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MARKETING DE SERVIÇOS A empresa com foco no cliente Valarie A. Zeithaml Mary Jo Bitner Dwayne D. Gremler M A R K ETIN G D E SER V IÇ O S A em presa com foco no cliente Valarie A . Zeitham l M ary Jo B itner D w ayne D . G rem ler Esta nova edição de Marketing de Serviços conserva a abordagem focada na prestação de serviços, além de trazer os resultados das pesquisas mais recentes sobre o assunto. Seus capítulos foram enriquecidos com exemplos de estratégias de marketing e de soluções de problemas adotadas por empresas atuantes em diversos setores. • Maior enfoque nos serviços business-to-business (B2B) e na tendência à inclusão da prestação de serviços por empresas especializadas em produtos. • Quatro novos estudos de caso com os dilemas enfrentados por empresas que entraram no setor de serviços e as soluções que encontraram para resolvê-los. • Nova estrutura para a recuperação de serviços, que inclui estratégias para “solucionar o cliente” e para “solucionar o problema”. MARKETING CONHEÇA TAMBÉM ANTUNES & COLS. Sistemas de Produção: Conceitos e Práticas para Projeto e Gestão da Manufatura Enxuta ANTUNES & COLS. Uma Revolução na Produtividade BALLÉ & BALLÉ A Mina de Ouro BALLÉ & BALLÉ O Gerente Lean FITZSIMMONS & FITZSIMMONS Administração de Serviços, 7.ed. HAIR JR. & COLS. Fundamentos de Pesquisa de Marketing HISRICH, PETERS & SHEPHERD Empreendedorismo, 9.ed. IYER, SESHADRI & VASHER A Gestão da Cadeia de Suprimentos da Toyota JACOBS & CHASE Administração da Produção e de Operações: O Essencial JACOBS & CHASE Administração de Operações e da Cadeia de Suprimentos, 13.ed. LIKER, J.K. O Modelo Toyota: 14 Princípios de Gestão do Maior Fabricante do Mundo MALHOTRA, N.K. Pesquisa de Marketing, 6.ed. OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: Além da Produção em Larga Escala PAIVA, CARVALHO JR. & FENSTERSEIFER Estratégia de Produção e de Operações, 2.ed. SLACK & COLS. Gerenciamento de Operações e de Processos, 2.ed. A Bookman Editora é parte do Grupo A, uma empresa que engloba diversos selos editoriais e várias plataformas de distribuição de conteúdo técnico, científico e profissional, disponibilizando-o como, onde e quando você precisar. O Grupo A publica com exclusividade obras com o selo McGraw-Hill Education em língua portuguesa. ÁREA DO PROFESSOR Interessados em PPTs, manual do instrutor e bancos de testes (em inglês) podem procurar pela página do livro em www.grupoa.com.br e clicar em Material para o Professor. O professor deverá se cadastrar para ter acesso. 00246_ZEITHAML_Marketing de Servicos.ai 1 13/02/2014 11:46:4400246_ZEITHAML_Marketing de Servicos.ai 1 13/02/2014 11:46:44 Z48m Zeithaml, Valarie A. Marketing de serviços [recurso eletrônico] : a empresa com foco no cliente / Valarie A. Zeithaml, Mary Jo Bitner, Dwayne D. Gremler ; tradução: Felix Nonnenmacher. – 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8055-362-8 1. Administração. 2. Marketing – Serviço ao consumidor. I. Bitner, Mary Jo. II. Gremler, Dwayne D. III. Título. CDU 658.818 Catalogação na publicação: Suelen Spíndola Bilhar – CRB 10/2269 Zeithaml_inicias_6ed_eletronica.indd iiZeithaml_inicias_6ed_eletronica.indd ii 31/03/14 11:5631/03/14 11:56 314 Parte V A prestação e o desempenho do serviço O PAPEL ESSENCIAL DOS FUNCIONÁRIOS DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Uma das frases mais citadas envolvendo empresas prestadoras de serviço diz o seguinte: “Em uma empresa prestadora de serviços, se você não está atendendo o cliente, é melhor você atender al- guém que esteja”.14 As pessoas – os funcionários da linha de frente e os que oferecem suporte nos bastidores – são essenciais ao sucesso de qualquer empresa do setor. A importância das pessoas no marketing de serviços aparece no elemento pessoas do mix de marketing de serviços, descrito no Capítulo 1 como todos os atores humanos que desempenham um papel na execução do serviço e que, por isso, influenciam as percepções do comprador: o quadro de pessoal da empresa, o cliente e outros clientes no ambiente de serviços. O foco principal deste capítulo está sobre os funcionários de contato na prestação de serviços porque: • Eles são o serviço. • Eles são a organização, aos olhos do cliente. • Eles são a marca. • Eles são os profissionais de marketing. Em muitos casos, os funcionários de contato são o serviço – não há outra prova. Por exemplo, em muitos serviços de caráter pessoal e envolvendo profissionais liberais (como estética, personal training, creches, serviços de limusines, consultoria e serviços jurídicos), o funcionário de contato executa todo o serviço sozinho. O serviço é o funcionário. Assim, o investimento no funcionário para fins de melhoria no serviço equivale a um investimento direto na melhoria de um bem manu- faturado. E ainda que o funcionário de contato não execute todo o serviço, ele personifica a empresa pres- tadora, aos olhos do cliente. Todos os funcionários de um escritório de advocacia ou de uma clínica de saúde – desde os profissionais que prestam o serviço até as recepcionistas e os funcionários dos escritórios – representam a empresa para o cliente, e tudo o que estas pessoas fazem ou dizem pode influenciar as percepções construídas sobre a organização. Mesmo os funcionários que não estejam desempenhando suas funções, como comissários de bordo ou funcionários de restaurantes de folga, têm reflexos nas organizações em que trabalham. Se faltarem com o profissionalismo, ou fizerem comentários indelicados sobre ou dirigidos aos clientes, as percepções destes sobre