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O-VELHO-TESTAMENTO-2

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1 
 
 
 
 
O VELHO TESTAMENTO 
 
 2 
 
 
 
Sumário 
O VELHO TESTAMENTO ....................................................................... 1 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 5 
INTRODUÇÃO ........................................................................................ 6 
MUNDO DO ANTIGO TESTAMENTO ................................................... 13 
O MUNDO ANTIGO............................................................................... 15 
PERÍODO DA HISTÓRIA ...................................................................... 16 
A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA ............................................................. 17 
OS ESTADOS RELIGIOSOS ARCAICOS ......................................... 18 
O ESTABELECIMENTO DE IMPÉRIOS (CERCA DE 2700 A.C) ...... 19 
A ERA DE AMARNA (1500 A.C) ........................................................ 20 
OS ESTADOS MULTINACIONAIS (DESDE 1200 A.C) ..................... 21 
A ERA DA SUPREMACIA GREGA (450-325 A.C) ............................ 22 
A ERA ROMANA (100 A.C. - 450 D.C) .............................................. 23 
DIVISÃO HISTÓRICA DO PERÍODO DA COMPOSIÇÃO DOS LIVROS
 ......................................................................................................................... 24 
ANTES DA MONARQUIA OU REINADO .............................................. 27 
O PERÍODO DO REINADO OU MONARQUIA ..................................... 33 
O REINO UNIDO ............................................................................... 34 
O REINO DIVIDIDO ........................................................................... 36 
O EXÍLIO E PÓS-EXÍLIO ....................................................................... 38 
OS LIVROS POÉTICOS ........................................................................ 39 
A POESIA HEBRAICA ........................................................................... 40 
OS ARTIFÍCIOS POÉTICOS DO ANTIGO TESTAMENTO ............... 41 
LINGUAGEM FIGURADA .............................................................. 41 
PARALELISMO .............................................................................. 41 
file://///192.168.0.2/V/Pedagogico/EDUCAÇÃO/CIENCIAS%20DA%20RELIGIAO/O%20VELHO%20TESTAMENTO/O%20VELHO%20TESTAMENTO.docx%23_Toc98319619
 3 
 
 
RITMO ............................................................................................ 42 
O USO DA MÚSICA ....................................................................... 42 
OS LIVROS ........................................................................................... 43 
O LIVRO DE JÓ ................................................................................. 43 
O LIVRO DOS SALMOS .................................................................... 44 
OS LIVROS DE PROVÉRBIOS E ECLESIASTES ............................ 47 
O LIVRO DO CÂNTICO DOS CÂNTICOS ......................................... 49 
LIVROS PROFÉTICOS ......................................................................... 49 
A PROFECIA EM ISRAEL ................................................................. 50 
PROFETAS PRÉ-CATIVEIRO .............................................................. 51 
O PROFETA OBADIAS ..................................................................... 52 
O PROFETA JOEL ............................................................................ 53 
O PROFETA JONAS ......................................................................... 55 
O PROFETA AMÓS ........................................................................... 57 
O PROFETA OSÉIAS ........................................................................ 59 
O PROFETA MIQUÉIAS .................................................................... 61 
O PROFETA ISAÍAS .......................................................................... 62 
O PROFETA NAUM ........................................................................... 64 
O PROFETA SOFONIAS ................................................................... 66 
O PROFETA HABACUQUE ............................................................... 67 
PROFETAS NO CATIVEIRO E DURANTE O CATIVEIRO ................... 68 
O PROFETA JEREMIAS ................................................................... 68 
O PROFETA EZEQUIEL .................................................................... 69 
O PROFETA DANIEL ........................................................................ 70 
PROFETAS PÓS-CATIVEIRO .............................................................. 71 
O PROFETA AGEU ............................................................................... 72 
O PROFETA ZACARIAS ................................................................... 72 
 4 
 
 
O PROFETA MALAQUIAS ................................................................ 73 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O Antigo Testamento é uma obra verdadeiramente divina porque foi 
inspirada por Deus e porque nos apresenta, pode-se dizer, em cada uma de 
suas páginas, a ação de Deus sobre os homens. Ao mesmo tempo, porém, é 
uma obra profundamente humana, porque é destinada aos homens, fala uma 
linguagem humana e nos apresenta na sua história, os homens tais quais são 
com suas deficiências e rebeldias contra os desígnios divinos, não 
costumando encobrir as faltas dos seus heróis. Mas, ao lado do escândalo 
aparece a correção. 
 O estudo do Antigo Testamento é fundamental para o cristão que 
deseja se tornar um obreiro aprovado, pois se observa um progresso vital do 
Antigo ao Novo Testamento, como do embrião que se desenvolve num 
organismo perfeito. Deste, deriva uma consequência importante para a sua 
correta interpretação, pois as suas instituições deviam ter alguma semelhança 
com as do Novo; eram as suas imagens antecipadas que no Novo Testamento 
recebem a sua conclusão. A melhor forma de conhecer a história de Israel é 
fazendo um estudo cronológico dos livros do AT, conforme os fatos ocorreram. 
No entanto, a cronologia bíblica, assim como toda cronologia antiga, é quase 
toda incerta. As datas eram contadas baseadas em fatos e eventos 
importantes dentro de cada povo. Assim, não existia um calendáriogeral para 
controle do tempo, antes cada povo possuía o seu. Os escritores bíblicos, por 
sua vez não registravam datas, apenas citavam os acontecimentos. 
Geralmente as datas, quando citadas, tomavam por base eventos particulares 
como construção de cidades, coroações de reis, etc. O trabalho de estudiosos, 
juntamente com as descobertas arqueológicas, vem ajudando a precisar as 
datas da história antiga, inclusive à bíblica. 
 Sendo assim, não podemos considerar como exata a cronologia 
bíblica, pois se trata de uma ciência auxiliar da história, onde suas datas 
devem ser tomadas apenas como aproximadas. Mas, essa aproximação é o 
suficiente para que tenhamos melhor compreensão dos acontecimentos do 
que se fizermos uma leitura na sequência em que os livros estão dispostos 
em nossa Bíblia. Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem 
 7 
 
 
diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, 
que eu vos mando. (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.5,6) . 
De acordo com Félix García López (2002), em sua obra O Pentateuco: 
Introdução à Leitura dos Cinco Primeiros Livros da Bíblia,o Pentateuco em si 
é uma grande composição literária, integrada e constituída por narrações e 
leis. Segundo esse autor, os personagens principais do Pentateuco vivem e 
se desenvolvem, de forma geral, num marco espacial (geográfico) e temporal 
bastante amplo, quando mesmo não o transcendem, como é no caso de Javé 
(Deus). Segundo o autor, em muitos aspectos, o Pentateuco é semelhante às 
obras literárias modernas. 
A organização dos livros do Antigo Testamento na literatura hebraica é 
diferente da organização cristã, pois nela, segundo López (2002), é feita 
inclusive a união de alguns livros, que na literatura cristã são separados. São 
os livros dos 12 profetas menores, os dois livros de Samuel, os dois livros de 
Reis, os dois livros das Crônicas, assim como também é feita a junção dos 
livros de Neemias e Esdras, chegando ao total de 24 livros e não 39, como foi 
feita na nossa tradução do Pentateuco. No entanto, em relação a essas 
diferenças, apenas foram mudadas a forma estética e a organização, mas os 
conteúdos são equivalentes nas diferentes formas de tradução. 
López (2002) traz em sua obra, um esquema de organização do Antigo 
Testamento de acordo com a tradição judaica, como podemos constatar a 
seguir: 
 
 8 
 
 
 
Como podemos notar no quadro anterior, todos os livros do Antigo 
Testamento da tradução segundo a versão cristã eram reconhecidos pelo povo 
judeu e considerados também como divinamente inspirados, e aceitos inclusive 
pelo próprio historiador Flávio Josefo, em que ele apresenta uma divisão da 
estrutura não de 24 livros, mas de apenas 22 livros. Pois na divisão de 22 livros, 
adotada por Flávio Josefo, o livro de Rute está junto com o de Juízes e o livro de 
Lamentações com o de Jeremias. 
Devemos entender que a formação do Cânon do Antigo Testamento se 
deu de forma gradual, ocorrendo num espaço de tempo de aproximadamente 
1.255 anos, desde o personagem de Moisés até Esdras. Segundo as fontes de 
pesquisas, “[...] isto vai desde o período em que Moisés esteve entre os 
midianitas (quando, segundo a tradição judaica, teria escrito o livro de Jó), por 
volta de 1700 a.C., até Esdras (445 a.C.)” (LÓPEZ, 2002, p. 18). Em relação à 
redação final do Antigo Testamento, Esdras não pode ser considerado como o 
redator final. 
 9 
 
 
Esdras não foi o último escritor na formação do Cânon do Antigo 
Testamento; os últimos foram Neemias e Malaquias, porém, de acordo 
com os escritos históricos, foi ele que, na qualidade de escriba 
sacerdote, reuniu os rolos bíblicos, ficando assim o Cânon encerrado 
em seu tempo. Os profetas e os homens de Deus que compuseram os 
livros do Antigo Testamento não tinham consciência de como suas 
contribuições se enquadrariam a uma unidade global, formando assim 
o Antigo Testamento (LÓPEZ, 2002, p. 18). 
 
