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@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 1 OBJETIVO 1. Estudar a doença renal aguda e crônica: a. Fisiopatologia b. Etiologia c. Manifestação clínicas d. Diagnóstico e. Tratamento/manejo Doença Renal Crônica INTRODUÇÃO A doença renal crônica (DRC) caracteriza-se pela redução progressiva e irreversível da taxa de filtração glomerular (TFG) e/ou pela presença de proteinúria por pelo menos 3 meses. A perda progressiva da função renal (glomerular, tubular, endocrinológica) leva a uma miríade de sinais e sintomas a que se denomina síndrome urêmica. − Anormalidades da estrutura ou função renal, presentes por mais de 3 meses, com implicações para a saúde A síndrome urêmica pode ser definida como um conjunto de alterações bioquímicas e nas funções metabólicas, endócrinas e imunes decorrentes da perda de função renal. E, embora costumem ser mais aparentes apenas nas fases mais tardias da DRC, essas alterações costumam se dar desde as fases iniciais de seus portadores, expondo-os, por exemplo, a um maior risco de mortalidade cardiovascular. ETIOLOGIA As principais causas de DRC que levam pacientes para alguma modalidade dialítica são: − Hipertensão arterial sistêmica; − Diabete melito; − Doenças glomerulares; − Doença renal policística. Há ainda diversas outras causas que podem cursar com DRC SINAIS E SINTOMAS Diversas condições representam risco para o desenvolvimento de doença renal crônica (DRC) como diabetes, hipertensão, glomerulonefrite, uso de medicamentos nefrotóxicos, nefrolitíase, hipertrofia prostática benigna, estenose de artéria renal, síndrome hepatorrenal, síndromes genéticas, entre outras. O declínio gradual da função em pacientes com doença renal crônica é inicialmente assintomático. Entretanto, diferentes sinais e sintomas podem ser observados com falência renal avançada, incluindo hipervolemia, hipercalemia, acidose metabólica, hipertensão, anemia e doença mineral óssea. O desenvolvimento de doença renal terminal (IRC classe V) resulta numa constelação de @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 2 sinais e sintomas conhecida como uremia. A progressão rápida da doença renal é definida como declínio na TFG > 5ml/min/1,73m2/ano. Alguns achados clínicos e laboratoriais podem ser vistos em pacientes em estágio avançados conforme o sistema acometido: − Neurológico: letargia, sonolência, tremores, irritabilidade, soluço, câimbra, fraqueza muscular e déficit cognitivo. − Gastrointestinais: anorexia, náusea, vômito, gastrite, hemorragia, diarreia e hálito urêmico. − Cardiovascular ou pulmonar: hipertensão resistente ao tratamento, dispneia, tosse, arritmia e edema. − Metabólico e Endocrinológico: Perda de peso, acidose metabólica, hiperuricemia, hipercalemia, galactorreia, diminuição de libido, impotência. − Hematológico: anemia e sangramento. − Urinário: noctúria e oligúria. DIAGNÓSTICO MARCADORES DE DANO RENAL (um ou mais) − albuminúria (≥ 30mg/24h ou razão albuminúria/creatininúria ≥ 30mg/g) − anormalidades do sedimento urinário − anormalidades eletrolíticas ou outras devido a doenças tubulares − anormalidades detectadas por histologia − anormalidades estruturais detectadas por exames de imagem − história de transplante renal REDUÇÃO DA TFG < 60ml/min/1,73m2 A presença de albuminúria é um marcador de dano renal altamente utilizado na prática clínica. Obs.: Recomenda-se estadiamento da DRC com base em dois critérios laboratoriais: a estimativa do ritmo de filtração glomerular e albuminúria. A depender da gravidade dessas duas variáveis, pode-se estimar o prognóstico da DRC. O exame pode ser realizado com coleta de urina em 24 horas ou em amostra de urina (para facilitar a realização do exame). Algumas condições podem interferir na excreção de albumina e devem ser descartadas antes de sua realização (febre, infecção urinária, exercício físico). Outras alterações sugestivas de dano renal são: presença de cilindros patológicos, hematúria e alterações de exames de imagem. No sedimento urinário pode-se observar a presença de cilindros patológicos: leucocitários, hemáticos, epiteliais, granulosos, céreos, largos e graxos. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 3 − A presença de cilindros hialinos não são tipicamente patológicas, podendo ocorrer por alterações fisiológicas. − A presença de hematúria em exame comum de urina (EAS/EQU ou urina tipo1) deve ser comprovada com nova coleta após 8 semanas. Persistindo a alteração, deve-se excluir causas glomerulares, por meio da avaliação de hemácias dismórficas (o exame é positivo com a presença de mais de 70% de eritrócitos dismórficos na amostra) ou causas anatômicas (como nefrolitíase). No EXAME DE IMAGEM (ecografia de vias urinárias) os seguintes achados contribuem com a identificação da causa da doença renal crônica: rim policístico, hidronefrose por obstrução, lesão cortical renal por infarto, pielonefrite ou refluxo vesico ureteral, massas renais ou tumores, estenose de artéria renal, assimetria renal (diferença de 1,5 cm entre os rins), perda da diferenciação corticomedular e rins pequenos e ecogênicos (a associação de ecogenecidade e rins inferiores a 10 cm geralmente corresponde a dano renal irreversível). VIAS DE EVOLUÇÃO DA DRC COMPLICAÇÕES ALTERAÇÃO DO CONTROLE VOLÊMICO Classicamente, há menor capacidade de excreção de sódio e água, com tendência à hipervolemia, se não houver adequação da ingestão hídrica e/ou de sal. Um dos primeiros sintomas da DRC, a noctúria, é manifestação dessa incapacidade de concentração urinária. Por outro lado, certas patologias renais cursam com comprometimento tubular importante, podendo causar poliúria, com tendência à desidratação se houver redução da oferta hídrica. DESNUTRIÇÃO Um dos sintomas clássicos da uremia, a anorexia, decorre tanto do acúmulo de escórias nitrogenadas quanto do maior estado inflamatório sistêmico, podendo levar a perda ponderal e desnutrição proteico-calórica. ANEMIA Diversas causas contribuem para anemia na DRC, sendo a deficiência relativa de eritropoetina (EPO) a principal causa. A EPO é produzida nos rins, pelos fibroblastos peritubulares, e atua na medula óssea estimulando células precursoras de células vermelhas a proliferar. Na DRC ocorre perda da massa renal e, portanto, menor produção de EPO. A DRC é também uma situação de inflamação sistêmica, proporcionando o desenvolvimento da anemia da doença crônica. Citocinas inflamatórias inibem a ação da eritropoetina na medula óssea e estimulam a produção hepática da hepcidina, um peptídeo que inibe a absorção intestinal de ferro e a mobilização do ferro estocado nos macrófagos do sistema retículo endotelial. Portanto, é muito comum na DRC a deficiência de ferro. Além disso, as perdas de ferro são comuns em pacientes com DRC, uma vez que eles frequentemente apresentam displasias vasculares na parede intestinal, associadas à enterorragia. Pacientes em hemodiálise também apresentam perdas sanguíneas relacionadas ao procedimento. Outro aspecto que contribui para a anemia da DRC é a menor vida média da hemácia. Nos pacientes com função renal normal, a vida média das hemácias é de cerca de 120 dias, enquanto nos pacientes com DRC a vida média das hemácias é de cerca de 90 dias. Esse aspecto ainda não está bem esclarecido, estando possivelmente relacionado a certo grau de hiperesplenismo. Os pacientes com DRC apresentam hiperparatireoidismo (i.e., um maior funcionamento das glândulas paratireoides). Nessa situação ocorre fibrose da medula óssea e menor produção de glóbulos vermelhos. Ainda concorrem para anemia da DRC as deficiências de vitamina B12 e ácido fólico, por conta das restrições alimentares recomendadas para esses pacientes. A anemia causa palidezcutânea, indisposição, diminuição da atenção e insuficiência cardíaca. Ela costuma aparecer na categoria 3 de DRC e é quase universal nos pacientes nas categorias mais avançadas de DRC. IMUNODEFICIÊNCIA: por redução da imunidade celular e humoral. DOENÇA MINERAL ÓSSEA DA DRC Na DRC ocorrem diversas situações que estão associadas à maior produção de paratormônio (PTH). Sendo elas: a diminuição da eliminação renal de fósforo, a deficiência de vitamina D ativa e diminuição do cálcio sérico. Com a perda da função renal ocorre menor eliminação renal de fósforo, que induz a produção, nos osteócitos, de FGF23, uma proteína que tem a função de evitar o aumento sérico de fósforo. O FGF23 diminui a reabsorção tubular de fósforo e, portanto, aumenta a excreção renal de fósforo. O FGF23 também inibe a 1α-hidroxilase, enzima renal que acrescenta uma hidroxila na 25(OH)vitamina D, @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 4 transformando-a na 1,25(OH)2 vitamina D, a forma mais ativa da vitamina D, que já tem sua produção diminuída por conta da perda da massa renal que ocorre na DRC. Em decorrência da deficiência de vitamina D, ocorre menor absorção intestinal de cálcio e, com isso, hipocalcemia. DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS Notadamente acidose metabólica e hipercalemia. O controle do pH sanguíneo é dependente dos pulmões, rins e tampões plasmáticos. Nos rins, o excesso de íons H+ é eliminado por meio de acidez titulável e aumento de excreção de amônia. Nos estágios avançados de DRC, a capacidade de produção de amônia é limitada, com predisposição para acidose metabólica. Existem evidencias de associação entre acidose metabólica e progressão da DRC, sendo recomendada a manutenção dos níveis de bicarbonato sérico acima de 22 mEq/L. ABORDAGEM AO PACIENTE COM NEFROPATIA Todo paciente com risco ou um diagnóstico provável para DRC deve ser abordado de maneira sistemática, aqui descrita em passos, que levam ao plano de ação adequado: 1.Estimar a TFG. O resultado é utilizado para fins de classificação do estágio da DRC. 2.Avaliar o sedimento urinário e a presença de proteinúria ou de albuminúria. Trata-se da pesquisa de sinais laboratoriais de lesão renal, que podem ser clinicamente silenciosos. 