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INTRODUÇÃO AOS MECANISMOS DE TRANSDUÇÃO DE SINAL – Sinalização Celular Nosso metabolismo é complexo. Ele é formado por diferentes órgãos, tecidos e células que possuem funções específicas, e essas células precisam trabalhar de forma integrada, trocando informações sobre: a concentração de íons e glicose nos fluidos extracelulares, as atividades metabólicas interdependentes que ocorrem em diferentes tecidos, e também no embrião, e sobre a localização correta de células durante o desenvolvimento. Esta comunicação entre células é chamada de Sinalização Celular São quatro as etapas da Sinalização Celular (Comunicação Intercelular): À esquerda temos a Célula sinalizadora, que produz e libera o sinal químico, a molécula sinalizadora. À direita temos a Célula alvo, aquela capaz de detectar o sinal químico e alterar o seu metabolismo, respondendo a esse sinal modificando a sua fisiologia. Esta comunicação entre as células é feita por moléculas sinalizadoras, também chamadas de sinais químicos, fazendo então o controle do metabolismo. E esses sinais irão regular a atividade das enzimas marcapasso/regulatórias das rotas metabólicas. As células desenvolveram a capacidade de receber e responder esses sinais, alterando assim a sua bioquímica/fisiologia. Na primeira etapa temos a síntese e a liberação da molécula sinalizadora pela célula sinalizadora. Depois é feito o transporte da molécula sinalizadora até a célula alvo. Então é feita a detecção do sinal químico pela célula alvo, por meio de um receptor específico (receptor com especificidade para sinal químico). Por último nós teremos a modificação do metabolismo da função ou do desenvolvimento celular, acionada pelo complexo sinal-receptor, ou seja, haverá uma cascata de eventos bioquímicos que irá culminar na resposta celular à este sinal químico. A sinalização extracelular pode ser de cinco tipos: Na sinalização Endócrina, a molécula sinalizadora é o hormônio que vai agir na célula alvo distante do local de sua produção. A célula sinalizadora é chamada de Célula/Glândula Endócrina, e o hormônio consegue atingir a célula alvo que está distante por meio da corrente sanguínea: Ele é liberado na corrente sanguínea e viaja até encontrar a célula que possui/expressa receptores para aquele hormônio, a célula Alvo. Esse tipo de comunicação é um tipo de comunicação LENTA. A Sinalização mais rápida que existe entre duas células é a sinalização sináptica. Na Sinalização Sináptica a molécula sinalizadora é o Neurotransmissor, que vai agir numa célula alvo muito próxima de onde ele foi formado. A célula Sinalizadora é chamada de Neurônio Pré-Sináptico, a que possui o receptor para o Neurotransmissor é chamada de célula pós sináptica (pode ser um outro neurônio, uma célula muscular [junção neuromuscular], uma célula endócrina [junção neuroendócrina]). A aproximação entre o neurônio pré-sináptico e a célula pós-sináptica é chamado de Sinapse, e o espaço entre elas é chamada de Fenda Sináptica. O neurônio pré-sináptico sintetiza o neurotransmissor e quando houver uma despolarização nesta célula esse neurotransmissor que está guardado na vesícula sináptica vai ser liberado na fenda sináptica e vai viajar até o receptor que está na célula pós-sináptica que vai responder então à presença desse Neurotransmissor ➢ A célula alvo consegue detectar a presença do sinal químico por meio da ligação dele ao seu receptor e a partir dessa ligação ocorre uma cascata de eventos bioquímicos que vai culminar numa resposta fisiológica. Na Sinalização parácrina, as moléculas sinalizadora são os mediadores locais, eles agem rapidamente próximo ao local onde foram produzidos. Na Sinalização Autócrina, a molécula sinalizadora também é chamada de Mediador Local, no entanto a diferença é que a célula sinalizadora e a célula alvo são a mesma. Esse tipo de comunicação é uma comunicação rápida também e é usada por embriões/neonatos para o desenvolvimento e crescimento e por adultos na resposta imune e inflamatória. Essa sinalização é feita por meio de proteínas que podem ser canais proteicos de junções comunicantes (gap junctions) por onde passam íons e metabólitos, ou por meio de proteínas que estão ligadas à membrana e que vão interagir com receptores da membrana de outra célula (como os fatores de crescimento epidérmico). O receptor tem afinidade e especificidade pelo seu ligante. A especificidade ocorre devido à uma complementaridade estereoespecífica ou estereoquímica entre o ligante e o sítio de ligação do receptor. Essa especificidade é mediada por ligações não covalentes que se estabelecem entre o ligante e o sítio de ligação do receptor (ligações do tipo iônicas, hidrofóbicas, pontes de hidrogênio) e