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1 
 
 
EXEGESE E HERMENEUTICA BÍBLICA 
1 
 
 
Sumário 
Sumário ...................................................................................................................... 1 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
EXEGESE BÍBLICA – ASPECTOS HISTÓRICOS ..................................................... 6 
EXEGESE PATRÍSTICA (100 A 600 D.C.) ................................................................. 7 
EXEGESE MEDIEVAL (600 A 1500) .......................................................................... 8 
EXEGESE DA REFORMA (SÉCULO XVI) ................................................................. 9 
EXEGESE PÓS- REFORMA (1550-1800) .................................................................. 9 
HERMENÊUTICA MODERNA (APÓS 1800) ............................................................ 10 
A EXEGESE E O TEXTO ORIGINAL ....................................................................... 10 
A EXEGESE NA PRÁTICA ....................................................................................... 12 
EISEGESE ................................................................................................................ 12 
HERMENÊUTICA BÍBLICA – DESCRIÇÃO DO TERMO ........................................ 15 
HERMENÊUTICA BÍBLICA – MÉTODO E REGRAS ............................................... 23 
UM MODELO DE ESTUDO HERMENÊUTICO ........................................................ 24 
ESCRITA E ORALIDADE ......................................................................................... 33 
A EXEGESE MODERNA E A SUPERAÇÃO DAS BARREIRAS DE LEITURA DO 
TEXTO BÍBLICO ....................................................................................................... 34 
O MÉTODO HISTÓRICO CRÍTICO .......................................................................... 36 
CRÍTICAS E LIMITES DO MÉTODO HISTÓRICO CRÍTICO ................................... 39 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41 
 
 
 
2 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Disciplinas especiais da Teologia Bíblica: a Exegese e Hermenêutica Bíblicas. 
Nosso intuito é apontar ferramentas importantes para uma melhor leitura e 
interpretação dos textos bíblicos. Partimos do pressuposto de que é de fundamental 
importância o trabalho sério e zeloso para se interpretar corretamente os textos 
sagrados, oferecendo assim um melhor entendimento e explanação das verdades 
bíblicas. 
Há uma antiga discussão sobre Exegese e Hermenêutica no meio teológico. 
Há quem defenda que são ciências distintas e complementares. Há quem diga que 
uma está dentro da outra, que a Exegese vem primeiro ou que é o contrário. Você 
encontrará quem defenda que a Hermenêutica está dentro da Teologia Exegética; já 
outros afirmam que a Exegese Bíblica está dentro da Hermenêutica com seus 
princípios gerais de interpretação. Neste material, não entraremos nessa discussão, 
nosso intuito é apresentar os aspectos gerais da Exegese Bíblica e da Hermenêutica 
Bíblica para o estudante de Teologia, pois o valor excepcional que atribuímos à Bíblia 
é que nos desperta o desejo de aprofundar os estudos sobre ela e, com critérios e 
esmero, descobrir o sentido de sua mensagem para que a comuniquemos com 
verdade. 
Fato é que temos diante de nós, estudantes da Palavra de Deus, um grande 
desafio, pois como escreveu Silva (2000, p. 11): “Palavra de Deus em palavras 
humanas”. Assim é definida, com muita exatidão, a Sagrada Escritura ou, mais 
simplesmente, a Bíblia. Mas podemos entabular um questionamento: a Bíblia é 
sagrada porque é a Palavra de Deus e é Escritura porque é palavra humana? Ou seria 
o contrário: Ela é Palavra de Deus porque é sagrada e é palavra humana porque é 
Escritura? É claro que não foi Deus, em pessoa, quem escreveu a Bíblia. Muito menos 
podemos pensar que Deus necessite de palavras, que são uma realidade humana, 
para se comunicar. A Sagrada Escritura é a configuração categorial do que foi a 
percepção da presença e da revelação de Deus. Quem tem tal percepção é o ser 
humano concreto e situado. Portanto a definição apenas proposta – palavra de Deus 
em palavras humanas –, longe de comportar uma contradição, exprime uma condição 
irrenunciável: se quisermos que a Bíblia fale aos homens, seja qual for a cultura, a 
4 
 
 
língua e o tempo em que vivem, precisamos, cada vez mais, recolocar esta mesma 
Bíblia na cultura, na língua e no tempo em que surgiu. Isso significa afirmar que “a 
Bíblia é uma obra literária que precisa ser abordada como tal, se não quisermos anular 
seu valor como Palavra de Deus”. 
O texto bíblico que consideramos básico e central para entender a importância 
de estarmos dedicados ao estudo esmerado e que busca ser mais eficiente e 
responsável da Palavra de Deus é o registrado em Atos dos Apóstolos 8.30,31 Então 
Filipe correu para a carruagem, ouviu o homem lendo o profeta Isaías e lhe perguntou: 
“O senhor entende o que está lendo?” Ele respondeu: “Como posso entender se 
alguém não me explicar?” Assim, convidou Filipe para subir e sentar-se ao seu lado. 
Nesse episódio, percebemos a oportunidade e como Filipe pôde ser usado por 
Deus para clarear o sentido e informações que o texto de Isaías, que estava sendo 
lido pelo etíope, trazia e, embora o homem lesse, confessa que não estava 
compreendendo. Filipe explicou detalhadamente o texto, “começando com aquela 
passagem da Escritura, anunciou-lhe as boas novas de Jesus” (verso 35). O resultado 
da obediência ao Espírito Santo, do interesse e sabedoria em apresentar 
corretamente a Palavra de Deus foi a conversão daquele homem. Prosseguindo pela 
estrada, chegaram a um lugar onde havia água. O eunuco disse: “Olhe, aqui há água. 
Que me impede de ser batizado?”. 
Disse Filipe: “Você pode, se crê de todo o coração”. O eunuco respondeu: 
“Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Assim, deu ordem para parar a carruagem. 
Então Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou. Quando saíram da água, 
o Espírito do Senhor arrebatou Filipe repentinamente. O eunuco não o viu mais e, 
cheio de alegria, seguiu o seu caminho. (Versos 36 a 39). Como escreveu o apóstolo 
Paulo em sua carta aos Romanos, como consequência, a fé vem pelo ouvir as boas 
novas, e as boas novas vêm pela Palavra de Cristo (Romanos 10.17 - Versão King 
James). 
Segundo o professor Júlio Zabatiero (2007, p. 17), a interpretação da Bíblia é 
uma prática que tem diferentes sujeitos, tempos e espaços de realização. 
Dominicalmente, pregadorase pregadores explicam passagens bíblicas a pessoas 
que desejam aprender, servir a Deus e tornar a vida mais feliz. Diariamente, isso é 
feito por meio da televisão, em que telespectadores e telespectadoras são alcançados 
nos mais distantes cantos da Nação e de outros países, com as mais variadas 
expectativas e necessidades. Semelhantemente, professoras e professores de 
5 
 
 
exegese e teologia bíblica ensinam estudantes a interpretar a Bíblia, seguindo 
padrões acadêmicos precisos, visando formar mais pregadoras e pregadores e, quem 
sabe, mais intelectuais da Teologia. Diariamente, fiéis de variadas confissões cristãs 
e de religiões aparentadas ao cristianismo leem a Bíblia em momentos devocionais, 
nas horas de apuro, nas celebrações familiares, para crescer na fé, cumprir 
obrigações religiosas ou tantos outros fins. Além disso, muitas pessoas sem filiação 
eclesiástica leem a Bíblia por prazer, devoção, para cumprir trabalhos acadêmicos, 
realizar pesquisas linguísticas, literárias ou culturais. 
Temos, então, que a Exegese e Hermenêutica bíblicas são disciplinas que, com suas 
ferramentas, nos instrumentalizam para chegarmos a um melhor entendimento da 
Palavra de Deus e entendermos com amplitude que, como escreveu frei Carlos 
Mesters, citado por Rodrigues: Deus nos fala na Bíblia não para que nos fechemos no 
estudo e na leitura da Bíblia, mas para que, pela leitura e pelo estudo da Bíblia, 
possamos ir descobrindo a Palavra viva de Deus dentro da vida e dentro da história 
de nossa comunidade e de nosso povo. Que seja assim conosco. 
Encerramos essa introdução com duas falas de Jesus, a primeira é uma 
advertência – “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mateus 
22.29). A segunda, que para nós funciona como um bom conselho – “Examinais as 
Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e elas mesmas são as que dão 
testemunho de mim” (João 5.39) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
EXEGESE BÍBLICA – ASPECTOS HISTÓRICOS 
Todavia, os reformadores também tinham os seus preconceitos, não se tendo 
livrado das tradições e das ideias doutrinárias dogmáticas e fixas. Nisso, eles não se 
distanciavam muitos dos intérpretes católicos romanos, apesar dos protestos em 
contrário. Contudo, entre os protestantes começou a impor-se uma abordagem bíblica 
um tanto mais literal, com a diminuição da importância das abordagens alegóricas e 
puramente dogmáticas. Embora a teologia ocidental continuasse sendo a principal 
norma na interpretação das ideias protestantes, visto que as igrejas luterana e 
reformada são filhas da tradição ocidental, que se concretizou na Igreja Católica 
Romana. Os discernimentos alcançados pelas igrejas ortodoxas orientais, através dos 
séculos, foram praticamente esquecidos. Os protestantes dizem “apelamos somente 
às Escrituras”, mas a verdade é que suas interpretações por muitas vezes são 
eisegéticas e não exegéticas, com base nos preconceitos e nas preferências pessoais 
ou denominacionais. 
Em relação ao século XX, afirma Silva (2000, p. 12) que foi profundamente 
frutuoso e questionador no que se refere à interpretação bíblica: muitos métodos 
surgiram, firmaram-se, foram superados e/ou redefiniram seus pressupostos e seus 
objetivos. 
E ainda, num viés histórico, devemos concordar com Silva (2000, p. 12) quando 
argumenta que a Bíblia, Palavra de Deus, nem sempre é compreendida pelo povo . 
Para um mesmo texto, surgem muitas interpretações, algumas legítimas, outras 
questionáveis, outras descartáveis. Tudo depende do modo, ou melhor, do método 
(eu acrescento também o caráter e a intenção) com que lemos a Bíblia. Com efeito, a 
riqueza da Sagrada Escritura é tamanha que não basta um único método de leitura 
para esgotá-la. Ela nos reserva sempre uma novidade, uma surpresa, um horizonte 
novo. 
Para efeito de informação, quando, na interpretação alegórica, os judeus 
costumavam alegorizar uma passagem bíblica nas seguintes situações: 
■Se o significado literal fosse indigno de Deus; 
■Se a declaração fosse contrária a outra declaração bíblica; 
■Se o texto afirmasse tratar de alegoria; 
■Se houvesse expressões dúplices ou palavras supérfluas; 
■Se houvesse repetição de algo já conhecido; 
7 
 
 
■Se uma expressão fosse variada; 
■Se houvesse emprego de sinônimos; 
■Se fosse possível jogo de palavras; 
■Se houvesse algo anormal em número ou tempo verbal; 
■Se houvesse presença de símbolos. 
 