3.Classificar o estágio da DRC. Utilize a Figura 52.2, baseando-se na TFG estimada, na avaliação do sedimento urinário e da albuminúria. É importante considerar que a investigação etiológica é fundamental, a despeito do estágio da DRC. 4.Identificar a presença de fatores de risco para progressão da DRC e fatores de RCV. Como a maioria das nefropatias que levam à DRC tem natureza progressiva, ou seja, podem levar à perda definitiva da função renal, é parte fundamental do manuseio desses pacientes a investigação de fatores possíveis de acelerar a progressão. 5.Definir o plano de ação. A partir dos dados obtidos é possível definir o plano de ação para cada estágio da DRC MANEJO 1.Os pacientes com risco elevado para DRC em geral devem ser testados anualmente para a presença de DRC, utilizando-se: − Mensuração da creatinina plasmática para estimativa da TFG; no caso de redução da TFG, repita em, no máximo, 2 semanas − Detecção de proteinúria (uProt) ou albuminúria (uAlb) − Avaliação do sedimento urinário. 2.Pacientes com risco potencial para DRC devem ter mensurada a TFG antes do uso de medicações potencialmente nefrotóxicas para correção de dose e acompanhamento, em particular: − Lítio − Antibioticoterapia prolongada − Antirretrovirais − Quimioterapia − Inibidores de calcineurina (ciclosporina e tacrolimo) − Uso prolongado de analgésicos e anti- inflamatórios − Uso de anticoagulantes orais diretos − Uso de inibidores de bomba de prótons. 3.Pacientes com história familiar de doença renal policística do adulto (DRPA) devem realizar exame de imagem (em geral ultrassonografia) na idade adulta 4.Pacientes com risco elevado para DRC devem ser avaliados concomitantemente para RCV. FATORES DE RISCO PARA A DRC - Risco elevado − Diabetes melito − Hipertensão arterial sistêmica − Doença cardiovascular preexistente: o Acidente vascular cerebral o Infarto agudo do miocárdio o Insuficiência arterial periférica − História familiar de DRC @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 5 ESTÁGIOS DA DOENÇA RENAL CRÔNICA O objetivo do manuseio do paciente com DRC em qualquer um de seus estágios é evitar a perda da função renal, reduzir ou evitar as morbidades associadas a ela e reduzir o RCV e o risco de morte. Para atingir esses objetivos, todo o paciente com DRC deve ser avaliado para determinar: − A etiologia da DRC (causa e tipo de doença renal) − A gravidade da DRC (o estágio em que se encontra, baseado na TFG e na albuminúria) − As complicações associadas ao nível de função renal − Os fatores de risco relacionados à progressão da nefropatia − Os fatores de RCV associados. Utilizando-se a definição dos estágios da DRC será possível delinear o seu manejo nas diversas situações clínicas próprias de cada fase. ESTÁGIOS 1 E 2 São estágios caracterizados por alguma evidência de dano renal, mas com TFG ≥ 60 mℓ/min/1,73 m2. O estágio 1 tem TFG normal (acima de 90 mℓ/min/1,73 m2), e o estágio 2 tem valores intermediários (entre 60 e 90 mℓ/min/1,73 m2), mas que podem ser valorados como normais, de acordo com a idade, sexo e massa muscular. A evidência de dano renal pode ser demonstrada por: − Anormalidade no sedimento urinário, tal como a presença de proteinúria ou albuminúria, bem como hematúria glomerular − Evidência de anormalidades estruturais renais, como a nefropatia do refluxo ou a uropatia obstrutiva − Alterações eletrolíticas como consequência de doenças tubulares renais − Anormalidades histológicas renais − Diagnóstico de uma doença renal genética, como a DRPA. Em qualquer um dos seus estágios a DRC está relacionada com crescente risco cardiovascular (RCV), mortalidade, risco de fraturas, infecções, comprometimento cognitivo e fragilidade, podendo a identificação precoce permitir a redução dessas comorbidades associadas. Até o momento não há dados suficientes que permitam agrupar adequadamente as etiologias das nefropatias mais prevalentes em cada estágio da DRC, porém os estágios 1 e 2 são a apresentação inicial da maioria das