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@anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 1 CÂNCER DE MAMA INTRODUÇÃO O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente. A maioria dos casos, quando tratados adequadamente e em tempo oportuno, apresentam bom prognóstico. O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença. ESTATÍSTICAS Estimativa de novos casos: 66.280 (2021 - INCA); e Número de mortes: 18.032, sendo 207 homens e 17.825 mulheres (2020 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM). FATORES DE RISCO O câncer de mama não tem somente uma causa. A idade é um dos mais importantes fatores de risco para a doença (cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos). Fatores ambientais e comportamentais Fatores da história reprodutiva e hormonal Fatores genéticos e hereditários** Obesidade e sobrepeso Primeira menstruação antes de 12 anos História familiar de câncer de ovário Inatividade física* Não ter tido filhos Casos de câncer de mama na família, principalmente antes dos 50 anos Consumo de bebida alcoólica Primeira gravidez após os 30 anos História familiar de câncer de mama em homens Exposição frequente a radiações ionizantes para tratamento (radioterapia) ou exames diagnósticos (tomografia, Raios-X, mamografia, etc) Parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos Alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2 Tabagismo - há evidências Uso de contraceptivos sugestivas de aumento de risco hormonais (estrogênio- progesterona) Ter feito reposição hormonal pós- menopausa, principalmente por mais de cinco anos * Não realizar ao menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada. **A mulher que possui um ou mais fatores genéticos/hereditários apresenta risco elevado de desenvolver câncer de mama. Apenas 5 a 10% dos casos da doença estão relacionados a esses fatores. FATORES QUE PODEM AUMENTAR O RISCO DE UM HOMEM DESENVOLVER CÂNCER DE MAMA: Envelhecimento - O envelhecimento é um fator de risco importante para o desenvolvimento do câncer de mama em homens. Os homens são diagnosticados em média aos 72 anos. Histórico familiar - O risco de câncer de mama aumenta se parentes próximos da família tiveram câncer de mama. Cerca de 20% dos homens com câncer de mama têm um parente próximo (do sexo masculino ou feminino) com a doença. Mutações genéticas hereditárias - Homens com alterações no gene BRCA2 têm um risco aumentado para câncer de mama. As alterações no gene BRCA1 também podem causar câncer de mama em homens, mas o risco não é tão elevado quanto para as mutações no gene BRCA2. As alterações nos genes CHEK2, PTEN e PALB2 também podem ser responsáveis por alguns tipos de câncer de mama em homens. Síndrome de Klinefelter - A síndrome de Klinefelter é uma condição congênita que afeta 0,1% dos homens. Os homens com síndrome de Klinefelter têm testículos menores que o normal. Muitas vezes, eles são inférteis, por não produzirem espermatozoides funcionais. Comparados com outros homens, eles têm baixos níveis de andrógenos e aumentados de estrogênios, por isso frequentemente desenvolvem ginecomastia. Homens com a síndrome de Klinefelter são mais propensos a ter câncer de mama do que homens sem a doença. Ter essa condição pode aumentar o risco entre 20 a 60 vezes o risco de um homem na população em geral. Exposição às radiações - Os homens que já fizeram radioterapia da parede torácica para outras doenças, como por exemplo, linfoma, tem um risco aumentado de desenvolver câncer de mama. @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 2 Alcoolismo - O alto consumo de bebidas alcoólicas aumenta o risco de câncer de mama em homens. Isso pode ser devido aos efeitos do álcool sobre o fígado. Doença hepática - O fígado desempenha um importante papel no metabolismo dos hormônios sexuais. Os homens com doenças no fígado, como cirrose, têm níveis relativamente baixos de andrógenos e níveis mais altos de estrogênio. Eles têm ginecomastia e um risco aumentado de câncer de mama. Tratamento com estrogênio - Medicamentos com estrogênio usados na terapia hormonal do câncer de próstata podem aumentar ligeiramente o risco de câncer de mama. Os homossexuais que tomam altas doses de estrogênios como parte do processo de mudança de sexo podem ter um risco aumentado de câncer de mama. Entretanto, ainda não existem estudos sobre o risco de câncer de mama em homossexuais, por isso não está totalmente claro qual é seu risco para câncer de mama. Obesidade - A obesidade é, provavelmente, um fator de risco para câncer de mama masculino, uma vez que as células de gordura do corpo convertem os hormônios masculinos (andrógenos) em hormônios femininos (estrogênios). Isso significa que os homens obesos têm níveis mais altos de estrogênio em seu corpo. Condições dos testículos - Certas condições, como ter um testículo encarcerado, ter caxumba quando adulto ou tiver um ou ambos os testículos removidos cirurgicamente (orquiectómica) pode aumentar o risco de câncer de mama masculino. PREVENÇÃO Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como: − Praticar atividade física; − Manter o peso corporal adequado; − Evitar o consumo de bebidas alcoólicas; − Amamentar seu bebê. Amamentar o máximo de tempo possível é um fator de proteção contra o câncer. Não fumar e evitar o tabagismo passivo são medidas que podem contribuir para a prevenção do câncer de mama. NÓDULOS BENIGNOS Esse tipo de formação normalmente indica uma proliferação localizada e limitada de células do tecido mamário ou um acúmulo de líquido na região. Os nódulos benignos em geral têm uma localização bastante limitada, sendo fácil determinar suas bordas, e são móveis, podendo ser deslocados de um lado para outro na mama. FIBROADENOMA – Tipo de nódulo benigno mais frequente entre as mulheres, especialmente entre os 20 e 30 anos. É comum ocorrer em ambas as mamas. Trata-se de um tipo de caroço rígido, que não causa dor ou incômodo, e que também pode aparecer nas axilas. É comum aparecer no período menstrual ou durante a gravidez, devido às alterações hormonais ou por tendência genética. O fibroadenoma é a segunda neoplasia mais frequente da glândula mamária, precedida pelo carcinoma. É a afecção mamária benigna mais comum em mulheres com menos de 35 anos, assintomática em 25% dos casos e com múltiplas lesões em 13 a 20%. Pode ocorrer desde a menarca até a senectude, mas é mais comum entre 20 e 30 anos de idade. Embora os esteroides sexuais sejam apontados como agentes promotores, fatores parácrinos entre o epitélio e o estroma parecem ser mais importantes no controle de seu crescimento, que é em geral autolimitado, não ultrapassando 3 a 4 cm de diâmetro. O diagnóstico é essencialmente clínico. Apresenta-se como tumor único ou múltiplo, móvel, bem delimitado, não fixo ao tecido adjacente, lobulado, de crescimento lento, com maior ocorrência no quadrante súpero-lateral. Em geral é indolor, exceto durante a gravidez e lactação, condições que podem estimular seu crescimento rápido e produzir dor por infarto. A consistência é fibroelástica, mas, nas pacientes de maior faixa etária, pode haver deposição de calcificação dis- trófica no nódulo (“calcificação em pipoca”), e o nódulo passa a ter consistência endurecida. CISTOS – Normalmente se assemelham a uma estrutura oval ou arredondada, com acúmulo de líquido em seu interior. Eles podem aparecer em uma ou em ambas as mamas, sendo dolorosos ounão. Em muitos casos, estão associados às alterações hormonais da chegada da menopausa. A faixa etária em que mais comumente os cistos ocorrem é de 35 a 50 anos, coincidindo, pois, com a fase involutiva dos lóbulos mamários. Os cistos incidem em 7 a 10% da população feminina, podendo ser únicos ou múltiplos, uni ou bilaterais. Manifestam-se clinicamente como nódulos de aparecimento súbito, de contornos regulares, móveis e dolorosos. A consistência pode ser amolecida ou, quando o líquido intracístico encontra-se sob tensão, a sensação palpatória é fibroelástica. A maior parte dos cistos decorrem de processos involutivos da mama. Em alguns casos, entretanto, a parede do cisto pode sofrer metaplasia apócrina, com produção ativa de fluido, o que causa recidivas frequentes, definidas como estruturas com diâmetro maior que 3 mm, com comportamento biológico lábil, podendo aumentar ou desaparecer. A ultra-sonografia é o método mais sensível para o diagnóstico dos cistos mamários, com precisão de até 100%, detectando lesões a partir de 2 mm. Distingue ainda os cistos complicados (cistos com conteúdo espesso ou “debris” – pontos ecogênicos em suspensão) e os @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 3 complexos (com septações espessas e/ou vegetações intracísticas). A biópsia excisional pode ser indicada em caso de recidivas locais (mais de três) e deve ser realizada quando o conteúdo do aspirado for sanguinolento (afastar sempre acidente de punção) ou quando persistir massa palpável ou densidade mamografia após remoção de todo o líquido. ALTERAÇÕES FIBROCÍSTICAS – Tipo de nódulo comum durante o período menstrual, muitas vezes dolorosos, mas que melhoram após a menstruação. RETENÇÃO DE LEITE – Alteração também conhecida como “leite empedrado”, são formações endurecidas pelo acúmulo de leite nas mamas. Podem ser bastante dolorosas para a mulher, causando desconforto também para amamentar. ESTEATONECROSE – Processo inflamatório que ocorre quando ocorre algum trauma na região da mama, muitas vezes associados a procedimentos cirúrgicos nas mamas, como na mamoplastia. Basicamente, é a parte que sofreu o trauma tentando cicatrizar. ABSCESSO MAMÁRIO – Ocorre quando há algum tipo de infecção na mama. O tratamento para o abscesso é feito a partir da drenagem do abscesso, além do uso de antibióticos para tratar a infecção. O TUMOR FILÓIDES OU FILODES (cystosarcoma phyllodes) apresenta-se como tumor móvel, lobulado e indolor. É muito raro, correspondendo a 2% dos tumores fibroepiteliais da mama, sendo mais comum após os 40 anos. Na maioria das vezes (80% dos casos) é benigno. Entretanto, apresenta alta tendência de recidiva local e pode sofrer degeneração maligna sarcomatosa. A característica peculiar deste tumor é a grande celularidade do estroma, comparada à do fibroadenoma, e por isto também é denominado fibroadenoma hipercelular. O epitélio pode ser hiperplásico, com ou sem atipias. Para definição de benignidade ou malignidade, consideram-se no componente estromal a contagem mitótica, atipias celulares e comprometimento das margens. A principal diferença clínica entre o tumor filoides e o fibroadenoma, é o seu crescimento rápido e a capacidade de atingir grandes volumes, por vezes ocupando toda a mama. A consistência é elástica e a adenopatia axilar não é incomum, mas é de natureza inflamatória. A associação com fibroadenoma ocorre em 30% dos casos. Ao contrário do fibroadenoma, a bilateralidade e a multicentricidade são excepcionais. Embora tumores mais volumosos, endurecidos e com ulcerações sugiram formas malignas, os parâmetros clínicos não são suficientes para diferenciar as variantes benignas das malignas do tumor filoides. O diagnóstico é clínico e a mamografia é inespecífica. A punção aspirativa com agulha fina e a biópsia percutânea com agulha grossa apresentam baixo valor preditivo, provavelmente pelo fato de o tumor ser bastante volumoso e apresentar com frequência, em seu interior, áreas de infarto hemorrágico, o que dificulta o diagnóstico. O FIBROADENOMA JUVENIL (ou celular) é um subtipo histológico que apresenta crescimento acelerado (7% a 8% de todos os subtipos), tendo predileção por meninas negras (2,3). Cerca de 10% a 25% das pacientes têm tumores múltiplos ou bilaterais ao diagnóstico, tal como o caso apresentado. Seu comportamento biológico é de lesão de crescimento acelerado comprometendo a mama, podendo haver ulceração de pele e distensão venosa superficial. Os fibroadenomas que surgem na infância ou adolescência são chamados de juvenil. Ao contrário do que ocorre nas mulheres adultas, o fibroadenoma juvenil costuma ter crescimento rápido, podendo causar desconforto e alteração estética da mama, tornando-as nitidamente assimétricas. Na maioria dos casos, com o passar dos meses, o tumor regride de tamanho e pode até desaparecer espontaneamente. Tipicamente, é unilateral, apresentando ausência de complicações, como lesões por compressão de tecidos adjacentes, deformação da estrutura mamária, retração mamilar e expansão das veias superficiais. NÓDULOS MALIGNOS Grande temor de toda mulher que identifica um nódulo nas mamas, as alterações cancerígenas apresentam características bem diferentes das que vimos anteriormente. Enquanto que os nódulos benignos podem ocorrer em qualquer fase da vida adulta da mulher, desde a juventude, os nódulos malignos têm uma forte associação com idade, sendo raros em mulheres com menos de 35 anos e mais frequentes após os 50 anos. Nos casos de câncer de mama as formações nodulares não são bem localizadas e delimitadas. Em geral, é mais difícil definir seus limites e suas bordas, sendo comum se espalharem para outras regiões, como as axilas. Além disso, esse tipo de nódulo é mais rígido e fixo ao local onde surgiu, não se movendo com a palpação. Além da presença dos nódulos com as características citadas acima, o câncer de mama apresenta outros possíveis sinais e sintomas, como: − Irritação na pele da mama – É importante observar a presença de vermelhidão, escurecimento, retração ou enrijecimento da pele das mamas. − Inchaço ou assimetria – Diferente do inchaço que ocorre nos períodos menstruais, esse tipo @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 4 associado ao câncer de mama ocorre em apenas uma das mamas, podendo levar a deformações e assimetrias. − Inversão do mamilo – Quando um mamilo normal começa a se retrair, também é um sinal preocupante, que deve ser avaliado pelo mastologista. − Secreção pelo mamilo – Secreções são comuns nas mamas, em algumas situações, porém, as características preocupantes são quando essa secreção sai de forma espontânea (sem precisar apertar), sendo transparentes ou com presença de sangue. − Coceira na aréola e mamilo – Caso você perceba esse sintoma há algum tempo, que não se resolve rapidamente, também é motivo para uma avaliação. SINAIS E SINTOMAS O câncer de mama pode ser percebido em fases iniciais, na maioria dos casos, por meio dos seguintes sinais e sintomas: − Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor: é a principal manifestação da doença, estando presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher; − Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; − Alterações no bico do peito (mamilo); − Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço; − Saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos. Esses sinais e sintomas devem sempre ser investigados por um médico para que seja avaliado o risco de se tratar de câncer. É importante que as mulheres observem suas mamas sempre que se sentirem confortáveis para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem técnica específica, valorizando a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.Em caso de permanecerem as alterações, elas devem procurar logo os serviços de saúde para avaliação diagnóstica. A postura atenta das mulheres em relação à saúde das mamas é fundamental para a detecção precoce do câncer da mama. DETECÇÃO PRECOCE O câncer de mama pode ser detectado em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando assim a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com taxas de sucesso satisfatórias. Todas as mulheres, independentemente da idade, devem ser estimuladas a conhecer seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres. Além disso, o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rastreamento (exame realizado quando não há sinais nem sintomas suspeitos) seja ofertada para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. A recomendação brasileira segue a orientação da Organização Mundial da Saúde e de países que adotam o rastreamento mamográfico. Mamografia é uma radiografia das mamas feita por um equipamento de raios X chamado mamógrafo, capaz de identificar alterações suspeitas de câncer antes do surgimento dos sintomas, ou seja, antes que seja palpada qualquer alteração nas mamas. Mulheres com risco elevado de câncer de mama devem conversar com seu médico para avaliação do risco e definição da conduta a ser adotada. A mamografia de rastreamento pode ajudar a reduzir a mortalidade por câncer de mama, mas também expõe a mulher a alguns riscos. BENEFÍCIO − Encontrar o câncer no início e permitir um tratamento menos agressivo. − Menor chance de a paciente morrer por câncer de mama, em função do tratamento precoce. RISCOS − Resultados incorretos: o Suspeita de câncer de mama, sem que se confirme a doença. Esse alarme falso (resultado falso positivo) gera ansiedade e estresse, além da necessidade de outros exames. o Câncer existente, mas resultado normal (resultado falso negativo). Esse erro gera falsa segurança à mulher. − Ser diagnosticada e submetida a tratamento, com cirurgia (retirada parcial ou total da mama), quimioterapia e/ou radioterapia, de um câncer que não ameaçaria a vida. Isso ocorre em virtude do crescimento