar aquelas áreas em que as regras ou políticas não são claras, ou estão sendo até desobedecidas. Começam a aparecer as diferenças entre a forma como uma atividade deve ser executada e como ela está sendo executada na realidade; • bons fl uxogramas facilitam as comunicações entre as áreas problemáticas, em função de sua capacidade de esclarecer casos complexos. (HARRINGTON, 1993 apud CURY, 2016, p. 341, grifo nosso). Nos dias atuais, para aquelas organizações que ainda convivem com uma constante cobrança em meio à concorrência acirrada pela necessidade de processos bem defi nidos, os fl uxogramas são uma importante ferramenta de gestão para apaziguar estas intempéries e melhorar o entendimento do processo, os registros, a comunicaçãoe, consequentemente, dar maior know-how para o gerenciamento. c) A importância de roteiro para elaborar fl uxogramas Os gráfi cos de processamentos nos permitem a visualização de uma situação real, trazida do mundo das ideias e colocada no mundo concreto e material. Isso faz com que o que está sendo desenhado nele deve ser o que realmente é feito, e não o imaginário de alguém, ou como gostaria que fosse. 90 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Na elaboração de um fl uxograma, o primeiro passo a ser dado é a realização de pesquisas minuciosas nas unidades da organização que estão sendo analisadas, colhendo o máximo de informações que transcrevam o trabalho que desenvolvem - começando com o operador inicial e fi nalizando com o último envolvido nessa atividade, sem deixar de mencionar todos os formulários pertinentes ao seu processo (CURY, 2016). As principais ações de um roteiro para elaborar e analisar um fl uxograma estão descritas nas seguintes fases: Comunicação. Coleta de dados. Fluxogramação. Análise do Fluxograma. Relatório da análise. Apresentação do trabalho. (CURY, 2016, p. 341-343). Segundo Cury (2016), após essa coleta de informações junto às unidades em análise: A exposição dos métodos atuais e propostos deve ser clara e objetiva. O analista deve apresentar o tipo de fl uxograma que mais se adéqua à natureza do trabalho, sendo mais utilizáveis o administrativo ou de rotinas de trabalho – para análise e raciona- lização de fl uxos de trabalho, de formulários etc. – e o global ou de coluna – para exposição dos novos sistemas ou rotinas, prin- cipalmente os muito extensos (CURY, 2016, p. 343, grifo nosso). Em sequência a essa fase de apresentação é interessante comentar que os fl uxogramas podem ser desenvolvidos com o uso de: a) gabaritos (modelo de fl uxograma, que inclui muitos símbolos) para que seja descrito o fl uxo da rotina de trabalho; b) papel e lápis; c) ferramenta computacional (proporciona maior praticidade e fl exibilidade para desenvolver bons fl uxogramas). O quadro a seguir mostra detalhes dos principais tipos de fl uxogramas utilizados, a título de exemplifi cação. Quadro 12 – Principais Tipos e Características de Fluxograma PRINCIPAIS TIPOS DE FLUXOGRAMA CARACTERÍSTICAS Fluxograma Vertical É o mais utilizado para identifi car as rotinas existentes num setor de trabalho qualquer. O formulário adotado permitirá que o analista, no momento em que está fazendo o levantamento e anotando os eventos no campo adequado, simplesmente escureça os símbolos impressos, segundo a natureza da atividade identifi cada, bastando, para completar o gráfi co, a ligação dos símbolos escurecidos. 91 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Fluxograma Administrativo ou de Rotinas de Trabalho Esse tipo de fl uxograma utiliza-se dos mesmos símbolos do fl uxograma vertical, mas tem a vantagem de poder ser elaborado com a adoção de alguns recursos técnicos que permitem uma apresentação mais compreensível da rotina, facilitando, assim, sua análise e posterior racionalização. O fl uxograma administrativo, por sua ampla visão do sistema analisado, permite que qualquer trabalho, por mais complexo que seja, possa ser subdividido em elementos simples, facilitando o estudo de cada item individual, de maneira conveniente, sem que se fi que perdido na imensidão de detalhes que o constituem, principalmente nos sistemas de alta complexidade, constituídos de diversas e variadas rotinas. Fluxograma Global ou de Colunas Esse fl uxograma recebe esse nome pela visão global que oferece do fl uxo de trabalho e também porque os órgãos aparecem no fl uxo sob a forma de colunas. A utilização desse fl uxograma é mais apropriada para se transmitir o fl uxo de trabalho para toda a organização. Assim, o analista, após proceder ao levantamento da rotina, com a adoção do fl uxograma vertical, elabora o administrativo ou global, para análise e, após a racionalização, estabelece o sistema ideal, desenhando o fl uxograma global, de melhor entendimento para os usuários. O fl uxograma global é desenhado em formulário A-3 (29,7 x 42,0 cm) e depois reduzido para A-4. Fonte: Elaborado a partir de Cury (2016, p. 344-351, grifo nosso). Temos várias informações com o fl uxograma, e isso tudo com a máxima clareza e simplicidade, para maior e melhor entendimento do gráfi co. Os fl uxogramas são, em síntese, representações gráfi cas, ou verdadeiros diagramas, e possuem a função de tornar claro, de maneira simples e prática, o entendimento dos processos que envolvem as organizações. Na fi gura seguinte podemos visualizar maiores detalhes dos principais ícones de um fl uxograma. Acompanhe! 92 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Figura 22 - Principais ícones de um Fluxograma Fonte: Ferreira (2016, p. 96). Para visualizar inúmeros modelos de forma detalhada dos tipos de fl uxogramas e maneira de preenchimento manual, sugiro a leitura da obra Organização & Métodos: uma visão holística (2016), de Antonio Cury, 9ª edição, Editora Atlas. Esta temática encontra-se principalmente no capítulo 11, intitulado de “Gráfi cos de Processamento”. 93 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Agora é possível termos uma ideia geral destes componentes (símbolos) e já podemos utilizar na construção de novos fl uxogramas. A fi gura a seguir mostra outro exemplo prático de fl uxograma aplicado em um estabelecimento industrial (desenvolvido por aplicativo de software, ou seja, sem qualquer gabarito de preenchimento manual). Figura 23 - Fluxograma da Richards Furniture Company Fonte: Hurt (2014, p. 102). E para quem quer aprofundar mais seus conhecimentos veja ainda o Guia Prático para Elaboração de Fluxograma (2009), de Elisandro Longo, 1ª edição, Editora Brasiliano. A obra busca demonstrar o processo da elaboração de fl uxogramas, conceitos, o emprego e sua simbologia. O livro possui 12 capítulos e é bastante indicado para os profi ssionais de segurança pública e privada, gestão de riscos no transporte de carga, auditores, peritos e para os profi ssionais que trabalham com processos. No fl uxograma da fi gura acima é possível visualizar as diversas interações existentes de variados processos, desde o vendedor até a gerência e do ambiente interno ao externo. Mas para fi xar bem nosso aprendizado, aprecie os vídeos sugeridos! 94 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Veja formas bem simples de fazer e apresentar um fl uxograma: E aí? O que é Fluxograma?: <https://www.youtube.com/ watch?v=E9GgEyajeOE>. Como Construir Fluxogramas pelo BizAgi: <https://www.youtube. com/watch?v=KnfPB06pZbc>. Modelando um Processo simples no BizAgi: <https://www. youtube.com/watch?v=KnfPB06pZbc>. d) Elaboração de fl uxograma Na elaboração de um fl uxograma, o mapeamento de processo é uma das técnicas mais comuns, porque esboça, em forma de gráfi cos, um processo existente ou um que se está tencionando criar, e identifi ca toda a sequência das atividades desenvolvidas por meio de símbolos, linhas e palavras. (HARRINGTON, 1993). Nesse aspecto de mapeamento de processos por gráfi cos, há vantagens da visualização mais rápida e mais fácil da sequência das atividades e de como elas se ajustam umas às outras. Há também a vantagem de manter disciplinada a forma de raciocínio das equipes envolvidas e põe em maior evidência a discrepância entre a maneira como são feitas e como deveriam ser feitas as atividades. Dado que há processos complexos, não se pode representá-los com um fl uxograma simples, apesar das defi nições de fl uxograma serem simples. Grande parte dos processos reais/concretos não é simples; pelo contrário, é de grande complexidade, o que faz surgir com muita urgência a adoção de ferramentas capazes de dar suporte na compreensão completa e abrangentedesses processos. Na elaboração de um fl uxograma, o mapeamento de processo é uma das técnicas mais comuns, porque esboça, em forma de gráfi cos, um processo existente ou um que se está tencionando criar, e identifi ca toda a sequência das atividades desenvolvidas por meio de símbolos, linhas e palavras. Assista ao vídeo indicado no link <https://www.youtube.com/ watch?v=o2tZ1Y9e97E> (Mapeamento de Processo é a mesma coisa que Fluxograma?) para maior entendimento do assunto estudado até agora. 95 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 e) Criando e elaborando fl uxograma com software BizAgi Como vivemos em plena era tecnológica, existem disponíveis no mercado aplicativos de softwares para a criação/elaboração de fl uxogramas bem específi cos. Um desses softwares que pode ser usado para o desenvolvimento de fl uxogramas é o “BizAgi”. Seu uso é livre (economicidade) e reconhecido pela organização internacional que certifi ca e divulga práticas e softwares de gestão por processos, cuja sigla é OMG (Object Management Group). Este software é uma ferramenta utilizada no mapeamento de processos que modela com notação BPMN. O módulo de modelagem é separado, que é livre (free), já o módulo servidor, que executa o processo, é pago. Existem disponíveis no mercado aplicativos de softwares para a criação/elaboração de fl uxogramas bem específi cos. O Object Management Group® (OMG®) é um consórcio de normas internacionais, de associação aberta, não padronizado, fundado em 1989. Os grupos de trabalho da OMG desenvolvem padrões de integração empresarial para uma ampla gama de tecnologias e uma gama ainda maior de indústrias. Os padrões de modelagem da OMG, incluindo a Unifi ed Modeling Language® (UML®) e a Model Driven Architecture® (MDA®), possibilitam um design visual poderoso, execução e manutenção de software e outros processos. A OMG dedica-se a reunir seus membros internacionais de usuários fi nais, fornecedores, agências governamentais, universidades e instituições de pesquisa para desenvolver e revisar esses padrões à medida que as tecnologias mudam ao longo dos anos. Fonte: Disponível em: <http://www.omg.org/gettingstarted/ gettingstartedindex.htm>. Acesso em: 20 maio 2017. O software “BizAgi” utiliza uma notação gráfi ca padrão de modelagem em conformidade com o BPMN (Business Process Modeling Notation), que oferece simbologia simples para modelagem de processos organizacionais. 96 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Ressalto que para realizar uma modelagem mais avançada é necessário que a organização tenha um nível maior de maturidade em gestão de processos, pois quando aumenta o nível de complexidade dos símbolos pode haver difi culdades no entendimento por parte de alguns usuários e ocasionar certos entraves durante o desenvolvimento da modelagem. Para evitar estes transtornos é aconselhável adaptar a notação BPM, utilizando uma simbologia mais básica e posteriormente ir aplicando outras mais avançadas conforme o nível de aprendizagem for se consolidando. Simples ou complexa, a ferramenta fl uxograma se adapta a qualquer organização. Agora vamos para a academia do conhecimento!! Precisamos estar em forma. Let’s go! Atividade de Estudos: 1) São verdadeiros diagramas e possuem a função de tornar claro o entendimento - de modo mais simples e prático, dos processos que envolvem as organizações. É um tipo de diagrama, que possui representação gráfi ca e esquemática, expressa a solução de um problema, ou de um sistema, por meio de símbolos geométricos que se relacionam entre si. O texto identifi ca: a) Processo Crítico b) Software c) Registro d) Organização e) Fluxograma 2) Conforme enunciado a seguir, identifi que a questão com V (verdadeiro) ou F (falso): a) ( ) O fl uxograma global é desenhado em formulário A-3 (29,7 x 42,0 cm) e depois reduzido para A-4. b) ( ) Os fl uxogramas podem ser desenvolvidos (desenhados) apenas na forma manual ou através de formulário. 97 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 3) Identifi que as principais etapas que devem ser realizadas na elaboração de fl uxograma. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ MatriZes De forma semelhante a fl uxogramas, as matrizes são ferramentas que auxiliam na compreensão de sequência das atividades de uma unidade organizacional. Há inúmeras matrizes. Veremos alguns exemplos das mais aplicadas à gestão de processos, a seguir. a) Matriz SIPOC A matriz SIPOC (Suppliers, Inputs, Process, Sutputs e Customers) é uma ferramenta que visa melhoria contínua nos procedimentos do processo - resume as entradas e saídas de um ou mais processos em forma de matriz e tabula as informações e seus procedimentos. Sua ênfase está na colocação das necessidades do cliente acima de tudo. (VICENTE, 2010). Observe o Quadro 13, a seguir, com visualização dessa matriz. Quadro 13 – Principais Características da Matriz SIPOC MATRIZ SIPOC Componentes Características dos componentes Suplliers Fornecedores Aqueles que fornecem as entradas. Inputs Entradas/Insumos O que entra no processo para ser processado como: documentos, materiais etc. Process Processos A atividade de transformação que, aplicada a uma entrada, vai gerar uma saída. Outputs Saídas/Resultados Resultado de um processo de transformação. Consumers or customers Consumidores ou Clientes Clientes do processo, podendo incluir outras partes interessadas. Fonte: Elaborado a partir de FNQ (2017, p. 16). 98 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Esse quadro nos permite ter uma noção de como a matriz é formada, com visualização global do processo dos seus respectivos campos (FNQ, 2017). O quadro seguinte mostra de modo detalhado as principais particularidades de uma matriz SIPOC. Quadro 14 - Visão geral de uma matriz SIPOC Visão geral: S.I.P.O.C. é uma sigla para Supplier, Input, Process, Output e Customer. É um estilo de documentação de processos utilizado em Lean Six Sigma. Não há padrão ou conjunto de notação preferida e essa técnica pode ser aplicada por meio do preenchimento de uma tabela com os elementos que compõem a sigla. O modelo SIPOC é aplicado com mais frequência em situações em que é necessário obter um consenso sobre quais aspectos de um processo devem ser estudados. Principais características Quando usar • Arranjo simplifi cado em uma tabela. • Textos ou elementos de notação bem entendidos podem ser utilizados para preencher as colunas da tabela. Em iniciativas de melhoria de processo. O exercício de nomear entidades em cada coluna pode acelerar a modelagem detalhada em outra ferramenta. Para obtenção de consenso inicial sobre o escopo do projeto de modelagem de processo. Quando é preciso analisar o volume de entradas no processo e os produtos que ele entrega, permitindo identifi car gargalos e o valor agregado ao próximo processo. Vantagens Desvantagens Rápido. Simples. Requer somente um modelo em uma planilha ou um documento em um processador de texto. Baixo potencial para aprofundar captura, desenho ou análise. Pode atrasar a adoção de um método mais poderoso. Fonte: Elaborado a partir de BPM CBOK (2013, p. 94-95). A grande vantagem da matriz SIPOC é a visão que ela proporciona à organização de estar atenta aos desejos de seus clientes. • Modelo SIPOC Simplifi cado Ao elaboramos uma matriz SIPOC simplifi cada, teremos a possibilidade de entender o início e o fi m de cada processo mapeado, antes que os fl uxogramas de atividades sejam feitos. Também há a possibilidade de incorporarmos os requisitos dos clientes (interfaces)nos fl uxos a serem desenvolvidos. As fi guras seguintes retratam um pouco dessa inter-relação de forma exemplifi cada. A grande vantagem da matriz SIPOC é a visão que ela proporciona à organização de estar atenta aos desejos de seus clientes. 99 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Quadro 15 – SIPOC: Requisitos do processo x Requisitos do cliente Fonte: FNQ (2017, p. 5). Esse procedimento simplifi ca a elaboração do fl uxograma propriamente dito, pois já permite uma noção das atividades a serem mapeadas no fl uxograma. Quadro 16 – Exemplo prático de uma matriz SIPOC com vários setores e processos Fonte: BPM CBOK (2013, p. 96). A matriz SIPOC dá o suporte para o desenvolvimento de melhorias. A matriz SIPOC dá o suporte para o desenvolvimento de melhorias. 100 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Assista ao vídeo caso queira conhecer mais da aplicação do SIPOC nestes links: O que é SIPOC: <https://www.youtube.com/watch?v=6P1 JZ5EKofI>. Mapeamento de processos com SIPOC: cenário atual ‘as-is’: <https://www.youtube.com/watch?v=RriYW0L1_WQ>. b) Matriz G.U.T A matriz G.U.T. é uma ferramenta que possibilita dar prioridade ao enfrentamento dos problemas, pois ela esclarece quais serão as atividades prioritárias a serem executadas. (DAYCHOUM, 2016). O signifi cado de G.U.T se refere a Gravidade, Urgência e Tendência detectados em cada problema. Gravidade: impacto do problema sobre as coisas, pessoas, re- sultados, processos ou organizações e efeitos que surgirão em longo prazo, caso o problema não seja resolvido. Urgência: relação com o tempo disponível ou necessário para resolver o problema. Tendência: potencial de crescimento do problema, avaliação da tendência de crescimento, redução ou desaparecimento do problema. (DAYCHOUM, 2016, 1886-1894, grifo nosso). A grande vantagem em se utilizar essa ferramenta é que ela auxilia o gestor a avaliar de forma quantitativa os problemas da instituição, tornando possível priorizar as ações para correção desses problemas, levando-se em consideração a gravidade, a urgência e a tendência de cada um. (BRASIL, 2013, p. 49). O signifi cado de G.U.T se refere a Gravidade, Urgência e Tendência detectados em cada problema. Matriz G.U.T. Considerada uma ferramenta administrativa para identifi car, observar, analisar e buscar soluções para os problemas e desafi os da organização, a Matriz G.U.T busca priorizar os problemas de maneira a tratar os de maior impacto antes que os demais. É uma 101 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 ferramenta muito importante para a gestão de problemas dentro de uma instituição, e se mostra bastante efi caz, apesar da simplicidade no desenvolvimento e manutenção. Fonte: Brasil (2013, p. 49). O quadro a seguir pode ser útil como parâmetro para a atribuição dos pontos (BRASIL, 2013, p. 49). Quadro 17 - Signifi cado da pontuação da Matriz de G.U.T. Fonte: Brasil (2013, p. 49). Observe, no Quadro 17, que conforme aumenta o valor da pontuação, aumenta também a gravidade do problema, e que já há a indicação das consequências dele, caso não seja tomada nenhuma providência para resolvê-lo. No Quadro a seguir, temos outros formatos para o entendimento dos conceitos da Matriz GUT. Quadro 18 – Exemplo de utilização da Matriz GUT MATRIZ GUT Pontos G U T G x U x TGravidade Consequências se nada for feito. Urgência Prazo para tomada de decisão. Tendência Proporção do problema no futuro. 5 Os prejuízos ou difi culdades são extremamente graves. É necessária uma ação imediata. Se nada for feito, o agravamento da situação será imediato. 5 x 5 x 5 125 4 Muito grave. Com alguma urgência. Vai piorar em curto prazo. 4 x 4 x 4 64 3 Graves. O mais cedo possível. Vai piorar em médio prazo. 3 x 3 x 3 27 102 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 2 Pouco graves. Pode esperar um pouco. Vai piorar em longo prazo. 2 x 2 x 2 8 1 Sem gravidade. Não tem pressa. Não vai piorar ou pode até melhorar. 1 x 1 x 1 1 Fonte: Daychoum (2016, p. 1895-1896). Na explicação de Daychoum (2016), podemos classifi car os problemas de cada dimensão descrita no Quadro 18, atribuindo uma pontuação que vai de 1 a 5, em ordem decrescente, para a implementação de melhorias no processo. Os responsáveis por esse tipo de análise devem ser aqueles envolvidos com o processo e os pertencentes ao grupo de melhorias, para que haja melhor estabelecimento de priorização na resolução dos problemas. A análise deve ser feita por todas as pessoas envolvidas no processo, lembrando que deve haver consenso entre os mem- bros do grupo. Após atribuída a pontuação, pode-se somar ou multiplicar as variáveis de Gravidade, Urgência e Tendência (GUT) para achar o resultado. Os problemas deverão ser priorizados de acordo com os pon- tos obtidos: aqueles que apresentarem uma maior pontuação serão os que se deverá enfrentar primeiro, uma vez que serão os mais graves, urgentes e com maior tendência a se tornarem piores. (BRASIL, 2013, p. 49). Deste modo, para existir consenso do grupo é muito importante que a análise seja realizada por todos os envolvidos no processo. Temos, nas tabelas seguintes, outros detalhamentos. Para existir consenso do grupo é muito importante que a análise seja realizada por todos os envolvidos no processo. Quadro 19 - Matriz GUT: Defi nição de prioridades de ação MATRIZ GUT Processos: Defi nição de prioridades de ação. Atividades G U T G x U x T Prioridades Telefonar para Gerente A, perguntando se pode ceder um equipamento para Colaborador A terminar a atividade. 5 5 4 100 2 Entrar em contato com o cliente para avisar que o trabalho está atrasado. 5 5 5 125 1 Verifi car lista de pessoal em "stand by", para saber quem poderá assumir a tarefa, em duas semanas de Colaborador B que está com uma forte gripe. 3 3 1 9 4 Colaborador C está com a tarefa atrasada. Tomar providências para resolver o problema, 5 3 5 75 3 Marcar reunião presencial com toda a equipe 4 3 3 24 5 Fonte: Daychoum (2016, p. 1901-1902). 103 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 O detalhe aqui é que as ações são bem rotineiras ao ambiente da organização, com seu grau (maior ou menor) de gravidade a infl uenciar seus processos. Quadro 20 - Matriz GUT: Processo de compras MATRIZ GUT Processos: Processo de Compras Problemas G U T G x U x T Prioridades Atraso na liberação de créditos 4 4 4 12 1 Baixo interesse dos fornecedores nas licitações 4 4 3 11 2 Atraso na liberação de recursos fi nanceiros 4 4 3 10 3 Especifi cações de materiais imprecisas 4 4 3 9 4 Fonte: Daychoum (2016, p. 1901-1902). Os exemplos vistos até aqui sobre essa matriz não são taxativos, mas apenas para termos noção do uso dessa ferramenta. Seu ambiente diário é uma planilha eletrônica, e pode ser criada a critério do usuário. c) Matriz S.W.O.T. Também temos a matriz S.W.O.T. como ferramenta de melhoria nos processos. E à semelhança das demais ferramentas, seus conceitos nos são repassados por alguns autores. Para Tarapanoff (2001, p. 208), a matriz SWOT é uma ferramenta de planejamento utilizada para realizar análise de ambiente interno e externo de uma organização ou empresa, investigando as variáveis: forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Machado (2008, p. 37) afi rma sobre essa matriz: [...] uma análise Swot. O termo deriva de quatro palavras em inglês: opportunities, thereats, strenghts, weaknesses. Tra- ta-se de identifi car as oportunidades e ameaças (no contexto externo à empresa), bem como pontos fortes e pontos fracos (no contexto interno da empresa). Uma variável externa (incontrolável) que seja considerada fa- vorável [...] é chamada de "oportunidade". Uma variável ex- terna (incontrolável) que seja considerada desfavorável[...] é chamada de "ameaça". Uma variável interna (controlável) que seja considerada fa- vorável [...] é chamada de "ponto forte". Uma variável interna (controlável) que seja considerada desfavorável [...] é chama- da de "ponto fraco". (MACHADO, 2008, p. 37, grifo nosso). 104 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Essa ferramenta de análise se destina a verifi car as variáveis internas e externas que mais afetam a organização, procurando mantê-la em bom equilíbrio no meio em que vive. Assista aos vídeos para conhecer mais das aplicações da Matriz Swot nos links seguintes: - Análise SWOT: <https://abre.ai/gCPg>. - Análise SWOT (FOFA): <https://www.youtube.com/ watch?v=JKmrTOGGVx8>. - Gestão - Análise SWOT no Excel: <https://abre.ai/gCPg>. - Análise SWOT: da teoria à prática - Palestra LUZ: <https:// www.youtube.com/watch?v=YyC4mc-dnLo>. - Videoaula Análise SWOT: <https://www.youtube.com/ watch?v=BB32ItNTxg0>. - BASE Administração - Matriz SWOT: <https://abre.ai/gCPg>. - Matriz SWOT na Prática: <https://www.youtube.com/ watch?v=cYG7_LfOCOw>. Alguns pontos a considerar na parte das "oportunidades" são descritos no quadro a seguir. Quadro 21 - Valores de análise das oportunidades • Descrição do Impacto Qual o impacto dessa oportunidade diretamente sobre a organização? (análise descritiva do impacto). • Prazo Qual o prazo de ocorrência dessa oportunidade? Conforme classifi cação a seguir: - Nota 2 = oportunidade prevista para o curto prazo (em até 24 meses). - Nota 1 = oportunidade com ocorrência prevista para o longo prazo (mais de 24 meses). 105 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 • Grau de impacto Qual o grau de impacto da oportunidade sobre a organização? Conforme classifi cação a seguir: - Nota 3 = oportunidade com probabilidade de alto impacto sobre a organização. - Nota 2 = oportunidade com probabilidade de médio impacto sobre a organização. - Nota 1 = oportunidade com probabilidade de baixo impacto sobre a organização. • Nota Soma dos valores do "prazo" e do "grau de impacto". Quanto maior a nota, melhor a oportunidade. Fonte: Elaborado a partir de Machado (2008, p. 38). Da mesma forma, deveremos traçar esses critérios para descrever e classifi car as ameaças. Marques (2012) esclarece que a matriz S.W.O.T. identifi ca os pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades e se caracteriza como um curso de ação que almeja levar a organização ao atingimento de seus objetivos. O Quadro 22 mostra detalhes dessa matriz. A matriz S.W.O.T. identifi ca os pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades e se caracteriza como um curso de ação que almeja levar a organização ao atingimento de seus objetivos. Quadro 22 - Matriz análise interna X análise externa ou confrontação Análise Externa Ameaças Oportunidades A n ál is e In te rn a P o n to s fr ac o s Desativação: área de risco acentuado Melhoria: área de aproveitamento potencial P o n to s fo rt es Enfrentamento: área de risco com chances de sucesso Aproveitamento: área de domínio da empresa Fonte: Ansoff e McDonald (1993 apud MARQUES, 2012, p. 109). Com base nas informações das oportunidades e ameaças, a organização poderá estabelecer estratégias para o gerenciamento dos produtos, seu ciclo de vida, bem como todos os demais requisitos que causam impactos em sua atuação (MARQUES, 2012). De acordo com Ricardi (2014), essa matriz é uma lista onde se visualizam os aspectos internos e externos, os favoráveis e os desfavoráveis, da organização. O quadro seguinte orienta esse entendimento. 106 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Quadro 23 - Análise da matriz SWOT Favoráveis Desfavoráveis Internos Forças (Strengths) Fraquezas (Weaknesses) Externos Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Theats) Fonte: Ricardi (2014, p. 89). Essas forças podem ser entendidas como recursos, pois são fontes de informações para a organização, no sentido de apontar possíveis riscos à sua continuidade como organização (RICARDI, 2014). Para Brasil (2016, p. 21), “a maneira mais adequada para realizarmos a avaliação S.W.O.T. é desdobrá-la em microanálise e macroanálise. A primeira está voltada para o ambiente interno e a segunda para o ambiente externo”, conforme sequência a seguir: 1) Microanálise (ambiente interno): a) Pontos fortes; b) Pontos fracos. 2) Macroanálise (ambiente externo): a) Oportunidades; b) Ameaças. O quadro a seguir mostra um exemplo da aplicação da metodologia SWOT. Quadro 24 - Exemplo consolidado de uma matriz SWOT Fonte: Brasil (2016, p. 25). 107 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Quando a organização consegue ter uma boa análise de seus pontos fortes e pontos fracos (análise interna) e de suas oportunidades e ameaças (análise externa), ela terá maiores condições de se posicionar mais estrategicamente para que continue existindo de forma satisfatória no mundo das organizações. Hora de movimento... exercite seus conhecimentos!! Atividades de Estudos: Na fi nalização desse tópico, é hora de treino mental... nos conceitos abordados. 1) Conceitue e identifi que as principais características de: a) Matriz SIPOC. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Matriz GUT. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) Matriz SWOT. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) A partir dos conceitos apreendidos na questão 1, elabore uma matriz simplifi cada de sua escolha para a seguinte situação hipotética - um pequeno restaurante situado em uma avenida de grande movimentação. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 108 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade GráFicos Os gráfi cos são representações de dados ou valores números em linhas e se destinam à visualização de procedimentos de atividades. a) Aplicações e benefícios Nas atividades administrativas, dentro de uma organização, a questão de maximizar todos os efeitos das análises e de seus pontenciais pontos processuais (métodos, processos) deixa em evidência a necessidade de melhorar as apresentações dos eventos (suprimindo relatórios arcaicos e já ultrapassados), dando lugar a instrumentos que permitam uma visualização mais organizada e sistematizada. (SÁ REGO apud CURY, 2016). Os gráfi cos surgem, então, como resposta a essa demanda, pois permitem aumentar o grau de detalhamento, com o uso de símbolos que representam eventos/ocorrências notados, com explicações textuais. São criadas certas regras que dispõem tanto sobre o texto quanto os símbolos, para serem usados de forma generalizada, visando tornar o fl uxo de trabalho bem mais fácil de entendimento para quem está envolvido nessas atividades. De modo geral, entre outros, os gráfi cos de processamento podem ser utilizados quando: da implantação e/ou revisão de um sistema qualquer, com suas rotinas, formulários, métodos e processos de trabalho - objetivando clareza e compreensão para o público, interno ou externo, envolvido; da análise de um sistema já existente, porém não bem defi ni- do, a fi m de se elaborar instruções visando defi nir e uniformizar seu entendimento pela organização; do planejamento e análise de rotinas de trabalho, objetivando sua racionalização; do desenvolvimento de um estudo de layout; do estudo de criação, reacionalização e/ou extinção de for- mulários. (CURY, 2016, p. 339-340). Em resumo,os gráfi cos são representações de um fato, seja ele qual for, lhe dão sentido, de forma empírica e racional, tentando ao máximo se autoexplicar a quem dele se utilize. Os gráfi cos são representações de um fato, seja ele qual for, lhe dão sentido, de forma empírica e racional, tentando ao máximo se autoexplicar a quem dele se utilize. 