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Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são uma classe de medicamentos prescritos para o controle da dro, febre e inflamação. Diferente dos anti- inflamatórios esteroidais (AIEs), eles não têm o anel esteroidal ou alguma estrutura básica em comum. No entanto, esses fármacos devem ter a ação dos três A’s: • Anti-inflamatória (reduz a inflamação): o potencial anti-inflamatório vai variar de acordo com cada fármaco; • Anti-térmica (reduz a temperatura, isto é, reduz a febre); • Analgésica (reduz a dor). Observação: os AINEs são diferentes dos analgésicos opioides. A depender do tipo de dor e do trauma, os AINEs podem ser associados aos opioides para o tratamento. A cafeína pode ser associada aos AINEs para dois efeitos diferentes: • Auxilia no processo de absorção: faz com que a absorção ocorra rapidamente; • Tem efeito antagonista do receptor de adenosina, potencializando a ação analgésica. - inflamação A inflamação é uma resposta protetora e complexa do organismo em resposta a um estímulo nocivo que está associado a uma agressão. Ela tem como objetivo destruir ou isolar o agente agressor com a finalidade de reparo tecidual – por ocorrer em células (envolve o recrutamento de células e eventos vasculares e celulares), só ocorre em tecidos vascularizados. A inflamação depende de mediadores químicos pró- inflamatórios: • Vasodilatadores: prostaglandina, histamina, bradicinina e óxido nítrico; • Aumento da permeabilidade vascular: aminas vasoativas, C3a e C5a, bradicinina, leucotrienos (C4, D4 e E4), PAF; • Quimiotaxia (ativação dos leucócitos): C5a, leucotrieno B4 e citocinas. Observação: em doenças autoimunes há excesso de mediadores químicos pró-inflamatórios por causa de um defeito na produção de mediadores anti- inflamatórios. PROCESSO INFLAMATÓRIO 1. O ferimento é uma porta de entrada para bactérias e microrganismos patogênicos. Isso dá início ao processo inflamatório; 2. As plaquetas vão iniciar o processo de coagulação sanguínea através da cascata de coagulação; 3. Os mastócitos vão liberar histamina, que promove a vasodilatação, provocando a saída de plasma e células, como os neutrófilos e monócitos (diapedese); 4. Após, os neutrófilos vão iniciar a fagocitose das partículas estranhas e sofrem apoptose logo em seguida; 5. Os monócitos, por sua vez, quando chegam ao local da infecção, após também sofrerem diapedese, são chamados de macrófagos e realizam fagocitose – assim como os neutrófilos; 6. Os macrófagos, além de atuar fagocitando as partículas estranhas, ou liberam citocinas que atraem outras células de defesa ou vão promover a ativação da 3ª linha de defesa imunológica; 7. A resposta inflamatória continua até que o material estranho seja eliminado e a ferida seja reparada. Observação: a 3ª linha de defesa é a resposta celular (em que não há formação de anticorpos) e a resposta humoral (quando há formação de anticorpos). Farmacologia II 2 INFLAMAÇÃO AGUDA x CRÔNICA CARACTERÍSTICA AGUDA CRÔNICA Início Rápido (minutos ou horas) Lento (dias) Infiltrado celular Neutrófilos principalmente Monócitos/macrófagos, linfócitos e plasmócitos (imunoglobulinas) Lesão tecidual e fibrose Geralmente leve e autolimitada Frequentemente acentuada e progressiva Sinais locais e sistêmicos Proeminentes Podem ser sutis SINAIS CARDINAIS DA INFLAMAÇÃO Existem 5 sinais clássicos do processo inflamatório, chamados de sinais flogísticos ou cardinais: • Calor: por causa da vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo; • Rubor: por causa da vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo; • Edema: por causa da vasodilatação que causa aumento da permeabilidade vascular e da quimiotaxia; • Dor: aumento da pressão nos tecidos (por causa do edema) associado