a organização so- frerão, mesmo fora do horário de trabalho. A Disney Corporation insiste que seus funcionários man- tenham atitudes e comportamentos “de cenário de serviços” sempre que estejam diante do público. Os funcionários podem abandonar estes comportamentos apenas quando estão de fato nos bastidores ou em túneis subterrâneos, fora de suas funções, quando os clientes não conseguem vê-los. Os funcionários da prestação de serviços são a marca. Seja um consultor financeiro da Edward Jones, um colaborador do setor de vendas da Nordstrom, um comissário de bordo da Southwest Airlines, ou um atendente da loja de vestuário Abercrombie & Fitch – em cada um destes casos, a primeira imagem que o cliente faz da empresa é formada pelas interações que ele tem com os fun- cionários. Um cliente vê a Edward Jones como uma excelente prestadora de serviços financeiros se os funcionários com quem ele interage demonstram conhecimento, compreensão e preocupação com sua situação e objetivos financeiros. Da mesma forma, um cliente vê a Nordstrom como uma empresa profissional e empática em função das interações que mantém com os vendedores. A Sou- thwest Airlines prefere funcionários extrovertidos e divertidos, enquanto a Abercrombie & Fitch escolhe pessoas com determinado “visual”. A varejista on-line Zappos dá prioridade especial a seu processo de contratação em sua estratégia de branding, e avalia os candidatos com base em sua capacidade de atuar como embaixadores da marca.15 Essas companhias entendem que a imagem da marca não é construída e mantida apenas com os produtos que vende e a propaganda: ela é função das pessoas que trabalham para elas. As estratégias que reconhecem o poder dos funcionários na geração de uma marca são chamadas de branded customer service (serviço ao cliente baseado na marca).16 Para as empresas que utilizam essas estratégias, os funcionários são verdadeiramente “a marca”, e representam a imagem que a companhia está querendo criar na mente de seus clientes. _Livro_Zeithaml.indb 314_Livro_Zeithaml.indb 314 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 Capítulo 11 Os papéis dos funcionários na execução do serviço 315 Uma vez que os funcionários representam a organização e são capazes de influenciar direta- mente a satisfação do cliente, eles desempenham o papel de profissionais de marketing.Eles são a manifestação física do produto, verdadeiros outdoors com braços e pernas, do ponto de vista publi- citário. Alguns funcionários da prestação de serviços muitas vezes desempenham papéis mais tra- dicionais do departamento de vendas. Por exemplo, os caixas de banco são recrutados para vender outros produtos, o que se distancia do papel tradicional, voltado apenas para funções operacionais. Neste capítulo examinamos estruturas, ferramentas e estratégias para garantir que os funcionários de serviço desempenhem suas funções de marketing a contento. O triângulo dos serviços O marketing de serviços trata de promessas – promessas feitas e promessas cumpridas para os clien- tes. Uma estrutura conhecida como triângulo dos serviços (ilustrada na Figura 11.1) reforça visu- almente a importância das pessoas na capacidade das empresas de cumprir promessas e ter sucesso nos relacionamentos com seus clientes.17 O triângulo mostra os três grupos interligados e que tra- balham em conjunto para desenvolver, promover e executar serviços. Estes protagonistas principais estão identificados nos vértices do triângulo: a companhia (as unidades estratégicas de negócio*, os departamentos ou as “gerências”), os clientes e os prestadores. Os prestadores podem ser os funcio- nários as empresas subcontratadas ou terceirizadas pela empresa que prestam serviços por ela. Entre estes três vértices do triângulo, três tipos de marketing precisam ser executados com sucesso para que um serviço tenha êxito: marketing externo, marketing interativo e marketing interno. O lado direito do triângulo mostra os esforços do marketing externo que a empresa adota no desenvolvimento das expectativas dos clientes e na elaboração das promessas em relação ao que deve ser executado. Qualquer fator ou pessoa que se comunique com o cliente antes da prestação do serviço pode ser visto como parte do departamento de marketing externo. Mas o marketing externo é apenas o começo para os profissionais de marketing de serviços: promessas precisam ser cumpri- das. No lado inferior do triângulo vemos o que se chama de marketing interativo ou marketing em tempo real. Aqui as promessas são cumpridas ou não pelos funcionários da companhia, pelas em- presas subcontratadas ou pelos agentes. Nesse momento as pessoas que representam a organização * N. de T.: Em inglês, Strategic Business Units ou SBU. Companhia (Gerência) Marketing interno “Possibilitar o cumprimento da promessa” Funcionários Marketing interativo “Cumprir a promessa” Clientes Marketing externo “Fazer a promessa” Figura 11.1 O triângulo do marketing de serviços. Fontes: Adaptado de M. J. Bitner, “Building Service Relationships: It’s All about Promises,” Journal of the Academy of Marke- ting Science 23 (Fall 1995), pp. 7. C. Grönroos, Service Management and Marketing: A Customer Relationship Management Approach, 2nd ed. (West Sussex, England: John Wiley and Sons, Ltd., 2000), p. 55; e P. Kotler and K. L. Keller, Marketing Ma- nagement, 14th ed. (Upper Saddle River, NJ: Pearson Prentice Hall, 2012), p. 365. _Livro_Zeithaml.indb 315_Livro_Zeithaml.indb 315 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 316 Parte V A prestação e o desempenho do serviço são essenciais. Se as