109 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Um gráfi co é uma representação por meio de linhas, aquilo que pertence ou que é relativo à grafi a, à tipografi a e à gravura. Um jornal e uma revista são meios gráfi cos, por exemplo. O conceito provém do latim graphĭcus (“relativo à escrita; feito a primor”), embora tenha origem grega. Quando aplicado a uma descrição, operação ou demonstração, trata-se daquilo que se representa através de fi guras ou de signos. Um gráfi co é, por outro lado, a representação de dados numéricos mediante uma ou mais linhas que permitem dar visibilidade à relação entre os dados: “Neste gráfi co, podemos constatar que as vendas do nosso produto aumentam no inverno e decrescem no verão”, “O gerente pediu-me um gráfi co com os gastos da campanha publicitária e as vendas do mês”. Quando se refere a uma pessoa, signifi ca que esta trabalha em artes gráfi cas ou numa indústria gráfi ca. Na informática, conhece-se como gráfi cos as imagens geradas por computador. Os desenhos utilizados nos jogos de vídeo são considerados gráfi cos: “Os gráfi cos do Pro Evolution Soccer são de tal forma reais que conseguem iludir qualquer um”. Por fi m, os métodos ditos gráfi cos consistem em representar os fenômenos por fi guras geométricas, seja para evidenciar relações constantes entre os fatos, seja para destacar um quadro esquemático mais convincente, método de resolução de um problema ou de execução de um cálculo pelo exame de um gráfi co. Fonte: Disponível em: <http://conceito.de/ grafi co#ixzz4gbxXOpEk>. Acesso em: 28 abr. 2017. 110 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade b) Gráfi co de Pareto O gráfi co de Pareto é mais uma ferramenta de análise e foi desenvolvida pelo engenheiro e economista italiano Vilfredo Pareto. Em suas observações de estudo, percebeu que a distribuição da riqueza em todo lugar era dividida de forma desigual e descobriu que apenas 20% da população detinha a maior parte dessas riquezas e que 80% da população fi cava à margem de tudo isso. Demonstrou isso grafi camente por meio de uma curva cumulativa. Essa representação recebeu o nome de Lei de Pareto. (VERGUEIRO, 2002) O gráfi co de Pareto tem sua origem no século XVI e resul- tou dos estudos do italiano Vilfredo Pareto, que demonstrou a sua constatação de que cerca de 80% da riqueza mundial es- tava nas mãos de 20% da população. Essa proporção (80/20) ocorre com frequência também na análise de várias situações de muitas operações. Por exemplo, 80% do valor dos estoques é composto por 20% dos itens e 80% das causas dos prob- lemas de qualidade de um produto possuem a mesma origem. Análises desse tipo levaram à conclusão de que existem, em várias circunstâncias, poucos itens vitais e muitos triviais, de modo que a classifi cação deles, na forma de um gráfi co, auxilia na análise e visualização dos que são prioritários. (PARAN- HOS FILHO, 2007, p. 120-121, grifo nosso). De forma mais clara, Pareto verifi cou que são poucos os fatores que frequentemente são responsáveis por uma grande parcela dos problemas (por exemplo, 80% da riqueza de um país está nas mãos de 20% de seus cidadãos - regra 80/20, e ela pode ser vista em muitas outras circunstâncias). A característica dessa metodologia é a capacidade que tem de mostrar uma rápida interpretação dos dados prioritários em um problema por meio de gráfi cos. Esse gráfi co ajuda na visualização dos problemas e se apresenta com barras verticais, em que as mais altas, dispostas à esquerda, vão representar as razões mais frequentes para a ocorrência de problemas ou os problemas que apresentam uma maior constância de ocorrências. "O gráfi co de Pareto classifi ca os problemas por sua frequência relativa em um gráfi co de barras decrescente a fi m de focar o problema que oferece o maior potencial para melhoria." (FITZSIMMONS, 2014, p. 183). Nesse tipo de gráfi co também podem ser visualizadas informações em forma de percentuais, os quais nos permitem compreender o seguinte raciocínio: Que: 80% das causas triviais são responsáveis por cerca de 20% dos resultados mais relevantes. Pareto verifi cou que são poucos os fatores que frequentemente são responsáveis por uma grande parcela dos problemas 111 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 E que: 20% de causas essenciais são responsáveis por 80% dos resul- tados mais relevantes. Observe a visualização na forma gráfi ca na fi gura a seguir. Figura 24 - Princípio do método de Pareto Fonte: Maranhão; Macieira (2004, p. 171). A seguir serão apresentados alguns exemplos práticos do gráfi co de Pareto: 1º Exemplo: Figura 25 - Utilização de Gráfi co de Pareto - processos de construção de modelos de dados Fonte: Adaptado de Rêgo (2013, p. 234). 112 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Nesse exemplo é possível visualizar que o maior problema (integridade) está na escala dos 80%, logo aqui está o principal item a ser trabalhado com maior ênfase. Enquanto os demais na escala dos 20%, aproximadamente. 2º Exemplo: São peças usinadas com problema e distribuídas em quatro grupos: • Tipo A: falhas de acabamento. • Tipo B: falhas de material (dureza). • Tipo C: falhas de material (porosidade). • Tipo D: outras falhas. Figura 26 – Exemplo de gráfi co de Pareto: Nº defeito x Tipo de defeito Fonte: Adaptado de Paranhos Filho (2007, p. 120). A falha de porosidade no material é o maior problema e se for o primeiro a ser resolvido, o impacto será grande na resolução dos demais. Neste gráfi co é possível visualizar ainda que a representatividade desta falha está na escala aproximada dos 80% e os demais tipos de defeitos na escala dos 20%. 3º Exemplo: São reclamações de clientes em razão de serviços realizados em uma ofi cina de carros, dispostas em quatro causas: • Causa A: demora no conserto. • Causa B: danos ao veículo. • Causa C: falha de diagnóstico. • Causa D: falha de conserto. 113 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Figura 27 - Exemplo de análise de Pareto para problemas de qualidade em uma ofi cina de carros Fonte: Adaptado de Bessant e Tidd (2009, p. 68). O maior problema dessa ofi cina é a demora no conserto, os quase 80% de difi culdade para sua imagem, enquanto que os demais representam apenas cerca de 20%. Mais uma vez, se tal problema for solucionado, ou pelo menos amenizado, a imagem da empresa melhorará muito perante seus clientes. 4º Exemplo: São ocorrências problemáticas relatadas pelos clientes de uma companhia aérea: • Atrasos nos voos. • Bagagem perdida. • Problemas mecânicos. • Overbooking. • Outros. 114 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Figura 28 – Exemplo de gráfi co de Pareto: Nº de Ocorrências Fonte: Adaptado de Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 183). Foi identifi cado nos voos atrasados o problema mais grave da companhia (está na casa dos 80%, e é o de maior potencial para melhoria), dentre os relatados pelos clientes. Mais uma vez, se esse problema for o primeiro a ser tratado, os demais serão minimizados. Como vimos nos exemplos acima, os maiores problemas de qualquer organização representam 80% de suas difi culdades operacionais. E se ela concentrar esforços na sua resolução, os demais serão solucionados mais celeremente. BALANCED Scorecard (BSC) O ponto crucial para o sucesso das empresas e suas operações é o processo de medição de seu desempenho. Se não houver um processo efi ciente, não será possívelsaber o grau de efi ciência e sucesso de um processo decisório. (SILVA, 2015, p. 760-761). Ao propor o balanced scorecard, Kaplan e Norton discutiram sobre como as organizações devem gerenciar seus negócios com medidas que vão além dos números fi nanceiros, trazendo ainda no escopo da ferramenta a perspectiva de processos, por meio da qual são gerenciados os indicadores críticos para a melhoria de operações, processos e serviços orientados a entregar o que é crítico para a satisfação dos clientes. (SILVA, 2015, p. 762-765). O ponto crucial para o sucesso das empresas e suas operações é o processo de medição de seu desempenho 115 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 A proposta central é sair da atomização da análise fi nanceira e olhar com mais criticidade outros itens que também são importantes dentro da organização. BSC Balanced Scorecard é uma ferramenta de planejamento estratégico na qual a entidade tem claramente defi nidas as suas metas e estratégias, visando medir o desempenho empresarial através de indicadores quantifi cáveis e verifi cáveis. A metodologia BSC foi inicialmente divulgada no ano de 1992, por Robert S. Kaplan, professor da Harvard Business School, e David P. Norton, presidente da Renaissance Solutions, através de um artigo onde defi niam parâmetros para avaliação e melhoramento do desempenho das empresas. O método consiste em determinar de modo balanceado as ligações de causa/efeito entre os quatro indicadores de avaliação das empresas, que são: - Financeiro: criar novos indicadores de desempenho para que os acionistas possam ter melhor rentabilidade dos seus investimentos; - Clientes: saber qual o grau de satisfação dos clientes com a empresa; - Processos internos: a empresa deve identifi car se há produtos com problemas, se foram entregues no tempo previsto e apostar na inovação dos seus produtos; - Aprendizado e crescimento: diz respeito à capacidade e motivação do pessoal, e a um melhor sistema de informação na empresa. Na análise do BSC, se os quatro indicadores estiverem aplicados de acordo com os objetivos propostos pela entidade, ou seja, se estiverem equilibrados, signifi ca que a empresa conseguirá ter um melhor desempenho, permitindo a concepção de novas estratégias. O BSC está relacionado com a visão e estratégia de uma empresa, duas áreas fundamentais para que a empresa tenha sucesso. Fonte: Disponível em: <https://www.signifi cados.com.br/bsc- balanced-scorecard/>. Acesso em: 09 maio 2017. 116 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade O termo “indicadores balanceados” se dá ao fato da escolha dos indicadores de uma organização não se restringirem uni- camente ao foco econômico-fi nanceiro. As organizações tam- bém utilizam indicadores focados em ativos intangíveis, como: desempenho de mercado junto a clientes, desempenhos dos processos internos e pessoas, inovação e tecnologia. Isso porque a somatória desses fatores alavancará o desempenho desejado pelas organizações, consequentemente criando val- or futuro. (DAYCHOUM, 2016, p. 850-851). Aproximadamente, cerca de 70% das 1.000 empresas da revista Fortune aplicam o BSC com o objetivo de apoiar suas organizações a alcançarem maiores êxitos quanto à gestão de desempenho de seus processos. Essa metodologia inclui em sua base de formação: • Defi nição da estratégia empresarial. • Gerência do negócio. • Gerência de serviços. • Gestão da qualidade. E todos esses itens deverão ser elaborados por meio de indicadores de desempenho. "Os requisitos para defi nição desses indicadores tratam dos processos de um modelo da administração de serviços e buscam a maximização dos resultados com base em quatro perspectivas que refl etem a visão e a estratégia empresarial" (DAYCHOUM, 2016, 869-870). Essas perspectivas estão retratadas no quadro seguinte: Quadro 25 - Perspectivas dos indicadores Financeira Demonstra se a implementação da estratégia está refl etindo na melhoria dos resultados fi nanceiros. Clientes Determina se a estratégia da organização está se refl etindo na satisfação e na retenção dos clientes, além da conquista de novos clientes e aumento da participação no mercado (market share). Aprendizado e crescimento Determina quais competências, tecnologias e sistema organizacional são necessários para o desenvolvimento da organização. Processos internos Verifi ca se os processos da organização estão contribuindo para a geração de valor percebido pelo cliente e alcance das metas fi nanceiras da organização. Fonte: Elaborado a partir de Daychoum (2016, p. 870-880). Essas quatro perspectivas se interligam umas às outras e formam uma relação de causa e efeito, conforme visto nos quadros adiante. 117 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Quadro 26 – Perspectivas do BSC: Objetivo versus indicadores BALANCED SCORECARD PERSPECTIVA OBJETIVOS INDICADORES FINANCEIRA → Para ter sucesso fi nanceiramente, como devemos ser vistos pelos nossos investidores. • Lucratividade. • Fluxo de caixa. • Retorno sobre investimento. CLIENTE → Para alcançar nossa visão, como devemos ser vistos pelos nossos clientes. • Satisfação do cliente. • Fidelização do cliente. • Participação no mercado. APRENDIZADO E CRESCIMENTO → Para alcançar nossa visão, como sustentar a habilidade de mudar e progredir. • Criatividade. • Inovação. • Participação. • Sugestão. PROCESSOS INTERNOS DO NEGÓCIO → Para satisfazer os clientes, em quais processos devemos nos destacar. • Efi ciência. • Efi cácia. • Qualidade. • Custos Baixos. Fonte: Adaptado de Daychoum (2016, p. 891). Com o BSC, já temos mais as perspectivas cliente, aprendizado/crescimento e processos internos do negócio, além da tão decantada fi nanceira, como aspectos relevantes para a organização. Quadro 27 - Aplicação das perspectivas: Financeira e cliente PERSPECTIVA FINANCEIRA Objetivos Medidas Metas Iniciativas Resultado Aumento do lucro líquido Foco nas vendas de produtos com maior margem de lucro. Aumentar o lucro líquido em 10%. Análise da composição de preços. Lucro líquido. Receita. Liquidez Corrente. PERSPECTIVA DO CLIENTE Objetivos Medidas Metas Iniciativas Resultado Atração de novos clientes Pesquisa de mercado. Aumento de 20% na carteira de clientes. Investimento em propaganda e marketing. Satisfação dos clientes. Captação de clientes. Recompra. Fonte: Adaptado de Daychoum (2016, p. 891-892). Se observarmos cada perspectiva, poderemos perceber que há uma relação quase antagônica entre elas, pois os interesses do cliente, por exemplo, vão na contramão da perspectiva fi nanceira. 118 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Quadro 28 - Aplicação das perspectivas: Aprendizado e conhecimento & Processos internos PERSPECTIVA DO APRENDIZADO E CONHECIMENTO Objetivos Medidas Metas Iniciativas Resultado Melhoria no atendimento Programa de treinamento Treinar toda a equipe de vendas em até 30 dias Contratar treinamento in company Turnover Competência funcional Clima organizacional PERSPECTIVA DOS PROCESSOS INTERNOS Objetivos Medidas Metas Iniciativas Resultado Certifi cação ISO 9000 Padronização dos processos Obtenção da certifi cação em 12 meses Contratar consultoria Efi ciência dos projetos. Aumento de portfólio. Aprimoramento dos processos. Fonte: Adaptado de Daychoum (2016, p. 895-896). Destaque-se que, em se tratando dos conceitos de BSC, o que deve chamar nossa atenção é o fato dessa ferramenta ser destinada a traduzir e comunicar, de forma clara, a visão e a missão do negócio. E é exatamente nesse ponto que a importância de se ter indicadores de desempenho sobressai - para ter mecanismo de gerência dos processos conforme sua criticidade (estratégico) e para o sucesso do negócio. "Os processos devem ser calibrados considerando-se o quê e como suas entregascontribuem para o negócio". (SILVA, 2015, p. 765-769, grifo nosso). Venki (2016) ressalta que “nas palavras dos próprios professores Robert Kaplan e David Norton”: No Balanced Scorecard a comunicação se dá por meio de uma estrutura lógica, baseada no gerenciamento das metas estabelecidas, possibilitando aos gestores realocar recursos físicos, fi nanceiros e humanos, a fi m de alcançar os objetivos estratégicos. Mais que uma ferramenta de mensuração de de- sempenho, o Balanced Scorecard é um tradutor da estratégia e comunicador de desempenho. Recomendo a leitura dos autores a seguir para quem quiser se aprofundar mais no assunto do balanced scorecard (BSC), de Kaplan e Norton, refere-se à ferramenta para tradução da visão e missão da empresa em objetivos e indicadores de desempenho distribuídos em quatro perspectivas: fi nanças, cliente, processos internos, aprendizado e crescimento (ou inovação) – os quais norteiam o processo de gestão do desempenho e da implementação da estratégia do negócio de uma organização. 119 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 KAPLAN, R.; NORTON, D. A Estratégia em Ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. ______. A Organização Orientada para a Estratégia: como as empresas que adotaram o balanced scorecard prosperaram no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2000. A importância da medição de desempenho e de seus indicadores deve ser entendida no contexto organizacional visando formatar um modelo de gestão orientador dos esforços de gestores e suas equipes na direção do que é pretendido pelo negócio. (SILVA, 2015). Hora de "malhar" o cérebro. Atividades de Estudos: 1) Analise as afi rmações a seguir e julgue-as em falso (F) ou verdadeiro (V): a) ( ) O ponto crucial para o sucesso das empresas e suas operações é o processo de medição de seu desempenho. Se não houver um processo efi ciente, será possível saber o grau de efi ciência e sucesso de um processo decisório. b) ( ) O termo “indicadores balanceados” se dá ao fato da escolha dos indicadores de uma organização não se restringirem unicamente ao foco econômico-fi nanceiro. 2) Quais são os quatro indicadores de avaliação das empresas e suas características do Balanced Scorecard (BSC)? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 120 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade BUSINESS PROCESS MANAGEMENT (BPM) No ABPMP (2013) o Business Process Management (BPM) refere-se ao Gerenciamento de Processos de Negócios e é conceituado como uma abordagem disciplinada que proporciona: identifi car, desenhar, executar, documentar, medir, monitorar, controlar e melhorar processos de negócio automatizados ou não, com o objetivo de alcançar resultados pretendidos consistentes e de forma alinhada com a estratégia da organização. Existem vários conceitos básicos fundamentais para defi nir BPM, conforme Brasil (2014), são: • BPM é uma disciplina de gerenciamento e um conjunto de tecnologias habilitadoras. • BPM aborda um trabalho ponta-a-ponta e diferencia entre conjuntos de subprocessos, tarefas, atividades e funções. • BPM é um conjunto contínuo, em curso, de processos com o foco no gerenciamento de processos de negócio ponta a ponta nas organizações. • BPM inclui modelagem, análise, desenho e medição de processos de negócio de uma organização. • BPM requer um compromisso signifi cativo da organização que frequentemente introduz novos papéis, responsabilidades e estruturas às organizações tradicionais orientadas a funções. • BPM é habilitada por tecnologia através de ferramentas para modelagem, simulação, automação, integração, controle e monitoramento de processos de negócio e de sistemas de informação que suportam esses processos. (BRASIL, 2014, p. 13). É importante comentar que um sistema BPM aliado a softwares com linguagem BPMN tornam-se excelentes ferramentas no monitoramento, gestão, auxílio na tomada de decisão, mapeamento e modelagem em uma organização. Nesta seção abordaremos tópicos e particularidades da ferramenta BPMN, de desenho, para auxílio na modelagem de processos. E vamos em frente!! É importante comentar que um sistema BPM aliado a softwares com linguagem BPMN tornam-se excelentes ferramentas no monitoramento, gestão, auxílio na tomada de decisão, mapeamento e modelagem em uma organização. BUSINESS PROCESS MODEL AND NOTATION (BPMN) Business Process Model And Notation™ (BPMN™) é uma linguagem gráfi ca utilizada para representar e modelar processos de negócio. É representada através de um conjunto de símbolos, em linguagem padrão, e dispostos em um diagrama de processos de negócio. 121 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 O BPMN é uma ferramenta que foi criada pelo Business Process Management Initiative (BPMI) e sua versão 1.0 foi disponibilizada em 2004. Uma grande dúvida surge no momento de defi nir as ferramentas BPM e BPMN, por terem semelhanças em suas nomenclaturas. Entretanto, o maior contraste entre a ferramenta BPM e a BPMN é a efetiva utilização na prática. Para entendermos melhor, funciona assim: enquanto BPMN (Business Process Model And Notation) é uma ferramenta capaz de fazer desenhos (modelagem), o BPM (Business Process Management) não é, pois aborda conceitos ligados principalmente ao gerenciamento de processos de negócios. Vamos esclarecer melhor, dando os signifi cados de forma mais prática: → BPM: Business Process Management - Gerenciamento de Processos de Negócios. → BPMN: Business Process Model And Notation - Modelo de Processo de Negócios e Notação. A Notação para Modelagem de Processos de Negócios - BPMN - está se convertendo em um modelo-padrão destinado a defi nir softwares/sistemas integrados que atendam ao conceito de Business Process Management. → BPM: Business Process Management - Gerenciamento de Processos de Negócios. → BPMN: Business Process Model And Notation - Modelo de Processo de Negócios e Notação. Notação (Notation) – é um conjunto padronizado de símbolos e regras que determinam o signifi cado desses símbolos. Por exemplo, a notação musical inclui símbolos universalmente reconhecidos por notas e claves. Analogicamente, uma notação de modelagem de processos de negócio inclui ícones (fi guras) e conectores que ajudam a mostrar o relacionamento entre diversos componentes de processos de negócio. Fonte: ABPMP (2013, p. 77-78). 122 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Essa Notação para Modelagem (BPMN) delineia um diagrama de processos composto por elementos gráfi cos que representam as atividades e o fl uxo de controle, preestabelecendo ainda em que ordem essas atividades serão executadas. Refere-se a uma notação visual de representação dos fl uxos de processos. E essa representação criada pode ser mape ada para uma outra linguagem, que representa um formato de execução, permitindo assim que a implementação de processos fi que melhor. Com essa implementação bem processada, o objetivo do BPMN será alcançado, que é justamente propiciar facilidade no entendimento por todos aqueles que estão envolvidos no processo de negócios - desde os analistas do processo até aqueles que desenvolvem softwares de implementação de processos. Com a ferramenta BPMN se tem a possibilidade de: Modelar os processos de negócio, defi nindo e documentando os seus modelos atuais (AS-IS) em diagramas fáceis de entendimento. Projetar e descrever os modelos ideais (TO-BE). Estender detalhes técnicos, monitorar e medir o negócio com indicadores de desempenho baseados em atividades dos fl uxos de processos já automatizados. De modo mais detalhado, temos que: AS-IS: refere-se ao estado atual do processo do modelo, isto é, o posicionamento realda situação neste instante, o agora. TO-BE: refere-se à modelagem do novo processo gerado, o qual pode passar por novas melhorias. Caso queira conhecer mais das aplicabilidades utilizadas com a linguagem do BPMN, no mercado de negócios, assista ao vídeo (alterar defi nição para HD) indicado no link. 123 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 a) Elementos do BPMN Vejamos agora algumas particularidades dos elementos que fazem parte da notação BPMN e quais suas funções. A primeira parte é o Diagrama de Processos de Negócio (Business Process Diagram) e é composto por um conjunto de elementos gráfi cos que são usados para descrever o fl uxo de processos, que nada mais é do que a representação/imagem de uma parte de um processo que, em muitos casos, permite o mapeamento para um formato de execução. Na tabela a seguir é possível visualizar os principais itens básicos desta linguagem BPMN. Figura 29 - Objetos básicos de fl uxo e conexão em BPMN Fonte: Braghetto (2011, p. 13). Esse diagrama BPMN é muito semelhante aos fl uxogramas, parecido também com os diagramas de atividade da UML, e possibilita uma descrição muito maior dos processos. O BPMN se compõe de um ou mais BPD (Business Process Diagram). Um exemplo do uso da notação BPMN é a fi gura seguinte. Figura 30 – Modelo em BPMN do processo de produção de uma pequena ferramentaria Fonte: Braghetto (2011, p. 103). 124 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Na Figura 30 temos um modelo de um processo de produção em uma ferramentaria. É um exemplo de conexão com desvio para duas possíveis tomadas de decisões da notação BPMN. E vemos certa semelhança desse processo com um fl uxograma, sendo que com mais recursos. A fi gura a seguir mostra exemplo, em BPMN, de eventos de fi nal (end event) que são representados por um círculo com uma linha mais grossa. Figura 31 - Exemplo de processo de negócio modelado em BPMN Fonte: Braghetto (2011, p. 37). Neste exemplo podemos visualizar duas possíveis fi nalizações do processo com círculo de borda grossa: compra cancelada ou efetuada com sucesso. Para conhecer mais um pouco e desenvolver processos com esta ferramenta, veja ainda estas obras: Gerenciamento de Processos de Negócio – BPM: uma referência para implantação prática, de Roquemar Baldam, Rogerio Valle e Henrique Rozenfeld, da Editora Elsevier, 2014. E Modelagem de Processos com BPMN, de André L. N. Campos, 2ª ed., da Editora Brasport, 2014. Um resumo sintético do que é um BPMN, para maiores esclarecimentos, nos é dado no quadro a seguir. 125 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 Quadro 29 - Visão geral de um BPMN Visão Geral: Business Process Model and Notation (BPMN) é um padrão criado pela Business Process Management Initiative (BPMI), incorporado ao Object Management Group (OMG), grupo que estabelece padrões para sistemas de informação. Essa notação apresenta um conjunto robusto de símbolos para modelagem de diferentes aspectos de processos de negócio. Como na maioria das notações, os símbolos descrevem relacionamentos claramente defi nidos, tais como fl uxo de atividades e ordem de procedência. Principais características Quando usar Ícones organizados em conjuntos descritivos e analíticos para atender a diferentes necessidades de utlização. Notação permite indicação de eventos de início, intermediário e fi m. Fluxo de atividades e mensagens. Comunicação intranegócio e colaboração internegócio. Para apresentar um modelo de processos para públicos- alvo diferentes. Para simular um processo de negócio com um motor de processo. Para gerar aplicações em BPMS a partir de modelos de processos. Vantagens Desvantagens Uso e entendimento difundido em muitas organizações. Versatilidade para modelar as diversas situações de um processo. Suportado por ferramentas BPMS. Exige treinamento e experiência para uso correto do conjunto completo de símbolos. Difi culta visualização do relacionamento entre vários níveis de um processo. Diferentes ferramentas podem ser necessárias para apoiar diferentes subconjuntos de notação. Origem na tecnologia da informação inibe seu uso por pessoal de negócios. Fonte: Elaborado a partir de BPM CBOK (2013, p. 79-80). A fi gura a seguir nos mostra um exemplo de modelagem no BPMN em nível mais complexo: 126 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Fonte: Campos (2014, p. 2329-2330). O exemplo da fi gura acima apresenta duas fi nalizações para personagens (vendedor on-line versus cliente) simultaneamente diferentes em ambientes separados: com círculo de borda grossa e outra com o desenho de uma carta dentro do círculo. FATOS RELEVANTES – BPMN Em 2002, um grupo conhecido por Business Process Management Initiative (BPMI) iniciou o desenvolvimento de uma notação gráfi ca para a representação de processos de negócio, chamada de BPMN (Business Process Modeling Notation). Neste mesmo ano outro grupo, o Workfl ow Management Coalition (WfMC), também começou a construir um padrão formal, escrito, para a representação de processos, chamado XML Process Defi nition Language (XPDL). A notação BPMN despertou rapidamente o interesse do mercado e da academia e, por isso, em 2006 uma importante organização internacional criada para apoiar a construção de padrões e publicá- los, a OMG (Object Management Group), se responsabilizou pela Figura 32 - Representação em BPMN de uma compra On-line 127 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 manutenção e evolução da notação BPMN. A OMG percebeu que a notação BPMN não tinha o suporte de uma linguagem formal, e a linguagem XPDL não contava com uma forma de representação gráfi ca. Então, essas duas tecnologias foram integradas e hoje a notação BPMN conta com uma linguagem formal de representação. Fonte: Campos (2014, p. 751-763). b) Notações de modelagem de processos Atualmente temos variados padrões de notação de modelagem no mercado. Não é uma tarefa muito fácil escolher a mais adequada ao processo da organização!! A tática mais comum utilizada é fazer uma triagem entre as abordagens e escolher uma que siga normas e convenções bem conhecidas, tendo em vista encontrar a que oferece amplas vantagens de modelagem. Veja as principais conforme BPM CBOK (2013, p. 78): • Conjunto de símbolos, linguagem e técnicas comuns para que as pessoas possam se comunicar; • Consistência em forma e signifi cado dos modelos de processos resultantes; • Importação e exportação de modelos de processos entre diferentes ferramentas; • Geração de aplicações a partir de modelos de processos. (BPM CBOK, 2013, p. 78, grifo nosso). O quadro a seguir apresenta uma descrição resumida das principais notações de modelagem comumente encontradas nas organizações. Quadro 30 - Notações de modelagem de processos Notação Descrição BPMN (Business Process Model and Notation) Padrão criado pelo Object Management Group, útil para apresentar um modelo para públicos-alvo diferentes. Fluxograma Originalmente aprovado como um padrão ANSI (American National Standards Institute), inclui um conjunto simples e limitado de símbolos não padronizados; facilita entendimento rápido do fl uxo de um processo. EPC (Event-driven Process Chain) Desenvolvido como parte da estrutura de trabalho ARIS, considera eventos como "gatilhos para" ou "resultados de" uma etapa do processo; útil para modelar conjuntos complexos de processos. 