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12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG542/unidade-3/aula2 1/18
Aula 02
As diferentes possibilidades de um
Texto
Estimado estudante, para nos comunicar, recorremos a inúmeros recursos de textualidade . Em
nossa aula, abordaremos o conceito de textualidade e intertextualidade e que fatores podem
contribuir para que possamos transmitir o que pensamos e sentimos com e�ciência. Por isso,
ânimo! Vamos à leitura!
Texto e Discurso
Fatores de Textualidade: Contexto,
Coerência, Coesão, Clareza, Concisão, e
Correção Gramatical
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG542/unidade-3/aula2 2/18
As pessoas não se comunicam por palavras ou frases isoladas, todavia por uma unidade
comunicativa básica, que é o texto: ocorrência linguística escrita ou falada, de extensão variável,
com uma unidade comunicativa entre os membros de uma comunidade. Na produção de um texto,
há um conjunto de fatores, como as intenções do falante (emissor), o jogo de imagens conceituais,
mentais que emissor e destinatário executam. Temos de veri�car também o contexto em que se
insere o discurso, que delimita os conhecimentos dos interlocutores.
Basicamente, o texto (ou discurso) precisa ser compreendido pelo destinatário, ou seja, pelo
interlocutor que recebe a mensagem. Daí o texto constitui uma unidade semântica, signi�cativa.
Todo discurso apresenta uma unidade formal, com os elementos linguísticos integrados no texto, a
�m de permitir que ele se caracterize como um todo coeso e, por isso, coerente.
Assim, o texto será entendido como uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou
pela audição) que é tomada pelos usuários da língua (falante/escritor/ouvinte/leitor), em uma
situação de interação comunicativa especí�ca, como uma unidade de sentido e como preenchendo
uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente de sua extensão
(KOCH; TRAVAGLIA, 1989, p. 8-9).
Texto é uma sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo que tem sentido para
um determinado grupo de pessoas em uma determinada situação. O texto pode ter uma extensão
variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente
necessita de um contexto signi�cativo para existir. Seu nível de linguagem pode ser formal,
coloquial, informal, técnico.
Você sabia que o conceito de texto não se limita à linguagem verbal (palavras)? o texto pode ter
várias dimensões, como o texto cinematográ�co, o teatral, o coreográ�co (dança e música), o
pictórico (pintura), etc.
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG542/unidade-3/aula2 3/18
O discurso é entendido como qualquer atividade produtora de efeitos de sentido entre
interlocutores, portanto, qualquer atividade comunicativa, englobando os enunciados produzidos
pelos interlocutores e o processo de sua enunciação, que é regulado por uma exterioridade sócio-
histórica e ideológica que determina as regularidades linguísticas e seu uso, sua função.
É um processo dinâmico com emissor e destinatário. Ambos os interlocutores possuem um
repertório: experiência anterior dentro de uma visão do mundo. No processo discursivo
(funcionamento da mensagem), o emissor pratica um ato de fala ou ato ilocucional dentro de um
processo que chamamos enunciação, que é aquilo que chamamos texto.
Enunciação – Ao produzir um texto, temos um plano, um objetivo. Os objetivos são os atos da fala
ou atos ilocucionais (fazer um pedido, dar uma ordem, fazer promessas). Um exemplo, “O cinzeiro
está cheio” (ao dirigir-se para a faxineira). O objetivo foi dar uma ordem para esvaziar e limpar o
cinzeiro. Outro exemplo, num encontro, duas pessoas conversam sobre o tempo: “Esfriou um
pouco, né? É, mas na semana passada estava mais frio. Hoje está fazendo sol”.
As pessoas não estão preocupadas com o conteúdo daquilo que estão dizendo. Estão praticando um
ritual de contato.
“Você tem alguma coisa para fazer hoje à noite?”
A intenção é fazer-lhe um convite de natureza afetiva. Muitas vezes perguntamos:
“Mas o que é que você quer dizer com isso?”
Um romance se transforma em discurso à medida que eu o leio, cumprindo meu papel de
destinatário.
Podemos concluir que o texto é um produto de enunciação que se constrói em termos de coesão e
coerência
Mas o que é coesão e coerência?
Vamos ver mais à frente!
Num texto há um encadeamento semântico, que cria uma trama signi�cativa a que damos o nome
de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade se chama coesão:
“PEGUE TRÊS MAÇÃS. COLOQUE-AS SOBRE A MESA”.
Ou:
“PEGUE TRÊS MAÇÃS. COLOQUE AS MESMAS SOBRE A MESA”.
Processo de coesão por referência: advérbios, pronomes e artigos de�nidos.
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG542/unidade-3/aula2 4/18
O texto é uma unidade básica de organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de
modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma
foto, um �lme, uma novela de televisão também são formas textuais. Tal como o texto escrito, todos
esses objetos geram um todo de sentido, propriedade a partir da qual iniciaremos nossa re�exão
sobre nosso objeto de estudo.
Para tanto, será necessário de�nir algumas características do objeto – o texto –, salientando as
implicações de cada uma delas, a �m de aprofundar a análise e delimitar o ponto de partida.
A primeira dessas características é, como referimos, a do texto como um todo gerador de
sentido, uma totalidade. Um fragmento, uma parte (frase, palavra) não possuem autonomia, não
podem ser tomados isoladamente, na medida em que cada parte liga-se ao todo. Fora do
contexto (o texto como um todo), uma determinada parte poderá ter seu sentido original
alterado, impedindo a depreensão do que de fato se desejou transmitir – o real signi�cado do
texto como expressão do autor. Há ainda uma propriedade básica na organização dos textos,
que é a coesão; além dessa, há outra, identi�cada com os mecanismos de constituição de
sentidos, que é a coerência.
Por mais neutro que pretenda ser, como as instruções para uso de determinado equipamento
ou uma notícia de jornal, um texto sempre revela a perspectiva (a visão de mundo) que o autor
constrói da realidade. Vale dizer que os textos são dotados de certo grau de intencionalidade,
fenômeno mais notável em textos argumentativos.
A visão de mundo que está na base do discurso de um autor pode ser chamada de ideologia, o
processo de produção de signi�cados, signos e valores da vida social. O texto traz consigo, de
modo mais ou menos evidente, valores identi�cados com certa cultura e formação histórica e
social na medida em que o autor é um ator social que comunga com esses valores.
Pelo fato de ser um produto de uma época e de um lugar especí�cos, há no texto as marcas
desse tempo e espaço. Por isso, nenhum texto é um objeto inteiramente autônomo, há sempre
um diálogo estabelecido com outros textos e com o contexto. O texto, ainda que
implicitamente, incorpora diferentes perspectivas a respeito de uma mesma questão. O que se
tem é uma inter-relação entre textos que tratam do mesmo assunto ou de assuntos
semelhantes, com, eventualmente, abordagens diferentes. A esse respeito, Orlandi (1996)
a�rma que o sentido está sempre no viés. Ou seja, para se compreender um discurso é
importante se perguntar: o que ele não está querendo dizer ao dizer isto? Ou: o que ele não
está falando, quando está falando disso?
Para re�etir um pouco...
Ficou claro para você o que é texto e discurso? Você acredita que tenhaalguma diferença entre os
dois signi�cados ou são a mesma coisa?
Agora que já estudamos acerca das características dos textos, o que diferencia textualidade e
intertextualidade? São semelhantes? Vamos em frente!
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
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Textualidade
É o conjunto de características que conduzem à elaboração de um texto, e não apenas a sequência
frasal sem a devida unidade. Para isso, é necessário que haja coesão, coerência, que se concatenam
com o material conceitual e linguístico, além de outros fatores, como a intenção do emissor, a
aceitabilidade por parte do destinatário, a situação e a intertextualidade.
A coerência é o elemento indispensável à compreensão do discurso. Mas é necessário que o
destinatário esteja em condições de receber a mensagem.
A coesão se manifesta por meio dos mecanismos gramaticais e lexicais (vocabulário).
Gramaticalmente, são importantes: os pronomes, os artigos, a concordância verbal e nominal, os
conectivos, a correspondência entre os tempos verbais. 
Textualidade, portanto, é um conjunto de características que fazem com que um texto seja
considerado como tal, e não como um amontoado de palavras e frases.
Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos corredores, você vê placas com a palavra
“Silêncio”. A palavra “Silêncio” está dentro de um contexto signi�cativo por meio do qual as pessoas
interagem: você, como leitor das placas, e os administradores do hospital, que têm a intenção de
comunicar a necessidade de haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra “Silêncio” é um texto.
