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FILOSOFIA NAS ORGANIZAÇÕES

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Prévia do material em texto

PROFESSOR
Me. Julio Cesar de Paula Rodrigues
Filosofia nas 
Organizações
ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
EXPEDIENTE
Coordenador(a) de Conteúdo 
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Projeto Gráfico e Capa
André Morais, Arthur Cantareli e 
Matheus Silva
Editoração
Nivaldo Vilela de Oliveira Junior
Design Educacional
Aguinaldo José Lorca Ventura Júnior
Curadoria
Cléber Rafael Lopes Lisboa
Revisão Textual
Carla Cristina Farinha
Ilustração
Eduardo Aparecido Alves
Fotos
Shutterstock
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de 
Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas 
Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de 
Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia 
Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia 
Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. RODRIGUES, Julio Cesar de 
Paula.
Filosofia nas Organizações. Julio Cesar de Paula 
Rodrigues. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. 
168 p.
ISBN 978-85-459-2188-2 
“Graduação - EaD”. 
1. Filosofia 2. Organizações 3. Educação 4. EaD. I. Título. 
CDD - 22 ed. 101 
FICHA CATALOGRÁFICA
Reitor 
Wilson de Matos Silva
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história 
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, 
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue 
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre 
quatro pilares que consolidam a visão abrangente 
do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o 
profissional, o emocional e o espiritual.
A nossa missão é a de “Promover a educação de 
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for-
mando profissionais cidadãos que contribuam para o 
desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. 
Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor-
tante para o cumprimento integral desta missão: o 
coletivo. São os nossos professores e equipe que 
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que 
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos como este 
produzidos anualmente, com a distribuição de mais 
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, 
Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre 
os 10 maiores grupos educacionais do país.
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima 
história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem 
muda o mundo são as pessoas. Os livros só 
mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu-
nidade de fazer a sua mudança!
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais 
cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Julio Cesar de Paula Rodrigues
Olá, eu me chamo Julio Rodrigues, tenho 36 anos, sou 
casado e pai da Rafaela e do Miguel. 
Formei-me em Filosofia, em 2009, em 2015, entrei 
para o mestrado, concluindo em 2017, e, nesse mesmo 
tempo do mestrado, passei no concurso para professor 
do estado do Paraná. O momento mais difícil que passei 
foi em 2019, quando decidi, junto à minha família, mudar 
para Portugal para fazer doutorado em Filosofia. Foi uma 
decisão muito difícil e, ao mesmo tempo, desafiadora. 
Portugal rendeu muitos frutos, principalmente o Miguel, 
que é um português nato. Para contar todas as situações 
que passávamos em Portugal, decidimos criar um canal 
no YouTube para, assim, postar os vídeos que fazíamos 
quase diariamente, possibilitando que familiares e amigos 
nos acompanhassem em Portugal. O fato é que os vídeos 
foram sendo vistos por outras famílias que, também, gos-
tariam de fazer a mesma experiência que fizemos, o que 
me fez aprofundar, cada vez mais, nos conteúdos e gravar 
vídeos quase que diariamente, com o objetivo de ajudar 
outras pessoas a conhecerem um pouco melhor Portugal. 
Hoje, posso dizer que fazer vídeos se tornou um hobby, 
dedico algum tempo para pensar nos assuntos, gravo os 
vídeos e edito, faço tudo sozinho. Nunca imaginei que um 
dia faria vídeos para postar no YouTube e sentiria tanto 
prazer e alegria em fazer isso.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11087
Por que falar sobre Filosofia nas Organizações? Talvez, seja essa a pergunta que você 
venha fazer ao iniciar o estudo desta disciplina. Você já deve ter se acostumado que, 
falando de filosofia, apresentamos muito mais perguntas do que respostas. Não que a 
filosofia não seja capaz de apresentar respostas, a questão é que ela não se contenta 
em fornecer, apenas, uma única resposta, pronta e acabada, por isso, quase sempre, 
ela se faz com múltiplas respostas. Eu penso que é por isso que ela, a filosofia, é tão mal 
vista e compreendida nos dias atuais. Em uma sociedade onde as transformações acon-
tecem com a velocidade da luz, que apresenta como meta o lema “tempo é dinheiro”, 
tudo o que mais nos preocupamos é se isso vai, de alguma forma, servir para alguma 
coisa, se terá alguma utilidade para o desenvolvimento acadêmico e profissional. Se 
você pensa algo parecido com isso, que esse conteúdo se baseia nisso, sinto muito em 
lhe dizer que esse não é, necessariamente, o objetivo da Filosofia.
Eu gostaria de apresentar a você dois motivos que esse conteúdo pode ser impor-
tante para sua vida profissional. O primeiro motivo se dá pelas razões que desejamos 
realizar um curso de Filosofia. Não buscamos uma formação acadêmica, apenas, para 
adquirir conhecimentos que não serão possíveis colocar em prática e colher algum 
fruto desse esforço, seja financeiro, seja algum tipo de reconhecimento pessoal. O 
segundo motivo vem completar o primeiro, pois, quando buscamos colocar em prática 
os conhecimentos adquiridos, aqui especificamente em uma graduação em Filosofia, 
não fazemos de forma isolada e sozinhos, fazemos em contato com outras pessoas, 
dentro de uma organização, que poderá ser: escolar, religiosa, política, social, empre-
sarial, entre outras. Por isso, compreender o espaço que cabe a filosofia dentro dessas 
organizações é fundamental para que possamos reivindicar, ainda mais, atuação da 
experiência filosófica e uma mudança estrutural diante dos desafios do século XXI. 
Adentrar o universo da Filosofia nas Organizações é a possibilidade de fazer uma 
filosofia prática, característica marcante do pensamento científico moderno. Outra opor-
tunidade está em expandir o espanto, atributo essencial do pensamento filosófico, o que 
permitirá a você a elaboração de novas críticas, tornando o elemento fundamental para 
que a sabedoria transforme as atitudes e amplifique seus horizontes de possibilidades. 
FILOSOFIA NAS ORGANIZAÇÕES
É fácil perceber que as inovaçõestecnológicas, aliadas ao potencial de interações 
causadas pela internet, junto ao poder da globalização, têm transformado, profunda-
mente, a relação do ser humano com seu trabalho, com os outros e consigo mesmo. É 
necessário decifrar os dilemas humanos presentes nessas transformações para conse-
guir equilibrar, da melhor forma, os aspectos que agregam a vida em sociedade e, es-
pecialmente, a vida que se desenvolve por meio da ligação do Homem ao seu trabalho. 
Quando reconhecemos as transformações provocadas pela Revolução Industrial, 
que influenciaram fortemente o progresso, mas também os retrocessos da humani-
dade, entendemos o motivo de estudar a filosofia dentro das organizações. A filosofia, 
como aquela capaz de apresentar uma linha mestre do conhecimento, direcionando, de 
forma crítica e coerente, todo o problema que dela se aproxima, não permanece alheia 
à necessidade de pensar e repensar esses ambientes que se relacionam diretamente 
com a vida de todos nós. 
Alguém já perguntou o que você estuda e, quando respondeu que estuda filosofia, 
percebeu que a pessoa ficou confusa, sem entender o que, realmente, faz alguém que 
estuda filosofia? Essa é uma situação que acontece bastante comigo. Por isso, com-
preender a filosofia que está inserida nas organizações é, também, a possibilidade de 
sustentar uma noção frente à filosofia, de que ela não está desconectada da nossa 
realidade e do mundo que nos cerca, mas, sim, permitirá a você descontruir alguns 
equívocos e estereótipos que fazem da filosofia, aqueles do tipo que filosofar é olhar 
para o céu e pensar sobre as nuvens ou, ainda, de que todo professor de filosofia é 
doido que não se preocupa com a vida, que não tem muito o que fazer.
Preparado(a) para começar o estudo sobre a Filosofia nas Organizações? Esse 
percurso terá acontecimentos históricos como ponto de apoio, aqueles que foram 
decisivos e influenciaram as transformações do pensamento filosófico e das próprias 
organizações pelo mundo. Se, em algum momento, sentir necessidade, volte, reveja 
alguns conceitos, questione, critique, aprofunde com leituras complementares se achar 
necessário, busque extrair, desse estudo, o máximo possível dos conteúdos, pois eu 
tenho certeza de que eles acrescentarão, de forma extraordinária, para o seu desen-
volvimento pessoal e profissional.
IMERSÃO
RECURSOS DE
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
3 4
5
REPENSANDO 
O PAPEL DA 
FILOSOFIA NO 
MUNDO DOS 
NEGÓCIOS
9
OS IMPACTOS 
DA QUARTA 
REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL
41
73
UTILIZAÇÃO DA 
INTELIGÊNCIA 
ARTIFICIAL: É 
POSSÍVEL EXISTIR 
MÁQUINAS 
PENSANTES? 
101
O PRAGMATISMO 
FILOSÓFICO NO 
BRASIL
133
A NECESSIDADE 
DE NOVAS 
COMPETÊNCIAS 
NO AMBIENTE 
DE TRABALHO
1Repensando o Papel da Filosofia no Mundo dos 
Negócios
Me. Julio Cesar de Paula Rodrigues
Caro(a) estudante, a partir de agora, você iniciará o estudo da filosofia 
nas organizações. Nesta primeira unidade, repensaremos o papel da 
filosofia no Mundo dos Negócios e a influência que a indústria cul-
tural exerce na construção social. Essa relação, que, aparentemente, 
parece pouco notável, tornar-se-á evidente ao passo que você com-
preender as ideias críticas ao pensamento instrumental, apresenta-
das pelos filósofos frankfurtianos Adorno e Horkheimer. 