a sensibilidades dos nociceptores por ação dos mediadores; • Perda de função: por causa do edema e da dor que dificultam as atividades locais. - eicosanoides: ácido araquidônico Eicosanoide se refere a um grupo de mediadores produzidos a partir de precursores de ácidos graxos específicos (nesse caso estamos falando do ácido araquidônico). Os fosfolipídios da membrana celular são clivados em ácido araquidônico pela fosfolipase A2. Existem duas vias principais para a síntese de eicosanoides a partir do ácido araquidônico: a via da cicloxigenase e a da lipoxigenase. • Via da cicloxigenase (COX): as prostaglandinas (PGs), tromboxanos (TXA) e prostaciclinas serão sintetizados através dessa via. Existem 3 formas de COX: o COX-1: é uma enzima constitutiva que catalisa reações que formam as PGs (PGD2 e PGE2). Além disso, é importante na regulação da homeostase e na proteção gástrica (produz PGE2 que estimula a produção de muco e bicarbonato); o COX-2: enzima induzida, isto é, sua produção é estimulada por citocinas inflamatória (importante no processo inflamatório). É constitutiva do endotélio (produção de PGI2 → vasodilatação e anti- agregante plaquetário), do SNC (regulação da temperatura) e dos rins (controle da taxa de filtração glomerular, e excreção de sódio); o COX-3: é uma isoforma da COX-1 encontrada no SNC, mais especificamente no hipotálamo, responsável pelo controle da temperatura. Além disso, ela está ligada a síntese da lipoxina que possui efeito anti- inflamatório. • Via da lipoxigenase (LOX): elas atuam no ácido araquidônico formando os leucotrienos (LT). FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DOS EICOSANOIDES • TXA2 (plaquetas): o Agregação plaquetária; o Vasoconstrição e broncoconstrição. • PGD2 (mastócitos): o Vasodilatação; o Inibição da agregação plaquetária; o Relaxamento do músculo liso gastrointestinal. • PGF2α (miométrio): o Contração do útero. Farmacologia II 3 • PGI2 (prostaciclina → endotélio): o Aumento do muco estomacal e redução da secreção de ácido clorídrico; o Vasodilatação; o Inibição da agregação plaquetária. • PGE2 (pulmões e macrófagos): o Aumento do muco estomacal e redução da secreção de ácido clorídrico; o Vasodilatação; o Contração ou relaxamento do músculo liso gastrointestinal; o Bronconstrição. Mecanismo de ação A inibição da PG é o alvo dos AINEs. Os AINES inibem a produção periférica e central de prostaglandinas através da ação direta nas COX – eles só vão ter os três A’s com a inibição da COX. Dessa forma ocorre diminuição da síntese e da liberação dos mediadores de dor, de inflamação e febre (PGs). • Mecanismo da ação anti-inflamatória: redução na formação de PGE2 e da PGI2 por inibição da COX, reduzindo a vasodilatação e diminuição da migração de neutrófilos e monócitos; • Mecanismo da ação analgésica: bloqueio da formação de PGs (mais especificamente PGE1) por inibição da COX, que diminui o estímulo sobre os nociceptores (aumentando o limiar da dor); • Mecanismo da ação antitérmica: bloqueio da formação de PGs por inibição da COX-2. Além disso, atuam nos centros termorreguladores hipotalâmicos (mediação e modulação: PGE2) – PGE2 por inibição da COX2 que está presente o centro térmico. São classificados como não esteroidais porque atuam na COX, mas nem todos tem efeito anti-inflamatório bom. Classificação Os AINEs podem ser classificados de acordo com sua atividade nos três A’s: • AINEs atípicos: maior ação analgésica e menor ação anti-inflamatória. o Eles são não seletivos, isto é, atuam inibindo tanto a COX-1 como a COX-2; o Salicilatos (AAS), dipirona e paracetamol. Observação: o AAS é um seletivo atípico que em baixas doses (<81-325mg) é seletivo apenas para COX-1 – inibição seletiva das COX-1 nas plaquetas. • AINEs típicos: são os AINEs que têm