Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ELETROTERAPIA FACIAL E CORPORAL AVANÇADA Paula Andreotti Laserterapia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar a técnica de laserterapia de baixa intensidade. Descrever os efeitos fisiológicos desencadeados pelo laser de baixa intensidade. Programar os parâmetros de ajustes do equipamento de laser de baixa intensidade. Introdução Você sabe o que é a laserterapia de baixa intensidade? É a aplicação de raios de luz na pele com objetivos terapêuticos, para o tratamento de diferentes disfunções estéticas corporais, faciais e capilares, a exemplo do atendimento no período pós-operatório e no tratamento da acne vulgar, entre outros. Os efeitos terapêuticos da radiação do laser de baixa intensidade sobre os tecidos são decorrentes da absorção da energia luminosa e sua transformação em energia química, promovendo efeitos biológicos. Neste capítulo, você vai compreender a técnica de laserterapia de baixa intensidade e seus efeitos fisiológicos, além de aprender a progra- mar os parâmetros de ajustes do equipamento. Técnica de laserterapia de baixa intensidade Há dois tipos de laser utilizados na área da saúde: as radiações emitidas com alta potência (acima de 1Watt), também denominadas ablativos, têm potencial destrutivo e podem chegar a temperaturas acima de 100 ºC. São utilizadas nas áreas médicas, como nas cirurgias de retirada de tumores, e na área da estética, como nos procedimentos de remoção de pelos (AGNE, 2013). Já o laser de baixa intensidade ou baixa potência, também denominado laser não ablativo, não produz efeito térmico e seus efeitos são decorrentes da fotobioestimulação celular. O termo laserterapia de baixa intensidade se refere à aplicação da energia luminosa de forma terapêutica. O feixe de luz é direcionado ao tecido-alvo e, após a sua absorção pelos cro- móforos, são gerados os efeitos primários, secundários e terapêuticos. Os efeitos são induzidos pelo processo de fotobioestimulação, assim a área tratada tende à homeostase, ou seja, ao estado de normalização celular. O Quadro 1 destaca as principais diferenças entre o laser de alta intensidade e o de baixa intensidade. Alta potência Ablativos Efeitos térmicos Destruição dos tecidos Baixa potência Não ablativos Efeitos não térmicos Fotobioestimulação Quadro 1. Tipos de laser Usamos a palavra laser (light amplification by stimulated emission of radiation) para nos referir a um equipamento emissor de radiação eletro- magnética, o qual promove a excitação dos elementos constituintes (sólidos, líquidos, gasosos, químicos ou semicondutores) por uma corrente elétrica, proporcionando a emissão de fótons que amplificam a emissão da radiação, sendo seu produto final um feixe de luz que possui as seguintes características. Monocromática: todos os fótons emitidos têm o mesmo comprimento de onda, e isso define a cor do laser. Cada comprimento de onda é ab- sorvido por tipos específicos de moléculas e dessa forma se determinam os efeitos terapêuticos relacionados a cada tipo de irradiação laser. Coerente: todos os fótons viajam na mesma direção, ao mesmo tempo, no espaço, promovendo deslocamento coordenado das ondas. Colimada: o feixe de fótons se desloca em paralelo, com quase nenhuma divergência da radiação emitida, mesmo quando atravessa os tecidos. Essa característica está relacionada à concentração da energia do laser em um pequeno ponto focal. Laserterapia2 A luz emitida se propaga em alta velocidade pelo espaço na forma de ondas, as quais se diferem umas das outras quanto ao seu comprimento, o que modifica o valor da frequência gerada; no entanto, a velocidade dos vários tipos de ondas é sempre a mesma, ou seja, a energia eletromagnética é emitida na velocidade da luz 300.000.000 m/s. O comprimento da onda é a medida da distância entre duas cristas da onda. A unidade de medida usada para a medição do espectro eletromagnético é o nanômetro (nm), uma subunidade do metro. As emissões dessa energia estão organizadas por espectro de radiações eletromagnéticas, baseado no comprimento da onda (PEREIRA, 2013). O espectro eletromagnético abrange uma grande faixa de comprimentos de ondas, mas os nossos olhos só conseguem enxergar uma parcela pequena dele, as quais formam as luzes visíveis, estando cada cor visível associada a uma frequência