promessas não forem cumpridas, os clientes sentem-se insatisfeitos e acabam deixando a companhia. O lado esquerdo do triângulo indica o papel crítico desempenhado pelo marketing interno. A gerência se engaja nestas atividades a fim de auxiliar os prestadores de servi- ço na execução da promessa de serviço: recrutando, treinando, motivando, recompensando funcio- nários e disponibilizando equipamentos e tecnologia. A menos que os funcionários da prestação de serviço sejam capazes e estejam motivados para executar o serviço com base nas promessas feitas, a empresa não terá êxito. Todos os lados do triângulo são essenciais para completar o todo e precisam estar alinhados. Ou seja, que o que foi prometido pelo marketing externo deve ser idêntico ao que é executado. Além disso, as atividades internas na companhia que permitem a observância das promessas exe- cutadas precisam estar alinhadas ao que é esperado dos prestadores de serviço. As estratégias para alinhar o triângulo, sobretudo as associadas ao marketing interno, são o tema deste capítulo. A satisfação dos funcionários, a satisfação dos clientes e o lucro Funcionários satisfeitos geram clientes satisfeitos (e clientes satisfeitos podem, por sua vez, refor- çar a noção de satisfação que estes funcionários sentem pelo trabalho que fazem). Algumas pesqui- sas foram mais longe e sugerem que quando os funcionários não se contentam com seu trabalho, a satisfação do cliente será mais difícil de ser alcançada.18 Por meio da pesquisa com clientes e funcionários de agências bancárias, Benjamin Schneider e David Bowen demonstraram que tanto uma atmosfera de serviço quanto uma atmosfera de bem- -estar do funcionário estão fortemente correlacionadas com as percepções gerais da qualidade do serviço.19 Isto é, tanto a atmosfera do serviço quanto a experiência em gestão de recursos humanos que os funcionários têm em suas organizações são refletidas no modo como os clientes vivenciam o serviço. Pesquisas semelhantes sugerem que os funcionários que se sentem tratados de modo justo por seus empregadores tratam melhor os clientes, o que resulta em maior satisfação para estes.20 A lógica por trás da relação entre satisfação do funcionário e satisfação e fidelidade do clien- te – e, em última análise, os lucros da companhia – é ilustrada pela cadeia do lucro com serviços da Figura 11.2.21 Nos capítulos anteriores concentramos nossas atenções na satisfação e na re- tenção do cliente; neste capítulo analisamos as questões envolvendo os funcionários. A cadeia de lucro com serviços sugere que há elos essenciais entre qualidade do serviço interno, satisfação do funcionário/produtividade, valor dos serviços prestados ao cliente e, por fim, satisfação e reten- ção do cliente e lucros da empresa. Os pesquisadores da cadeia do lucro com serviços são cautelosos ao indicar que o modelo não sugere uma relação causal. Isto é, a satisfação do funcionário não é a causa da satisfação do cliente. Ao contrário, as duas estão inter-relacionadas e nutrem-se uma à outra.22 O modelo sugere que as Qualidade no serviço interno Satisfação do funcionário Satisfação do cliente Fidelidade do cliente Retenção do funcionário Valor do serviço externo Produtividade do funcionário Crescimento de receitas Rentabilidade Figura 11.2 A cadeia do lucro com serviços. Fonte: Adaptado e reimpresso com permissão da Harvard Business Review, trecho de J. L. Heskett, T. O. Jones, G. W. Love- man, W. E. Sasser Jr., and L. A. Schlesinger, “Putting the Service-Profit Chain to Work,” Harvard Business Review 72 (March– April 1994), pp. 164–174. Direitos autorais (1994) da The Harvard Business School Publishing Corporation; todos os direitos reservados. _Livro_Zeithaml.indb 316_Livro_Zeithaml.indb 316 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 Capítulo 11 Os papéis dos funcionários na execução do serviço 317 companhias que exibem altos níveis de sucesso com os seus elementos terão mais sucesso ou lucro do que as que não demonstram esses indicadores. Estudos descobriram que a lista das “100 Melho- res Empresas para Trabalhar nos Estados Unidos” da revista Fortune fornecem lucros anuais mais altos (que mais que dobraram ao longo da última década!) aos acionistas, em comparação com as empresas que entram na Standard and Poor’s 500.23 O efeito dos comportamentos dos funcionários nas dimensões da qualidade do serviço As percepções que os clientes constroem acerca da qualidade do serviço são afetadas pelo com- portamento dos funcionários, focado no cliente.24 Na verdade, todas as dimensões da qualidade do serviço (confiabilidade, responsividade, segurança, empatia e tangíveis) são diretamente influen- ciadas pelos funcionários do serviço. A execução do serviço tal como prometido – a confiabilidade– muitas vezes é totalmente controlada pelos funcionários da linha de frente. Mesmo no caso de serviços automatizados (como caixas eletrônicos, máquinas de emissão automática de tíquetes ou bombas de gasolina de autoa- tendimento), os funcionários presentes nos bastidores são essenciais para dar certeza de que todos os sistemas estão funcionando adequadamente. No momento em que os serviços falham ou em que ocorrem erros, os funcionários são essenciais para consertar as coisas. Nessa situação, eles recorrem ao julgamento próprio a fim de determinar o melhor curso de ação para a recuperação do serviço. O funcionário da linha de frente também influencia diretamente as percepções do cliente quan- to à responsividade, por meio de sua disposição pessoal de auxiliá-lo e de sua prontidão em atendê- -lo. Consideremos as