ação anti- inflamatória de fato. Eles podem ser seletivos ou não – a COX-2 que é considerada a COX patológica. No entanto, existem 3 locais que essa COX está de forma constitutiva: endotélio, rins e SNC (lembrar disso). o Não-seletivos (inibidores da COX-1 e COX-2): diclofenacos, ácido propiônico(naproxeno, cetoprofeno, ibuprofeno), ácido enólico (meloxicam, piroxicam) e nimesulina; o Seletivos (inibidores da COX-2): celecoxibe. AINES atípicos 1. ácido acetilsalicílico (AAS) • Indicação: é indicado para o tratamento de dor e febre nas dosagens de 500mg para o uso adulto e pediátrico acima de 12 anos. o É usado na dosagem de 100-300mg para uso em adultos para propriedades inibidoras da agregação plaquetária. • Mecanismo de ação: inibidor irreversível da COX-1 nas plaquetas – todos os outros AINEs são inibidores reversíveis; • Absorção: a absorção é rápida e completa após a administração oral – os níveis plasmáticos máximos são atingidos após 10-20 minutos. No entanto, a presença de alimentos diminui a velocidade. O ácido acetilsalicílico após ser absorvido é convertido em ácido salicílico, seu principal metabólito ativo; • Biotransformação: ocorre principalmente no fígado, formando metabólitos tanto na fase 1 como na fase 2; • Distribuição: se liga às proteínas plasmáticas e é rapidamente distribuído; • Eliminação: é principalmente renal, mas pode ser excretado também pelo leite materno; • Contraindicação: não deve ser administrado em pacientes com suspeita de dengue e nem em crianças (máximo de 10mg/kg de 4-6h); • Efeitos colaterais: o Úlceras e hemorragias gástricas, nefrotoxicidade e lesão hepática; o Exacerbação da asma em 5-10% dos casos porque aumenta a síntese de leutotrienos ao inibir COX e deixar “livre” a via das LOX; o Alergias; o Intoxicação – em casos de alta dose penetram na barreira hematoencefálica; o Síndrome de Reye: disfunção mitocondrial associada à encefalopatia e esteatose hepática microvesicular. Está associada às infecções virais. Farmacologia II 4 CARDIOPROTEÇÃO O AAS pode ser considerado um AINE tradicional, mas ele apresenta efeito anti-inflamatório apenas em dosagens relativamente altas, raramente usadas. Ele é mais usado em dosagens baixas para a prevenção de eventos cardiovasculares. Até hoje, ainda não se sabe ao certo qual é a dose necessária para obter o benefício cardiovascular. No entanto, baixas doses de AAS (81 mg a cada 3 dias) produziu inibição completa da agregação plaquetária em comparação com o tratamento diário – o uso de AAS a cada 72 horas é tão eficaz e mais seguro quanto seu uso diário. • Indicação: pessoas que sofreram eventos trombóticos: IAM, AVE (acidente vascular embólico), TEP (tromboembolia pulmonar) e pacientes com alto risco de trombos; • Interação entre outros AINEs e AAS: aumenta a probabilidade de eventos adversos gastrointestinais e impede a inibição da COX-1 nas plaquetas. MECANISMO DE AÇÃO • A inibição da COX-1 pelo AAS reduz a produção de TXA2, que é responsável pela indução da agregação plaquetária. o Vasoconstrição e indução da agregação; o Plaquetas expressam níveis altos de tromboxano sintase; o Plaquetas não expressam prostaciclina sintase. Como o AAS inibe irreversivelmente a COX-1, o efeito antiplaquetário persiste por toda a vida da plaqueta. O uso crônico de doses baixas assegura a inibição continuada conforme novas plaquetas vão sendo produzidas. Por esse motivo, seu efeito tem duração de 8-10 dias. • Com a inibição da COX-1 a PGI2 também vai ser inibida, causando vasoconstrição nas células musculares lisas. o Vasodilatação e inibição da agregação; o Células endoteliais expressam níveis altos de prostaciclina sintase; o Células endoteliais carecem de tromboxano sintase. 