ou comprimento de onda. O comprimento de onda de luz visível compreende a faixa de 400 nm a 700 nm, e as radiações invisíveis estão na faixa acima de 700 nm, denominadas infra- vermelho, e abaixo de 400, chamadas de ultravioletas (AGNE, 2013). Quanto maior o comprimento da onda, menor a frequência e a energia, e, quanto menor o comprimento da onda, maior a frequência e a energia transportada. Os comprimentos de ondas mais utilizados na fototerapia de baixa inten- sidade estão dispostos no Quadro 2. Comprimento Cor Material emissor Aplicação 660 a 670 nm Vermelho intenso Diodo: alumínio- -gálio-índio-fósforo Pontual 780 e 830 nm Infravermelho Diodo: gálio-alumínio-arseneto Pontual 904 a 940 nm Invisível Diodo: arseneto de gálio Pontual Quadro 2. Comprimento das ondas da luz laser 3Laserterapia Cromóforos ou moléculas fotorreceptoras celulares são moléculas do tecido especializa- das em absorver a energia luminosa emitida em determinados comprimentos de onda. Os principais cromóforos da pele são a água, a melanina e a hemoglobina, com espectro de absorção específico para cada comprimento de onda. Ao incidir um determinado comprimento de onda sobre o tecido, seus fótons são absorvidos e interagem com essas moléculas, promovendo uma bioestimulação ou biomodulação de suas atividades. A radiação laser incide sobre o tecido e precisa ser absorvida para que ocorra a interação da energia emitida com os cromóforos, assim os efeitos fisiológicos são desencadeados. Alguns fatores podem interferir nessa dinâmica. O tecido tegumentar apresenta uma capacidade de reflexão e um coeficiente de absorção específico para os diferentes comprimentos de onda. Observe na Figura 1 a interação da luz com o tecido. Absorção: a absorção pela epiderme ou derme da irradiação, pela água no tecido ou por algum cromóforo está diretamente relacionada ao processo físico no qual a energia da luz é convertida pelo tecido-alvo em resposta. Reflexão: é variável e relaciona-se à angulação da incidência da irra- diação, estando entre 4 e 6% da energia irradiada; quanto mais plana ou lisa a superfície, mais intensa é a reflexão. Outros fatores que in- terferem na reflexão são sujidade sobre a pele, aplicação de pomadas ou a oleosidade da pele. Difração: refere-se aos processos físicos da pele que fazem com que um feixe de luz seja defletido em algumas direções, ou para novas direções. Na pele, deve-se às moléculas do colágeno. Transmissão: a quantidade transmitida depende do comprimento de onda da luz. Atravessar a próxima camada tecidual. Laserterapia4 Figura 1. Interação da luz com o tecido-alvo. Fonte: Adaptada de Tortora e Derrickson (2017 p. 101). Efeitos fisiológicos desencadeados pelo laser de baixa intensidade Quando você incide um feixe de luz no tecido-alvo, parte dessa energia sofre refl exão, diminuindo a penetração da luz no organismo, e parte será absorvida pelos cromóforos no tecido-alvo. A interação da energia do laser de baixa intensidade com o tecido produz respostas primárias no local de aplicação, as quais são do tipo fotoquímica ou fotoelétrica, e darão origem aos efeitos secundários. As respostas ao estímulo luminoso podem ser imediatas à sua aplicação ou observadas horas ou dias após a aplicação (LINS et al., 2010). Em um processo de reparo tecidual, temos os dois tipos de respostas: resposta imediata à aplicação — como a diminuição de dor e do edema; respostas tardias — síntese celular e de proteínas. 5Laserterapia Os efeitos fotoelétricos alteram o potencial de membrana celular,aumentando a sua permeabilidade e estimulando o processo de transferência de elétrons, que ocorre no interior da mitocôndria, assim, o cromóforo, que está presente na mitocôndria, uma enzima denominada Citocromo C Oxidase, absorve a luz e impulsiona os elétrons, o que contribuirá com a síntese do trifosfato de ade- nosina (ATP). Os efeitos fotoquímicos estimulam a síntese de ATP, a glicólise e a oxidação fosforilativa, bem como a liberação de substâncias pré-formadas, como histamina, serotonina e bradicinina. Além disso, aumentam o número de leucócitos e da atividade fagocitária, bem como estimulam a produção de tecido de granulação. Esses efeitos dão origem a uma cascata de respostas celulares secundárias, como aumento da microcirculação, do trofismo celular e a cica- trização tecidual em uma área mais extensa à área de aplicação (AVCI et al., 2013; PEREIRA, 2013). Observe na Figura 2 os efeitos da luz na mitocôndria. Figura 2. Interação da luz com o cromóforo citocromo C oxidase e incremento na síntese de ATP. Fonte: Adaptada de Avci et al. (2013, documento on-line). A laserterapia de baixa intensidade desencadeia efeitos fisiológicos primá- rios e secundários, os quais resultam em efeitos terapêuticos pelo aumento no aporte de nutrientes, oxigênio, elementos defensivos, eliminação dos catabó- Laserterapia6 litos provenientes do metabolismo celular, estimulando, dessa forma, a taxa de divisão celular e de produção de colágeno, além de promover a analgesia em decorrência da liberação de endorfinas, ter efeito anti-inflamatório pela produção de prostaglandinas e melhorar a capacidade de reparo tissular. São observados também a diminuição de edemas e o estímulo do crescimento de pelos e cabelos. Na Figura 3, podemos observar os efeitos primários e secundários proporcionados pela interação da luz com os tecidos. Figura 3. Efeitos primários e secundários da luz com o tecido-alvo. Efeitos fisiológicos do laser no tratamento do fibroedema geloide e da gordura localizada A radiação do laser de baixa intensidade para o tratamento do fi broedema geloide (FEG), alteração estética que apresenta sintomas como a retenção hídrica, alteração da microcirculação, aderências e formação de nódulos, além do aumento da espessura da tela subcutânea, age proporcionando efeitos 7Laserterapia como o aumento da microcirculação com consequente melhora da nutrição e oxigenação local, diminuição do edema e a remoção de toxinas e catabólitos, importantes efeitos que contribuem para melhorar os sinais inestéticos do FEG. Apresenta também outros efeitos, como a ação tixotrópica, propriedade de alterar a viscosidade de subtâncias mais consistentes, deixando-as mais fl uida. No FEG, ocorre a hiperpolimerização da substância fundamental amorfa, o que promove alteração do tecido conjuntivo que passa a apresentar menor mobilidade. A aplicação do laser infravermelho contribui para a melhora da extensibilidade do tecido, o que é desejado no tratamento do FEG. Em alguns casos, a paciente poderá apresentar dor, assim, a terapia por laser será benéfi ca, pois proporciona a liberação de B-endorfi na e serotonina, substâncias que proporcionam analgesia, o que permitirá melhor mobilização dos tecidos afetados (AVCI et al., 2013; GUIRRO; GUIRRO, 2003; PEREIRA, 2013). Efeitos fisiológicos do laser para revitalização Os sinais de envelhecimento da pele, os quais são mais evidentes a partir dos 30 anos, estão diretamente relacionados com a genética do indivíduo e os há- bitos de vida, como a alimentação, atividade física, estresse, fotoexposição, poluição, tabagismo, entre outros. Esses fatores promovem a diminuição da microcirculação local, com consequente diminuição da hidratação e nutrição celular, assim diminuindo a atividade celular, o que vai favorecer a formação de rugas e rítides, fl acidez tissular, diminuição da renovação celular, promovendo uma pele desitradata, sem viço e com aspecto envelhecido. Para o tratamento desses sinais, de forma segura, sem efeitos colaterais e com efi cácia, pode-se aplicar o laser vermelho e infravermelho com a fi nalidade de promover os efeitos fotobiomoduladores e, assim, proporcionar a homeostase e ativar as atividades fi siológicas das células, o que na derme aumenta a produção dos componentes da matriz extracelular, como as fi bras colágenas e elásticas, ácido hialurônico, promovendo o aumento da espessura da derme e diminuição das rugas. O estímulo na circulação promovido pela liberação do óxido nítrico também contribuirá com a nutrição, a oxigenação e a hidratação tecidual, estimulando a síntese de colágenos e a mitose no tecido epitelial, o que promove a renovação tissular (AVCI et al., 2013; KEDE E SABATOVICH, 2015; PEREIRA, 2013). Laserterapia8 Contraindicações São consideradas contraindicações para a aplicação do laser de baixa inten- sidade as situações a seguir. Região ocular, por promover lesões irreversíveis na retina. Região periocular em pessoas com glaucoma. Gestantes sobre o útero grávido, assim como outras modalidades de eletroterapia. Irradiação na glândula tireoide, principalmente em casos de hipertiroidismo. Sobre as gônadas. Tecidos