128 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade UML (Unifi ed Modeling Language) Mantido pelo Object Management Group, consiste em um conjunto-padrão de notações técnicas de diagramação orientado à descrição de requisitos de sistemas de informação. IDEF (Integrated Defi nition Language) Padrão da Federal Information ProcessingStandard dos EUA que destaca entradas, saídas, mecanismos, controles de processo e relação dos níveis de detalhe do processo superior e inferior; ponto de partida para uma visão corporativa da organização. Value Stream Mapping Do Lean Manufacturing, consiste em um conjunto intuitivo de símbolos usado para mostrar a efi ciência de processos por meio do mapeamento de uso de recursos e elementos de tempo. Fonte: BPM CBOK (2013, p. 79). São notações bem renomadas no mundo empresarial nacional e internacional. Dicas de sites para aprimorar o conhecimento nesta temática: <http://www.venki.com.br/blog/mapeamento-de-processos-e- fl uxograma/>. <http://www.venki.com.br/blog/como-fazer-mapeamento- processos-lean/>. <http://www.venki.com.br/blog/exemplo-de-mapeamento- de-processo-de-uma-empresa/>. c) Modelagem de processos de negócio A modelagem de processos de negócio (business process modeling) se refere a uma linha teórica e tem como fundamento a reengenharia de processos. “A modelagem de processos exige importante conjunto de habilidades e técnicas para permitir compreender, comunicar e gerenciar componentes de processos de negócio" (ABPMP, 2013, p. 84). Para uma organização visionária e consciente do alto valor de seus processos de negócio, a utilização da modelagem de processos é atividade relevantíssima para a subsistência de uma gestão exitosa. 129 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 A fi gura a seguir, com notação em BPMN, nos mostra uma proposta de ciclo de solução, exemplifi cando que primeiramente se faz a identifi cação do problema e, logo em seguida, a modelagem dos processos correlacionados, se, obviamente, ainda não houver os modelos. "A partir desses processos modelados é possível realizar um diagnóstico mais profundo na organização, em busca da fonte do problema” (CAMPOS, 2014, p. 2235-2237). Figura 33 – Ciclo da solução Fonte: Campos (2014, p. 2244-2245). Observe na fi gura anterior que a proposta apresentada não almeja ser a única solução, mas sim uma das alternativas. E, para processos remodelados com obtenção de tecnologias de suporte, o passo seguinte é estabelecer estes novos processos para gerar a consequente solução almejada (CAMPOS, 2014). Conforme ABPMP (2013, p. 84), a modelagem de processos de negócios refere-se a “conjunto de atividades envolvidas na criação de representações de processos de negócio existentes ou propostos. Pode prover uma perspectiva ponta a ponta ou uma porção dos processos primários, de suporte ou de gerenciamento”. O propósito da modelagem é desenvolver uma representação do processo de forma integral e com precisão acerca de seu funcionamento. E ressalta ainda que: 130 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Por esse motivo, o nível de detalhamento e o tipo específi co de modelo têm como base o que é esperado da iniciativa de modelagem. Um diagrama simples pode ser sufi ciente em al- guns casos, enquanto um modelo completo e detalhado pode ser necessário em outros. (ABPMP, 2013, p. 84, grifo nosso). Orientações para compreender melhor a temática da Modelagem de Processos BPM/N: - O que é a notação BPMN: <https://www.youtube.com/ watch?v=PhZRxtibWN0&ab_channel=Tuquersabermais%3F>. - Modelagem de Processos: <https://www.youtube.com/ watch?v=nAqtiLw39fs>. - Modelando um Processo simples no Bizagi com notação BPMN: <https://www.youtube.com/watch?v=PhZRxtibWN0&ab_ channel=Tuquersabermais%3F>. d) Aplicação de modelos A forma de representação “simplifi cada de uma coisa, um conceito ou uma atividade” é denominada de modelo. Estes “modelos podem ser matemáticos, gráfi cos, físicos, narrativos ou alguma combinação desses tipos” (BPM CBOK, 2013, p. 84). Em se tratando de ambientes de negócio, esses modelos apresentam uma abundante diversifi cação em suas aplicações, nas quais se incluem: Organização (estruturação). Descoberta (aprendizagem). Previsão (estimativas). Medição (quantifi cação). Explicação (ensino, demonstração). Verifi cação (validação). Controle - restrições, objetivos. (BPM CBOK (2013, p. 72). Um modelo de processos de negócio completo retratará, em geral, uma série de visões e estará a postos aos mais diferentes propósitos. Sendo assim, os processos podem se apresentar por meio de uma modelagem com vários níveis de detalhamento - desde uma visão contextual subjetiva até uma visão mais detalhada e concreta. 131 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 A ferramenta BPMN veio facilitar a compreensão da forma de explicitar os processos de negócio mapeados e modelados nessa linguagem de notação. E este diferencial tem sido um dos mais relevantes motivos do sucesso dessa ferramenta, que praticamente tem dominado o cenário mundial da modelagem de processos. Assim, quando bem utilizada, a ferramenta de BPMN é um grande achado para as organizações, centros de pesquisas e o mercado em geral. Hora da academia, não podemos parar! Vamos interligar mais ainda os neurônios. Acompanhe! Atividade de Estudos: 1) Linguagem gráfi ca utilizada com o objetivo de representar e modelar processos de negócio, os quais são representados através de conjunto de símbolos, em linguagem padrão, e dispostos em um diagrama de processos de negócio. O texto identifi ca: a) ( ) BPI. b) ( ) BPS. c) ( ) BPMN. d) ( ) BPM. e) ( ) ABPMP. 2) Julgue as alternativas com verdadeiro (V) ou falso (F) acerca das vantagens na utilização de BPMN: a) ( ) Versatilidade para modelar as diversas situações de um processo. b) ( ) Exige treinamento e experiência para uso correto do conjunto completo de símbolos. c) ( ) Uso e entendimento difundido em muitas organizações. d) ( ) Difi culta visualização do relacionamento entre vários níveis de um processo. e) ( ) Suportado por ferramentas BPMS. 132 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 3) Identifi que as principais características de um BPMN. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Algumas ConsideraçÕes Os dias atuais são velozes. Com isso, as organizações precisam responder de forma célere em seus processos produtivos e manter visão estratégica do negócio parametrizada com o mercado global, se quiserem continuar sobrevivendo e existindo. Isso faz com que a necessidade de instrumentos de análise de seus processos aumente consideravelmente e que tal questão seja resolvida com aqueles mais precisos e mais dinâmicos. Nesse contexto aparecem então diversas ferramentas e técnicas, como os fl uxogramas, matrizes, gráfi cos, entre outras. Mas não basta saber da existência de tais ferramentas para alcançar o êxito. As organizações precisam saber também como manuseá-las adequadamente, para que seus resultados sejam condizentes com as necessidades organizacionais. Vimos ao longo desse capítulo as principais particularidades sobre esta temática, e para quem deseja um maior aprofundamento, basta consultar as referências bibliográfi cas de inúmeras obras renomadas. Agora está chegando a hora de seguir para o próximo passo e desbravarmos aspectos da melhoria e gerenciamento de processos. Até lá!! ReFerências ABPMP BPM CBOK™, V3.0. Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio Corpo Comum de Conhecimento. 1ª ed. em português, Brasil, 2013. BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e Empreendedorismo: Administração. Tradução: Elizamari R. Becker, Gabriela Perizzolo e Patrícia L. Flores da Cunha. Bookman. 2009. 133 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Capítulo 3 BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Metodologia de Gestão de Processos. Projeto Fomento à Gestão de Processos nosMPs. Fórum Nacional de Gestão. Brasília, Versão 2.0, 2013. ______. Ministério da Fazenda. Guia de Referência em Gestão de Processos. Programa de Modernização Integrada do Ministério da Fazenda – PMIMF. Brasília, Versão 2.0, 2014. ______. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Escola Virtual SOF. Curso Planejamento Estratégico. (org.) CERQUEIRA, L. A. M. Módulo IV – Defi nindo a estratégia, construindo a Proposta de Valor e a Matriz S.W.O.T. MP, SOF, 6v.; il. Brasília, 2016. BRAGHETTO, K. R. Técnicas de Modelagem para a Análise de Desempenho de Processos de Negócio. Universidade de São Paulo (Tese de Doutorado). S.P., 2011. CAMPOS, A. L. N. Modelagem de Processos com BPMN. 2ª ed. RJ: Brasport, 2014. CURY, A. Organização & Métodos: uma visão holística. 9ª ed. – S.P: Atlas, 2016. DA SILVA, L. C. Gestão e Melhoria de Processos: Conceitos, Técnicas e Ferramentas. BRASPORT. Edição do Kindle, 2015. DAYCHOUM, M. 40+16 Ferramentas e Técnicas de Gerenciamento. 6ª ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. FEAM. Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. Fundação Estadual do Meio Ambiente. Belo Horizonte: Feam, 2008. FERREIRA, A. R. Análise e Melhoria de Processos. Apostila. Brasília: ENAP, 2016. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/2457> Acesso: 15 maio 2017. FITZSIMMONS, J. A; FITZSIMMONS, M. J. Administração de Serviços - Operações, estratégia e tecnologia da informação. 7ª ed. Tradução Scientifi c Linguagem Ltda. 2014. HARRINGTON, H. J. Aperfeiçoando Processos Empresariais. S.P: Makron Books, 1993. 134 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade HURT, R. L. Sistemas de Informações Contábeis: conceitos básicos e temas atuais. 3ª ed. Tradução: Rodrigo Dubal. Porto Alegre: McGraw Hill Education/ Bookman/AMGH, 2014. MACHADO, L. E. Gestão estratégica para instituições de ensino superior privadas. Rio de Janeiro. Editora FGV. 2008. MARANHÃO, M.; MACIEIRA, M. E. B. O processo nosso de cada dia: modelagem de processos de trabalho. Rio de Janeiro - RJ: Quali tymark, 2004. MARQUES, C. F. Estratégia da produção e operações. Curitiba, PR. IESD. Brasil. 2012. PARANHOS FILHO, M. Gestão da Produção Industrial. Curitiba: Ibpex. 2007. REID, R. D.; SANDERS, N. R. Gestão de Operações. 1ª ed. (português). Rio de Janeiro: LTC, 2005. RÊGO, B. L. 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Compreender de forma sistêmica as interações dos principais processos da cadeia de valor das empresas que competem no mercado. Realizar a reengenharia contínua dos processos para sustentabilidade da vantagem competitiva e alavancagem de resultados. Fazer a aplicação de conhecimentos integrados de negócios na moderna gestão empresarial. 136 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 137 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 ConteXtualiZação A globalização, fenômeno que fez girar o mundo das organizações numa velocidade vertiginosa, como nunca antes, forjou uma nova postura para as empresas. Uma realidade que precisa ser tratada com as novas ferramentas disponíveis para quem deseja continuar sua existência no mundo corporativo atualmente. Por conta disso, neste capítulo trataremos de questões voltadas para a melhoria dos processos das organizações. Abordaremos conceitos da Gestão e Qualidade dos Processos, com tratativas sobre ferramentas de medição dos processos. Também será vista a questão da Cadeia de Valor em Processos, buscando entender o que realmente é importante nas várias perspectivas dos que têm interesse na empresa. Em seguida, abordagens sobre a Reengenharia de Processos, para que se tenha uma noção da entrada das tecnologias da informação na vida dos processos organizacionais. A Gestão de Processos de Negócios vem logo depois, e vai tratar dos aspectos de atuação empresarial. E, por último, o Gerenciando Processos com BSC nos permitirá um vislumbre dessa ferramenta promissora. Então vamos lá!! Gestão e Qualidade dos Processos Vimos anteriormente que a gestão de processos está relacionada ao desenvolvimento de ações sistemáticas, com base em métodos, técnicas e ferramentas para analisar, mapear, modelar e controlar. O objetivo central de tudo isso está em manter estáveis a rotina e a implantação de melhorias na qualidade dos processos. Agora vamos adentrar um pouco neste tema da qualidade que é muito importante para mensurar os processos. Acompanhe e bons estudos!! Na atualidade, a temática qualidade é um termo rotineiro e é parte integrante “do jargão das organizações, independentemente do ramo de atividade e da abrangência de atuação, pública ou privada. A principal diferença entre a abordagem do início do século XX e a atual é que a qualidade, agora, está relacionada às necessidades e aos anseios dos clientes” (MARSHALL JUNIOR et al., 2012, p. 416-418). 138 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade a) Medir para qualifi car Inicialmente, reproduzo aqui algumas questões básicas a você, que é gerente de uma operação ou processo: Quantas medidas há no seu processo? Quantos indicadores de performance você possui para gerenciar o processo? Qual o principal indicador de performance que você deve gerenciar? Quantas vezes por ano você verifi ca junto aos seus clientes o grau de satisfação com a sua operação? Que indicadores você usa para controlar a qualidade das saídas do processo? (DA SILVA, 2015, p. 671-674). Essas questões, para quem está desejoso de aperfeiçoar-se na área de gestão de processos, ou então promover ações de melhorias, são um exercício mental muito valioso. Afi nal, se não temos um parâmetro de medição, também não teremos como gerenciar, e menos ainda imaginar melhorias para os processos. Na Figura 34, temos considerações resumidas sobre a questão da medição de um processo. Figura 34 - Melhoria de Processos Como tudo o mais na vida, para que haja um bom rendimento ou retorno de qualquer coisa - evento/período -, se faz necessário o uso de parâmetros. 139 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Com os processos se dá a mesma lógica - não podem, nem devem ser vistos com conceitos de achismos, por atributos vindos do mundo das ideias. Eles devem ser mensurados. Processos devem ser medidos, para que assim se possa gerenciá-los. A máxima de que só se gerencia o que se mede é a mais pura realidade. A prática do gerenciamento comprova que somente indicadores de performance mostram de fato o grau de efi ciência da gestão. Ao pensar em melhorias, principalmente sem ter medidas de referência anteriores, como será possível afi rmar ou auferir que houve melhora após alguma ação ou mudança no processo? É simples a resposta: não há como. (DA SILVA, 2015, p. 681-685). A necessidade de se estabelecer parâmetros de medição se mostra cada vez maior para que haja uma boa gestão de processos. b) A conformidade Um outro fato, na atualidade, tem posto o estabelecimento de regrasna gestão de processos em evidência: se tornou um requisito de reconhecimento de qualidade nas organizações. Os sistemas de gestão organizacional exigem esse tipo de comportamento como condição para participar do seleto grupo das empresas qualifi cadas. Como exemplo dessa prática, podemos mencionar: o Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ/FNQ); e, das Normas da Série ISO 9000. Qualidade é um conceito subjetivo, é o modo de ser, é a propriedade de qualifi car os mais diversos serviços, objetos, indivíduos etc. Do latim qualitate. Qualidade está relacionada às percepções de cada indivíduo e diversos fatores, como cultura, produto ou serviço prestado. Necessidades e expectativas infl uenciam diretamente nesta defi nição. Qualidade pode ser qualidade de vida das pessoas de um país, qualidade da água que se bebe ou do ar que se respira, qualidade do serviço prestado por uma determinada empresa, ou ainda qualidade de um produto no geral. Como o termo tem diversas utilizações, o seu signifi cado nem sempre é de defi nição clara e objetiva. 140 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade A conformidade está relacionada ao tipo de modelo de qualidade existente em relação aos seus requisitos. Qualidade em relação a produtos e/ou serviços: há várias defi nições para qualidade, como o produto estar em conformidade com as exigências dos clientes, ter valor agregado, algo que produtos similares não possuem, relação custo/benefício etc. Existe também o controle da qualidade, garantia da qualidade e gestão da qualidade: são conceitos relacionados com o de qualidade na indústria e serviços. Os conceitos são usados em várias áreas, através de indicadores de qualidade e normas, como a ISO 9001, ISO 14000 e outras. Fonte: Disponível em: <https://www.signifi cados.com.br/ qualidade/>. Acesso em: 16 maio 2017. Esses dois critérios (PNQ e ISO) utilizam os conceitos de qualidade como sua base de sustentação. Sabemos que o termo qualidade é amplo e diversifi cado, e por isso se faz necessária uma breve defi nição para podermos prosseguir em nossos estudos. Para a Norma Internacional de Organização, ou a International Standards Organization (ISO), qualidade signifi ca que está adequado ao uso e está conforme as especifi cações. De acordo com Lobos (1991), qualidade se refere, precipuamente, ao processo pelo qual os produtos ou serviços se tornam concretos, materializados. Caso esse procedimento seja bem realizado, teremos, como consequência natural, um bom produto/serviço ao fi nal de sua concretização. A qualidade envolve tudo que se faz e em tudo o que se faz. A conformidade está relacionada ao tipo de modelo de qualidade existente em relação aos seus requisitos. Não se preocupe, vamos entender melhor! 141 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Signifi cado de conformidade: s.f. Qualidade do que é conforme ou de quem se conforma. / Estado de duas ou de várias coisas iguais entre si; analogia, semelhança: a conformidade de dois objetos. / — Loc. adv. Em conformidade com, de acordo com, segundo a conveniência de. Fonte: Disponível em: <https://www.signifi cados.com. br/?s=conformidade>. Acesso em: 16 maio 2017. Conceito de modelo de qualidade: A qualidade, por sua vez, é uma característica inerente das coisas, que permite a comparação entre estas e outras da mesma espécie. Trata-se de uma apreciação subjetiva que, relativamente a um utilizador, implica satisfazer as suas necessidades e os seus desejos (sendo bem-sucedido, é de boa qualidade). Um modelo de qualidade é, por conseguinte, um conjunto de práticas ligadas aos processos de gestão e ao desenvolvimento de projetos. Este modelo constitui uma planifi cação para alcançar um impacto estratégico, obedecendo aos objetivos fi xados em termos de qualidade do produto ou serviço. Ao implementar um modelo de qualidade, uma empresa procura desenvolver sistematicamente produtos e serviços que cumpram com os requerimentos e as exigências dos clientes. É importante que os elementos que formam o conjunto do modelo de qualidade estejam estruturados de forma que seja possível realizar um controle e seguimento dos processos. O modelo deve reunir as atividades e as funções relacionadas com a qualidade para que possam ser executadas de um modo sistemático e formal. Fonte: Disponível em: <http://conceito.de/modelo-de- qualidade#ixzz4hQ6ZrNvZ>. Acesso em: 16 maio 2017. O alvo quando se estabelece um padrão normativo é que se faça exatamente o que foi planejado para o processo - que ele seja executado tal como está no plano. Posto assim, parece simples, mas a prática nas organizações é bastante complexa. A seguir podemos visualizar uma modelagem de um processo de vendas, que deve ser executado conforme especifi cado, pois foi mapeado e aprovado neste formato. 142 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Figura 35 - Exemplo de Modelagem de um Processo de Vendas Fonte: Campos (2014, p. 71). Nessa fi gura, temos uma situação bem comum no ambiente organizacional, até conhecido fora dele também, e mostra um processo comum. Exemplifi ca um processo dentro dos requisitos e modelagens de BPMN, ferramenta vista no capítulo anterior. c) Referencial de conformidade A padronização conceitual, usada para vários segmentos das indústrias, é tirado de um modelo de referência de processo. É um entendimento teórico das entidades e das relações envolvidas em um tema, uma atividade, e realiza esboços para o desenvolvimento dos modelos mais tangíveis, com a capacidade de serem aplicados no mundo real, chegando mesmo à sua implementação na organização. Essa prática permite fazer até comparação de semelhanças ou diferenças entre os modelos. A título de exemplifi cação, vamos comentar alguns modelos de referência ou referenciais de confor midade. REFERENCIAL: ISO 9000 A história da ISO começou em 1946, quando delegados de 25 países se reuniram no Instituto de Engenheiros Civis, em Londres, e decidiram criar uma nova organização internacional para facilitar a coordenação internacional e unifi cação dos padrões industriais. A nova organização começou ofi cialmente suas operações em 23 de fevereiro de 1947. 143 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Desde então, já houve publicação sobre 21.631 padrões internacionais que cobrem quase todos os aspectos da tecnologia e da manufatura. Atualmente a organização possui membros em 163 países, e 780 órgãos técnicos para cuidar do desenvolvimento de padrões. Mais de 135 pessoas trabalham em tempo integral para o Secretariado Central da ISO em Genebra, na Suíça. Certos de que a Organização Internacional de Normalização teria diferentes acrônimos em diferentes línguas (IOS em inglês, OIN em francês para a Organization Internationale de Normalization), os seus fundadores decidiram dar-lhe a forma abreviada ISO - que é derivação da palavra grega isos, e signifi ca igual. Portanto, seja qual for o país, seja qual for a língua, será sempre ISO. Já nos anos 80, mais especifi camente em 1987, a ISO lançou manuais de avaliação do sistema de qualidade que se constituíram em Normas ISO Série 9000 de Padrões Internacionais, e reuniam as diversas normas regulamentadoras que já existiam entre fornecedores e compradores. Fonte: Disponível em: <https://www.iso.org/fr/members.html; https:// www.iso.org/home.html>. Acesso em: 15 maio 2017). Para conhecer as empresas certifi cadas pela ISO no Brasil e outras informações, veja a lista neste sítio: <http://certifi q.inmetro.gov.br/>. Diante de assunto tão importante, o Brasil também é representado nessa organização através da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), importante instrumento para quem é estudante, pesquisador! Há diversos instrumentos de verifi cação da padronização e normatização para aqueles que estão interessados em melhorar seus procedimentos industriais. 144 Fundamentosde Gestão de Processos e da Qualidade REFERENCIAL: ANS E ANVISA A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) são órgãos atuantes na área de qualidade. Possuem modelos de referência em diversos segmentos, no Brasil. A Anvisa é uma autarquia sob regime especial, presente em todo o território nacional por meio das coordenações de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. A ANS é uma agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil. A regulação pode ser entendida como um conjunto de medidas e ações do governo que envolvem a criação de normas, o controle e a fi scalização de segmentos de mercado explorados por empresas para assegurar o interesse público. Fonte: Disponíveis em: <http://portal.anvisa.gov.br/> e <http:// www.ans.gov.br/>. Acesso em: 15 maio 2017. Em síntese, estes órgãos possuem grande relevância para as demais organizações empresariais, pois atuam no benefício direto ou indireto para o alcance de objetivo estratégico global, tendo em vista que trabalham com foco primordial na proteção e controle da saúde da população em geral. É o caso da ANVISA, que possui atuação principal no controle sanitário da produção, consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, fazendo parte deste leque: processos, ambientes, insumos e das tecnologias correlacionadas. Entre outras abrangências, temos a supervisão dos portos, aeroportos, recintos alfandegados e das fronteiras. Já a ANS atua na normatização e fi scalização de empresas relacionadas a planos de saúde, onde resguarda este direito ao seu público-alvo. REFERENCIAL: FNQ / PNQ Em 11 de outubro de 1991, um grupo formado por representantes de 39 organizações privadas e públicas instituíram, em São Paulo, a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ). A entidade sem fi ns lucrativos foi criada para administrar o Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ) e as atividades decorrentes do processo de 145 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 premiação, em todo o território nacional. Tem início, assim, uma trajetória em busca das melhores práticas da gestão para o aumento da competitividade das organizações e do Brasil. Em 2005, a Fundação promove uma ampla reestruturação. Elege uma nova Governança na Assembleia Geral de Membros, reformula a sua logomarca e retira o nome prêmio da sigla, passando a se chamar Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Também redefi ne sua missão, visão e objetivos, e incorpora aos Critérios de Excelência novas práticas de gestão com tendências de organizações Classe Mundial, entre elas a sustentabilidade, a responsabilidade corporativa e a valorização das pessoas, da qualidade de vida e da diversidade. Em outubro de 2016, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) completou 25 anos de atuação. Trata-se de um marco no movimento pela excelência da gestão, que reúne milhares de pessoas em rede em prol da disseminação da causa e inserção das organizações e do Brasil na rota da competitividade mundial. O trabalho da FNQ é baseado no Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), uma metodologia de avaliação, autoavaliação e reconhecimento das boas práticas de gestão. Estruturado em oito Fundamentos, o Modelo defi ne uma base teórica e prática para a busca da excelência, dentro dos modernos princípios da identidade empresarial e do atual cenário do mercado. Para a Fundação, as organizações são sistemas vivos integrantes de ecossistemas, que necessitam entender e exercitar os princípios da interdependência, do pensamento sistêmico e da sustentabilidade na gestão. Por isso mantém o compromisso de aperfeiçoar-se e renovar sua missão constantemente, de forma a acompanhar as mudanças globais e impulsionar o desenvolvimento das empresas e do país como um todo. Fonte: Disponível em: <http://www.fnq.org.br/sobre-a-fnq>. Acesso em: 15 maio 2017. 146 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Quer conhecer melhor a FNQ e outras informações importantes? Então acesse o sítio neste link: <http://www.fnq.org.br/>. Deste modo, vemos que a FNQ tem contribuído e muito para o aprimoramento constante das empresas, pelo fato de atuar próxima às organizações que querem manter-se atualizadas e sustentáveis no mercado com um padrão internacional de qualidade. Tem se consolidado em centro de estudos, debates, e também na geração e disseminação de conhecimentos com foco em gestão. E, a cada dia, a FNQ reafi rma esta missão de agente propulsor do desenvolvimento das organizações e consequentemente da nação. Atenção às novidades trazidas pelas publicações em e-book da FNQ: Novo Modelo de Excelência da Gestão® (MEG): Este e-book, de dez/2016, apresenta o novo Modelo de Excelência da Gestão® (MEG). O novo MEG se tornou um guia prático para as organizações que almejam ser cada vez efi cientes, além de aperfeiçoar e adequar a sua gestão aos principais temas e cenários da atualidade. Benchmarking – FNQ: Para estimular as organizações a buscar novas formas de aperfeiçoar produtos, processos operacionais e gerenciais, esta publicação tem como tema o benchmarking. O e-book apresenta um método de aprendizado que compara e adapta as melhores práticas e resultados à realidade das organizações. MEG: Cases de Sucesso – FNQ: Para estimular a melhoria da produtividade e da imagem das organizações, a publicação trabalha a importância do planejamento estratégico e da implementação dos Critérios e dos Fundamentos do Modelo de Excelência de Gestão® (MEG) nas atividades diárias das empresas. Além disso, o e-book também apresenta alguns casos de sucesso que demonstram como o investimento em excelência traz resultados a longo prazo para as organizações. Fonte: Disponível em: <http://www.fnq.org.br/informe-se/ publicacoes/e-books>. Acesso em: 15 maio 2017. 147 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 São temas cada vez mais ligados ao atendimento das necessidades e expectativas dos stakeholders (interessados) e dos clientes de uma organização! Com isso, surgiu uma ligação entre qualidade, conformidade e processos, ou seja, sem processos defi nidos, implantados e utilizados, não há conformidade, tampouco qualidade. E sem qualidade, os resultados, em todos os aspectos, são ínfi mos e comprometem a sustentabilidade fi nanceira, econômica e social de qualquer organização. d) Qualidade dos processos Já foi mencionado antes, mas volto a repetir que todo processo existe para uma fi nalidade ou tenta alcançar um resultado. Ele é formatado para chegar a um objetivo! E esse intento, para ser efi ciente e efi caz, depende da qualidade de seus processos. Se conduzidos adequadamente, os produtos ou serviços gerados devem ser capazes de: Responder a uma necessidade ou utilização objetivamente defi nida. Satisfazer plenamente os clientes ou usuários para os quais se destinam. Atender a determinadas normas ou especifi cações. Envolver custos adequados e preços compatíveis. (FERREI- RA, 2014, p. 19). A garantia da efetividade dos processos, e a sua qualidade, nos leva a considerar determinados aspectos e procedimentos, dos quais alguns estão listados no quadro seguinte: Quadro 31 - Principais aspectos e procedimentos da qualidade Padrão O padrão é uma referência de comparação ou o nível de desempenho desejado e em relação ao qual um processo pode ser avaliado. Ele envolve registro de especifi cações, métodos, procedimentos, tecnologias e habilidades escolhidas como referencial de comparação para a gerência de processos. Requisitos (ou pré-requisitos) Os requisitos dizem respeito às condições que devem ser satisfeitas, exigências legais ou particulares essenciais para o sucesso de um processo, serviço ou produto. Requisitos do cliente Requisitos do cliente são as especifi cações que defi nem claramente como o demandante deseja receber o produtoou o serviço de seu fornecedor. No caso das organizações públicas, envolve as necessidades básicas dos cidadãos ou das demais partes interessadas, essenciais e importantes para sua satisfação, explicitadas por eles, de maneira formal ou informal. 