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MODELOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA P r o f . R i c a r d o M a r a f o n Aprendemos que Governança corporativa é um sistema pelo qual as empresas são dirigidas e controladas. O modelo de governança adotado frequentemente reflete a natureza do controle acionário da empresa, que pode variar significativamente. Cada forma de controle acionário traz consigo um conjunto único de desafios e oportunidades que podem impactar o desempenho e a sustentabilidade a longo prazo da organização. Nesta aula, exploraremos cinco diferentes formas de controle acionário, cada uma com suas particularidades que exigem um modelo de governança adaptado. Os tipos de controle que abordaremos são: INTRODUÇÃO TIPOS DE CONTROLE ACIONÁRIO Controle Familiar Controle Estatal Controle Disperso Controle Compartilhado Controle Estrangeiro 1 2 3 4 5 Ao compreender os desafios associados a cada uma dessas formas de controle acionário, podemos avaliar e formular modelos de governança que não apenas enfrentem esses desafios, mas também aproveitem as oportunidades inerentes a cada forma de controle. Nepotismo e Favoritismo Planejamento de Sucessão Transparência e Divulgação de Informações Em empresas familiares, é comum que membros da família ocupem posições de liderança. Isso pode levar a decisões baseadas em relações familiares em vez de mérito, o que pode ser prejudicial para a eficiência e eficácia da empresa. Empresas familiares frequentemente enfrentam desafios em planejar e executar um plano de sucessão eficaz. Conflitos podem surgir sobre quem deve assumir posições chave na empresa, e a falta de planejamento pode resultar em escolhas apressadas ou inadequadas. Muitas vezes, empresas familiares são menos transparentes em suas operações e finanças, especialmente quando comparadas a empresas de capital aberto. Isso pode criar problemas de credibilidade e confiança com acionistas externos e outros stakeholders. Controle Familiar Empresas de controle acionário familiar podem enfrentar desafios específicos na implementação de um bom modelo de governança corporativa. Algumas das questões mais comuns incluem: 1 Conflito de Interesses Aversão ao RiscoSeparação entrePropriedade e Gestão Em uma empresa familiar, os interesses pessoais e empresariais estão muitas vezes entrelaçados, o que pode levar a conflitos de interesse. Isso é especialmente problemático quando a empresa precisa tomar decisões que podem beneficiar alguns membros da família em detrimento de outros ou da empresa como um todo. Empresas familiares muitas vezes têm uma maior aversão ao risco, o que pode limitar suas oportunidades de crescimento e inovação. Isso pode ser problemático em mercados altamente competitivos ou em rápida mudança. Na governança corporativa ideal, a propriedade e a gestão da empresa são entidades separadas. No entanto, em empresas familiares, essas funções muitas vezes se sobrepõem, o que pode complicar a tomada de decisões e a implementação de estratégias eficazes. Controle Familiar1 Governança e Profissionalismo A formalização de políticas e procedimentos é muitas vezes vista como menos crítica em empresas familiares, o que pode levar a uma falta de profissionalismo na gestão e operação da empresa. A falta de conselhos de administração independentes, comitês de auditoria e outras estruturas de governança podem ser lacunas importantes. Controle Familiar1 Para superar esses desafios, é fundamental que empresas familiares adotem práticas de governança sólidas que incluam a separação clara de funções de gestão e propriedade, estabelecimento de um conselho de administração independente, e medidas de transparência e prestação de contas. Também é crucial estabelecer um plano de sucessão claro e profissionalizar a gestão para garantir que a empresa possa crescer e prosperar a longo prazo. CASO CONTROLE FAMILIAR: FORD MOTORS Conflito de Interesses Transparência e Responsabilidade Política e Influência Externa Interesse Público versus Lucro: Enquanto a principal meta de empresas privadas é gerar lucro para os acionistas, empresas estatais podem ter uma série de objetivos, incluindo metas sociais e políticas. Isso pode criar conflitos quanto à alocação de recursos e definição de estratégias. Em alguns casos, empresas estatais são menos transparentes do que suas contrapartes privadas, o que torna difícil para os stakeholders externos