respostas que você recebe de diferentes atendentes de uma loja do setor vare- jista, em uma situação em que você precisa de ajuda para encontrar um dado item de vestuário. Um funcionário talvez ignore sua presença, ao passo que outro pode se oferecer para ajudar na procura e mesmo telefonar para outras lojas a fim de localizar o item. Um terceiro funcionário o auxilia de forma imediata e eficaz, enquanto uma quarta pessoa talvez seja mais lenta até para atender ao mais simples dos pedidos. A dimensão da segurança da qualidade do serviço depende da capacidade dos funcionários em veicular credibilidade e inspirar a confiança e a fé que o cliente deposita na empresa. A reputação da companhia ajuda, mas no final das contas são os funcionários com quem o cliente interage que confirmam e constroem a confiança na organização, ou detratam esta reputação, arruinando sua credibilidade. No caso de organizações entrantes ou desconhecidas, a credibilidade, a fé e a con- fiança estão totalmente relacionadas às ações dos funcionários. É difícil imaginar como uma organização oferece “atenção dedicada e individualizada” aos clientes sem a participação de seus funcionários. A empatia implica a necessidade de os funcio- nários prestarem atenção, de escutarem, efetuarem adaptações e serem flexíveis ao executar o que cada um dos clientes precisa.25 Por exemplo, as pesquisas mostram que no caso de os funcionários terem suas atenções voltadas para os clientes, de estarem em harmonia com eles e demonstrarem capacidades relativas à atenção e à percepção, esses clientes fornecerão avaliações mais positivas sobre o serviço e estarão mais propensos a retornar a fazer negócios com esta empresa.26 A aparên- cia e os trajes dos funcionários são aspectos importantes da dimensão tangíveis da qualidade, além de outros fatores que não dependem dos funcionários do serviço, como a instalação, a decoração, as brochuras oferecidas e a sinalização. O PAPEL DE SOLUCIONADOR DE PROBLEMAS O foco deste capítulo está nos funcionários da linha de frente do serviço que interagem diretamente com os clientes, embora muito do que foi descrito e recomendado possa ser aplicado também a fun- cionários da prestação de serviços internos. Os funcionários da linha de frente são chamados de so- _Livro_Zeithaml.indb 317_Livro_Zeithaml.indb 317 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 318 Parte V A prestação e o desempenho do serviço lucionadores de problemas, pois trabalham nas fronteiras operacionais da organização. Como mos- tra a Figura 11.3, os solucionadores de problemas formam o elo entre o cliente externo, o ambiente e as operações internas da companhia. Eles atuam em funções críticas relativas à compreensão, triagem e interpretação das informações e dos recursos da e para a organização, além de terceiros. Quem são estes solucionadores de problemas? Quais são os perfis de pessoas e cargos que formam os principais papéis dessa categoria? Suas habilidades e expectativas cobrem todo o es- pectro de cargos e carreiras. Em setores como o de fast food, hotéis, telecomunicações e varejo, os solucionadores de problemas são em geral os funcionários menos capacitados e que recebem os menores salários na organização. Eles são estafetas, funcionários de balcão, telefonistas, vendedo- res, motoristas de caminhão e entregadores. Em outros setores, os solucionadores de problemas são bem remunerados e têm alto nível educacional, como médicos, advogados, contadores, consultores, arquitetos e professores. Independentemente do nível de capacitação ou remuneração, os cargos de solucionadores de problemas são muitas vezes de alto estresse. Além da capacitação mental e física, esses cargos requerem níveis extraordinários de trabalho emocional e com frequência demandam a capacidade de lidar com conflitos interpessoais e interorganizacionais. Além disso, estes papéis exigem que o funcionário estabeleça o melhor equilíbrio entre vantagens e desvantagens para a qualidade e a produtividade no exercício do cargo. O estresse e o esforço para equilibrar esses fatores podem resultar na falha em executar os serviços de acordo com o especificado, o que alarga a lacuna do desempenho do serviço. O trabalho emocional O termo trabalho emocional foi cunhado por Arlie Hochschild para designar o trabalho que ultra- passa as capacitações mentais ou físicas necessárias à prestação de serviços de qualidade.27 Em ge- ral, os funcionários solucionadores de problemas devem alinhar as emoções que demonstram com as emoções desejadas pela organização por meio de seu trabalho emocional.28 Este trabalho inclui sorrir, estabelecer contato visual, demonstrar interesse sincero e iniciar uma conversa amigável com pessoas estranhas e que podem ou não ser vistas novamente. Cordialidade, gentileza, empatia e responsividade voltadas para o cliente são fatores que requerem um imenso volume de trabalho emocional de parte dos funcionários da linha de frente, que arcam com esta responsabilidade em nome da organização. O trabalho emocional baseia-se nos sentimentos das pessoas (muitas vezes exigindo que suprimam seus verdadeiros sentimentos), para que desempenhem suas tarefas com eficácia. Um funcionário da linha de frente que tem um dia ruim ou que não se sente bem continua com a responsabilidade de representar a companhia ao tratar com os clientes. Um dos exemplos Ambiente externo Ambiente interno Figura 11.3 Os papéis essenciais dos funcionários solucionadores de problemas. _Livro_Zeithaml.indb 318_Livro_Zeithaml.indb 318 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 Capítulo 11 Os