nefropatias progressivas. Como já relatado, a apresentação inicial é silenciosa na grande maioria @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 6 dos casos, o que dificulta o diagnóstico, o qual, na maioria das vezes, é firmado em exames de rotina realizados aleatoriamente. Os exames de screening somente se justificam em populações de risco, como ressaltado anteriormente, mas a identificação dessas populações também pode passar despercebida. ESTÁGIOS 3A, 3 E 3B Encontram-se em estágio 3A de DRC os pacientes com TFG entre 45 e 59 mℓ/min/1,73 m2 e em estágio 3B aqueles com TFG entre 30 e 44 mℓ/min/1,73 m2. Para o nefrologista são os estágios nos quais a maioria dos pacientes será encaminhada. Uma vez mais, as etiologias são o espelho da prevalência da DRC, com nefropatia diabética e hipertensiva assumindo como principais determinantes, a maioria delas com caráter progressivo. Da mesma forma que nos estágios 1 e 2, é fundamental a definição da etiologia da nefropatia, dos fatores de RCV e de progressão da nefropatia, bem como identificar a presença de complicações associadas à DRC. Todas devem ser investigadas e abordadas. O valor da TFG utilizado no estágio 3A da DRC traz uma limitação: inclui um grande número de pacientes que cursa com TFG abaixo de 60 mℓ/min/1,73 m2, mas que não tem uma doença renal de natureza progressiva ou que causa um impacto real na sua saúde. Como exemplo, imagine uma senhora de 84 anos de idade, não negra, sem nenhuma doença sistêmica significativa, com uma mensuração de creatinina plasmática de 0,9 mg/dℓ.Sua TFG é estimada em 59 mℓ/min/1,73 m2, portanto em estágio 3A de DRC. De fato, um grande número de pessoas idosas acaba caindo nesse estágio, sem nenhuma outra doença associada. Todos eles apresentam uma elevação significativa do RCV e devem ser adequadamente avaliados para isso, mas não necessariamente progredirão para estágio mais avançados da DRC. Além disso, é importante identificar aqueles pacientes que podem continuar perdendo função renal. A presença de albuminúria (maior que 30 mg/24 h) é um marcador adicional de dano renal que em idosos acima de 65 anos parece identificar melhor os pacientes com nefropatia de natureza progressiva. Para o estágio 3B, a evolução é mais clara e, de uma forma simplificada. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 7 @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 8 ESTÁGIO 4 Encontram-se em estágio 4 de DRC os pacientes com TFG entre 15 e 29 mℓ/min/1,73 m2. A evolução nessa fase depende bastante da idade. Em jovens com esse nível de função renal pode-se afirmar que todos os pacientes progredirão para o estágio seguinte, se se mantiverem livres de eventos cardiovasculares. Por outro lado, idosos têm uma chance maior de morte do que de atingir a terapia renal substitutiva (TRS). A progressão para o estágio 5 deve-se à redução grave do número de néfrons funcionantes, de modo que aqueles remanescentes são submetidos à hiperfiltração compensatória, o que leva à quase inexorável progressão para perda definitiva da função renal. Infelizmente, a maioria evolui para óbito em decorrência de um evento cardiovascular. Por ser um estágio que antecede o início das TRS, todos os pacientes no estágio 4 da DRC devem ser orientados sobre a possibilidade de iniciarem um programa de TRS. A instituição de um acesso vascular para hemodiálise deve ser debatido com o paciente e seus cuidadores, quando for o caso, levando-se em conta a expectativa de vida, as condições de obtenção de um acesso adequado e a opção da modalidade dialítica. É bastante bem estabelecido que o acompanhamento nefrológico por um período maior que 6 meses antes do início da TRS está relacionado a um risco menor de complicações e menor mortalidade no paciente renal crônico. − Praticamente todos os pacientes em estágio 4 evoluirão para estágio 5 ou sofrer um evento cardiovascular − Todos os pacientes nesse estágio devem ser tratados para os fatores de RCV e as comorbidades associadas à DRC − O risco de LRA é maior nos estágios mais avançados da DRC − Os pacientes nesse estágio devem ser informados e preparados para a TRS − O transplante renal antes do início da diálise é a melhor modalidade de TRS. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 9 ESTÁGIO 5 Por definição, encontram-se em estágio 5 de DRC pacientes com TFG abaixo de 15 mℓ/min/1,73 m2. Esse estágio pode ser chamado de insuficiência renal crônica terminal, no qual se iniciam os programas de TRS – diálise e transplante –, quando a grande maioria dos pacientes apresentará sintomatologia típica, chamada uremia. É o momento para definição da TRS, seja hemodiálise ou diálise peritoneal, ou do transplante renal, bem como do momento adequado de início dessas terapias. Contudo, uma pequena parcela desses pacientes, em geral aqueles muito idosos, mantém-se oligossintomática e tolera o tratamento conservador, não dialítico. MANEJO Todas as medidas para tratamento das complicações associadas à DRC são mantidas ou intensificadas, uma vez que elas se acentuam em razão de piora da função renal. O estágio 5 da DRC deve considerar a etiologia e o prognóstico individuais. Como exposto anteriormente, há situações em que se pode preferir o tratamento conservador ou mesmo o tratamento paliativo, como em casos de doenças terminais, quando a uremia pode estar @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 10 acompanhando o fim da vida do paciente. Nesse caso, a TRS pode não melhorar a qualidade de vida ou tampouco prolongar a sobrevida. Devem-se considerar os seguintes passos no manejo desse estágio: − Verificar a velocidade de perda da função renal com medidas sequenciais da creatinina plasmática – perdas rápidas demandam início precoce da TRS − Afastar causas reversíveis: hipovolemia, infecção urinária, obstrução do trato urinário, descompensação de insuficiência cardíaca congestiva e uso de fármacos nefrotóxicos − A ureia plasmática é um marcador laboratorial frequentemente utilizado como sinônimo da uremia. De fato, o acúmulo da ureia é progressivamente maior quanto menor a TFG. Por outro lado, a ureia plasmática não é um marcador ideal da TFG, uma vez que sofre grande influência da volemia, de medicações concomitantes e da ingesta proteica. Em estágios muito avançados, pode haver redução da ureia simplesmente por falta da ingesta de proteínas. Regra geral, valores de ureia plasmática acima de 200 mg/dℓ são muito mal tolerados, mesmo no paciente com DRC de evolução lenta − Com a grave redução da TFG, a hiperpotassemia é muito mais frequente e o monitoramento do potássio plasmático é fundamental, em especial se o paciente faz uso de medicamentos que reduzem a excreção urinária desse potássio. São eles: diuréticos poupadores de potássio, IECA, BRAII, betabloqueadores e AINH − A hiperfosfatemia ocorre em praticamente todos os pacientes. O uso de quelantes do fósforo será frequentemente necessário − A redução da proteinúria continua sendo importante, porém é preciso atentar-se para piora da TFG associada ao bloqueio da AII, bem como à hiperpotassemia, frequentemente associada a medicações com esse mecanismo − Em pacientes sem indicações primárias para o uso de IECA ou BRAII (como insuficiência cardíaca congestiva), em especial aqueles com nefropatias não nefróticas (p. ex., nefropatia hipertensiva, doenças tubulointersticiais), deve ser considerada a sua interrupção objetivando melhora da TFG, e postergado o início da TRS41,42 − Imunização: pacientes que iniciam TRS devem ser obrigatoriamente vacinados para hepatite B. Nessa população há baixa resposta imune e o esquema preconizado é de 4 doses no total, com verificação da conversão sorológica para eventual repetição do ciclo de vacinas, até a positivação do anti-HB. É aconselhável também a vacinação contra influenza e pneumococo − Revisar frequentemente (ao menos trimestralmente) a medicação em uso, em particular medicações adquiridas sem orientação médica. Os AINH são de risco potencial elevado para piora da função renal e efeitos colaterais. Ajustar a dose das medicações em uso para a TFG correspondente. MANEJO DA ANEMIA O objetivo do tratamento da anemia na DRC é a melhora de sintomas e a redução da necessidade de transfusões. Afastadas outras causas de anemia, o uso da EPOrh é fundamental para a recomposição dos níveis de Hb nessa fase da DRC. Além disso, é frequente a necessidade de suplementação com doses generosas de ferro, uma vez que a absorção gastrintestinal parece diminuir com a uremia. A via mais frequentemente utilizada é a intravenosa. A administração de eritropoetina recombinante humana (EPOrh) é eficaz em reverter a anemia associada à DRC e reduzir a mortalidade ligada à doença. O uso da EPOrh na anemia associada à DRC tem por objetivos melhorar a qualidade de vida do paciente e evitar a necessidade de transfusões sanguíneas. Estas estão associadas ao aumento da produção de anticorpos, que irão dificultar um possível transplante renal. Diversos estudos avaliaram a eficácia e a segurança do uso de EPOrh em pacientes com DRC, associado aos níveis de Hb. Há dados suficientes que permitem afirmar que, em uso de EPOrh, os níveis de Hb não devem superar 13 g/dℓ. Nesses pacientes, a Hb alvo na DRC é de 11,5 g/dℓ, uma vez que a normalização desses níveis está associada a aumento da mortalidade, risco de