UNIDADE 1
10
A principal dúvida, ainda nos anos finais da minha graduação em Filosofia, era se 
conseguiria um trabalho na minha área de formação, diante de tantas transforma-
ções tecnológicas que o mundo do trabalho estava passando. Será que teria algum 
sucesso financeiro com a filosofia, diante de toda sedução e perspectivas que outras 
áreas que estavam surgindo poderiam me proporcionar? Não faz tanto tempo que 
isso aconteceu, apenas um pouco mais de uma década atrás. Era um momento 
em que o acesso ao mundo da computação começava a ser mais difundido, e as 
possibilidades da internet banda larga eram uma realidade mais acessível a todos. 
Caro(a) aluno(a), talvez, você, também, já se deparou com essa mesma dúvida. 
Vivemos um momento em que as transformações tecnológicas parecem não dar 
mais espaço para o pensamento filosófico. Com a nova era do conhecimento, 
com o desenvolvimento da inteligência artificial, intensificada com as habilidades 
de análise dos algoritmos, a pergunta que, muitas vezes, fazemos é: a Filosofia, 
ainda, é necessária? Existe espaço para a Filosofia no contexto atual? Precisamos 
repensar a reputação construída sobre a ideia do que é Filosofia. Ao retomarmos 
a máxima socrática “só sei que nada sei”, percebemos que o objetivo do filósofo 
Sócrates não era se fechar aos pequenos problemas corriqueiros que os gregos 
estavam acostumados, mas estar aberto ao conhecimento na sua mais completa 
totalidade. Diante disso, caro(a) aluno(a), a pergunta que precisamos fazer não é 
mais sobre o que eu posso fazer com a filosofia, mas, sim, o que a filosofia pode 
fazer comigo. Convido você para, juntos, refletirmos sobre isso, vem comigo?
Você já deve ter percebido que nossa vida é orientada para o mundo do traba-
lho. Somos controlados pela hora de acordar e dormir, de comer, de sair de casa, 
sempre guiados para cumprir as exigências do trabalho. A roupa que vestimos 
é fruto do trabalho de alguém, e tudo o que nos cerca (prédios, cadeiras, mesas, 
computadores) passou pelas mãos de alguém. Diante disso, convido você a fazer 
uma pesquisa na web sobre as profissões mais requisitadas neste período de pós-
-pandemia. Além disso, amplie um pouco mais sua pesquisa, verificando quais 
são as habilidades interpessoais indispensáveis para responder à demanda dessas 
novas formas de trabalho. Faça uma lista em tópicos, ligando cada profissão com 
as habilidades interpessoais exigidas. Lembre-se de utilizar o Diário de Bordo 
para a resolução da sua pesquisa.
11
Desde o início da Revolução Industrial, no final do século XVIII, com o 
apogeu da máquina à vapor, a relação Homem versus trabalho é um problema 
que, ainda, precisa ser muito estudado. A mecanização do processo do trabalho 
iludiu os trabalhadores, fazendo com que acreditassem que conseguiriam mais 
liberdade e tempo de lazer com a família, mas não foi isso o que aconteceu, foram 
suprimidos por baixos salários e uma carga de trabalho exaustiva, ou seja, quem 
não fosse capaz de suportar uma jornada constante de 16 horas de trabalho era, 
simplesmente, descartado e substituído por outro funcionário. 
Descrição da Imagem: a figuraapresenta uma fotografia, em preto e branco, que mostra mulheres 
trabalhando em máquinas têxteis, inspecionando fios, na American Woolen Company, Boston, em 1910. 
No lado direito da foto, podemos observar uma mulher sentada em uma cadeira com o corpo e o rosto 
voltados para a esquerda, onde há uma máquina têxtil, um equipamento circular de metal onde há fios 
brancos em volta e, acima, um rolo de tecido branco preso em um equipamento de metal. À frente e à 
esquerda do maquinário, há vários rolos de tecidos brancos de vários tamanhos, de cima a baixo, da direita 
à esquerda. Acima, há uma roldana no teto que sustenta alguns fios brancos. Há vários maquinários do 
mesmo modelo até o fundo da foto, com cada mulher sentada em um maquinário.
Figura 1 - Revolução Industrial 
Pouco mais de dois séculos se passaram, e estamos vivenciando a quarta fase 
dessa Revolução, cada vez mais, sem tempo para a família, para o lazer, para o 
ócio. A própria casa passou a ser uma extensão do trabalho, e os trabalhadores 
UNICESUMAR
UNIDADE 1
12
tiveram que, cada vez mais, desenvolver novas habilidades, possuir o espírito de 
gestor/liderança/trabalho em equipe e ter mais equilíbrio emocional para ser 
capaz de trabalhar sob pressão. 
Outro fator que se intensificou ainda mais nesse período pós-pandemia é a 
forma de fazer compras. É muito mais comum as pessoas fazerem compras pela 
internet, impulsionando trabalhos por aplicativos, causando maior flexibilização 
dos moldes tradicionais de trabalho. Os trabalhos por aplicativos possibilitam ao 
trabalhador estabelecer sua própria meta salarial e fazer seu próprio horário de 
trabalho, e essa realidade parece ser uma novidade tecnológica que veio para ficar.
Repensar o papel da filosofia, diante dessa nova realidade, é fundamental. Se 
olharmos para a história da filosofia, perceberemos que é o filósofo Sócrates 
quem propõe uma forma de filosofia que não estivesse, apenas, preocupada 
com as técnicas do discurso, como faziam os sofistas, mas, sim, uma filosofia 
preocupada com a verdade, com os problemas concretos que influenciavam, 
diretamente, a vida dos cidadãos e o futuro da pólis.
13
A ironia, primeira fase do método socrático, pretende interrogar os conheci-
mentos prévios de quem se abre ao diálogo, com a pretensão de fazer com que o 
interrogado se desprenda dos falsos conhecimentos ou das ideias pré-concebidas, 
de forma que consiga reconhecer que muitas opiniões defendidas como certas 
são, no mínimo, duvidosas, quando não, totalmente, absurdas. Uma questão 
que Sócrates gostava de propor era se a virtude poderia ser ensinada por meio 
de exemplos virtuosos (WATANABE, 2006).
Podemos dizer que a ironia prepara o espaço para a realização da segunda 
fase, a maiêutica. A palavra maiêutica significa, em grego, parto. Sócrates utili-
za-se de perguntas para levar seu interlocutor, pouco a pouco, a reconhecer um 
conhecimento que estava dentro dele adormecido, podendo, assim, despren-
der-se de opiniões infundadas, para uma certeza possibilitada pelo percurso 
da argumentação. De forma mais simplificada, levando à luz o conhecimento, 
fazendo um parto de ideias.
UNICESUMAR
UNIDADE 1
14
É importante reafirmar a filosofia como responsável em desenvolver as bases 
do conhecimento racional para desfazer as falsas certezas que carregamos no 
momento presente. O que é a verdade? É fundamental que essa pergunta seja 
respondida diante de uma onda de desinformações que vivemos, ainda mais es-
timulada pelas várias formas de fake news, em que os sujeitos tenham adquirido 
um nível de ignorância nunca antes visto. É indispensável realizar uma análise 
sobre os limites da razão instrumental. 
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma fotografia de uma jovem sentada no sofá, com as mãos ta-
pando os ouvidos, e há vários braços em sua direção, segurando celular, tablet, computadores e megafone. 
Figura 2 - Excesso de Informações
O pensamento produzido pela Escola de Frankfurt, que tem, como principais responsá-
veis, os filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer, exerceu grande influência na filoso-
fia e nas ciências do século XX. Adorno e Horkheimer criaram o conceito de indústria cul-
tural, que apareceu, pela primeira vez, no livro Dialética do Esclarecimento, publicado em 
1947. O ponto principal dos filósofos frankfurtianos é o desenvolvimento de uma Teoria 
Crítica que avalia o desenvolvimento intelectual da sociedade contemporânea, incorpora-
da pela indústria avançada e pelo capitalismo cada vez mais latente.
 Fonte: adaptado de Adorno e Horkheimer (1985).
EXPLORANDO IDEIAS
15
É comum organizações, pequenas ou grandes empresas, como escolas, ongs e 
igrejas, fazerem uso da filosofia, para designar o conjunto de valores e regras que 
tal organização respeita e vê como fundamental para o desenvolvimento dos 
seus serviços ou produtos. Associar o pensamento filosófico a algumas práticas 
isoladas demonstra tamanho desconhecimento, pois representa, quase sempre, 
apenas uma mera jogada de marketing.
A “filosofia”, nesse caso, está mais relacionada ao objetivo de transmitir a seu 
público uma espécie de máscara, ao proceder de maneira superficial, estimulando 
suas práticas com atividades isoladas e politicamente corretas, propondo bonifica-
ções de metas aos melhores funcionários, ou utilizando-se de slogans de empresa 
amiga do meio ambiente ou, ainda, de ações que propõem ajudar os mais neces-
sitados da sociedade, com a pretensão de captar a credibilidade e a sensibilização 
das pessoas, na intenção de valorizar, ainda mais, seus produtos e sua marca. 
Outra tendência, potencializada nesse momento pós pandemia, é associar a 
filosofia a um tipo de “especialistas” do saber, capaz de auxiliar qualquer pessoa 
desprovida de maiores conhecimentos a desenvolver um infoproduto qualquer 
e elaborar uma estratégia de marketing para fazer vendas na internet e ganhar 
muito dinheiro. É a tendência cada vez maior de produzir necessidades para 
vender soluções. 
UNICESUMAR
UNIDADE 1
16
O uso, muitas vezes, equivocado da filosofia deve-se ao fato de que, no Brasil, 
a importância que é dada ao ensino de filosofia, na educação pública e privada, 
é de tamanho ínfimo. Se voltarmos ao passado, perceberemos que, com o início 
da Ditadura Militar no Brasil, a filosofia foi proibida nas escolas, voltando a ser 
obrigatória nos três anos do Ensino Médio, apenas, em 2008. É uma estrada 
ainda curta que a filosofia tem percorrido no Brasil, e a questão continua sendo 
a mesma: para que formar pessoas conscientes e reflexivas? Não é de hoje que 
a filosofia é vista como subversiva e perigosa diante das regras, na maioria das 
vezes, impostas nas sociedades.