papéis dos funcionários na execução do serviço 319 mais claros do trabalho emocional é a história (cuja autenticidade provavelmente é duvidosa) da comissária de bordo que foi chamada por um executivo que lhe disse: “Vamos sorrir um pouco”, “Ok”, respondeu ela, “Vamos fazer assim, primeiro o senhor sorri, depois eu”. “Ótimo”, respondeu a aeromoça, e acrescentou “Agora, senhor, mantenha esse sorriso no rosto por 15 horas”, e dirigiu- -se para outro ponto da aeronave.29 Muitas destas estratégias serão discutidas posteriormente neste capítulo e poderão auxiliar uma empresa e seus funcionários a lidar com as realidades do trabalho emocional no desempenho de funções. Do ponto de vista da organização, essas estratégias incluem a criteriosa seleção de pes- soas capazes de suportar o estresse emocional, o treinamento nas habilidades relacionadas (como escutar e resolver problemas), o ensino e a oferta de capacitação para o enfrentamento destes pro- blemas, além de outras estratégias (rotação de cargos, férias programadas, trabalho em equipe ou outras técnicas semelhantes).30 A seção Visão Estratégica descreve algumas estratégias de trabalho emocional adotadas por empresas do setor de serviços. As fontes de conflito Os funcionários de contato com o cliente enfrentam conflitos de ordem interpessoal e interorga- nizacional. Se não forem tratadas, a frustração e a confusão que sentem podem causar estresse e insatisfação com o trabalho, diminuir a capacidade de atender a clientes e até gerar uma estafa.31 Em função de representarem o cliente para a organização e muitasvezes precisarem administrar diversos clientes ao mesmo tempo, estes funcionários inevitavelmente têm de lidar com conflitos, que incluem aqueles entre pessoa e papel desempenhado, entre organização e cliente, e entre os próprios clientes, conforme abordamos nas próximas seções.32 O conflito entre a pessoa e o papel desempenhado Em algumas situações, os funcionários solucionadores de problemas presenciam o conflito entre o que são solicitados a fazer e suas próprias personalidades, orientações e valores. Em uma sociedade como a norte-americana, em que igualdade de oportunidades e individualismo são valores forte- mente preconizados, as pessoas que trabalham na prestação de serviços sentem o conflito do papel desempenhado quando são requisitadas a subjugar seus próprios sentimentos ou crenças, como no caso em que têm ordens de atuar de acordo com o lema: “O cliente sempre tem razão, ainda que ele esteja errado”. Às vezes, o conflito ocorre entre as exigências do papel e a autoimagem ou a autoes- tima do funcionário. Um especialista em serviços israelense contribui com um exemplo clássico da cultura em seu país: Em Israel, por exemplo, a maioria dos ônibus é conduzida por um homem, que também tem a responsabilidade de vender as passagens. Não há uma bandeja em que o dinheiro da passagem possa ser depositado e muitos motoristas reclamam da sensação de parecerem mendigos ao estenderem a mão para receber o valor diretamente da mão do passageiro. Outro exemplo típico em ônibus israelenses é observado quando uma moeda acidentalmente cai no piso. A questão (de quem é a responsabilidade de se abaixar para juntá-la, do passageiro ou do motorista?) reflete claramente o conflito do papel desempenhado pelo motorista.33 Quem quer que se abaixe para recolher a moeda está assumindo um papel subserviente. O conflito entre pessoa e papel desempenhado ocorre também quando os funcionários são soli- citados a usar um determinado tipo de vestimenta ou a alterar algum aspecto de sua aparência. Um jovem advogado recém-formado talvez sinta um conflito interno com seu novo papel no momento em que seu empregador exige que ele corte o cabelo e troque seus trajes informais por terno e gravata. O conflito entre a organização e o cliente Um tipo mais comum de conflito para funcionários da linha de frente é aquele visto entre seus dois chefes, a organização e o cliente. Os funcionários de serviço via de regra são recompensados por obedecerem certos padrões, regras e procedimentos. Em uma situação ideal, essas regras e padrões _Livro_Zeithaml.indb 319_Livro_Zeithaml.indb 319 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 320 Parte V A prestação e o desempenho do serviço baseiam-se no cliente, conforme descrevemos no Capítulo 9. No caso de não serem, ou quando um cliente impõe demandas improcedentes, o funcionário tem de escolher entre seguir as regras da companhia ou atender as demandas impostas pelo cliente. Por exemplo, a gerência de uma em- presa de contabilidade espera que um funcionário prepare as declarações do imposto de renda com rapidez, para maximizar receitas durante a curta temporada de declaração de impostos. Contudo, o outro chefe deste funcionário – o cliente – talvez esteja esperando atenção personalizada e uma expressiva parcela de tempo na preparação da declaração.34 O conflito entre cliente e organização assume as maiores proporções quando um funcionário acredita que a organização está errada em suas políticas e precisa decidir se agrada o cliente, com o risco de perder seu emprego. Estes confli- Visão estratégica As estratégias para administrar o trabalho emocional Os funcionários em contato com o cliente na prestação de serviços são muitas vezes solicitados a demonstrar (ou a ocultar) várias emoções. Hoje esses funcionários precisam investir uma identidade e uma expressão pessoal a seu tra- balho, em diversas situações. A descrição a seguir mostra como a experiência do funcionário de serviço, até nas tare- fas mais rotineiras, tem marcantes diferenças em compara- ção à experiência acumulada por um trabalhador típico do setor manufatureiro: O funcionário de uma linha de montagem não precisa esconder o ódio que sente por seu trabalho, o desprezo que nutre por seus superiores, nem o descontentamento com seus colegas e, embora tal situação não seja agradável, se ele [finaliza] com eficiência as tarefas que lhe são designadas, sua atitude é um problema dele. No caso do funcionário da prestação de serviços, assumir suas tarefas significa, no mínimo, fingir gostar do que faz e, no máximo, entregar-se de corpo e alma ao trabalho, gostar do que faz, e demonstrar genuíno interesse pelas pessoas com quem ele interage.