 
EXEGESE PATRÍSTICA (100 A 600 D.C.) 
Os pais da igreja interpretaram o Antigo Testamento principalmente de modo 
alegórico. Com isso, foram muito longe da intenção dos autores. Não havia regras 
para a interpretação. 
Clemente de Alexandria (150 a 215 d.C.) – Dizia que o verdadeiro significado 
das Escrituras está oculto para que sejamos inquiridores. Afirmava a existência de 
cinco sentidos ou camadas no texto bíblico: histórico, doutrinal, profético, filosófico e 
místico. Orígenes (185 a 254) – Valorizava I Coríntios 2.6-7 e considerava as 
Escrituras como uma vasta alegoria na qual cada detalhe era simbólico. Dizia que, 
assim como o homem tem três partes, as Escrituras têm três sentidos: literal, moral e 
alegórico (místico). Na prática, ele desprezou o sentido literal. Agostinho (354 a 430) 
– Estabeleceu regras avançadas para a época. Algumas são usadas até hoje. 
Defendeu a existência de quatro sentidos: histórico, etiológico (referente à origem), 
analógico e alegórico. Na prática, Agostinho usou alegorização excessiva, 
justificando-se com II Coríntios 3.6. 
Suas regras são: 
■ O intérprete precisa possuir fé cristã; 
■ Deve-se considerar o sentido literal e histórico das Escrituras; 
■ A Escritura tem mais que um significado. Portanto, o método alegórico é adequado; 
■ Há significado nos números bíblicos; 
■ O Antigo Testamento é um documento cristão porque Cristo está retratado nele; 
■ Compete ao expositor entender o que o autor pretendia dizer e não introduzir outro 
significado; 
■ O intérprete deve consultar o verdadeiro credo ortodoxo; 
■ Um versículo deve ser estudado dentro do seu contexto e não isolado; 
■ Se um texto é obscuro não pode ser usado como matéria de fé (doutrina); 
8 
 
 
■ O Espírito Santo não toma o lugar do aprendizado necessário para se 
entender as Escrituras; 
■ A passagem obscura deve dar preferência à passagem clara; 
■ O expositor deve levar em consideração que a revelação é progressiva. 
 
A Escola de Antioquia da Síria – Teve como destaque Teodoro de Mopsuéstia 
(350-428), rejeitaram o letrismo e o alegorismo da Escola de Alexandria, valorizaram 
a interpretação histórico-gramatical, rejeitaram o uso da autoridade sobre a 
interpretação. 
A Escola de Alexandria – Ensinava a existência de um significado espiritual 
acima dos fatos históricos. Embora o princípio tivesse algo válido, aqueles intérpretes 
se entregaram a fantasias sem limites. Os intérpretes de Antioquia admitiam a 
existência de um significado espiritual implícito no próprio acontecimento (princípios 
detectáveis no texto), sem a necessidade de suposições externas. 
 
 
EXEGESE MEDIEVAL (600 A 1500) 
Foi uma época de ignorância e domínio católico. Os dogmas e a tradição 
regulamentavam a interpretação bíblica. Durante esse período, a interpretação foi 
dominada pela alegorização e pelo “sentido quádruplo” sugerido por Agostinho, 
expresso pelos itens a seguir: 
 
1- A letra mostra-nos o que Deus e nossos pais fizeram. (Por exemplo, nesse sentido, 
Jerusalém seria a própria cidade histórica em Israel). 
2 - A alegoria mostra-nos onde está oculta a nossa fé. (Jerusalém representaria, 
portanto, a igreja). 
3 - O significado moral dá-nos as regras da vida diária. (Jerusalém significaria a alma 
humana). 
4 - A anagogia (escatologia) mostra-nos onde terminamos nossa luta. (As referências 
a Jerusalém indicariam então a Nova Jerusalém de Apocalipse). 
 
É preciso verificar se o textobíblico contém indicadores desses sentidos. O 
“letrismo” também continuava e alcançava níveis ridículos. Até anagramas eram 
9 
 
 
construídos a partir de palavras bíblicas, atribuindo-se a cada letra uma relação a outra 
frase ou palavra que não estava contida no texto original. Em meio a essa confusão 
exegética, alguns judeus espanhóis (séculos12 a 15) defendiam o uso do método 
histórico-gramatical. 
Alguns católicos franceses, da Abadia de São Vitor, propunham preferência ao 
sentido literal e que a exegese desse origem à doutrina e não o contrário. Nicolau de 
Lira (1270 a 1340) defendeu a utilização do “sentido quádruplo”, mas entendia que o 
literal seria a base dos demais. Lutero foi influenciado por suas ideias. 
 
EXEGESE DA REFORMA (SÉCULO XVI) 
Observou-se o abandono gradual do “sentido quádruplo”. Lutero (1483 a 1546) 
defendeu a tese de que a fé e a iluminação do Espírito Santo são fundamentais para 
a correta interpretação da Bíblia. Afirmava que as Escrituras estão acima da igreja. A 
interpretação correta procede de uma compreensão literal. Devem ser consideradas 
as condições históricas, a gramática e o contexto. As Escrituras são claras e não 
obscuras, como dizia a Igreja Romana. O Antigo Testamento aponta para Cristo. É 
fundamental a distinção entre Lei e Graça, embora ambos estejam presentes em toda 
a Bíblia. Calvino (1509 – 1564) – Dizia que a alegorização era artimanha de Satanás. 
Segundo Calvino, a Escritura interpreta a Escritura. Destacou a importância do 
contexto, gramática, palavras e passagens paralelas, em lugar de trazer para o texto 
o significado do intérprete. 
 
 
EXEGESE PÓS- REFORMA (1550-1800) 
Confessionalismo 
 – Nessa época, foram definidos os credos católicos e protestantes como base da 
exegese. A variedade de credos e a preferência do intérprete conduziam a muitas 
discrepâncias teológicas. O uso das Escrituras ficou restrito à escolha de textos para 
“comprovação” de posições religiosas predeterminadas. 
 
Pietismo 
 – Philipp Jakob Spener (1635-1705) – O pietismo foi um movimento contra a exegese 
dogmática. Incentivou o retorno às boas obras, ao conhecimento bíblico, ao preparo 
10 
 
 
espiritual dos ministros e o trabalho missionário. Por algum tempo, houve boa 
utilização do método histórico-gramatical. Depois, a tendência de espiritualizar de 
forma piedosa os textos fortaleceu a tese de uma “luz interior” para a interpretação e 
o desprezo ao método histórico-gramatical, distanciando os intérpretes das intenções 
do autor. 
 
Racionalismo 
 
 – A razão em confronto com a revelação; 
– A razão passou a ser considerada como única autoridade na interpretação bíblica. 
Só se aceitava o que se podia compreender. Após a Reforma, o empirismo aliou-se 
ao racionalismo. Empirismo significa que o conhecimento vem apenas por meio dos 
sentidos físicos. Só se podia aceitar o que se pudesse comprovar. Lutero disse 
anteriormente que a razão deve ser um instrumento para a compreensão da Palavra 
(uso ministerial) e não um juiz (uso magisterial). Entendemos que o uso da razão na 
compreensão das Escrituras é proveitoso, mas precisa estar sujeito à fé. Os milagres 
não podem ser compreendidos pela razão. Nosso culto é racional (Romanos 12:1-2), 
mas a razão não é a sua base de sustentação. 
 
 
HERMENÊUTICA MODERNA (APÓS 1800) 
Nos últimos séculos, o método histórico-gramatical tem sido o mais aceito, 
embora ainda ocorram interpretações por algumas das formas praticadas durante a 
história. 
 
 
A EXEGESE E O TEXTO ORIGINAL 
Fee e Stuart (2008, p. 57) oferecem alguns passos importantes para a 
sequência do trabalho exegético, apresentados abaixo: 
1. O texto 
1.1 Confirmando os limites da passagem 
11 
 
 
Existem dois recursos aos quais poderá recorrer a fim de conseguir ajuda imediata 
para confirmar os limites de uma passagem: 
(1) o próprio texto hebraico na BHS ou BH315, e 
(2) praticamente qualquer tradução moderna. O que deve ser examinado aqui é a 
paragrafação. 
No caso do texto hebraico, o material bíblico é arranjado em forma de parágrafos por 
meio de variação na endentação na margem direita. 
1.2 Comparando as versões 
Para analisar as muitas versões do Antigo Testamento, você precisa verter 
cada uma delas de volta para o hebraico. 
1.3 Reconstruindo o texto, fazendo anotações. 
1.4 Colocando a passagem em forma versificada 
15 BH3 – Bíblia Hebraica. 3. ed. Stuttgart: Württembergische Bibelanstalt, 1937. 
2. A Tradução 
3. O Contexto histórico 
4. O Contexto literário 
4.1 Examinando funções literárias 
4.2 Examinando a localização de uma passagem 
4.3 Analisando os detalhes 
4.4 Analisando a autoria 
5. A forma 
5.1 A forma como chave para a função 
6. A Estrutura 
Entender a estrutura de uma passagem é captar o fluxo de conteúdo projetado nela 
pela mente do autor, consciente ou inconscientemente. 
Contudo, além disso, é importante considerar que o significado não é comunicado 
apenas por palavras e frases (...). 
6.1 Analisando a estrutura e a unidade 
7. Os dados gramaticais 
7.1 Identificando ambiguidades gramaticais 
7.2 Identificando uma especificidade gramatical 
7.3 Analisando a ortografia e a morfologia 
8. Dados Lexicais 
8.1 A importância do exame de palavras-chave 
12 
 
 
9. Contexto Bíblico 
9.1 Observando o contexto mais amplo 
10. Te o l o g i a 
10.1 Uma perspectiva especial sobre a doutrina de Deus 
11. Literatura Secundária 
12. Aplicação 
 
 
A EXEGESE NA PRÁTICA 
Douglas Stuart (2008, p. 31-55) apresenta um guia da exegese completa 
(Listamos abaixo de forma concisa), onde diz que esses comentários e questões são 
apenas sugestões e não devem ser seguidos irrefletidamente. Na verdade, algumas 
questões se sobrepõem; já outras podem parecer-lhe redundantes. Algumas podem 
não ser relevantes para seus propósitos ou o escopo das necessidades de sua 
exegese particular de certa passagem. Portanto, seja seletivo. Ignore o que não se 
aplica à sua passagem; destaque o que se aplica. 
 