lento de certos tipos de câncer de mama. − Exposição aos Raios X. Raramente causa câncer, mas há um discreto aumento do risco quanto mais frequente é a exposição. Esse dado não deve desestimular as mulheres a se submeterem à mamografia, já que a exposição ao Raio X durante esse exame é bem pequena, tornando o método bastante seguro para a detecção precoce. A mamografia diagnóstica, exame realizado com a finalidade de investigação de lesões suspeitas da mama, pode ser solicitada em qualquer idade, a critério médico. Ainda assim, a mamografia diagnóstica não apresenta uma @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 5 boa sensibilidade em mulheres jovens, pois nessa idade as mamas são mais densas, e o exame apresenta muitos resultados incorretos. O SUS oferece exame de mamografia para todas as idades, conforme indicação médica. DIAGNÓSTICO Um nódulo ou outro sintoma suspeito nas mamas deve ser investigado para confirmar se é ou não câncer de mama. Para a investigação, além do exame clínico das mamas, exames de imagem podem ser recomendados, como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. A confirmação diagnóstica só é feita, porém, por meio da biópsia, técnica que consiste na retirada de um fragmento do nódulo ou da lesão suspeita por meio de punções (extração por agulha) ou de uma pequena cirurgia. O material retirado é analisado pelo patologista para a definição do diagnóstico. BIRADS: Classificação de Lesões BIRADS 00: Exame Inconclusivo Indica que as imagens colhidas não são suficientes para um diagnóstico preciso. Assim, exames complementares são necessários para a produção do laudo. BIRADS 01: Exame normal ou negativo Isso significa que o médico não encontrou nenhuma alteração. Lembrando que negativo, em termos de exame, significa que está tudo bem. Essa categoria indica que nada de mau foi encontrado. O risco de malignidade é zero e é indicado apenas o rastreamento mamográfico periódico, de rotina. BIRADS 02: Achados mamográficos benignos Isso significa que o médico encontrou algumas alterações na sua mama, mas que estas são 100% benignas. Dentre estas alterações podemos citar: linfonodos (que são ínguas dentro das mamas), calcificações do tipo benignas, nódulos de gordura, implantes de silicone, fibroadenomas calcificados, dentre outros. Pacientes com BI-RADS 2 com uma lesão benigna que se correlaciona com a massa palpável não requerem exames de imagem adicionais com US da mama e podem retornar para mamografia de rastreamento anual. BIRADS 03: Achados provavelmente benignos Isso quer dizer que o médico encontrou alterações com grande chance de benignidade, isto é, maior que 98%. Aqui se incluem os nódulos com contorno todo definido, assimetrias (pequenas alterações nas formas) muito próximas do tecido mamário normal e calcificações, redondas e uniformes, agrupadas. @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 6 Os pacientes BI-RADS 3 têm uma lesão provavelmente benigna. As mamografias devem ser repetidas a cada 6 a 12 meses por dois a três anos para documentar a estabilidade. Alternativamente, se a lesão for visível na US da mama, ela pode ser seguida com US da mama a cada 6 a 12 meses pelo mesmo período. A lesão deve ser biopsiada se aumentar na repetição da mamografia ou na US. BIRADS 04 ou 05 Lesões BI-RADS 4 ou 5 vistas na mamografia devem ser biopsiadas. Nesse cenário, o US da mama seria realizado para pesquisar o correlato ultrassonográfico da lesão e para examinar a axila conforme necessário. Se nenhum correlato ultrassonográfico for encontrado, a biópsia estereotáxica ou localização guiada por mamografia para biópsia excisional deve ser realizada para lesões BI-RADS 4 ou 5 vistas apenas na mamografia. BIRADS 4: Achados mamográficos suspeitos Neste caso a lesão encontrada tem a chance de malignidade entre 2 e 95%. Essa categoria foi subdividida, já que o campo percentual de malignidade abrangido é muito amplo: − BIRADS 4A – lesões com risco baixo de malignidade, entre 2% a 10%; − BIRADS 4B – com risco moderado, entre 11 a 50%; − BIRADS 4C – lesões com risco alto, entre 51 a 95%. Independentemente da subcategoria, todos os casos desta categoria devem ser submetidos à biópsia. Aqui podem ser incluídas os agrupamentos de calcificações finas e irregulares, heterogêneas grosseiras, calcificações