Devemos considerar que cada época (em se tratando de diferentes 
culturas e sociedades) tem a sua própria forma de ler, no sentido de 
compreender, a Bíblia, e de acordo com as correntes intelectuais que vigoram 
no dado momento. Nesse sentido, López (2002) conclui que os trabalhos de Fr. 
Luís de León e de Arias Montano refletem as correntes humanistas do período 
do Renascimento (séculos XIV e XV). Por outro lado, atesta o autor, durante o 
período do Iluminismo (século XVIII), em relação às pesquisas referentes às 
Sagradas Escrituras, começaram a ser aplicados os métodos histórico-críticos. 
No entanto, López recorda que bem mais tarde, a filosofia de Hegel, o 
positivismo de Comte, evolucionismo e estudos antropológicos, psicológicos e 
sociológicos contribuíram também para o desenvolvimento da investigação 
bíblica. 
É a partir de metade do século XX que a tendência mais apurada na 
interpretação bíblica é a corrente da nova crítica literária. Essa corrente de 
pesquisa bíblica apresenta os estudos histórico-críticos que haviam se 
estabelecido durante mais de dois séculos e que nas últimas décadas têm aberto 
possibilidades para a existência ou ocorrência para novos métodos literários. 
Assim, foram se diversificando os métodos histórico-críticos e também foi se 
multiplicando a definição dos novos métodos literários (LÓPEZ, 2002). Portanto, 
de acordo com López (2002), a pluralidade dos estudos sobre o Pentateuco é 
um sinal dos tempos atuais. 
De acordo com Albert de Pury (1996), organizador da obra “O Pentateuco 
em questão”, a primeira etapa propriamente literária da formação do Pentateuco 
pode ser situada pelo ano 1000, à época de Davi. Foi na corte do rei que foram 
redigidos cinco textos bem curtos que contam as histórias “primitivas” das 
origens de Abraão, de Isaac, de Jacó e de José. Esses pequenos documentos, 
segundo Pury, independentes uns dos outros, foram escritos a fim de responder 
aos adeptos da casa de Saul que contestavam a legitimidade do poder exercido 
 10 
 
 
pelo homem de Hebron. “A unidade do documento que fornece ao Pentateuco 
sua trama fundamental é, portanto, menos de ordem teológica do que de ordem 
política” (PURY, 1996, p. 164). 
O Pentateuco é uma classificação dada aos cinco primeiros livros que 
compõem a Bíblia, sendo eles: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e 
Deuteronômio. Os cinco primeiros rolos em hebraico são chamados de Torah, 
verbo hebraico yarah que tem por significado “mostrar com o dedo”, “indicar”, 
significando então “instruir, ensinar”. O Pentateuco das Igrejas Cristãs é também 
conhecido como o Livro da Torá da religião judaica, segundo Anderson Vicente 
Gazzi, autor da obra “Introdução ao Estudo do Pentateuco”. Para uma melhor 
compreensão do conjunto dos livros que formam o Pentateuco, Gazzi (2013, p. 
63) afirma que: 
Os primeiros cinco livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números 
e Deuteronômio), geralmente chamados de “a Lei” ou “o Pentateuco”, 
integram a primeira e mais importante seção do Antigo Testamento, 
tanto na Bíblia Judaica como na Cristã. A divisão tripartida da Bíblia 
Hebraica em Lei, Profetas e Escritos (Salmos) pode ser encontrada no 
Novo Testamento (Lc 24.44.: “E disse-lhes: São estas as palavras que 
vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o 
que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos 
Salmos”) e no Prólogo de Siraque (c.180 a.C.). A distribuição dos livros 
do Antigo Testamento nas Bíblias Cristãs, baseada na do Antigo 
Testamento Grego (a Septuaginta; c.150 a.C.), também concede ao 
Pentateuco esta primazia. 
 
Segundo Pury, a questão da origem e do desenvolvimento do Pentateuco 
não é uma questão de interesse apenas a um grupo de pesquisadores da crítica 
literária. 
Para Pury (1996),o Pentateuco é o cânon mais antigo de uma 
comunidade de fé. Por conseguinte, seu devir (o vir a ser – desenvolvimento) 
também deve ser compreendido como um processo espiritual. Por isso é 
necessário estarmos atentos tanto ao aspecto literário quanto ao aspecto 
teológico. 
O Pentateuco não foi escrito em uma única vez e não pode ser 
considerado como sendo a obra de um único autor. O Pentateuco deve ser 
entendido como escrito a partir de tradições orais e escritas diferentes que foram 
juntadas de forma progressiva e se unificando ao longo da história. A união de 
todo esse material só se deu na época depois do exílio da Babilônia. 
 11 
 
 
“Seja qual for a resposta à questão da formação do Pentateuco, esta 
resposta terá que levar em conta o fato de que o Pentateuco deve ser 
compreendido, de qualquer forma, como uma resposta à catástrofe política e, 
mais ainda, à crise religiosa e espiritual do exílio” (PURY, 1996, p. 178). 
A fonte Javista, pelo fato de chamar Deus de Javé, é oriunda do reinado 
do rei Salomão por volta dos anos 960-930 a.C. Os textos dessa fonte podem 
ser verificados nos livros de Gênesis, Êxodo e Números. E também nos livros de 
Josué e Juízes. Essa fonte fala diretamente da história de Israel, desde a criação, 
passando pelo êxodo até a posse da terra em Canaã. 
Essa fonte retrata o pensamento do povo da tribo do Sul (Judá), sendo 
que não dá para identificar diretamente os seus autores. Apenas há o 
conhecimento das tribos do Sul e de suas cortes. A fonte de tradição Javista 
apresenta a história de Israel no estilo de uma grande “Epopeia Nacional” em 
que todos têm marcada em suas memórias históricas “essa história” que é 
repassada da tradição oral secular recontada no contexto dos reis, privilegiando 
então as tribos do Sul. 
A fonte Eloísta (por chamar a Deus de Elohim) foi composta entre os anos 
900-850 a.C., depois da separação das tribos do Norte (Israel) e do Sul (Judá). 
Essa fonte apresenta as mesmas concepções da fonte sulista (apresentada na 
tradição Javista) e nos mesmos livros, porém, com uma nova perspectiva e olhar, 
próprio do povo nortista Israel. Propositalmente, Eloísta é advindo do nome de 
Deus anterior ao êxodo, onde a divindade é invocada como Elohim, o Deus 
Altíssimo. Sua narrativa dá ênfase a locais (santuários, montes e locais 
sagrados) onde é forte a experiência de suas lideranças embrionárias 
(patriarcas, profetas) com a manifestação divina. Também é enfatizada a aliança 
com o povo (ao contrário da fonte Javista que dá ênfase ao reinado e templos) 
enquanto coletividade. Esta fonte valoriza mais o campo, a natureza, as 
tradições primitivas anteriores à monarquia, as relações interpessoais com a 
divindade, bem diferente da tradução javista que tem um perfil estatal e faz uso 
de personagens que atuam como mediadores entre Deus e o povo. 
A fonte sacerdotal foi então composta no final do exílio dos judeus na 
Babilônia e no começo da restauração entre os anos de 550-450 a.C., pelos 
sacerdotes hebreus. A partir de Gênesis, Êxodo e passando pelos livros de 
Levítico e Números, os textos dessa fonte narrativa são fortemente constituídos 
 12 
 
 
e elaborados em genealogias, na observação da lei sabática, nas leis religiosas, 
na circuncisão, no tratamento de todas as enfermidades, no convívio social, no 
jeito e nas formas de prestar culto à divindade, a importância de toda a casta 
sacerdotal, dos símbolos religiosos e da interpretação da própria história através 
dos sacerdotes como sendo os mediadores entre Deus e os homens do povo. A 
influência da narrativa sacerdotal é bastante significativa no tempo da 
restauração e na conservação e observação dos costumes religiosos. 
E, por fim, a fonte denominada de Deuteronomista (fonte que aponta para 
a observância irrestrita da lei) foi elaborada no reinado de Israel, ou seja, da tribo 
do Norte. A fonte Deuteronomista é considerada crítica e refinada. Quando no 
ano de 722 a.C. houve a queda do reino do Norte, essa tradição Deuteronomista 
foi então guardada por hebreus simpatizantes que habitavam o reino do Sul. 
Nessa fonte literária é forte a ideia da releitura da história da tribo do Norte a 
partir da aliança e do momento que o Reino do Sul está passando, de forma que 
teve o mesmo fim, que foi a sua destruição e o seu exílio. A fonte Deuteronomista 
em sua releitura da história dá ênfase na pré-história israelita desde os tempos 
de Moisés até o início do reinado, dando então valor àquilo que constitui a terra 
e o povo como sendo um dom e uma herança sagrada de Deus. 
Gazzi (2013) afirma que depois da destruição de Jerusalém no ano 70 
depois de Cristo, a própria versão da Bíblia chamada “a versão dos Setenta” 
perdeu muito do seu valor entre os teólogos judeus da época, em parte e também 
em consequência do modo pelo qual os próprios cristãos a usavam para 
fundamentar as suas crenças e as doutrinas de Cristo, e também, em parte, pelo 
fato de seu estilo ser falho de elegância. Por causa disto, os judeus então fizeram 
no segundo século três novas versões dos livros canônicos do Antigo 
Testamento (GAZZI, 2013): 
• A tradução de Áquila. Este autor era natural do Ponto e prosélito do 
judaísmo, viveu no tempo do imperador Adriano. Tentou fazer uma versão 
literal das Escrituras hebraicas, com a finalidade de contradizer a forma 
que os cristãos faziam dos Setenta para fundamentar as suas doutrinas. 
• A revisão dos Setenta feita então por Teodócio. Este era judeu prosélito, 
natural de Éfeso, segundo Ireneu, e segundo Euzébio, Teodócio era 
também um ebionita que acreditava na missão do Messias, mas não na 
divindade de Cristo. 
 13 
 
 
• A versão de Símaco, também ebionita. Esta versão foi incluída por 
Orígenes em sua Hexapla e na Tetrapla, que alinhavam lado a lado 
versões do texto com a Septuaginta. Alguns dos poucos fragmentos do 
texto de Símaco que chegaram até nossos dias, remanescentes da 
também perdida Hexapla, permitiram que os acadêmicos modernos 
elogiassem a pureza e elegância do grego de Símaco, que também foi 
admirado por Jerônimo para compor a Vulgata. 
 
Orígenes organizou o texto hebreu em quatro versões diferentes, em seis 
colunas paralelas para efeito de estudo comparativo. Na primeira coluna tinha-
se o texto hebreu; na segunda coluna, o texto hebreu com caracteres gregos; na 
terceira coluna, a versão de Áquila; na quarta coluna, a versão de Símaco; na 
quinta coluna, a dos Setenta; e na sexta coluna, a revisão feita por Teodócio. Em 
virtude destas seis colunas, tomou o nome de Hexapla. Na coluna destinada ao 
texto dos Setenta, marcava com um sinal palavras que não encontrava no texto 
hebreu. Emendava o texto grego, suprindo as palavras do texto hebraico que lhe 
faltavam, assinalandoas por um asterisco. Conservou a mesma grafia hebraica 
para os nomes próprios. Orígenes preparou uma edição de menor formato, 
contendo as últimas quatro colunas, que se ficou chamando Tétrapla (GAZZI, 
2013). 
Porém, em relação aos outros escritos que compõem o Antigo 
Testamento, existiram outros grupos de redatores ou escolas e discípulos de 
algum outro personagem importante, por exemplo, alguns dos profetas. Também 
deve ser considerada a tradição oral partindo da memória do povo que relatava 
as histórias de geração em geração. Assim, Pury conclui que: 
O Pentateuco, quanto à sua matéria, se divide em duas partes quase 
iguais, em textos legislativos e textos narrativos. Abrem-se, portanto, 
duas vias tradicionais à interpretação: para a tradição judaica, o 
Pentateuco é antes de tudo compreendido como a Lei de Israel. Para 
a tradição cristã, ao contrário, o Pentateuco é lido antes de tudo como 
a história de Israel (PURY, 1996, p. 72). 
MUNDO DO ANTIGO TESTAMENTO 
 
Mundo doAntigo Testamento apresenta-nos os povos que influenciaram 
a história de Israel durante o periodo do Antigo Testamento, além disso, traz ao 
 14 
 
 
conhecimento do estudante da Biblia acontecimentos da história de Israel e o 
significado destes a luz da revelação completa que Deus faz de si próprio na 
Biblia. 
O Antigo Testamento descreve um mundo que é, a um só tempo, 
semelhante e dessemelhante ao nosso. Por certo conservamos em comum com 
aquele mundo os elementos básicos da vida nascimento, crescimento, morte, a 
familia, a nação, o lavrador o soldado, o magistrado, o professor, o médico, mas 
a falta de qualquer dos inventos mecânicos e elétricos com os quais nos 
acostumamos coloca o mundo do Antigo Testamento a uma grande distância do 
nosso. 
A medida que estudamos os povos e os acontecimentos do Antigo 
Testamento, estamos mais bem preparados para julgar nossas próprias vidas e 
sociedades segundo os padrões da lei de Deus. Nosso estudo pode ajudar-nos, 
também, a ver a demonstração clara da obra poderosa de Deus na história, 
porque cada um dos povos que influenciaram a vida de Israel for um ator no 
grande palco da civilização. Ao considerar o drama desses povos, podemos ver 
os intermináveis conflitos de feudos de sangue entre pequenos clãs polígamos, 
observar o desmoronamento de sociedades que se entregaram ao hedonismo 
desenfreado, e regozijar-nos com o triunfo eterno dos que foram fiéis a Deus 
quando não o era a vasta maioria da humanidade. 
Além de todos os valores e lições que possam advir do conhecimento 
dessa história, os povos e os acontecimentos do Antigo Testamento apontaram 
para a vinda do Messias, Jesus Cristo, e para o seu cumprimento nele o tema 
subjacente do Antigo Testamento e também do Novo Coração-Queda 
Redenção-Restauração. E na vida das pessoas e das nações que enchem as 
suas páginas que vemos este drama encaminhando-se para o seu cumprimento. 
 Em O Mundo do Antigo Testamento, o estudante verá que esses povos 
realmente viveram as experiências registradas as quais não foram criações 
literárias de algum escritor imaginativo. Quanto mais conhecermos esse mundo, 
tanto melhor compreendermos os seus acontecimentos. Esperamos, também 
 15 
 
 
que nos imaginacão seja estimulada e nosses apetites despertados para estudar 
a Palavra de Deus e permitir que ela nos ilumine o coração. 
O MUNDO ANTIGO 
 
Biblia nos proporciona informação confiável sobre povos, lugares e 
acontecimentos que outros livros antigos não mencionam. Ela fala até de reinos 
que desapareceram da face da terra. Em realidade, ela penetra uma época que 
muitos eruditos chamam de "pré-história". Um simples exemplo sugerirá a 
grande extensão de tempo que a Biblia cobre. 
Digamos que um dia representa uma geração (cerca de 25 anos). Nessa 
base, a Segunda Guerra Mundial terminou anteontem, a Guerra Civil norte-
americana foi travada faz apenas quatro dias, e os Estados Unidos declararam 
sua independência na semana passada! Nessa mesma base, Jesus nasceu em 
Belém há questão de três meses, e Moisés conduziu os israelitas para fora do 
Egito apenas dois meses antes disso. Os mais antigos livros do Oriente Próximo 
foram escritos há, mais ou menos, sete meses. 
Tomando por base este calendário que só existe na imaginação, a história 
humana teria começado há uns dez meses, mais ou menos. E a Bíblia cobre 
todo esse período! Ela começa com Deus criando o mundo; conduz-nos através 
de muitos séculos de história nos o fim dos tempos. antiga e clássica, e aponta 
Este jogo de imaginação leva-nos a perceber nossa tendência de 
preocupar-nos excessivamente com os fatos correntes. A tecnologia moderna 
cegou-nos para as profundezas do passado. Mas as culturas antigas tiveram um 
senso altamente desenvolvido com respeito ao passado, elas respeitaram as 
muitas gerações que as precederam. Os sumérios, os egípcios e os babilônios 
frequentemente ponderavam sobre o significado da história, e procuravam saber 
para onde ela se dirigia. Gostavam de preservar os processos antigos. 
Estudavam as linguas que já não eram faladas e praticavam ritos que já haviam 
perdido o significado. Tinham em alta estima cada estatueta e tijolo que seus 
antepassados fabricaram. Estimularam seus escribas a preservar palavras 
antigas que abrangiam quase todos os aspectos da vida. 
 16 
 
 
Os escritores do Antigo Testamento viam a história como à fase na qual 
Deus estava revelando grandes propósitos em um drama mundial que agora se 
aproxima do clímax ("os últimos dias"). Assim, quiseram guardar um relato 
precise do passado. Mas este senso de história perdeu-se com a queda de Roma 
e com a vinda da Idade Media. A sociedade Ocidental perdeu contato com sua 
herança. Com efeito, a arte e a literatura medievais tiveram de ilustrar as 
Escrituras com pessoas que usavam vestimentas medievais e moravam em 
castelos, porque ninguém sabia como realmente se vivia nos tempos bíblicos. 
Os artefatos do Egito, da Mesopotamia e da costa da Palestina só foram 
descobertos e interpretados no decorrer dos últimos 150 anos. E mesmo agora, 
o mundo antigo é para nós um quebra-cabeças. 
Durante a maior parte do tempo que passamos acordados, consideramos 
tão só o que nos está acontecendo no presente. Estamos inteiramente 
absorvidos no "agora". E-nos excessivamente dificil colocar-nos no lugar dos que 
viveram no passado distante, totalmente fora de contato com nosso próprio estilo 
de vida. 
Temos a tendência de interpretar mal as passagens bíblicas por supormos 
que os acontecimentos e as ideias que aparecem na Biblia narram-nos tudo 
quanto há para se conhecer acerca dos tempos bíblicos. Não é bem assim. Para 
obtermos uma perspectiva adequada dos acontecimentos bíblicos, precisamos 
instruir-nos mais acerca dos anos em que a Biblia foi escrita. 
PERÍODO DA HISTÓRIA 
 
Não podemos trazer de volta o passado, mas temos pistas suficientes que 
nos proporcionam uma ampla visão da vida naqueles tempos. Quando 
combinamos esses discernimentos com a narrativa bíblica, começamos a obter 
um quadro verdadeiramente crivel daqueles eventos. 
Muitos eruditos modernos dizem que a sociedade antiga era primitiva. 
Mas os seres humanos antigos não eram menos criativos ou inteligentes do que 
nós. Suas invenções (a escrita e a aritmética, por exemplo) lançaram os alicerces 
de todas as civilizações, passadas e presentes. Na verdade, a maior parte dos 
 17 
 
 
característicos da civilização - comércio, dinheiro, lei, guerra e que tais - estavam 
em evidência nos tempos antigos. Desconhecemos o nome dos inventores e dos 
gênios politicos que nos deram tais coisas. Conhecemos, porém, o esquema 
geral da história antiga, e ele nos ajuda a entender o que aconteceu nessa 
época. 
A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA 
 
Antes do período neolítico ou "Nova Era da Pedra", que parece ter durado 
até ao quarto milênio antes de Cristo, a maioria dos povos da Europa e do 
Oriente Médio viviam em pequenos bandos migratórios. Eram, provavelmente, 
grupos de famílias que caçavam veado selvagem ou seguiam manadas semi-
selvagens que lhes serviam de alimento. Não estabeleciam pontos permanentes 
de colonização, mas com frequência retornavam aos mesmos locais e usavam 
os antigos acampamentos de caça por muitos anos, até mesmo por gerações. 
Alguns deles continuaram com esta prática muito tempo depois de 
estabelecerem comunidades permanentes. Os patriarcas, por certo, o fizeram 
(Gênesis 5-9). Os povos neoliticos domesticaram animais selvagens e 
desenvolveram a agricultura, com seus métodos de irrigação e armazenamento. 
Com efeito, a Biblia diz: "Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha" 
(Gênesis 9:20). Têm-se encontrado as mais antigasaldeias neoliticas nas 
montanhas do Norte do Iraque a área geral onde se diz ter pousado a Arca. 
Reliquias neoliticas também têm sido encontradas em Jericó e noutras 
localidades biblicas em Israel. 
 18 
 
 
Assim, durante a Era Neolítica, os caçadores que viviam perambulando 
acomodaram-se para começar o cultivo da terra. Isto significava que diversas 
gerações viveriam juntas em um lugar. Seus prédios, muros, poços e outras 
estruturas passavam de uma geração a outra. 
OS ESTADOS RELIGIOSOS ARCAICOS 
 
Os estados religiosos arcaicos tiveram início como comunidades 
agrícolas que possuíam seus próprios rituais religiosos. Aos poucos, o culto local 
e seus oficiais iam assumindo o controle da aldeia. A comunidade inteira se 
consagrava ao deus do ritual, e logo esse culto ou ritual praticamente se asse-
nhoreava da comunidade. Adoravam-se deuses e deusas agrícolas. Seus rituais 
seguiam o ciclo agricola anual. 
A medida que cresciam as pequeninas cidades-estados, cresciam 
também a riqueza e o poder de seus cultos. Cada templo ampliava seu controle, 
até que todos os cidadãos locais trabalhavam para o templo. Encontramos prova 
deste tipo de cidade-templo na Suméria (Sinear, na Biblia), no Egito e no Elão. 
• Jericó: Uma das mais antigas provas de vida no mundo antigo vem 
da cidade de Jericó. Aqui os arqueólogos desenterraram uma casa 
do primitivo Periodo Neolitico, anterior a 4.000 a.C. 
Os reis do antigo Oriente Próximo geralmente oficiavam como sacerdotes 
de seus cultos locais. A medida que o poder político do templo crescia, crescia 
também o poder do rei. Cidades da vizinhança que tinham cultos religiosos 
semelhantes começavam a reunir-se. Uniam suas crenças sob um governo 
comum. Esses agrupamentos de cidades construiram as grandes torres-templos 
da Mesopotâmia, as mais antigas pirâmides do Egito, e os maciços edificios 
religiosos em outros lugares. Os capítulos 10 a 11 do Gênesis refletem esta 
tendência. Os primitivos estados religiosos realizaram grandes coisas. Por 
exemplo, inventaram a escrita quando começaram a manter registros 
econômicos, e seus primeiros registros foram feitos, provavelmente, em cera ou 
barro. Não demorou muito, arquitetaram a aritmética para ajudá-los no cômputo 
de suas transações comerciais. Então começaram a registrar principios de ética, 
 19 
 
 
lendas, histórias, leis, canções, poemas e fatos históricos. Assim, na época de 
Abraão, muitas das civilizações situadas em torno do Mediterrâneo haviam posto 
seus idiomas em forma escrita. 
Quando um estado religioso arcaico declinava e outro o conquistava, a 
língua local e os hábitos de adoração misturavam-se. Por isso não podemos, 
hoje, dizer onde se originaram muitas das línguas e crenças antigas. Os povos 
do Oriente Próximo começaram a adorar muitos deuses do mesmo tipo (uma 
prática que denominamos politeismo). Narravam lendas sobre famílias de 
deuses mais velhos e deuses mais jovens. Acrescentaram deuses e mais 
deuses às suas religiões até que formaram uma aglomeração desnorteante de 
divindades. Ao trocarem as cidades da Palestina antiga suprimentos com outras 
regiões do Oriente Próximo, também trocavam costumes religiosos. Deixaram 
provas dessas religiões pagas mistas nas antigas cidades de Jericó, Hazor, 
Bete-Semes e outras. O Antigo Testamento descreve este confuso estado de 
coisas (Josué 24:2, 15). 
O ESTABELECIMENTO DE IMPÉRIOS (CERCA DE 2700 A.C) 
 
Quando os estados religiosos arcaicos se tornaram ricos e seguros, e 
proveram mais alimento e proteção para seus povos, o resultado foi a explosão 
populacional. Os mais bem organizados espalharam-se para além de suas 
fronteiras tradicionais e abrangeram mais algumas cidades-estados das 
redondezas. Tornaram-se os primeiros impérios do mundo. O primeiro desses 
foi, provavelmente, o Egito, seguido depois por Elão, Hati (mais tarde Hatusás), 
e as cidades semiticas da Mesopotâmia (cf. Gênesis 14:1; Deuteronômio 7:1). 
Os mesopotâmios instalaram o primeiro ditador do mundo, Sargão de Agade 
(talvez o "Ninrode" de Gênesis 10). Os arqueólogos encontraram prova de outros 
reinos poderosos no médio Eufrates e ao longo da costa da Síria e de Israel. Um 
desses - Ebla, ao norte da Síria - ainda está sob investigação, e é possível que 
os eruditos necessitem de uma geração para traduzir os registros que estão 
desenterrando. 
 20 
 
 
Durante esse tempo, fortes nações de navegadores apareceram nas ilhas 
do Leste do Mediterrâneo e do mar Egeu. Dois grupos que deveriamos lembrar 
são os minoanos e os acadianos, porque eles comerciaram com os povos da 
Palestina e com eles cambiaram ideias religiosas. Foi essa a época de Abraão 
e seus descendentes, que eram nômades semitas, pois nesse tempo os povos 
semitas do Oriente Próximo assumiram o comando das culturas não-semiticas 
mais antigas tais como os impérios dos sumerianos, dos humanos e dos hititas. 
O povo de Abraão era rico e sofisticado. Erigiram grandes templos, comerciaram 
com nações pagās, e criaram extensas leis e corpos de literatura. A arte e a 
arquitetura dos sumérios, dos minoanos, dos acadianos e dos egipcios 
floresceram como nunca dantes. Alguns dos grandes tesouros artisticos de todos 
os tempos chegaram até nós procedentes dessa época. 
A ERA DE AMARNA (1500 A.C) 
 
 Com o declínio dos grandes impérios, as nações do Oriente Médio 
alcançaram um novo equilíbrio de poder. Os estados menores do Leste do 
Mediterrâneo e do vale do Tigre-Eufrates escaparam das garras dos impérios 
estrangeiros. Por algum tempo eles puderam desenvolver-se e comerciar entre 
si mesmos e com seus vizinhos mais poderosos. 
A era recebe seu nome da capital do misterioso faraó Akhenaton. Seus 
oficiais escreveram muitas cartas aos políticos de importância secundária da 
Síria-Palestina e aos neo-hititas ao norte, cartas que ainda temos. Os palestinos 
e os hititas, que supostamente faziam parte do império egipcio, na realidade 
louvavam o Egito da boca para fora e cuidavam de seus próprios interesses. 
O Êxodo e a conquista de Canaã ocorreram nessa época, que foi também 
a época de Moisés e Josué e da compilação do Pentateuco, os cinco primeiros 
livros da Bíblia. A riqueza e o esplendor da Era de Amama têm fascinado os 
estudiosos de todo o mundo. Podemos ter uma ideia dessa grandeza 
considerando os tesouros do túmulo do rei Tutancamen. Tutancamen era 
apenas um rei menino, títere de seus conselheiros. Assim, a grande pilha de 
 21 
 
 
objetos preciosos sepultados com ele foi, sem dúvida, tão só uma amostra das 
riquezas dos grandes faraós dessa época. 
De todos os estados do Oriente Próximo pertencentes ao período, 
devemos prestar especial atenção a Ugarite, na costa do Líbano. Ugarite era o 
centro da lingua e religião cananéias, e as tábulas de argila que os arqueólogos 
têm encontrado ali jorram muita luz sobre o mundo dos cananeus antes da 
chegada dos israelitas. 
Durante o período de Amarna, os povos do Oriente Próximo comerciavam 
com a maior parte do mundo conhecido desde o norte da Europa até às fronteiras 
da China. A principal potência era Babilônia, que se tornou tão forte ao ponto de 
controlar o Oriente Próximo no período seguinte da história. A Era de Amarna 
terminou no período em que Israel estava sob o governo dos juizes. Segundo o 
Livro dos Juizes, o Oriente Próximo sofreu muita luta política no fim desse 
período, à medida que os novos impérios faziam suas manobras para controlar 
a área. 
OS ESTADOS MULTINACIONAIS (DESDE 1200 A.C) 
 
Em sua maioria, os reinos da Era de Amarna eram pequenos, por isso 
marcamos o fim dessa era no tempo em que surgiram reinos mais amplos. Cada 
reino de Amarna havia-se limitado ao povo de uma raça,língua ou religião, mas 
os novos reinos controlavam muitos grupos diferentes. Entre esses novos reinos 
estavam a Assiria, a Pérsia e as primitivas cidades gregas situadas na região 
costeira da Turquia. 
Essa nova era, para Israel, começou com o reinado de Saul e seguiu-se 
com o de Davi e o dos seus descendentes. Os livros históricos e proféticos do 
Antigo Testamento foram escritos nessa época. Os historiadores, amiúde, 
denominam essa época de Primeira Comunidade de Israel. O rei Davi foi 
contemporâneo de Homero, o lendário poeta cego de origem grega, que 
escreveu a Iliada e a Odisséia, provavelmente no décimo século antes de Cristo, 
 22 
 
 
O rei Salomão, filho de Davi, comerciou com os egípcios, ao sul e com os 
hititas, ao norte. Ele elevou Israel ao auge de seu esplendor e poder. No governo 
de seu filho Roboão, as duas tribos sulinas separaram-se das dez tribos do Norte 
de Israel. As tribos do Sul congregaram-se em torno de Roboão e foram 
chamadas nação de Judá, enquanto as do Norte seguiram a Jeroboão, rival de 
Roboão, e foram denominadas nação de Israel. A Assiria conquistou Israel no 
ano 722 a.C, e mais tarde, em 586 a.C, o rei Nabucodonosor II da Babilônia 
destruiu Jerusalém e levou para o cativeiro mais um grupo de judeus. 
No século seguinte, a Pérsia veio a ser a principal potência do interior da 
Asia. O Império Persa cresceu ao ponto de dominar o Egito, a Babilônia e toda 
a Siria-Palestina. 
A ERA DA SUPREMACIA GREGA (450-325 A.C) 
 
Por esse tempo, o povo da península grega havia edificado um sistema 
muito bem-sucedido de cidades estados e colônias comerciais. Despachavam 
mercadorias das praias do mar Negro para as costas da Europa e da África e 
construíam cidades e portos em todas as praias do Mediterrâneo. Contudo, 
nunca conseguiram unir se em torno de uma cidade ou de um líder. Quando o 
período dos estados multinacionais se aproximava do fim, os persas tentaram 
invadir a Grécia, mas foram repelidos por Atenas e seus aliados. Atenas tornou-
se uma grande potência no meio século que se seguiu. 
Durante essa nova época, os judeus voltaram à Palestina e reconstruíram 
sua nação a partir das ruínas. Israel ainda fazia parte do Império Persa, mas os 
novos reis persas concederam autonomia aos judeus. A este segundo período 
de autogoverno de Israel os historiadores denominam Segunda Comunidade. 
Enquanto os persas perdiam força em suas guerras com a Grécia, Israel 
expandiu-se e retomou alguns de seus antigos territórios. 
Então se levantou uma nova potência para unir os estados gregos. O novo 
conquistador era a Macedônia, sob a liderança do rei Filipe (seu túmulo foi 
recentemente descoberto na região Norte da Grécia). Filipe deixou o império 
para seu filho Alexandre. O jovem havia sido instruído na academia de Atenas 
pelo famoso filósofo Aristóteles. Ele amava a civilização e a cultura gregas, e se 
 23 
 
 
pôs a caminho para trazer o mundo todo sob a influência dos costumes gregos. 
Em linguagem técnica, Alexandre desejava "helenizar" o mundo. Para tanto, 
Alexandre sabia que devia quebrar o poder da Pérsia, de sorte que esta nunca 
mais ameaçasse a Grécia. Ele reuniu o melhor exército do mundo e marchou 
através da Asia central até à india. No decurso dos acontecimentos, ele destruiu 
os últimos estados arcaicos, paralelamente com suas línguas e seus ritos 
religiosos. 
Alexandre e seus homens empregavam uma forma popular da língua 
grega, e transmitiram este dialeto aos povos que conquistavam. E o que 
chamamos coiné, ou grego comum. Nesta língua foi escrito o Novo Testamento, 
e Paulo e os demais missionários primitivos empregavam-na ao pregar o 
evangelho. 
Alexandre Magno foi a figura preeminente do Período Intertestamentário 
(período situado entre a escritura do Antigo e do Novo Testamentos). Após a 
morte repentina de Alexandre em 323 a.C, seus generais dividiram entre si as 
terras conquistadas e estabeleceram reinos helenísticos, dando início a um 
período conhecido como Idade Helenística. Os reis desse período trataram os 
judeus com rudeza. Os judeus que se haviam espalhado pelo mundo (um grupo 
chamado Diáspora) tornaram-se uma mistura de raças è culturas sob os reinos 
helenísticos. Negligenciaram suas práticas religiosas tradicionais e adquiriram 
um estilo de vida secular, o qual devia marcar a última antiga potência, Roma. 
 
A ERA ROMANA (100 A.C. - 450 D.C) 
 
Jesus Cristo nasceu quando o poder político de Roma estava no auge. 
Começando como uma pequena mas poderosa cidade-estado nas colinas do 
Centro da Itália, Roma construiu-se nos éxitos do helenismo. Os romanos 
reuniram grandes frotas de navios para estender seu poder sobre todo o 
continente europeu desde a Espanha e Gra- Bretanha até à Arábia e Norte da 
África. As estradas, os edificios, os muros e os canais romanos ainda pontilham 
a paisagem de cada país europeu desde o Atlântico até ao mar Vermelho. Os 
cristãos usaram este surpreendente sistema de estradas e rotas marítimas para 
levar o evangelho a todos os cantos e recantos do mundo então conhecido. 
 24 
 
 
Com o tempo, o poder politico do Império Romano começou a decair, e 
as tribos do Norte da Europa o conquistaram. Por esse tempo, contudo, a igreja 
cristă havia crescido com tanta rapidez que sobreviveu å queda do Império 
Romano. O Édito de Constantino (A.D. 313) havia dado à igreja um lugar 
especial na vida de Roma um século antes de o império desmoronar-se. A igreja 
romana, ao tornar-se a maior força unificadora da Idade Média, governou 
efetivamente os reinos da Europa durante mil anos. 
 
DIVISÃO HISTÓRICA DO PERÍODO DA COMPOSIÇÃO 
DOS LIVROS 
 
Após a morte de Moisés, Josué é indicado por Deus para ocupar o lugar 
do grande líder responsável pela saída do povo israelita do Egito e a condução 
pelo deserto até as portas de Canaã. A ascensão de Josué ao mais alto posto 
de comando do povo judeu impulsionou um novo capítulo da história de Israel: o 
período das conquistas. 
O período de conquistas é o primeiro momento de Israel em Canaã. Esse 
momento, de alguma maneira, contribuiu para certa unificação da nação de 
Israel, muito embora essa unificação venha a estar corroída no período dos 
juízes. Mais adiante iremos aprofundar um pouco mais a análise sobre esta 
situação. 
O quadro a seguir nos ajuda a compreender resumidamente o panorama 
dos livros históricos: 
 25 
 
 
 
É possível observar no quadro anterior o espaço temporal e histórico que 
o conteúdo de cada livro abrange. A partir disso é possível ter uma noção geral 
da história de Israel, e a maneira como os eventos históricos internos e externos 
contribuíram para o desenvolvimento do plano de Deus na história de seu povo. 
O conjunto de livros narra eventos que ocorreram desde a chegada de Israel às 
margens do Jordão para conquistar a terra até o livramento que Deus concedeu 
ao povo judeu quando estava sob o domínio persa. 
Quando pensamos em uma historiografia hebraica, é necessário refletir 
sobre o período da história de Israel, em que teve início o registro dos eventos 
associados ao povo da promessa. Os registros históricos em sua forma escrita 
podem ter ocorrido muito depois de os fatos descritos terem acontecido. A 
tradição oral era comum entre os povos do Oriente. Por este motivo existe muito 
debate sobre as fontes históricas do registro bíblico e em que período estes 
registros de fato aconteceram e quem os escreveu. 
 26 
 
 
De acordo com Rendtorff (2006, p. 9), 
Uma historiografia propriamente dita existiu em Israel mais ou menos 
desde o tempo de Davi. Ocupa-se, principalmente, com 
acontecimentos políticos. Assim, acham-sedescritos, no 1º livro de 
Samuel, a origem do reinado e a ascensão de Davi, no 2º livro de 
Samuel trata-se da consolidação e expansão do reino de Davi e das 
tramas em torno do problema da sucessão no seu trono. Os livros dos 
Reis apresentam, a seguir, o governo de Salomão como o último 
período glorioso do Reino Unido, bem como a divisão em um reino do 
Norte e um reino do Sul e a queda paulatina até o fim da existência 
política independente do povo de Israel. 
Não é nosso objetivo realizar aqui um estudo da crítica textual, pois este 
estudo é bastante complexo e não se encaixa aqui. No entanto, é importante 
ressaltar que os registros históricos pertinentes à nação de Israel são 
fundamentais para compreendermos, dentre outras coisas, os fatos atuais 
ligados a este povo. A maneira como a nação judaica se estabeleceu na terra 
prometida e os desdobramentos de suas lutas para se manter onde está até hoje 
revelam a determinação desse povo em permanecer em sua terra, 
independentemente dos inimigos que tenha que enfrentar. 
Apesar de Davi ter sido um simples pastor de ovelhas em sua juventude, 
como rei de Israel ele foi um líder organizado e metódico. Portanto, o registro 
histórico desses fatos na época de Davi serve tanto a propósitos espirituais, pois 
nele vemos a determinação do rei Davi em defender seu povo, como também 
vemos de perto as imperfeições de grandes homens de Deus, como é o caso de 
Davi e Salomão, que foram seduzidos pelas mulheres, o primeiro cometeu um 
adultério e assassinato, e, no caso do segundo, as mulheres o desviaram dos 
caminhos do Deus de Israel e o levaram a adorar outros deuses estranhos. 
A história que foi registrada mostra claramente as virtudes dos homens 
chamados por Deus, bem como suas falhas e os graves erros que cometeram 
quando deixaram de seguir as leis do Senhor Deus de Israel. A Bíblia não é um 
livro que registra a vida de “super-homens”, pelo contrário, sua intenção é ser o 
mais fiel possível ao tratar do caráter, da personalidade e do temperamento dos 
homens que foram chamados por Deus para realizar seus grandes feitos. 
Neste tópico, como já dissemos no início, nosso estudo irá se concentrar 
em três momentos: a história do Antigo Testamento antes do reinado, o reinado 
 27 
 