 
EISEGESE 
Esse termo é geralmente depreciativo e significa “achar o significado em”. É 
usado para designar a prática de impor um significado preconcebido ou estranho a 
um texto, mesmo que tal significado não tenha sido a intenção original do autor. Em 
outras palavras, Eisegese significa ler no texto aquilo que alguém quer encontrar ali, 
mas que, na realidade, não se encontra no mesmo. Você poderá achar confuso iniciar 
com a análise textual da passagem, se o seu conhecimento da língua original é 
insuficiente. Nesse caso, faça primeiramente uma tradução provisória do texto 
hebraico. Não invista muito tempo neste ponto. Utilize uma tradução moderna 
confiável como guia ou, se preferir, use uma Bíblia “interlinear”. Depois de ter uma 
ideia básica do sentido das palavras na língua original, poderá retomar a análise 
textual com proveito. Na descrição do dicionário: “interpretação de um texto 
atribuindo-lhe ideias do próprio leitor”. 
13 
 
 
Bentho (2003) afirma que enquanto a Exegese consiste em extrair o significado 
de um texto, mediante legítimos métodos de interpretação, a Eisegese consiste em 
injetar ou introduzir em um texto algum significado que o intérprete deseja, mas que 
na verdade não faz parte do mesmo. Em última instância, quem usa a Eisegese, força 
o texto mediante várias manipulações, fazendo com que uma passagem diga o que 
na verdade não diz. O autor apresenta também em seu texto algumas formas pelas 
quais o intérprete pratica a eisegese: 
1- Quando força o texto a dizer o que não diz: 
O intérprete está cônscio de que a interpretação por ele asseverada não está 
condizente com o texto, ou então está inconsciente quanto ao objetivo do autor ou 
propósito da obra. Entretanto, voluntária ou involuntariamente, manipula o texto a fim 
de que sua loquacidade possa ser aceita como princípio escriturístico. 
Geralmente tal interpretaçãonão possui qualquer justificativa lexical, cultural, histórica 
ou teológica, pois se baseia em pressupostos ou premissas previamente 
estabelecidos pelo intérprete. Outro problema nesse caso é o individualismo que 
embebe alguns na leitura da Bíblia. O que se busca como interpretação “é o que as 
Escrituras significam para mim agora”, e não “o que elas significam em seu contexto”. 
2- Quando ignora o contexto, sob o pretexto ideológico: Poucas atividades 
hermenêuticas têm sangrado tanto o texto como o banimento do contexto. Ignorar o 
contexto é rejeitar deliberadamente o processo histórico que deu margem ao texto. O 
intérprete, neste caso, não examina com a devida atenção os parágrafos pré e pós-
texto, e não vincula um versículo ou passagem a um contexto remoto ou imediato. 
Uma interpretação que ignora e contraria o contexto não deve ser admitida como 
exegese confiável. Existem pessoas que são capazes de banir conscientemente o 
contexto e o sentido do texto, simplesmente para forçar as Escrituras a conformarem-
se com suas ideologias 
(doutrinas). 
3- Quando ignora a mensagem e o propósito principal do livro: 
Um livro pode ser mais facilmente entendido quando se sabe qual é o propósito do 
autor e qual a mensagem que ele procura afirmar para seus contemporâneos. A 
mensagem do livro e o propósito do autor são “almas gêmeas” da interpretação 
bíblica. Os assuntos genéricos tratados pelo autor precisam ser observados a partir 
dos propósitos e da mensagem do autógrafo. Quando ignoramos a mensagem 
principal e o propósito do livro, somos dispersivos na aplicação coerente do texto. 
14 
 
 
4- Quando não esclarece um texto à luz de outro: 
Os textos obscuros devem ser entendidos à luz de outros e segundo o propósito e a 
mensagem do livro (coerência com o todo). Recorrer a outro texto é reconhecer a 
unidade das Escrituras na correlação de ideias. Por vezes, pratica-se eisegese por 
ignorar a capacidade que as Escrituras têm de interpretar a si mesma. 
5- Quando põe a “revelação” acima da mensagem revelada: 
Por vezes, aparecem indivíduos sangrando o texto sagrado sob o pretexto de que “... 
Deus revelou”, ou “... essa veio do céu”. Estes colocam a pseudo-revelação acima da 
mensagem revelada. Quando assim asseveram, procuram afirmar infalibilidade à sua 
interpretação, pois Deus, que “revelou”, autor principal das Escrituras, não pode errar. 
Devemos ter o cuidado de não associar o nome de Deus à mentira, pois Ele não pode 
contradizer o que anteriormente, pelas (revelação das) Escrituras, havia afirmado. 
6- Quando está comprometido com um sistema ou ideologia: 
Não são poucos os obstáculos que o exegeta encontra quando a interpretação das 
Escrituras afeta os cânones do sistema e as tradições de sua denominação. Por outro 
lado, até as ímpias religiões encontram justificativas bíblicas para ratificar as suas 
heresias. Utilizar as Escrituras para apologizar um sistema ou ideologia pode passar 
de uma eisegese para uma heresia aplicada. 
Cabe aqui um comentário sobre a Moderna Crítica Bíblica, pois esse tipo de estudo 
tem lançado tanto luzes quanto sombras sobre o conhecimento bíblico e ideologia é 
um sistema de ideias sustentadas por um grupo social, as quais refletem, racionalizam 
e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais, sejam estes morais, 
religiosos, políticos ou econômicos. Ou seja, um conjunto de convicções filosóficas, 
sociais, políticas etc. de um indivíduo ou grupo de indivíduos. 
Apesar de ser uma atividade legítima e necessária, a fim de pôr os estudos bíblicos a 
par das evidências linguísticas, literárias, históricas e científicas, infelizmente as 
pessoas que são conhecidas como críticas da Bíblia geralmente se têm mostrado 
dotadas de uma mentalidade cética, além de lhes faltar a experiência com elementos 
místicos e miraculosos da fé cristã. Portanto, esses críticos têm injetado em seus 
estudos uma eisegese própria da mente incrédula, ou pelo menos, cética. 
Concluindo, Eisegese significa ler no texto aquilo que alguém quer encontrar ali, mas 
que, na realidade, não se encontra no mesmo, ou então, significa distorcer um texto 
para adaptá-lo às próprias ideias e/ou interesses do intérprete. 
15 
 
 
O bispo anglicano Robinson Cavalcanti costumava dizer que a Bíblia é única e 
infalível, porém todos os seus intérpretes são humanos e falíveis; portanto, nenhuma 
interpretação é absolutamente correta. 
Isso deve nos encher de temor e respeito pela Palavra do Senhor e Seu povo. 
 
 
HERMENÊUTICA BÍBLICA – DESCRIÇÃO DO TERMO 
A razão pela qual a teologia se chama teologia reflete o fato de que à medida 
que se conhece a Deus, mais bem conhecida se torna a vida, conhece-se quais 
verdades e práticas são essenciais ou importantes, e quais valores nos protegem mais 
contra a desobediência a Deus. 
O estudioso bíblico deve se comprometer a buscar explicar o 
significado/sentido pleno da passagem bíblica sob a luz do que melhor compreende 
com relação a Deus, ao homem e ao mundo em que vivemos. Sendo assim, a 
hermenêutica bíblica tem muito a contribuir com nossa tarefa. Hermenêutica Bíblica é 
entendida como uma disciplina da Teologia Exegética que ensina as regras para 
interpretar as Escrituras e a maneira de aplicá-las corretamente. É ciência tanto bíblica 
como secular, que possui métodos e técnicas da interpretação. É, basicamente, o 
estudo do entorno, do contexto que gerou e caracterizou o texto e favorece a 
compreensão e a contextualização para nossos dias. Seu objetivo primário é 
estabelecer regras gerais e específicas de interpretação, a fim de entender o 
verdadeiro sentido do autor ao redigir as Escrituras. 
Conceitua-se como a ciência da compreensão de textos bíblicos. O dicionário 
da língua portuguesa traz que hermenêutica é ciência, técnica que tem por objeto a 
interpretação de textos religiosos ou filosóficos. Busca o sentido das palavras, 
interpretação dos signos e seu valor simbólico. Historicamente, o termo mais geral 
para a ciência da interpretação, que incluía a exegese, era a hermenêutica. 
Entretanto, uma vez que a hermenêutica veio a focalizar o significado como uma 
entidade existencial, isto é, o que esses antigos textos sagrados significam para nós 
em um ponto posterior da história, limitamos qualquer uso do termo ao seu sentido 
mais restrito de “significado contemporâneo” ou “aplicação”. 
Hermenêutica dá o sentido de ‘explicar’ ou ‘interpretar’. É o exercício prático. É 
necessário que o estudante da Bíblia Sagrada procure descobrir o significado do texto 
16 
 
 
que está examinando, a fim de saber exatamente sua lição e sentido. Para isso, é 
necessário verificar os vários componentes envolvidos na hermenêutica, 
especialmente o contexto histórico onde o texto está inserido. 
É a disciplina que estuda os princípios e as teorias de como os textos devem ser 
interpretados, sobretudo os textos sacros como a Bíblia. A Hermenêutica também se 
preocupa com o entendimento dos papéis e dos relacionamentos singulares entre o 
autor, o texto, o público-leitor original e o posterior. 
A Hermenêutica, como ciência, é, segundo Bentho (2003, p. 55, 56), 
■ Objetiva, pois está fundada em fatos concretos, isto é, na verdade bíblica. 
■ Racional, pois é constituída de conceitos, juízos e raciocínios, e não por sensações 
e imagens. 
■ Analítica, pois em virtude de abordar um fato, processo ou situação de interpretação, 
ela decompõe o todo em partes componentes e relacionadas entre si. Isto quer dizer 
que a hermenêutica, ao analisar um texto, disseca-os em partes a fim de que o todo 
seja compreendido. 
■ Explicativa, em virtude de ter como finalidade explicar os fatos em termos de leis, e 
as leis em termos de princípios. Ora, qualquer pregador ou estudante precisa justificar 
sua interpretação, isto é, mostrar as leis ou princípios que o conduziram na 
interpretação de qualquer texto bíblico. Como elementoexplicativo, a hermenêutica é 
tanto descritiva quanto prescritiva. Como descritiva explica o que é o texto 
(significado), enquanto prescritiva, determina qual deve ser o nosso comportamento 
mediante a interpretação fornecida – o que deve ser feito. 
É comum se referir a Platão como um dos primeiros que utilizou esse termo 
dando a ideia de “explicação”, sendo que “explicação” aqui deve ser entendida na 
ótica do filósofo como interpretação textual. A hermenêutica tem relevância nas 
interpretações dos textos bíblico-sagrados e nas críticas textuais, sendo assim, ocupa 
um espaço histórico na cultura Ocidental. Segundo alguns estudiosos, na antiguidade 
clássica, o termo hermenêutica estava ligado ao nome do deus da mitologia grega, 
Hermes. 
Hermes possui uma história mitológica longa, que entre outros aspectos aponta 
que ele se tornou o deus das travessias, nos caminhos terrenos e nos caminhos do 
além. Hermes veio a ser o mensageiro dos deuses aos homens; dos mortos aos vivos. 
Considerado o mensageiro e arauto dos deuses do Olimpo. Observa-se no mito que 
Hermes é o deus das possibilidades de dois mundos, sendo assim, nas civilizações 
17 
 
 
clássicas, escreviam-se e narravam-se parábolas que expressavam a existência 
humana a partir de suas “interpretações”. Hermes, conforme a mitologia grega era o 
mensageiro (trazia a mensagem) e intérprete Bentho (2003, p. 11): em relação à 
hermenêutica, uns conferem às regras uma autonomia e chegam a separar o texto e 
o contexto do pensamento do seu autor como se o texto tivesse vida independente de 
quem o produziu. 
Por outro lado, há quem não creia na existência de qualquer regra válida de 
interpretação, ou que “interpretação boa é aquela que o Espírito revela no púlpito”; “a 
letra mata, mas o Espírito vivifica”, dizem eles. Acreditamos que o Espírito Santo é o 
agente funcional de toda interpretação bíblica genuína. Entretanto, não aceitamos o 
argumento de que se o Espírito revela o que está no texto, não é necessária uma 
metodologia para a interpretação e compreensão das Escrituras. 
A hermenêutica e a teologia são uma para a outra, o que o ouro é para o 
ourives, e o sol para o dia. Inexistem separadas. A referência à interpretação é porque 
hermeneutikós significa ‘interpretação’ ou ‘arte de interpretar’ e hermeneutes significa 
‘intérprete’. Na cultura romana era chamado de Mercúrio, o deus da eloquência. Já 
em relação ao tempo dos apóstolos, Dockery, em sua obra “Hermenêutica 
Contemporânea à luz da Igreja Primitiva”, escreve que estes e os pais da igreja 
escreviam para suas igrejas e contra seus oponentes, para promoverem o avanço e 
a defesa da fé cristã na forma por eles interpretada. Embora a articulação de sua fé 
fosse influenciada pelo contexto – cultura, tradição e pressupostos –, todos 
partilhavam de uma crença comum: a Bíblia como fonte e autoridade primordial para 
a fé cristã. 
Conforme traz o Vademecum, hermenêutica vem do grego hermeneutiké 
“traduzir”, “interpretar”. Teoria e prática da interpretação de um texto. Nas ciências 
bíblicas, a hermenêutica, com o auxílio esclarecedor fornecido pela exegese, tem o 
objetivo de colher o significado profundo de um texto à luz de pressupostos ideológicos 
diferentes, dependendo da época à qual pertencem, das teologias, dos âmbitos 
confessionais, das motivações filosóficas ou sociológicas. 
 