tumorais pelos efeitos fotobioestimulantes. Pessoas em tratamento dos medicamentos à base de tetraciclina, fenotia- zinas, glisefulvin 5 e sulfas, que são medicamentos fotossensibilizantes, pelo risco de se desenvolverem fotodermatites. Em casos de hemorragia pela vasodilatação induzida pelo laser, o que pode contribuir para o agravamento do quadro. Ceratose actínica ou nevos pigmentares, como as pintas. Após a aplicação de substâncias inflamáveis ou voláteis. Epilepsia. Cuidado durante a aplicação do laser de baixa intensidade nas regiões: periocular, na qual os feixes irradiados devem ser direcionados paralelamente ao globo ocular, e nunca sobre ele; mamária, sendo necessário que se certifique a ausência de nódulos, mesmo que benignos. A presença de nódulos é uma contraindicação para a laserterapia. 9Laserterapia Indicações As indicações para os tratamentos estéticos por meio da terapia por laser são muito vastas. Realize uma ótima avaliação e certifi que-se da ausência de con- traindicações. Em decorrência dos efeitos bioquímicos, bioelétricos, o laser de baixa intensidade é indicado nos procedimentos com objetivos de incremento da mitose, síntese de proteínas, do ATP celular e aumento da microcirculação e seus efeitos antiedematoso, anti-infl amatórios, analgésico, antioxidante; além disso, estímulo da fagocitose e do sistema imune são esperados. Pós-operatório. Revitalização cutânea. Estrias hipertróficas e atróficas. Flacidez tissular e muscular. Alopécia. Hidrolipodistrofia ginoide (HLDG). Acne. Rugas e rítides. O laser de baixa intensidade é indicado quando você tem o objetivo de: estimular o reparo tecidual; diminuir processo inflamatório; melhora da microcirculação periférica; promover analgesia. Parâmetros de ajustes do equipamento de laser de baixa intensidade A seguir, você vai saber quais são os parâmetros que deve ajustar no equipamento. Comprimento da onda Escolha o comprimento de onda que é dado em nanômetro (nm) pelos efeitos desejados e tecido-alvo. Laserterapia10 Laser vermelho Segundo Pinto (2011), na radiação laser que compreende a faixa entre 630 a 670 nm do espectroeletromagnético, seu regime de emissão de radiação é contínuo; apresenta a cor vermelha e se mostra efi caz nos tratamentos super- fi ciais. A penetração e a absorção desse comprimento de luz pode ocorrer em até 0,8 cm de profundidade, a qual é absorvida por substâncias presentes na mitocôndria de células presentes nos tecidos mais superfi ciais, como na epiderme e na derme papilar. Resultados obtidos por Busnardo (2010, apud ANDRADE; CLARK; FER- REIRA, 2014) confirmam a atuação mais superficial do laser vermelho, visto que sua aplicação no tratamento de feridas mostrou-seeficaz, com resultados como a resolução precoce da fase inflamatória e aumento da deposição do colágeno tipo III, um colágeno inicial que, ao longo do processo de cicatriza- ção, será reabsorvido e substituído em sua maior parte pelo colágeno tipo I, mais resistente às forças de tensão. É indicado nos tratamentos estéticos como nos quadros de flacidez tissular, estrias, revitalização cutânea, processos de cicatrização a exemplo dos quadros de acne vulgar e pós-operatório. Laser infravermelho Esse tipo de radiação, na faixa entre 780 e 940 nm do espectro eletromagnético, são ondas invisíveis aos olhos humanos e apresenta regime de emissão pulsada (AGNE, 2013). Além disso, penetra de forma mais profunda no organismo atingindo aproximadamente 1,8 cm de profundidade. A absorção desse com- primento vai ocorrer por substâncias presentes na membrana plasmática de células mais profundas, como nos tecidos conjuntivos pelo fi broblasto, célula presente na derme, e pelos adipócitos, célula presente na tela subcutânea, bem como pelas células do tecido muscular. Apresenta ação no tecido muscular, podendo promover sua tonifi cação ou relaxamento. A absorção dessa irradiação pelo endotélio promove a liberação do óxido nítrico, substância que promove a vasodilatação e, consequentemente, aumenta a microcirculação periférica, promovendo maior aporte de nutrientes e oxigênio, bem como a remoção dos catabólitos. É indicado nos tratamentos de disfunções estéticas como a HLDG, também denominada FEG, presença de edema, fl acidez muscular. Densidade de potência No caso do laser de baixa intensidade, a potência será menor do que 1W/cm2. 