 
e o pós-exílio. Essa forma de dividir a história do povo hebreu auxilia para uma 
melhor compreensão de seu desenvolvimento. 
Toda a história bíblica apresenta naturalmente três períodos, sendo o 
primeiro separado do segundo pelo desmembramento do reino de 
Israel depois da morte de Salomão, e o segundo separado do terceiro 
pelo cativeiro de Judá na Babilônia. O terceiro ainda compreende a 
restauração do Estado judaico até o tempo em que se encerram os 
oráculos do Antigo Testamento. O segundo e o terceiro período são 
largamente ilustrados pelos escritos proféticos. [...] O primeiro desses 
períodos ainda se pode subdividir em duas partes: a primeira vai desde 
a entrada dos israelitas na Terra da Promissão até o estabelecimento 
da monarquia; a segunda compreende a história da monarquia 
israelita, até a morte de Salomão. A primeira parte trata da história da 
conquista de Canaã, do enfraquecimento do espírito de obediência, 
depois da morte de Josué, dos castigos supervenientes e das diversas 
fases de restauração do povo; a segunda descreve a revivescência 
daquele espírito no tempo de Samuel e de Davi, e o brilhante reinado 
de Salomão com as suas sombras. Josué, Juízes, Rute, 1 Sm cap. 1 a 
10 tratam da primeira série de acontecimentos; 1 e 2 Samuel, 1 Rs. 
cap. 1 a 11, 1 Crônicas, 2 Crônicas, cap. 1 a 9, narram a parte restante 
(ANGUS, 2003, p. 420-421). 
Os livros históricos nos permitem ter uma visão abrangente sobre o 
comportamento de Israel frente à idolatria e outros pecados que Deus 
abominava. Em decorrência de suas escolhas, Deus deixou o povo judeu à sua 
própria sorte, pois as escolhas erradas deste povo resultaram em grande ruína 
para toda a nação. 
A história de Israel pode ser mais bem compreendida se estivermos 
atentos aos eventos principais e em que época ocorreram. Isso permite que o 
estudante tenha uma visão geral dos eventos e compreenda as ações de Deus 
em relação a Israel em cada um deles. Outra questão importante ao atentar para 
estes eventos é que eles nos ajudam a delimitar melhor os fatos e a 
aprofundarmos o nosso entendimento sobre eles. 
ANTES DA MONARQUIA OU REINADO 
 
O período que antecede a monarquia de Israel é denominado de teocracia 
(governo de Deus), muito embora no período que vai de Josué até o Livro de 
Juízes tenha havido líderes humanos, todavia Deus levantava líderes para 
momentos específicos na história de seu povo. 
 28 
 
 
O Livro de Josué dá início à série dos livros históricos do Antigo 
Testamento. O leitor da Bíblia sabe que Josué foi o substituto de Moisés na 
missão de introduzilos na terra de Canaã. De acordo com Sellin e Fohrer (2007, 
p. 271), “O Livro de Josué descreve principalmente a conquista e a divisão das 
terras a ocidente do Jordão por Israel, no período que vai desde Moisés até a 
morte de Josué”. A conquista de Canaã ficou sob a responsabilidade e liderança 
de Josué. 
Ao chegar a Canaã o povo de Israel encontrou vários povos em situações 
de permissividade total. A degradação moral havia chegado no limite, pois os 
atos mais macabros e desumanos eram praticados em rituais de adoração às 
divindades cananeias. Entre essas práticas era comum o sacrifício de crianças 
aos deuses, como é o caso dos sacrifícios ao deus Moloque. 
Essas abominações foram a causa da destruição destes povos e, como 
veremos adiante, também foi a causa que levou o povo de Israel para o cativeiro. 
A idolatria foi um câncer que enfraqueceu profundamente a espiritualidade e a 
moralidade do povo judeu. O cativeiro foi uma maneira de Deus curá-lo da 
idolatria, que carregava consigo práticas desumanas de sacrifício. 
Voltando à questão da conquista de Canaã, vamos perceber que Deus 
havia prometido esta terra aos descendentes de Abraão. Canaã era a região 
onde habitavam os descendentes de Canaã que está registrado em Gênesis 10, 
15-18. Dentre as nações que habitavam a região de Canaã estão as seguintes: 
os heteus, os girgaseus, os amorreus, os cananeus, os perezeus, os heveus e 
os jebuseus. Vale ressaltar que o termo cananeus era uma maneira comum que 
denominava todas essas nações. 
De acordo com Champlin (2002, p. 620), “As descobertas arqueológicas 
mostram que os cananeus eram bem desenvolvidos nas artes e nas ciências. 
Suas construções eram superiores às que Israel edificava na terra de Canaã, 
após têla conquistado”. Diante da iminente conquista por parte de Israel, os 
cananeus não demonstraram medo, pois suas cidades eram fortificadas com 
muralhas e consideradas intransponíveis, como é o caso de Jericó. Os cananeus 
se destacavam em outras áreas do conhecimento humano, pois possuíam 
 29 
 
 
grande perícia na fabricação de objetos de cerâmica, instrumentos musicais e 
no artesanato. Todavia, a maior contribuição dos cananeus para no âmbito da 
cultura “foi o de terem sido os verdadeiros inventores do alfabeto como um meio 
útil para escrever” (THOMPSON, 2007, p. 108). 
Canaã era um conjunto de nações que possuía aspectos políticos e 
geográficos distintos. Segundo Gusso (2003, p. 29), 
Ainda que unidos por uma cultura comum, o povo de Canaã, pela 
ocasião da invasão israelita, não estava organizado em um forte 
sistema político, pelo contrário, eles se organizavam em cidades-
estado independentes, ou semi-independentes, em sua maioria 
vassalos do Egito. Se uniam apenas quando enfrentavam algum perigo 
externo para fazerem frente ao inimigo comum, como foi, em parte, o 
caso de Israel. Esta fraca unidade de Canaã, que nunca conseguiuse 
tornar um império coeso, pode ser explicada pelos fatores geográficos 
e pelas pressões das grandes nações vizinhas que se utilizavam de 
seu território como se fosse um estado tampão. 
Neste fragmento é possível perceber como a situação política e social dos 
cananeus era frágil, pois essa situação deixava o povo à mercê de seus inimigos. 
A classe pobre e trabalhadora era a que pagava mais impostos para uma elite 
que controlava as massas e estava sob ordens das nações mais poderosas. A 
unidade cultural era incapaz de fazer frente a um inimigo como Israel, que havia 
passado 40 anos no deserto e possuía um grau de unidade um pouco maior que 
os cananeus. 
Quando Israel chegou às portas de Canaã, a situação estava ainda mais 
caótica, pois “por ocasião da invasão israelita o Egito havia perdido a sua 
influência sobre as cidades-estado e Canaã, ficando estas sem nenhum tipo de 
poder central” (GUSSO, 2003, p. 30). Esse poder central exercido pelo Egito era 
capaz de controlar abusos entre os reis dos próprios cananeus, pois mantinha 
certo controle sobre os reis cananeus e não permitia que estes reis guerreassem 
entre si. Em decorrência da ausência do poder central, no caso o Egito, alguns 
reis cananeus buscaram ampliar seus domínios. Tais ações causaram um 
enfraquecimento ainda maior no que diz respeito às condições para encarar uma 
guerra contra os israelitas. 
Vale destacar que o exército de Israel era inferior ao exército dos 
cananeus em número, todavia o êxito de Josué e seu exército consistiu no fato 
 30 
 
 
de que, “ainda que liderando um exército inferior àqueles que os aguardavam 
em Canaã, deve ter conseguido muitas vitórias aproveitando-se do elemento 
surpresa, pois suas armas eram insuficientes diante de inimigos tão poderosos” 
(GUSSO, 2003, p. 33). Diante disso, podemos afirmar que o mérito da conquista 
não é exclusivo de Josué ou de seus liderados, mas vemos neste processo a 
fidelidade de Deus em cumprir suas promessas a Abraão, independentemente 
das circunstâncias adversas que seus descendentes encontraram pelo caminho. 
Depois de um longo tempo e as inúmeras mortes de israelitas no deserto, 
houve uma recompensa para a geração que adentrava na terra prometida. Sobre 
este momento, Gusso (2003, p. 34) afirma: “A entrada em Canaã não poderia ter 
sido mais gloriosa. Ela aconteceu nas proximidades da cidade de Jericó, 
acompanhada por um evento extraordinário, que Israel só poderia mesmo 
considerar um milagre efetuado por Deus que lhes estava dando a terra: as 
águas do rio Jordão pararam para que eles pudessem passar”. Este momento 
vivenciado por Israel ficou marcado quando eles retiraram 12 pedras do rio 
Jordão e estabeleceram essas pedras como um memorial daquilo que Deus 
havia operado no meio de seu povo. 
Neste ponto de nosso estudo é importante destacar que há quem defenda 
que a conquista da terra não foi algo repentino, embora tenha havido casos de 
tomada imediata, com a extinção completa dos habitantes daquela região. Em 
outros casos, algumas tribos de Israel foram se inserindo gradativamente no 
território e de maneira pacífica. De acordo com Schmidt (1994, p. 23), 
Este processo imigratório, propositalmente designado com a 
expressão neutra “tomada da terra” (A. Alt.), dificilmente se 
caracterizou (ao contrário de Js 1-12) por atividades guerreiras onde 
todo o Israel, unido sob uma liderança comum, tivesse conquistado, 
passo a passo, todo o país. Tratou-se, antes, de um processo 
essencialmente pacífico, gradativo e, ao que parece, demorado, de 
paulatina sedentarização. Este processo se deu de maneira diferente 
em cada região, como mostram alguns registros, conservados mais ou 
menos por acaso. A tribo de Dã tentou assentar-se na Palestina 
Central, mas foi escorraçada para o extremo Norte (Jz 1.34; 13. 2,25; 
17s.; Js 19.40ss). Provavelmente também a tribo de Rúben (cf. Js 15.6; 
18.17; Jz 5.15s.), decerto também as tribos de Simeão e Levi (Gn 34; 
49.5ss.) se assentaram originalmente no âmbito da Palestina Central. 
O objetivo de Israel era exterminar os cananeus e estabelecer um reino 
totalmente novo, sem inimigos próximos que pudessem trazer algum tipo de 
 31 
 