AVE, trombose de acessos vasculares, hipertensão, eventos cardiovasculares e mesmo progressão daDRC. Alguns dados sugerem aumento do risco de mortalidade por câncer em pacientes com história de malignidade recente. Algumas das recomendações atuais são apresentadas abaixo: − Hemoglobina que indica o início da EPOrh: não há valor específico, mas valores < 10 g/dℓ costumam beneficiar- se desse tratamento. Muitos pacientes são assintomáticos com Hb até 9 g/dℓ e não devem ser tratados − Verificar a presença de sintomatologia associada à anemia, que indica a necessidade de melhora dos níveis de Hb: o Fadiga fácil, redução do desempenho físico o Dispneia ao esforço o Piora da função miocárdica, piora da classe funcional do quadro clínico da insuficiência cardíaca congestiva o Angina de peito em coronariopatas o Piora da claudicação intermitente em pacientes com vasculopatias periféricas − A complicação mais frequente é a elevação da PA, que demanda ajuste da medicação anti-hipertensiva. Raramente há necessidade de suspensão da EPOrh. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 11 − Pacientes com neoplasia maligna em atividade, especialmente com perspectiva de cura, ou história de malignidade devem ser avaliados para a possibilidade de evitar o uso de EPOrh, uma vez que há associação com risco aumentado de morte pela neoplasia − Pacientes com passado de acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) devem ter uso cauteloso de EPOrh, pois há aumento da incidência de novos eventos − O efeito colateral mais frequente é dor à injeção – o paciente deve ser alertado para isso QUANDO INDICAR O TRANSPLANTE RENAL O transplante renal é, a priori, o tratamento de escolha para a DRC em estágio 5, mas, infelizmente, nem todos podem ser transplantados. Há hoje um pequeno número de contraindicações absolutas, tais como incompatibilidade ABO, presença de hipersensibilização pré-transplante e doença neoplásica em atividade. Contudo, contraindicações temporárias são frequentes nessa população, por exemplo: quadros de insuficiência cardíaca congestiva descompensada, insuficiência coronariana não controlada, DM descompensado, doenças hepáticas virais com sinais de atividade, presença de infecções, doenças sistêmicas em atividade, entre outros. Nesses casos, o tratamento da contraindicação transitória é mandatório e o transplante deve ser buscado, se possível. Assim como a hemodiálise e a diálise peritoneal, o transplante renal deve ser apresentado ao paciente com DRC na fase 4 e já pode ser considerado em pacientes com TFG < 20 mℓ/min/1,73 m2 em situações progressivas e irreversíveis. Os riscos e as complicações de cada método devem ser explanados e a preferência do paciente deve ser considerada. Há pacientes que preferem a terapia dialítica ao transplante renal. Doença Renal Aguda Conceito de Insuficiência Renal Aguda (IRA) IRA é definida como a redução aguda da função renal em horas ou dias. Refere-se principalmente a diminuição do ritmo de filtração glomerular e/ou do volume urinário, porém, ocorrem também distúrbios no controle do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA IRA 1. IRA PRÉ-RENAL – Este quadro ocorre devido à redução do fluxo plasmático renal e do ritmo de filtração glomerular. Principais causas: hipotensão arterial, hipovolemia (hemorragias, diarréias, queimaduras). Observações complementares no diagnóstico de IRA pré-renal: − Oligúria não é obrigatória − Idosos podem ter a recuperação após 36h da correção do evento - aguardar 48h − NTA por sepse, mioglobinúria e por contraste podem ser não-oligúricas e nos casos de oligúria, podem apresentar FENa < 1% e/ou FEU < 35% − Diuréticos podem aumentar a FENa na IRA pré renal - usar FEU < 35% 2. IRA RENAL (Intrínseca ou estrutural) – A principal causa é a necrose tubular aguda (NTA isquêmica e/ou tóxica). Outras causas: nefrites tubulo-intersticiais (drogas, infecções), pielonefrites, glomerulonefrites e necrose cortical (hemorragias ginecológicas, peçonhas). Situações especiais comuns: − NTA SÉPTICA (associada a duas ou mais das seguintes condições de SIRS) temperatura > 38o C ou < 36o C frequência cardíaca > 90 bpm frequência respiratória > 20 ipm PaCO2 < 32 mmhg leucócitos > 12.000 ou < 4.000 mm3 mais de 10% de bastões ou metamielócitos foco infeccioso documentado ou hemocultura positiva − NTA NEFROTÓXICA uso de nefrotoxina em tempo suficiente níveis séricos nefrotóxicos precedendo a ira ausência de outras causas @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 12 possíveis reversão após a suspensão da nefrotoxina recidiva após a reinstituição e.g. são não-oligúricas − IRA POR GLOMERULOPATIAS Exame de urina I com