avaliar o desempenho e a gestão da empresa. Interferência Política: A influência do governo pode afetar as decisões de gestão e criar pressões que não necessariamente estão alinhadas com as melhores práticas empresariais. Controle Estatal A criação de um bom modelo de governança corporativa em empresas de controle acionário estatal pode apresentar uma série de desafios únicos e complexos. Alguns dos principais desafios incluem: 2 Eficiência e Competitividade Conformidade Regulatória Recursos Humanos Menor Incentivo à Eficiência: Como o principal objetivo muitas vezes não é o lucro, pode haver menos incentivo para operar de maneira eficiente. Dupla Regulação: Além de seguir as leis e regulamentos aplicáveis a todas as empresas, as empresas estatais muitas vezes também estão sujeitas a um conjunto adicional de regulamentos e controles por serem propriedade do estado. Nomeações Políticas: Em algumas empresas estatais, as nomeações para cargos de alta gestão e para o conselho podem ser influenciadas por considerações políticas, mais do que por mérito ou competência. Controle Estatal2 Avaliação de Desempenho Múltiplos Critérios de Avaliação: O sucesso de uma empresa estatal pode ser avaliado com base em uma variedade de critérios que vão além do desempenho financeiro, o que pode complicar a governança e a avaliação da alta administração. Controle Estatal2 Cada um desses desafios requer estratégias específicas e muitas vezes complexas para mitigação. A implementação de um sólido sistema de governança corporativa em empresas de controle acionário estatal é uma tarefa que requer um compromisso sério tanto por parte do governo como dos gestores da empresa. CASO CONTROLE ESTATAL: PETROBRAS Falta de Um Acionista Majoritário Supervisão e Controle Comunicação e Coordenação Sem um acionista majoritário para conduzir decisões estratégicas, pode ser difícil alcançar um consenso sobre assuntos importantes. Com vários acionistas detendo pequenas participações, a empresa se torna mais vulnerável ao ativismo acionário que pode perturbar a gestão e a estratégia da empresa. Sem um grande acionista para supervisionar a administração, a administração pode ter mais liberdade para agir de maneira que não esteja alinhada com os interesses dos acionistas. Empresas com controle acionário disperso são geralmente mais vulneráveis a aquisições hostis, já que não há um único acionista com poder de bloquear a aquisição. Manter todos os acionistas informados e engajados pode ser mais trabalhoso e caro. Com um grupo diversificado de acionistas, pode haver uma variedade de interesses e perspectivas que podem ser difíceis de conciliar. Controle Disperso Empresas com controle acionário disperso enfrentam uma série de desafios específicos para criar e manter um bom modelo de governança corporativa. Esses desafios incluem: 3 Mecanismos de Governança Responsabilidade e Transparência A falta de um acionista majoritário pode tornar mais difícil a implementação de práticas recomendadas de governança corporativa. A implementação de controles eficazes pode ser mais difícil sem um acionista majoritário para endossar e impulsionar mudanças. Com muitos acionistas pequenos, pode ser difícil estabelecer responsabilidades claras para erros ou problemas da empresa. Manter um nível elevado de transparência pode ser mais desafiador, uma vez que requer uma comunicação cuidadosa com uma base acionária diversificada. Controle Disperso3 Para superar esses desafios, empresas com controle acionário disperso frequentemente utilizam mecanismos como conselhos de administração independentes, comitêsespecializados e auditorias externas rigorosas para assegurar uma governança eficaz. CASO CONTROLE DISPERSO: ALPHABET HORA DA ATIVIDADE PRÁTICA Voltamos às 20:08h Voltamos às 20:30h Conflitos de Interesses Transparência e Divulgação Tomada de Decisão Diferentes acionistas podem ter diferentes agendas e interesses estratégicos para a empresa, o que pode causar conflitos na definição de metas e estratégias. Pode haver desafios em manter a transparência e a divulgação adequadas, especialmente se alguns acionistas preferirem um nível mais alto ou mais baixo de divulgação pública do que outros. A tomada de decisão pode ser lenta e complicada quando vários acionistas têm que ser consultados. Isso pode ser particularmente problemático em situações que exigem decisões rápidas e ágeis. Controle Compartilhado O modelo