Dois blocos de sete fatores são os responsáveis pela textualidade qualquer discurso:
1. Fatores semântico/formal: 
Coerência e coesão.
2. Fatores pragmáticos: 
Intencionalidade, aceitabilidade, situcionabilidade, informatividade e intertextualidade.
Intertextualidade
A intertextualidade é o diálogo de um texto com outros textos, pois todo texto é a absorção ou
transformação de outro texto, constituindo-se num mosaico de citações.
Considerando que nada do que se diz num texto nasce neste texto, que apresenta uma in�nidade
de relações dialógicas com outros textos, a intertextualidade se apresenta como uma conversa
entre textos.
VÍDEO
A seguir apresentamos alguns vídeos com Intertextos. Assista e observe:
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
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Compreende as diversas maneiras pelas quais o conhecimento prévio de outros textos interfere na
produção e recepção de um texto, segundo Beaugrande e Dressler (1981).
A intertextualidade pode ser de forma ou de conteúdo ou tipologia textual. A intertextualidade
formal pode estar ou não vinculada à tipologia textual e se dá em textos que imitam a forma de
outros textos.
A intertextualidade de conteúdo se dá, por exemplo, entre textos jornalísticos, quando dialogam
entre si ao tratarem de um fato em destaque em determinado período de tempo e requerem do
leitor um prévio conhecimento de um texto já tratado em matéria anterior.
A intertextualidade por fatores tipológicos pode estar relacionada à estrutura que caracteriza cada
tipo de texto. Observe a seguir os tipos de ocorrências:
Observe a seguir os tipos de ocorrências:
Alusão 
A alusão con�gura-se como asserções de determinados textos em um outro texto. Pode ser
integral, transformada, confessa ou camu�ada. Ocorrências:
Alusão a uma frase histórica;
Alusão a uma fórmula religiosa;
Alusão a um provérbio ou a uma forma estereotipada;
Alusão a uma fórmula literária;
Alusão a uma frase de canção;
Alusão a um título de uma obra literária;
Alusão a um título de �lme;
Alusão a um título de obra musical;
Alusão a um título de jornal;
Alusão a um slogan publicitário.
Citação 
A citação ocorre quando se coloca em um texto um conjunto de fragmentos de outros textos. A
explicitação de citação através de marcas gramaticais, como aspas, indica muitas vezes
pressupostos daquilo que não está dito, mas implícito na voz de um segundo locutor, cuja fala o
enunciador não quer assumir como sendo sua, ainda que o ato de citar não exima do locutor a
responsabilidade da intenção comunicativa.
Paródia 
A paródia é um texto que, ao incorporar outro texto, propõe o deslocamento da linguagem, num
caráter contestador. É a intertextualidade das diferenças.
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Paráfrase 
A paráfrase ocorre quando há uma fusão de vozes em um texto que se identi�ca com o outro sem
quebrar-lhe a continuidade. É a intertextualidade das semelhanças.
Apropriação 
Na apropriação, o autor não escreve, mas articula, agrupa, transcreve o texto alheio, colocando os
signi�cados de uma forma invertida. Não busca reproduzir, como na paráfrase, mas produzir algo
diferente. É uma variante de paródia e tem uma força crítica.
Coesão e Coerência
Ao falarmos anteriormente sobre texto e discurso, trabalhamos muito com coesão e coerência.
Chegou o momento de abordarmos esses conceitos.
Coerência é a ligação em conjunto dos elementos que constituem um texto, já a coesão é a
associação consistente desses elementos.
Essas duas de�nições não contemplam todas as possibilidades de signi�cação dessas duas
operações essenciais na construção de um texto e tampouco dão conta dos problemas que se
levantam na contaminação entre ambas. As de�nições apresentadas compõem apenas princípios
básicos de reconhecimento das duas operações.
Entre os autores que defendem ser a coesão entre as frases o fator determinante de um texto
enquanto tal estão Halliday e Hasan (1976); é a coesão que permite chegar à textura (aquilo que
permite distinguir um texto de um não texto); a coesão é obtida a partir da gramática e também a
partir do léxico. Entretanto, autores como Beaugrande e Dressler (1981) apresentam um ponto de
vista que partilhamos: coerência e coesão são níveis distintos de análise. A coesão diz respeito ao
modo como ligamos os elementos textuais numa sequência; a coerência não é apenas uma marca
textual, mas diz respeito aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
elementos textuais.