148 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Normalização A normalização constitui atividade sistemática para estabelecer e utilizar padrões. Deve ser compreendida como o processo de formulação e aplicação de regras para atingir o desenvolvimento ordenado de uma atividade específi ca, para o benefício e com a cooperação de todos os envolvidos. Indicadores Indicadores são formas de representação, preferencialmente quantifi cáveis, de características de produtos e processos, utilizados para acompanhar e melhorar resultados. Indicadores de processos Os indicadores de processo são formas de representação objetiva de características do processo que devem ser acompanhadas ao longo do tempo para avaliar e melhorar o seu desempenho. Eles medem o esforço que é realizado nas atividades do processo. Problema Problema é a diferença entre a situação desejada (proposta) e a situação do momento (atual), ou seja, entre o que se quer (meta a ser alcançada) e o que se tem. Ele envolve resultados ou efeitos indesejados de um processo e, portanto, pode ser considerado sinônimo de erro, falha, desvio ou não conformidade. Essas ocorrências prejudicam a qualidade do processo e de seus resultados e, portanto, devem ser observadas com atenção pela gerência responsável. Análise crítica A análise crítica compreende a avaliação global de um projeto, serviço, produto, informação ou processo organizacional com relação a requisitos, cujo objetivo é a identifi cação de problemas e a proposição de soluções. Memória administrativa A memória administrativa compreende o conjunto singular de documentos legais, técnicos e históricos, formais e informais, que atendem às exigências legais, necessidades futuras de referência ou utilização e de registro histórico da organização. Esses registros são importantes porque fornecem parâmetros para comparações e, consequentemente, para a avaliação dos processos. Fonte: Elaborado a partir de Ferreira (2014, p. 19-20). Há muitos conceitos e defi nições acerca da qualidade na literatura e em outras áreas especializadas. E conforme Garvin (2002, p. 48 apud MARSHALL JUNIOR et al., 2012), “existem cinco abordagens principais para a defi nição de qualidade: transcendental, baseada no produto, baseada no usuário, baseada na produção e baseada no valor”, as quais podem ser entendidas no quadro a seguir: 149 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Quadro 32 - As cinco Principais Abordagens na Defi nição de Qualidade Ti p o d e A b o rd ag em Transcendental • Uma condição de excelência que implica ótima qualidade, distinta de má qualidade (GARVIN, 2002). • Qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em vez de se contentar com o malfeito ou fraudulento (TUCHMAN, 1980). • Qualidade não é uma ideia ou uma coisa concreta, mas uma terceira entidade independente das duas... Embora não se possa defi nir qualidade, sabe-se o que ela é (PIRSIG, 1974). Baseada no Produto • Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade de algum ingrediente ou atributo desejado (ABBOTT, 1955). • Qualidade refere-se às quantidades de atributos sem preço presentes em cada unidade do atributo com preço (LEFFLER, 1982). Baseada no Usuário • Qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos (EDWARDS, 1968). • Na análise fi nal de mercado, a qualidade de um produto depende de até que ponto ele se ajusta aos padrões das preferências do consumidor (KUEHN; DAY, 1962). • Qualidade é adequação ao uso (JURAN, 1994). Baseada na Produção • Qualidade [quer dizer] conformidade com as exigências (CROSBY, 1979). • Qualidade é o grau em que o produto específi co está de acordo com o projeto ou especifi cação (GILMORE, 1974). Baseada no Valor • Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável e o controle da variabilidade a um custo aceitável (BROH, 1982). • Qualidade quer dizer o melhor para certas condições do cliente. Essas condições são: a) o verdadeiro uso; e b) o preço de venda do produto (FEIGENBAUM, 1961). Fonte: Elaborado a partir de Marshall Junior et al. (2012, p. 427-449). A conceituação do termo qualidade ainda pode ser expandida em elementos básicos conforme quadro a seguir Garvin (2002, p. 48 apud MARSHALL JUNIOR et al., 2012): 150 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Quadro 33 - Elementos básicos da qualidade E le m en to s B ás ic o s d a Q u al id ad e Desempenho • Refere-se às características operacionais básicas do produto. Característica • São as funções secundárias do produto, que suplementam seu funcionamento básico. Confi abilidade • Refl ete a probabilidade de mau funcionamento de um produto. Conformidade • Refere-se ao grau em que o projeto e as características operacionais de um produto estão de acordo com padrões preestabelecidos. Durabilidade • Refere-se à vida útil de um produto, considerando suas dimensões econômicas e técnicas. Atendimento • Refere-se à rapidez, cortesia, facilidade de reparo ou substituição. Estética • Refere-se ao julgamento pessoal e ao refl exo das preferências individuais. Qualidade Percebida • Refere-se à opinião subjetiva do usuário acerca do produto. Fonte: Elaborado a partir de Marshall Junior et al. (2012, p. 374-382). Neste contexto, de aprendizado da temática gestão e qualidade dos processos, é importante conhecer as linhas de pensamento principais que geraram toda essa onda de mudança de paradigma, via sistematização conceitual e instrumental que foi proposta e também implementada por especialistas mais renomados neste campo do conhecimento. A seguir podemos ter uma visão melhor desta linha de pensamento (MARSHALL JUNIOR et al., 2012): • Juran e Deming foram os dois principais responsáveis pelo movimento da qualidade no Japão. Os japoneses os consid- eram como os inspiradores do milagre industrial de seu país, iniciado na década de 1950. Os norte-americanos só lhes de- ram o devido valor nos anos 1980. • Do lado norte-americano, Philip Crosby contribuiu com sua te- oria do zero defeito e Armand Feigenbaum foi o grande impul- sionador do conceito de controle da qualidade total. • Do lado japonês, Kaoru Ishikawa e Genichi Taguchi são dois nomes importantes. Ishikawa foi o responsável pela adaptação da cultura japonesa aos ensinamentos de Deming e Juran. Foi ainda o grande inspirador dos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ). Taguchi deu forte impulso à promoção do design industri- al, que marcou a segunda onda do movimento da qualidade no Japão, após a primeira fase, assentada no controle estatístico. (MARSHALL JUNIOR et al., 2012, p. 462-471, grifo nosso). O alcance da qualidade se ampliou e continua se ampliando quando o assunto é gestão de processos. E sua aplicação está corroborada nas normas gerais de padronização. 151 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Cadeia de Valor em Processos Nesta seção iremos aprender o que se tem de mais relevante acerca da temática cadeia de valor para os processos. Fique atento! Vamos conhecer e identifi car os reais valores! O princípio da noção de cadeia se deu com as análises feitas envolvendo valor - a percepção de que há certos custos que aumentam a qualidade de um determinado produto (consequentemente aumentam a satisfação do cliente); e para outros produtos nem tanto. O idealizador do conceito cadeia de valor foi Michael Porter (1985), quando a conceituou como sendo uma cadeia de atividades relacionadas e desenvolvidas por uma empresa que busca a satisfação. De forma mais completa, as necessidades de seus clientes/consumidores. Envolve os macroprocessos da organização e estes estão relacionadosde forma hierárquica. Michael Eugene Porter (1947-) Economista e engenheiro. PhD em Economia de Negócios, em Harvard (1973), após o curso de Engenharia Aeroespacial (aviação) e Engenharia Mecânica, em Princeton, foi o primeiro a graduar-se em sua turma, em 1969. De lá, ele foi para a Universidade de Harvard, onde obteve um MBA com grande distinção da Harvard Business School em 1971. Professor na Harvard Business School nas áreas de Administração e Economia. É cofundador da Monitor Group Consulting. Nasceu na cidade de Ann Arbor, no Estado de Michigan (EUA). Seu pai era um ofi cial do exército de carreira, e Michael cresceu em vários países onde seu pai serviu. Após seu PhD, Porter permaneceu no mundo acadêmico, dando palestras na Harvard Business School. Em 1980, publicou a primeira edição da Competitive Strategy. Tornou-se rapidamente um texto de negócios infl uente e um best- seller internacional. Até 2016, tinha sido traduzido em 19 línguas e tinha sido reimpresso 63 vezes. O texto serve como parte do currículo central da Harvard Business School, bem como em quase todas as escolas de negócios do mundo. O seu tema de estudos e pesquisas refere-se às estratégias de competitividade no mundo empresarial. 152 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade É de sua autoria a defi nição das três fontes genéricas de vantagens competitivas: diferenciação, baixo custo e focalização em mercado específi co. A sua obra mais expressiva é The Competitive Advantage of Nations (MacMillan, 1990), em alusão ao conceito clássico de vantagens competitivas de David Ricardo, em que amplia a sua análise e propõe a aplicação da lógica das corporações ao estudo das nações. Fonte: FERREIRA, A. (2O14, p. 24); BELTON, Pádraig. A Macat analysis of Michael E. Porter’s Competitive Strategy: Techniques for Analyzing Industries and Competitors (Locais do Kindle 115-131). Macat.com. Edição do Kindle, 2016. A Cadeia de Valor se torna muito útil por ser um instrumento que reúne várias características para demonstrar o que se torna importante para que a organização atinja seus objetivos estratégicos. Uma visão geral desse conceito é dada no quadro a seguir. A Cadeia de Valor se torna muito útil por ser um instrumento que reúne várias características para demonstrar o que se torna importante para que a organização atinja seus objetivos estratégicos. Quadro 34 - Visão geral de uma Cadeia de Valor Visão geral: Cadeia de valor é utilizada para demonstrar um fl uxo simples contínuo da esquerda para direita dos processos que diretamente contribuem para produzir valor para os clientes. O conceito de cadeia de valor foi introduzido por Michel Porter em seus trabalhos sobre estratégia corporativa e é tipicamente aplicado à modelagem corporativa em nível de planejamento. Principais características Quando usar • Características variam de acordo com a ferramenta. • Algumas vezes implementado como diagrama de cadeia de valor agregado. • Sobreposições podem ser adicionadas para representar executores, custos, tempo, sistemas ou grupos específi cos de dados. • Raias podem ser utilizadas para aumentar a efi cácia. Para criar uma decomposição de processos que se relacionam diretamente com a agregação de valor para o cliente. Para visualizar níveis de processos. Vantagens Desvantagens Fácil de ler e interpretar. Baixa ambiguidade devido a relacionamentos simples. Pode ser incrementado com entradas adicionais e identifi cação de saída, ou outras sobreposições, tais como fi nanceiras ou de envolvimento organizacional. Pontos de decisão não claros. Utilidade diminui com aumento de complexidade requerendo uso de notações mais detalhadas para decomposição adicional. Fonte: Elaborado a partir de ABPMP (2013, p. 93-94). 153 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 1. Cadeia de Valor: O conjunto de processos por meio do qual a empresa adquire seus recursos, aplica-os para transformação de produtos e/ou serviços, vende-os, entrega, fatura e apura a entrada de receita para o negócio. Fonte: Da Silva (2015, p. 11). 2. Cadeia de valor: É um modelo de estruturação das atividades desenvolvidas pelas empresas, visando garantir a máxima qualidade do serviço e produto ao cliente fi nal, além de criar vantagem competitiva no mercado. Consiste na criação de um fl uxograma dos conjuntos de atividades essenciais para a agregação de valor ao produto ou serviço de determinada empresa. Na cadeia de valor de Porter, cada etapa do processo de desenvolvimento do produto ou serviço é essencial para a sua valorização total, desde o modo como é mantida a relação com os fornecedores da matéria-prima, até o modo como o produto fi nal é entregue aos consumidores. Com a cadeia de valor a empresa consegue identifi car quais as etapas de produção responsáveis por agregar valor ao produto e, com isso, desenvolver uma estratégia que ajude a potencializar esses setores. Assim, aqueles processos que não agregam nenhum valor podem ser revistos, seja como alvo de reestruturação ou corte (evitando desperdício de dinheiro e tempo de produção). De acordo com o esquema proposto por Porter, a cadeia de valor pode ser dividida em dois principais grupos de atividades: Atividades primárias: logística interna; operações; logística externa; marketing; vendas; e serviço (pós-venda). Atividades de apoio: aquisição; desenvolvimento de tecnologias; gerência de recursos humanos; e infraestrutura da empresa. Fonte: Disponível em: <https://www.signifi cados.com.br/ cadeia-de-valor/>. Acesso em: 15 maio 2017. 154 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade O conceito sugerido por Michael Porter é apontado como a melhor ferramenta para identifi car os meios de criar mais valor para o cliente. "Toda empresa consiste em um conjunto de atividades desenvolvidas para projetar, produzir, mercadejar, distribuir e apoiar seus produtos" (FERREIRA, 2014, p. 24). Nessa visão de cadeia de valor, a empresa é dividida em nove atividades de criação de valor, para que possamos entender melhor o comportamento dos custos. “Toda empresa consiste em um conjunto de atividades desenvolvidas para projetar, produzir, mercadejar, distribuir e apoiar seus produtos” Figura 36 - Cadeia de valor de Michael Porter Fonte: Ferreira (2014, p. 25). Nessa fi gura, podemos perceber que das nove atividades de criação de valor, cinco são atividades básicas e quatro de apoio. A seguir vamos aprender ainda acerca da estruturação da cadeia de processos. a) A estruturação de processos A partir de agora entenderemos como estruturar uma cadeia de processos objetivando uma gestão bem mais efi ciente na organização, com padrões de excelência orientados pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) – organização renomada na área. E para compreendermos melhor, vamos apresentar esta estrutura em quatro fases distintas, vejamos: 155 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 • A estrutura da cadeia de valor Uma Cadeia de Valor, no âmbito organizacional, representa a forma de uma empresa ordenar os seus mais diversos processos - tanto os macroprocessos como os processos e subprocessos - com o objetivo de criar valor às partes interessadas, assegurando sua posição estratégica no ambiente em que se localiza, visando tanto o tempo presente quanto o futuro. E essa forma de ordenamento se refere tanto às operações principais quanto às operações de apoio da organização. Pensando assim, quando se tenciona construir uma Cadeia de valor, o passo inicial a ser dado é "promover o entendimento básico do negócio e da organização por meio da identifi cação do fl uxo de valor, partes interessadas e suas necessidades, estrutura organizacional e objetivos estratégicos da empresa" (FNQ, 2014, p. 14). A fi gura a seguir nos mostra, de forma simplifi cada, o passo a passo para essa construção. Uma Cadeia de Valor,no âmbito organizacional, representa a forma de uma empresa ordenar os seus mais diversos processos - tanto os macroprocessos como os processos e subprocessos - com o objetivo de criar valor às partes interessadas, assegurando sua posição estratégica no ambiente em que se localiza, visando tanto o tempo presente quanto o futuro. Figura 37 - Passos para estruturação da cadeia de valor Fonte: FNQ (2014, p. 14). São passos norteadores claros, com basicamente poucas palavras de comando: defi nir - entender o modelo - entender o modo - elaborar - aprovar. E na fi gura seguinte, visualiza-se o modelo mais geral de uma cadeia de valor e suas variáveis inter-relacionadas. Figura 38 - Modelo genérico da cadeia de valor Fonte: FNQ (2014, p. 14). 156 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Por ser formada por um conjunto de processos interligados, a cadeia de valor acaba se portando como um sistema vivo e seus componentes são subjetivos (cultural e humanos: clientes) e objetivos (processos). Ela tem a capacidade de retroalimentação por meio dos feedbacks - retornos - dados pelos clientes e a sociedade em geral. Observe o sentido de ida e volta das setas na cor alaranjada. "As crenças e os valores da organização devem permear a execução de todas as atividades diretas e indiretas para que seja percebido o valor da organização por todas as partes interessadas em cada atitude/comportamento" (FNQ, 2014, p. 15). 4, p. 15) • Desdobramento da cadeia de valor Nesse ponto, após estruturar a Cadeia de valor, deve-se fazer um detalhamento máximo dos processos que a integram, chegando até o nível que for satisfatório para que sejam executadas suas rotinas por áreas. O pressuposto desse desdobramento em níveis da cadeia de valor é a hierarquia de processos. De acordo com FNQ (2014), a maioria das organizações adota, costumeiramente, até quatro níveis de desdobramento a partir dela. Na fi gura a seguir, temos exemplo de um passo a passo do desdobramento da cadeia de valor. Por ser formada por um conjunto de processos interligados, a cadeia de valor acaba se portando como um sistema vivo e seus componentes são subjetivos (cultural e humanos: clientes) e objetivos (processos). Ela tem a capacidade de retroalimentação por meio dos feedbacks - retornos - dados pelos clientes e a sociedade em geral. Figura 39 - Passos para o desdobramento da cadeia de valor Fonte: FNQ (2014, p. 15). Para esse procedimento de desdobramento da Cadeia de Valor: Deve-se ter uma noção clara do tamanho dos processos e alin- há-los à hierarquia de processos defi nida pela organização. Além disso, também é preciso levantar as necessidades e ex- pectativas dos clientes internos e externos para que seja pos- sível estabelecer indicadores com níveis de serviços e entregas sob medida, além de incorporar esses requisitos nos processos. 157 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 A hierarquia de processos é uma abordagem que permite à organização visualizar como seus processos desdobram-se desde uma "visão do todo" – normalmente representada pela Cadeia de processos - até uma "visão operacional", em geral representada por fl uxogramas e procedimentos. Para iniciar o desdobramento, indicamos usar a Matriz SIPOC, que é uma forma de visualização geral do processo (FNQ, 2014, p. 15). O cerne do desdobramento da cadeia de valor é que se conheçam todos os processos e quais são aqueles que têm proeminência para a organização. • Visão Geral do Processo de uma Cadeia de Valor Como geralmente há muitos processos em uma organização, fi ca claro que não é possível estruturar, ou ainda melhorar, todos os processos, simultaneamente. É conveniente que se faça uma avaliação para medir a maturidade dos processos e só depois fazer o estabelecimento de sequência para que os processos tidos como críticos sejam melhorados, tendo com base as diretrizes estratégicas e outros parâmetros signifi cativos da empresa. No exemplo a seguir, a fi gura dá uma ideia de como deve ser construído o diagrama da Cadeia de valor (FNQ, 2014, p. 17). Figura 40 - Visão geral do processo da cadeia de valor com SIPOC Fonte: FNQ (2014, p. 17). 158 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Nesta fi gura temos um exemplo de megaprocesso, utilizando o SIPOC, em que é evidenciado o planejamento estratégico da organização. O objetivo está em dar as condições para a empresa defi nir e implementar sua estratégia atual e futura. • Avaliação da maturidade dos processos A avaliação dos processos tende a conhecer até que ponto suas práticas atuais têm atendido em conformidade às práticas de classe mundial. “A avaliação de maturidade permite apoiar a análise de cenário interno no ciclo de revisão da estratégia. Com isso, é possível direcionar esforços e recursos para alavancar processos com focos estratégicos com maior assertividade" (FNQ, 2014, p. 19). A fi gura adiante mostra as etapas de uma avaliação da maturidade. “A avaliação de maturidade permite apoiar a análise de cenário interno no ciclo de revisão da estratégia. Com isso, é possível direcionar esforços e recursos para alavancar processos com focos estratégicos com maior assertividade” Figura 41 - Passos para avaliação da maturidade Fonte: FNQ (2014, p. 19). Após avaliação dos processos, uma das metodologias existentes e que pode ser utilizada é a matriz de qualidade x maturidade (FNQ, 2014, p. 22). Figura 42 - Matriz de Qualidade x Maturidade Fonte: FNQ (2014, p. 22). 159 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Nessa matriz devem ser mapeadas as variáveis da qualidade (quanto à prática exemplar no mercado de atuação) versus a maturidade (robusto, repetível e com indicadores integrados à estratégia). A seguir veremos os parâmetros da qualidade para o posicionamento na matriz. • Critérios para Posicionamento na Matriz Os critérios nada mais são do que os parâmetros delineados para que se alcance a qualidade do processo. Veja a fi gura a seguir que nos dá exemplo de como esses critérios estão dispostos. Figura 43 - Critérios da matriz de Qualidade x Maturidade Fonte: FNQ (2014, p. 23). Critérios que começam no nível totalmente sem padronização até alcançar o nível mais alto, da inovação. Quando há um critério a ser seguido, a organização consegue se modernizar bem mais rápido. • Priorização dos processos Nessa fase, da priorização dos processos, a maturidade dos processos será a base para avaliação dos resultados. "Vale ressaltar que o resultado da priorização deverá fazer sentido frente às prioridades da organização decorrentes da revisão da estratégia e do contexto" (FNQ, 2014, p. 24). Nessa fase, da priorização dos processos, a maturidade dos processos será a base para avaliação dos resultados. 160 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade − Processos críticos Os processos críticos são aqueles que causam maior impacto na vida da empresa, tanto no presente quanto no futuro dela - afetam diretamente seus objetivos estratégicos e na satisfação daquelas partes que lhe são interessadas. Veja a fi gura a seguir para melhor compreensão das etapas da priorização dos processos. Figura 44 - Etapas da Priorização dos Processos Fonte: FNQ (2014, p. 24). Esses processos também podem ser analisados na matriz de priorização, bem como podem ser defi nidos por critérios diversos, tais como: problemas e/ou reclamações de clientes, e altos custos para sua execução. Para identifi cação dos processos mais críticos, pode-se usar uma matriz de priorização, com critérios de análise conforme mostra fi gura a seguir (FNQ, 2014). Figura 45 - Case na matriz de priorização Fonte: FNQ (2014, p. 25). 161 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Após condensar todas as informações referentes aos processos prioritários, chega-se a outra fase tambémimportante: validá-las com a alta gestão da organização. E após essa maratona, quando se chega a um consenso, é a hora de implementar as melhorias. E assim se fecha o ciclo de estruturação de processos e se inicia o ciclo de melhorias (FNQ, 2014). b) Agregação de valor na gestão de processos Uma particularidade muito importante da gestão de processos, dentro das organizações, é agregação de valor. E essa noção de valor engloba o conjunto de atividades e fl uxos das informações que uma empresa possui e faz uso em todas as suas movimentações. Nesse aspecto, podemos dizer que há uma conexão direta entre a criação de valor e a excelência da organização, pois nisso há o envolvimento de processos de trabalho. "O modelo de gestão propício à criação de valor deve ser orientado para a obtenção da maior efi ciência e efi cácia das atividades internas focadas em resultados" (FERREIRA, 2014, p. 23). Por causa disso, se faz necessário que as organizações aprimorem seus processos de trabalho, para que tenham condições de elevar sua efi ciência e capacidade em atuar melhor estrategicamente. A agregação de valor é alusiva também a diversos pontos de vista que estão envoltos com a organização, tais como os acionistas, seus fornecedores, produtos e clientes. • Valor do Produto Na atualidade, já está mais que confi rmado que o valor de um produto, qualquer que seja ele, não se mede apenas observando os custos gastos para sua obtenção. O critério de maior peso nessa hora é a perspectiva do cliente/consumidor. Nesse raciocínio, Ferreira (2014) em menção a Porter (1989) esclarece que: O valor de um produto é o montante que os compradores estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes fornece. Nessa mesma direção é estabelecida a defi nição de Maranhão (2004), segundo o qual o valor é um atributo fi xado pelo cliente e não pela organização que realiza o produto. De acordo com essa perspectiva, o valor em um processo é a diferença de valor entre o produto (na saída de um processo) e a soma dos valores das entradas (matérias-primas ou insumos). Essa seria a fórmula do que se defi ne como valor agregado, ou seja: Valor Agregado = Valor do Produto - Σ Valores de Entrada (FERREI- RA, 2014, p. 24, grifo nosso). 162 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade O valor do produto tem mais a ver com aquilo que o cliente/consumidor está disposto a desembolsar para sua satisfação do que necessariamente o valor que a empresa gastou para obtê-lo. • Valor para o Cliente Quando levamos em consideração apenas as organizações empresariais, segundo Albrecht (1992 apud FERREIRA, 2014), o valor para o cliente se dá de acordo com uma hierarquia de quatro níveis - básico, esperado, desejado e inesperado –, defi nidos da seguinte forma, conforme quadro a seguir. Quadro 35 - Hierarquia de valor para o cliente Quatro níveis de valor para o cliente N ív ei s Básico ⇒ Compreende os componentes essenciais exigidos do negócio. Esperado ⇒ Envolve o que os clientes normalmente esperam de um determinado negócio. Desejado ⇒ Valor adicional que os clientes conhecem e apreciam, mas não esperam. Inesperado ⇒ Envolve aspectos que surpreendem e vão além das expectativas e desejos que o cliente tem ao fazer o negócio. Fonte: Elaborado a partir de Albrecht (1992 apud FERREIRA, 2014, p. 25). As Notações de cadeia de valor abrangem um conjunto de símbolos que servem para visualizar a agregação de valor ou passos necessários para se atingir um objetivo. Muitas abordagens dessa cadeia de valor usam conjunto próprio de símbolos, "mas, em geral, são facilmente interpretados e frequentemente empregam uma seta ou um traço horizontal para expressar cada passo na cadeia. Grupos de passos podem ser sumarizados sob um objeto de “processo superior”. Na cadeia de valor, o fl uxo, normalmente, segue da esquerda para a direita e descreve os subprocessos que contribuem diretamente para produzir valor para os clientes (ABPMP, 2013, p. 93). Maiores detalhes na fi gura a seguir. Acompanhe esse exemplo. 163 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Fonte: ABPMP (2013, p. 94). Observe na fi gura que o ponto inicial do processo é à sua esquerda e descreve aqueles subprocessos que são os responsáveis em infl uenciar mais na perspectiva do cliente. Para conhecer e aprender mais sobre esta temática acesse o sítio: <https://www.youtube.com/watch?v=7uIV1JOygUc&ab_ channel=RenatoMoura>. Mais um momento de treino!! Vamos fortalecer o aprendizado... Atividades de Estudos: 1) Analise as afi rmativas adiante e classifi que-as em verdadeiro (V) ou falso (F): a) ( ) A principal marca de uma cadeia de valor é indicar quais processos são aleatórios para a organização. b) ( ) Quando Porter idealizou sua teoria, se baseou na percepção de valor que os clientes davam aos produtos ofertados pelas empresas. Figura 46 – Exemplo de fl uxo de uma cadeia de valor 164 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 2) Conceitue com suas palavras o que signifi ca “Cadeia de Valor” e quais são suas principais características. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Quais são as principais partes a ser consideradas para estruturar uma Cadeia de Valor? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Reengenharia de Processos Nessa parte, abordaremos outra metodologia criada para tratar a gestão de processos: a reengenharia. Sua característica é a reformulação brusca e radical nos processos das empresas que a adotam. Essa metodologia ainda é adotada em muitos ambientes empresariais, e às vezes recebe outros nomes, como reengenharia, redesenho e outros tantos. Reengenharia é uma metodologia que propõe à organização começar do zero (HAMMER; CHAMPY, 1994). Não signifi ca reformular o que existe ou fazer mudanças tímidas que deixem as estruturas básicas intactas; signifi ca abandonar procedimentos consagrados e reexaminar o trabalho necessário para criar os bens e serviços, oferecendo aos clientes o que eles realmente desejam. Fonte: Marshall Junior (2012, p. 2097-2100). 165 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 a) A revolução da produtividade A história dá testemunho de que após a Segunda Guerra Mundial houve um tremendo impulso com avanços tecnológicos nas diversas áreas do conhecimento humano, visando principalmente a questão da produtividade nas áreas da produção. Avanços tecnológicos baseados na tecnologia da informação, biotecnológicos, por exemplo, impulsionaram ainda mais a produtividade das empresas. Não apenas as tecnologias, mas também novos modelos de gestão surgiram para ajudar no aumento da produtividade da empresa. Dentre esses modelos há o da Reengenharia. E logo no início de seu surgimento, havia uma grande expectativa de seus benefícios. Acreditava-se que ela iria produzir uma revolução nos processos de trabalho muito maior do que a revolução causada pelo taylorismo e fordismo no início do século XX. Alcoforado (1997), fazendo menção a Hammer e James Champy, diz: A reengenharia empresarial signifi ca pôr de lado grande par- te da sabedoria legada por dois séculos de gestão industrial. Signifi ca esquecer como o trabalho era realizado na era do mercado de massa e decidir como melhor realizá-lo agora. Na reengenharia empresarial, os antigos cargos e estruturas or- ganizacionais - departamentos, divisões, grupos, e assim por diante - perdem a importância. Eles são artefatos de outras eras. O que importa na reengenharia écomo queremos orga- nizar o trabalho agora, frente à demanda dos mercados atuais e ao potencial das atuais tecnologias. Como as pessoas e as empresas funcionavam outrora não importa para a reengenha- ria empresarial (HAMMER; CHAMPY, 1994, p. 2 apud ALCO- FORADO, 1997, p. 49). Era a promessa futurística que havia na cabeça dos mais ousados da área. Os modelos existentes nas empresas nos anos imediatos à Segunda Guerra Mundial eram considerados lentos e complexos demais. Isso mudou no início da década de 1990 com a reengenharia de processos de negócio (BPR), que foi iniciada mais ou menos si- multaneamente em 1990 por dois artigos: [...] Reengenharia do Trabalho: Não Automatize, Elimine, de Michael Hammer [...] e A Nova Engenharia Industrial: Redesenho da Tecnologia da In- formação e de Processos de Negócio, de Thomas Davenport e James Short. Posteriormente, em 1993, Davenport escreveu um livro, Reengenharia de Processos: Como inovar na Empresa at- ravés da Tecnologia da Informação, e Michael Hammer juntou-se a James Champy para escrever Reengenharia: Revolucionando a Empresa (BROCKE; ROSEMANN, 2013, p. 50, grifo nosso). Não apenas as tecnologias, mas também novos modelos de gestão surgiram para ajudar no aumento da produtividade da empresa. 166 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Simultaneamente a tudo isso, havia os que defendiam que a principal força motriz da tão sonhada mudança eram as tecnologias da informação - TI. Eles ofereceram inúmeros exemplos de empresas que haviam mudado gradativamente os processos de negócio, automati- zando processos de uma forma que gerava melhorias pouco signifi cativas. Em seguida, eles consideraram exemplos em que as empresas haviam reconcebido completamente seus processos utilizando as técnicas de TI mais recentes para que o processo funcionasse de um modo radicalmente novo (BROCKE; ROSEMANN, 2013, p. 51). Paim (2009) acrescenta que a Reengenharia revolucionou todo o contexto organizacional: • À Reengenharia se atribui a ampla difusão da lógica de se en- tender e melhorar negócios através de mudanças nos processos e de reprojetos organizacionais e também como um instrumento estratégico para a manutenção de vantagem competitiva. A Re- engenharia pode ser pensada como uma iniciativa de redefi nir as tarefas do negócio, que haviam se tornado especializadas e hierarquizadas, em processos enxutos e integrados. Um proces- so de negócio deve conter apenas as atividades essenciais que, tomadas conjuntamente, criam valor para os consumidores. • A Reengenharia deveria ser uma ruptura radical e não podia ser feita em pequenas etapas. A organização deveria partir de uma "folha em branco", romper com o passado e reprojetar o futuro da organização em direção ao que se desejasse. Depar- tamentos deveriam ser reestruturados em equipes de processos e hierarquias multiníveis deveriam ser substituídas por organi- zações com poucos níveis hierárquicos (Flat Organization), e a TI deveria exercer um papel central. (PAIM, 2009, p. 43). Eram as promessas esperadas da reengenharia para aquela época. As vantagens para as organizações seriam: • Decisões tomadas pelos próprios empregados. • Custos reduzidos. • Fluxos de processos com poucas esperas. • Ações céleres às mudanças de requisitos. • Redução em monitorar e controlar fl uxos e regras do proces- so (PAIM, 2009, p. 43). Por outro lado, segundo Paim (2009), também há algumas causas para o insucesso da aplicação de Reengenharia: 167 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 ο Falha em focar nas necessidades estratégicas do negócio. ο Alta gerência confunde ou abdica de suas responsabilidades. ο Aceitação de soluções fracamente fundamentadas. ο Falhas em reconhecer a natureza única da Reengenharia de processos de negócios. ο A Reengenharia não foi orientada por tecnologia. ο Falta de experiência antes de se iniciar os esforços de Reen- genharia. ο Acreditar que Reengenharia é uma solução imediata. ο Acreditar que a medição de desempenho é desnecessária. ο Esquecer a gestão da mudança. ο Falhar em manter o curso (PAIM, 2009, p. 51). Apesar das muitas expectativas criadas em torno das melhorias da reengenharia, houve também muitos contratempos com seu surgimento. Como exemplos de empresas que foram bem-sucedidas ao adotarem a Reengenharia em seus processos, citamos: A IBM Credit Corporation, a Ford Motor, a Kodak, a Hallmark, a Capital Holding Corporation e a Bell Atlantic (ALCOFORADO, 1997): Nelas, os processos de trabalho se tornaram rápidos, o pes- soal envolvido e os custos foram reduzidos, bem como foi el- evado o nível de qualidade dos produtos e serviços. As mu- danças radicais nos processos de trabalho associados ao uso da tecnologia da informação vêm contribuindo para uma drásti- ca redução de pessoal na atividade produtiva. A integração dos processos de trabalho contribuiu de forma decisiva para re- duzir as despesas gerais de administração (ALCOFORADO, 1997, p. 49). As mudanças no meio empresarial já estavam em célere andamento. Os processos lentos, concomitantemente, estavam sendo mirados para se acabarem. A partir desse ponto, podemos dizer que a reengenharia de processos de negócio iniciou o que temos como realidade nos dias atuais. Os executivos passaram a ver a TI como uma forma de transformação radical no modo de desenvolver e conduzir seus processos. b) Objetivo Quando bem empregada, a Reengenharia se constitui em um conjunto de medidas que objetivam o aprimoramento dos métodos e processos organizacionais de forma intensa, buscando reduzir custos e aumentando a produtividade radicalmente. Quando bem empregada, a Reengenharia se constitui em um conjunto de medidas que objetivam o aprimoramento dos métodos e processos organizacionais de forma intensa, buscando reduzir custos e aumentando a produtividade radicalmente. 168 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade "Ela repensa a maneira de desenvolver o trabalho dentro das organizações e não simplesmente a melhoria dos processos existentes. Muda o processo completamente, para que fi que lógico, efi ciente e orientado pela vocação das organizações". (MARSHALL JUNIOR, 2012, p. 2119-2121). Essa proposta se via como um repensar fundamental e uma reestruturação radical diferente do que se havia feito nos processos até aquele momento - visava alcançar melhorias profundas, transformadas em indicadores críticos e contemporâneos de desempenho, que eram: custo, qualidade, atendimento e velocidade. Ressalto que a reengenharia pressupõe começar do zero, não partir de processos existentes. Segundo Marshall Junior (2012), a reengenharia, em geral, tem quatro grandes características ou peculiaridades, que são descritas no quadro a seguir: Quadro 36 - Características da reengenharia 1ª Característica Grande foco nos clientes da organização (internos e externos). 2ª Característica Processos da organização repensados, para se obter melhorias na produtividade e nos tempos de ciclos. 3ª Característica Reorganização estrutural, que, tipicamente, quebra hierarquias funcionais, criando times multifuncionais, com formação de grupos e atividades de desenvolvimento organizacional. 4ª Característica Sistemas de mensuração e novas informações que usam a última palavra em tecnologia para direcionar a distribuição de dados e tomadas de decisão como tecnologia da informação e qualidade. Fonte: Elaborado a partir de Marshall Junior (2012, p. 2106-2110). Cada característica é inovação quando em comparação aos processos mais antigos. A primeira, por exemplo, começa a dar importância ao cliente da organização. c) Metodologia Quanto aos aspectos metodológicos da Reengenharia, são consideradas as seguintes etapas para o aperfeiçoamento de processos de negócios, conforme Marshall Junior et al. (2012, p. 2121-2127): ⇒ Desenvolver visão de processo. ⇒ Identifi car a questão crítica do negócio.⇒ Selecionar o processo crítico. ⇒ Compreender o processo: desenvolver os mapas de relacio- namentos que descrevam o estado atual de cada processo e seus inter-relacionamentos. ⇒ Redefi nir o processo: desenvolver um mapa ideal de processos. ⇒ Visualizar, projetar e implementar novo processo. 169 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Na história da Reengenharia é possível identifi car que há muita divergência quanto à sua efetiva contribuição. Em desfavor, podemos mencionar pelo menos dois fatores: • Insucesso de algumas empresas – Ao tentar implantarem a Reengenharia, se depararam com aplicativos (softwares) muito caros e de pouca aplicabilidade; • Drástica mudança para o fator humano – O uso generalizado nos processos produtivos das novas tecnologias associada à reengenharia tende a reduzir as oportunidades de emprego na agricultura, na indústria e nos serviços numa escala sem precedentes. Por outro lado, em seu favor é possível citar: Muitos de seus preceitos já foram implementados – os serviços de compra e venda on-line são os exemplos mais clássicos que há; Mudança de atitude dos altos executivos da atualidade – a maioria utiliza ferramentas tecnológias avançadas (com- putador/celular com programas avançadissímos); A TI não é mais um serviço - se tornou a essência da es- tratégia da empresa – A prática das empresas agora não é mais de reestruturar seus principais processos; logo de imediato pensam na possibilidade de deixar de lado um processo inteiro e partir para algo totalmente novo e procurar tirar o máximo proveito da tecnologia da infor- mação (BROCKE; ROSEMANN, 2013, p. 51). Contudo, apesar desses atrativos constatados com a implementação de Reengenharia, e que ela seja útil para o desenvolvimento de processos com excelência, Paranhos Filho observa que "a consequência de sua adoção radical e equivocada por muitas empresas pode acabar por provocar problemas estruturais sérios" (PARANHOS FILHO, 2007, p. 53). E comenta ainda: Similar às pessoas que são anoréxicas, Prahalad e Hamel chamam de anorexia corporativa à situação de fraqueza das empresas que adotaram de forma radical os princípios da re- engenharia, pois fi cavam enxutas no sentido de fi carem sem a força muscular necessária para desenvolver suas competências essenciais, uma vez que, com a eliminação de muitos postos de trabalho, há grande número de demissões e juntamente com as pessoas demitidas esvai-se parte da memória da empresa, que assim pode perder a capacidade de enfrentar e reagir aos desa- fi os e às mudanças. (PARANHOS FILHO, 2007, p. 53). 170 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade O que podemos compreender é que urge ter cautela nas decisões que se referem à implantação adequada da Reengenharia nas organizações. Essa mudança de práxis trouxe muitos inconvenientes à empresa, principalmente no que diz respeito ao fator humano, com reduções/demissões de pessoal. Contudo, em algumas empresas foi uma mudança irreversível para que elas tivessem condições de melhorar sua competitividade e continuassem sobrevivendo em meio à concorrência acirrada existente no novo cenário criado pela globalização. Nossa hora de exercitar!! Mãos à obra!! Atividades de Estudos: 1) Qual era a proposta da reengenharia para as empresas? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Ainda se vê nos dias atuais aplicação da reengenharia? Justifi que. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Assista ao vídeo indicado no link <https://www.youtube.com/ watch?v=O0JDTb9UZSM> e responda: qual a diferença entre os processos modelados com a reengenharia? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 171 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Gestão de Processos de NegÓcios No livro O Futuro da Administração, de Gary Hamel, se enfatiza a relevância de desenvolver melhores processos para negócios no mercado global; comenta- se de forma bem sucinta a necessidade da aplicação de recursos modernos para gerir um negócio em tempos modernos, e nos relata (JESUS; MACIEIRA, 2015): “As empresas competem no ambiente do século XXI e, no en- tanto, ainda adotam práticas de gestão do século XX” (HAMEL, 2007). É preciso buscar novas formas de gerir, mais aderentes a uma realidade nova, na qual os clientes são mais exigen- tes, há maior competição, incerteza e complexidade nas oper- ações, o capital intelectual é cada vez mais valorizado e o uso intensivo da tecnologia da informação condiciona os negócios. (JESUS; MACIEIRA, 2015, p. 412-418). Neste contexto, uma organização que se orienta por processos é uma estrutura organizada, mensurada e gerenciada em torno de seus processos de negócios (ABPMP, 2013). E, para a realização desta visão sistêmica do mundo dos negócios em atender às novas exigências do século XXI, uma das principais ações perpassa em moldar a própria estrutura organizacional quanto à gestão de seus processos, com acréscimos ou restruturações hierárquicas estratégicas. Acerca desta temática, trataremos da importância da formação de uma estrutura consolidada por processos. Acompanhe o passo a passo a seguir. a) Gestor do processo de negócio Apesar dos avanços tecnológicos em torno da gestão de processos, uma peça é fundamental para seu sucesso ou fracasso - o gestor de processos, aquele que é responsável pela condução da gestão do processo. "Organizações orientadas por processos nos diversos estágios de desenvolvimento incluem indivíduos que realizam ou proveem suporte à execução e transformação de processos" (ABPMP, 2013, p. 314). Sãos os papéis funcionais. Um fator organizacional que parece refl etir a evolução ou a ma- turidade das organizações [...] é a existência de um grupo espe- cializado reconhecido como especialistas em processos. Muitos iniciam com um escritório de processos ou grupo similar que forneça à organização conhecimento especializado em méto- dos, técnicas, ferramentas e padrões, atuando como consultoria interna. Uma organização mais madura e experiente orientada por processos terá um grupo de governança de gerenciamento de processos para supervisionar o portfólio de processos e alin- har, priorizar esforços de transformação na organização. E algu- mas organizações podem ter os dois tipos de grupos trabalhan- do em conjunto. Esses grupos são compostos por profi ssionais de gerenciamento de processos com uma ampla gama de títulos e responsabilidades. (ABPMP, 2013, p. 24). 172 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Destaco, dentre esses diversos papéis, a fi gura do gerente de processo e a do analista de processo. Gerente de Processo coordena e gerencia o desempenho dos processos no dia a dia e lidera iniciativas de transformação de processos. Analistas de Processos realizam trabalhos de análise de processos e apoiam o desenho de processos em iniciativas de transformação. Fonte: ABPMP (2013, p. 322). O gerente de processos é o responsável pela administração do processo. E o analista é aquele que recebe a incumbência de estabelecer os parâmetros do processo, que pode ser também o de criação, visando sempre a melhoria desse processo. Esses dois personagens devem fazer o máximo para modernizar e simplifi car toda a parte de documentação interna da empresa,com objetivos práticos de melhoria da produtividade, efi ciência e efi cácia das atividades realizadas nos processos de negócio. Esses dois papéis requerem um conjunto de requisitos e qualidades para aqueles que deverão desempenhar suas funções. Dentre elas, citamos algumas (OLIVEIRA, 2013): Autocontrole e autodisciplina. Interação com competências básicas da empresa. Criatividade. Capacidade de oferecer melhor solução de forma sistêmica aos anseios do cliente. A maior relevância são os resultados. Trabalhar na diversidade. Atuar na adversidade com equilíbrio. Possuir humildade. Possuir otimismo e pessimismo moderados. Trabalhar com inteligência em empresas inteligentes. Moderável ao esperar mudança de cultura. Delegar evidenciando efi ciência, efi cácia e efetividade. 173 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Possuir pessoal de fora do sistema ou processo, objetivando apoio ao desenvolvimento e consolidação na gestão de pro cessos. Partilhar as informações. Possuir gestão do tempo. Atuar com sistemas e processos autogeridos. Trabalhar aproveitando as vitórias pequenas de forma gradual e acumulativa. Ter satisfação ao trabalhar e gerir processos. Além dessas qualidades, devem possuir também um bom conhecimento da estrutura da organização - seus setores e atividades desenvolvidas, bem como das equipes que a compõem, iniciando na área operacional até chegar à gerência –, conhecer cada detalhe peculiar de toda a empresa - tanto funções quanto os que estão envolvidos nas atividades. Acrescento ainda ao rol dos requisitos de quem exerce o papel de gerente/ analista de processos: é de muito bom tom que essas pessoas conheçam métodos, técnicas e formas de análises, englobando aqui o uso da tecnologia da informação no desenvolvimento de atividades administrativas em geral. Esse cenário de exigência fez com que o mercado de gestão de processos crescesse consideravelmente, abrindo oportunidades de profi ssionalização na área com outro up - a certifi cação. Essas certifi cações profi ssionais são um diferencial no currículo de quem as possui, pois elas confi rmam que esses profi ssionais possuem habilidade e experiência naquela área específi ca do conhecimento, bem como dão maior credibilidade ao profi ssional. Os profi ssionais certifi cados, segundo algumas pesquisas, têm mais chances (cerca de 53%) de conseguir novo emprego do que aquele que não tem tal certifi cação. Contudo, alerto para o fato da necessidade de qualifi cação para obtenção dessa certifi cação profi ssional - se faz necessária a realização de prova; há ainda a possibilidade de realização de cursos preparatórios antes da prova. E fora esse preparatório, é recomendável que o gerente/analista procure melhorar sua formação acadêmica formal. No aspecto das possibilidades de certifi cação, é recomendável também que se procure daquelas empresas de renome na área. Dentre essas empresas, podemos mencionar algumas, de acordo com o quadro seguinte: Certifi cações profi ssionais são um diferencial no currículo de quem as possui, pois elas confi rmam que esses profi ssionais possuem habilidade e experiência naquela área específi ca do conhecimento, bem como dão maior credibilidade ao profi ssional. 174 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Quadro 37 - Empresas certifi cadoras CBPP1 (Certifi ed Business Process Professional) • É uma certifi cadora que mais tem se destacado no cenário brasileiro, e sua unidade certifi cadora é a ABPMP. • Sua validade é de três anos. • Tem valor internacional. OCEB2 (OMG Certifi ed Expert in BPM) • É uma certifi cação concedida pelo Object Management Group. • Não foca a experiência do profi ssional, e sim seu conhecimento e domínio de técnicas. • É uma certifi cação dividida em cinco titulações, com três níveis. Fonte1: Disponível em: <http://www.abpmp-br.org/ certifi cacao-cbpp/>. Acesso em: 15 jun. 2017. Fonte2: Disponível em: <http://blog.iprocess.com.br/2014/06/certifi cacoes- para-profi ssionais-de-processos-de-negocio/>. Acesso em: 15 jun. 2017. Além dessas certifi cações que tratam dos conhecimentos de métodos e técnicas, já estão disponíveis também as relativas a ferramentas de softwares, destinadas a certifi cações de processos. Essas ferramentas são de grande valia, apesar de suas restrições – destinadas a um produto específi co. Oracle BPM Suite, Bizagi BPM Suite, IBM Websphere Lombardi e TIBCO ActiveMatrix BPM são algumas das empresas que atuam nessa área de certifi cação profi ssional. Para maiores informações sobre esse tema, acesse os links a seguir e descubra mais sobre certifi cações de processos: - Webinar: <https://www.youtube.com/watch?v=dYpaHLdeask>. - CBPP:<http://www.abpmp-br.org/?option=com_content&view =article&id=72&Itemid=148> e <http://abpmp-br.org/>. - OCEB2: <http://www.omg.org/oceb-2/> e <http://www.omg.org/>. - CBPMP: <http://www.bpminstitute.org/certifi cation>. - CPBPM: <https://www.villanovau.com/programs/certifi cates/ bpm-certifi cate/>. 175 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Aos profi ssionais que atuam como gestores de processos existe ainda a possibilidade de trabalharem na área de consultorias externas ou mesmo em escritório no ambiente interno da empresa. Nessa área de atuação, geralmente, acham-se alguns níveis de profi ssionais. O primeiro nível envolve o profi ssional modelador e mapeador do processo. Em seguida, vem o arquiteto. Logo após, vem o gestor de projetos de processos. Por último, aparece o nível de gestor de processos. Contudo, esse nivelamento não é padrão em todas as empresas. b) Escritório de gestão por processos Para o bom andamento da gestão de processos, recomenda-se a implementação de escritório de gestão por processos. Essa designação se refere a uma forma usada pelas empresas para institucionalizar em seu ambiente interno a gestão por processos. Essa forma visa precipuamente a efetivação e implementação da gestão por processos no “DNA” das tarefas da empresa. “São menos centrados no conteúdo dos processos e mais sobre como esse conteúdo é gerenciado” (ABPMP, 2013, p. 332) Escritório de gestão de processos: É essencialmente uma estrutura que serve a todas as demais unidades organizacionais. Ele auxilia a alta administração a alinhar e operacionalizar suas estratégias com as demais unidades, garantindo uma governança sobre as ações de gestão e transformação de processos organizacionais. Possui elementos que facilitam a operacionalização do processo de governança e mantêm atualizados os procedimentos, as ferramentas e um conjunto de conhecimentos sob a forma de métodos e técnicas. Fonte: USIRONO (2015, p. 3-4). A fi gura a seguir nos dá um exemplo de uma estrutura funcional cuja base são os processos transversais conjugados a um escritório de processos. Este último vai tratar do ciclo de vida do desenho de processos e tem atribuições de normatizar e de melhoria. 176 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Figura 47 - Estrutura funcional de processos transversais e escritório de processos Fonte: Pinho et al. (2008, p. 28). Agora observe a Figura 48. Ao contrário da Figura 47, ela nos dá exemplo de uma estrutura por processos com alternativas para que o Escritório de Processos atue mais contundentemente. Na primeira fi gura temos a separação das atribuições de normatização e melhorias; a segunda, inversamente, nos dá a ideia do escritório acumulando estas funções. Figura 48 - Estrutura por processo e a mudança no papel do escritório de processo Fonte: Pinho et al. (2008, p. 30). 177 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Numa organização existem muitas áreas que executam ações voltadas aos processos da empresa. É uma multiplicidade de áreas, fato esse que causa difi culdade no momento de se obter informações unifi cadas, com parâmetrosespecífi cos, consistentes e integrados, com uma visão una do processo. O escritório busca criar um espaço comum, com visão com- partilhada dos processos, capaz de apoiar cada uma das par- tes na gestão de seus processos e no alcance de resultados globais. Mesmo com o escritório ao centro da fi gura, não há intenção de defi nir que o escritório centraliza (ou descentrali- za) a gestão de processos. O escritório auxilia na promoção da articulação da gestão de processos; O escritório conforma uma área fortemente focada na per- manência na organização – a garantia de que práticas e a lógi- ca da gestão de ou por processos vão continuar internalizadas e atualizadas (PAIM, 2009, p. 243). O escritório de processos se mostra, então, de grande proveito à organização. E algumas de suas responsabilidades são: Defi nir princípios, práticas e padrões. Proporcionar ferramentas e métodos comuns. Formar e educar sobre práticas e princípios de gerenciamento de processos de negócio. Fornecer orientação, mentoria e treinamento em melhores práticas e padrões. Prover recursos (humanos, ferramentas) para projetos de análise e desenho. O objetivo de um escritório de processos é bastante teórico, mas envolve o alinhamento, viabilização e operacionalização das estratégias do negócio organizacional, incluindo aqui a coordenação de ações que otimizem seus processos organizacionais. Com isso, Usirono (2015) nos diz que há três grandes objetivos do escritório de processos, e são descritos no quadro a seguir: O objetivo de um escritório de processos é bastante teórico, mas envolve o alinhamento, viabilização e operacionalização das estratégias do negócio organizacional, incluindo aqui a coordenação de ações que otimizem seus processos organizacionais. Quadro 38 - Objetivos do escritório de processos AÇÕES ELEMENTOS 1. Atua como elo entre o planejamento estratégico e demais áreas ⇒ Principal foco nas áreas funcionais. ⇒ Essa integração garante que as decisões estratégicas estejam alinhadas e incorporadas às ações e melhorias e/ou inovações em processos através de ações de transformação. 178 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Fonte: Elaborado a partir de Usirono (2015, p. 5). Nessas ações, há a essência do fazer diário da empresa, com envolvimento entre o planejamento estratégico e as demais áreas – entenda-se o elo entre a alta cúpula e os níveis mais operacionais; seu viés estrutural, bem como todo o seu comportamento organizacional. Na fi gura a seguir podemos visualizar alguns exemplos da interação entre escritório de processos e outras áreas. 2. Estrutura um processo de governança do portfólio de processos ⇒ Estabelece padrões de acompanhamento de desempenho, grau de maturidade, níveis de detalhamento e documentação de processos. ⇒ Consolida as responsabilidades e os procedimentos de avaliação, aprovação e acompanhamento de iniciativas de processos. ⇒ Determina critérios para a seleção de ferramentas, técnicas e métodos. 3. Operacionaliza o processo de governança ⇒ Efetua a disseminação de conhecimento em processos e abordagens na solução de problemas por toda a organização, através da realização de seminários, workshops e treinamentos. ⇒ Comunica e operacionaliza a governança através de comitês operacionais e executivos gerindo o portfólio de processo; ⇒ Atua no acompanhamento da execução e implantação das iniciativas de processos com foco em gestão de mudanças e acompanhamento de benefícios pós- implantação. Figura 49 - Típicos relacionamentos do escritório de processos Fonte: PAIM (2009, p. 245). 179 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 As áreas mostradas na fi gura são apenas exemplifi cativas e não exaustivas. Há muitas outras áreas que não foram mencionadas. O que se pretende é mostrar o quanto o escritório de processos infl uencia nas outras áreas. Só a título de exemplo, podemos mencionar a falta de relacionamento com “agências reguladoras, conselhos de administração, comitê de processos e outros” (PAIM, 2009, p. 243). Ressalto que o escritório de processos, apesar de toda a sua infl uência na organização – na fi gura acima ele se localiza ao centro da organização, mas não signifi ca que é o centralizador da gestão de processos - apenas auxilia no alcance dos objetivos estratégicos, contudo, deve se adaptar ao modelo da organização e não o inverso. c) Estrutura e formação da área de processos Com frequência, vemos as organizações serem estruturadas antes que se defi nam os processos, fazendo com que gestores os ponham a funcionar de alguma forma dentro das estruturas organizacionais existentes. Infelizmente, essa prática, corriqueira em muitas empresas, pode levar à inefi ciência, a problemas de qualidade e trabalhos sem a menor conexão com os objetivos da organização. Para ajudar a evitar esses problemas na medida em que no- vos processos são defi nidos no esforço de transformação, uma atenção especial deve ser direcionada à possibilidade de mu- danças na estrutura organizacional para que sirva melhor ao desempenho do processo (ABPMP, 2013, p. 295). A organização precisa dar uma atenção especial à sua estrutura, verifi cando se há condições de melhorias para poder, então, fazer a implantação da gestão por processos. Estrutura Funcional: Estrutura organizacional determinada por especialização do trabalho. Permite economias de escala e simplifi ca a coordenação, no entanto, atrasa a tomada de decisão e o tempo de resposta a mudanças. Está orientada a metas internas e não possui foco do cliente. Fonte: ABPMP (2013, p. 434). 180 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade A necessidade das instituições se estruturarem para gerenciar seus processos é cada vez maior e mais abrangente. Isso acontece em razão do aumento da complexidade e alcance dos processos organizacionais, bem como, por causa da frequência com que modelagem, melhorias, implantação, integração e coordenação de processos se realizam. O gerenciamento dos processos é feito por uma unidade de relacionamento que normatiza, coordena e estabelece os métodos e ferramentas que dão as diretrizes para o desenvolvimento dos processos institucionais. Por conta dessa gama de envolvimento, essa área deve se preparar e ser capaz de privilegiar processos, em pontos críticos, defi nir por meio de métodos específi cos, visando melhorias. A seguir, temos vislumbre das responsabilidades de uma área de mapeamento e melhoria de processos: Traduzir a visão estratégica para a operacional. Promover a melhoria contínua dos processos. Fomentar a inovação e a criatividade nas ações de processos. Coordenar as atividades de melhoria e inovação de processos através de uma abordagem de gestão de portfólio. Acompanhar os benefícios entregues a partir da melhoria e da gestão do dia a dia dos processos. Defi nir e manter métodos e ferramentas de apoio para as ini- ciativas de gestão de processos. Dar apoio às atividades de gestão da mudança durante os pro- jetos de melhoria de processos. Fornecer recursos internos para o estudo, pesquisa e evolução de gestão de processos na organização. Apoiar o uso de sistemas e outras tecnologias relacionadas à gestão de processos. Compartilhar e disseminar conhecimentos relacionados a pro- cessos e resultados bem-sucedidos com gestão de processos (Banco Nacional de Processos) (PINHO et al., 2008, p. 16). Como visto, são grandes as responsabilidades da área de mapeamento e de melhorias de processos. E essas responsabilidades vistas acima são apenas exemplifi cativas. Quem for o responsável, ou os responsáveis, por essa área, tem grande relevância para a organização. d) Passos necessários para a estruturação de uma área de processos Os passos estratégicos para a estruturação de uma área de processos são defi nidos por todas as metodologias. São elas que dão visibilidade à forma gradativa de processo,e isso demanda planejamento, tempo e cujos resultados nem sempre são imediatos. Segundo Pinho et al. (2008), referente à metodologia, há três formatos de atuação na área de processos, conforme o quadro a seguir: 181 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Quadro 39 - Formatos de atuação na área de processos 1ª Abordagem: Normativo Colaborativo • Suas atividades possuem caráter estratégico na Governança de Gestão dos Processos, no controle de qualidade e de custos, na melhoria contínua dos processos e nas atividades de suporte. 2ª Abordagem: Coordenador ou Normativo • Estabelece atividades operacionais relacionadas à gestão dos processos, basicamente associadas ao acompanhamento e controle destes. 3ª Abordagem: Coordenador • A área de processos congrega as duas outras formas de atuação. Fonte: Elaborado a partir de Pinho et al. (2008, p. 47). Cada instituição escolhe a melhor localização da área de seus processos. Para isso, deve levar em consideração o formato de atuação que seja mais adequado à sua estrutura e cultura organizacionais. Algumas orientações, contudo, são sugeridas nesse aspecto. De acordo com Oliveira (2013), uma vez que a área de gestão de processos não realiza atividades operacionais, ela deve ser estruturada como uma unidade organizacional de assessoria, pois é um agente facilitador para a otimização dessas atividades. E ainda, como essa área depende do favorecimento e apoio da alta cúpula organizacional para ser vetor da gestão de mudança, se faz necessário que seja inserida entre os níveis hierárquicos mais elevados da organização. e) Objetivos e ações Após a defi nição das formas de atuação e o posicionamento estratégico da área de gestão de processos, vem a fase de defi nição dos objetivos macros e as atividades necessárias para seu alcance. Nesse ponto, é feita a defi nição formal e clara de onde cada um dos envolvidos irá atuar com suas atividades relacionadas à gestão de processos. No prosseguimento das defi nições, vem a parte dos recursos necessários aos processos – fi nanceiros, humanos e tecnológicos. Em síntese, é na área de gestão de processos que acontece a execução das atividades de levantamento, análise, elaboração e implementação de rotinas para as melhorias dos processos organizacionais. Um, dois, um, dois... hora do exercício!! Vamos lá! 182 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Atividades de Estudos: 1) Defi na os conceitos a seguir, conforme seu entendimento: a) Gestor de processos: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Escritório de gestão por processos: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Quais são os requisitos para a estrutura e formação de uma área de processos? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Julgue as afi rmativas a seguir em verdadeiro (V) ou falso (F): a) ( ) Gerente de Processo é aquele que podemos dizer que é o grande líder da gestão de processos e fará com que as transformações de melhorias no processo se procedam efetivamente. b) ( ) O tipo de estrutura organizacional que permite economias de escala e simplifi ca a coordenação, no entanto, atrasa a tomada de decisão e o tempo de resposta a mudanças, é a gestão por processos. 183 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Gerenciando Processos com BSC Em estudo anterior tivemos o primeiro contato com o Balanced Scorecard (BSC) entre as principais ferramentas e técnicas para mapeamento e modelagem de processos. Onde aprendemos a defi nição e algumas aplicações e correlações com a gestão de processos. Nesta seção iremos compreender um pouco mais desta temática com aplicações orientadas para o gerenciamento de processos. Vamos lá! a) Gerenciando e mensurando processos com BSC Vimos anteriormente que Kaplan e Norton, ao proporem o Balanced Scorecard (BSC), estavam discutindo sobre a estratégia das organizações em como gerenciar seus negócios “com medidas que vão além dos números fi nanceiros, trazendo ainda no escopo da ferramenta a perspectiva de processos, por meio da qual são gerenciados os indicadores críticos para a melhoria de operações, processos e serviços orientados”, proporcionando satisfação dos clientes no que é crítico (estratégico) aos seus interesses (DA SILVA, 2015, p. 762-765). BSC (Balanced Scorecard): Abordagem que traduz a missão e visão das organizações em um conjunto de métricas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gerenciamento estratégico. Fonte: BPMP (2013, p. 416) Avaliação de Desempenho do BSC: Um dos pontos-chave do Balanced Scorecard foi ampliar as perspectivas de avaliação de desempenho, que sempre foram muito focadas em aspectos puramente fi nanceiros. Portanto, podemos defi nir o Balanced Scorecard da seguinte maneira: “ferramenta destinada ao acompanhamento das decisões estratégicas tomadas pela empresa com base em indicadores previamente estabelecidos e que devem permear ao menos quatro aspectos: fi nanceiros, clientes, processos internos e aprendizagem & crescimento”. E “nas palavras dos próprios professores Robert Kaplan e David Norton: No Balanced Scorecard a comunicação se dá por meio de uma estrutura lógica, baseada no gerenciamento 184 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade das metas estabelecidas, possibilitando aos gestores realocar recursos físicos, fi nanceiros e humanos, a fi m de alcançar os objetivos estratégicos. Mais que uma ferramenta de mensuração de desempenho, o Balanced Scorecard é um tradutor da estratégia e comunicador de desempenho”. Fonte: Disponível em: <http://www.venki.com.br/blog/exemplos- de-balanced-scorecards/>. Acesso em: 15 jun. 2017. Em seu artigo Conceptual Foundations of the Balanced Scorecard, de Robert Kaplan (2010, p. 13), publicado pela Harvard Business School, Harvard University, o autor apresenta um quadro comparativo dos indicadores BSC com o painel de controle de uma aeronave. Veja a analogia: Poucos de nós fi cariam confortáveis voando em um avião guia- do apenas por instrumento único, mesmo que os incentivos do piloto e dos passageiros para uma chegada segura e a tempo estivessem perfeitamente alinhados. Os incentivos são impor- tantes, mas as informações, a comunicação e o alinhamento proporcionam visão estratégica muito maior (KAPLAN, 2010, p. 13, tradução livre). Na fi gura a seguir podemos visualizar as quatro visões estratégicas do Balanced Scorecard. Figura 50 - As quatro visões estratégicas do BSC Fonte: FNQ (2015, p. 11). 185 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 O Painel de Controle ou BSC é proveniente da visão estratégica da organização que objetiva defi nir “indicadores de desempenho e avalia se eles estão ou não atingindo os resultados esperados”. Outro fator relevante é que “traduz a missão e a visão da empresa em um conjunto de objetivos e métricas de desempenho claros e mensuráveis e indica seu desdobramento para todos os processos e todas as áreas da organização”. (FNQ, 2015, p. 11). Esta ferramenta é de grande valia tanto para os gestores quanto para os colaboradores, pois proporciona uma compreensão e visão geral do negócio da organização: Ao articular a visão de negócios e a estratégia da empresa, a fer- ramentaauxilia os gestores a identifi car os melhores indicadores, considerando sempre a compatibilidade com as estratégias traça- das, com o desenvolvimento de métricas e, por fi m, com os resul- tados gerados, contemplando o sistema como um todo. Muito utilizado na redefi nição de estratégias de uma organi- zação, o BSC relaciona os objetivos às metas de longo prazo e viabiliza mudanças organizacionais, possibilitando maior com- preensão da visão e estratégia da empresa entre gestores e colaboradores. (FNQ, 2015, p. 11). É possível compreender que o fator econômico-fi nanceiro não é o principal ou o único fator a ser mensurado como parâmetro de sucesso em uma organização; e também nunca deve ser medido isoladamente, pois seria comprimir o conhecimento econômico de valor em um grão de areia ínfi mo, e em seguida enviá-lo ao espaço. É necessário e inteligente mensurar os valores intangíveis de desempenho gerados pelas pessoas ao lidarem com um processo, seja no campo decisório da gestão; na realização de um processo manual, físico - in loco; seja como cliente ou fornecedor e vice-versa, por exemplo. Agora iremos conhecer um pouco mais acerca desta temática, principalmente quanto às categorias de medidas dos processos. Acompanhem e let’s go! Muitos podem indagar: E então, como posso quantifi car os processos? Da Silva (2015, p. 695-696), afi rma o seguinte: “processos são como organismos vivos. É preciso entendê-los”. Afi rma, ainda, que existe a necessidade de números para que se possa quantifi car os comportamentos. E comenta alguns conhecimentos adquiridos no mercado: É necessário e inteligente mensurar os valores intangíveis de desempenho gerados pelas pessoas ao lidarem com um processo, seja no campo decisório da gestão; na realização de um processo manual, físico - in loco; seja como cliente ou fornecedor e vice- versa, por exemplo. 186 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Então, com a prática dos projetos de melhoria, entendi que po- demos encontrar categorias de medidas quando estudamos os processos. Estas estão divididas em quatro: a) Medidas gerais, que retratam o aspecto mais macro, mais geral do processo. b) Medidas de valor, que retratam o quanto de valor, fi nancei- ramente falando, é processado pela operação. c) Medidas de retrabalho, que indicam o quanto de desperdício é gerado pelo processo ou que o afete. d) Medidas de produtividade, que retratam o quanto de produ- tividade a operação é capaz de imprimir. (DA SILVA, 2015, p. 697-705, grifo nosso). Gestão de desempenho: conheça a chave da gestão moderna: Acesse este artigo que trata da Gestão do Desempenho Empresarial, também chamada de Gestão de Performance, a qual tem como escopo a gestão das atividades da empresa de modo que seus objetivos estejam sempre sendo atendidos de forma efi ciente e efi caz. Fonte: Disponível em: <http://www.venki.com.br/blog/gestao- de-desempenho/>. Acesso em: 21 jun. 2017. Para alcançar melhor desempenho em um processo, o ponto inicial está em entender o processo, identifi cando todas as suas etapas: início, processamento e entrega do processo com o produto concluído ao cliente interno ou externo. No quadro a seguir é possível visualizarmos categorias de medidas de um processo. Acompanhem as informações e vamos que vamos! Quadro 40 - As quatro principais categorias de medidas dos processos Categorias de Medidas dos Processos M ed id as g er ai s Deve-se saber o que o processo entrega, qual é o produto, o que é processado pelas pessoas, de maneira que se possa medir a sua produção. Por exemplo, processos podem entregar pagamentos processados em um sistema, o que pode signifi car contar ordens de pagamentos solicitadas ou “linhas” processadas em um ERP. Uma operação de fast food processa pedidos, que em geral são combos (sanduíche + batatas fritas + refrigerante), o que pode signifi car contar simplesmente pedidos ou mixes de pedidos produzidos. Uma manufatura pode processar peças que podem ser solicitadas por kanbans1, então se pode contar quantos kanbans de determinadas quantidades de peças são produzidos. Deve-se auferir qual é a velocidade da operação, seu tempo de ciclo, o que é essencial para a gestão de sua capacidade. Quanto tempo leva para processar um produto? Qual o tempo médio gasto para processar um pedido de um combo em uma loja de fast food? Em quanto tempo se processa uma nota fi scal em uma operação de processamento de documentos fi scais? 187 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 M ed id as d e va lo r Estime o quanto em valor é processado na sua operação, seja por dia, mês ou ano, de maneira que se possa ter uma noção de quanto a operação representa fi nanceiramente para o negócio. Quanto uma loja de fast food processa (fatura) por mês? Quanto uma operação de contas a pagar processa por mês? O quanto em estoque ou em vendas atendidas (faturamento) uma operação de manufatura processa ao mês? M ed id as d e re tr ab al h o Identifi que o quanto de retrabalho é demandado para a operação. O quanto do que chega vem com defeito? Ou seja, quantas ordens de pagamento chegam incompletas, de maneira que você tenha que devolvê-las para a origem? Quantas solicitações de instalação de TV a cabo chegam com o endereço errado ou incompleto para a operação de instalação? Meça o quanto de retrabalho é feito no processo, o quanto de defeito é gerado na própria operação. Após isso, como veremos mais à frente, há que se buscar a causa-raiz para melhorar o processo. M ed id as d e p ro d u ti vi d ad e Meça o tempo de ciclo de cada operação que compõe o processo, o quanto de tempo é gasto em cada etapa, de forma que se saiba quais são as operações mais lentas, aquelas que mais consomem tempo. Verifi que quantos recursos humanos há atuando em seu processo e quantos por etapa, de maneira que se tenha uma visão de quanto de mão de obra se aloca por resultado. Fonte: Elaborado a partir de Da Silva (2015, p. 706-736). Conforme o BPMP (2013, p. 222), “a perspectiva de processos do Balanced Scorecard cria um alinhamento estratégico mediante a conexão entre os objetivos de desempenho da organização e os processos que os suportam”. E comenta, ainda acerca da aplicabilidade do BSC que: Os objetivos de melhorar produtividade, aumentar participação de mercado, maximizar satisfação do cliente e aumentar a rentabilidade podem levar à identifi cação dos processos para o alcance desses objetivos. Ainda, as dimensões de tempo, custo, capacidade e qualidade se transformam em indicadores alinhados com as perspectivas fi nanceira e do cliente (ABPMP, (2013, p. 222). A intenção do BSC é fazer um alinhamento entre as estratégias com sua performance por meio de seus processos. Manter uma “postura estratégica é maneira ideal da empresa atuar no mercado, tendo em vista a realidade atual e a expectativa futura”, diz Oliveira (2013, p. 183). 188 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Para aprimorar seu entendimento acerca desta temática do Balanced Scorecard (BSC), sugerimos que você assista aos vídeos disponíveis nestes endereços: - <https://www.youtube.com/watch?v=_A02vKgE4NQ>. - <https://www.youtube.com/watch?v=R9Y3R4tuKzc>. b) Aplicabilidade do Balanced Scorecard Robert S. Kaplan e David P. Norton, em seu artigo The Balanced Scorecard - Measures that Drive Performance, publicado pela Harvard Business Review (HBR) em 1992, ressaltam acerca da consistência do Balanced Scorecard para as organizações empresariais e afi rmam: Esta nova abordagem para a medição do desempenho é con- sistente com as iniciativas em curso em muitas empresas: in- tegração multifuncional, parcerias cliente-fornecedor, escala global, melhoria contínua e equipe, em vez de responsabilidade individual. Ao combinar o processo fi nanceiro, o cliente, o pro- cesso interno e a inovação e as perspectivas de aprendizagem organizacional,o balanced scorecard ajuda os gerentes a en- tender, pelo menos, implicitamente, muitas inter-relações. Esse entendimento pode ajudar os gerentes a transcender as noções tradicionais sobre barreiras funcionais e, em última instância, levar a uma melhor tomada de decisão e resolução de prob- lemas. O balanced scorecard mantém as empresas olhando e avançando para um objetivo estratégico em vez de retroceder. (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 79, grifo nosso, tradução livre). Com a aplicabilidade do BSC, a capacidade de medição e acompanhamento empresarial é bastante ampliada, admitindo que todos os pontos importantes da cadeia produtiva sejam mensurados. Estas melhorias proporcionam maior entendimento por toda a organização da maneira como a alta gestão irá avaliar a estratégia defi nida até a mensuração do nível de envolvimento no processo de cada colaborador, sendo desenvolvidos por meio de mapas estratégicos, de acordo com Venki (2016). Não se preocupe! Adiante visualizaremos exemplos de mapas estratégicos e compreenderemos bem melhor como eles devem ser desenvolvidos em uma organização. Não se preocupe! Adiante visualizaremos exemplos de mapas estratégicos e compreenderemos bem melhor como eles devem ser desenvolvidos em uma organização. 189 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Uma forma prática para defi nição dos objetivos e métricas das perspectivas está em responder algumas indagações. Pois existe certo nível hierárquico que interliga os objetivos fi nanceiros (onde a empresa almeja chegar), indo em direção dos clientes e processos e em seguida ao aprendizado e crescimento, que objetiva a perpetuação das conquistas a longo prazo da organização. Quadro 41 - Exemplo de defi nição das quatro perspectivas do BSC HIERARQUIA DAS PERSPECTIVAS DO BSC Financeira Pergunta: Para sermos bem-sucedidos fi nanceiramente, como deveríamos ser vistos pelos acionistas? Resposta: Aumentar receitas e aumentar a rentabilidade. Como medir isso? Por meio dos demonstrativos fi nanceiros. Clientes Pergunta: Para alcançarmos nossa visão, como deveríamos ser vistos pelos nossos clientes? Resposta: Precisamos mostrar ao mercado que nossos produtos têm qualidade superior aos da concorrência. Como medir isso? Por meio de pesquisas de satisfação do cliente. Processos Internos Pergunta: Para satisfazermos nossos clientes, em que processos de negócios devemos alcançar a excelência? Resposta: Devemos alcançar a excelência no controle de qualidade e na inovação. Como medir isso? Pela análise estatística dos relatórios do serviço de atendimento ao consumidor, redes sociais e de sites como “Reclame Aqui”. Aprendizado e Crescimento Pergunta: Para alcançarmos nossa visão, como sustentaremos nossa capacidade de mudar e melhorar? Resposta: Devemos sustentar nossa capacidade de mudar e melhorar com a intensifi cação de treinamentos e capacitação de funcionários. Como medir isso? Pela verifi cação do número de horas gastas em treinamento e do número de certifi cados conseguidos pelos funcionários nos cursos terceirizados. Fonte: Adaptado de: <http://www.venki.com.br/blog/exemplos- de-balanced-scorecards/>. Acesso em: 25 maio 2017. Agora iremos abordar as principais etapas do processo para desenvolver o Balanced Scorecard em uma organização, veja as etapas principais (VENKI, 2016): a) Estabelecimento da visão de futuro com clareza. b) Defi nição dos objetivos estratégicos. c) Determinação dos fatores críticos de sucesso. d) Selecionar indicadores para mensurar e controlar o desempenho. e) Defi nição das metas, planos de ação e iniciativas. 190 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Vale lembrar que todas estas etapas são mapeadas em relação às quatro perspectivas para que o gestor tenha uma visão completa da organização e possa controlar efetivamente. Na fi gura seguinte podemos visualizar uma amostra que Kaplan e Norton (1997) desenvolveram quanto às perspectivas do BSC e suas principais etapas, veja adiante: Figura 51 - Perspectivas do BSC e etapas principais Fonte: Kaplan e Norton (1997, p. 10). Agora sim! Vamos visualizar três exemplos para entendermos na prática. Let’s go!! Nestes exemplos são apresentados mapas estratégicos gerados a partir do desenvolvimento de projetos acerca do Balanced Scorecard, onde mostram de forma concisa todo o trabalho para uma organização, identifi cando as quatros visões estratégicas do negócio. 191 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Quadro 42 – Exemplos de mapa estratégico (BSC) empresarial Empresa de Joalheria Objetivos Metas Indicadores Iniciativas P er sp ec ti va s – E m p re sa 1 Financeira: Aumentar a lucratividade. Aumentar em 15% a lucratividade da empresa. Demonstrativos fi nan- ceiros. Negociar parcerias de par- celamento com empresas de cartões de crédito. Cliente: Ter uma loja mais atraente para os clientes. Aumentar em 20% a média de visitas diárias à loja. Contagem de clientes. Melhorar a exposição das joias nas vitrines e investir em mídias sociais. Processos Internos: Ser referência em atendi- mento. Aumentar o número de elogios em 15% e di- minuir as reclamações no SAC em 80%. Análise estatística dos relatórios do SAC. Redesenhar processo de atendimento. Aprendizado e Cresci- mento: Ter uma força de vendas com profi ssionais experientes. Substituir 30% dos vend- edores. Número de certifi cados adquiridos pela equipe. Iniciar processo de recruta- mento e seleção. Empresa de Cervejaria Artesanal Objetivos Metas Indicadores Iniciativas P er sp ec ti va s – E m p re sa 2 Financeira: Aumentar re- ceitas. Aumentar em 10% a re- ceita líquida. Demonstrativos fi nan- ceiros. Desenvolver novas políti- cas de crédito para os distribuidores. Cliente: Contar com um ticket médio alto. Aumentar o valor de cada compra em 15% em média. Valor das notas fi scais de cada venda indi- vidual. Melhorar o mix de produtos e criar combos de ofertas. Processos Internos: Oferecer diversas opções de canais de vendas. Transferir ao menos 30% das vendas para novos canais de vendas. % de vendas por canal. Implementar telemarketing e implementar loja virtual. Aprendizado e Crescimento: Contar com força de vendas capacitada. Treinar 100% da equipe de vendas. Número de certifi cados adquiridos pela equipe. Desenvolver parceria com empresa de cursos on-line. Empresa de E-commerce Objetivos Metas Indicadores Iniciativas P er sp ec ti va s – E m p re sa 3 Financeira: Aumentar vendas e diminuir custos. Aumentar em 15% as vendas líquidas e di- minuir em 10% o custo operacional. Demonstrativos fi nan- ceiros. Negociar com fornece- dores. Cliente: Ser referência por variedade de produtos. Aumentar em 15% o lançamento de novos produtos a cada tri- mestre. Número de novos produ- tos lançados por trimestre. Criar comitê de inovação e desenvolvimento. Processos Internos: Ser capaz de desenvolver no- vos produtos constantemente. Iniciar ao menos 5 projetos de desenvolvi- mento de novos produ- tos a cada mês. Relatórios de projetos de inovação. Adquirir software específ- ico para gerenciamento do desenvolvimento de produtos. Aprendizado e Crescimento: Ter equipe extremamente ca- pacitada no desenvolvimento de produtos. Ter ao menos 2 profi s- sionais com mestrado na área. Número de profi ssion- ais de empresas com diploma de mestrado na área. Selecionar um funcionário para receber bolsa de mestrado e contratar outro com mestrado na área. Fonte: Adaptado de: <http://www.venki.com.br/blog/exemplos- de-balanced-scorecards/>. Acesso em: 25 maio 2017. 192 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Nestes exemplos apresentados de Balanced Scorecards, a ideia central e mais importante está em conhecer e saber a forma de realizá-los de maneira correta e buscando a simplicidade nosregistros ao desenvolvê-los. É claro que cada organização tem suas particularidades e focos específi cos, aí é que entra em cena o especialista ou gestor responsável em agir estrategicamente, implementando estas variáveis necessárias para uma melhor gestão dos processos e maior visão sistêmica gerencial quanto ao controle do negócio e maior direcionamento em melhorias contínuas ou, até mesmo, uma reengenharia para a organização. E para quem quer apreciar uma boa leitura e maior fi xação desta temática, veja estes artigos: - <http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso_internacional/anais/6CCF/ 82_17.pdf>. - <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2004_Ene gep0707_1846.pdf>. - <https://www.gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/article/ viewFile/1342/884>. Tudo certo, pessoal! Vamos caminhar um pouco na estrada do entendimento para robustecer melhor os músculos do conhecimento! Atividades de Estudos: 1) Procure identifi car um indicador de desempenho em seu local de trabalho, e apresente quais são seus respectivos itens de mensuração, veja os exemplos apresentados do BSC. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 193 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 2) O Balanced Scorecard (BSC) pode ser utilizado em qualquer organização para medir seus processos internos? Justifi que. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Complete as lacunas das afi rmativas a seguir: a) “No Balanced Scorecard a comunicação se dá por meio de uma estrutura lógica, baseada no gerenciamento das metas estabelecidas, possibilitando aos gestores realocar recursos ____________, fi nanceiros e ____________, a fi m de alcançar os objetivos estratégicos”. b) As quatro visões estratégicas do Balanced Scorecard são: cliente, fi nanceiro, _____________________________, e ____________ ___________________. 4) Acerca do BSC, julgue os itens a seguir em V (verdadeiro) ou F (falso): a) ( ) O BSC relaciona os objetivos às metas de longo prazo e viabiliza mudanças organizacionais, possibilitando maior compreensão da visão e estratégia da empresa entre gestores e colaboradores. b) ( ) Medidas gerais, retratam o aspecto mais micro, mais geral do processo. 194 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Algumas ConsideraçÕes A revolução tecnológica trouxe uma infi nidade de alterações para dentro das organizações. Fez com que se repensasse a práxis da empresa, caso ela quisesse continuar sobrevivendo em meio a tanta competição do mundo moderno. Quanto a isso, surgiram muitas formas de se olhar a organização, e uma dessas formas são os processos e tudo o que os envolve. São ferramentas, implementações de sistemas, de padrões, buscando atender aos seus clientes/ consumidores. Quando a organização se preocupa com seus processos e procura efetivar mudanças, através de mecanismo de padronização, melhorias contínuas ou reengenharia com visão holística integrada, ela já terá começado sua caminhada rumo à sua continuidade no mundo globalizado. Ufa! Chegamos, enfi m, ao pódio! Agora a tocha é sua! O comando é seu e aproveite para sobrevoar novos ares do conhecimento!!! Hasta la vista! ReFerências ABPMP BPM CBOK™, V3.0. Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio Corpo Comum de Conhecimento. 1. ed. em português, Brasil, 2013. ALCOFORADO, F. Globalização. São Paulo: Nobel, 1997. BROCKE, J. V.; ROSEMANN, M. Manual de BPM – Gestão de processos de negócio. Tradução de Beth Honorato. Porto Alegre: Bookman, 2013. CAMPOS, A. L. N. Modelagem de processos com BPMN. 2. ed. RJ: Brasport, 2014. DA SILVA, L. C. Gestão e Melhoria de Processos: Conceitos, Técnicas e Ferramentas. BRASPORT. Edição do Kindle, 2015. FERREIRA, A. R. Gestão de Processos. Apostila. Brasília: ENAP, 2014. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/handle/1/2332/1.%20 Apostila>. Acesso: 20 abr. 2017. 195 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 FNQ. #06 Gestão Por Processos. Cadernos de Excelência. Modelo de Excelência da Gestão (MEG), série de e-books (2014). Disponível em: <http:// www.fnq.org.br/informe-se/publicacoes/e-books>. Acesso em: 10 maio 2017. FNQ. #12 Ferramentas de Gestão. Cadernos de Excelência. Modelo de Excelência da Gestão (MEG), série de e-books (2015). Disponível em: <http:// www.fnq.org.br/informe-se/publicacoes/e-books>. Acesso em: 10 maio 2017. JESUS, L.; MACIEIRA, A. Repensando a Gestão por Meio de Processos: como BPM pode transformar negócios e gerar crescimento e lucro. Edição Kindle: EloGroup, 2015. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. RJ: Campus, 1997. ______. The Balanced Scorecard: Measures that Drive Performance. Harvard Business Review 70, no. 1 (Jan–Feb, 1992): 71–79. (Reprint #92105.). LOBOS, J. Qualidade através das pessoas. São Paulo: J. Lobos, 1991. MARSHALL JUNIOR, I. et al. Gestão da Qualidade e Processos (FGV Management). 1. ed. Edição do Kindle, 2012. OLIVEIRA, D. D. P. R. D. Administração de processos: conceitos, metodologia, práticas. 5. ed. São Paulo-SP: Atlas, 2013. PAIM, R. et al. Gestão de Processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. PARANHOS FILHO, M. Gestão da Produção Industrial. Curitiba: Ibpex, 2007. PINHO, B. et al. Estruturação de Escritório de Processos. Relatórios Técnicos do Departamento de Informática Aplicada da UNIRIO, n° 0001/2008. RJ-Brasil, 2008. USIRONO, C. H. Escritório de Processos - BPMO Business Process Management Offi ce. Rio de Janeiro: Brasport. 2015. VENKI. Balanced Scorecards e sua aplicação na empresa. Posted by Venki (Pierre) in Conceitos em 08.01.2016. Disponível em: <http://www.venki.com.br/ blog/exemplos-de-balanced-scorecards/>. Acesso em: 15 maio 2017. 196 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade CAPÍTULO 5 Conceitos e Terminologias da Qualidade ProF. Reginaldo Otto Nau. A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender os conceitos básicos da Qualidade. Conhecer os princípios básicos da Qualidade. Reconhecer a contribuição dos gurus da qualidade. Ter noções da Gestão da Qualidade. 198 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 199 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 ConteXtualiZação Atualmente, as organizações mundiais têm focado suas ações na busca pela competitividade e, com isso, têm se preocupado cada vez mais com a qualidade dos produtos e serviços oferecidos no mercado tão concorrido. Nos últimos tempos, o foco maior está relacionado às atividades operacionais da empresa, ou seja, ligadas aos setores de produção ou serviços, e atinge também agora os setores estratégicos das organizações. Com base neste contexto, este primeiro capítulo objetiva fazer um resgate histórico sobre a evolução do conceito da qualidade. Muito se ouve falar em qualidade, mas poucas são as pessoas que conseguem defi ni-la. Assim, você verá porque é tão difícil encontrar uma defi nição exata para o termo e quais são os fatores que infl uenciaram para a evolução do conceito. Você também terá a oportunidade de conhecer os gurus da qualidade, ou seja, os primeiros estudiosos que introduziram a temática nas linhas de produção, como estas ideias se perpetuam até os dias atuais e como infl uenciam as tomadas de decisões nas organizações. Associada às estratégias, competitividade das organizações, a qualidade tem se apresentado como uma ferramenta de grandeutilidade para as empresas. Portanto, o foco principal do nosso estudo neste capítulo está centrado na compreensão dos conceitos e terminologias da qualidade. Conceito e HistÓrico da Qualidade Atualmente, vivemos em um ambiente de extrema concorrência, e a qualidade nos mais diversos pontos de vista se tornou essencial para a sobrevivência no mercado. 200 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade As organizações focam suas ações na busca pela competitividade e têm se preocupado cada vez mais com a qualidade de seus produtos ou serviços fornecidos ao mercado. O que é qualidade? Existem diferentes defi nições para a qualidade. É uma palavra muito ampla e de difícil defi nição, por este motivo causa confusão entre gerentes e pessoas do setor. Mesmo quando é defi nida com precisão, pode-se rapidamente mudar de visão e se confi ar em conceitos tradicionais para o controle. Tem-se prestado pouca atenção nas fontes que explicam uma qualidade superior. O conceito de qualidade é bastante antigo. Segundo Silva (2004, p. 444), “como conceito, a qualidade é conhecida há alguns milênios. Como disciplina, ainda está em formação”. Contudo, já está sendo utilizada com maior aplicabilidade em departamentos como: compras, engenharia e pesquisa. O conceito de qualidade surgiu há milênios; pode-se dizer que ele é tão antigo quanto a história do homem. Desde as primeiras civilizações sempre se buscou o aperfeiçoamento para se fazer as coisas um pouco melhor. No entanto, foi somente com a produção em massa e a implantação das linhas de produção em série que este conceito se tornou formal. Contudo, durante muitos anos, este permaneceu atrelado exclusivamente a setores de produção e operações (GARVIN, 1997). Temos algumas defi nições para a qualidade, segundo os autores Martins e Laugeni (2005, p. 498): − Transcendental: qualidade é sinônimo de “excelência inata”, ou seja, é o melhor possível em termos de produto ou serviço. Ex.: Relógio (Rolex), Carro (Ferrari). − Focada no produto: atributos conhecidos e mensuráveis. Ex. Relógio (funcionar por cinco anos sem necessitar de assistên- cia técnica e a hora permanecer exata +/- 5 segundos.) 201 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 − Focada no usuário: “qualidade é a adequação ao uso”. Difer- entes conceitos. A qualidade está “Diante dos olhos de quem observa”. Produto ou serviço adequado a seu propósito. Ex. Marca de automóvel. − Focada na fabricação: “qualidade é a conformidade às nor- mas e às especifi cações”. Fazer o certo na primeira vez. Ex- emplo: Voo de 1ª classe. − Focada no valor: defi ne qualidade em termos de uso e preço. Cada vez mais aceita pelo mercado. Ex.: Serviço de ônibus direto a SP ou o chamado pinga-pinga. A seguir, para um melhor entendimento, mais algumas defi nições de outros autores: “Um produto de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confi ável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo, às necessidades do cliente” (CAMPOS, 2004, p. 2). A satisfação dos clientes quanto à qualidade de um produto de- pende ainda da relação entre a expectativa sobre o produto no momento da aquisição e a percepção adquirida sobre o produ- to no momento do consumo. Essa relação denomina o que é chamado de qualidade percebida (CARPINETTI, 2012, p. 13). “O verdadeiro signifi cado de qualidade é a preferência do consumidor. É isto que garantirá a sobrevivência de sua empresa: a preferência do consumidor pelo seu produto em relação ao produto do concorrente, hoje e no futuro” (CAMPOS, 2004, p. 2). Dentre os diversos conceitos existentes, pode-se dizer que qualidade é a capacidade de atender durante todo o tempo às necessidades do cliente, em conformidade com as suas exigências. Este conceito é baseado com foco no cliente. Defi nir qualidade é algo complexo. Todos dizem que sabem o que é qualidade, mas, na maioria das vezes, este termo é baseado em situações de nosso cotidiano ou necessidade de aplicação de algo. Dentre os diversos conceitos existentes, pode-se dizer que qualidade é a capacidade de atender durante todo o tempo às necessidades do cliente, em conformidade com as suas exigências. Este conceito é baseado com foco no cliente. 202 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Da mesma maneira como ocorre entre as organizações, a necessidade de qualidade também permeia nossa vida pessoal. Cada vez mais os profi ssionais em todas as áreas de atuação estão buscando qualifi cação e diferenciais competitivos. Como salientam Carvalho e Paladini, “[...] os objetivos de qualidade que são defi nidos para as organizações podem também ser considerados objetivos da qualidade para as pessoas” (CARVALHO; PALADINI, 2005, p. 80). Atividade de Estudos: 1) Agora que você já estudou um pouco sobre os conceitos de qualidade, tendo em vista as defi nições de qualidade segundo Martins e Laugeni (2005), discuta com seus colegas e dê exemplos dos diversos conceitos apresentados: CONCEITO EXEMPLO Transcendental Focada no produto Focada no usuário Focada na fabricação Focada no valor Pelo fato de o termo qualidade ser de uso comum e possuir vários conceitos, não quer dizer que seja ruim. O fato é que muitas vezes seu conceito é utilizado de forma errônea. 203 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 As primeiras preocupações com qualidade surgem em 1970, com o renascimento da indústria japonesa pós-guerra, onde na época adotou-se já a qualidade como vantagem competitiva. Seus conceitos nasceram nos Estados Unidos, mas sua aplicabilidade foi mais profundamente adotada pela indústria japonesa, que foi pioneira em adotar estas práticas em seus processos produtivos. Desta maneira é que, em 1980, os fabricantes de veículos japoneses, que antes nunca causaram preocupações no mercado, se tornaram extremamente competitivos no cenário mundial, chamando a atenção de outras montadoras. Com o passar dos anos, o conceito de qualidade sofreu uma série de mudanças. O autor Garvin (1997 apud CORRÊA, 2010) defi niu estas mudanças como quatro eras da qualidade. Vejamos quais são: • Era da inspeção: a era da inspeção surgiu pouco antes da Revolução Industrial com a necessidade da produção em massa, marcada pela pub- licação da obra The Control of Quality in Manufactoring, escrita por G. S. Radford, em 1922. A era da inspeção tinha como principal interesse a ver- ifi cação do produto, com ênfase na uniformidade. O controle da qualidade utilizava como método de trabalho instrumentos de medição que se resum- iam à inspeção, à classifi cação, à contagem, à avaliação e ao reparo. • Era do controle estatístico da qualidade: na década de 30 surgiu a era do controle estatístico do processo, implementado por Shewhart, que per- mitia monitorar o processo produtivo e identifi car a necessidade de fazer ações de melhoria. Para isso, Shewart implementou técnicas estatísticas básicas para a determinação de limites e métodos gráfi cos para avaliar se as variações estavam dentro da faixa aceitável. Ao mesmo tempo em que Shewart trabalhava nos controles estatísticos, outros pesquisadores, como Harold Doming e Harry Roming, trabalhavam na prática da amostragem. • Era da gestão estratégica da qualidade: na era da garantia da quali- dade, a prevenção de problemas continuava sendo o foco principal, mas se passou a utilizar outros instrumentos de controle além da estatísti- ca, como a quantifi cação de custos da qualidade, com a publicação da obra Quality Control Handbook, de Joseph Juran, em 1951. Podemos citar, ainda, como instrumentos de controle: o controle total da qualidade, proposto por Armand Feigenbaum, em 1956; a engenharia de confi abil- idade, que tinha por objetivo garantir um desempenho aceitável do pro- duto ao longo do tempo, e o defeito zero, que teve sua gênese na Martin Company, em 1961-62, com a entrega de mísseis sem defeito, o que sóera possível por meio de uma inspeção maciça no processo produtivo. 204 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Para aprofundar seus estudos sobre as eras da qualidade, sugerimos a leitura do artigo “As quatro eras da qualidade” (David Garvin), do Professor Aneilton. Disponível em: <http://www.ebah. com.br/content/ABAAAAuw8AK/gestao-qualidade>. • Era da gestão total da qualidade: na era da gestão da qualidade, o foco principal é o impacto estratégico. O controle da qualidade signifi ca uma oportunidade de diferenciação da concorrência. A ênfase nesta era está no cliente e nas suas necessidades. Para alcançar os objetivos, a equi- pe utiliza o planejamento estratégico da organização, desenvolve metas, investe em treinamento, contratação de consultorias especializadas e desenvolvimento de programas e sistemas de informática. Atualmente, a gestão estratégica da qualidade deixou de ser uma responsabilidade do departamento de produção e também passou a ser da responsabilidade da alta gerência. Contudo, segundo Garvin (1997, p. 33), “Não existe um único modelo de gestão estratégica da qualidade. As empresas têm ne- cessidades diferentes, que exigem atenção para diferentes questões e um enfoque em diferentes departamentos operacionais [...]”. Como podemos ver, a qualidade pode ter conceitos muito subjetivos, e estes estão relacionados às percepções de cada indivíduo e os fatores que o afetam. Podemos qualifi car das mais diversas formas os serviços prestados por uma empresa, objetos e produtos produzidos por outra, mas, de uma maneira geral, a qualidade é sinônimo de “excelência”, naquilo que está se referindo. Gurus da Qualidade A produção de bens acompanha o homem desde a sua origem, como quando o homem pré-histórico polia a pedra, a fi m de transformá-la em um utensílio mais efi caz. Com o passar dos tempos, a produção artesanal foi substituída pela máquina, e com a Revolução Industrial, os artesãos eram agrupados para desenvolver seu trabalho. 205 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 Paradigma é algo que serve de modelo ou padrão para nos guiar, utilizado como base para um assunto científi co. A década de 1930 foi um período de grandes mudanças dos conceitos de qualidade. Existiram diversos pensadores na época que contribuíram para estes conceitos. Em 1950, nos Estados Unidos, várias frentes em prol da qualidade começaram a tomar forma na mente e em publicações dos chamados “Gurus da Qualidade”, enfatizando o planejamento e o controle dos custos da qualidade. Nesta época, o Japão iniciava seu processo de reconstrução devido à guerra e os eventos da natureza que assolavam a pequena ilha. O Japão foi infl uenciado pelos gurus americanos, os quais o ajudaram na sua reconstrução e organização de suas fábricas. Este processo ajudou a modelar o sistema japonês de produção, que seria copiado anos após pelo restante do mundo pelo seu destaque. A partir do motor movido a vapor, desenvolvido por James Watt, no século XVII, o desenvolvimento de máquinas capazes de gerar grandes volumes de produção em um ambiente de trabalho mais organizado permitiu alcançar a produção em massa (CARVALHO; PALADINI, 2005). Inicialmente, o foco da qualidade era o produto e não os processos envolvidos. Esse paradigma foi até o fi m do século XIX, quando a empresa Panhard & Lavassor montava seus veículos baseados nos pedidos e nas necessidades de seus clientes. “A única coisa permanente no universo é a mudança” (HERÁCLITO, 450 a.C.). 206 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade No Quadro 43, podemos conhecer os principais aspectos e legados dos chamados gurus da qualidade. Quadro 43 – Principais Gurus da Qualidade DADOS BIBLIOGRÁFICOS CONCEITO DE QUALIDADE FERRAMENTAS DA QUALIDADE W .E . D E M IN G Americano, engenheiro eletricista e doutor em matemática e física. Considerado no Japão o pai do controle da qualidade. Seu nome se tornou o Prêmio Japonês da Qualidade – Deming Prize. Qualidade é a satisfação das necessidades do cliente, em primeiro lugar. Criou os 14 princípios de Deming. Desenvolvimento do controle estatístico do processo (CEP). J. M . J U R A N Natural da Romênia, estudou nos EUA. Colaborador da Revolução da Qualidade Japonesa. Americano, formou-se em Engenharia. Especialista na área da qualidade. Qualidade é adequação ao uso. Qualidade é a conformidade às especifi cações. Não se preocupa com o estrutural da empresa. Os 10 pontos de Juran. Princípios de Pareto. A . F E IG E N B A U M Graduado no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Qualidade deve ser projetada e construída. Tudo deve ser normatizado. Alta administração deve estar envolvida. Considerado o “pai” da qualidade e afi rma que este é um trabalho de todos na organização. Popularizou a abordagem e a sigla TQM (Total Quality Control). 207 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 K . I S H IK A W A Graduou-se em Química na Universidade de Tokyo. Trabalhou na União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE). Qualidade é satisfazer ao cliente, para ser agressivamente competitivo. Controle da Qualidade por toda a empresa (Company Wide Quality Control – CWQC). Criador do conceito de círculos da qualidade. Demonstrou a importância das sete ferramentas da qualidade. G . T A G U C H I Engenheiro e Estatístico. Nascido no Japão. Recebeu quatro vezes o Prêmio Deming. Qualidade da engenharia, relacionado à otimização do design do produto. O QFD (quality function deployment ou desdobramento da função qualidade). P. B G R O S B Y Natural do Japão, graduou-se em química aplicada. Desempenhou importante papel no modelo japonês. Qualidade é satisfazer radicalmente ao cliente, para ser agressivamente competitivo. Defeito Zero. Seu maior trabalho é conhecido sobre custos da qualidade. Autor do livro Quality is Free. Fonte: Adaptado de Corrêa (2010). Vale destacar que em 1951 Deming foi ao Japão para ajudar com o recenseamento pós-guerra do país. A União de Cientistas e Engenheiros do Japão (JUSE) fi cou muito interessada nos métodos estatísticos de Deming. Naquele momento, a reputação dos produtos japoneses era terrível. No espaço de quatro anos, empregando os métodos de Deming, a indústria japonesa teve uma reviravolta completa, e estava no caminho certo para produzir os excelentes produtos disponíveis hoje em dia (CARVALHO; PALADINI, 2005 apud GILSA, 2011). A qualidade não é mais um diferencial, é um pré-requisito, ou seja, ou “você tem” ou você “não tem”. A qualidade não é mais um diferencial, é um pré-requisito, ou seja, ou “você tem” ou você “não tem”. 208 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade São inúmeras as contribuições de Deming para a qualidade, dentre as mais famosas estão seus 14 princípios para a qualidade. Os pontos para a gestão descrevem o caminho para a qualidade total, que deve ser continuamente aperfeiçoado. São eles, segundo Martins e Laugeni (2005, p. 506): 1 - Educar e desenvolver o pessoal. 2 - Implantar a nova fi losofi a de não aceitar defeitos. 3 - Eliminar a inspeção, atuar na prevenção. 4 - Diminuir o número de fornecedores. 5 - Utilizar técnicas estatísticas. 6 - Treinar todos no trabalho. 7 - Mudar o papel dos supervisores. 8 - Eliminar o medo. 9 - Eliminar as barreiras entre áreas. 10 - Eliminar metas desnecessárias e inconsistentes. 11 - Estabelecer padrões adequados. 12 - Instituir programas de treinamento em metodologias estatísticas. 13 - Desenvolver programas para o melhor desenvolvimento do pessoal. 14 - Estabelecer um sistema para implantar os princípios. Segundo Carvalho e Paladini (2005), Deming desenvolveu a fi losofi a do uso de estatísticas para controlar a fabricação enquanto trabalhava na Fábrica Hawthorne da AT&T, em Chicago. Depois da SegundaGuerra Mundial, como matemático e chefe do Serviço de Recenseamento, Deming desenvolveu técnicas de amostragem que reduziam drasticamente a margem de erros. Com relação à solução de problemas, Deming desenvolveu o ciclo PDCA, que é uma ferramenta de gestão utilizada para o controle e a melhoria de processos e produtos. Mais detalhes desta ferramenta, veremos no capítulo 3. Conheça o site <www.juran.com>. Sua missão, do Juran Institute, é fornecer a clientes conceitos, métodos e aconselhamento para obtenção da liderança na qualidade. Foi fundado em 1974. 209 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 Assim como o seu colega Deming, Ishikawa teve um importante papel na construção do modelo japonês, principalmente apresentando o acréscimo de importantes elementos ao TQC (Total Quality Control) ou Controle de Qualidade Total, sugerindo o conceito CWQC (Company Wide Quality Control), ou seja, o Controle de Qualidade por Toda a Empresa (CARVALHO; PALADINI, 2005). Dentre as ferramentas criadas por Ishikawa, as que tiveram mais destaque foram: • Diagrama de causa-efeito (espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa). • Histograma. • Folhas de Controle. • Diagrama de Pareto. As ferramentas da qualidade iremos estudar com mais detalhes nos capítulos subsequentes. PrincÍpios da Qualidade Para se manter no caminho correto da qualidade e alcançar um alto desempenho a médio prazo, existem alguns princípios fundamentais que as empresas podem seguir. São oito princípios da gestão da qualidade, que as organizações devem adotar para proporcionar a melhoria contínua e proporcionar uma melhor efi ciência e efi cácia em seus processos. Muitos confundem a diferença entre efi ciência e efi cácia. A efi cácia está relacionada ao quão próximo se chegou aos objetivos, ou seja, quanto mais efi caz, mais próximos dos objetivos. Enquanto efi ciência é a relação entre entradas e saídas, seu resultado deve ser sempre menor que um em se falando de cálculos de produtividade. 210 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Estes oito princípios da qualidade foram defi nidos para que, de uma maneira geral, as empresas pratiquem e melhorem sua gestão. Também são essenciais para a implantação de um sistema de gestão da qualidade. A norma NBR ISO 9004:2000 trata de Sistemas de Gestão da Qualidade, e descreve as diretrizes para melhorias de desempenho, as quais são descritas a seguir: ISO é uma sigla originária das palavras International Organization for Standardization, ou seja, Organização Internacional de Normalização, organização não governamental, internacional, que elabora normas. Estudaremos mais adiante sobre este assunto. a) Foco no cliente: organizações dependem de seus clientes e, portan- to, convém que entendam as necessidades atuais e futuras do cliente, atendam aos requisitos e procurem exceder as suas expectativas. b) Liderança: líderes estabelecem a unidade de propósitos e o rumo da organização. Convém que eles criem e mantenham um ambiente interno no qual as pessoas possam estar totalmente envolvidas no propósito de atingir os objetivos da organização. c) Envolvimento de pessoas de todos os níveis: pessoas são a es- sência de uma organização e seu total envolvimento possibilita que as suas habilidades sejam usadas para o benefício da organização. d) Abordagem de processo: um resultado desejado é alcançado mais efi - cientemente quando as atividades e os recursos relacionados são geren- ciados como um processo. e) Abordagem sistêmica: para a gestão identifi car, entender e gerenciar os processos inter-relacionados, como um sistema, contribui para a efi cácia e efi ciência da organização no sentido de esta atingir seus objetivos. f) Melhoria contínua: convém que a melhoria contínua do desempenho global da organização seja seu objetivo permanente. g) Abordagem factual: para tomada de decisões efi cazes são baseadas na análise de dados e de informações. h) Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores: uma orga- nização e seus fornecedores são interdependentes e uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de ambos em agregar valor. ISO é uma sigla originária das palavras International Organization for Standardization, ou seja, Organização Internacional de Normalização, organização não governamental, internacional, que elabora normas. Estudaremos mais adiante sobre este assunto. 211 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 Para um melhor entendimento destes princípios, devemos nos aprofundar mais, pois cada um deles é complexo. Segundo a NBR ISO 9004:2000, o uso com sucesso dos oito princípios de gestão por uma organização resultará em benefícios para as partes interessadas, tais como melhoria no retorno fi nanceiro, criação de valor e aumento de estabilidade. Para uma melhor compreensão dos princípios da qualidade, sugerimos a leitura do artigo no site: <https://www.portaleducacao. com.br/conteudo/artigos/gestao-e-lideranca/os-8-principios-da- qualidade-isso-9001/54930>. No capítulo 3 deste livro, aprofundaremos nossos estudos nas normas dos Sistemas ISO. A NBR ISO 9004 fornece orientação para um sistema de gestão da qualidade com foco na melhoria contínua. A NBR ISO 9004 fornece orientação para um sistema de gestão da qualidade com foco na melhoria contínua.Gestão da Qualidade Vimos que para entender um pouco de Qualidade, devemos nos ambientar com seus diversos conceitos. Não é fácil, o próprio guru da qualidade tem seus próprios conceitos e cada um deu sua contribuição a respeito. Carvalho e Paladini (2005) sugerem que o papel da área de qualidade está bastante modifi cado com relação aos seus primórdios, pois os produtos eram liberados para o cliente somente quando uma grande quantidade de inspetores, alocados em departamentos específi cos de “Controle da Qualidade”, checavam todos os produtos acabados, emitindo seu parecer. A qualidade de um produto ou serviço pode ser mensurada quando atende às necessidades de seus clientes de forma total. Precisamos construir uma cultura de fazer certo a primeira vez (prevenção) e não a cultura de resolver problemas (“apagar fogo”). 212 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Precisamos construir uma cultura de fazer certo da primeira vez (prevenção) e não a cultura de resolver problemas (“apagar fogo”). Um Sistema de Gestão da qualidade pode ser defi nido como: [...] um conjunto de recursos, regras mínimas, implementado de forma adequada (funcionando) com o objetivo de orientar cada parte da empresa para que execute de maneira correta e no tempo devido a sua tarefa, em harmonia com as outras, estando todas direcionadas para o objetivo comum da empre- sa: ser competitiva (ter qualidade com produtividade) (MARA- NHÃO, 2001, p. 12). O conceito de Gestão da Qualidade foi evoluindo com o passar dos tempos, pois as pessoas tornaram-se cada vez mais exigentes em suas percepções. Em termos gerais, pode ser defi nida como uma administração focada na qualidade de serviços, produtos e processos produtivos das organizações. De acordo com a NBR ISO 9000, o Sistema de Gestão da Qualidade objetiva a direção e o controle numa empresa no que diz respeito à qualidade. GESTÃO DE QUALIDADE Para entender sobre qualidade, é necessário conhecer o signifi cado de seu termo. A palavra qualidade vem do latim ‘qualitate’. Os principais autores sobre o tema, como Deming, Crosby, Juran e Feigenbaun, procuraram defi ni-la de acordo com uma série de princípios, os quais devem ser adequados para a implantação da qualidade nas organizações. A norma brasileira ABNT NBR ISO 9000 defi ne qualidade como: “Grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”. 213 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 A qualidade de um produto ou serviço pode ser mensurada, quando essa atende às necessidadesde seus clientes de forma agradável. Além disso, cada pessoa tem uma visão diferente no momento de comprar um produto ou desfrutar de um serviço, pois estarão baseadas naquilo que aprenderam, nas suas expectativas e também em suas necessidades, que poderão ser distintas. O conceito de Gestão da Qualidade foi evoluindo com o passar do tempo, à medida que as pessoas se tornaram mais exigentes em suas avaliações. O que é Gestão da Qualidade? A Gestão da Qualidade é uma gerência focada na qualidade da produção e dos serviços de determinada empresa. Inicialmente, surgiu na Segunda Guerra Mundial, para corrigir os erros dos produtos bélicos, mas anteriormente o termo utilizado era “Controle de Processos”. Com sua evolução, passou a denominar- se Garantia da Qualidade, utilizando normas específi cas para cada etapa. Após isso, surgiu o Controle da Qualidade, no início do século XX, por Taylor e Ford. Atualmente, os consumidores exigem cada vez mais qualidade dos serviços e produtos que adquirem. Por isso, surgiram ferramentas do governo para auxiliar na defesa do consumidor. No Brasil, por exemplo, existe o Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (SINDEC), sistema do Ministério da Justiça que realiza a gestão dos atendimentos realizados pelo Procon; e o site Consumidor. gov, uma plataforma que faz a integração entre empresa e consumidor, com o objetivo de ajudá-los a solucionar os problemas de consumo. Essa plataforma está sob a supervisão dos Procons e da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça. O fato é que em todo e qualquer lugar é preciso haver fi scalização quanto à qualidade do produto. Um alimento estragado, por exemplo, pode levar alguém a óbito. Tendo em vista os aspectos abordados, pode-se concluir que as empresas e as instituições precisam de uma gestão da qualidade. 214 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade História da Gestão de Qualidade Desde a Antiguidade, a qualidade possui diferentes formas, de acordo com o tipo de negócio. Nos séculos XVIII e XIX, os artesãos relacionavam a qualidade de um produto ao fato de atender às necessidades de seus clientes. Com a Revolução Industrial, os artesãos perderam clientela, assim, a mão de obra de trabalhos manuais foi substituída por trabalhos mecânicos, sendo necessário inspecionar todos os processos, dando início ao modelo do Taylorismo, de produção em série. Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foram encontrados vários defeitos em produtos bélicos, mesmo havendo pessoas responsáveis pela supervisão da qualidade destes produtos. Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a indústria foi impulsionada a produzir materiais bélicos de qualidade. Foi nesse período que o controle estatístico da qualidade se destacou. Assim, em 1931, W. A. Shewart, em uma publicação, decidiu mostrar alguns conceitos sobre qualidade. Walter Andrew Sherwart, físico, engenheiro e estatístico norte-americano, também conhecido como “Pai do controle estatístico da qualidade”, iniciou estudos sobre a qualidade nas indústrias e demais locais de produção. Desenvolveu o CEP - Controle Estatístico de Processo, e criou o ciclo PDCA, método usado para resolver problemas, controlar e melhorar processos de forma constante. O Japão foi um dos países que se destacou, pois houve a necessidade da melhoria de seus produtos. Fonte: Gestão da Qualidade. Disponível em: <http://gestao- de-qualidade.info/>. Acesso em: 19 abr. 2017. Se você quiser conhecer mais sobre gestão da qualidade, existem bons livros sobre este assunto. Um ótimo livro que pode ser utilizado para melhor compreensão é: PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da Qualidade - Teoria e Prática. 3. ed. Curitiba: Atlas, 2012. 215 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 Como Construir uma Visão Para a Qualidade? Quando falamos em criar uma visão para a qualidade, estamos falando, de certa forma, de uma visão estratégica, ou seja, a visão de futuro que o gestor cria para a organização. Criar uma visão para a qualidade quer dizer estabelecer o objetivo da empresa com relação à qualidade e criar novos valores. Para construir uma visão consistente para a qualidade, o gestor precisa transformar a qualidade em um “valor”. É papel da alta administração, efetivamente, fazer as pessoas acreditarem que a qualidade é importante tanto para a sobrevivência da empresa quanto delas próprias (GILSA, 2011). Pessoas que são realmente líderes alteram a cultura das organizações. (CARVALHO; PALADINI, 2005, p. 29). Criar uma visão de qualidade para as pessoas da organização pode ser conseguida, da mesma maneira que a implantação de outro conceito, desde que seja visto como um valor para as pessoas, ou seja, proporcionar informações e refl exões sobre a estrutura organizacional e os procedimentos do processo da qualidade, motivando os envolvidos, demonstrando sua importância. O papel dos gestores das empresas é fazer com que as pessoas acreditem que a qualidade é importante para a empresa e para elas próprias. As pessoas precisam entender que qualidade não é responsabilidade de apenas algumas pessoas. Mas, sim, que está na nossa forma de pensar e agir em todas as etapas do processo. Atualmente, sem qualidade, a empresa estará “fora do jogo”, e as pessoas também (CARVALHO; PALADINI, 2005). Adotar a qualidade como sendo um direcionamento estratégico promove uma série de vantagens. Operacionalmente, a redução dos defeitos, retrabalhos e refugos e o consequente aumento da produtividade afetam diretamente os custos. Além disso, investir em qualidade geralmente signifi ca ter pessoas mais bem preparadas, tanto em nível operacional quanto gerencial (GILSA, 2011). Pessoas que são realmente líderes alteram a cultura das organizações. (CARVALHO; PALADINI, 2005, p. 29). 216 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Atividade de Estudos: 1) Identifi que em sua empresa, na área ou setor em que você trabalha, como a qualidade pode afetar seus produtos ou serviços e discuta com seus colegas se estes produtos ou serviços atendem às necessidades e expectativas de seus clientes externos. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Da mesma maneira como ocorre entre as organizações, a necessidade de qualidade também permeia nossa vida pessoal. Cada vez mais os profi ssionais em todas as áreas de atuação estão buscando qualifi cação e diferenciais competitivos. Como salienta Carvalho e Paladini (2005, p. 80), “[...] os objetivos de qualidade que são defi nidos para as organizações podem também ser considerados objetivos da qualidade para as pessoas”. Compreendendo as Necessidades a Gestão da Qualidade Qualquer administrador, proprietário ou gestor de uma empresa pode se perguntar: Por que Gestão da Qualidade? Como vimos, a qualidade é uma das principais estratégias competitivas para conseguir melhores resultados e obter um posicionamento estratégico diferenciado perante o mercado. Leia o texto da Atividade de Estudos para compreender melhor sobre esta questão, e melhorar sua visão para a qualidade. 