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Sobre saberes ancestrais e conhecimento científico A pesquisa de Maciel, Souza e Lima (2016) foi pautada na metodologia etnográfica com abordagem qualitativa, o que significa que o foco é o estudo da cultura e dos comportamentos dos grupos sociais levando em consideração aspectos subjetivos. Autores como Little (2010), