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UNYLEYA
GESTÃO DE SEGURANÇA DE VOO
MANUTENÇÃO E CERTIFICAÇÃO
TAREFA II
REABILITY CENTERED MAINTENANCE (RCM), A MANUTENÇÃO CENTRADA EM CONFIABILIDADE
ROMULO RUSSO
INTRODUÇÃO
A prevenção de acidentes em manutenção de aeronaves é a função de se manter qualquer equipamento em condições de utilização, ou restaura-lo para tal, com o objetivo de se manter a confiabilidade, que nada mais é do que a possibilidade de se prever a probabilidade de um determinado sistema desempenhar, sem falhas, uma missão, durante um período de tempo determinado. Em outras palavras, a Manutenção aeronáutica deve ser realizada com o intuito de garantir a aeronavegabilidade continuada do produto aeronáutico, dos sistemas e dos equipamentos das aeronaves, através do seu funcionamento regular, compreendendo cuidados técnicos que envolvam conservação, adequação, restauração, substituição e preservação, eleitos de acordo com diretrizes, programas e orientações baseados em padrões de taxas de falha de cada sistema, no caso concreto.
Não há um só equipamento, com tecnologia embarcada ou não, que consiga operar sem manutenção adequada por um longo período de tempo, e vale ressaltar que confiabilidade inerente de um equipamento é resultado direto de seu projeto e fabricação, dessa forma, não é possível aumentar o nível de confiabilidade com processos de manutenção, porém planos de manutenção preventiva e/ou proativa bem elaborados podem ajudar a garantir o desempenho esperado.
No presente artigo vamos tratar da manutenção centrada em confiabilidade, e os requisitos de elegibilidade do modelo de manutenção adotado para cada situação em concreto. 
TAXA DE FALHA E OS CONCEITOS DE MANUTENÇÃO
A manutenção centrada em confiabilidade (MCC) foi desenvolvida e fundamentada através de trabalhos científicos no final da década de 1970. Método formado para definir a melhor estratégia de manutenção, reunindo assim, de uma forma equilibrada as melhores técnicas a serem aplicadas em uma empresa. É uma excelente estratégia de se utilizar, pois garante a confiabilidade e disponibilidade de itens considerados críticos, amplia a disponibilidade dos equipamentos, uma vez que é planejada, e se bem executada reduz demais a probabilidade de quebra ou falha. O MCC foca em administrar manutenções visando utilizar a melhor estratégia dentro do que é possível ser feito, sem que a confiabilidade seja lesada, implementando uma cultura de segurança pautada na preservação de vidas humanas, coeficientes de segurança limitados ao peso, encargos e custos e fadigas estruturais e condições ambientais.
	Os equipamentos não se danificam com a mesma frequência, nem apresentam o mesmo padrão de defeito, a taxa de falha nada mais é que ciclo e padrão de defeitos de determinado componente, e é ela quem vai determinar a escolha da manutenção mais adequada; O modelo matemático mais utilizado para determinar padrões de taxa de falha é o chamado “Curva da banheira”, e esses padrões se dividem em três partes. Primeiramente “mortalidade infantil”, período inicial de defeitos ou falhas, elevados índices de falhas causadas por defeitos de fabricação, instalação, deficiência de projeto e ou falta de habilidade do operador. A segunda parte é a “vida útil”, cuja taxa de falhas é menor e se mantém constante ao longo do tempo. A terceira e última parte é o “envelhecimento” ou degradação, sendo um aumento da ocorrência de falhas devido ao fim da vida útil e desgaste natural dos componentes. Nessa parte acontece a manutenção planejada, recuperando, substituindo ou melhorando, sempre almejando a disponibilidade do equipamento por mais tempo de operação. 
	Sabemos que os riscos em manutenção nunca serão inteiramente eliminados, pois envolvem muitos fatores humanos em um amplo espectro de tecnologias que tornam a atividade cada vez mais complexa, porém novos métodos de segurança e sistemas de gerenciamento de riscos vêm sendo estudados, desenvolvidos e implementados, a fim de manter esses riscos em níveis aceitáveis, propiciando o alcance dos objetivos dos procedimentos: a aeronavegabilidade continuada, já que as manutenções interrompem a utilização dos equipamentos por um certo período de tempo, e padrões de segurança de nível mundial. 
Para tanto, a indústria da aviação desenvolveu diferentes técnicas, redundâncias de equipamentos e sistemas, modularização de componentes, lista mínima de equipamento, o MCC organiza e otimiza todas essas técnicas, e define a melhor estratégia de manutenção, fomentando a produtividade, reduzindo custos e promovendo segurança. 
	Duas importantes abordagens servem de base para os programas de manutenção, a orientação por processo, baseada nos procedimentos Hard Time (HT) prevenção de falha que geralmente remove o item e realiza uma revisão completa ou parcial, se possível ou descarte completo se consumível ou irreparável; On- Condition (OC) processo de prevenção de falhas em que o item é inspecionado ou periodicamente, com sua condição comparada a padrões preestabelecidos de desgaste e limites de deterioração; e Condition- Monitoring (CM) aplicado quando os dois primeiros não são indicados, monitora estatísticas acerca de falhas de componentes que não possuem tempo de vida ou período de desgaste identificados. E a Orientação por tarefa, MSG-3, uma evolução da abordagem por processo, nesse caso são realizadas tarefas de manutenção predeterminadas, com foco na consequência da falha, que evitam falhas durante o voo, geralmente para equipamentos ou sistemas que possuem taxas de falha difícil de ser prevista ou que não tem tarefas de manutenção programada.
TIPOS DE MANUTENÇÃO
	A evolução dos sistemas de manutenções acompanhou a evolução tecnológica da aviação ao longo dos anos, no início as manutenções eram feitas somente quando necessárias e com um emprego de muitas horas trabalhadas em revisões periódicas em toda a aeronave, os chamados overhaul, usava-se os equipamentos até que se parasse a aeronave para fazer revisão total e troca de itens, a simplicidade dos sistemas permitiam que o trabalho se realizasse dessa forma, porém se tornava bastante caro. Nos dias de hoje esse tipo de trabalho não pode ser realizado, sistemas sofisticados requerem manutenção sofisticada, planejamento e requisitos que tornem todo o processo muito mais confiável, e de custos elevados. Sabe-se que nem todos os equipamentos possuem a mesma vida útil, e é imprescindível que o produto opere em conformidade com os procedimentos prescritos pelo fabricante, os sistemas eletrônicos requerem maiores cuidados e revisões periódicas e ajustes do que os sistemas convencionais, os motores à jato requerem revisões planejadas, sistemas de navegações modernos necessitam de cuidados específicos, diferente das bussolas, cronômetros ou auxílios rádio de outrora, e assim por diante. As manutenções programadas são o principal meio de se manter altos níveis de confiabilidade dos equipamentos aeronáuticos, e reduzir os custos de manutenção, porém há manutenções que precisam ocorrer sem uma programação específica, seja por incidentes ou desgastes aleatórios, e tem o objetivo de reparar ou recuperar material danificado. 
A abordagem moderna para a manutenção é mais sofisticada porque as aeronaves são projetadas para cumprir com níveis de segurança, aeronavegabilidade e manutenibilidade e um programa de manutenção detalhado é desenvolvido para cada novo modelo de aeronave. Este programa de manutenção pode ser adaptado por cada explorador para acomoda-lo à natureza de suas operações. utiliza-se alguns tipos de manutenção, a depender da demanda; são elas: 
- Manutenção preventiva; ações antecipadas que buscam impedir falhas, evitar perda de desempenho e reduzir probabilidade de avarias por meio de inspeções periódicas e programadas. É geralmente realizada em itens sujeitos a desgastes, consumíveis e componentes com padrões de falhas conhecidos. O Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica (RBHA) 043 limita os seguintes trabalhos de manutenção preventiva, desde que não envolva operações complexas demontagem: Remoção, instalação e reparos de pneus, substituição de amortecedores de trem de pouso constituídos por cordas elásticas, colocação de ar e/ou óleo em amortecedores do trem de pouso, limpeza e colocação de graxa nos rolamentos das rodas, substituição de frenos e contra chavetas defeituosas, lubrificação que requeira apenas a desmontagem de itens não estruturais como tampas, capotas e carenagens, entre outros trabalhos. 
- Manutenção preditiva, também conhecida por manutenção sob condição ou manutenção com base no estado do equipamento, é baseada no conhecimento de cada componente através de testes periódicos e parâmetros estatísticos, que visam determinar o momento adequado de troca e\ou reparos. É utilizada também para os testes de equipamentos de padrões de falhas aleatórios e aqueles não sujeitos a desgastes. Definida por Kardec (2003) como a atuação realizada com base em modificação de parâmetros de Condição e Desempenho, cujo objetivo obedece a prevenir falhas no produto por meio do acompanhamento de parâmetros diversos, permitindo a operação continua do equipamento pelo maior tempo possível, cujo as falhas devem ser oriundas de causas que possam ser monitoradas e ter sua progressão acompanhada, desde que seja estabelecido um programa de acompanhamento, analise e diagnostico sistematizado. A vantagem da adoção de política de manutenção preditiva são os aspectos relacionados com a segurança pessoal e operacional tais como, redução de custos pelo acompanhamento constante das condições dos equipamentos, o que evita intervenções desnecessárias e consegue manter os equipamentos operando de modo seguro por mais tempo, reduzindo significativamente os índices de acidentes por falhas catastróficas e a ocorrência de falhas não esperadas, o que proporciona o aumento de segurança pessoal e do produto.
-Manutenção reativa, é um tipo de manutenção corretiva e não programada, necessária quando o equipamento falha ou tem mal funcionamento não necessariamente afetando de forma critica a segurança de voo, mas consequentemente diminui a disponibilidade e aumenta os custos operacionais. Recomendada apenas em pequenos itens, Componentes de baixa criticidade, de baixa consequência para o sistema, de baixa probabilidade de falha e redundantes. busca adequar o equipamento às necessidades das exigências operacionais, melhoria de desempenho e otimização da própria manutenção. 
- Manutenção proativa, manutenção centrada em confiabilidade que busca inovar e otimizar os processos de fabricação e manutenção, mantendo elo entre os dois processos de modo a reduzir consideravelmente o número de problemas operacionais relacionados com a manutenção. Segundo Clive (2007) o erro na manutenção é uma parte normal das operações de manutenção que podem ser abordados durante o processo de projeto para assegurar que o erro não leve ao comprometimento da segurança e da eficiência do produto. Utilizando-se de ferramentas e métodos para redução de falhas e análise de riscos que mantenham ou restabeleçam o produto a uma condição operacional na sequência de uma falha, atacando a raiz do problema, sejam elas humanas ou físicas (RCFMA), melhorando a sua disponibilidade, e minimizando os custos do ciclo de vida, a Manutenção proativa busca elevar a confiabilidade de processos e produtos, classificando hierarquicamente em efeito, causa, detecção, prevenindo falhas em potencial através de abordagem sistêmica de causas e efeitos (FMEA), e exame sistemático da vida útil de um componente (Age Exploration), definindo intervalos de tarefas e manutenções, bem como quantificar tempo de vida.
CONCLUSÃO
O processo de manutenção de aeronaves consiste no fluxo de tarefas destinadas a manter a segurança e aeronavegabilidade continuada das aeronaves em serviço, mas a execução de qualquer tarefa de manutenção implica a possibilidade de erro. Juntando estas quatro categorias de manutenção, Reativa, Preditiva, Preventiva e Proativa, cada uma eleita especificamente para um momento distinto do processo, o MCC procura diminuir a ocorrência de falhas técnicas ou reduzir as consequências ao máximo, prezando por detectar e diagnosticar a falha com antecedência e otimizar a realização das tarefas, bem como, mantendo constante conexão e comunicação com a produção dos itens aeronáuticos e manuais de boas práticas do fabricante, fazendo com que a confiabilidade do produto e das empresa aumentem, maximizando os lucros, e principalmente auxiliando na gestão da segurança de voo, investigação e redução de acidentes. 
Todo acidente deve ser evitado e a prevenção de acidentes requer mobilização geral, são dois dos princípios SIPAER que se aplicam diretamente à fabricação de componentes aeronáuticos e à manutenção aeronáutica, tendo em vista que a segurança é algo inerente a tudo que se faz em Aviação, por isso até a tarefa mais simples deve se cercar do adequado grau de segurança, e é exatamente isso que se busca com o desenvolvimento de novas diretrizes de manutenção e aplicação de manuais, check lists e padronização de procedimentos de manutenção, nessa nossa busca constante por confiabilidade e segurança.
BIBLIOGRAFIA
AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL (ANAC). Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica RBHA 043. Manutenção, Manutenção Preventiva, Recondicionamento, Modificações e Reparos Disponível em: http://www.anac.gov.br/biblioteca/rbha/rbha043.pdf Acesso em: 26 de setembro de 2023.
MINISTÉRIO DA DEFESA, COMANDO DA AERONÁUTICA. Investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos MCA-33. Manual de Prevenção de acidentes do SIPAER, 2012.
KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: Função Estratégica. 3ª edição. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.
PINTO, Luís Henrique Terbeck. Análise de falhas tópicos de engenharia de confiabilidade: engenharia de manutenção central. 2004. Disponível em: Acesso em: 26 de setembro de 2023.
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