amorfas (sem forma definida), distorções arquiteturais e os nódulos mal definidos. BIRADS 5: Achados altamente suspeitos Neste caso, as lesões têm chance de malignidade maior que 95%. Aqui estão incluídos os nódulos espiculados e as calcificações pleomórficas, ou seja, de formas irregulares e tamanhos e densidade variadas. A conduta de ordem é a biópsia de mama. TRATAMENTO Muitos avanços vêm ocorrendo no tratamento do câncer de mama nas últimas décadas. Há hoje mais conhecimento sobre as variadas formas de apresentação da doença e diversas terapêuticas estão disponíveis. O tratamento do câncer de mama depende da fase em que a doença se encontra (estadiamento) e do tipo do tumor. Pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica (terapia alvo). Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo. No caso de a doença já possuir metástases (quando o câncer se espalhou para outros órgãos), o tratamento busca prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. ESTADIAMENTO O tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, as características biológicas do tumor e as condições da paciente (idade, se já passou ou não pela menopausa,doenças preexistentes e preferências). As modalidades de tratamento do câncer de mama podem ser divididas em: − Tratamento local: cirurgia e radioterapia. − Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica. ESTÁDIOS I E II A conduta habitual nas fases iniciais do câncer de mama é a cirurgia, que pode ser conservadora (retirada apenas do tumor) ou mastectomia (retirada da mama) parcial ou total, seguida ou não de reconstrução mamária. Após a cirurgia, tratamento complementar com radioterapia pode ser indicado em algumas situações. Já a @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 7 reconstrução mamária deve ser sempre considerada nos casos de retirada da mama para minimizar os danos físicos e emocionais do tratamento. O tratamento sistêmico, após o tratamento local, será indicado de acordo com a avaliação de risco de a doença retornar (recorrência ou recidiva) e considera a idade da paciente, o tamanho e o tipo do tumor e se há comprometimento dos linfonodos axilares. A mensuração (medição) dos receptores hormonais (receptor de estrogênio e progesterona) do tumor, por meio do exame de imunohistoquímica, é fundamental para saber se a hormonioterapia pode ser indicada (tratamento de uso prolongado em forma de comprimidos para diminuir a produção dos hormônios femininos do organismo). A informação sobre a presença do HER-2 (fator de crescimento epidérmico 2) também é obtida por meio desse exame e poderá indicar a necessidade de terapia biológica anti-HER-2. Para algumas pacientes com tumores medindo entre 2,1cm e 5cm com comprometimento dos linfonodos axilares, embora sejam entendidas como estadiamento II, pode ser considerado iniciar o tratamento por terapias sistêmicas (quimioterapia) dependendo da imuno-histoquímica (o chamado down stage [redução de estágio]. Essa decisão individualizada permite que pacientes que seriam submetidas à retirada da mama e dos linfonodos axilares possam, eventualmente, ter essas áreas preservadas. ESTÁDIO III Pacientes com tumores maiores que 5cm, porém ainda localizados, enquadram-se no estádio III. Nessa situação, o tratamento sistêmico (na maioria das vezes, com quimioterapia) é a opção inicial. Após a redução do tumor promovida pela quimioterapia, segue-se com o tratamento local (cirurgia e radioterapia). ESTÁDIO IV Nessa fase, em que já há metástase (o câncer se espalhou para outros órgãos) é fundamental buscar o equilíbrio entre o controle da doença e o possível aumento da sobrevida, levando-se em consideração os potenciais efeitos colaterais do tratamento. A atenção à qualidade de vida da paciente com câncer de mama deve ser preocupação dos profissionais de saúde ao longo de todo o processo terapêutico. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER - MINISTÉRIO DA SAÚDE. Câncer de mama. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de- mama. Acesso em: 19 de julho de 2022. CLÍNICA VIVER - CLÍNICA DE IMAGENS MEDICAS. BIRADS: Classificação de Lesões Encontradas nos Exames. Disponível em: https://clinicaviver.com/birads-laudos-de-exames-de- mama/. Acesso em: 20 de julho de 2022.
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