Caro(a) aluno(a), que tal conversarmos um pouco sobre 
o campo de trabalho da filosofia? Quando eu estava na 
graduação, fazendo o curso de Filosofia, assim como você, 
interessei-me muito pelo curso e decidi que seria professor. 
Pensei nas possibilidades de levar o pensamento filosófico 
para a sala de aula e contribuir, ainda que minimamente, 
para a construção de uma sociedade melhor. Em seguida, 
decidi me inscrever no programa de mestrado, para, assim, 
poder estudar ainda mais e conseguir ampliar os horizon-
tes de trabalho. Em nosso bate-papo, posso contar a você 
mais sobre minha pesquisa e os desafios que encontrei. 
Convido-o(a), então, para essa roda de conversa!.
Mas qual é o espaço que a filosofia ocupa dentro de uma organização? Afinal, o 
que é uma organização? Com as mudanças econômicas iniciadas no final do 
século XX, sob a influência do pós-guerra, potencializou-se a criação de uma 
nova ordem mundial com ênfase na globalização e na internacionalização da 
economia. O mercado e o sistema financeiro começaram a ser controlados pelas 
grandes empresas multinacionais, com suas sedes espalhadas pelos vários con-
tinentes. Essa realidade forçou a criação de organizações internacionais, como, 
por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU), que tem objetivo de 
estabelecerum ambiente de paz mundial. De forma mais próxima da nossa rea-
lidade, podemos pensar em organização quando pensamos em uma escola, no 
ambiente político, no setor empresarial e, até mesmo, numa organização religiosa. 
Uma organização é pautada por princípios fundantes que estabelecem uma rela-
ção entre seus membros, podendo ser empregados assalariados ou voluntários; 
17
por aquilo que ela produz, dividido em produtos materiais e imateriais; e pela 
sociedade de pessoas a qual está inserida.
De forma bastante superficial, poderíamos pensar que a filosofia inserida 
nesse mundo das organizações poderia contribuir para que seus representantes, 
enriquecidos de reflexões, fossem capazes de tomar decisões mais assertivas e 
agir com mais sabedoria. Mas a filosofia, ao propor questionamentos, que são 
próprios do seu ofício, pode confrontar-se com essas organizações, podendo 
encontrar conteúdos de reflexão sobre a atividade humana e, também, sobre sua 
própria prática (PESQUEUX, 2008). 
Descrição da Imagem: a figura é uma fotografia que mostra dois bonecos, representando homens 
conversando. Eles vestem terno e gravata e estão em cima de um caderno aberto com folhas brancas. 
Próximo a eles, há cinco setas de vários tamanhos, apontadas para o lado direito. 
Figura 3 - Em busca de sentido
Caro(a) aluno(a), para realizarmos um bom estudo sobre a filosofia nas orga-
nizações, é preciso darmos um passo atrás, para sairmos da cortina de fumaça 
e conseguirmos enxergar a realidade de forma mais concreta. Pensar a filosofia 
em seu desdobramento ético atrelado ao mundo das organizações e suas 
práticas, talvez, seja um importante passo para a compreensão dos problemas 
atuais, possibilitando uma visão mais ampla, essencial e oportuna.
No pensamento de Platão, já havia uma proposta ética, ao pensar a organiza-
ção política e social da pólis, compreendendo que, para se alcançar uma cidade 
UNICESUMAR
UNIDADE 1
18
justa, os cidadãos deveriam se conhecer plenamente e viver de acordo com suas 
habilidades e necessidades, oferecendo o melhor de si e tomando, como base, 
a virtude. Platão entende que, para o bom funcionamento da cidade, é preciso 
que haja uma formação de todos os cidadãos, claro que, nesse período, é uma 
atividade exclusivamente voltada para os homens, em que cada um terá que des-
cobrir qual alma predomina dentro de si: de bronze, prata ou ouro. Aqueles que 
tivessem a alma de bronze seria responsável pela agricultura e pelos serviços de 
manutenção da pólis. Para quem possuísse a alma de prata, seria responsável por 
defender e proteger a pólis, pois esse teria a coragem. Para o que atingisse o último 
nível e fosse detentor da alma de ouro, seria o responsável pela administração da 
pólis, pois esse teria atingido a sabedoria da filosofia.
NOVAS DESCOBERTAS
Título: O Doador de Memórias 
Ano: 2014
Sinopse: o filme retrata a organização de uma sociedade que vive em 
um mundo aparentemente ideal, em que cada pessoa desempenha 
uma função para o bom funcionamento da cidade, designada a partir 
dos seus impulsos internos. Uma pessoa é encarregada de armazenar 
as memórias que foram apagadas dos outros cidadãos, como forma de 
poupá-los do sofrimento e, também, guiá-los com sua sabedoria. De 
tempos em tempos, essa tarefa muda de mãos e, agora, cabe ao jovem 
Jonas (Brenton Thwaites), que precisa passar por um duro treinamento 
para provar que é digno da responsabilidade. O filme relaciona a teoria 
platônica ao revelar a designação de várias classes de pessoas respon-
sáveis por manter uma boa organização social. Você poderá fazer os se-
guintes questionamentos: para Platão, quem é o mais capaz de pensar 
a administração da cidade? E, no filme, qual é a principal habilidade de 
quem é o administrador? Poderá pensar ainda: qual a importância do 
conhecimento e da memória?
Ainda no século IV a.C., Aristóteles avança no questionamento sobre a ética, 
iniciado pelo seu mestre Platão, e sistematiza esse campo de saber filosófico. Foi 
o primeiro a realizar uma organização dos saberes, estabelecendo dois campos 
do conhecimento: ciências teoréticas e ciências práticas. As ciências teoréticas, 
como o próprio nome diz, são teorias contemplativas, que não criam seus ob-
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jetos, pois se dedicam a pensar o que já existe. Nesse grupo, estão a metafísica, 
denominada filosofia primeira, e a física, subdividida em filosofia da natureza, 
biologia e psicologia.
Já as ciências práticas têm, como objeto, a própria ação humana. Nesse 
caso, o pensar e o agir estão intimamente conectados, pois focam no próprio ser 
humano. Nesse grupo, foram incluídas a economia, que cuida da administração 
da casa, a política, responsável pela gestão da cidade, e a ética, que trata da orga-
nização da vida. São três áreas integradas entre si, pois tratam das ações humanas, 
relativas às esferas da vida: familiar, coletiva e privada. 
A ética aristotélica estuda as ações humanas baseadas no caráter de cada 
um. Para Aristóteles, a inclinação natural de cada um viver é aprimorada com 
a ética, em outras palavras, é possível aprender a agir eticamente. Mas como é 
possível? Somos inclinados naturalmente a buscar o prazer e fugir da dor. É tarefa 
da ética educar os desejos desenfreados, evitando os vícios, para, assim, alcançar 
a virtude, por meio do exercício da prudência. Quanto maior for a reflexão sobre 
a finalidade de cada ação que praticamos, conduzindo nossos desejos para longe 
dos vícios, mais seremos prudentes, melhores e, consequentemente, felizes. A 
ética aristotélica reconhece a importância do hábito, pois, por meio da prática 
de exercícios virtuosos, aprendemos as virtudes éticas.
Tornamo-nos uma pessoa virtuosa à medida que agimos de forma racional e 
equilibrada, sem cair no excesso ou na falta. Todas as ações nos levam a um bem, 
e o supremo bem, aquele que está acima de todas as coisas, para Aristóteles, é a 
felicidade. E falando sobre a felicidade, ele a compreende como o próprio exercício 
da racionalidade humana, o que nos torna diferente de todos os outros animais.
Ainda falando em felicidade, frequentemente, relacionamos felicidade com 
o fato de possuir muito dinheiro. Não é, necessariamente, o dinheiro em si, mas, 
sim, aquilo que o dinheiro é capaz de comprar que poderá trazer felicidade. Para 
pensarmos um pouco, podemos propor a seguinte questão: será que o dinhei-
ro pode mesmo comprar tudo? À primeira vista, arriscamos afirmar que sim. 
Podemos comprar viagens para a Europa, carros importados, roupas de marca, 
celulares ultramodernos e o conforto de ter uma casa luxuosa com piscina e uma 
grande sala de cinema. Podemos, ainda, concluir que o dinheiro é capaz de pagar 
melhor tratamento de saúde, caso você tenha um problema mais grave e precise 
de cuidados intensivos. O dinheiro possibilita, também, pagar a melhor escola, 
com métodos inovadores e com total segurança e conforto para as crianças. 
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Vivemos uma realidade em que quase tudo pode ser comprado e vendido. Mas, para as 
organizações, vale tudo pelo dinheiro? Até que ponto os negócios podem controlar nossas 
vidas? Ao longo das três últimas décadas, o mercado financeiro tem controlado nossas vi-
das de uma forma nunca vista. A crescente ideologia de que o capitalismo é eficaz em gerar 
abundância e prosperidade faz com que os valores de mercado desempenhem um do-
mínio cada vez maior sobre todos os aspectos da vida humana. Mas como isso começou? 
Descrição da Imagem: a figura é uma fotografia de uma escultura do filósofo Aristóteles, em que pode-
mos ver o busto. Ele aparece de perfil, com a testa franzida, a barba pouco grande e cabelos ondulados. 
Um detalhe da imagem é que, na ponta do seu nariz, há uma pequena parte faltando.
Figura 4 - Aristóteles 
21
Há uma afirmação de que a falta de princípios éticos no mundo dos ne-
gócios se deve à ganância desenfreada, por parte de alguns executivos, que levou 
a uma irresponsávelbusca pelo lucro acima de qualquer coisa. A solução seria 
conter esse excesso de ganância do mercado financeiro, insistindo numa maior 
integridade e responsabilidade dos seus executivos, adotando regulações mais 
equilibradas (SANDEL, 2015). 
Ainda que apareça evidente, tudo indica que essa é uma constatação bastante 
fragmentada. As mudanças ocorridas nas últimas três décadas e os problemas sus-
citados por essas mudanças nos levam a olhar, com mais atenção, para o papel que 
o mercado ocupou nas esferas da vida pessoal, onde não devia fazer parte. O fato 
de decisões serem tomadas em torno de ganhar ou perder dinheiro não é espanto 
no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo. É só olharmos para o dilema 
criado pela pandemia. Entre ficar em casa, evitando o contato social por causa do 
vírus desconhecido, ou continuar trabalhando, mantendo o sistema de produção 
e, assim, a economia funcionando, qual é a decisão mais certa a se tomar? 
Precisamos esclarecer que as decisões do mundo dos negócios são feitas por 
pessoas. Pessoas essas que um dia foram crianças, passaram por uma escola, 
aprenderam, minimamente, alguns valores morais, mas, com o decorrer do tem-
po, por algum motivo, passaram a medir o que é bom, apenas pela perspectiva 
do lucro e da expansão dos seus negócios. 
O filósofo Nicolau Maquiavel já, há cinco séculos, compreendeu muito bem 
o valor do dinheiro na vida das pessoas. Ele orienta o príncipe que seja preferível 
ser temido, mas que tivesse cuidado para não despertar o ódio dos seus súditos, 
para isso, seria importante que o príncipe evitasse servir-se das mulheres e da 
herança de seus súditos, porque os homens esquecem mais facilmente a morte 
dos pais que a perda de seus bens (MAQUIAVEL, 2019). Será que é daí que vem 
aquele ilustre ditado popular: mulher e dinheiro não se emprestam? 
Talvez, você esteja se perguntando: porque devo me preocupar com o fato de 
as sociedades estarem avançando para uma realidade em que o poder de comprar 
é o mais importante? E, ainda mais, em seu íntimo, esteja pensando: mas esse 
professor que escreve gostaria de viver sem dinheiro para comprar o que precisa? 
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Caro(a) aluno(a), ninguém deseja uma vida cheia de sofrimentos e dificuldades 
para viver com o mínimo de dignidade. Por isso, estudamos, fazemos cursos, 
aprimoramos nossos talentos, empreendemos, pois esperamos que todos esses 
esforços possibilitarão melhor domínio sobre aquilo que desenvolvemos e nos 
proporcionarão maior retorno financeiro, ou seja, a possibilidade de maior con-
forto para nós e nossas famílias. 
O fato é que, numa sociedade em que tudo pode ser comprado, corremos 
o risco de reforçar a desigualdade e a corrupção. Ora, vejamos a desigualdade: 
viver em uma sociedade em que tudo está à venda é muito mais difícil para quem 
tem pouco dinheiro. Quanto mais forem as coisas que o dinheiro pode comprar, 
mais notável será a riqueza ou a percepção da falta dela (SANDEL, 2015). 
A corrupção é o segundo problema a ser potencializado em uma sociedade 
onde o dinheiro pode comprar tudo. A corrupção tem a ver com a tendência 
corrosiva dos mercados. Atribuir um preço a tudo aquilo que é bom pode fazer 
com que esse bem seja corrompido, pois o capitalismo não só distribui os bens, 
Descrição da Imagem: a figura é uma ilustração/montagem, na qual vemos duas mãos opostas, uma 
segurando um monte de moedas à esquerda, e outra segurando o globo terrestre à direita. No fundo, é 
possível ver nuvens escuras e a terra toda seca com rachaduras por falta de chuva.
Figura 5 - Vida x Dinheiro 
23
mas também promove determinadas atitudes em relação aos bens em circulação 
(SANDEL, 2015). 
Imagine que pudéssemos resolver o problema escolar, pagando um valor em di-
nheiro para cada tarefa que as crianças completassem com êxito. Copiou o conteú-
do do quadro, ganhou um real, realizou todos os exercícios, mais dois reais, resolveu 
toda a tarefa de casa, mais três e assim sucessivamente, como forma de compensar 
todo esforço da criança, uma forma de pagar para que a criança aprenda.
Para os economistas, essa seria uma boa solução para o problema escolar. 
Quando tratamos de dinheiro em uma sociedade regulada pelo capitalismo, os 
economistas partem do pressuposto de que os valores mercantis não excluem os 
valores morais, será verdade? Se olharmos com atenção, perceberemos que isso já 
acontece na realidade de nossas escolas, não em forma de dinheiro, mas em forma 
de média anual. A nota bimestral não deixa de ser uma forma de recompensa. A 
questão a se pensar é se esse modelo de recompensa cria alunos prazerosos e 
interessados a aprender cada vez mais ou, apenas, alunos cheios de um estímulo 
momentâneo, que se esgota na falta de recompensa? 
Outro exemplo é oferecer a alguém um vale-presente. Uma modalidade nova 
de presentear, quando há dúvida do que comprar, é o oferecimento de um cartão 
com determinado valor, em que a pessoa poderá escolher aquilo que mais lhe agra-
dar. Isso é uma enorme praticidade aos olhos dos economistas, pois, para quem tem 
dúvida do que a pessoa gostaria de ganhar, o vale-presente resolve esse problema, 
além de ganhar tempo e não precisar ficar horas na loja para escolher um presente.
O problema de fundo é justamente o tempo empregado para escolher algo 
que agradará a outra pessoa. Por mais que, ao escolher presentear alguém, utili-
zamos daquilo que nos é mais agradável, seja pela cor, seja pelo estilo que mais 
está sendo usado, quem escolhe dar um presente a alguém precisará se colocar 
no lugar do outro, reconhecer o gosto da outra pessoa, para, assim, poder pensar 
e escolher um presente que agradará, exclusivamente, a quem está recebendo. 
O fato é que não existe um consenso sobre os valores que merecem ser pre-
servados na sociedade. Para poder responder sobre o que o dinheiro pode e não 
pode comprar, precisamos decidir que valores devem orientar os vários aspectos 
da nossa vida social e cívica. Quando decidimos que determinados bens podem 
ser comprados e vendidos, estamos a dizer que tais bens podem ser tratados como 
mercadorias, como objeto de uso e de lucro. Um exemplo, para isso, é pensar na 
escravidão: os seres humanos eram tratados como mercadorias que podiam ser 
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compradas e vendidas em uma loja. É a total não valorização do ser humano que 
merece ser respeitada a sua dignidade e não ser visto como objeto de uso e lucro. 
Algo semelhante pode ser dito em relação à venda de órgãos humanos. Não con-
cordamos com a prática de compra e venda de órgãos, mesmo que seja para salvar 
vidas. É inconcebível essa prática, pois é uma escolha que deve partir da liberdade 
individual de cada um em poder escolher o que fazer com seus órgãos após a sua 
morte. Esses exemplos nos levam a pensar em todos os aspectos da vida que podem 
ser corrompidos, quando convertidos em mercadorias. Portanto, para decidir sobre 
quais domínios da vida o mercado pode agir e de onde deve se manter afastado, é 
preciso determinar o modo que devem ser valorizados os bens essenciais, como: 
vida familiar, saúde, educação, natureza, arte, deveres cívicos etc. Trata-se de questões 
morais e políticas, e não, meramente, econômicas (SANDEL, 2015). 
Caro(a) aluno(a), é fundamental, nesse ponto, esclarecer a absoluta diferença 
entre uma organização com base numa economia de mercado e uma organi-
zação em que predomina a sociedade de mercado. A diferença é, basicamente, 
que uma economia de mercado é uma ferramenta valiosa e eficaz, na organização 
da atividade de produção, enquanto uma sociedade de mercado é uma forma de 
vida em que os valores de mercado se infiltram em todos os aspectos da ativida-
de humana, fazendo com que as relações sociais sejam moldadas à imagem do 
mercado (SANDEL, 2015). 
NOVAS DESCOBERTAS
O vídeo The Story of Stuff (A História das Coisas) revela como as coi-
sas são produzidas pelas grandes indústrias e, depois, descartadas no 
meio ambiente. Apresenta aspectos econômicossobre o tratamento 
da riqueza natural e a vida das pessoas que fazem parte desse proces-
so de produção. Caro(a) aluno(a), esse vídeo o(a) ajudará a compreen-
der como a sociedade de mercado tem influenciado nossas decisões 
e moldado nossos comportamentos, alterando nossa relação com a 
natureza, com o trabalho e com as pessoas. 
Se pararmos um minuto e pensarmos como a nossa vida tem sido marcada pela 
sociedade do consumo, perceberemos que, desde o fim da Segunda Guerra Mun-
dial, estamos sendo, diariamente, bombardeados por anúncios publicitários na 
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televisão, por influenciadores digitais a todo momento, dizendo como devemos 
nos vestir, qual é a cor com mais tendência para o verão, o melhor modelo de ce-
lular. A internet conseguiu compreender aspectos fundamentais da vida humana 
e propor uma solução para tudo resolver. 
É, especialmente, sobre essa realidade que os filósofos Adorno e Horkheimer 
estabelecem uma profunda análise teórica, ao desenvolverem um pensamento 
crítico sobre como a sociedade capitalista, dominada pelo pensamento científico, 
passou a se desenvolver e influenciar a vida cultural.
Vamos pensar como somos influenciados pela tendência de nos tornarmos 
cada vez mais técnicos em alguma área do conhecimento. Cada vez mais, somos 
levados a acreditar que, quanto mais conquistarmos o título de especialista em 
uma área, mais teremos sucesso e muito mais retorno financeiro. De fato, se for-
mos buscar atendimento médico para resolver um problema de dor no joelho, 
após termos sofrido uma queda em uma partida de futebol, preferiremos um 
médico que seja o maior entendedor dos problemas causados no joelho, com a 
expectativa de que teremos o problema mais facilmente resolvido e sem sequelas.
É, realmente, difícil argumentar contra esse fato, pois, sem dúvidas, um 
médico que passou maior tempo estudando especificamente sobre joelhos será 
mais entendedor do problema, quando comparado a uma pessoa que estuda, 
por exemplo, doenças relacionadas à visão. O fato é que, em toda carreira, mas 
sobretudo nas profissões liberais, os conhecimentos especializados estão, via de 
regra, ligados a uma mentalidade de conformismo às normas, caindo facilmente 
a ilusão de que os conhecimentos especializados são os únicos que contam. Na 
verdade, faz parte do planejamento irracional dessa sociedade reproduzir, sofri-
velmente, as vidas de seus fiéis (ADORNO; HORKHEIMER, 1985).
Essa capacidade técnica de desenvolver especificamente um ofício, seja 
na área médica, seja na área do direito, seja na fabricação de automóveis ou pré-
dios, trouxe a convicção de que, quanto mais a humanidade progredir em conhe-
cimentos, mais ela terá a possibilidade de viver de forma esclarecida, sendo livre 
e responsável pelo seu destino, abandonando as superstições e a imaginação dos 
mitos, pelo saber científico (ADORNO; HORKHEIMER, 1985). 
Essa passagem do pensamento mitológico para o pensamento filosófico, 
iniciado pelos pré-socráticos, parecia um caminho sem volta. Com o desenvol-
vimento da escrita e da lei e, consequentemente, com a utilização da moeda e 
o desenvolvimento da democracia, houve a necessidade do pensamento grego 
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de buscar uma explicação sistematizada da realidade e, consequentemente, a 
superação do mito. A crença de que a razão seria capaz de superar os dogmas 
teve início com o próprio surgimento da filosofia. 
A proposta dos primeiros filósofos, Tales de Mileto, Parmênides e Heráclito, 
era a busca de um elemento universal (denominado arkhé, pelos gregos) na ten-
tativa de romper com a barreira estabelecida pelos mitos, que, ainda, insuficientes 
num primeiro momento, pudesse colocar a razão (logos) como ponto central, na 
possibilidade de pensar sobre a origem e a composição do kósmos. Mas foram 
os fundamentos da modernidade que potencializaram a valorização excessiva 
da ciência e sua aplicação a todos os campos da vida humana. Essa perspectiva 
teve origem com o positivismo, corrente filosófica iniciada por Augusto Comte. 
27
A novidade do pensamento comtiano é a formulação da “lei dos três esta-
dos”. Segundo ele, no primeiro estado, denominado teológico, predomina 
uma explicação dos fenômenos da natureza como resultado das forças divinas e 
sobrenaturais. Um exemplo que pode ser usado é a tentativa de explicar a chu-
va. Uma pessoa, nesse estado, tentaria fundamentar uma explicação baseada na 
ideia de que Deus é quem manda a chuva. O estado metafísico é a segunda fase 
desse processo defendido por Comte, em que as crenças e as forças sobrenaturais 
são substituídas por ideias abstratas adquiridas pela observação empírica e pelo 
uso de teorias racionais. Mas é no último estado, denominado positivo, que 
a humanidade estaria mais evoluída, porque utilizaria da relação causa e efeito 
para justificar o predomínio da ciência como guia do desenvolvimento da hu-
manidade em seu estágio de maturidade (COMTE, 1978). 
Descrição da Imagem: a figura é um desenho da bandeira do Brasil. Esta tem as cores verde, amarelo, azul e 
branco. No círculo central, está escrito “ordem e progresso”, lema inspirado no positivismo de Augusto Comte.
Figura 6 - Bandeira do Brasil 
Caro(a) aluno(a), você já ouviu falar em tecnociência? Esse termo passou a ser 
utilizado, a partir da segunda metade do século XX, para designar a relação entre 
o conhecimento científico e sua aplicação prática. Na origem da ciência moder-
na, está a vontade humana de conhecer, cada vez mais, a natureza e, a partir do 
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conhecimento adquirido, poder aplicar e utilizar esse conhecimento, de maneira 
que ele satisfaça os anseios e as necessidades da humanidade. 
O fato é que as descobertas científicas, na maioria das vezes, são financiadas 
por empresas que objetivam muito mais que respostas e soluções para o bem 
geral da humanidade. É o caso da corrida espacial, uma disputa da antiga União 
Soviética e dos Estados Unidos, que pretendiam demarcar uma hegemonia po-
lítico-econômica, numa disputa que visava chegar, primeiro, à Lua. Os Estados 
Unidos venceram a corrida espacial. E quais benefícios a humanidade teve com 
essa descoberta? Os americanos firmaram seu poder e sua força, ao cravarem sua 
bandeira na Lua, um domínio que sustenta até os dias atuais. Mas o que, de fato, 
melhorou na vida dos cidadãos americanos? 
Descrição da Imagem: a figura é uma fotografia que mostra um astronauta na Lua e uma bandeira 
dos Estados Unidos. Além disso, vemos um carro com equipamentos de exploração e uma nave maior.
Figura 7 - Chegada do Homem à Lua 
Atualmente, a corrida dos países desenvolvidos tem sido na produção de pesqui-
sas para compreender o vírus e produzir uma vacina contra a Covid-19. Diante 
de todos os benefícios que parecem resultar dessa descoberta científica, é inevi-
tável refletir se o utilitarismo da tecnociência, nesse caso, não está beneficiando, 
29
apenas, alguns grupos específicos, em vez de toda a humanidade. Questionar se 
os interesses econômicos e políticos estão sobrepondo os interesses coletivos, 
ao utilizar da ciência com objetivo exclusivamente do lucro, é tarefa da filosofia. 
O pensamento produzido pela Escola de Frankfurt, denominado Teoria Crí-
tica, atentar-se-á aos efeitos causados pela ciência moderna nas transformações 
sociais e econômicas e, principalmente, à influência que a ciência passou a ter, 
diretamente, na vida da classe trabalhadora. Com o avanço dos meios de comu-
nicação e a criação da internet, o desenvolvimento e a divulgação de uma nova 
teoria passaram a ser possíveis quase de forma simultânea. A questão central 
da crítica elaborada por Adorno e Horkheimer é a disposição massificadora da 
indústria cultural e sua capacidade de gerar uma espécie de “docilidade” da classe 
trabalhadora cada vez mais dominada pelo pensamento capitalista. 
A eficiência da indústria cultural, com seus mecanismos de propagação da 
ideologia dominante tão eficaz,é “capaz de disseminar bens padronizados 
para a satisfação de necessidades iguais” (ADORNO; HGORKHEIMER, 1985, 
p. 100). Isso revela porque os padrões são aceitos com naturalidade, e o 
sistema de comunicação de massa (que, no período dos frankfurtianos, era o 
cinema, a televisão e o rádio e, hoje, é a internet) consegue gerar um de ma-
nipulação e de necessidades que precisa se retroalimentar constantemente. 
É só olharmos para qualquer programa de televisão/rádio ou programas na in-
ternet, que são mais acessados nos dias atuais, e vermos que os principais interes-
ses dos seus idealizadores são o entretenimento e a venda de produtos dos seus 
anunciantes. Até mesmo os telejornais, que levam algum tipo de informação e 
conhecimento, não deixam de usar uma estratégia sensacionalista e impactante 
com a mera intenção de reter o seu público o mais tempo possível. Não existe 
espaço para discussão e debates nos meios de comunicação de massa. Perceba o 
que, normalmente, acontece: quando é noticiado algo muito ruim que aconteceu, 
como, por exemplo, a alta taxa de desemprego no Brasil, logo em seguida, já se 
tem uma notícia positiva, quase como função de anestesiar a dor e a reflexão. 
Uma outra tendência que a padronização provoca é a produção em série. Nos 
dias atuais, quando falamos em série, logo vem à cabeça os seriados no Netflix 
que tratam de algum assunto específico em vários episódios, alguns nunca ter-
minam, toda hora, começa-se um novo. Ainda que seja bom exemplo para os 
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dias atuais, não é, exatamente, sobre isso que a crítica se atenta. A questão pas-
sa pelo consentimento por parte dos trabalhadores, que, no período inicial da 
Revolução Industrial, organizaram-se como resistência e luta contra as normas 
impostas, mas, com a gênese da indústria cultural, passaram a aceitar, com total 
naturalidade e desejo, todos os padrões que lhes fossem oferecidos. 
É como imaginar viver sem ter um smartphone. Já parou para pensar quanta 
padronização é causada pelo uso diário do smartphone? Para começar, a forma 
de se comunicar. Quase que unicamente a comunicação acontece por mensa-
gens, são poucas ligações por voz onde se consegue revelar a entonação da voz 
e expressar, mais nitidamente, algum sentimento. Depois, vêm as redes sociais, 
que servem como uma janela, onde precisam ser mostrados os acontecimentos 
diários por meio de post e storys, sempre baseados em outros padrões, para que 
o maior número de pessoas esteja, cada vez mais, engajado e seguindo aquele 
conteúdo, que não deixa de ser um padrão. 
Descrição da Imagem: a figura é uma montagem com oito fotografias, na qual vemos, lado a lado, quatro 
mulheres, três homens e uma criança, que estão olhando, com aparência alegre, para o celular que está 
em suas mãos.
Figura 8 - Conectados 
Uma objeção é a possibilidade de fugir dos padrões porque somos dotados da 
liberdade de escolha. Essa convicção, alerta Adorno e Horkheimer, não passa 
de uma ilusão para que seja possível sustentar a concorrência entre as grandes 
fabricantes (ADORNO; HORKHEIMER, 1985). É como pensar nas várias mar-
31
cas de smartphone que existem, suas diferenças internas são quase invisíveis, 
normalmente, recebem os mesmos componentes eletrônicos e estes são monta-
dos na mesma fábrica. O diferencial entre uma marca e outra é um design mais 
arrojado, a cor, o tamanho da tela, o que expressa algumas pequenas diferenças, 
visualmente falando, dando, assim, a certeza de que foi utilizado de toda liber-
dade na escolha de tal modelo de smartphone. 
Outros produtos muito disseminados pela indústria cultural são os filmes 
e, exclusivamente, no Brasil, a telenovela. Os filmes, em específico, possuem 
um roteiro qualquer, mas preenchido de efeitos sonoros e visuais, o que facilita 
a assimilação da sua trama com a vida do espectador. O filme não deixa mais 
à fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na qual esses 
possam, sem perder o fio, refletir sobre a obra, permanecendo, no entanto, livres 
do controle de seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme adestra o 
espectador entregue a ele, para se identificar, imediatamente, com a realidade 
(ADORNO; HORKHEIMER, 1985).
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Com as telenovelas, não é diferente. Suas histórias são marcadas por aconte-
cimentos que se assemelham aos acontecimentos comuns na vida do espectador, 
revelando como a “sociedade industrial instalou suas ideias e produtos na cer-
teza de que até mesmo os distraídos vão consumi-los atentamente” (ADORNO; 
HORKHEIMER, 1985, p. 104). Um exemplo, para isso, é o esmalte vermelho que 
a atriz principal da novela usa, é impossível não o reparar. Assim, aquela mulher 
que acorda cedo, vai para o trabalho, volta, no final do dia, para casa, busca os 
filhos na escola, prepara o jantar e, com o pouco tempo que tem livre, deita no 
sofá e liga a televisão para assistir à novela, ao se deparar com a história, identi-
fica-se com algum aspecto, mas o que mais chama sua atenção é o esmalte que a 
atriz está usando. Na primeira oportunidade que tiver, comprará um esmalte da 
mesma cor para se sentir ainda mais parecida com a atriz da novela. 
Adorno e Horkheimer chamam a atenção para o valor absoluto da imita-
ção, difundido pelos instrumentos da indústria cultural. Os teóricos se prendem 
ao fator relevante que a arte propagada nas mais diversas formas influencia, di-
retamente, a construção de um modelo social que se reconhece nos padrões, 
abomina o diferente e estabelece regras gerais a serem seguidas. A própria ideia 
de beleza construída pela indústria cultural é uma noção que precisa ser re-
pensada. A pergunta: o que é uma pessoa bela? Comumente, será respondida 
de acordo com alguns padrões que são imitados de acordo com determinado 
consenso do grupo. 
Mas o que está em jogo é a significação que esses modelos possuem dentro dos 
mecanismos da indústria cultural. Quem são os personagens que fazem as propa-
gandas publicitárias na televisão? Quem é o personagem principal de uma famosa 
produção cinematográfica? São aqueles que fogem à regra do conjunto de elementos 
de imitação? São homens e mulheres fora dos padrões estipulados pelo consumo? 
Pensar sobre algumas questões relacionadas ao gosto, sugere um leviano e 
corriqueiro argumento de que gosto é uma coisa que não se discute, cada um 
tem o seu. De fato, discutir qual sabor de sorvete é melhor, abacaxi ou limão, de-
penderá, exclusivamente, de quem esteja consumindo o sorvete. No meu caso, o 
limão é mais gostoso. E não me peça para explicar o porquê. A forma de debater 
sobre a cor mais bonita é algo que vai ficando mais complexo. Como justificar que 
eu prefiro azul, e não verde? Talvez seja pelo fato de que, desde muito pequeno, 
tenha usado roupas e brinquedos em que predominava o azul. De fato, a cor está 
33
relacionada a um processo de construção social. Mas não vamos nos prender a 
essa questão de gênero, pelo menos, não nesse momento. 
As questões relacionadas ao gosto estão, intimamente, relacionadas ao con-
ceito de beleza. E aí, novamente, caímos na tentação de dizer que beleza é uma 
coisa que não se discute, pois cada um tem a sua. Perceba que, nesse simples 
argumento, estão implícitas as ideias da indústria cultural, que dizem sermos 
totalmente livres para escolher, mas, no fundo, somos condicionados a escolher 
de acordo com os padrões pré-estabelecidos. 
É como entrar em uma loja de sapato e dizer: tenho a liberdade para escolher 
o sapato que eu quiser. Mas o que não é notado é o fato de que só é possível es-
colher um sapato, entre aqueles que foram projetados por um design de moda, 
produzido em uma fábrica e colocado na vitrine da loja para que eu pudesse 
escolher. O que mudará de um para o outro é algum detalhe da cor, o tipo de 
material que foi utilizado ou algum pequeno outro detalhe que foi colocado que 
agrada mais aquele que esteja escolhendo. As questões se o sapato é confortável, 
faz bem aos pés e diminuio impacto ao caminhar aliviando as dores da coluna 
são perguntas que sequer ficam para um segundo plano. 
Caro(a) aluno(a), esse mesmo exemplo do sapato pode ser utilizado com 
qualquer outro produto que compramos e utilizamos, diariamente, em nossa 
vida. Uma casa, um carro, a cadeira que sentamos para trabalhar e o colchão 
que utilizamos para dormir são, apenas, alguns artigos que passaram pela minha 
cabeça. Assim, a indústria cultural assume a principal ferramenta do pensamento 
liberal e um serviço à classe burguesa. Suas categorias e conteúdos são provenien-
tes da esfera liberal, que visam domesticar e naturalizar toda a produção cultural. 
Imaginar ficar de fora é quase impossível. Agora, pense: como um músico sobre-
viveria fora desse ciclo industrial? Existe vida fora mesmo que se tenha muito 
talento? Dificilmente, conseguiria. Como conseguir divulgar suas músicas fora 
da indústria cultural? Com toda certeza, incríveis músicos vivem no anonimato 
e no silêncio, pois vivem fora da grande mídia. 
O sistema da indústria cultural é mais, fortemente, reconhecido em países 
com uma economia liberal, pois encontra forças financeiras e estímulos varia-
dos em todos os seus ramos, sobretudo no cinema, no rádio e, hoje, de forma 
ainda mais marcante, na internet. O modelo norte-americano é bom exemplo. 
Os principais estúdios cinematográficos estão nos Estados Unidos. A produção 
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abundante de filmes e músicas é referência para as produções artísticas do mundo 
todo, inclusive do Brasil.
No período em que Adorno e Horkheimer estabelecem suas críticas à indús-
tria cultural, identifica-se que os consumidores eram os trabalhadores, os em-
pregados, os lavradores e os pequenos burgueses. A produção capitalista é capaz 
de manter bem preso em corpo e alma que eles consomem sem resistência tudo 
o que lhes é oferecido. Obstinadamente, insistem na ideologia que as escraviza. 
O amor funesto do povo pelo mal que a ele se faz chega a se antecipar à astúcia 
das instâncias de controle (ADORNO; HORKHEIMER, 1985). Essa realidade 
não é diferente dos dias atuais.
Uma característica de quem consome, regularmente, os produtos culturais 
é a atitude de se contentar com a reprodução sempre da mesma forma. A 
mesmice é o modo que regula as relações com o que passou. O que é novo, na 
fase da cultura de massas, em comparação com a fase do liberalismo avançado, 
é a exclusão do novo. A máquina gira sem sair do lugar e, ao mesmo tempo que 
já determina o consumo, ela descarta o que, ainda, não foi experimentado, pois é 
um risco, pois só a vitória universal do ritmo da produção e da reprodução me-
cânica é a garantia de que nada mudará, de que nada surgirá que não se adapte. 
O menor acréscimo ao inventário cultural comprovado é um risco excessivo 
(ADORNO; HORKHEIMER, 1985).
Se olharmos para a produção musical do Brasil nos últimos 30 anos, per-
ceberemos que pouca coisa mudou. O estilo sertanejo, que teve início com as 
histórias do povo do sertão, contadas ao som da viola, foi, aos poucos, recebendo 
novas roupagens, com estilos mais românticos e dançantes, chegando, mais recen-
temente, ao estilo conhecido como sertanejo universitário, um estilo de sertanejo 
consumido por pessoas mais jovens com letras que retratam questões corriqueiras 
da vida, não mais dos povos do sertão, mas, agora, das grandes cidades.
Na indústria cultural, todavia, permanece a indústria da diversão. Seu controle 
sobre os consumidores é mediado pela diversão, e não é por um mero decreto que 
essa acaba por se destruir, mas pela hostilidade inerente ao princípio da diversão 
por tudo aquilo que seja mais do que ela própria. Como a absorção de todas as 
tendências da indústria cultural na carne e no sangue do público se realiza por 
meio do processo social inteiro, a sobrevivência do mercado, nesse ramo, atua, 
favoravelmente, sobre essas tendências (ADORNO; HORKHEIMER, 1985).
35
A indústria cultural não consegue dar explicações coerentes sobre as diversas 
questões sociais e, muito menos, apontar algum sentido para a própria existência 
humana. Ela se sustenta no vazio e na busca incessante por um tipo de prazer 
efêmero, alimenta-se no próprio vazio que produz. Os anúncios publicitários são 
bons exemplos disso. A todo momento, ouvimos dizer que o nosso cabelo não 
está bonito, nossas roupas estão fora de moda e precisamos consultar um personal 
stylist para melhorar a nossa imagem. Assim, trocamos de estilo de roupas, com-
pramos um relógio novo, que combina com a roupa e se conecta com o celular, 
assim, sentimo-nos um pouco mais felizes, até necessitarmos de um novo produto. 
A indústria cultural, porém, reflete a assistência positiva e negativa dispen-
sada aos administrados, como solidariedade imediata dos homens. Ninguém é 
esquecido, todos estão cercados de vizinhos, assistentes sociais, auxílios gover-
namentais, que intervêm, bondosamente, junto a cada pessoa, para transformar 
a miséria perpetuada, socialmente, em casos individuais curáveis. 
Descrição da Imagem: a figura é um desenho que mostra, à direita, uma caricatura do personagem 
Charles Chaplin, nas cores preto e branco, segurando uma bengala. No lado esquerdo, vemos a imaem 
de uma câmera de vídeo antiga, na cor branca, filmando o personagem. Da câmera, sai há uma cor branca 
que se expande e foca na figura do ator.
Figura 9 - O filme da vida real
UNICESUMAR
UNIDADE 1
36
 “ A manutenção de uma atmosfera de camaradagem segundo os princípios da ciência empresarial – atmosfera essa que toda fábrica se esforça por introduzir a fim de aumentar a produção – coloca sob 
controle social o último impulso privado, justamente na medida em 
que ela aparentemente torna imediatas, reprivatiza, as relações dos 
homens na produção (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 123). 
Caro(a) aluno(a), estamos chegando ao fim da primeira unidade da disciplina 
Filosofia nas Organizações. Você teve a oportunidade de conhecer alguns con-
ceitos sobre o papel da filosofia no mundo dos negócios. No início da unidade, 
foi proposto que você fizesse uma pesquisa sobre as profissões mais requisitadas 
nos últimos anos, em especial nesse período pós-pandemia. Sem dúvidas, as 
profissões que tiveram maior crescimento de procura são aquelas relacionadas 
à tecnologia da informação. É uma realidade crescente, potencializada pelas des-
cobertas científicas desse século. As habilidades que esses trabalhos exigem são 
as mais variadas e, em grande parte, estão relacionadas à gestão e à manipulação 
de supercomputadores e smartphones.
Toda essa inovação tecnológica vem carregada de “facilidades” para resolver 
os problemas do dia a dia, mas também com muitos pontos ideológicos que pre-
cisam ser analisados com bastante atenção. Esse conjunto de matéria ideológica 
é levado todos os dias para as escolas, passam para as crianças, chegam até as 
famílias, manifestam nas relações sociais. Aqui, encontra-se o papel da filosofia 
e de todos nós, estudantes e amantes do saber. Não podemos negar grandes feitos 
que todo o conhecimento científico tem alcançado, mas não é possível fechar os 
olhos para as grandes injustiças que estamos vivendo. 
Já tivemos grandes descobertas do espaço, e não vai demorar muito para que 
aquelas pessoas mais abastadas façam um passeio rápido até a Lua. Ao mesmo 
tempo, é espantosa a quantidade de catástrofes que estamos vivendo, a pandemia 
é um exemplo mais recente, mas a devastação da natureza, o aquecimento global, 
a intolerância religiosa e a polarização na política são questões que parecem não 
ser fáceis de resolver. 
A Teoria Crítica de Adorno e Horkheimer, pensada e escrita há, pelo menos, 
70 anos, parece ser uma previsão de tudo o que estamos vivenciando hoje. A 
ciência com toda sua tecnologia tem conseguido criar aviões superpotentes, pré-
dios tão altos e exuberantes que chegam até as nuvens, mas, ainda, não consegue 
responder a questões existenciais tão frequentes, como: qual é o sentido da vida? 
37
Com tanta tecnologiaque já possuímos, não dá para fazer algo para acabar com 
a desigualdade no mundo? São essas e outras questões que a filosofia precisa 
retomar e, com esse mundo cheio de mudanças, sua tarefa é, em todas as noites, 
desconstruir suas verdades e certezas, para poder reconstruir ao amanhecer. 
Somos os responsáveis por fazer da filosofia um conhecimento acessível a 
todos que a ela se deixar envolver. É evidente que as forças ideológicas vão dizer 
que não existe mais espaço para a filosofia e a tecnologia produzirá toda a ra-
cionalidade, e essa poderá ser programável como qualquer sistema de compu-
tador. Assim como Descartes, eu duvido dessa possibilidade, até porque, até o 
momento, não existe uma máquina que se produz sozinha. É essencial que um 
ser humano, mesmo que esteja movido pelas piores intenções, utilize-se da sua 
racionalidade ou irracionalidade para criar uma bomba atômica. 
Nossa tarefa é conduzir aqueles que estão à nossa volta. Para aqueles que 
escolherem o espaço acadêmico ou escolar, talvez, seja um pouco mais fácil e, 
para quem se enveredar por qualquer outro espaço de trabalho, terá a certeza 
de que a filosofia auxiliará para que, mesmo que em proporção pequena, as to-
madas de decisões sejam éticas e, com o auxílio de Aristóteles, a felicidade seja 
a meta e seja para todos. Eu sei que é uma visão muito otimista da minha parte. 
Os filósofos Adorno e Horkheimer seriam bem mais pessimistas em relação ao 
que o sistema capitalista construiu. Da minha parte, pode até parecer uma visão 
individualista, mas, constantemente, refaço a mesma pergunta: o que a filosofia 
pode fazer comigo? 
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Caro(a) aluno(a), realizada a análise crítica sobre o papel da filosofia no mundo dos 
negócios, agora, é o momento de colocar esse aprendizado em prática! Leia as ques-
tões a seguir e as responda com base no que foi estudado até aqui. Vamos lá? 
1. A maior parte das pessoas diria que, sim, existem coisas que o dinheiro não pode 
comprar. Considere o caso da amizade. Suponha que quer ter mais amigos do que 
aqueles que já tem. Tentaria comprar alguns? Certamente, não, bastaria um mo-
mento de reflexão para perceber que não resultaria. Um amigo comprado não é o 
mesmo que um amigo verdadeiro. De certa forma, o dinheiro que compra a amizade 
dissolve-a ou transforma-a noutra coisa (SANDEL, 2015). 
De acordo com o pensamento de Sandel (2015), é correto afirmar que: 
a) Comprar a amizade não é permitido, ainda que, nas redes sociais, é justificável a 
compra para demonstrar mais credibilidade aos negócios.
b) O dinheiro transforma a amizade em relacionamentos sérios, por exemplo, quan-
do a amizade é entre um homem e uma mulher.
c) É importante ter muitos amigos, principalmente, com o estímulo das redes sociais.
d) O dinheiro só não pode comprar a amizade, todas as outras coisas ele pode 
comprar.
e) O dinheiro dá a sensação de que pode comprar tudo, até mesmo, amizades 
verdadeiras, mas isso é uma ilusão, pois uma verdadeira não pode se basear em 
valores econômicos. 
2. Você já deve ter ouvido frases, como: “todo mundo tem seu preço”, “o mundo dos 
negócios é uma selva” e “toda empresa tem em vista, apenas, o lucro”. Essas afirma-
ções, e muitas outras, estigmatizam o mundo dos negócios, entendido como espaço 
em que vence a força do dinheiro e onde tudo é permitido, embora, timidamente, 
já existem empresas que admitem ser possível conciliar lucro e ganhos sociais, de 
modo que se estenda o compromisso a todos os que estão a elas vinculados (ARA-
NHA, 2016).
ARANHA, M. L. de A. Filosofando: introdução à filosofia. 6. ed. São Paulo: Moderna, 
2016. 
Sobre a ética no mundo dos negócios, é correto afirmar que:
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a) É comum as empresas assumirem um compromisso com seus funcionários, 
principalmente em campanhas publicitárias, mesmo que, na prática, não melhore 
os salários e as condições de trabalho.
b) O compromisso com os consumidores acontece pela busca de credibilidade e 
produtos confiáveis, às vezes, é necessário que as empresas ofereçam produtos 
mais baratos com qualidade inferior, pois o importante é a venda. 
c) A prática de concorrência desleal é comum no mundo dos negócios, e ela se 
justifica na necessidade de se manter no mercado.
d) É possível conciliar lucro e compromisso com a comunidade e o meio ambiente. 
A ética nos negócios se conduz, cada vez mais, para uma reflexão dos problemas 
sociais e uma produção limpa que se preocupa com as pessoas.
e) Para uma empresa se desenvolver, é necessário causar algum impacto ao meio 
ambiente, sendo permitidos, por exemplo, o desmatamento e o descarte de re-
síduos tóxicos no solo.
3. Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros 
e empresários, que tampouco desenvolveu uma fineza de sentido para os desvios 
espirituais. Todos são livres para dançar e se divertir, do mesmo modo que, desde a 
neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inú-
meras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção 
econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é 
sempre a mesma coisa (ADORNO; ADORNO; HORKHEIMER, 1985). 
A nossa liberdade de escolha, de acordo com o texto, é um(a): 
a) Ilusão da contemporaneidade.
b) Possibilidade emancipatória.
c) Patrimônio político e religioso.
d) Produto da moralidade artística.
e) Conquista da civilização humana.
2Os Impactos da Quarta Revolução 
Industrial
Me. Julio Cesar de Paula Rodrigues
Caro(a) estudante, a partir de agora você iniciará o estudo referente 
à Quarta Revolução Industrial. Nesta segunda unidade, refletiremos 
sobre as transformações sociais, econômicas e políticas provocadas 
pela Primeira Revolução Industrial e seus impactos sobre o advento da 
quarta fase dessa Revolução. A importância de retomar os aconteci-
mentos históricos se dá pela necessidade de compreender as concep-
ções filosóficas dos teóricos contratualistas, responsáveis por elaborar 
as bases conceituais sobre as origens da formação da sociedade mo-
derna. Para sustentar uma posição de evolução e progresso, propondo 
fundamentos sobre a importância da Revolução Tecnológica do século 
XX, utilizaremos os conceitos do filósofo francês Pierre Lévy.
UNIDADE 2
42
Em um dia desses, eu e minha filha, de, apenas, cinco anos de idade, estávamos 
brincando em um parque público, no centro da cidade, e fazia muito sol e calor. 
Passados poucos minutos do início das nossas atividades físicas, minha filha fez 
um pedido: “papai, estou com muita sede, quero beber água”. Saímos à procura de 
um lugar para beber água e, na falta de uma torneira pública em que pudéssemos 
saciar a sede, fomos até um pequeno mercado ali mesmo, próximo ao parque. 
Para a nossa surpresa, quando chegamos na porta de entrada do mercado, não 
avistamos nenhum funcionário lá dentro trabalhando, apenas uma placa, pró-
ximo à porta, com a seguinte orientação: senhores clientes, baixe o aplicativo do 
mercado, cadastre seu cartão de crédito, pegue o que desejar, coloque na sacola 
e pode sair, a conta será debitada diretamente do seu cartão. 
Caro(a) aluno(a), talvez, você já tenha passado por uma situação parecida, se 
não, provavelmente, em algum momento passará. Essa modalidade de serviços 
com autoatendimento, associada à implantação de novos aplicativos, com o au-
xílio do monitoramento de câmeras de vigilância, é uma realidade cada vez mais 
presente, principalmente nos grandes centros. Talvez, quando você passar por 
essa situação, faça as mesmas perguntas que eu fiz: será cobrado o valor correto 
dos produtos que eu colocar na sacola? Sem funcionários trabalhando, será que 
os produtos são mais baratos? Se todos os mercados tiverem essa mesma prática, 
o que acontecerá com tantas pessoas desempregadas? Será que a tecnologia traz 
melhorias ou problemas para a vida humana? 
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Convido você a iniciar esse percurso e compreender os principais impactos 
sociais causados pela QuartaRevolução Industrial. Para ampliar os horizontes, 
peço a você que faça uma pesquisa na web sobre o período histórico e as prin-
cipais descobertas que cada fase da Revolução Industrial produziu. Organize as 
informações colocando o período histórico em que aconteceu e os principais 
fatores de transformações sociais, econômicas e políticas que ela provocou. Lem-
bre-se de utilizar o Diário de Bordo para a resolução da sua pesquisa.
Cada fase da Revolução Industrial produziu marcas e transformações signi-
ficativas. A primeira, iniciada em 1776, quando James Watt criou a máquina a 
vapor, impactou, diretamente, o modo de produção e a ascensão de uma nova 
classe social, a burguesia. A Revolução Industrial chegou à sua quarta fase, nos 
anos 2000, com o desenvolvimento e a ampliação da capacidade de computação e 
combinação de tecnologias físicas, digitais e biológicas. Ela alterou suas implica-
ções, inicialmente mais relacionadas ao mundo do trabalho, estendendo-se para 
questões ambientais, sociais, econômicas, políticas e, principalmente, éticas. Uma 
pergunta que precisamos fazer é: temos condições de enfrentar essas mudanças, 
aproveitando todo seu potencial tecnológico, mas sem esquecer o desenvolvi-
mento sustentável e o pensamento ético? 
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A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, no século XVIII, causou profundas 
mudanças no mundo todo, e isso não é novidade para ninguém. Podemos dizer, 
de forma bastante resumida, que a primeira Revolução Industrial se caracterizou 
pelo desenvolvimento da máquina a vapor, que transformou o modo de vida da 
humanidade. Nesse período, houve a expansão do comércio, e a mecanização 
possibilitou maior produtividade e, consequentemente, o aumento dos lucros. 
As indústrias expandiram-se, criando, então, um cenário de progresso constante. 
As descobertas possibilitaram que máquinas, trens e navios potencializassem 
seus mecanismos, favorecendo melhor escoamento da matéria-prima utilizada 
nas indústrias e facilitando o deslocamento de consumidores e a distribuição 
dos bens produzidos.
As quatro fases da Revolução Industrial
1º
Revolução industrial 
2º
Revolução industrial
3º
Revolução industrial
4º
Revolução industrial
Introdução da máquina
a vapor 
Introdução da energia
elétrica
Desenvolvimento de
semicondutores,
mainframes,
computadores pessoais
e internet
Crescimento exponencial
da capacidade de
computação e combinação
de tecnologias físicas,
digitais e biológicas
Séculos 18 e 19 Século 19 e começo
do século 20
Início em 1960 Anos 2000
Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho que representa as quatro fases da Revolução 
Industrial. A primeira fase, marcada pela introdução da máquina a vapor, é representada por desenho 
de uma máquina a vapor; a segunda, marcada pela descoberta da energia elétrica, é representada por 
um plug elétrico azul; a terceira, caracterizada pelo desenvolvimento de semicondutores, computadores 
pessoais e internet, é representada por um desenho de um chip de computador; por fim, a quarta fase, 
marcada pela combinação de tecnologias físicas e digitais, é representada por um desenho de DNA.
Figura 1 - As Quatro Fases da Revolução Industrial / Fonte: o autor. 
45
Os principais avanços tecnológicos nessa fase foram: o uso do carvão como 
fonte de energia para a máquina a vapor; o desenvolvimento da máquina a vapor e a 
criação da locomotiva; a invenção do telégrafo; e o aparecimento de indústrias têx-
teis. As primeiras máquinas que surgiram na Inglaterra buscavam soluções para 
o mercado têxtil. Com a possibilidade de tecer fios com velocidade muito maior 
que o processo manual, essas máquinas possibilitaram o aumento da produção de 
tecidos, de forma significativa. Com o tempo, esse desenvolvimento espalhou-se 
para outras áreas de produção e para outras partes do mundo, surgindo a indústria, 
e as transformações causadas por ela possibilitaram a consolidação do capitalismo. 
Mas porque tudo isso começou na Inglaterra? O pioneirismo da Inglaterra 
deu-se a partir de uma junção de fatores. Podemos destacar a Revolução Glo-
riosa, em 1688, que marcou o fim do poder absolutista e deu início ao período 
da monarquia constitucional, caracterizada pela limitação do poder real. Esse 
acontecimento é determinante para a ascensão da burguesia como classe social 
e política. Com isso, os burgueses passaram a tomar uma série de medidas para 
beneficiar os seus negócios.
A revolução converteu o país em uma monarquia constitucional parlamentarista, 
na qual o poder do rei estava submetido ao Parlamento. Desse modo, a burguesia, 
consolidada no poder, começou a tomar medidas para atender a seus interesses eco-
nômicos. A economia inglesa já havia sido beneficiada por uma medida tomada 
pelo estadista inglês Oliver Cromwell (HOBSBAWM, 2010). 
Em 1651, Oliver Cromwell decretou os Atos de Navegação, 
uma lei que determinava exclusividade aos navios ingleses para 
o transporte de mercadorias compradas e vendidas pela In-
glaterra. Isso alterou as rotas marítimas inglesas e trans-
formou o país na maior potência comercial do mundo, 
dando início ao processo de acumulação de capital 
no país. Esse capital excedente foi utilizado no 
desenvolvimento das máquinas, tempos depois.
UNIDADE 2
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Além do capital para investir no desenvolvimento industrial, era necessário, 
também, que houvesse grande quantidade de mão de obra para trabalhar nas 
indústrias. Na Inglaterra, no século XVIII, havia grande quantidade de mão de 
obra, fruto dos cercamentos, que forçaram os camponeses ingleses a mudarem-
Descrição da Imagem: a figura retrata o general e político inglês Oliver Cromwell, que está olhando 
para a frente, com uma roupa que, aparentemente, parece ser uma armadura. A imagem foi desenhada 
nas cores preta e branca e feita com riscos. Uma das principais medidas de Cromwell foram os Atos de 
Navegação, que garantiam proteção aos comerciantes ingleses no comércio britânico.
Figura 2 - Oliver Cromwell 
47
-se para as cidades, provocando um excedente de mão de obra. Isso aconteceu 
porque a nobreza, em aliança com a burguesia, criou a Lei dos Cercamentos, a 
qual permitia que as terras comuns utilizadas pelos camponeses fossem cercadas 
e transformadas em pasto para a criação de ovelhas que ofereciam a lã, matéria-
-prima básica para a produção de tecido. Os cercamentos resultaram na expulsão 
dos camponeses de suas terras, uma vez que não tinham mais como sobreviver 
no campo. Assim, os camponeses eram obrigados a irem para o único lugar onde 
poderiam obter um sustento: as cidades. Com a grande quantidade de mão de 
obra que alimentava as indústrias, era dado aos patrões poder de controle sobre 
o salário dos trabalhadores.
Por último, a Inglaterra possuía uma grande reserva de carvão e ferro si-
tuada próximo a portos importantes, facilitando o transporte e a instalação de 
indústrias baseadas na energia do carvão. Essas matérias eram essenciais para a 
construção das máquinas e para seu funcionamento (à base do vapor da água). 
Caro(a) aluno(a) , talvez, você esteja pensando: ok, mas o que, de fato, a Primeira 
Revolução Industrial provocou na vida do trabalhador? E, nos aspectos social, 
econômico e político, o que modificou? É preciso entender que, até o final da 
Baixa Idade Média, era o artesão que possuía a oficina e as ferramentas e detinha 
conhecimento de todo o processo de produção. Seu trabalho tem caráter familiar, 
cada artesão tem o controle total de toda a produção, desde o preparo da matéria-
prima até o acabamento final. Não havia divisão de trabalho ou especialização. 
Foi o pensamento iluminista, convicto no progresso do conhecimento 
humano, na racionalidade, na riqueza e no controle sobre a natureza, que ga-
nhou força constante e otimismo para as mudanças, que obtiveram, cada vez 
mais força, no século XVIII, sobretudo do evidente progresso da produção, do 
comércio e da racionalidade econômica e científica. Seus maiores defensores 
eram as classes

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