11Laserterapia Densidade de energia — dose ou fluência Os efeitos do laser de baixa intensidade estão relacionados com a quantidade de energia absorvida, a qual promove a fotobiomodulação celular, ou seja, podem promover a bioestimulação ou a bioinibição; doses mais altas irradiadas nos tecidos promovem efeitos inibitórios, enquanto doses mais baixas entre 1 e 8J/cm2 estimulam a atividade celular. Esse parâmetro está relacionado à quantidade de energia depositada por área medida em J/cm2 e deve ser de 1 até 8 J/cm2 se os efeitos desejados são de estimulação; doses acima de 8 J/cm2 promovem efeitos inibitórios e devem ser evitadas para uso terapêutico (AGNE, 2013; PEREIRA, 2013). Na pesquisa de revisão de literatura realizada por Andrade, Clark e Fer- reira (2014), com o objetivo de esclarecer os reais efeitos da laserterapia de baixa potência sobre feridas cutâneas, reuniram-se pesquisas como a do autor Silva (2010 apud ANDRADE; CLARK; FERREIRA, 2014), a qual avaliou a cicatrização de feridas em três grupos; o pesquisador aplicou LBI em 2 grupos com doses diferentes durante 10 dias seguidos. Um grupo recebeu (2 J/cm2), o outro recebeu (4 J/cm2) e um terceiro grupo, o grupo controle, não recebeu nenhuma dose de laser. O grupo que recebeu dose de 4 J/cm2 apre- sentou melhores resultados na reepitelização em comparação ao grupo que recebeu a dose de 2 J/cm2. Em outro estudo realizado por Maiya et al. (2009 apud ANDRADE; CLARK; FERREIRA, 2014), no qual ratos diabéticos com lesões cutâneas foram expostos a diferentes doses de laser de baixa intensidade (entre 3 e 9 J/cm2), demonstrou-se que os melhores resultados foram obtidos com as aplicações de doses entre 4 e 5 J/cm2. Essas pesquisas indicam que a dose de laser para promover ação de regeneração está em torno de 4 J/cm2. Colls (1984 apud AGNE, 2013) recomenda um esquema de doses apresentado no Quadro 3, o qual deve ser avaliado levando em consideração os objetivos do tratamento e a fase da lesão. Na fase aguda, as doses de laser devem ser baixas, entre 1 e 3 J/cm2, e nas fase crônicas as doses podem ser mais elevadas, entre 5 e 7 J/cm2. As doses acima de 8 J/cm2 têm efeitos bioinibitórios e devem ser evitadas. Laserterapia12 Fonte: Adaptado de Colls (1984 apud AGNE, 2013). Objetivo Dose Analgésico 2 a 4 J/cm2 Anti-inflamatório 1 a 3 J/cm2 Circulatório 1 a 3 J/cm2 Cicatrizante 3 a 6 J/cm2 Quadro 3. Esquema de doses Tempo A maior parte dos equipamentos promove uma relação entre dose e tempo para emitir cada joule, dessa maneira, o terapeuta consegue identifi car o tempo de sessão. Para a aplicação do laser, alguns pontos devem ser considerados, como o modo de aplicação do laser, cuidados com o ambiente e a avaliação do paciente. Modo de aplicação Agora que já se sabem os parâmetros ajustados no equipamento, é necessário fi car atento ao modo de aplicação do laser. Para que não haja a dispersão da luz, a ponteira deve ser posicionada de forma perpendicular e o mais próximo do tecido irradiado, quase encostando totalmente na pele. A aplicação da energia do laser sobre a pele pode ser realizada por meio de aplicação pontual, por varredura ou por zona, e sua escolha está relacionada com a integridade da pele; nesse caso, a escolha deve ser por aplicação pontual, aumentando a absorção da radiação eletromagnética, e, nos casos em que há presença de solução de continuidade, como em feridas, a aplicação deverá ocorrer por varredura, diminuindo-se o risco de contaminação. A aplicação por zona é recomendada quando o tratamento é realizado em grandes áreas (GUIRRO; GUIRRO, 2003). 13Laserterapia Aplicação pontual: a ponteira da caneta emissora deve ser posicionada perpendicularmente à área que será tratada, evitando a reflexão da radiação. Os disparos devem ser realizados respeitando a distância de 1 cm e a ponteira pode ser encostada na pele, quando esta se apresenta íntegra, sem lesões. Nos quadros em que ocorre o risco de contaminação, a caneta emissora deverá ser envolvida em plástico filme e deve-se aproximar o máximo possível a caneta do tecido-alvo, permitindo maior penetração da energia nele. Aplicação por zona: o laser é irradiado de uma vez só em uma área maior do que um ponto, a qual tem normalmente 1 cm de distância entre eles. Para esse modo de aplicação, pode ser utilizado um dispositivo, como