* O trabalho emocional ocorre quando as tarefas re- querem contato frequente e de longa duração ou contato pessoal com os clientes. Estes funcionários muitas vezes ne- cessitam administrar seus sentimentos para lidar com estas situações. Ainda neste capítulo sugerimos diversas estraté- gias para a geração de um ambiente que auxilie os funcioná- rios a lidar com as realidades do trabalho emocional dentro da empresa. Agora, apresentamos algumas estratégias que as empresas adotam como forma de apoio direto aos esfor- ços do funcionário no sentido de administrar suas emoções diante de clientes exigentes, desagradáveis e difíceis. A triagem por habilidades com relação ao trabalho emocional Muitas empresas tentam contratar funcionários bem prepa- rados para atender às exigências do trabalho emocional em suas tarefas. A Dungarvin, uma organização que presta uma variedade de serviços a pessoas com deficiências físicas e mentais, apresenta uma descrição realista do cargo em seu site. A intenção é deixar claro que a empresa identificará os candidatos que sentem-se confortáveis com as demandas emocionais exigidas dos funcionários que precisam interagir regularmente com clientes portadores de necessidades es- peciais. Os call centers muitas vezes oferecem aos candida- tos uma ideia clara das obrigações relativas a cada cargo, a fim de que eles mensurem suas capacitações para exercer o trabalho emocional envolvido na interação com os clientes da companhia – muitas vezes frustrados e infelizes – conti- nuamente. Essas simulações de contatos com clientes tam- bém permitem à companhia avaliar o nível de cordialidade e gentileza que os candidatos demonstram de forma espon- tânea. Práticas como essas ajudam a identificar os funcioná- rios cujos valores, background e personalidades encaixam-se às exigências em termos de trabalho emocional. O ensino dos comportamentos adequados e das habilidades de controle das emoções A maioria dos funcionários de contato com os clientes são instruídos sobre a necessidade de serem corteses. Porém, os clientes não têm obrigação de retribuir simpatia ou gentilezas aos funcionários. Em situações em que os clientes praticam o privilégio presente no lema “o cliente sempre tem razão”, os funcionários deparam-se com desafios quanto à repressão de seus verdadeiros sentimentos. É raro ver empresas ofere- cerem o treinamento adequado em auxílio aos funcionários que enfrentam estes desafios. Arlie Hochschild identifica duas formas de trabalho emocional. A primeira é a atuação super- ficial, em que os funcionários dissimulam emoções que não estão de fato presentes e, ao fazê-lo, suprimem sentimentos reais ou fingem a existência de sentimentos irreais. A segun- da é chamada atuação profunda, em que os funcionários ten- tam vivenciar os sentimentos reais que são solicitados (ou ordenados) a expressar diante de seus clientes. Esses senti- mentos incluem a evocação ativa de pensamentos, imagens e lembranças com o intuito de despertar a emoção associada à situação. Atendentes do varejo e comissários de bordo mui- tas vezes são encorajados a adotarem estratégias de atuação profunda, como se o cliente fosse um amigo ou se o passagei- ro fosse uma criança amedrontada que voa pela primeira vez. * Reproduzido de C. L. Macdonaldand C. Sirianni, Working in the Ser- vice Society. (Philadelphia: Temple University Press, 1996), p. 4. _Livro_Zeithaml.indb 320_Livro_Zeithaml.indb 320 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 Capítulo 11 Os papéis dos funcionários na execução do serviço 321 tos são especialmente graves em situações em que o funcionário da prestação de serviços depende de forma direta do cliente em termos de renda própria. Por exemplo, os funcionários que dependem de gorjetas ou comissões estão mais propensos a enfrentar maiores níveis de conflito entre organi- zação e cliente, já que recebem maiores incentivos para se identificarem com o cliente. Os conflitos entre clientes Há vezes em que os funcionários solucionadores de problemas presenciam conflitos quando expec- tativas e exigências incompatíveis são expressas por dois ou mais clientes. Esta situação é vista, na maioria das vezes, no caso em que o prestador de serviços atende a clientes sucessivamente (um As empresas treinam seus funcionários também para evitar absorver o mau humor, por meio de dramatizações a fim de treinar a supressão de suas reações naturais de pagar as emo- ções negativas dos clientes na mesma moeda. O criterioso planejamento da aparência do ambiente de trabalho Conforme discutimos no Capítulo 10, o ambiente em que o serviço é prestado influencia os comportamentos e as emoções do funcionário. Os funcionários da MedAire, uma empresa que presta serviços de consultoria por telefone a companhias aéreas nos casos de emergência durante voos, regularmente encontram-se em situações com risco de mor- te. De forma a reduzir o estresse que seus