Atos dos Apóstolos 14.11-15 
Ao ver o que Paulo fizera, a multidão começou a gritar em língua licaônica: “Os 
deuses desceram até nós em forma humana!” A Barnabé chamavam Zeus e a Paulo 
Hermes, porque era ele quem trazia a palavra. O sacerdote de Zeus, cujo templo 
18 
 
 
ficava diante da cidade, trouxe bois e coroas de flores à porta da cidade, porque ele e 
a multidão queriam oferecer-lhes sacrifícios. Ouvindo isso, os apóstolos Barnabé e 
Paulo rasgaram as roupas e correram para o meio da multidão, gritando: “Homens, 
por que vocês estão fazendo isso? Nós também somos humanos como vocês. 
Estamos trazendo boas novas para vocês, dizendo-lhes que se afastem dessas coisas 
vãs e se voltem para o Deus vivo, que fez os céus, a terra, o mar e tudo o que neles 
há. 
Para efeito de informação, há materiais que defendem que hermenêutica 
procede do verbo grego hermeneuein, comumente traduzido por ‘interpretar’ e o 
substantivo seria hermeneia, significando ‘interpretação’, ‘explicação’. Na Bíblia 
Sagrada, no Novo Testamento em grego, hermenêutes é ‘intérprete’, exemplo, I 
Coríntios 14.28 – “Se não houver intérprete, fique calado na igreja, falando consigo 
mesmo e com Deus”. 
Bentho (2003) apresenta um capítulo sobre a Hermenêutica Bíblica, onde diz 
que a hermenêutica não é apenas a arte ou a ciência da interpretação de qualquer 
texto; antes de tudo, é uma ciência que procura também o significado da palavra como 
evento histórico, social e de vida. O que representa um fóssil para o arqueólogo e 
paleontólogo, tal é a palavra fossilizada através dos séculos nas Escrituras para o 
intérprete. 
Sobre o uso/aplicação da hermenêutica, em outras áreas, sabe-se que na 
literatura grega se utilizava para conciliar o mito e a filosofia, isso porque os filósofos 
começaram a ‘interpretar’ a mitologia ao invés de ficarem na leitura literal, haja vista 
que seria incompatível com o que se propõe na filosofia. 
No Direito também se faz uso da hermenêutica (jurídica) na busca de se interpretar 
as leis. 
A hermenêutica é uma importante ferramenta no esforço do estudioso bíblico que 
procura com esmero a compreensão dos textos sagrados para compartilhar o 
significado de uma passagem (perícope); busca perceber, por exemplo, “procurar”, 
“investigar”, indica tanto o método de exegese quanto a produção literária dele 
resultante. O midraxe nascido na escola como pesquisa normativa, é chamado 
midraxe heláquico; o midraxe nascido na sinagoga como comentário edificante de 
leituras bíblicas litúrgicas é denominado midraxe homilético ou hadágico. São 
prevalentemente hagádicos também os midraxes exegéticos que comentam de forma 
continuada um livro bíblico. O midraxe começou a ser posto por escrito no século III 
19 
 
 
D.C., e por mais de um milênio produziu uma vasta literatura de difícil datação e 
atribuição, devido às inúmeras reelaborações redacionais. 
À medida que o texto é afetado por qualquer um dos diversos fatos familiares 
(culturais, históricos) ao escritor, mas, talvez pouco conhecidos pelo leitor. Estes fatos 
são, por exemplo: 
■ O contexto (versículos ou capítulos anteriores e posteriores); 
■ O pano de fundo histórico (questões de cultura, hábitos, costumes, questões sociais, 
políticas, monetárias, religiosas do período, governo); 
■ O ensino relacionado com outras passagens bíblicas (coerência); 
■ A significação dessas mensagens de Deus conforme se relacionam com os fatos 
universais da vida humana hoje (sentido para o segundo ouvinte, nós); 
■ A relevância dessas verdades para as situações humanas (sociais) exclusivas à 
nossa contemporaneidade. 
Precisamos entender que a hermenêutica é uma ferramenta necessária devido 
aos bloqueios à interpretação natural: distância histórica, cultural, idiomática e 
filosófica. Nossa postura cultural funciona como uma lente quando lemos a Bíblia. Isto 
pode causar muitas distorções de sentido. A questão idiomática faz com que a relação 
entre conceitos e palavras seja diferente de uma língua para outra. A questão filosófica 
trata da diferença entre a cosmovisão dos autores bíblicos e a do leitor atual. 
É necessária também para que os ensinamentos bíblicos possam ser aplica 
dos na atualidade. Para ser útil, o texto bíblico precisa ser lido, compreendido e, então, 
devidamente aplicado. 
→ Apontam, por exemplo, que uma das características das seitas é que estas não 
possuem princípios hermenêuticos e interpretam os textos bíblicos conforme suas 
conveniências. 
Precisamos estar muito atentos à resistência em relaçãoao estudo mais 
apurado e responsável da Bíblia Sagrada; muitos, por pura falta de interesse e 
preguiça intelectual, outros, por concepções doutrinárias bastante equivocadas que 
apoiam a sua decisão de não estudar o texto com afinco. Outros apelando para uma 
espiritualidade bastante contestada, onde se excluem do processo de Cosmovisão é 
visão do mundo, maneira de entender o universo e as relações entre seus elementos. 
Não é à toa que estamos rodeados de maus testemunhos, opiniões grosseiras e 
descabidas, eisegeses que distorcem o texto e revelam interesses escusos e muito 
20 
 
 
distantes da verdade bíblica. Uma verdadeira ignorância. E essa ignorância faz 
ocorrer alguns erros, como exemplo: 
1- Invenção de versículos: nasce da confusão que as pessoas fazem com os ditos 
populares (ou impopulares) e que pela forma que são ditos e na frequência que são 
repetidos, sejam versículos bíblicos (algumas destas frases podem até ter um sentido 
bíblico, mas não são versos bíblicos). Alguns exemplos: 
■ Quem não vem por amor, vem pela dor. 
■ Na presença de Deus, até a tristeza salta de alegria. 
■ Não cai uma folha de uma árvore se Deus não permitir. 
■ Deus tarda, mas não falha. 
Para ilustrar, ministrei uma palavra na igreja da qual faço parte que 
basicamente falava da importância de se ler a Palavra de Deus diariamente. Na 
manhã do dia seguinte, numa avenida, encontrei uma pessoa que me reconheceu e 
me disse que havia estado na reunião da noite anterior e que havia me ouvido 
ministrar e que já estava fazendo o que eu havia recomendado, ler a Palavra de Deus. 
Fiquei contente com a fala do homem e agradeci sua visita e que persistisse nas 
leituras. 
Não satisfeito, ele me informa que, por exemplo, tinha lido naquela manhã um 
versículo muito interessante: Nem tudo que reluz é ouro. Falou com tanta convicção 
que fiquei até confuso por um instante, até que lhe disse: isso não é versículo bíblico, 
isso é um dito popular, o amigo está confundindo. Ele me ouviu, mas senti que ele 
achava mesmo que era um versículo. 
2- Distorção de versículos: como que uma maléfica e/ou equivocada adaptação do 
versículo para atender a alguma necessidade da pessoa. Por exemplo, aprendemos 
muitos versículos por ouvi-los citados por outras pessoas ou através da letra de 
alguma música. Algumas vezes, os versículos sofrem ligeira alteração para se 
adequarem à melodia. Com isso, aprendemos um texto que não corresponde ao que 
a Bíblia diz, e isso pode conduzir a entendimentos incorretos. 
3- Isolamento de versículos ou recorte de partes do versículo: em alguns casos, 
pressa, em outros, má conduta e desrespeito com o texto bíblico, como também dar 
um sentido que o texto não dá se for lido da forma correta. Quando se tira um versículo 
do seu contexto, corre-se o risco de colocá-lo numa situação totalmente diversa de 
onde ele se encontra. Não se considera o salto de tempo histórico, cultura, língua, real 
intenção, personagens envolvidos, simplesmente se pinça um verso e se faz dele 
21 
 
 
como um mantra, uma afirmação, que neste caso é descabida. Outro grave problema 
é o recorte aleatório do verso. Infelizmente, muito usado hoje, o recorte da parte A ou 
parte B ou parte C de um versículo, pois parece que para se falar algo, precisa ser a 
parte B e não se deve ler a parte A, coisas assim; interessante que o autor inspirado 
por Deus, escreveu as partes (se é que elas existem) compondo o todo do verso. 
Exemplo: João 15.7 – Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras 
permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido. Em muitos 
lugares, esse verso é pregado assim: João 15.7 “parte B” – pedirão o que quiserem, 
e lhes será concedido. 
Veja a irresponsabilidade! Gritam a plenos pulmões que você pode pedir o que 
quiser e será concedido. Sorrateiramente, “escondem” nesse recorte o que na 
verdade Jesus disse a partir da partícula se, uma conjunção adverbial condicional, ou 
seja, a tal parte B só ocorrerá se você cumprir a dita parte A que, por algum motivo, 
não foi pregada. 
4- Interpretação livre e momentânea: o desinteresse e/ou desconhecimento das 
regras e princípios da hermenêutica faz com que muitas pessoas se 
aventurem/arrisquem de modo perigoso no terreno da interpretação bíblica. Assim, 
não compreendem de fato a Bíblia Sagrada, mas inventam um sentido para o texto, 
de acordo com suas ideias e desejos. Muitas vezes colocam o dedo num verso e dali 
retiram uma série de afirmações sem qualquer critério. A hermenêutica nos permite 
uma interpretação parametrizada. Os princípios e regras procuram nos impedir de cair 
no precipício do erro teológico, de “colocar” na boca de Deus, palavras que Ele não 
disse. Bentho (2003, p. 68) afirma que a finalidade da hermenêutica é muito mais do 
que interpretação. Sua finalidade é guiar-nos a uma compreensão adequada de Deus 
através de Cristo, a Palavra Encarnada. As interpretações dos textos do Antigo e Novo 
Testamentos devem ser o efeito de uma preocupação evangelística e pastoral, mais 
do que técnica e documental. A hermenêutica deve ser um instrumento que conduza 
o homem a Deus. 
Estudar é importante, aprender a aplicar métodos, ferramentas na busca do 
real sentido/significado do texto bíblico para poder apresentá-lo de forma responsável 
é fundamental, mas isso vai além de regras e métodos, é crucial que se tenha caráter, 
caráter cristão, verdadeira intenção de comunicar a Palavra de Deus sem outro 
objetivo que não seja o de levar as palavras do Senhor aos corações. 
22 
 
 
Muitos sabem bem das metodologias, mas não as administram com a 
consciência de que estão diante da Palavra de Deus e do povo que Ele quer salvar, 
consolar, curar, libertar, ensinar. Há vezes que não falta método, falta honestidade, 
temor a Deus e, com isso, se atrapalha em muito o anúncio do Evangelho. 
Evangelho este que, como diz sabiamente René Padilla, não é uma verdade 
abstrata que podemos reservar para a vida privada, mas, sim, a revelação de Deus, 
que assume forma humana pessoal e comunitária em nossa situação concreta e nos 
transforma em testemunhas suas em nosso próprio contexto social e até no último 
lugar da terra. João 1.1-18 
1 No princípio era aquele que é a Palavra (Verbo, Logos). Ele estava 
com Deus, e era Deus. 
2 Ele estava com Deus no princípio. 
3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria 
sido feito. 
4 Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. 
5 A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. (...) 
10 Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, 
mas o mundo não o reconheceu. 
11 Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. 
12 Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito 
de se tornarem filhos de Deus, 
13 os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem 
pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus. 
14 Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, 
glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. 
15 João dá testemunho dele. Ele exclama: “Este é aquele de quem eu falei: aquele 
que vem depois de mim é superior a mim, porque já existia antes de mim”. 
16 Todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça. 
17 Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por 
intermédio de Jesus Cristo. 
18 Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou 
conhecido. 
 