a fibra óptica ou uma lente divergente, ou ainda afastar a caneta, mantendo um pouco mais de distância do tecido do que no modo pontual, assim irradiará certa área do tecido. O laser de HeNe é o que melhor permite esse modo de aplicação. Aplicação por varredura: a aplicação é realizada movimentando-se a caneta, permitindo que a radiação passe por uma área mais extensa em comparação à aplicação pontual. Ambiente Deve ser realizado em ambiente tranquilo, com iluminação tênue. Os locais devem ter a identificação na porta da sala onde é realizada a aplicação do laser com o objetivo de alertar os indivíduos que por ventura circulem no local sobre os cuidados que devem ser tomados ao entrar no ambiente. Um exemplo de cuidado a ser tomado é: não olhar diretamente para o feixe de luz, pelo risco de lesão na retina. Verificar se a voltagem local é compatível à do equipamento. Não deixar o equipamento em locais com risco de incidência da radiação solar, como próximo de janelas. Cuidado na manipulação dos cabos, evitando danos a eles, e com queda das manoplas que podem sofrer avarias irreversíveis. Organize todos os detalhes e separe os materiais necessários, para que no momento da aplicação a sua atenção esteja voltada integralmente para a terapia; dessa forma, você garante a distância correta da manopla no momento da aplicação e fica atento aos sinais apresentados pelo paciente. Laserterapia14 Avaliação Realize uma avaliação completa do paciente, examinando-o e levantando informações relevantes como outros tratamentos já realizados, medicamentos e cosméticos utilizados. Depois de realizar a avaliação, será necessário planejar a aplicação do laser. Antes de iniciar a terapia, integre as informações coletadas do seu cliente em relação à queixa principal, informações de hábitos de vida e exame físico aos conhecimentos adquiridos neste capítulo, como os efeitos fi siológicos, indicações e contraindicações,somados à sua expertise para ajustar os parâmetros necessários no equipamento. Dessa maneira, a terapia realizada será personalizada, o que vai contribuir para o sucesso do tratamento. Preparar o paciente O uso de óculos específicos é obrigatório, tanto para o terapeuta como também para o paciente, pois a incidência do laser na retina pode pro- vocar lesões irreversíveis. Eles devem estar esterilizados quimicamente e pode-se utilizar uma gaze umedecida sob os óculos para proteger os olhos quando a aplicação for na região periocular. O tecido que receberá a irradiação deve estar limpo e livre de barreiras físicas, para aumentar a quantidade de energia absorvida. AGNE, J. E. Eletrotermofototerapia. 2. ed. Santa Maria: O Autor, 2013. ANDRADE, F. do S. da S. D.; CLARK, R. M. de O.; FERREIRA, M. L. Efeitos da laserterapia de baixa potência na cicatrização de feridas cutâneas. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Rio de Janeiro, v. 41, n. 2, p. 129-133, 2014. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/rcbc/v41n2/pt_0100-6991-rcbc-41-02-00129.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2018. AVCI, P. et al. Low-level laser (light) therapy (LLLT) in skin: stimulating, healing, restoring. Seminars in Cutaneous Medicine and Surgery, [s. l.], v. 32, n. 1, p. 41-52, 2013. GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3. ed. Barueri: Manole, 2003. 15Laserterapia KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2015. LINS, R. D. A. U. et al. Efeitos bioestimulantes do laser de baixa potência no processo de reparo. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 85, n. 6, p. 849-855, 2010. Dispo- nível em: <http://www.scielo.br/pdf/abd/v85n6/v85n6a11.pdf>. Acesso em: 1 dez. 2018. PEREIRA, M. de F. L. Recursos técnicos em estética. São Paulo: Difusão, 2013. PINTO, M. V. de M. Fototerapia: aspectos clínicos da reabilitação. São Paulo: Andreoli, 2011. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Leituras recomendadas BADIN, A.Z.D.; MORAES, L. M; ROBERTS III, T. L. Rejuvenescimento facial a laser. Rio de Janeiro: Revinter, 1998. CAMPOS, A. C. L.; BORGES-BRANCO, A.; GROTH, A. K. Cicatrização de feridas. ABCD: Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 51-58, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abcd/v20n1/10.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2018. Laserterapia16 Conteúdo:
Compartilhar