funcionários en- frentam diariamente, a empresa projetou seu escritório em Tempe, Arizona, sem paredes, para que seus funcionários contemplem as árvores, a grama e os automóveis que pas- sam na rua através de janelas de vidro. Com base nessa ideia, a JetBlue Airways permite que seus agentes encarregados de efetuar reservas trabalhem em casa, e não exige que fiquem sentados um dia inteiro em um escritório ou call center. Os funcionários têm permissão de expressar seus sentimentos Os funcionários que exercem trabalho emocional muitas ve- zes precisam de uma válvula de escape para desafogar emo- ções reprimidas. A permissão para expressar sentimentos faz os funcionários livrarem-se de frustrações. Se esta expressão for conduzida em grupo, ela traz apoio emocional e encora- jamento, permite que os funcionários entendam que outras pessoas passam pelos mesmos problemas e dá uma mensa- gem de que a empresa está ciente e reconhece a sua contri- buição emocional. A rede de hotéis Ritz-Carlton, a Walmart e outras companhias regularmente reservam tempo para esse tipo de expressão de emoções de seus funcionários. Além do benefício catártico trazido por essa experiência, outros funcionários revelam estratégias de resistência que considerem pessoalmente úteis. A disponibilização de um intervalo a um funcionário Em situações em que os funcionários têm contato prolongado em pessoa ou via voz com os clientes de uma empresa, uma estratégia particularmente útil consiste em oferecer-lhes um curto período de descanso para recuperar as energias. Mui- tas empresas com call centers de discagem gratuita efetuam a rotação de funcionários em diferentes cargos ao longo do dia para que não passem todo o seu tempo ao telefone com os clientes. Os funcionários de contato com clientes podem ser reenergizados e recuperados, por assim dizer, ao passarem um curto período de tempo longe de demandas ou situações difíceis, mesmo com alguns minutos de trabalho burocrático ou qualquer outra responsabilidade. Um call center da Aus- trália tem uma mesa de bilhar área de trabalho dos funcioná- rios e exibe filmes enquanto eles trabalham em suas estações, para reduzir o estresse na interação com os clientes. A transferência de clientes exigentes para os gerentes Alguns clientes podem ser demais para um funcionário. Nes- ses casos, para aliviar a pressão sobre o funcionário de con- tato, as empresas têm a opção de transferir para os geren- tes a responsabilidade de lidar com estes clientes. A Wing Zone, uma rede de restaurantes especializada em asinhas de frango, compreende o estresse que clientes zangados geram nos funcionários, muitos dos quais são estudantes univer- sitários. A companhia recebe a maioria de seus pedidos por telefone e os funcionários – sobretudo os com pouca expe- riência – são treinados para simplesmente repassar os clien- tes exigentes para o gerente mais próximo. Por sua vez, um gerente que não tenha êxito ao lidar com um cliente desses redireciona-o ao escritório da companhia, por meio de um número de discagem gratuita. Fontes: A. Hochschild, The Managed Heart: Commercialization of Human Feeling (Berkeley: University of California Press, 1983); B. F. Ashforth and R. H. Humphrey, “Emotional Labor in Service Ro- les: The Influence of Identity,” Academy of Management Review 18 (1993), pp. 88–115; S. D. Pugh, “Service with a Smile: Emotio- nal Contagion in the Service Encounter,” Academy of Management Journal 44, no. 5 (2001), pp. 1018–1027; A. A. Grandey, “When ‘The Show Must Go On’: Surface Acting and Deep Acting as Determi- nants of Emotional Exhaustion and Peer-Rated Service Delivery,” Academy of Management Journal 46, no. 1 (2003), pp. 86–96; e T. Hennig-Thurau, M. Groth, M. Paul, and D. D. Gremler, “Are All Smi- les Created Equal? How Employee-Customer Emotional Contagion and Emotional Labor Impact Service Relationships,” Journal of Mar- keting 70 (July 2006), pp. 58–73. _Livro_Zeithaml.indb 321_Livro_Zeithaml.indb 321 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 322 Parte V A prestação e o desempenho do serviço caixa de banco, um agente emissor de passagens, um médico) ou a vários clientes ao mesmo tempo (professores, funcionários da indústria do entretenimento). Nas situações em que o funcionário atende a clientes no regime de turnos, ele satisfaz um clien- te passando mais tempo com ele, customizando o serviço e sendo mais flexível quanto a suas neces- sidades. Ao mesmo tempo, os clientes que esperam para serem atendidos acabam sentindo maior insatisfação, já que suas necessidades não estão sendo tratadas em tempo oportuno. Além da questão do tempo, diferentes clientes talvez prefiram diferentes modos de execução de um mesmo serviço. Um cliente talvez prefira o reconhecimento pessoal e certo grau de familiaridade, enquanto outro pode ter como único objetivo a transação propriamente dita, com poucas interações interpessoais. Ao atender diversos clientes ao mesmo tempo, os funcionários com frequência descobrem que é difícil ou impossível satisfazer todas as necessidades de um grupo de clientes heterogêneos. Este tipo de conflito fica evidente em todas as salas de aula de uma universidade, em que um professor precisa considerar as diversas expectativas dos alunos e as respectivas diferenças em termos de preferências, formatos e estilos. Esta situação também se verifica em um cenário do setor de entre- tenimento ou qualquer tipo de serviço de treinamento em grupo. Os trade-offs entre qualidade e produtividade Os funcionários da linha de frente dos serviços são solicitados a serem eficientes e eficazes: eles precisam executar serviços que satisfaçam aos clientes, com baixos custos e alta produtividade no que fazem. Por exemplo, um médico de um plano de saúde precisa atender seus pacientes de modo individual, com atenção e qualidade, ao mesmo tempo em que atende a certo número de pacientes dentro de um intervalo de tempo especificado. Uma operadora de caixa de supermercado deve co- nhecer seus clientes e ser polida e cortês sem deixar de processar os itens com precisão e promover o andamento dos clientes na fila com rapidez.35 Um projetista de um escritório de arquitetura pre- cisa gerar desenhos de qualidade, a um dado número em um determinado período de tempo. Esses trade-offs essenciais entre qualidade e quantidade, entre eficácia e eficiênciamáximas impõem demandas e pressões sobre esses funcionários da prestação de serviços. A tecnologia vem sendo utilizada cada vez mais para equilibrar os trade-offs entre qualidade e quantidade, para aumentar a produtividade dos funcionários de serviço e ao mesmo tempo mantê-los livres para prestarem serviços de alta qualidade junto ao cliente (veja a seção Tecnologia em Foco). Um exemplo contundente do trade-off entre qualidade e produtividade foi testemunhado com os funcionários da Verizon, na Flórida. Eles estavam descontentes com a exigência da empresa de que um telefonema de serviço a um cliente ficasse dentro de certo intervalo de tempo, mesmo que a questão não fosse resolvida. Isto é, os funcionários perceberam que as prioridades do atendimento ao cliente estavam focadas na eficiência, não na solução do problema dos clientes da empresa. Os funcionários acabaram iniciando uma greve para sensibilizar a gerência da companhia no sentido de reconsiderar seus processos de serviço. Mais tarde, os clientes deram prova de que apoiavam a iniciativa dos funcionários.36 AS ESTRATÉGIAS PARA A EXECUÇÃO DE SERVIÇOS DE QUALIDADE POR INTERMÉDIO DE PESSOAS Uma complexa combinação de estratégias é necessária para garantir que os funcionários da prestação de serviços conservem-se diligentes e capazes de executar serviços de qualidade – e motivados para desempenhar suas funções focados no cliente, com a mente concentrada no serviço propriamente dito. Essas estratégias que possibilitam as promessas do serviço são muitas vezes chamadas de mar- keting interno, como mostra o lado esquerdo da Figura 11.1.37 Ao aproximar as decisões e estraté- gias relativas a recursos humanos, tendo em mente que o objetivo principal é motivar e capacitar os funcionários a concretizar com sucesso as promessas feitas aos clientes, uma organização evolui por meio da execução de serviços de qualidade prestados por seus funcionários. As estratégias apresen- _Livro_Zeithaml.indb 322_Livro_Zeithaml.indb 322 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 Capítulo 11 Os papéis dos funcionários na execução do serviço 323 tadas a seguir estão organizadas em torno de quatro temas básicos. Para montar uma mão de obra focada no cliente e voltada para o serviço, uma organização precisa: (1) contratar as pessoas certas, (2) desenvolver as pessoas de modo que possam prestar serviços de qualidade, (3) disponibilizar os sistemas de suporte necessários e (4) reter os melhores funcionários. Dentro de cada uma destas es- tratégias estão algumas orientações para a concretização destes objetivos, como mostra a Figura 11.4. Contrate as pessoas certas De forma a prestar serviços de qualidade com eficácia, atenção precisa ser dispensada ao recruta- mento e à contratação das equipes de serviço. Essa atenção é contrária às noções tradicionais prati- cadas em muitos setores da prestação de serviços, em que as pessoas estão no degrau mais baixo da hierarquia corporativa e trabalham por salários bastante baixos. Na outra extremidade do espectro, nos serviços de profissionais liberais, os critérios de seleção mais importantes são via de regra o treinamento, o nível educacional e a experiência. Contudo, as organizações de sucesso querem mais que qualificação técnica em seus candidatos, a fim de avaliar também as orientações destas pessoas quanto a clientes e serviços. A Figura 11.4 mostra diversas maneiras de contratar as pessoas certas. Concorra para ter as melhores pessoas De forma a contar com as melhores pessoas para a prestação de serviços, uma empresa precisa identificá-las e competir com outras empresas para contratá-las. Leonard Berry e A. Parasuraman chamam esta abordagem de “competição pela fatia do mercado de talentos”.38 Eles sugerem que as empresas atuem como profissionais de marketing em suas empreitadas pelos melhores funcio- Disponibilize os sistemas de apoio necessários Contrate em função de competências de serviço e inclinação para serviços Seja o empregador preferido Concorra para ter as melhores pessoas Mensure a qualidade do serviço interno Desenvolva processos internos focados nos serviços Disponibilize tecnologia e equipamentos de suporte Prestação de serviços focada no cliente Contrate as pessoas certas Desenvolva as pessoas para prestarem serviços de qualidade Retenha as melhores pessoas Treine as habilidades técnicas e interativas Mensure e recompense os funcionários com melhor desempenho no serviço Promova o trabalho em equipe Engaje os funcionários na visão da companhia Dê poder de decisão aos funcionários Trate os funcionários como clientes Figura 11.4 As estratégias de recursos humanos para a contratação de pessoas que prestarão serviços de qualidade. _Livro_Zeithaml.indb 323_Livro_Zeithaml.indb 323 28/01/14 18:0728/01/14 18:07 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.