A falta de coerência em um texto é facilmente percebida por um falante de uma língua quando não
encontra sentido lógico entre as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competência
linguística, em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de imediato a coerência de um
discurso. A competência linguística combina-se com a competência textual para possibilitar certas
operações simples ou complexas da escrita literária ou não literária: um resumo, uma paráfrase,
uma dissertação a partir de um tema dado, um comentário a um texto literário.
Coesão e coerência são fenômenos distintos porque podem ocorrer numa sequência coesiva de
fatos isolados que, combinados entre si, não apresentam condições para formar um texto. A coesão
não é uma condição necessária e su�ciente para constituir um texto. No exemplo:
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André não mora nesta casa. 
Ele não sabe qual é casa mais antiga da cidade. 
Esta casa tem um jardim. 
A casa não tem piscina.
O termo lexical “Casa” é comum a todas as frases e o nome “André” está pronominalizado, contudo,
tal não é su�ciente para formar um texto, uma vez que não possuímos as relações de sentido que
uni�cam a sequência, apesar da coesão individual das frases encadeadas (mas separadas
semanticamente). Pode ocorrer um texto sem coesão interna, mas a sua textualidade não deixade
se manifestar ao nível da coerência. Seja o seguinte exemplo:
A Anna estuda inglês. 
A Amanda vai todas as tardes trabalhar no Instituto. 
A Natália teve 16 pontos no teste de Matemática. 
Todos os meus �lhos são estudiosos.
Esse exemplo mostra-nos que não é necessário retomar elementos de enunciados anteriores para
conseguir coerência textual entre as frases. Além disso, a coerência não está apenas na sucessão
linear dos enunciados, mas numa ordenação hierárquica. Podemos observar que o último
enunciado reduz os anteriores a um denominador comum e recupera a unidade.
A coerência não é independente do contexto no qual o texto está inscrito, ou seja, não podemos
ignorar fatores como o autor, o leitor, o espaço, a história, o tempo, etc. Observe o exemplo
seguinte:
O velho abutre alisa as suas penas.
É um verso de Sophia de Mello Breyner Andresen que só pode ser compreendido uma vez
contextualizado (pertence ao conjunto “As Grades”, do Livro Sexto de 1962): é preciso reconhecer
que o “velho abutre” é uma metáfora para designar o ditador fascista Salazar. Assim, vemos que não
é o conhecimento da língua que nos permite saber isso, mas o conhecimento da cultura portuguesa.
A coesão textual pode conseguir-se mediante quatro procedimentos gramaticais elementares. Não
pretendemos avançar aqui com um modelo universal, mas apenas de�nir operações fundamentais:
Substituição 
Quando uma palavra ou expressão substitui outras anteriores:
O Rui foi ao cinema. Ele não gostou do �lme.
Reiteração 
Quando se repetem formas no texto:
E o meu abraço?! E o meu abraço de meu guri?! – Quando terei meu abraço, meu menino?
A reiteração pode ser lexical (“E o meu abraço”) ou semântica (“guri”/“menino”).
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG542/unidade-3/aula2 9/18
Conjunção 
Quando uma palavra, expressão ou oração se relaciona com outras antecedentes por meio de
conectores gramaticais:
O cãozinho da Anna desapareceu. Depois disso, nunca foi a mesma. A partir do momento em que o seu
cão desapareceu, a Teresa não mais se sentiu segura.
Concordância 
Quando se obtém uma sequência gramaticalmente lógica, em que todos os elementos concordam
entre si (tempos e modos verbais correlacionados; regências verbais corretas, gênero gramatical
corretamente atribuído, coordenação e subordinação entre orações):
Cheguei, vi e venci. 
Primeiro vou ver um �lme e depois vou dormir. 
Espero que o exame corra bem. 
Esperava que o exame tivesse corrido bem. 
Estava muito cansado, porque passei a noite acordada.
A coesão pode muitas vezes se dar de modo implícito, fundamentada em conhecimentos anteriores
que os participantes do processo têm com o tema. Por exemplo, o uso de uma determinada sigla,
que para o público a quem se dirige deveria ser de conhecimento geral, evita repetições
desnecessárias.