23 
 
 
 
HERMENÊUTICA BÍBLICA – MÉTODO E REGRAS 
Hermenêutica é entendida como a ciência e arte da interpretação. Trata-se de 
um conjunto de regras e técnicas para a compreensão de textos. 
Método (na teologia): certos procedimentos, técnicas ou modos de inquirição 
sistemáticos usados no desenvolvimento de determinada posição teológica. 
Ostratados de teologia sistemática geralmente apresentam o método teológico nas 
seções de abertura. 
Bentho (2003, p. 56-57) traz que método é todo processo racional para se 
Teologia Sistemática: tentativa de resumir a verdade religiosa ou o sistema de crenças 
de um grupo religioso (como o cristianismo) por meio de um sistema organizado de 
pensamento desenvolvido em determinado ambiente cultural ou intelectual. Uma 
ordem sistemática comum na teologia cristã começa com Deus e sua autorrevelação, 
seguindo-se a criação e a queda no pecado, a obra salvadora de Deus em Jesus 
Cristo e por meio dele, o Espírito Santo como agente da salvação pessoal, a igreja 
como comunidade redimida do povo de Deus e finalmente o objetivo do programa de 
Deus, conduzindo ao final dos tempos, à volta de Cristo e à eternidade. 
Interpretar a Bíblia sem olhar a realidade da vida é o mesmo que manter o sal 
fora da comida, a semente fora da terra, a luz debaixo da mesa; é como o galho sem 
tronco, olhos sem cabeça, rio sem leito. Em hermenêutica, refere-se às regras ou 
técnicas usadas para chegar ao conhecimento do significado original do texto. Para 
que o método seja útil e aconselhável, não basta que indique qualquer caminho; é 
preciso que indique aquele que melhor e mais satisfatoriamente conduza ao fim que 
se tem em vista. Método, então, é a maneira de proceder. Metodologia, entretanto, é 
uma indicação do método. Metodologia exegética é o conjunto de procedimentos 
científicos colocados em ação para explicar os textos. Diferencia-se das “abordagens” 
que são pesquisas e orientadas segundo um ponto de vista particular. 
Quando fazemos exegese, usamos sempre um método que orienta a pesquisa e o 
modo de proceder. Entre os principais métodos hermenêuticos ou exegéticos 
encontram-se o histórico-crítico, o estruturalista e o fundamentalista. Além desses 
métodos, encontramos abordagens distintas aplicadas às Escrituras: sociológicas, 
antropológicas, psicológicas e psicanalíticas. 
24 
 
 
A hermenêutica, como disciplina geral do conhecimento, é uma ciência que se 
ocupa do estudo da compreensão, sendo essencialmente a ciência da compreensão 
de textos. Mas não se aplica somente a estes, pois transcende as formas linguísticas 
de interpretação. Os seus princípios se aplicam não somente a textos literários, 
teológicos, bíblicos, filosóficos, linguísticos ou jurídicos, mas também a obras de arte 
e ao viver cotidiano. Desse modo, a hermenêutica propõe-se a postular métodos 
válidos de interpretação. Conceitua Bentho (2003, p. 57-58) um método como todo 
processo racional usado para se chegar a determinadas conclusões válidas. Em 
hermenêutica, refere-se às regras ou técnicas usadas para chegar ao conhecimento 
do significado original do texto. 
Vale aqui relembrar a afirmação de Bosch, quando escreve que é uma ilusão 
acreditar que podemos chegar até um evangelho puro, não afetado por quaisquer 
acréscimos culturais ou outros. Inclusive na mais antiga tradição de Jesus, os ditos de 
Jesus já eram informações sobre Jesus. E se isso é verdadeiro para a fé cristã em 
sua fase inicial, certamente deve sê-lo ainda mais para os períodos subsequentes. 
Ninguém recebe o evangelho de maneira passiva; cada qual, naturalmente, 
reinterpreta-o. Não existe, deveras, conhecimento algum em que a dimensão subjetiva 
não esteja presente de uma ou outra forma. Essa circunstância não é algo que 
devamos lamentar; trata-se de uma característica inerente à fé cristã, porque 
concerne à Palavra encarnada. 
 
 
UM MODELO DE ESTUDO HERMENÊUTICO 
É necessário que o estudante das Escrituras procure descobrir o significado do 
texto que está examinando, a fim de saber exatamente sua significação. Para isso, é 
necessário verificar os vários componentes envolvidos na hermenêutica: autor, texto 
e leitor/estudante. 
■ O autor como elemento determinante do significado: esse é o método mais 
tradicional para o estudo da Bíblia. O significado é aquele que o escritor, 
conscientemente, quis dizer ao produzir o texto. É importante verificar o que o autor 
disse em outro escrito. 
25 
 
 
■ O texto como elemento determinante do significado: alguns eruditos afirmam que o 
significado tem autonomia semântica, sendo completamente independente do que o 
autor quis comunicar quando o escreveu. 
De acordo com esse ponto de vista, quando um determinado escrito se torna 
literatura, as regras normais de comunicação não mais se lhe aplicam, transforma-se 
em texto literário. O que o texto está realmente dizendo sobre o assunto? Graças a 
um imenso esforço de muitas pessoas ao longo dos últimos três séculos, temos, hoje, 
à disposição, uma vasta bibliografia especializada em diversas áreas do estudo da 
Bíblia. Gramáticas e livros-texto para o aprendizado das línguas bíblicas, léxicos e 
dicionários teológicos de grego, hebraico e aramaico; séries de comentários 
exegéticos, literários, sociológicos, homiléticos, feministas etc.; compêndios de 
arqueologia bíblica, história de Israel, história do período do Novo Testamento; 
introduções ao Antigo e ao Novo Testamento; manuais sobre formas literárias da 
Bíblia; manuais de crítica textual, de metodologia exegética e muito mais. Graças a 
essa biografia, nosso trabalho de interpretação fica bastante facilitado, pois muitas 
questões já foram resolvidas por estudiosos. Ao mesmo tempo, porém, precisamos 
tomar cuidado com a maneira pela qual usamos essa biografia. Ela não pode substituir 
o trabalho de análise cuidadosa e interpretação do texto bíblico; antes, deve servir de 
auxílio, e não de guia, à nossa interpretação. 
■ O leitor como elemento determinante do significado: segundo essa perspectiva, o 
que determina o significado é aquilo que o leitor compreende do texto. Em verdade, o 
leitor atualiza a interpretação do texto. Explicando melhor. Os leitores distintos 
encontram diferentes significados, isso porque o texto lhes concede essa 
multiplicidade. O que o leitor pensar é relevante? Isso poderia influenciar o sentido do 
texto? Se compreendermos que há diferença de interpretação entre um leitor crente e 
um leitor ateu, a resposta é sim! Contudo, é necessário que o leitor esteja em 
condições de entender o texto. Ao verificar como as palavras são usadas nas frases, 
como as orações são empregadas nos parágrafos, como os parágrafos se ajustam 
aos capítulos e como os capítulos são estruturados no texto, o leitor procurará 
compreender a intenção do autor. O texto, em sua íntegra, ajudará o leitor a 
compreender cada palavra, individualmente. Assim, as palavras, ou o conjunto de 
palavras, ajudam a compreender o todo. 
■ Definição de regras: uma utilização equivocada das ferramentas da hermenêutica 
resultará em confusão e desvio. Ou seja, resultará em heresia. 
26 
 
 
O que está envolvido no processo de interpretação? Que padrão termino lógico o autor 
utilizou para dar significado ao texto? Que implicações se enquadram legitimamente 
no padrão por ele pretendido? Que significação atribui o leitor ao texto? Qual é o 
assunto do texto? Que compreensão e interpretação o leitor terá? Se as normas da 
linguagem devem ser respeitadas, que possibilidade de significados é permitida pelas 
palavras de um texto? Foi reconhecido o gênero literário? As respectivas regras que 
o governam estão sendo obedecidas? O contexto prevê o significado dos objetos 
literários encontrados no texto? 
■ Significado: o autor pretendia comunicar suas informações. Valeu-se, então, de um 
código de linguagem para transmitir sua mensagem. O significado não pode ser 
alterado, pois o autor, levando em consideração suas possibilidades de interpretação, 
submeteu-se conscientemente às normas de linguagem com as quais o leitor está 
familiarizado. Da mesma maneira, os textos produzidos pelos autores das Sagradas 
Escrituras, movidos pelo Espírito Santo, têm implicações que abrangem o significado 
específico queeles, conscientemente, procuraram transmitir. Isso é razoável, uma vez 
que o leitor deverá compreender a linguagem utilizada. 
■ Implicações: as implicações ultrapassam os significados originais. O autor não 
estava ciente das novas circunstâncias. Apesar disso, elas se enquadram 
legitimamente no padrão de significado pretendido pelo autor. Em Gálatas 5.2, lemos: 
“Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos 
aproveitará”. O significado específico está bem claro. Se os cristãos da Galácia 
cedessem às pressões dos judeus e se submetessem à circuncisão, estariam 
renunciando à fé, recusando a graça de Deus em Cristo e procurando, 
consequentemente, estabelecer uma relação diferente com Deus, baseada em suas 
próprias obras. 
■ Interpretação: refere-se ao modo como o leitor/estudante responderá ao significado 
de um texto. Um cristão atribuirá, naturalmente, interpretação positiva às implicações 
do texto; um descrente, pelo contrário, atribuirá interpretação negativa. Mesmo no 
grupo de discípulos cristãos, as aplicações de um mesmo texto poderão ser 
diferentes: a grande comissão, em Mateus 28.18,19, pode ser interpretada como uma 
ordem para se tornar um missionário em terra distante, um mantenedor, um pioneiro 
no próprio país, um pastor local ou, quem sabe, como um incentivo ao professor de 
uma classe de Escola Dominical. Mas todas, apesar de diferentes, são respostas às 
implicações legítimas do significado do texto. 
27 
 