de governança corporativa em empresas com controle acionário compartilhado apresenta vários desafios únicos. A presença de acionistas com poderes significativos aumenta a complexidade da tomada de decisões e pode levar a conflitos de interesses. Aqui estão alguns dos principais desafios: 4 Responsabilidade e Accountability Alinhamento Estratégico Estrutura Organizacional A presença de múltiplos acionistas com poder de controle pode diluir a responsabilidade, tornando mais difícil responsabilizar indivíduos ou grupos por decisões ruins ou falhas de governança. Manter todos os acionistas na mesma página em termos de visão e estratégia de longo prazo pode ser difícil, especialmente se eles têm horizontes de tempo diferentes para o retorno do investimento. A estrutura da organização pode tornar-se complexa, com várias camadas de aprovação e responsabilidade, o que pode dificultar a governança eficaz. Controle Compartilhado4 Questões de Sucessão Eficiência Operacional: A escolha de lideranças futuras pode ser uma área particularmente sensível de conflito, especialmente se diferentes acionistas têm candidatos ou abordagens diferentes em mente. Acordos de governança complicados podem levar a ineficiências operacionais, como redundância nas funções de gestão e supervisão. Controle Compartilhado4 Para lidar com esses desafios, é crucial estabelecer um conjunto robusto de políticas e procedimentos de governança, incluindo regras claras para a tomada de decisões, resolução de conflitos e responsabilidades. Também é essencial garantir que a governança seja flexível o suficiente para permitir mudanças rápidas em resposta a novos desafios e oportunidades. CASO CONTROLE COMPARTILHADO: VOLKSWAGEN Barreiras Culturais e Linguísticas Questões Regulatórias e de Conformidade Divergência em Objetivos e Expectativas Diferentes culturas empresariais e práticas de gestão podem causar conflitos na estrutura de governança. A comunicação eficaz pode ser dificultada por barreiras linguísticas. O cumprimento das leis e regulamentos locais, bem como as diretrizes internacionais, pode ser complexo. A necessidade de relatar informações para diferentes jurisdições pode ser onerosa e demorada. Os acionistas estrangeiros podem ter expectativas diferentes em relação ao desempenho e aos objetivos de longo prazo da empresa. Pode haver pressão para alinhar as operações e estratégias locais às diretrizes e práticas globais, mesmo quando isso não é ideal para o mercado local. Controle Estrangeiro A criação de um modelo eficaz de governança corporativa é um desafio para qualquer empresa, mas a tarefa pode ser ainda mais complexa quando o controle acionário é estrangeiro. Alguns desafios específicos que podem surgir nesse contexto incluem: 5 Transparência e Divulgação de Informações Integração de Tecnologia e Sistemas Tomada de Decisão e Responsabilização Pode haver diferenças nas expectativas ou requisitos de transparência e divulgação entre os acionistas locais e estrangeiros. A coordenação entre diferentes setores da empresa para a divulgação de informações financeiras e não-financeiras pode ser mais difícil. Pode haver dificuldades em integrar sistemas de TI e outros recursos tecnológicos entre a matriz e a filial. A distância geográfica e as diferenças de fuso horário podem retardar a tomada de decisão. Pode ser mais difícil para os acionistas locais influenciar as decisões e responsabilizar os gestores, especialmente se houver uma concentração de poder no exterior. Controle Estrangeiro5 Relações com Stakeholders Aspectos Éticos e Sociais Os interesses de stakeholders locais (como funcionários, fornecedores e a comunidade local) podem ser negligenciados em favor dos interesses dos acionistas estrangeiros. Há o risco de práticas empresariais aceitáveis em um país não serem éticas ou aceitáveis no país de operação. Controle Estrangeiro5 O sucesso na criação de um bom modelo de governança corporativa em tais cenários frequentemente exige uma abordagem cuidadosa e bem planejada, que considere tanto as melhores práticas globais quanto as particularidades locais. Isso pode envolver a inclusão de membros locais nos conselhos de administração, a realização de auditorias e avaliações independentes, e a implantação de canais eficazes de comunicação e relatórios. CASO CONTROLE ESTRANGEIRO: INBEV HORA DA ATIVIDADE PRÁTICA Voltamos às 21:26h
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