2. paracetamol • Indicação: muito prescrito para crianças principalmente. É indicado para dor e febre; • Mecanismo de ação: é um inibidor da COX-1 e COX- 2 (não seletivo) e COX-3 também; o Os efeitos analgésicos são por aumento do limiar da dor e antipiréticos (anti-térmico); o Os efeitos anti-inflamatórios são menos pronunciados. • Absorção: é rapidamente absorvido no intestino delgado quando administrado por VO, com biodisponibilidade de 85-98% – os níveis plasmáticos máximos são atingidos após 35 minutos; • Biotransformação: é hepática pela CYP2E1; • Distribuição: é amplamente distribuído. Uma pequena porção se liga as proteínas plasmáticas; • Eliminação: excreção rena após meia-vida de 2-4h (doses terapêuticas) ou 4-8h (doses tóxicas); • Contraindicação: não pode exceder 4g/dia por ser extremamente hepatotóxico. o O tratamento da intoxicação por paracetamol é através da lavagem gástrica com carvão ativado e N-acetilcisteína. • Efeitos colaterais: o Menos efeitos em plaquetas e TGI; o Reações cutâneas alérgicas; o Lesão renal; o Hepatotoxicidade. HEPATOTOXICIDADE O principal metabólito tóxico do paracetamol é o N- acetil-p-benzoquinona (NAPQI), que é produzido no sistema enzimático do citocromo hepático P450. A glutationa (GSH) é um antioxidante, ou seja, ajuda na desintoxicação, que está depositada no fígado e desintoxica este metabólito. Uma superdosagem (>4g/dia) esgota o depósito hepático de glutationa. Como resultado, NAPQI se acumula, causando necrose hepatocelular. Observação 1: o NAPQI funciona como um radical livre, reagindo com a membrana do hepatócito, por exemplo, gerando ruptura. Por gerar esses radicais ele é extremamente hepatotóxico. Observação 2: a glutationa sequestra EROS e as transforma em substâncias que não agridem a célula. • Hepatotoxicidade máxima: 72h-96h. O tratamento é com carvão ativado e N-acetilcisteína: • O carvão ativado deve ser administrado se o paracetamol provavelmente ainda permanecer no trato gastrintestinal – ou seja, não foi absorvido; o Até 4h após a ingestão. • A N-acetilcisteína é um antídoto para intoxicação por paracetamol. Este fármaco é precursor da glutationa, diminuindo a toxicidade do paracetamol por elevar o depósito de glutationa hepática. Ela ajuda a prevenir a hepatoxicidade desativando o metabólito tóxico NAPQI do paracetamol (N-acetil-p-benzoquinona imina) antes de que cause danos às células hepáticas. No entanto, ela não reverte o dano já causado às células hepáticas – inativa o composto tóxico, convertendo-o em um composto atóxico. o Tem melhor prognóstico e resposta nas primeiras 12h. Farmacologia II 5 O efeito tóxico é potencializado pela ingestão crônica de álcool por induzir a CYP2E1 e estimular a formação de NAPQI. 3. dipirona • Indicação: dor e febre – o efeito analgésico começa 30-60 minutos após sua administração e duram cerca de 4h; • Mecanismo de ação: o Inibição da síntese de PGs no SNC; o Inibição da COX-1 e COX-2 – há relatos de inibição da COX-3 no SNC; o A ação da droga pode ser tanto central como periférica. • Absorção: o VO, IM e IV; o É um pró-fármaco completamente hidrolisado em sua porção ativa, 4-N-etilaminoantipirina; o É rápida e uniformemente absorvida no TGI, atingindo concentração máxima 1-2h após administração – biodisponibilidade de 90%. • Biotransofrmação: hepática; • Distribuição: ligam-se fracamente às proteínas plasmáticas e se difundem rápida e uniformemente nos tecidos; • Eliminação: excreção renal e no leite materno; • Contraindicação: em casos de hipersensibilidade ao fármaco e em doenças metabólicas (porfiria hepática ou deficiência congênita da glicose-6- fosfato desidrogenase); • Efeitos colaterais: o Reações cutâneas alérgicas; o Agranulose (redução dos neutrófilos, basófilos e eosinófilos); o Aplasia medular (deficiência medular); o Hipotermia. Aines típicos não seletivos São os inibidores não seletivos de COX-1 e COX-2. 