proteinúria e proteinúria acima de 1g/dia hematúria com dismorfismo eritrocitário positivo ou cilindros hemáticos no sedimento urinário biópsia renal positiva − IRA POR NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA manifestações periféricas de hipersensibilidade febre e rash cutâneo ou eosinofilia uso de droga associada a NIA – Por ex., penicilinas, cefalosporinas, quinolonas, alopurinol, cimetidina, rifampicina forte suspeita clínica patologias frequentemente associadas: leptospirose, legionella, sarcoidose biópsia renal positiva − IRA VASCULAR dor lombar hematúria macroscópica contexto clínico predisponente ICC, estados de hipercoagulação, vasculites, síndrome nefrótica evento cirúrgico precipitante confirmação com exame de imagem cintilografia compatível Tomografia ou angioressonância magnética arteriografia compatível − EMBOLIZAÇÃO POR COLESTEROL evento precipitante até 30 dias manipulação de grandes vasos cateterismo arterial trauma anticoagulação, petéquias livedo reticularis eosinofilia hipocomplementemia − IRA HEPATORENAL Critérios Maiores – todos devem estar presentes para o diagnóstico perda de função renal (ClCr < 60 ml/min ou Cr > 1,5 mg/dL) ausência de outras causas de IRA ausência de melhora após expansão plasmática ausência de melhora após suspensão de diuréticos proteinúria < 500 mg/dia ausência de obstrução urinária ausência de IRA parenquimatosa. Critérios Menores – podem estar presentes ou não diurese < 500 ml/dia sódio urinário < 10 meq/l osmolalidade urinária > plasmática sódio sérico < 130 meq/l hemácias na urina < 50 p/c. 3. IRA PÓS-RENAL (OBSTRUTIVA) – Secundárias a obstrução intra ou extra-renal por cálculos, traumas, coágulos, tumores e fibrose retroperitoneal. − Obstrução urinária − Dilatação pielocaliceal ao exame ultrasonográfico − Diâmetro antero-posterior da pelve renal maior que 30 mm ou − Diâmetro ap da pelve maior que diâmetro ap do rim − Evidência clínica de iatrogenia intra-operatória − Anúria total. QUADRO CLINICO História Clínica – É importante para estabelecer a causa subjacente (diminuiçao do volume extracelular, drogas, contrastes radiológicos, sepse), os fatores de risco (idade, disfunçao renal prévia, co-morbidades) e a gravidade da IRA. Manifestaçoes clínicas específicas sao incomuns, mas febre, mal estar, “rash” cutâneo e sintomas musculares ou articulares podem estar associados a nefrites intersticiais, vasculites ou glomerulonefrites. Dor lombar ou supra-púbica, dificuldade de micçao, cólica nefrética e hematúria podem sugerir IRA pós-renal. Exame físico – Sinais e sintomas da IRA dependem da causa e do grau de comprometimento da funçao renal, sendo frequentemente inespecíficos e mascarados pela doença de base. A observaçao de sinais de hipovolemia e hipotensao arterial ou sinais de obstruçao do trato urinário auxiliam o diagnóstico diferencial de IRA pré ou pós- renal. Devem-se procurar sinais associados com a etiologia e complicaçoes da IRA. A presença de livedo reticular e micro-infartos digitais podem sugerir doença renal ateroembólica. Pacientes com dispnéia, ortopnéia, edema, turgência jugular e estertoraçao pulmonar podem estar hipervolêmicos, enquanto aqueles com fraqueza muscular ou paralisia ascendentepodem estar com hiperpotassemia. A Tabela 2 descreve as principais manifestaçoes órgao-específicas encontradas em pacientes com IRA. DIAGNOSTICO LABORATORIAL 1. Sangue: Elevaçao de escórias nitrogenadas (uréia, creatinina, ácido úrico), acidose metabólica, hipo ou hipernatremia, hiperpotassemia, hipo ou hipercalcemia e hiperfosfatemia e anemia normocítica e normocrômica. Deve-se utilizar o clearance estimado de creatinina para o estabelecimento do nível real da funçao renal. 2. Urina: Avaliaçao de osmolalidade, sódio, creatinina, uréia e sedimento urinário. 3. Exames de Imagem: ultra-sonografia com doppler (tamanho, forma, ecogenicidade, simetria, número de rins, obstruçao/estenose vascular e uropatia obstrutiva). Exames contrastados devem ser evitados, inclusive os exames de ressonância magnética nuclear devido ao risco de Fibrose Nefrogênica Sistêmica. 