Metaforicamente, podemos a�rmar que a coesão é uma linha imaginária – formada de termos e
expressões – que une os diversos elementos do texto e busca estabelecer relações de sentido entre
eles.
Há diversas formas de se garantir a coesão entre os elementos de uma frase ou de um texto:
Substituição de palavras com o emprego de sinônimos ou de palavras ou expressões de mesmo
campo associativo.
Nominalização – emprego alternativo entre um verbo, o substantivo ou o adjetivo
correspondente (desgastar/desgaste/desgastante).
Repetição na ligação semântica dos termos, empregada como recurso estilístico de intenção
articulatória, e não uma redundância resultante de pobreza de vocabulário. Por exemplo,
“Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu
desconhecido e só.” (ROCHA LIMA, 1969).
Uso de hipônimos – relação que se estabelece com base na maior especi�cidade do signi�cado
de um deles. Por exemplo, mesa (mais especí�co) e móvel (mais genérico).
Emprego de hiperônimos – relações de um termo de sentido mais amplo com outros de sentido
mais especí�co. Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com gato.
Substitutos universais, como os verbos vicários (ex.: Necessito viajar, porém só o farei no ano
vindouro). A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de conectivos, como certos pronomes,
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
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certos advérbios, expressões adverbiais, conjunções, elipses, entre outros.
A elipse se justi�ca quando, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente
identi�cável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. Neste
exemplo, o termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a relação entre as duas
orações.).
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a propriedade de fazer referência ao contexto
situacional ou ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de progressão textual,
dada sua característica: são elementos que não signi�cam, apenas indicam e remetem aos
componentes da situação comunicativa.
Já os componentes concentram em si a signi�cação.
Somente a coesão, contudo, não é su�ciente para que haja sentido no texto, esse é o papel da
coerência, e coerência se relaciona intimamente a contexto.
A coerência de um texto depende da continuidade de sentidos entre os elementos descritos e
inscritos no texto. A fronteira entre um texto coerente e um texto incoerente depende em exclusivo
da competência textual do leitor/alocutário para decidir sobre essa continuidade fundamental que
deve presidir à construção de um enunciado. A coerência e a incoerência revelam-se não direta e
super�cialmente no texto, mas indiretamente por ação da leitura/audição desse texto. As condições
em que essa leitura/audição ocorre e o contexto de que depende o enunciado determinam também
o nível de coerência reconhecido.
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a
compreensão do que se lê ou se diz.
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
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Os mecanismos linguísticos que estabelecem a conectividade e a retomada do que foi escrito ou
dito são os referentes textuais. Estes buscam garantir a coesão textual para que haja coerência, não
só entre os elementos que compõem a oração, mas também entre a sequência de orações dentro do
texto.
Assim, com o emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substituição,
associação), sejam gramaticais (emprego de pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-
se frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decorre daí a coerência textual.
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o apresenta de forma contraditória. Muitas
vezes, essa incoerência é resultado do mau uso daqueles elementos de coesão textual. Na
organização de períodos e de parágrafos, um erro no emprego dos mecanismos gramaticais e
lexicais prejudica o entendimento do texto. Construído com os elementos corretos, confere-se a ele
uma unidade formal.
Para que um texto seja compreendido como tal, é imprescindível que haja uma unidade, que essas
frases estejam coesas e coerentes.
Além disso, relembre-se que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre os elementos que
compõem a estrutura textual.
Um texto coerente é um conjunto ordenado de ideias que possuem uma progressão semântica, que
se desenvolvem segundo uma sucessão lógica, que não entram em contradição entre si e que
mantêm uma constante relação de verossimilhança com o mundo real (ou com um mundo possível,
em âmbitos como o da �cção, da ciência, da religião, do sonho, do mito, da poesia, etc.). Preste
atenção para que seu texto não seja redundante, não quebre as regrasda lógica, não contradiga a si
próprio e para que apresente elementos possíveis no mundo real ou em um mundo possível. É claro
que isso exclui os textos que propõem, para a realização de novos valores estéticos, infringir regras
semânticas, lógicas e de verossimilhança.
Para Marcuschi (1983) e Beaugrande e Dressler (1981), a coerência é uma continuidade de
sentidos, que envolve fatores cognitivos e também fatores socioculturais e interpessoais, tais como:
as intenções comunicativas dos participantes;
as formas de in�uência do falante na situação de fala;
as regras sociais que regem o relacionamento entre as pessoas.