 
■ O assunto do texto: qual é o assunto do texto a ser considerado. Em Gênesis, temos 
a história da criação; em Juízes, a história política; em Salmos, a poesia hebraica; em 
Provérbios, a sabedoria prática; e, nos Evangelhos, a vida e ministério de Jesus. 
Devemos discernir qual é o objetivo específico do escritor. 
■ Compreensão e interpretação: a compreensão refere-se ao entendimento correto 
do significado pretendido pelo autor. Já que há apenas um significado, todo aquele 
que o entender terá a mesma compreensão do autor. 
Algumas compreensões podem ser mais completas do que outras, devido à 
maior percepção das várias implicações envolvidas. Como expressar essa 
compreensão? Existe um número infinito de formas de expressá-la. Por exemplo: o 
Senhor Jesus, ao ensinar sobre a chegada do reino de Deus, valeu-se de várias 
parábolas. Alguns intérpretes alegam que não existe sinônimo perfeito. Ainda assim, 
um autor, com o propósito de evitar o desgaste de vocabulários já empregados, pode, 
conscientemente, desejar usar outros com o mesmo sentido. Isso porque o uso de 
sinônimos é previsto pelas normas da linguagem, as quais admitem também uma 
extensão de possíveis significados para a mesma palavra. Há dois princípios para 
orientar o trabalho de tradução: palavra por palavra e pensamento por pensamento. 
A dificuldade do primeiro é que, em idiomas e culturas diferentes, nem sempre os 
vocábulos têm a mesma exatidão. O segundo também apresenta suas dificuldades. 
Isso fica evidente quando procuramos determinar como um autor usa os mesmos 
termos em lugares diferentes com o mesmo significado. O valor de equivalência na 
tradução fica muito mais comprometido do que no propósito de comparar outras 
passagens nas quais o autor bíblico usa as mesmas palavras com o mesmo 
significado. 
■ Normas de linguagem: as normas de linguagem tentam especificar a extensão de 
significados permitidos nas palavras de um texto. O termo fé, por exemplo, possui 
ampla extensão de significados no Novo Testamento. 
Em certos contextos, pode ser “mera aceitação mental de um fato”; em alguns, 
“confiança plena”; ou ainda em outros, “um conjunto de crenças”. O que não pode, no 
entanto, é significar algo incompatível com o contexto, quando, por exemplo, o texto 
ou contexto está falando do ritual do batismo. Felizmente, as normas de linguagem 
limitam o número de possibilidades, de modo que apenas uma delas terá o significado 
que interessa ao autor. Por isso o autor bíblico se manteve cuidadosamente dentro 
desses limites, a fim de ajudar seus leitores a compreenderem sua mensagem. O 
28 
 
 
contexto é fundamental para reduzir os significados possíveis a apenas um significado 
específico. 
■ Reconhecendo o gênero literário: quais são os gêneros literários usados pelo autor? 
A Bíblia apresenta diferentes gêneros. Obviamente, como os escritores da Bíblia 
tinham por finalidade compartilhar o significado do que escreviam, submeteram-se às 
convenções literárias de seu tempo. Se o leitor/estudante não ponderar esse fato, ser-
lhe-á impossível a compreensão do significado. 
■ Contexto: o contexto facilita a compreensão do significado pretendido pelo autor. 
Devemos entender o contexto literário como sendo aquilo que o autor procurou dizer 
com os símbolos utilizados antes e depois do texto em questão. Portanto, quando nos 
referimos ao contexto, aludimos. 
Contexto: inter-relação de circunstâncias que acompanham um fato ou uma 
situação. Conjunto de palavras, frases, ou o texto que precede ou se segue a 
determinada palavra, frase ou texto, e que contribuem para o seu significado; 
encadeamento do discurso, ambiente em torno. Conjunto de condições de uso da 
língua, que envolve, simultaneamente, o comportamento linguístico e o social, e é 
constituído de dados comuns ao emissor e ao receptor o padrão de significado 
compartilhado pelo autor nas palavras, orações, parágrafos e capítulos presentes no 
texto. 
■ O Espírito Santo e a interpretação bíblica: a Bíblia, como produto da inspiração 
divina, é a Palavra de Deus e revela aquilo em que os cristãos creem (regras de fé) e 
como devem viver (regra de prática). Os termos infalibilidade e inerrância são 
frequentemente usados para descrever a fidedignidade da Bíblia. Tudo quanto os 
autores desejavam transmitir, quanto aos assuntos de fé (doutrina) e prática (ética), é 
verdadeiro. O termo inerrância significa que tudo quanto está escrito na Bíblia 
(informações históricas, geográficas, científicas etc.) corresponde à verdade e não 
pode induzir ninguém ao erro. 
No encerramento deste tópico sobre a Hermenêutica, trazemos como 
informação alguns tipos de Hermenêutica (há outros que não apresentamos 
aqui). A história da interpretação bíblica apresenta quatro tipos principais de 
hermenêutica: 
■ Literal, 
■ Moral, 
29 
 
 
■ Alegórica, 
■ Anagógica (ou puramente espiritual). 
Recorremos ao artigo Hermenêutica Religiosa para compor este tópico, 
como segue: 
• A interpretação literal associa-se com a convicção segundo a qual não só a 
mensagem divina, como também cada uma das palavras que constituem a Bíblia são 
de plena inspiração divina. Como crítica à forma extrema desse tipo de hermenêutica, 
pode-se dizer que ignora as evidentes diversidades de estilos e vocabulário dos 
diversos autores bíblicos. Tomás de Aquino, Martinho Lutero e Calvino foram 
partidários da hermenêutica literal. 
•A interpretação moral busca estabelecer os princípios exegéticos mediante os quais 
se podem extrair as lições éticas da Bíblia. Associa-se, com frequência, à alegórica. 
Assim, por exemplo, a Carta de Barnabé, escrita aproximadamente no ano 100 da era 
cristã, considerava que a proibição bíblica de comer a carne de certos animais referia-
se principalmente aos vícios simbolicamente representados por eles. 
• A interpretação alegórica busca na narração bíblica um segundo nível de referência, 
além das pessoas, coisas e acontecimentos explicitamente narrados no texto. O 
grande impulsor desse tipo de interpretação foi o teólogo cristão Orígenes (século III), 
que elaborou um sistema teológico e filosófico a partir das palavras da Bíblia. 
• A interpretação anagógica ou mística, essencialmente espiritual, pretende explicar 
os acontecimentos bíblicos como signos prefiguradores dos últimos fins da criação. 
Exemplo característico seria a cabala judia, que procurava descobrir o significado 
místico dasletras e palavras hebraicas. 
Há, também, a Hermenêutica Filosófica, Jurídica e da Suspeita, como 
segue: 
 Filosófica: A partir do método compreensivo inaugurado em história e 
sociologia por Wilhelm Dilthey e Max Weber, deu-se uma intensa 
discussão sobre o problema da compreensão em geral, seja como base 
para a pesquisa em história e ciências humanas, seja como problema 
filosófico. Para Dilthey, a hermenêutica não é apenas uma técnica auxiliar 
para o estudo da história da literatura, mas um método de interpretação 
baseado no conhecimento prévio dos dados históricos, filológicos e de 
30 
 
 
outras índoles da realidade que se tenta compreender. A hermenêutica, 
baseada na consciência histórica, permitiria compreender um autor 
melhor que ele próprio se compreendia e uma época histórica melhor que 
os que nela viveram. 
 Hermenêutica jurídica: F. K. Von Savigny recomendava que se usassem 
juntos os vários critérios de interpretação da lei: gramatical, histórico, 
lógico e sistemático. Rudolf Von Ihering foi mais além e acentuou a 
finalidade da lei. Cumpre, antes de qualquer providência, definir os 
termos. Assim, o exame da letra da lei é o primeiro passo para seu bom 
entendimento. Feita a interpretação lógica, busca-se o alcance efetivo da 
proposição. A interpretação sistemática, defendida pela escola de Hans Kelsen, 
deriva da unidade da ordem jurídica: não há norma isolada ou solta, e uma 
norma não pode estar em contradição com outra. A pesquisa histórica não 
busca a vontade histórica do legislador, mas sua última vontade notória, que é 
a lei. A lei aplicar-se-á segundo as novas circunstâncias. Enfim, como a regra 
se define pelos fins colimados, há que descobrir o espírito da lei. O componente 
teológico, ou seja, aquele que diz respeito ao argumento, conhecimento ou 
explicação que relaciona um fato com sua causa final, completa a 
hermenêutica. 
 Hermenêutica da Suspeita: expressão usada pela primeira vez pelo filósofo 
francês Paul Ricoeur, referindo-se à prática de interpretação que se aproxima 
do texto com perguntas ou “suspeitas” sobre a sua veracidade ou 
confiabilidade. Inversamente, a hermenêutica da suspeita permite que o texto 
coloque em questão as suposições e a cosmovisão do leitor. 
 
A exegese e hermenêutica bíblicas tomaram novo rumo no século XX, com William 
Wrede e Albert Schweitzer, que deram ênfase à escatologia do Novo Testamento. C. 
H. Dodd promoveu o movimento conhecido como “teologia bíblica”. Karl Barth, com 
seus comentários a Paulo, lançou uma interpretação existencial do Novo Testamento, 
radicalizada depois por Rudolf Bultmann, sob influência de Wilhelm Dilthey e de Martin 
Heidegger. 
Bultmann e Dibelius são, talvez, os principais responsáveis pelo moderno 
estudo crítico do texto dos Evangelhos, aplicado, com o mesmo êxito, ao Antigo 
31 
 
 
Testamento, por Hermann Gunkel e Sigmund Morwinckel. Na França, os estudos da 
hermenêutica receberam grande impulso por parte do cardeal Jean Danielou e dos 
dominicanos da Escola Bíblica e Arqueológica. O Concílio Vaticano II incentivou 
vigorosamente a hermenêutica católica, recomendando que se fizesse em associação 
com os “irmãos separados”, o que abre novo horizonte à exegese e hermenêutica 
bíblicas. 
O estudo da Bíblia (Antigo Testamento, ou Bíblia Hebraica, e Novo Testamento) 
possui longa tradição, tanto nas denominações cristãs, como judaicas. Na 
Antiguidade, Filo de Alexandria (25 a.C-50 d.C) representa bem uma vertente judaica 
de interpretação, ancorada na Filosofia grega. Os comentários em hebraico ou 
aramaico constituíram o midrash composto pela Mishná, pelos Talmudes de 
Jerusalém e da Babilônia e o Midrash Aggadá, todos de época clássica, 
complementados pelos escritos pós-clássicos e tardios. O Midrash, enquanto 
categoria propriamente judaica de interpretação pode ser definido como um “exame, 
interrogação” (derivado da raiz daroch). O Midrash é, pois, uma exploração da letra 
do texto, a buscar um pretexto para a reflexão, uma leitura infinita. As modalidades de 
procedimentos metodológicos são a mahloquete (diálogo entre mestres, a 
intersubjetividade) e a guezerá chava (analogia semântica ou intertextualidade). A 
exegese retorna ao texto, dando ao texto bíblico sua própria autonomia ao livrá-lo de 
seu contexto histórico original. A partir das alusões (remazim) visa a prescrição 
(halakha). A aggada, produto da Palestina (eretz Israel) baseia-se na petiha (abertura) 
e utiliza-se, amplamente, do jogo de palavras entre o hebraico da Bíblia e o aramaico, 
como no caso do Bereshit (Gênesis), palavra inicial que significa “no início”, 
interpretada como “bara chit”, “criou seis”, em aramaico (FUNARI, 1999). 
Também os cristãos, já no início do segundo século d.C., começaram a 
estudar os textos do que viria a ser o Antigo Testamento e, aos poucos, também 
do Novo Testamento. Este movimento tomou corpo e, no século IV, quando do 
fim da perseguição aos cristãos, multiplicaram-se os estudos exegéticos e as 
interpretações, tanto a partir dos idiomas originais, como, principalmente, a 
partir das versões, primeiro em grego, depois em latim. Agostinho de Hipona foi 
um dos mais influentes comentadores cristãos. Pelos séculos posteriores, tanto 
os cristãos a ocidente, em latim, como a oriente, em grego, assim como os 
judeus, continuaram a produzir comentários, sempre a part ir de perspectiva 
teológica e mesmo apologética. 
32 
 