 
perturbações. Isso naturalmente foi um processo difícil e complicado, segundo o 
que lemos acima. O certo é que o propósito era a extinção total, embora Israel 
não tenha feito isso devido aos interesses particulares de cada tribo que 
acabaram interferindo diretamente neste processo. Se não houve a extinção total 
de todos os habitantes de Canaã, é certo que alguns povos em particular foram 
extintos por completo. 
O Livro de Juízes narra o período em que Israel foi governado por 
indivíduos chamados por Deus para momentos específicos. É o período em que 
Israel terá que lidar com inimigos que fariam de tudo para escravizá-los e até 
mesmo destruí-los por completo. Em várias ocasiões seus inimigos estavam às 
portas e em condições de devastar a nação israelita, mas Deus, por sua graça e 
misericórdia, providenciava um escape por meio de um líder que Ele escolhia 
para estas situações. Em momentos como estes, em que Deus agia em meio ao 
seu povo por meio de um líder, era comum o povo se voltar para Deus. Era 
comum haver um reavivamento espiritual no meio do povo em decorrência dos 
livramentos operados por Deus. O que fica claro também é o fato de que em 
breve o povo se esquecia da misericórdia de Deus e lhe virava as costas. Como 
consequência, Deus permitia que os inimigos de seu povo voltassem a lhes 
afligir. 
De acordo com Archer Jr. (2005, p. 197), “O tema básico do Livro é a falha 
de Israel como teocracia, no sentido de não ter conseguido lealdade à aliança 
mesmo sob a liderança de homens escolhidos por Deus, os quais libertavam a 
nação da opressão do mundo pagão ao derredor”. O Livro de Juízes mostra de 
maneira clara a instabilidade espiritual dos israelitas. Quando experimentavam 
tempos de prosperidade e paz, era comum que se desviassem e esquecessem 
os grandes feitos de Deus. Essa instabilidade moral e espiritual tornava a nação 
vulnerável aos inimigos. Essa vulnerabilidade causou ao povo muitas perdas. 
Esse quadro descrito no Livro de Juízes aponta para a necessidade de 
uma monarquia centralizada, pois é possível perceber a falta de unidade entre 
os israelitas e os conflitos intensos entre as tribos, que aconteceram em alguns 
momentos. Tais conflitos, em um caso específico, quase dizimaram por completo 
a tribo de Benjamim. 
 32 
 
 
O remanescente cananeu que sobreviveu às conquistas de Israel se 
tornou uma pedra no sapato (ou na sandália) do povo judeu. Dentre os povos 
que mais causaram danos aos israelitas no período dos juízes, podemos 
destacar os amonitas, moabitas e filisteus. Esses povos frequentemente 
atacavam Israel e causavam grandes perdas ao povo. Os reis de Israel mais à 
frente tiveram que enfrentar frontalmente esses povos para garantir a segurança 
e estabilidade à nação de Israel. 
Os amonitas eram descendentes de Ló e se tornaram hostis ao povo 
israelita. Caracterizados por sua crueldade em relação aos seus inimigos, se 
uniram a outros povos para destruir os judeus. Infelizmente, o povo israelita, com 
o passar do tempo, se curvou diante dos deuses amonitas e os adorava. Os 
moabitas, assim como os amonitas, eram descendentes de Ló, portanto primos 
de Israel. Apesar deste parentesco, eram inimigos ferrenhos dos judeus e por 
diversas vezes guerrearam contra os israelitas e causaram grandes danos. Nos 
tempos do Rei Davi os moabitas foram combatidos e subjugados e pagavam 
tributos a Israel. 
Os filisteus foram os inimigos mais ferrenhos de Israel. Segundo Champlin 
(2004, p. 764), “Foi o conflito contínuo com os filisteus que, historicamente, 
forçou a formaçãoda monarquia de Israel, o que ocorreu por motivos de 
proteção”. No Livro de Juízes, do capítulo 13 ao 16 lemos sobre a vida de Sansão 
e suas batalhas contra os filisteus que frequentemente invadiam as terras de 
Israel. Na época do profeta Samuel, os filisteus trouxeram grandes prejuízos a 
Israel. Davi entra em cena na história hebraica quando teve que lutar contra o 
gigante filisteu. Durante a vida de Davi aconteceram várias batalhas contra os 
filisteus. Após a divisão do reino de Israel houve batalhas contra os filisteus. Suas 
cidades principais eram Asdode, Ascalom, Ecrom, Gaza e a mais importante 
delas, a cidade de Gate. Suas vitórias militares eram celebradas nos templos de 
seus deuses, sendo que o mais importante deles era Dagom. 
O período dos Juízes termina com a narrativa de duas histórias trágicas. 
A primeira foi a atrocidade cometida em Gibeá contra a mulher de um levita que 
culminou com uma guerra contra a tribo de Benjamim, que quase foi extinta. A 
segunda história trágica está registrada no livro de I Samuel, quando os filhos de 
 33 
 
 
Eli corromperam o povo e os filisteus levaram a Arca da Aliança. O período dos 
juízes é marcado por momentos de triunfo e alegria em decorrência do agir de 
Deus para proteger e preservar seu povo, mas infelizmente é um período 
marcado por idolatria, superstição e violência. É o retrato de uma sociedade na 
qual “cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Juízes 21, 25) (STAMPS, 
1997, p. 419). 
O Livro de Rute contribui para sabermos as condições em que Israel se 
encontrava pouco antes da monarquia. Este livro contém um relato importante 
de como os povos à volta de Israel participaram de alguma maneira no plano da 
salvação. O livro como um todo descreve o papel do remidor em relação a Rute. 
Mas é no final do livro que encontramos uma informação muito valiosa sobre a 
genealogia de Davi, pois Rute e Boaz foram os pais de Obede, que foi avô do 
rei Davi. 
Qual o propósito do Livro de Rute constar no cânon do Antigo 
Testamento? Será que não houve acontecimentos mais importantes do que a 
história de uma simples camponesa e um homem de bens? De acordo com 
Angus (2003, p. 427), “Um dos fins principais do livro é descrever a geração de 
Davi, apresentando claramente o fato de estar uma estrangeira, pertencente a 
uma raça odiada, na linha dos seus antepassados”. Isso deixa clara a 
importância do rei Davi para a história de Israel, pois a inclusão do Livro de Rute 
no cânon se deve diretamente ao papel de Davi na consolidação de Israel como 
nação. O segundo aspecto, e não menos importante, é registrar a presença de 
gentios na linhagem do salvador Jesus Cristo. 
O PERÍODO DO REINADO OU MONARQUIA 
 
O período do Reinado ou Monárquico tem início com a escolha de Saul 
para ser o rei de Israel. Este é um período muito turbulento, pois Israel estava 
cercado por muitos inimigos e era necessário que fosse liderado por alguém 
capaz de construir certa unidade entre as 12 tribos. Nesse sentido, o grande 
desafio do primeiro rei de Israel era unificar a nação e fortalecê-la militarmente 
para enfrentar seus inimigos. 
 34 
 
 
O REINO UNIDO 
 
O período do reino unido perpassa pelos reinados de Saul, Davi e 
Salomão. Esse período durou aproximadamente 120 anos e Israel experimentou 
o seu apogeu. 
O Rei Saul foi o primeiro rei a ocupar o trono em Israel. Dentre os desafios 
enfrentados por ele, o maior foi o de construir uma nação unificada. Saul foi 
ungido rei pelo profeta Samuel numa cerimônia dirigida pelo profeta em Gilgal. 
O povo de Israel se deparava com os ataques constantes por parte dos filisteus, 
nesse sentido, seu primeiro desafio era repelir os filisteus das terras de Israel e 
unificar a nação para se fortalecerem contra os inimigos. 
Inicialmente o reinado de Saul é caracterizado por alguns avanços, 
todavia em alguns momentos demonstrou imprudência ao assumir papéis que 
não eram seus. Um exemplo disso foi quando Samuel demorou a chegar no 
acampamento e Saul se precipitou em oferecer sacrifícios a Deus, quando na 
verdade este era um ofício exclusivo dos sacerdotes, neste caso Samuel. 
Diante de deslizes constantes de Saul, Deus ordena ao profeta Samuel 
que este ungisse outro rei para reinar em Israel. Deus escolheu Davi como 
sucessor de Saul. Diante disso, o rei Saul iniciou uma perseguição a Davi que 
terminou apenas quando Saul morreu pela mão dos filisteus no campo de 
batalha, juntamente com seus filhos. 
Davi foi o segundo rei a ocupar o trono de Israel como reino unido. Depois 
de sua espetacular vitória contra o gigante filisteu, Davi se tornou muito popular 
em Israel, portanto a chegada ao trono seria apenas uma questão de tempo. 
Com a morte de Saul, Davi foi aclamado rei em Hebrom. Somente seis anos e 
meio reinando em Judá é que Davi foi aclamado rei de todas as tribos de Israel. 
O reinado de Davi foi marcado por altos e baixos. Ao mesmo tempo em 
que o rei era zeloso e temente a Deus, ele também cometia alguns deslizes, 
como foi o caso de seu adultério com Bate Seba, a mulher de Urias. Tal pecado 
trouxe à casa de Davi uma grande ruína, pois teve uma filha estuprada pelo 
 35 
 
 
próprio irmão, e posteriormente o próprio filho Absalão lhe usurpou o trono e 
deitou-se com as mulheres de Davi. 
A despeito de seus pecados, Davi era um rei quebrantado, e quando era 
repreendido por Deus não hesitava em confessar seu pecado e se arrepender. 
Governou o seu povo com muito zelo, confiança em Deus e determinação em 
defender seus territórios. Suas vitórias nos campos de batalhas demonstram sua 
ousadia e confiança em Deus, pois em situações muito adversas o rei Davi 
conduziu seu povo a conquistar vitórias extraordinárias. Diante de sua dedicação 
e temor a Deus, o Senhor lhe prometeu que seus sucessores ocupariam o trono 
de Israel. Mesmo quando Israel foi dividido, os sucessores de Davi ocuparam o 
trono de Judá até o cativeiro babilônico. 
O terceiro e último rei da monarquia unida de Israel foi Salomão, filho de 
Davi. Em seu tempo, o reino de Israel experimentou um período de grande 
prosperidade e paz. Salomão governava seu povo com sabedoria divina e 
pautava suas decisões na justiça. Liderou a construção do primeiro templo de 
Jerusalém e seu palácio encantava os visitantes pela beleza e a organização de 
seus servidores. 
Infelizmente, Salomão, devido ao grande número de mulheres com que 
se casou em decorrência das alianças que fez, teve seu coração corrompido e 
se inclinou a adorar deuses de outras nações. Tal atitude levou o povo de Israel 
à idolatria, pecado que culminou com a destruição do templo de Jerusalém e o 
consequente cativeiro. 
A vida de Salomão revela uma lição muito triste e ao mesmo tempo 
valiosa. Não importa o grau de sucesso de uma pessoa ou o esplendor de suas 
realizações, pois quando seu coração se inclina para o pecado, sua vida se torna 
vazia e sem sentido. Essa lição está muito clara no Livro de Eclesiastes, quando 
ele escreve que “Tudo é vaidade e aflição de espírito” (Eclesiastes 1, 14). 
 