Observe o exemplo de texto publicitário:
VOYAGE. UM CARRO TESTADO E APROVADO EM TODOS OS CAMINHOS DO BRASIL. 
VOLKSWAGEN. VOCÊ CONHECE. VOCÊ CONFIA.
A coerência do texto se estabelece com base em alguns elementos que o emissor interpretará:
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
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O Brasil tem diferentes tipos de caminhos (o leitor precisa ter essa informação para que o texto
faça mais sentido).
O carro é bom em todos os caminhos (ideia reforçada pelo uso de testado e aprovado).
Outros carros podem não ter o mesmo desempenho, pois não passaram pelo mesmo tipo de
teste (uso do um que se refere ao carro apresentado no comercial).
O carro tem qualidade superior (você conhece, você con�a – o uso do você indetermina e, ao
mesmo tempo, generaliza o sujeito. Todo mundo sabe que o carro é bom).
O conceito de coerência não é linear e nem está na organização super�cial do texto, embora esta
sirva de pista para que se entenda aquela.
Entender a coerência nos ajuda a trabalhar no dia a dia com nossos textos e com os textos de
nossos alunos, além de nos dá algumas indicações: não devemos reescrever os textos dos nossos
alunos, dando-lhes a nossa ideia de coerência, mas indicar ao aluno trechos não coerentes e pedir-
lhes que reescrevam para que tenham lógica. Isso porque o modo como a pessoa
estabelece/organiza a coerência em seus textos é um processo cognitivo que não pode ser colocada
em regras e corrigido.
Percebeu a diferença e a complementação da coesão e da coerência na composição de um texto?
Para falarmos sobre a natureza a linguagem verbal e não verbal, iniciaremos nossos estudos pelo
entendimento sobre o que é comunicação.
O conceito de comunicação baseia-se em processo de troca de informações entre um emissor e um
receptor. Um dos aspectos que podem interferir nesse processo é o código a ser utilizado, já que
este deve ser compreensível para ambos.
Multimodalidade
SAIBA MAIS
Antes de continuar os estudos, leia as Dicas de ortogra�a.
https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/EADG542/nova_novo/documents/ortografia.pdf
12/07/2022 15:46 Tecnologia da Informação e Produção de Textos
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Nas simples trocas de informações diárias, utilizamos códigos. Consideremos as seguintes
situações: ao falarmos com alguém, lermos um livro ou revista, a palavra é o código utilizado. Esse
tipo de linguagem é conhecido como linguagem verbal, sendo a palavra escrita ou falada a forma
pela qual nos comunicamos. Certamente, essa é a linguagem mais comum no nosso dia a dia.
A outra forma de comunicação, que não é feita nem por sinais verbais nem pela escrita, é a
linguagem não verbal. Nesse caso, o código a ser utilizado é a simbologia. A linguagem não verbal
também é constituída por gestos, tom de voz, postura corporal, etc. Se uma pessoa está dirigindo e
vê que o sinal está vermelho, o que ela faz? Para. Isso é uma linguagem não verbal, pois ninguém
falou ou estava escrito em algo que ela deveria parar, mas como ela conhece a simbologia utilizada,
apenas o sinal da luz vermelha já é su�ciente para ela compreender a mensagem. Ao contrário do
que alguns pensam, a linguagem não verbal é muito utilizada e importante na vida das pessoas.
Quando uma mãe diz de forma áspera, gritando e com uma expressão agressiva, que ama o �lho,
será que ele interpretará assim? Provavelmente não. Esses são alguns exemplos, entre muitos, para
ilustrar a importância da linguagem não verbal.
Outra diferença entre os tipos de linguagens é que, enquanto a linguagem verbal é plenamente
voluntária, a não verbal pode ser uma reação involuntária, provindo do inconsciente de quem se
comunica. Vejamos a sequência de gestos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em diversas
situações.
Os gestos falam!