essa interação entre o ligante e o receptor promove mudanças conformacionais que vai alterar a atividade biológica desse receptor deixando-o ativado. Exemplo: Se é um receptor do tipo canal iônico a presença do ligante vai permitir a abertura desse canal iônico pelo qual passarão determinado íons. Portanto, na especificidade, a molécula sinalizadora se encaixa no sítio de ligação do receptor complementar, outros sinais não se encaixam. Como a Célula vai traduzir aquela ligação entre o sinal químico e o receptor Kd - Constante de Dissociação Quanto maior o valor do KD menor é a afinidade do receptor pelo ligante porque vai ser necessário uma maior quantidade de ligante para ocupar metade dos sítios de ligação. As proteínas sinalizadoras são moduláveis, elas possuem afinidades multivalentes, ou seja, elas podem reconhecer diferentes proteínas, diferentes moléculas e interagir com elas formando diversos complexos de sinalização, o que quer dizer que a célula pode combinar um conjunto de moléculas sinalizadoras formando complexos proteicos/multienzimáticos, com diferentes funções/localizações dentro da célula, e os pontos de contato entre essas proteínas pra formar esses complexos são sítios fosforilados/resíduos de aminoácidos fosforilados. A formação desse complexo desencadeou uma resposta celular. A outra propriedade é da amplificação do sinal químico: quando enzimas ativam enzimas e o número de moléculas aferradas aumentam geometricamente na cascata enzimática. No final, a partir de um único sinal químico, têm-se dezenas-centenas de enzimas 3 ativadas por este sinal, essas enzimas 3 são o alvo desse sinal. Quando um sinal químico está continuamente ligado a seu receptor ocorre a dessensibilização/adaptação desse receptor, ou seja, a ativação do receptor a partir da ligação com o ligante dispara um circuito de retroalimentação que desliga o receptor (como uma inativação por ligação covalente) ou remove o receptor da superfície (por internalização e degradação do complexo ligante-receptor) isso ocorre para que a célula seja sensível quando houver uma nova liberação do sinal químico e dessa forma possa responder a esse sinal. Os tipos de Mecanismos de Transdução de Sinal são classificados de acordo com os tipos de receptores: A integração é a capacidade de um sistema de receber múltiplos sinais e produzir uma resposta unificada adequada às necessidades da célula ou organismo, ou seja, quando dois sinas diferentes apresentam efeitos opostos (exemplo um aumenta a concentração de X e outro diminui a concentração de X, a resposta será a junção desses dois efeitos, mantendo assim a homeostasia da célula ou organismo). Quando os componentes de um sistema de sinalização estão localizados/confinados em uma mesma estrutura subcelular específica, a célula pode regular o processo localmente, sem afetar regiões distantes da própria célula, ou seja, quando a enzima que destrói um mensageiro está co-localizada com aenzima que produz esse mensageiro dentro da célula, esse mensageiro é destruído antes que ele se difunda pela célula, e a resposta fica limitada à esta região da célula. Os receptores intracelulares interagem com pequenas moléculas hidrofóbicas que conseguem se difundir através da membrana plasmática e entrar na célula. Esses receptores podem ser citoplasmáticos ou nucleares, no caso dos citoplasmáticos a ligação com o ligante ativa o receptor e o complexo todo é deslocado para dentro do núcleo. Esses receptores nucleares e citoplasmáticos quando ativados, funcionam como fatores de transcrição gênica, eles interagem com o DNA, regulando a expressão de genes específicos. Como exemplos temos os receptores citoplasmáticos para glicocorticóides e os receptores nucleares para vitamina D. Os receptores de Superfície de membrana por sua vez interagem com moléculas hidrofílicas. São proteínas que em geral possuem um domínio extracelular que contém o sitio de ligação para o ligante, um ou mais domínios transmembrana em α-hélice, e um domínio intracelular que vai disparar a cascata de sinalização. Esses receptores tem um efeito rápido e imediato nos níveis de íons ou de ativadores e inibidores enzimáticos, e um efeito mais lento sobre a expressão gênica. Nessa figura observa-se que há uma série de tipos de receptores de superfície de membrana. Vamos estudar a transdução de sinal do Glucagon, da Adrenalina e da Insulina, que são importantes hormônios reguladores do metabolismo celular. O Glucagon e a Adrenalina possui receptores associados à Proteína-G, que é uma proteína que ativa a produção de segundos mensageiros celulares. A Insulina possui receptores do tipo Tirosina-Cinase, que é uma enzima que se auto-fosforila e que pode fosforilar uma série de proteínas dentro da célula.