4. Biópsia renal: Indicada apenas em casos selecionados. Estes incluem a causa desconhecida para o quadro, evoluçao atípica e/ou prolongada, suspeita de nefrite intersticial, necrose cortical, doença ateroembólica, @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 13 glomerulonefrites agudas ou rapidamente progressivas e vasculites. DIAGNOSTICO DIFERENCIAL – IRA VS. IRC Perda de funçao renal lenta e progressiva, presença de sinais e sintomas de uremia avançada (anemia, coloraçao amarelo-palha, sintomas neurológicos e digestivos) sao sugestivos de IRC. Cilindros largos no sedimento urinário também sugerem IRC. Antecedentes de HA, diabetes, nefropatias, doença vascular podem auxiliar, mas também sao causas predisponentes para IRA agudizada (que se desenvolve em pacientes com algum comprometimento prévio da funçao renal). Em caso de dúvida persistente, a ultra-sonografia pode mostrar rins contraídos ou hipercogênicos na IRC e rins de aspecto normal ou aumentado na IRA. A exceçao é a nefropatia diabética que podem evoluir para IRC com preservaçao do aspecto renal sonográfico próximo da normalidade. TRATAMENTO CLINICO 1. Assegure-se que o volume intravascular esteja expandido. Mantenha pressao arterial média acima de 80mmHg, hematócrito acima de 30% e oxigenaçao tecidual adequada. 2. Evite hiperhidrataçao, que poderá causar edema, hipertensao, insuficiência cardíaca e hiponatremia. IRA é um processo hipercatabólico e um paciente que nao estiver perdendo ao redor de 300 g de peso corporal por dia quase certamente está em balanço positivo de água. Lembre-se que o melhor parâmetro para diagnosticar precocemente hiperhidrataçao é o peso diário. 3. Previna hipercalemia diminuindo a ingestao de potássio e evite drogas que interfiram com a sua excreçao. Trate agressivamente hipercalemias graves ou sintomáticas através de infusao endovenosa de cálcio, soluçoes polarizantes (glicose e insulina), uso de agonistas β2, correçao da acidose, resinas de troca iônica e hemodiálise. 4. Tome precauçoes extremas contra processos infecciosos. Evite antibioticoterapia desnecessária, quebras da barreira cutâneo-mucosa (sondas, cateteres, etc) e pesquise cuidadosamente a presença de focos infecciosos. A maior causa de mortalidade em pacientes com IRA é septicemia. 5. Nutra o paciente. Tente obter o balanço nitrogenado menos negativo possível através da administraçao de uma relaçao calórico/protéica adequada. Evite restriçoes alimentares severas. Se a sobrecarga de volume for um problema nao contornável clinicamente, inicie diálise precocemente ou a intensifique. TRATAMENTO DIALITICO – INDICAÇOES DE DIALISE NA IRA Existem situaçoes onde o tratamento dialítico (hemodiálise, diálise peritoneal e hemofiltraçao) é emergencial por haver um risco iminente para a vida do paciente. Entretanto, a melhor conduta é prevenir a necessidade de diálise de urgência pela prática da indicaçao precoce de diálise antes do surgimento do quadro de uremia franca e/ou de complicaçoes clínicas, metabólicas e eletrolíticas. As principais indicaçoes dialíticas sao: − Hiperpotassemia: acima de 5,5 meq/L com alteraçoes ao ECG ou maior que 6,5 meq/L − Hipervolemia: edema periférico, derrames pleural e pericárdico, ascite, hipertensao arterial e ICC − Uremia: sistema nervoso central (sonolência, tremores, coma e convulsoes) sistema cardiovascular (pericardite e tamponamento pericárdico), pulmoes (congestao pulmonar e pleurite), aparelho digestivo (náuseas, vômitos e hemorragias digestivas) − Acidose metabólica grave. − Outras: hipo ou hipernatremia, hipo ou hipercalcemia, hiperuricemia, hipermagnesemia, hemorragias devido a distúrbios plaquetários, ICC refratária, hipotermia e intoxicaçao exógena TERAPIA RENAL DE SUBSTITUIÇÃO (TRS) NA IRA – OBJETIVOS A terapia renal de substituição tem como objetivos a correção das anormalidades metabólicas decorrentes da disfunção renal, a regulação do equilíbrio e balanços influenciados pelos rins (ácido-básico, eletrolítico, hídrico, volêmico e nutricional). Além disto, visa o manejo do líquido extracelular em pacientes com falência orgânica múltipla, a preservação e o auxílio na recuperação das disfunções orgânicas (renal, SNC, CV, Respiratória, GI, VO2, etc.) e eventualmente, a manipulação/remoção de mediadores que contribuem para o estado de desregulação da resposta inflamatória na doença critica. A Tabela 5 descreve os principais objetivos da TRS na IRA. ANTICOAGULAÇÃO Na realização dos métodos hemodialíticos, a anti- coagulação é obrigatória, interferindo diretamente na eficiência e durabilidade da terapêutica dialítica. Vários métodos de anticoagulação encontram-se disponíveis para uso em sistemas hemodialíticos. A heparina continua sendo o agente anticoagulante mais utilizado. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 11 14 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Riella, Miguel C. Princípios de Nefrologia e Distúrbios Hidroeletrolíticos, 6ª edição. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2018. Martins, Mílton de, A. et al. Clínica Médica, Volume 3: Doenças Hematológicas, Oncologia, Doenças Renais. Disponível em: Minha Biblioteca, (2ª edição). Editora Manole, 2016.
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