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Tratamento Térmico de Aços Prof. Jomar Berton Junior E-mail: jomar.junior@ifpr.edu.br Introdução Diversos fenômenos que ocorrem nos metais e nas ligas em temperaturas elevadas — por exemplo, a recuperação, a recristalização e a decomposição da austenita. Esses fenômenos são eficazes na alteração das características mecânicas quando são empregados tratamentos térmicos ou processos térmicos apropriados. De fato, o uso de tratamentos térmicos em ligas comerciais é uma prática extremamente comum. Introdução Recuperação: A recuperação é um processo de tratamento térmico em materiais cristalinos, como metais, que ocorre em temperaturas moderadas. Durante a recuperação, as tensões internas e os defeitos introduzidos durante a deformação plástica são parcialmente aliviados. Esse processo envolve a movimentação e o rearranjo das discordâncias presentes na estrutura cristalina, resultando em uma redução da densidade de discordâncias e do conteúdo de energia armazenada nos defeitos. Como resultado, ocorre um relaxamento das tensões residuais e uma diminuição da dureza do material, embora a estrutura cristalina geralmente permaneça essencialmente a mesma. Introdução Recristalização: A recristalização é um fenômeno que ocorre em materiais cristalinos, incluindo metais, quando são submetidos a altas temperaturas. É um processo no qual a estrutura cristalina do material é reordenada, resultando na formação de novos grãos cristalinos com menor quantidade de defeitos, como discordâncias e impurezas. Recristalização Recristalização Introdução Decomposição de Austenita: A austenita é uma fase cristalina de alta temperatura e estrutura cúbica de faces centradas (CFC) presente em ligas de aço quando aquecidas a temperaturas elevadas. Durante o resfriamento, a austenita pode sofrer transformações estruturais que levam à formação de outras fases, como ferrita, perlita, bainita e martensita. A transformação da austenita em outras fases ocorre devido à mudança nas condições termodinâmicas, como a diminuição da temperatura e/ou a presença de elementos de liga. Essas transformações têm um impacto significativo nas propriedades mecânicas e microestruturais do aço tratado termicamente. Decomposição da Austenita Decomposição da Austenita Diagramas TTT (transformação Tempo Temperatura) Diagramas TTT (Transformação Tempo Temperatura) Diagramas TTT Transformação Tempo Temperatura Diagramas TTT (Transformação Tempo Temperatura) Tratamentos Térmicos dos Aços Fases do tratamento térmico: • Aquecimento; • Manutenção na temperatura desejada; • Resfriamento. Tratamentos Térmicos dos Aços Tratamentos Térmicos dos Aços Tratamentos Térmicos dos Aços Recozimento Objetivos: • Aliviar tensões internas devido à trabalhos mecânicos; • Diminuir a dureza para melhorar a usinabilidade; • Alterar as propriedades mecânicas como Resistência e ductibilidade; • Homogeneizar microestruturas brutas de fundição; • Melhorar as propriedade elétricas e magnéticas; • Anular tratamentos térmicos anteriores. Alívio de Tensões Tensões residuais internas podem se desenvolver em peças metálicas em razão de: 1) Processos de deformação plástica, tais como usinagem e lixamento; 2) Resfriamento não uniforme de uma peça que foi processada ou fabricada, a uma temperatura elevada, tal como na soldagem ou na fundição; 3) Uma transformação de fases induzida por um resfriamento onde a fase original e o produto apresentam massas específicas diferentes. Alívio de Tensões Objetivo: Remoção de tensões internas originadas de processos mecânicos e metalúrgicos (trabalho à frio, soldagem, etc) Temperatura Não deve ocorrer nenhuma transformação de fase (feito abaixo da zona crítica) Resfriamento Deve-se evitar velocidades muito altas devido ao risco de distorções Alívio de Tensões Alívio de Tensões Recozimento Qualquer processo de recozimento consiste em três estágios: 1) Aquecimento até a temperatura desejada; 2) Manutenção ou “encharque” naquela temperatura; 3) Resfriamento, geralmente até a temperatura ambiente. O tempo é um parâmetro importante nesses procedimentos. O tempo é um parâmetro importante nesses procedimentos. Recozimento Subcrítico Objetivo: Aplicado para anular os efeitos do trabalho a frio — isto é, para reduzir a dureza e aumentar a ductilidade de um metal que foi previamente encruado. O recozimento subcrítico é utilizado comumente durante procedimentos de fabricação que requerem extensa deformação plástica, para permitir a continuidade da deformação sem fratura ou um consumo excessivo de energia. Temperatura: Não deve ocorrer mudança de fase Permite também que ocorram os processos de recuperação e recristalização. Resfriamento: Lento Recozimento Subcrítico Normalmente, deseja-se uma microestrutura com grãos finos; portanto, o tratamento térmico é encerrado antes que ocorra um crescimento apreciável dos grãos. Recozimento de Ligas Ferrosas A1 - temperatura crítica inferior A3 e Acm temperatura crítica superior para os aços hipoeutetoides e hipereutetoides respectivamente Normalização Objetivo: refinar os grãos (isto é, para diminuir o tamanho médio dos grãos) e produzir uma distribuição de tamanhos mais uniforme e desejável; os aços perlíticos com grãos finos são mais tenazes que os com grãos mais grossos. Temperatura: A normalização é obtida pelo aquecimento até pelo menos 55°C acima da temperatura crítica superior. Após tempo suficiente para a liga transformar-se completamente em austenita — um procedimento denominado austenitização Resfriamento: Lento: resfriamento ao ar. Normalização Normalização Normalização Recozimento Pleno Objetivo: É empregado em aços com baixo e médio teor de carbono que serão usinados ou que sofrerão extensa deformação plástica durante uma operação de conformação. Baixar a dureza através da austenização Temperatura: Aproximadamente 50°C acima da curva de temperatura crítica, para garantir transformação de fase. Resfriamento: Lento, ao forno, O produto microestrutural desse recozimento é perlita grossa a qual é relativamente macia e dúctil. O procedimento de resfriamento em um recozimento pleno demanda tempo. Como resultado temos uma microestrutura com grãos pequenos e uma estrutura uniforme de grãos. Recozimento Pleno Recozimento Pleno Recozimento Pleno Alívio de Tensões Esferoidização Os aços com médio e alto teor de carbono e com uma microestrutura composta por perlita grossa ainda podem ser muito duros para serem convenientemente usinados ou plasticamente deformados. Esses aços podem ser termicamente tratados ou recozidos para desenvolver a estrutura da cementita globulizada (esferoidizada) Esferoidização Os aços com cementita globulizada têm ductilidade máxima e menor dureza e são usinados ou deformados com facilidade. O tratamento térmico de esferoidização, durante o qual existe uma coalescência do Fe3C para formar partículas esferoides, pode ser conduzido por diferentes métodos, conforme a seguir: • Aquecimento da liga até uma temperatura imediatamente abaixo da eutetoide [curva A1, ou até aproximadamente 700°C] na região α + Fe3C do diagrama de fases. Se a microestrutura original contiver perlita, os tempos de recozimento subcrítico serão geralmente na faixa entre 15 e 25 horas. • Aquecimento até uma temperatura imediatamente acima da temperatura eutetoide, e então um resfriamento muito lento no forno ou a manutenção a uma temperatura imediatamente abaixo da temperatura eutetoide. • Aquecimento e resfriamento alternados dentro de aproximadamente ±50°C da curva A1 Esferoidização Esferoidização Em certo grau, a taxa na qual a cementita globulizada se forma depende da microestrutura previamente existente. Por exemplo, ela é mais lenta para a perlita, e, quanto mais fina for a perlita, mais rápida será a taxa. Além disso, um trabalho a frio, prévio, aumenta a taxa da reação de formação da cementita esferoidizada (globulizada)Têmpera Os procedimentos convencionais de tratamento térmico para a produção de aços martensíticos envolvem normalmente o resfriamento rápido e contínuo de uma amostra austenitizada em algum tipo de meio de têmpera, tais como a água, o óleo ou o ar. Têmpera Objetivo: É o tratamento clássico para endurecer o aço, aumentando a resistência mecânica Temperatura: Superior à linha crítica Evita-se o superaquecimento, pois forma martensita de elevada fragilidade. Resfriamento: Brusco (água, óleo, ar circulante) Têmpera Têmpera Martensita: É uma solução sólida supersaturada de carbono (não se forma por difusão) • Microestrutura acircular (em forma de agulhas); • É dura e frágil; • Tem estrutura tetragonal cúbica(é uma fase metaestável, por isso não aparece no diagrama ferro-carbono). • Ocorre devido à falta de tempo da estrutura mudar de CFC-austenita para CCC- ferrita e cementita) Na martensita todo o carbono permanece intersticial, formando uma solução sólida de ferro supersaturada em carbono, que é capaz de transformar-se em outras estruturas, por difusão, quando aquecida. Têmpera A martensita se forma quando o resfriamento for rápido o suficiente de forma a evitar a difusão do carbono, ficando o mesmo retido em solução. Em consequência disso, ocorre a transformação polimórfica mostrada ao lado. Como a martensita não envolve difusão, a sua formação ocorre instantaneamente (independente do tempo). Têmpera Martensita * Se a velocidade de resfriamento não for rápida o Suficiente, pode aparecer perlita, ou ainda, ferrita e cementita Têmpera Capacidade de aço adquirir dureza a uma certa profundidade. Têmpera Capacidade de aço adquirir dureza a uma certa profundidade. Têmpera Capacidade de aço adquirir dureza a uma certa profundidade. Têmpera Perfis radiais de dureza para amostras cilíndricas Temperabilidade Fatores que afetam a temperabilidade: • Teor dos elementos de liga; • Tamanho do grão de austenita; • Homogeneidade da austenita. Temperabilidade Teor dos elementos de liga: • Quanto maior o teor e o número de elementos na liga, mais numerosas e complexas são as reações. • O carbono e todos os outros elementos de liga (exceto o cobalto) deslocam a curva para a direita, retardando as transformações, facilitando assim a formação de martensita. Em determinados aços, a martensita surge mesmo em resfriamentos lentos. Temperabilidade Temperabilidade Temperabilidade Têmpera Para amostras cilíndricas de um aço ABNT 4140 temperado em óleo. Têmpera A severidade da têmpera é um termo usado para indicar a taxa de resfriamento; quanto mais rápido for o resfriamento, mais severa será a têmpera. Dos três meios de têmpera mais comuns — água, óleo e ar —, a água produz o resfriamento mais severo, seguida pelo óleo, que por sua vez é mais eficaz que o ar.2 O grau de agitação de cada meio também influencia a taxa de remoção de calor. O aumento da velocidade do meio de resfriamento ao longo da superfície da amostra melhora a eficiência da têmpera. Para os aços com maior teor de carbono, a têmpera em água é muito severa, pois podem ser produzidas trincas ou ocorrer empenamento. O resfriamento ao ar de aços- carbono comuns austenitizados produz normalmente uma estrutura quase exclusivamente perlítica. Têmpera Têmpera Revenimento Objetivos Tratamento posterior a tempera que visa aliviar tensões provenientes do resfriamento brusco. Temperatura: Não deve ocorrer nenhuma transformação de fase. Pode ser escolhida de acordo com as propriedades desejadas (geralmente na faixa de 150°C a 600°C) Resfriamento: Moderado Revenimento Revenimento O revenimento é o mesmo que alívio de tensões? Não, lembrando que no alívio de tensões não há mudança de fase, por se tratar de uma temperatura abaixo da crítica. O procedimento dos dois é bem parecido, porém o revenimento só é feito em aços temperados, ou seja, após a têmpera. Nesses materiais, pode-se haver modificações na estrutura cristalina, com a precipitação de carbonetos e a redistribuição de elementos de liga, resultando em uma microestrutura mais estável e menos propensa a fraturas. Martêmpera O resfriamento é temporariamente interrompido, criando um passo isotérmico, no qual toda a peça mantenha a mesma temperatura. A seguir o resfriamento é feito lentamente de forma que a martensita se forme uniformemente através da peça. A ductilidade é conseguida através de um revenimento final. Austêmpera Outra alternativa para evitar distorções e trincas. Nesse processo o procedimento é parecido com o a austêmpera, porém a fase isotérmica é prolongada até que ocorra a transformação completa em bainita. Bainita A Bainita é um microconstituinte tipicamente formado nos aços, resultante da decomposição da austenita em um produto de duas fases: ferrita em forma de placas e partículas de carbonetos (geralmente cementita). Aços bainíticos possuem a característica de aliarem elevada resistência, próxima à da martensita, com boa tenacidade. Bainita Tratamentos superficiais São feitos visando alterar apenas as características da superfície. Mantendo no centro da peça características anteriores ao processo. Têmpera Superficial É empregado quando se deseja uma superfície dura e resistente ao desgaste, sem alteração na tenacidade do núcleo. É utilizado para peças sujeitas à impacto. Pode ser feito por indução ou por chama. Cementação Consiste em aquecer o aço, juntamente com outro material sólido, liquido ou gasoso, que seja rico em carbono, até a temperatura acima do ponto de transformação. Esse aquecimento se faz durante várias horas, estando o material e a peça dentro de caixas apropriadas. O resfriamento deve ser lento. Após a cementação, deve-se se fazer a têmpera. Principal efeito: Aumentar a dureza superficial. Cementação Utilizado pó de carbono, gases ricos em carbono (CO, CH4) ou líquidos como o cianeto. Antigamente, era utilizado cinzas resultantes de queima de material biológico (couro, chifres, ossos, etc). Cementação Cementação Referências Bibliográficas CALLISTER, William D.; RETHWISCH, David G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 817 p. CHIAVERINI, V.; Tratamento Térmico das Ligas Metálicas. 1. ed. São Paulo: ABM, 2008. CHIAVERINI, V. Aços e ferros fundidos: características gerais, tratamentos térmicos, principais tipos. 7. ed. São Paulo: Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais, 1996. Padilha, A.F. Materiais de Engenharia. Hemus. São Paulo. 1997 Shackelford, J.F. Ciência dos Materiais. 6ª Ed. Pearson. 2008. Dúvidas? 1) Explique brevemente o que é um tratamento térmico e qual é o seu objetivo. 2) Cite dois exemplos de tratamentos térmicos e descreva o processo envolvido em cada um deles. 3) Quais são as propriedades mecânicas que podem ser melhoradas por meio de tratamentos térmicos? Explique como cada tratamento térmico contribui para essas melhorias. 4) Discuta a importância dos tratamentos térmicos na indústria metalúrgica. Dê exemplos de setores industriais que se beneficiam dos tratamentos térmicos e explique por quê. Slide 1: Tratamento Térmico de Aços Slide 2: Introdução Slide 3: Introdução Slide 4: Introdução Slide 5: Recristalização Slide 6: Recristalização Slide 7: Introdução Slide 8: Decomposição da Austenita Slide 9: Decomposição da Austenita Slide 10: Diagramas TTT (Transformação Tempo Temperatura) Slide 11: Diagramas TTT Transformação Tempo Temperatura Slide 12: Diagramas TTT (Transformação Tempo Temperatura) Slide 13: Tratamentos Térmicos dos Aços Slide 14: Tratamentos Térmicos dos Aços Slide 15: Tratamentos Térmicos dos Aços Slide 16: Tratamentos Térmicos dos Aços Slide 17: Recozimento Slide 18: Alívio de Tensões Slide 19: Alívio de Tensões Slide 20: Alívio de Tensões Slide 21: Alívio de Tensões Slide 22: Recozimento Slide 23: Recozimento Subcrítico Slide 24: Recozimento Subcrítico Slide 25: Recozimento de Ligas Ferrosas Slide 26: NormalizaçãoSlide 27: Normalização Slide 28: Normalização Slide 29: Normalização Slide 30: Recozimento Pleno Slide 31: Recozimento Pleno Slide 32: Recozimento Pleno Slide 33: Recozimento Pleno Slide 34: Alívio de Tensões Slide 35: Esferoidização Slide 36: Esferoidização Slide 37: Esferoidização Slide 38: Esferoidização Slide 39: Têmpera Slide 40: Têmpera Slide 41: Têmpera Slide 42: Têmpera Slide 43: Têmpera Slide 44: Têmpera Slide 45: Têmpera Slide 46: Têmpera Slide 47: Têmpera Slide 48: Têmpera Slide 49: Temperabilidade Slide 50: Temperabilidade Slide 51: Temperabilidade Slide 52: Temperabilidade Slide 53: Temperabilidade Slide 54: Têmpera Slide 55: Têmpera Slide 56: Têmpera Slide 57: Têmpera Slide 58: Revenimento Slide 59: Revenimento Slide 60: Revenimento Slide 61: Martêmpera Slide 62: Austêmpera Slide 63: Bainita Slide 64: Bainita Slide 65: Tratamentos superficiais Slide 66: Têmpera Superficial Slide 67: Cementação Slide 68: Cementação Slide 69: Cementação Slide 70: Cementação Slide 71: Referências Bibliográficas Slide 72: Dúvidas? 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