Em cada uma das cenas acima, Lula compõe o signi�cados de sua fala com os gestos. A combinação
das linguagens verbal (fala) e não verbal (gestos) auxilia no entendimento da mensagem pelo
receptor. A utilização de duas ou mais linguagens não é resultado de recentes mudanças na
linguagem, mas direcionam os estudos do discurso e impulsionam as transformações de todas as
VÍDEO
Assista ao vídeo com uma rápida explicação sobre Linguagem Verbal, Não Verbal e Mista:
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formas de comunicação. Além da modalidade escrita, imagens passam a compor textos, não mais
com valor meramente ilustrativo, mas como argumentos discursivos à parte do texto escrito ou
falado, com forte carga semântica e simbólica (FERRAZ, 2007).
Em meio a esse âmbito de mudanças, o apelo visual deixa de ser exclusivo do discurso publicitário.
Materiais didáticos também passam a apresentar maior quantidade de imagens e de cores. O texto,
no qual predomina um modo semiótico único, não atende mais às necessidades da sociedade atual,
que pede maior quantidade de informação em frases de tamanho reduzido. A famosa a�rmação
“uma imagem vale mais que mil palavras” ganha força e passa a direcionar a con�guração dos
discursos.
As mudanças na linguagem também passam a direcionar os estudos discursivos e impulsionam as
transformações de todas as formas de comunicação. A Análise de Discurso Crítica (ADC), por
exemplo, tem se concentrado não apenas em análises textuais baseadas na língua escrita, mas
também em amplas tendências na comunicação pública. Como bem observa Vieira (2007, p. 9):
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No passado, para escrever, bastava debruçar-se sobre uma velha Remington. Hoje, as
exigências aumentaram em grande medida. Os textos requerem, além de aparato
tecnológico, cores variadas e so�sticados recursos visuais. Ao texto pós-moderno acresce a
necessidade de utilizar mais do que uma articulada composição de frases e de períodos.
Carecem de imagens e até mesmo de sons (TV e Cinema) que se entrelaçam para construir
os novos sentidos exigidos pelos textos contemporâneos. 
Em face dessas transformações, a linguagem adapta-se às características da atualidade
mundial, cujos avanços em tecnologia tornam algumas formas de escrita obsoletas. Em
decorrência, a linguagem escrita re�ete essas mudanças nos diferentes gêneros discursivos.
A escrita, além disso, por manter relação direta e re�exiva com a língua falada, permeia, em
seu modo de expressão, as transformações sociais mais signi�cativas, tornando esse
instrumento essencial para a manifestação da vida em sociedade. 
Vieira (2007, p. 9).
Essa grande utilização de imagens para a comunicação atesta que, cada vez mais, o texto
multimodal – tipo de texto que emprega duas ou mais modalidades semióticas na composição –
�gura como fonte essencial de investigação para a ADC, isso porque a ADC pretende mostrar, entre
outras coisas, como esses textos podem de fato reproduzir atitudes ideológicas e como a linguagem
é usada paraveicular poder na interação social pós-moderna. Portanto, consideramos a
abrangência dada ao termo discurso, referindo-se a “elementos semióticos das práticas sociais”
(CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999, p. 38), como re�exo da inclusão de outras modalidades
semióticas de discurso não verbal por parte da ADC. Isso implica considerar os três efeitos
construtivos do discurso ressaltados por Fairclough (2001) em sua obra anterior, Discurso e
Mudança Social, para novas formas de linguagem, como as imagens, as quais servem como
intensi�cadoras de ideologias e direcionadoras de interpretação. Em outras palavras, elas
constituem novo campo, no qual também podem ser veri�cados: a construção das identidades
sociais e as posições de sujeito; a construção das relações sociais entre as pessoas e �nalmente a
construção de sistemas de conhecimento e crença.
Vejamos isso nos exemplos seguintes:
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Por meio de uma rápida análise nas duas propagandas anteriores de dois modelos da Ford, um de
1973 e outro de 2009, podemos veri�car, com facilidade, que a quantidade de texto escrito no
anúncio mais recente diminuiu drasticamente, o que demonstra a tendência de concentrar na
imagem a construção de signi�cado que o carro anunciado tem. Todo o status e o valor econômico
que esse bem de consumo representa revela-se na imagem, que é a modalidade que recebe mais
destaque no último texto.
Propaganda do corcel 1973: grande quantidade de texto escrito.
Propaganda do Ford Fusion 2009, diminuição do texto escrito.
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Nessa perspectiva, em lugar de concentrar esforços na pesquisa das estruturas formais, assumimos
tarefa igualmente árdua, que é a de analisar o discurso com base em uma série de textos
multimodais, nos quais os vários modos semióticos envolvidos em sua produção carregam em si
carga semântico-ideológico-política, que, na maioria das vezes, não é percebida pelos receptores.
Assim é que um texto, caracterizando-se ao mesmo tempo como evento social e produto do
discurso, constitui por excelência a unidade básica de análise (FERRAZ, 2007). Em sua
materialidade, o texto multimodal permite-me descrever e interpretar situações sociais
representadas pelo produtor dos signos como as mais signi�cativas em determinado contexto.
A escolha da dimensão textual, na delimitação da unidade analítica, direciona o método de estudo
dentro da ADC que trabalha com a língua em sua concretude. Como bem observa Marcuschi
(2003), busca-se pesquisar as atividades linguísticas situadas, em lugar de concentrar atenção em
estruturas da língua descarnadas de seus usuários.
Situar as atividades linguísticas signi�ca realizar um estudo de acordo com a proposta das ciências
sociais críticas que, por sua vez, assumem a vida social como sendo construída por meio de
“práticas”. De acordo com Chouliaraki e Fairclough (1999, p. 21):
As “práticas” são formas habituais, atreladas a lugares e tempos particulares, nos quais as
pessoas aplicam recursos (materiais ou simbólicos) para agir juntos no mundo. Práticas são
construídas por meio da vida social – nos domínios especializados da economia e da
política, especialmente, mas também no domínio da cultura, incluindo a vida diária. 
Chouliaraki e Fairclough (1999, p. 21).
A vantagem de focar sobre práticas sociais é que elas constituem ponto de conexão entre
estruturas abstratas, seus mecanismos e eventos concretos – como a linguagem em suas diversas
formas de realização.
Nesse sentido, os textos multimodais �guram como um dos eventos concretos das práticas sociais
que, em determinado tempo e lugar, representam de forma re�exiva a vida social e servem de
instrumento para a constituição das identidades sociais dos sujeitos envolvidos tanto na sua
produção como na sua leitura. Digo isso por acreditar que as práticas também incluem um
momento re�exivo (GIDDENS, 1991): as pessoas constantemente geram representações do que
elas fazem como parte de suas ações. Em outras palavras, estudar textos dessa natureza signi�ca
empreender uma investigação sobre os processos constitutivos das práticas sociais, desvelar
ideologias, que são, na verdade, representações discursivas de uma perspectiva particular: a do
produtor dos signos.
Para Re�etir
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Ao falarmos sobre produção de textos, é válido ressaltar a proposta dos autores Kress, Leite-Garcia
e van Leeuwen (2000), que de�nem na concepção semiótica dos textos multimodais os seguintes
pressupostos:
a produção ou leitura de textos sempre envolve conjuntos de modos semióticos;
cada modalidade tem suas potencialidades especí�cas de representação e de comunicação,
produzidas culturalmente;
a maneira de ler os textos multimodais deve considerar os textos coerentes em si mesmos;
tanto os produtores quanto os leitores exercem poder em relação aos textos;
escritores e leitores produzem signos complexos – textos – que emergem do “interesse” do
produtor do texto;
o “interesse” descreve a convergência de um complexo conjunto de fatores: histórias sociais e
culturais, contextos atuais e ações dos produtores dos signos sobre o contexto comunicativo;
o “interesse” em representações aptas e em uma comunicação efetiva signi�ca que os
produtores de signos elegem signi�cantes (formas) apropriadas para expressar signi�cados
(sentidos), de maneira que a relação entre signi�cante e signi�cado é motivada e não arbitrária.
Seguindo essa linha, Maingueneau (2004, p. 57) a�rma o seguinte:
a diversi�cação das técnicas de gravação e de reprodução da imagem e do som vem
modi�cando consideravelmente a representação tradicional do texto: este não se apresenta
mais unicamente como um conjunto de signos sobre uma página, mas pode ser um �lme,
uma gravação em �ta cassete, um programa em disquete, uma mistura de signos verbais,
musicais e de imagens em um CD-ROM... 
Maingueneau (2004, p. 57).
Dessa forma, a interpretação voltada apenas à língua escrita não se adequa às novas formas de
representação e de comunicação estampadas nos textos multimodais, que conjugam em sua
con�guração vários modos semióticos igualmente relevantes para a leitura crítica de textos.

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