 
Foi apenas com o Iluminismo, no século XVIII, que começaram a surgir 
perspectivas diversas, menos centradas na correta interpretação, de acordo com o 
dogma, e isso se deu em um contexto de mudanças sociais, econômicas e culturais 
que estão conosco até hoje. Por um lado, a industrialização levou à urbanização e a 
uma preocupação com a explicação racional do mundo e com a experiência empírica. 
Por outro, a estrutura social fundada na ordem cósmica de fundo religioso foi 
questionada. As monarquias de direito divino e as ordens sociais estamentais (nobres 
e plebeus) fundadas na ordem religiosa do mundo foram colocadas em cheque, 
com o surgimento do estado nacional moderno, baseado na cidadania e no 
compartilhamento de valores. O estado nacional moderno burguês dependeu, 
assim, de uma nova compreensão do mundo: racional, experimental, laica. O 
Iluminismo esteve na raiz do estudo da Filologia, o conhecimento racional dos 
idiomas, com a busca das origens das palavras e estruturas, assim como das inter-
relações entre línguas vivas e mortas. Surgia o conceito de ramos linguísticos, com a 
definição dos idiomas indo-europeus, que incluem o latim e o grego, e os semitas, que 
abrangem o hebraico e aramaico. 
Esta visão iluminista viria a difundir-se no século XIX e atingir, de forma 
contundente, o estudo dos textos religiosos, em geral, e bíblicos, em particular. 
Na raiz da moderna exegese bíblica está, portanto, um distanciamento da leitura 
crente da Bíblia, uma perspectiva racional do texto bíblico, como já estava em 
Spinoza (1632-1677). Por isso mesmo, houve e há teólogos católicos, 
protestantes e judeus que a criticaram por essa abordagem despreocupada com 
crença. Contudo, muitos estudiosos rejeitaram essa dicotomia, proveniente do 
embate, à época iluminista, entre fé e razão e consideram que uma exegese 
bíblica fundada na razão não invalida a crença, posição que adotamos por dois 
motivos. Em primeiro lugar, do ponto de vista antropológico, a contraposição 
entre razão e fé é enganosa. O simbolismo está presente no ser humano desde 
seus primórdios nas cavernas e continua a estar na raiz do mundo atual. Alguns 
dirão que o humano define-se pela memória dos antepassados, representada 
nos enterramentos, rituais funerários e na rememoração dos falecidos. Mesmo 
os sistemas sociais fundados no ateísmo perpetuaram a memória de líderes 
falecidos, em alguns casos, como na Coréia do Norte, até mesmo com a 
consideração queos mortos estão vivos. Em seguida, e não menos importante, 
a presença do sagrado no mundo contemporâneo, em diversas formas, continua 
33 
 
 
intensa, ainda mais no Brasil e uma perspectiva humanista e simbólica, fundada 
na exegese moderna, permite uma vivência mais rica e aberta à diversidade de 
comportamento do que uma abordagem pouco atenta ao estudo do texto bíblico. 
 
 
ESCRITA E ORALIDADE 
Antes de serem escritos, muitos relatos pertenciam à tradição oral. A 
fixação por escrito é apenas parte de um processo mais amplo, pois um novo 
contexto é sempre ocasião para a releitura e a reelaboração de um texto do 
passado. Muitas vezes, o próprio texto oferece indícios que permitem 
reconstruir as etapas da redação que hoje possuímos. A ciência bíblica 
desenvolveu certos critérios, a fim de refazer o caminho que o texto percorreu 
até chegar às nossas mãos. O resultado desse trabalho de reconstrução é 
encontrado nas chamadas “edições críticas”. São edições dos textos do Antigo 
e do Novo Testamento (em hebraico, em grego, em aramaico e, ainda, em latim) 
que trazem, no rodapé, o “aparato crítico”. Nas margens laterais, encontram-se 
outras observações e anotações a respeito do texto. Para economizar espaço, 
quase todas as informações do aparato crítico e das margens estão abreviadas 
ou codificadas em símbolos, cuja decodificação encontra -se nas introduções e 
nos apêndices de cada edição crítica. A Bíblia é um livro de difícil compreensão. 
Para um mesmo texto, surgem muitas interpretações, algumas legítimas, outras 
questionáveis, outras descartáveis. 
Tudo depende do modo, ou melhor, do método com que se lê a Bíblia. Com 
efeito, não basta um único método de leitura para esgotá-la. Ela nos reserva 
sempre uma novidade, uma surpresa, um horizonte novo. A importância da 
exegese bíblica, para não dizer de sua necessidade, reside no fato de que ela 
possibilita uma compreensão mais precisa do sentido de um texto bíblico, e, 
por conseguinte, fornece bases para uma construção teológica e histórica 
melhor fundamentada. 
Um texto tem longa e complexa história de transmissão: cópias, versões, 
citações, edições que envolvem inúmeros problemas (mudanças intencionais e 
não intencionais, adaptações culturais e releituras, imprecisões, decisões 
editoriais). Daí a importância e a necessidade da atitude crítica diante do texto. 
34 
 
 
 
 
A EXEGESE MODERNA E A SUPERAÇÃO DAS BARREIRAS DE 
LEITURA DO TEXTO BÍBLICO 
O início da exegese moderna se deu a partir do século XVII. Mas foi na 
virada do século XIX para o século XX com a filosofia hermenêutica de Wilhelm 
Dilthey, Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer que provocaram mudanças 
na exegese, de modo especial, pela nova maneira de se compreender a relação 
entre do autor, o texto e o leitor. Na sequência, vieram os trabalhos exegéticos 
de Karl Barth e de Rudolf Karl Bultmann. Ambos recolocaram a questão 
hermenêutica, mas cada um a seu modo. Barth se perguntava sobre o 
significado do texto bíblico para o homem moderno. Já Bultmann dizia que a 
linguagem dos autores bíblicos tinha deixado de ser compreensível. Era uma 
linguagem mítica e o homem moderno tinha adquirido uma visão científica do 
mundo. Era, pois, preciso retraduzir aquela linguagem nesta outra para que o 
texto bíblico voltasse a ter sentido. Pela mesma via, mas em sentido contrário, 
foram os trabalhos de Paul Ricoeur, para quem a linguagem simbólica da 
Sagrada Escritura precisava ser reinterpretada, não, porém, substituída 
(GRECH, 2005, p. 48-9). 
O século XX foi profundamente frutuoso e questionador no que se refere 
à interpretação bíblica: muitos métodos surgiram, firmaram-se, foram 
superados e/ou redefiniram seus pressupostos e seus objetivos com muitos 
manuais publicados na Europa e na América do Norte. Na América Latina e 
Caribe a leitura da Bíblia está vivendo um colorido de perspectivas (REIMER, 
2006, p. 20). Durante as últimas décadas, a leitura popular da Bíblia tem 
destacado a importância central dos pobres dentro deste conjunto de textos, as 
preocupações emergentes como pobreza, desemprego, desigualdades sociais, 
bem como as situações e os desafios de ordem mundial (nova situação da 
mulher, novas tecnologias, busca da superação de preconceitos raciais e 
religiosos), acabaram também condicionando nova postura diante do texto 
bíblico, que é visto, cada vez mais, como paradigma para a caminhada do povo 
de Deus. A leitura da Bíblia a partir dos pobres e marginalizados, a leitura 
orante, eclesial, pastoral ecumênica e também certa reserva em relação aos 
35 
 
 
métodos que se preocupam com o texto bíblico enquanto texto fez surgirem 
“novas formas de interpretar a Bíblia e novas teologias” 
Podem-se destacar algumas barreiras para a interpretação bíblica, 
contudo, estas são suficientes ao menos para demonstra r o problema da sua 
interpretação e a consequente necessidade de uma Metodologia de 
interpretação que ajude a transpor cada um destes obstáculos. Pois parece, 
pela natureza intrínseca da própria Escritura, que sem a aquisição de pré -
requisitos históricos e literários, relacionados à formação da bíblia, não será 
possível uma interpretação mais bem fundamentada. E é para a “solução” desse 
problema hermenêutico que surge a Exegese como uma ferramenta 
indispensável para uma melhor interpretação do texto bíblico . 
A primeira barreira com a qual se depara quando se pretende interpretar 
a Bíblia é a barreira histórica. Ou seja, a Bíblia foi escrita ou formada em 
circunstâncias e épocas totalmente distantes e diferentes da nossa realidade. 
A Bíblia é um livro histórico, nascido e configurado dentro de matizes históricas 
específicas. Seu contexto histórico e destinatários originais são muitas vezes 
desconhecidos quanto a sua natureza e problemáticas peculiares. Em outras 
palavras, a Bíblia não foi do ponto de vista histórico, escrita para nós hoje do 
século XXI. Há um grande abismo histórico e cronológico entre nós e os antigos 
autores bíblicos. A Bíblia é histórica, nasceu na história, pela história e para a 
história. Portanto, toda leitura bíblica precisa ser uma leitura histórica. Se não 
se apreende a cosmovisão, Weltanschauung, do período histórico em que a 
Bíblia nasceu e se formou corre-se o risco de não compreendê-la de maneira 
refletida. 
A segunda barreira que se depara é o que se pode chamar de barreira 
sociocultural. Esta diz respeito ao mundo social, econômico, político e religioso 
em que se formou a Bíblia. É sabido que a Bíblia se originou na estrutura 
sociocultural do Antigo Oriente Próximo, mais em particular na Sírio-Palestina, 
mas também nas regiões circunstantes, como a Mesopotâmia e o Egito, como 
seu cenário geográfico principal. As diferenças culturais entre Ocidente e 
Oriente são gigantescas. Estando diante de uma literatura antiga 
emoldurada dentro de um contexto judaico-helenista com suas mais ricas 
peculiaridades. A ignorância quanto às estruturas sociais e culturais da 
36 
 
 
época e ambiente onde nasceu a Bíblia torna totalmente inviável qualquer 
aproximação à sua interpretação. 
Tem-se ainda uma terceira barreira quando se pretende interpretar a Bíblia. 
Trata-se da barreira linguística, ou seja, o problema da linguagem peculiar da Bíblia. 
A Bíblia não foi escrita em nosso idioma, mas em três línguas antigas, a saber, 
o Hebraico, o Aramaico, línguas semitas, e o Grego, de outro ramo, o indo -
europeu. Fato este que dificulta a tradução, pois muitas vezes não há em nossa língua 
palavras adequadas para traduzir expressões específicas. 
Para sanar essas barreiras, muitos métodos surgiram e têm sido usados como 
ferramentas de interpretação de um texto bíblico. Os mais importantes historicamente 
são o alegórico e o histórico-gramatical, conhecido como método de análise literária. 
Esses dois podem ser utilizados mais facilmente, mas também podem se tornarextremamente complexos e especializados. 
 
O MÉTODO HISTÓRICO CRÍTICO 
Paralelamente a esses métodos, nos últimos tempos, surgiu também o 
Método Histórico Crítico (MHC). O MHC depende fundamentalmente da 
identificação do gênero literário de uma unidade textual. Daí a importância em 
se compreender bem o que é gênero literário (BERGER, 1998, p. 14). Foi 
desenvolvido, sobretudo pela exegese alemã protestante e foi visto, de início, 
com certa desconfiança por estudiosos católicos. Atualmente, este método 
continua sendo largamente empregado a ponto de se poder dizer que ele 
constitui uma aquisição da exegese bíblica por toda parte. São várias as etapas 
do trabalho com MHC e muitos passos importantes para se fazer uma exegese 
(WEGNER, 2001, p. 70). 
O MHC não é o único que há, mas é, no mínimo, um ponto de partida 
e não deve ser rejeitado. O MHC investiga o contexto histórico no qual um 
texto surgiu: quando foi escrito, se existe uma pré-história do texto e uma 
história redacional. Um texto pode ter sido criado quando foi escrito, ou pode 
ter uma pré-história: uma tradição oral que o precede. Há algum tempo, 
dava-se uma importância muito grande à tradição oral. Hoje, percebe -se 
melhor que muitos textos nasceram já como obras literárias escritas e não 
remontam ao que se possa saber, a uma tradição oral anterior. Por outro 
37 
 
 
lado, também é certo que no Oriente Antigo, como em muitos povos em que 
a escrita é o privilégio de uma elite, a transmissão oral desempenhou um 
papel significativo na transmissão da cultura. Uma tradição oral, por sua vez, 
pode remontar a um acontecimento histórico e/ou a lendas. O mais provável 
é que ela misture tudo. No decurso da transmissão oral a própria tradição 
vai sendo reelaborada. Detalhes podem desaparecer, nomes de 
personagens e de localidades podem sumir ou serem transformados, novas 
chaves interpretativas podem ser introduzidas (WEGNER, 2001, p. 69-83). 
Não obstante, a exegese bíblica utilizando o MHC apresenta algumas 
vantagens pelo fato de dar uma grande contribuição ao colocar o estudo da 
Bíblia dentro de uma discussão “secular”; ainda permanece sendo um 
referencial metodológico útil e mesmo indispensável, ao qual muito se deve na 
história da exegese e do qual ainda muito se pode receber. Graças a ele, sabe-
se hoje o valor da identificação dos gêneros literários dos textos bíblicos, de 
suas fontes, das tradições que a eles subjazem, do longo e complexo processo 
de formação e composição das unidades textuais, dos livros, dos corpora 
literários e da Bíblia como um todo; ele ajuda a colocar em perspectiva as 
interpretações, pessoais e de outros; ele não se permite instrumentalizar o texto 
ao bel-prazer, lendo-o de maneira seletiva e arbitrária, sem consideração para 
com seu contexto e propósito originais; ele permite ver melhor a diversidade de 
teologias que há na Bíblia, sem que isso implique prejuízo para sua unidade. 
No entanto, ele alerta para o fato de que não se deve buscar uma harmonização 
a qualquer custo dessas diferenças pela eliminação de toda tensão e conflito 
entre as variadas perspectivas teológicas recolhidas nas Escrituras Sagradas; 
ele leva a sério a humanidade dos autores bíblicos em sua condição de 
testemunhas da revelação divina e o fato de que essa revelação fora percebida 
e refletida dentro de situações históricas bem concretas e definidas. 
Outra vantagem que pode ser destacada é o fato de que o MHC lança 
mão das investigações de outras ciências como: 
1. A Arqueologia. Esta ciência desenvolveu-se muito nos últimos tempos. A 
partir da própria experiência dos arqueólogos, novos métodos de escavação 
foram aparecendo. No início, a arqueologia trabalhava a partir do dado bíblico. 
Esta época foi importante para os estudos bíblicos. Atualmente, a arqueologia 
se emancipou e já não trabalha mais a partir da Bíblia. Alguns dados 
38 
 
 
apresentados pela Arqueologia, inclusive, questionam informações dadas pel a 
Bíblia e antes vistas como absolutamente seguras. 
2. Antropologia: Esta abordagem relaciona-se estreitamente com a sociológica, 
mas está interessada em um conjunto mais amplo de fatores da vida humana e 
comunitária: linguagem, arte, religião, vestuário, costumes folclóricos 
(celebrações, danças, festas), mitos e lendas. A abordagem antropológica 
analisa as diferenças entre a vida urbana e a rural e os valores cultivados em 
diversos tipos de sociedade. Também estuda fatores da existência humana 
como honra e vergonha, educação e escola, família e lar; as relações entre 
homem e mulher, patrões e empregados. 
3. Sociologia: A bíblia reflete várias sociedades humanas, ambientes diferentes 
e condições sociais diversas. Assim, o texto bíblico tem traços do complexo 
social em que nasceu e requer análise sociológica acurada. Nos últimos vinte 
e cinco anos, entretanto, a abordagem sociológica da Bíblia vem despertando 
renovado interesse, e sua contribuição tem sido importante aprimoramento do 
método histórico-critico. Esta abordagem amplia a iniciativa exegética em 
muitos pontos (WEGNER, 1998). 
4. A análise comparativa com outros documentos do Oriente antigo: é impossível 
negar que haja algumas ideias mestras que perpassam os textos religiosos do 
Oriente antigo. Temas como a criação do mundo e da humanidade, o dilúvio e 
as migrações de povos são comuns nestes textos. Duas grandiosas descobertas 
de manuscritos antigos em tempos modernos abriram perspectivas inteiramente 
novas para os estudos neotestamentários: uma em 1945, no Egito, chamada de 
Biblioteca Copta de Nag Hammadi (POIRIER; MAHÈ, 2006) e outra em 1947, na 
Palestina, em cavernas a oeste do Mar Morto, são os chamados Manuscritos do 
Mar Morto ou Documentos de Qumran (MARTINEZ, 1994, p. 15-29).
 
 
5. A anál ise comparativa dos arquivos históricos: a Bíbl ia relata alguns 
fatos que se inscrevem na história do Antigo Oriente e nos quais entram 
em cena outros povos. Isto ficou claro com as descobertas 
arqueológicas e a consequente publ icação do Ancient Near Eastern 
Texts Relating to the Old Testament wi th Supplement, edi tado por 
James B. Pri tchard (1969), com sua coletânea riquíssima. A questão 
aqui é a de se interrogar se, entre estes povos, f i cou algum registro 
39 
 
 
desses fatos. Enfim, o método histórico -crí t ico procura determinar o 
contexto histórico no qual um texto possa ser si tuado. 
Esta questão é de extrema importância, uma vez que é mais importante 
o contexto histórico no qual um texto foi produzido do que o (suposto) 
contexto histórico ao qual se refere. Para responder a esta questão, é 
preciso investigar se o próprio texto não deixa transparecer – nas 
entrel inhas – a época em que foi escri to. 
 
CRÍTICAS E LIMITES DO MÉTODO HISTÓRICO CRÍTICO 
O MHC mostra assim, sua grandeza e complexidade, apresenta diversas 
vantagens como descritas, mas não se pode deixar de destacar também algumas 
características foram criticadas, tais como: o academicismo; a arrogância diante 
de outras leituras; o reducionismo historicista; a despreocupação para com a 
aplicabilidade prática das pesquisas, ou seja, relega ao passado os livros bíblicos 
fazendo com que a Bíblia pareça mais uma obra do passado a ser objeto de 
estudos que um livro capaz de iluminar o presente, a vida, o cotidiano das 
pessoas. Formou-se muita cultura bíblica interessante, mas sem influência no 
cotidiano; ele é um método que se preocupa mais com o contexto do que com o 
texto em si. 
Os principais argumentos críticos podem ser resumidos a três pontos 
centrais: 
1°. Na origem, o método nasce de um pré-juízo – típico do romantismo alemão 
– de que o que é o mais antigo é sempre melhor. Ao se identificar as camadas 
redacionais de um texto, corre-se o risco de se valorizar apenas a camada mais 
antiga, esquecendo-se que acréscimos ou mudanças inseridas num texto 
também fazem parte dotexto que, em seu conjunto, é identificado como 
Sagrada Escritura. Do ponto de vista histórico, cultural e simbólico, as 
interpretações das diversas épocas, inclusive atuais, são também relevantes e 
dignas de estudo e mesmo aprendizado; 
2° O MHC não se tornou popular. A maioria do povo continua a fazer uma leitura 
literal ou metafórica do texto bíblico. Para muitos, o Deus reconstituído pela 
exegese que se revela na Bíblia não é o mesmo Deus da história, da vida, das 
ideias, dos mitos, mas é um Deus alheio aos acontecimentos. Também aqui, a 
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vivência quotidiana das pessoas não precisa coincidir com as reconstituições 
exegéticas, mas pode por elas serem anda incrementadas; 
3° O MHC nasce da separação entre leitura exegética e leitura espiritual que 
este tipo de método pode favorecer. Ele também deixa a impressão de que 
apenas o especialista pode interpretar a Bíblia porque somente ele possui 
“ferramentas” capazes de abrir o sentido desta Escritura. Ainda mais, para 
adquirir estas ferramentas são necessários anos de estudos, não apenas 
filosóficos e teológicos, mas, sobretudo de línguas, de filologia e de exegese 
propriamente dita. O próprio estudo exegético tem muito a ganhar com o 
aprendizado antropológico derivado das percepções subjetivas modernas. 
Estas críticas não invalidam o método, pois ele pode ser muito útil, tanto para 
a formação dos estudiosos, como para o público geral culto em busca de 
formação. 
Para finalizar, podemos destacar ainda, que a Exegese Bíblica entre 
vantagens e desvantagens tem dado grandes passos com o desenvolvimento 
dos mais diversos métodos utilizados para se interpretar um texto bíblico. Por 
meio dela, podem-se transpor barreiras e limites e aproximar-se cada vez mais 
do sentido original-histórico das Escrituras. Seu uso e sua aplicação são por 
demais importantes se quiser prosseguir na carreira dos Estudos Bíblicos. A 
Exegese Bíblica levar—nos á por meio da história e cultura em que se formaram 
os textos da Bíblia; como também nos capacitará a compreender as estruturas e 
o funcionamento da linguagem bíblica, e desse modo nos colocar, o quanto for 
possível, em contato com o significado histórico do texto bíblico e a sua intenção 
autoral. 
Ela nos permitirá entrar no texto de maneira desarmada, aberta, buscando 
algo, com grande vontade de dar um sentido autêntico à própria existência. A 
exegese está aí e é uma ferramenta para interpretar a Bíblia e por meio dela 
entender a própria vida. Ela veio trazer luz sobre a interpretação e ao mesmo 
tempo despertar para uma consciência crítica. 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. 12. ed. São Paulo: Contexto, 
2004.

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