217 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 CASO BREVE: CHECKLIST DO CONSUMIDOR INTERNO DA HEWLETT-PACKARD A Hewlett-Packard, empresa global de sistemas de informação, foi uma das primeiras empresas a implantar com sucesso o conceito de consumidor interno em suas operações. Parte do uso do conceito foi um curto, mas efi ciente checklist “de bolso”, distribuído para toda a empresa. Ele sugere que cada parte da organização deve fazer sete perguntas consideradas fundamentais para a organização: • Quem são meus consumidores internos? • Do que elesnecessitam? • Qual é o meu produto ou serviço? • Quais são as expectativas e formas de avaliação de meus consumidores internos? • Meu produto ou serviço atende às suas expectativas? • Qual o processo de fornecimento de meu produto ou serviço? • Que ação é exigida para melhorar o processo? Depois, a HP começou a desenvolver uma metodologia de solução de problemas baseada nessas sete perguntas. Os estágios da metodologia eram os seguintes: • Selecione a questão de qualidade. • Explicite, escrevendo sobre a questão. • Identifi que o processo. • Desenhe um fl uxograma. • Selecione uma medida de desempenho para o processo. • Conduza uma análise de causa-e-efeito. • Colete e analise os dados. • Identifi que as principais causas da questão de qualidade. • Planeje melhorias. • Tome providências corretivas. • Colete e analise novamente os dados. • Os objetivos foram atendidos. • Se sim, documente e padronize as mudanças. Tendo em vista este exemplo criado pela Hewlett-Packard para modelar uma visão para a qualidade, faça o mesmo exercício para a empresa onde você atua, com as pessoas envolvidas em seu setor ou para toda a empresa, e analise os resultados com seus colegas. Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 631). 218 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Algumas ConsideraçÕes Neste capítulo você pôde conhecer um pouco do conceito de qualidade e como ela tem acompanhado e mudado ao longo dos anos, e se consolidado após a Revolução Industrial. Vimos que a qualidade pode ter conceitos muito subjetivos, e estes estão relacionados às percepções de cada indivíduo e os fatores que o afetam. Podemos qualifi car das mais diversas formas os serviços prestados por uma empresa, objetos e produtos produzidos por outra, mas, de uma maneira geral, a qualidade é sinônimo de “excelência”, naquilo que está se referindo. Agora, no próximo capítulo, relacionaremos o conceito de qualidade com a visão sistêmica e a abordagem de processos. ReFerências CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). 8. ed. Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2004. CARPINETTI, Luiz Cesar Ribeiro. Gestão da Qualidade: conceitos e técnicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. CARVALHO, Marly Monteiro de; PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da qualidade: teorias e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. CORRÊA, Carla Eunice Gomes. Gestão da qualidade e produtividade. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010. GARVIN, David A. As quatro eras da qualidade. Disponível em: <http://www. ebah.com.br/content/ABAAAAuw8AK/gestao-qualidade>. Acesso em: 8 abr. 2017. GARVIN, David A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. GILSA, Dietmar Von. Gestão da qualidade de produtos e processos. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2011. 219 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS DA QUALIDADE Capítulo 5 MARANHÃO, Mauriti. ISO série 9000 (versão 2000): Manual de Implementação. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. MARTINS, Petrôneo G.; LAUGENI, Fernando P. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. NBR ISO 9004:2000. Sistemas de Gestão da Qualidade – Diretrizes para melhoria de desempenho. Disponível em: < http://qualidade.ipen.br/Normas_Iso/ nbriso90042000.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2017. PORTAL DA EDUCAÇÃO. Os 8 princípios da Qualidade. Disponível em: <https:// www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/gestao-e-lideranca/os-8-principios- da-qualidade-isso-9001/54930>. Acesso em: 8 abr. 2017. SLACK, N. CHAMBERS, S. JOHNSTON, R. Administração da Produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teorias da Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. 220 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade CAPÍTULO 6 Visão Sistêmica e Abordagem de Processos ProF. Reginaldo Otto Nau. A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Aprender a ter uma visão sistêmica. Conhecer as abordagens de processos. Identifi car como calcular a produtividade. Diferenciar efi ciência e efi cácia. Conhecer indicadores de desempenho. 222 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade 223 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 ConteXtualiZação Caro acadêmico, no capítulo anterior compreendemos os princípios e conceitos básicos da qualidade. Reconhecemos a contribuição dos gurus da qualidade e tivemos uma visão do que é a Gestão da Qualidade. Dando continuidade aos nossos estudos, aprenderemos neste capítulo a ter uma visão sistêmica, muito importante para conseguirmos resultados acima do esperado, com qualidade, e sairmos na frente no mercado competitivo. Devido à concorrência dos mercados, as organizações tendem a tornar- se cada vez mais produtivas, e a partir disto vêm efetuando avaliações de sua produtividade, dentro deste contexto entenderemos a infl uência da produtividade em busca da competitividade. Entenderemos também o que é efi ciência e efi cácia. No mundo das empresas, devemos ter informações cada vez mais precisas com relação à qualidade, por fi m, entenderemos como representar nossos processos em números, apreendendo assim, o que são indicadores de desempenho e a sua importância para a produtividade. Vamos lá! Criando uma Visão Sistêmica As organizações não vivem sozinhas ou isoladas do mundo. Elas vivem, interagem e operam no meio ambiente no qual estão instaladas. Neste ambiente, podem existir outras empresas que podem cooperar ou competir com ela. É do ambiente que as empresas tiram seus recursos, os transformam e devolvem como produtos ou serviços através de sua atividade organizacional. É neste sentido que as empresas trabalham como “sistemas”, isto é, um conjunto de atividades que estão integradas para criar valor e riqueza. 224 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Para Chiavenato (1999, p. 74), “um sistema pode ser defi nido como um conjunto integrado de partes, íntima e dinamicamente relacionadas, que desenvolve uma atividade ou função e é destinado a atingir um objetivo específi co”. Sistema é um conjunto de partes que interagem e se interdependem, formando um todo único com objetivos e propósitos em comum, efetuando sinergicamente determinada função (OLIVEIRA, 2004, p. 15). Para Martins e Laugeni (2006, p. 11), “sistema é um conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo comum”. Na fi gura a seguir, temos uma representação clássica de um sistema organizacional. Figura 52 – Representação de um sistema organizacional Fonte: Martins e Laugeni (2006, p. 11). Podemos visualizar, na Figura 52, que a visão sistêmica é composta de três elementos básicos: as entradas (inputs), as saídas (outputs), que estão relacionados com a fronteira do sistema, e o processo de transformação. A fronteira do sistema é o ambiente onde a empresa está inserida, criando relações com este meio. É a separação entre o que é a empresa e o que é o ambiente que a envolve externamente. Os inputs são todos os recursos utilizados na produção de bens ou serviços, quer eles sejam diretos (incorporados ao produto fi nal) ou indiretos (máquinas, equipamentos, energia). 225 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Ambiente aqui é defi nido como “tudo aquilo que envolve externamente uma organização, ou seja, tudo aquilo que está além das fronteiras ou limites da organização” (CHIAVENATO, 1999, p. 78). A função de transformação pode ser defi nida como um conjunto de atividades que transformam um bem ou serviço em outro de maior utilidade, e é devolvida ao ambiente. Ambiente aqui é defi nido como “tudo aquilo que envolve externamente uma organização, ou seja, tudo aquilo que está além das fronteiras ou limites da organização” (CHIAVENATO, 1999, p. 78). Os outputs são os produtos manufaturados, informações fornecidas, serviçosprestados, que foram transformados dentro do sistema e devolvidos ao ambiente. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), a diferença que temos que ter em mente quanto a produtos ou serviços é sua tangibilidade, ou seja, produtos são tangíveis, podem ser tocados fi sicamente. Por exemplo, um jornal, livro ou um rádio. Geralmente, serviços são intangíveis, ou seja, você não pode tocar, como serviço de consultoria, corte de cabelo, manutenção mecânica, embora possa sentir ou comprovar os resultados destes serviços. A diferença que temos que ter em mente quanto a produtos ou serviços é sua tangibilidade Para aprofundar seus estudos sobre VISÃO SISTÊMICA, sugerimos a leitura do artigo “O que é visão sistêmica”, de Eline Rasera. Disponível em: <http://www.ibe.edu.br/o-que-e-visao- sistemica/>. Lembre-se de que os sistemas podem ser constituídos de subsistemas. Por exemplo, os departamentos das empresas divididos por área (engenharia, fi nanceiro, recursos humanos, produção) que interagem através de sistemas interligados e integrados. Todas as operações produzem produtos ou serviços através da transformação de entradas e saídas. Todas as operações produzem produtos ou serviços através da transformação de entradas e saídas. 226 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Atividade de Estudos: 1) Agora que você já estudou um pouco sobre visão sistêmica, verifi que e liste algumas atividades que podem ser tratadas como tangíveis ou intangíveis existentes em seu ambiente de trabalho. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ A visão sistêmica é muito importante para o sistema da qualidade. Por ser um sistema dinâmico, formado por diversas atividades que visam à melhoria contínua dentro da organização, tem como princípios fundamentais: foco no cliente e na qualidade em primeiro lugar; melhoria contínua de produtos e processos; envolvimento, comprometimento e desenvolvimento dos recursos humanos (CARPINETTI; MIGUEL; GEROLAMO, 2007). De uma forma geral, a visão sistêmica é a habilidade de tomar decisões de acordo com o cenário da empresa, ou seja, ponderando todos os fatores que infl uenciam no seu funcionamento. O profi ssional que, de certa forma compreende o funcionamento da empresa onde atua, tende a trazer resultados acima do esperado. EFiciência e EFicácia Uma das dúvidas mais frequentes na área dos negócios é a diferença entre efi ciência e efi cácia. As defi nições são muito parecidas, de acordo com Peter Drucker, o pai da Administração moderna, que defi ne os termos da seguinte forma: "a efi ciência consiste em fazer certo as coisas: geralmente está ligada ao nível operacional, como realizar as operações com menos recursos – menos tempo, menor orçamento, menos pessoas, menos matéria-prima etc.…”. "Já a efi cácia consiste em fazer as coisas certas: geralmente está relacionada ao nível gerencial". O autor Chiavenato (1999, p. 6) apresenta um quadro demonstrando melhor a diferença entre efi ciência e efi cácia, veja: 227 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Quadro 44 – Diferenças entre efi ciência e efi cácia Fonte: Chiavenato (1999, p. 6). Segundo Chiavenato (1999, p. 6), as medidas de efi ciência podem ser o custo do trabalho, a utilização de equipamento, manutenção de máquinas e o retorno do capital investido, por exemplo. A efi ciência signifi ca fazer as coisas bem e corretamente. Contudo, a efi ciência é necessária, mas não é sufi ciente. Deve haver efi cácia, principalmente, o que signifi ca atingir os objetivos e os resultados. A efi cácia relaciona-se com os fi ns e os propósitos. É o grau em que a administração consegue atingir seus objetivos. É a medida que aquele cuja unidade de trabalho alcança diariamente as metas de produção em termos de quantidade e qualidade de resultados. Assim, para melhor entendermos a efi cácia, é a medida de quão próximo se chegou aos objetivos estabelecidos. Já a efi ciência, é a relação entre as saídas (output) e as entradas (inputs). É um conceito muito importante para a área da qualidade, principalmente no que diz respeito a medidas de desempenho, que veremos mais adiante. Assim, para melhor entendermos a efi cácia, é a medida de quão próximo se chegou aos objetivos estabelecidos. Já a efi ciência, é a relação entre as saídas (output) e as entradas (inputs). 228 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Abordagem de Processos Vimos que a produção de bens acompanha o homem desde a sua origem, quando o homem pré-histórico polia a pedra, a fi m de transformá-la em um utensílio mais efi caz. Todos os mecanismos empregados para a transformação de bens, ou seja, inputs em outputs, são chamados de processos. Todos nós estamos acostumados com este termo, mas devido a sua utilização generalizada, pode gerar problemas de interpretação devido à quantidade de signifi cados que ela possui. Aqui, apresentaremos algumas defi nições que nos darão um melhor entendimento para este termo, que será direcionado para operações de manufatura (produção de bens) ou para operações de serviços. Os autores Slack, Chambers e Johnston (2009) defi nem processo como sendo o arranjo de recursos que produzem alguma mistura de produtos e serviços. Observando o funcionamento de cada operação, você verá que ela é feita de vários processos, que podem ser chamados de “unidades” ou departamentos. O quadro a seguir demonstra algumas operações em função de seus processos. Quadro 45 – Exemplo de operações descritas em termos de seus processos Operação Alguns inputs da operação Alguns dos processos da operação Alguns dos outputs da operação Linha aérea Avião Pilotos Passageiros Equipe de Terra Check-in Transportar passageiros Transportar cargas Cuidar dos passageiros Passageiros e cargas transportados Fabricante de comida congelada Comida fresca Operadores Processamento de comida Compra de insumos Preparação de comida Empacotamento Comida congelada Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009). 229 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 De acordo com o autor Paim et al. (2009), os processos estão intrinsecamente relacionados aos fl uxos de objetos nas organizações, sejam eles objetos materiais, informações, capital, conhecimento, ideias ou desenvolvimento, ou desenrolar dos fl uxos de objetos. Todo trabalho realizado em uma organização faz parte de um processo. Não existe um produto ou serviço sem um processo. A abordagem de processos cruza as funções para focalizar o cliente, conforme demonstra a Figura 53. Figura 53 – Abordagem de processos com foco no cliente Fonte: O autor. Na abordagem por processos, o foco é uma visualização estruturada do trabalho da organização. Os benefícios da abordagem por processos podem ser defi nidos como: • Sistema de trabalho que exige novas habilidades, maior autonomia e compartilhamento de responsabilidade; • Sistema gerencial descentralizado, estimulando a cooperação e a comunicação direta; • Promove o trabalho em equipe, avaliando os resultados pelos resultados da equipe (fi m do individualismo); • As decisões são baseadas nas necessidades dos clientes; • Quebra do paradigma da visão por função, passando para a visão do todo. 230 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade A norma ISO 9001:2008 promove a adoção de uma abordagem de processo para o desenvolvimento, implementação e melhoria da efi cácia de um sistema de gestão da qualidade para aumentar a satisfação do cliente pelo atendimento de seus requisitos. Na Figura 54, podemos visualizar um modelo de sistema de gestão da qualidadebaseado em processos. Figura 54 – Sistema de gestão de qualidade baseado em processos Fonte: NBR ISO 9001:2008 (2017). Segundo a norma ISO 9001 (2008), uma vantagem da abordagem de processo é o controle contínuo que ela permite sobre a ligação entre os processos individuais dentro do sistema de processo, bem como sua combinação e interação, conforme pudemos ver na Figura 53. Segundo Carvalho e Paladini (2005), o gerenciamento dos processos deve ser aplicado em todos os departamentos da empresa. Este gerenciamento torna possível atender à satisfação dos clientes internos e externos, pois ocorre no dia a dia das empresas e permite a tomada de ações corretivas sempre que algum aspecto não estiver sendo atendido. 231 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Caso você queira aprofundar seu estudo na abordagem por processos, poderá fazer a leitura do livro PAIM, Rafael; CARDOSO, Vinícius; CAULLIRAUX, Heitor; CLEMENTE, Rafael. Gestão de Processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. ProdutiVidade Atualmente, o termo produtividade tem sido usado exaustivamente pelas empresas, apesar de ser um termo bastante antigo. Segundo Martins e Laugeni (2006), foi utilizado por Littre, em 1883, como sinônimo de capacidade para produzir. No início do século XX, o termo assumiu outro signifi cado, ou seja, a relação entre o produzido (output) e os recursos empregados na produção (input). Segundo a Comunidade Econômica Europeia, produtividade é “o quociente obtido pela divisão do produzido por um dos fatores de produção” (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 13). Com os trabalhos de Frederick W. Taylor, que é considerado o pai da Administração Científi ca, surgiu o termo Produtividade, isto é, a procura incessante por melhores métodos de trabalho e processo de produção, com o objetivo de se obter melhoria da produtividade com o menor custo possível (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 2). Podemos defi nir a produtividade como sendo a medida da efi ciência com que recursos de entrada de um sistema são transformados em saídas. Simplifi cando este conceito, podemos ter a fórmula da Figura 55. Figura 55 – Produtividade Fonte: O autor. Produtividade, isto é, a procura incessante por melhores métodos de trabalho e processo de produção, com o objetivo de se obter melhoria da produtividade com o menor custo possível 232 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade A produtividade pode ser tida como o segredo para a sobrevivência das empresas no mercado. É a relação entre os recursos utilizados para a produção e o produto fi nal. É o resultado da capacidade de produzir. Vamos a um exemplo. A produtividade pode ser tida como o segredo para a sobrevivência das empresas no mercado. Qual a efi ciência econômica de uma empresa que teve custos de materiais e processos de R$ 75.000,00 para gerar uma receita de R$ 90.000,00? Nossa fórmula para o cálculo da produtividade é: Solução: = 1,20 ou 120% Com este resultado, podemos dizer que a empresa teve um rendimento de 20% a mais sobre seus custos, ou uma produtividade de 120%. Martins e Laugeni (2006, p. 9) dizem que “o estudo e a avaliação da produtividade vem recebendo atenção crescente dos empresários, pois são concordes que aí está o único caminho da sobrevivência da empresa a médio e longo prazos”. A forma de medir ou avaliar a produtividade em uma empresa tem sido foco de estudos entre muitos pesquisadores. Existem várias formas de avaliação da produtividade, sendo cada uma com a característica da própria empresa, e pode ter suas próprias vantagens e desvantagens. Medir a efi ciência dos processos produtivos é de suma importância para as empresas de manufatura, visto que é o resultado dos recursos consumidos versus o produto fi nal. 233 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 As medidas de produtividade devem ser vistas como instrumentos auxiliares na detecção de problemas e no acompanhamento dos sistemas de produção a que se referem. Para isso, faz-se necessário trabalhar em uma série interminável de variáveis que nos trazem uma quantidade muito grande de dados para auxiliar no processo da tomada de decisão (BORGES; NETO,1993 apud CORRÊA, 2010). Os Indicadores de Produtividade são ligados à efi ciência dos processos, tratando da utilização dos recursos para a geração de produtos e serviços. Esses indicadores são muito importantes, uma vez que permitem uma avaliação precisa do esforço empregado para gerar os produtos e serviços. Além disso, devem andar lado a lado com os Indicadores de Qualidade para que ocorra o equilíbrio necessário ao desempenho global da organização (CORRÊA, 2010). A medida da produtividade nacional é função do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), que periodicamente disponibiliza os indicadores. Os mais usuais são o produto nacional bruto (PNB), o produto interno bruto (PIB) e o PIB dividido pela população (PIB per capita) (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 15). Estas informações podem ser acessadas no site do IBGE: <www. ibge.gov.br>. A medição da produtividade representa a relação entre duas unidades de medidas diferentes, normalmente. Profi ssionais de diversas áreas, como engenheiros, economistas, administradores, usam diferentes formas de medir e as mais comuns são: • Produtividade Total: se refere a todas as entradas e saídas. • Produtividade Parcial: se refere a uma única entrada ou saída. Estas medidas ou índices de produtividade são realizados pelas empresas de acordo com o objetivo que se quer alcançar. O resultado destas medições é chamado também de efi ciência, que é um problema na maior parte das empresas hoje, pois a busca para a efi cácia é constante, para se tornarem cada vez mais competitivas. 234 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Existe uma ferramenta chamada “O Termômetro da Indústria”. É uma ferramenta interativa que apresenta o desempenho recente da indústria brasileira. A situação da indústria é identifi cada pela combinação de um conjunto de indicadores. Estas informações estão disponíveis no site: <http://termometro.portaldaindustria.com.br/>. Atividades de Estudos: Agora que você já estudou um pouco sobre produtividade, vamos a alguns cálculos. 1) Determinar a produtividade de uma empresa fabricante de peças automotivas, que em um mês produziu 40.000 peças que foram vendidas a R$ 25,00 a unidade. Para fabricar e vender estas peças, a empresa teve uma despesa de R$850.000,00. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Qual a efi ciência econômica de uma empresa que incorreu em custos de R$ 150.000,00 para gerar uma receita de R$ 176.000,00? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) No mês de janeiro, a empresa ABC produziu 1.250 unidades do produto Alpha, com a utilização de 800 homens/hora. Em fevereiro, devido ao número de dias úteis, produziu 1.100 235 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 unidades, com a utilização de 700 homens/hora. Determinar a produtividade total nos meses de janeiro, fevereiro e sua variação para gerar uma receita de R$ 176.000,00. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ Além dos indicadores citados neste texto, você também encontrará alguns indicadores de produtividade, que são divulgados pelo Instituo Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ) – <www. ibqp.gov.br>, como também pelo Instituto Nacional de Estudos para o Desenvolvimento Industrial <www.iedi.org.br>. Medidas de Desempenho Dois conceitos muito importantes, vistos anteriormente, quando se fala em desempenho, é a efi ciência e efi cácia. Normalmente, os cálculos efetuados pelas empresas têm como resultado a efi ciência de um processo, embora o que se busca constantemente é a efi cácia nos processos das empresas. Para verifi carmos se a empresa é efi ciente ou efi caz, necessitamos realizar algumas medições. Desta forma, constantemente, as organizações vêm realizando avaliações e sua produtividade com base em medidas de desempenho, ou também chamados indicadores de desempenho. Segundo os autores Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 563), “medição de desempenho é o processo de quantifi car a ação, no qual a medição signifi ca que o processo de quantifi cação, e o desempenho da produção é presumido como derivado da produção”. 236 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Uma medição sempre é necessária para avaliar se um processo produtivo ou se uma operação é boa, ruim ou indiferente. Assim, você poderá gerenciar seus processos de modo efi caz ou efi ciente. Duas variáveis são importantes: a unidade de medida e o método de medição. No Quadro 46, temos exemplos de medidas parciais de desempenho. Uma medição sempre é necessária para avaliar se um processo produtivo ou se uma operação é boa, ruim ou indiferente. Duas variáveis são importantes: a unidade de medida e o método de medição. Quadro 46 – Exemplo de operações descritas em termos de seus processos Objetivo de desempenho Medidas Qualidade Número de Defeitos. Nível de Refugo. Tempo médio de falhas. Velocidade Tempo do consumidor em fi la. Frequência de entregas. Tempo de ciclo. Confi abilidade Porcentagem de pedidos entregues com atraso. Aderência à programação. Atraso médio dos pedidos. Flexibilidade Tamanho médio do lote. Tempo de mudança de máquina. Tempo para aumentar a taxa de produção. Custo Valor agregado. Produtividade de mão de obra. Custo por hora de operação. Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009). Pode-se adotar que nada poderá ser melhorado na empresa se não for medido. Sempre que algum processo for melhorado e o seu desempenho não tiver sido medido, o resultado não poderá ser avaliado e nem reconhecido. 237 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Temos que ter ciência de que nada adianta ter diversos sistemas de medição se não conseguirmos avaliar ou acompanhar, e ainda ter um equilíbrio entre o que o cliente espera e as estratégias da empresa. As medidas de desempenho devem levar em consideração alguns fatores primordiais, que se destacam como sendo cinco objetivos de desempenho: qualidade, velocidade, confi abilidade, fl exibilidade e custo. Por exemplo, o custo de uma operação é derivado de muitos fatores, que podem incluir a efi ciência de compras da operação e a efi ciência de sua produção, produtividade de pessoal e assim por diante (SLACK, CHAMBERS E JOHNSTON, 2009). Além das medições, cada empresa deve desenvolver o seu modelo de apresentação e formatação dos indicadores. Não existe um padrão, o importante é que o indicador seja confi ável e de fácil compreensão, devendo refl etir o resultado mensurado. O ideal é que se possa apresentar indicadores de forma gráfi ca para melhor compreensão com a tabela de dados medidos. Uma ferramenta muito utilizada para tabular e criar gráfi cos é o Microsoft Excel. Um exemplo é demonstrado no Quadro 47. Como podemos observar, este é um indicador que demonstra a produção mensal de um tratamento de madeira, trazendo um comparativo com o ano anterior e uma média mensal de produção. Veja que, neste exemplo, temos a representação gráfi ca e a tabela com os dados numéricos. Quadro 47 – Exemplo de indicador de desempenho Fonte: O autor. 238 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade A linha tracejada indica a meta estabelecida pela empresa. A meta estabelecida pela empresa, neste exemplo do Quadro 47, é estratégica, pois refl ete o nível de desempenho que é visto pela empresa para alcançar seus objetivos, que pode ser atender à demanda externa de seus clientes. Ficar visível é uma ferramenta da Qualidade Total denominada de Gestão à Vista (GILSA, 2011, p. 77). Atualmente, as informações sobre o andamento dos processos podem também ser apresentadas de forma on-line para os operadores, preparadores e gestores. Os chamados Andons são muito úteis para apresentar, em tempo real, a situação do processo, permitindo que os gestores e operadores possam tomar ações corretivas durante o mesmo dia. A informação em tempo real sobre questões como volume de produção, faturamento e qualidade são vitais também para as empresas que implantam sistemas de Remuneração Variável, ou seja, baseadas nos resultados dos indicadores diretos do processo (GILSA, 2011). Ficar visível é uma ferramenta da Qualidade Total denominada de Gestão à Vista O Andon é uma forma de gestão à vista de ocorrências na linha de produção, que podem ser apresentadas em forma de alerta sonoro ou representações visuais (quadros, sinalizadores) (CITISYSTEMS, 2017). O importante após os indicadores serem estabelecidos pela empresa, é que estes fi quem visíveis para os gerentes, encarregados, supervisores e operadores, para acompanharem o desempenho da empresa. Este pode ser colocado em quadros simples, painéis sofi sticados ou eletrônicos. Sugerimos a leitura do artigo Andon. Disponível em: <https:// www.citisystems.com.br/andon/>. 239 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Todo o estudo deste capítulo está relacionado à produtividade, desde o seu cálculo, como medir, como demonstrar com indicadores de desempenho. Tudo isto está relacionado à procura incessante por melhores maneiras de produzir, sempre com a fi nalidade da redução de custo, buscando a efi ciência ou a efi cácia dos processos. Uma técnica muito utilizada para a busca da produtividade é a Produção Enxuta ou Lean Manufacturing, ou simplesmente, Lean. A Produção Enxuta é uma abordagem voltada à eliminação de atividades que não agregam valor nos produtos e processos, cujos princípios e práticas vêm sendo adotados em diversos segmentos da indústria (WOMACK; JONES; ROOS, 1990). Para entender melhor este assunto e fi nalizar este capítulo, leia o artigo a seguir: “O que é Lean?” Bons estudos! O QUE É LEAN? Lean é uma fi losofi a de gestão inspirada em práticas e resultados do Siste- ma Toyota. Ao longo das últimas décadas, organizações de praticamente todos os setores têm usado lean como meio fundamental para transformar realidades ger- enciais, potencializar resultados e melhor aproveitar o potencial humano. O inter- esse é crescente, novas técnicas e experiências continuam a ser desenvolvidas e compartilhadas, e isso tem permitido que o aprendizado seja cada vez mais rápido e efetivo. Trata-se de um corpo de conhecimento cuja essência é a capacidade de eliminar desperdícios continuamente e resolver problemas de maneira sistemáti- ca. Isso implica repensar a maneira como se lidera, gerencia e desenvolve pes- soas. É através do pleno engajamento das pessoas envolvidas com o trabalho que se consegue vislumbrar oportunidades de melhoria e ganhos sustentáveis. 240 Fundamentos de Gestão de Processos e da Qualidade Toda iniciativa lean precisa estar embasada em propósitos claramente defi nidos e orientados à criação de valor para o cliente. A partir dessa necessi- dade, estabelece-se uma relação com as mudanças requeridas nos processos e na maneira como o trabalho