1. ácido acético São os fármacos derivados do ácido acético. • O diclofenaco sódico (indicado para dores musculares) e o diclofenaco potássico (indicado para inflamação dos tecidos moles) são potentes inibidores da COX com alta seletividade para COX-2 – tem preferência pela COX-2 (prova). No entanto, apresentam alto risco cardiovascular. o É importante se atentar na administração do diclofenaco sódico em pacientes hipertensos visto quepode aumentar ainda mais a pressão. • A indometacina e o etodolaco são prescritos para doenças osteoarticulares. No entanto, a indometacina apresenta muitos efeitos gastrointestinais e do SNC e, por isso, normalmente é substituída por outros AINEs; • O trometamol cetorolaco é um potente analgésico, porém um anti-inflamatório moderadamente eficaz. 2. ácido N-fenilantranílico São os fenamatos, derivados do ácido N- fenilantranílico. • O ácido mefenâmico é um inibidor da COX-1 e COX- 2 no endométrio, isto é, reduz a PGF2α, reduzindo a dor da contração uterina. 3. ácido propiônico • São o cetoprofeno, ibuprofeno e o naproxeno sódico. Normalmente eles são bem tolerados pelos pacientes e possuem menos efeitos colaterais TGI por ter maior seletividade para a COX-1. o Deve ser administrado com precaução em pacientes que tomam varfarina porque aumentam o risco de sangramento. IBUPROFENO • Indicação: febre e dores leves a moderadas associadas às gripes e resfriados comuns, dores de garganta, cefaleia e dismenorreias; • Mecanismo de ação: é um inibidor não seletivo da COX-1 e COX-2, inibindo a síntese de PG. É um analgésico e antipirético; • Absorção: tem boa absorção oral (80% são absorvidas no TGI). No entanto, a presença de alimento diminui sua absorção. Tem início de ação entre 15-30 minutos, atingindo a sua concentração plasmática máxima em 1-2h. Dura em torno de 4- 6h; • Biotransformação: hepática; • Distribuição: 99% do fármaco se liga às proteínas plasmáticas; Farmacologia II 6 • Eliminação: renal após meia-vida de 2h; • Contraindicação: o Hipersensibilidade; o Úlcera péptica ativa ou sangramento GI; o Não é recomendada durante a gravidez ou lactação. • Efeitos colaterais: o Rash cutâneo; o Irritação gástrica. CETOPROFENO • Indicação: sinusites, otites, faringites, laringites, amigdalites, prostatites, periodontites, abscessos, extrações dentárias, artrite reumatoide, gota e lesões ortopédicas; • Mecanismo de ação: inibição não seletiva da COX- 1 e COX-2, inibindo a síntese da PG e da agregação plaquetária; • Absorção: tem boa absorção oral. No entanto, a presença de alimentos diminui a absorção. Sua concentração plasmática máxima é atingida em 15- 30 minutos após administração; • Biotransformação: hepática; • Distribuição: 99% do fármaco se liga às proteínas plasmáticas; • Eliminação: renal após meia-vida de 3-4h; • Contraindicação: o Pacientes com úlcera péptica, hemorrágica ou com histórico do quadro; o Pacientes com história de sangramento ou perfuração gastrointestinal relacionada ao uso de AINEs; o Pacientes com insuficiência cardíaca, hepática ou renal severas; o Terceiro trimestre de gravidez. • Efeitos colaterais: o Reações gastrointestinais; o Risco aumentado de eventos trombóticos arteriais. 4. ácido enólico • São o meloxicam e o piroxam. O meloxicam apresenta menos efeito colateral TGI por ter maior seletividade para COX-2. MELOXICAM • Indicação: artrite reumatoide e osteoartrites dolorosas; • Mecanismo de ação: é um inibidor não seletivo da COX-1 e COX-2, mas parece ter preferência pela COX-2; o Ao inibir a COX, ele inibe a síntese de PG; o Por ter preferência pela COX-2 tem potente atividade anti-inflamatória. Todos que são não seletivos e tem preferência pela COX-2 são fármacos mais anti-inflamatórios. • Absorção: é absorvido pelo TGI apresentando biodisponibilidade de 90% após administração oral. Atinge sua concentração plasmática máxima dentro de 5-6h. O tempo médio para início da ação é de 80-90 minutos após a ingestão; • Biotransformação: hepática; • Distribuição: 99% se ligam às proteínas plasmáticas; • Eliminação: renal e fecal após meia-vida de 13-25h; • Contraindicação: o Hipersensibilidade; o Insuficiência hepática grave; o Pacientes com ulceração, perfuração ou sangramento gastrointestinais. • Efeitos colaterais: risco cardiovascular por causa da preferência pela COX-2. o Formação de trombos; o Hipertensão; o Infarto e AVC. - efeitos adversos dos AINEs não seletivos • Distúrbios gástricos: dispepsia (dor na parte superior do abdome), náuseas, vômitos, sangramento gástrico, úlcera péptica (incidência de 20-40%) e problemas na agregação plaquetária. o Na célula parietal temos o receptor H2 para a histamina. Quando a histamina se liga, na célula parietal, ao receptor H2, que é um receptor acoplado à proteína Gs, ela estimula o aumento do AMPc que, por sua vez estimula a bomba H+/K+/ATPase (H+ para fora e K+ para dentro). Toda vez que o H+ sai, ele vai para a luz do estômago e é associado ao Cl- e produzir, então, o HCl – isto é, a produção de HCl se dá pela ligação da histamina no receptor H2 que estimula a saída de H+. Para proteger o estômago do excesso de acidez, a COX-1 (constitutiva) vai produzir PGE2 que, na célula parietal, vai se ligar no receptor da PGE2 e induzir a diminuição de AMPc, diminuindo, consequentemente, a quantidade de H+ para o meio. Da mesma forma, a PGE2 também vai atuar na célula epitelial. Ela se liga no seu receptor acoplado à proteína Gs estimulando a saída de muco e HCO3 no estômago, induzindo proteção e controle do HCl. Por esse motivo, o uso de AINEs não seletivo inibe a síntese de PGE2, aumentado a produção de HCl e perde a proteção do muco e do HCO3 – prova. Farmacologia II 7 • Rins: a COX-1 e COX-2 produzem PGI2, que tem vasodilatadora renal. Logo, os AINEs diminuem a taxa de filtração glomerular, gerando aumento da pressão arterial – antagonizam os efeitos dos anti- hipertensivos. o A COX-1 é constitutiva dos rins, mas a COX-2 está presente em maior quantidade. Nos rins as COX vão transformar a PGH2 em PGI2 (que é a prostaciclina). A prostaciclina, fisiologicamente falando, vai fazer vasodilatação – ela vai funcionar assim como a PGE2 no estômago, como uma reguladora trazendo equilíbrio para o organismo. Como ela vai funcionar? Se a pessoa começa a produzir substâncias vasoconstritoras ou se for um hipertenso com o SRAA desregulado (fazendo com que libere muita ANG-II que é vasoconstritora), sem uma substância que regule essa contração o fluxo sanguíneo renal vai ser reduzido. Pensando nisso, a administração de um AINE não seletivo, que causa a inibição de COX-1 e COX-2, vai diminuir a produção de PGI2, antagonizando os efeitos dos anti-hipertensivos (IECA e antagonistas do receptor de ANG-II) – prova. Aines típicos seletivos São os inibidores de COX-2. 1. coxibes Só devem ser indicados para pacientes com alto risco de complicações gastrointestinais. • Indicação: artrite reumatoide, osteoartrite e pós- cirúrgico; • Mecanismo de ação: inibição da síntese das PGs, principalmente pela iniciação da COX-2; • Absorção: as concentrações plasmáticas máximas são obtidas após 2-3h com biodisponibilidade oral de 99%. No entanto, a administração com alimentos (refeição rica em gordura) retarda a absorção; • Biotransformação: hepática; • Distribuição: 97% do fármaco se liga às proteínas plasmáticas; • Eliminação: renal após meia-vida de 6-12h; • Contraindicação: o Não deve ser administrado em pacientes com doenças hepáticas e com insuficiência renal grave; o É contraindicado no tratamento da dor perioperatória em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio. • Efeitos colaterais: o Formação de trombos; o Hipertensão; o Insuficiência renal e cardíaca. - efeitos adversos dos AINEs seletivos Rofecoxibe (vioxx), lumiracoxibe (prexige) e etoricoxibe (arcoxia 120mg) foram retirados do mercado devido ao elevado risco de eventos cardiovasculares, especialmente o IAM e AVC. Não apresentavam efeitos gástricos – o balanço entre o TXA2 produzido pelas plaquetas e a PGI2 produzida pelas células endoteliais é fundamental para a saúde cardiovascular. O celecoxibe (celebra), parecoxibe (pró-fármaco), valdecoxibe (bextra) e etoricoxibe (arcoxia 90mg)ainda são prescritos. • Hipertensão, retenção hídrica e edema (precaução em pacientes com ICC ou HAS preexistente), efeitos gastrointestinais e eventos cardiovasculares trombóticos. 2. nimesulida • Indicação: o Efeitos anti-inflamatório, antipiréticos e analgésico; o Inflamação do trato respiratório superior; o Dismenorreia; o Inflamação urológica; o Artrite reumatoide e osteoartrite; o Bom para quem tem hipersensibilidade ao AAS e outros AINEs. • Mecanismo de ação: inibidor mais seletivo para COX-2 (tem mínima atividade em COX-1), é um inibidor fraco de PGE, inibe a função dos leucócitos. Tem início da ação analgésica em 15 minutos; • Absorção: a concentração plasmática chega no pico em 1-3h. É bem absorvida quando administrada por via oral; • Biotransformação: hepática – seu metabóito principal, a hidroxinimesulida, também é farmacologicamente ativo; • Distribuição: mais de 97,5% do fármaco se liga às proteínas plasmáticas; Farmacologia II 8 • Eliminação: renal. Seu metabólito é eliminado pelas fezes após meia-vida de 2-5h; • Contraindicação: o Pacientes com insuficiência renal ou hepática devido ao risco de acumulação; o A administração com drogas hepatotóxicas conhecidas e o abuso de álcool devem ser evitados, uma vez que podem aumentar o risco de reações hepáticas. • Efeitos colaterais: apresenta toxicidade no TGI, renal e hepática – ainda não se sabe o porquê da sua hepatotoxicidade, mas ela só é hepatotóxica quando tomada sem intervalos. Resumo dos inibidores da cox • Atípicos: utilizar se for para o tratamento da dor leve a moderada com menor interferência da inflamação; • Típicos não seletivos não utilizar em: o Traumas severos: por causa do risco hemorrágico; o Infecção: se não estiver associado à algum antibiótico; o IV pós cirurgia: opioides; o Disfunção renal e hepática; o Úlceras gástricas; o Idosos e gestantes: preferência para o AAS; o Asmáticos hiper-reativos. • Seletivos não utilizar em: o Insuficiência cardíaca grave; o Cardiopatias isquêmicas; o Propensão à trombos. Inibidores da 5-lox e antagonistas dos receptores da lox • Montelucaste, zafirlucaste e zileutona. o A zileutona é um inibidor seletivo e específico da 5-lipoxigenase (5-LOX), prevenindo a formação de LTB4 e de cisteinil-leucotrienos. o O zafirlucaste e montelucaste são antagonistas seletivos do receptor cisteinil- leucotrieno-1 (CysLt1), eles bloqueiam os efeitos dos cisteinil-leucotrienos. São fármacos utilizados no tratamento da asma porque previnem a ação ou síntese dos leucotrienos (LT) que são os responsáveis pela broncoconstrição. Os antagonistas dos receptores CysLt1 têm se mostrado mais potente que os inibidores 5-LOX porque os antagonistas de receptores de LOX bloqueiam todos os LT e as quimiotaxinas, impedindo que eles se liguem aos seus receptores. Os leucotrienos atuam se ligando e ativando receptores da superfície das células-alvo. Foram identificados 3 tipos de receptores nos pulmões: um receptor para LTB4 e dois receptores para cisteinil- leucotrienos (receptores CysLt1 e CysLt2). Esses são potentes broncoconstritores.
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