 36 
 
 
O REINO DIVIDIDO 
 
Este foi um período turbulento na história de Israel. O povo vivia um clima 
de instabilidade constante, situação muito diferente daquela experimentada nos 
tempos de Salomão, que conduziu o reino de maneira justa, sábia e pacífica. 
Com a morte de Salomão, o reino de Israel foi dividido entre o Reino do 
Sul ou Judá e o Reino do Norte ou Israel. O Reino do Sul, cuja capital era 
Jerusalém e foi governado inicialmente por Roboão, filho de Salomão, era 
composto por duas tribos: Judá e Benjamim. O Reino do Norte, cuja capital era 
Samaria e teve como seu primeiro governante o Rei Jeroboão, era compostopor 
dez tribos: Rúben, Simeão, Zebulon, Naftali, Efraim, Issacar, Dã, Manassés, 
Gade e Aser. 
A relação entre os Reinos do Sul e do Norte foi bastante tumultuada, com 
raros momentos em que se aliaram contra algum inimigo comum, ou 
estabeleceram acordos de paz. A primeira disputa por influência política e 
espiritual aconteceu logo após a divisão do reino, quando Jeroboão percebeu 
que o povo ia até Jerusalém para adorar no Templo de Salomão. Para estancar 
a possibilidade de o povo se voltar contra ele, mandou construir dois bezerros 
de ouro para que o povo viesse adorar em Samaria. Jeroboão foi o responsável 
por introduzir o culto idólatra no reino recém-formado. Desde então o Reino do 
Norte se tornou idólatra e por este motivo foram como cativos para outras 
nações. Aqui é importante ressaltar que a idolatria naquele tempo envolvia uma 
série de coisas imorais e sacrifícios, que eram totalmente contrários aos 
mandamentos do Senhor Deus de Israel. 
 37 
 
 
 
Neste quadro nós podemos perceber algumas informações importantes, 
dentre elas destacamos a quantidade de anos que durou cada reino. Observe 
que o Reino do Sul durou 136 anos a mais que o Reino do Norte. Outra questão 
é que no Reino do Norte houve nove dinastias, enquanto que no Reino do Sul 
houve apenas a dinastia de Davi. A troca constante de dinastias no Reino do 
Norte fazia com que houvesse conflitos internos frequentes, isso naturalmente 
enfraqueceu o reino, que consequentemente teve uma duração menor que o 
Reino do Sul. 
O declínio espiritual de Salomão levou Deus a escolher outro rei para 
assumir o trono de Israel. Todavia, Deus havia feito a promessa a Davi de que 
 38 
 
 
sua semente ocuparia o trono perpetuamente, portanto sua linhagem ocupou o 
trono de Judá até o cativeiro babilônico. 
Quais as razões para a divisão do reino? De acordo com Champlin (2002, 
p. 626-627), podemos enumerar pelo menos cinco: 
• O declínio de Salomão. 
• Fatores econômicos. 
• Causas políticas. 
• A luta de Jeroboão pelo poder. 
• Debilitamento da espiritualidade. 
Esses fatores associados culminaram com a inevitável divisão do reino. 
O declínio de Salomão abriu espaço para que outras lideranças surgissem entre 
o povo e ameaçassem o trono. Quando Roboão assumiu o trono, o povo de 
Israel se encontrava sob um pesado jugo imposto por Salomão para construir o 
templo e o palácio. Roboão ignorou o apelo do povo para que baixasse os 
impostos, este ato foi uma afronta ao povo, que escolheu Jeroboão como o novo 
rei, pois este já estava lutando há algum tempo para ocupar este posto. As 
causas políticas revelam o fato de que a tribo de Judá era naquele tempo a mais 
próspera do Reino e mantinha um comércio vigoroso com grandes nações, como 
era o caso do Egito. Diante da prosperidade de Judá, as demais tribos ficaram 
enciumadas, portanto, mais um fator que contribuiu para que o restante das 
tribos virasse as costas para o rei Roboão, que governava a partir de Jerusalém 
que ficava na tribo de Judá. O esfriamento da espiritualidade do povo de Israel 
permitiu que vivenciassem um grande declínio em todas as demais áreas da vida 
da nação. 
O EXÍLIO E PÓS-EXÍLIO 
 
O exílio dos habitantes do Reino do Norte ocorreu de maneira muito 
trágica e precoce. O exílio dos habitantes do Reino do Sul aconteceu sob o 
comando do rei da Babilônia e em três momentos. No primeiro momento, cerca 
de 605 a.C., foram levadas para o cativeiro a família real e a nobreza. No 
 39 
 
 
segundo momento, que ocorreu em cerca de 597 a.C., foram levados para o 
cativeiro babilônico a classe média de Judá e os sacerdotes, dentre eles estava 
o profeta Ezequiel. No terceiro momento, que ocorreu em 586 a.C., foi levado 
para o cativeiro parte do povo que havia sobrado, e nesta ocasião o Templo do 
Senhor que Salomão havia construído foi totalmente saqueado e destruído. 
Os cativos de Judá foram autorizados a retornar para a sua terra em 535 
a.C., por meio de um decreto do Rei Ciro. Após 70 anos de cativeiro, grande 
parte dos que haviam sido levados para lá haviam morrido e uma nova geração 
estava retornando. 
Dentre os problemas enfrentados pelos líderes espirituais de Judá em 
relação ao povo que havia retornado, um deles era a mistura que havia ocorrido 
com mulheres de outras nações. Isso influenciou diretamente nos costumes do 
povo, na obediência à lei do Senhor. Neemias teve que enfrentar este problema 
de forma enérgica, pois havia um grande descaso dessas pessoas pelas coisas 
do Senhor. Isso foi visto como um risco de o povo voltar a pecar e, 
consequentemente, sofrer reprimendas e castigos por parte do Senhor em 
decorrência de comportamentos estranhos à lei que Deus havia estabelecido 
para o seu povo. 
Dois outros grandes desafios que o povo teve que enfrentar no retorno 
para sua terra: a reconstrução dos muros de Jerusalém e do templo do Senhor 
que estava em ruínas. 
OS LIVROS POÉTICOS 
 
A cultura judaica é muito rica. Em meio a essa riqueza a poesia tem um 
espaço proeminente, pois por meio dessas poesias é possível extrair 
importantíssimas lições para a vida, bem como compreender alguns aspectos 
importantes do relacionamento do povo judeu com Deus. 
A poesia é uma maneira que o ser humano encontrou para expressar seus 
sentimentos mais profundos sobre vários aspectos da vida. No contexto da 
cultura judaica a poesia era tratada de maneira peculiar, pois ela passou a fazer 
 40 
 
 
parte da vida da comunidade, servia para orientar a relação do indivíduo com 
Deus, com o próximo, com a vida e nos relacionamentos familiares. 
A POESIA HEBRAICA 
 
A poesia hebraica é altamente estruturada e visa expressar sentimentos, 
verdade, emoções ou experiências em imagens. Não é por acaso que é uma 
poesia muito rica. Enquanto que a poesia grega, da qual procede a poesia 
portuguesa, é muito baseada no som, a poesia hebraica, por sua vez, é baseada 
na construção estruturada das frases. 
É possível observar, a partir deste fragmento, que a poesia hebraica tinha 
um aspecto prático, pois tratava de elementos e situações da vida diária. Para o 
poeta, a vida diária das pessoas sofre influência do mundo sobrenatural, nesse 
sentido, a poesia vai além de meras palavras ou frases cuidadosamente 
construídas, mas possuíam um peso espiritual quando eram proferidas. Isso 
significa dizer que a poesia era levada muito a sério pelas pessoas. 
De acordo com Angus (2003, p. 539), “A excelência particular da poesia 
hebraica era ter servido à mais nobre das causas, a da religião, apresentando 
as mais elevadas e preciosas verdades, expressas na linguagem mais 
apropriada”. Este é um ponto importante a ser considerado, pois a poesia 
hebraica não era uma mera expressão cultural, mas, acima de qualquer coisa, 
servia a propósitos religiosos. Dentre suas finalidades podemos destacar que 
exaltava a soberania e a misericórdia de Deus em sua relação com o seu povo. 
 41 
 
 
Em relação às principais características da poesia hebraica, é importante 
destacar que “são o caráter elegante e elevado do estilo, o uso de certas 
palavras e formas de palavras, a maneira conceitual da expressão, e 
especialmente o que se chama de paralelismo, isto é, certa correspondência, no 
pensamento ou na linguagem, entre os membros de cada período” (ANGUS, 
2003, p. 539-540). Essa elegância é facilmente percebida quando lemos os livros 
dos Salmos e Provérbios. 
OS ARTIFÍCIOS POÉTICOS DO ANTIGO TESTAMENTO 
 
Os artifícios poéticos consistem em métodos para se transmitir uma ideia, 
verdade, valor etc., por meio do uso adequado e sutil da linguagem. No Antigo 
Testamento, principalmente

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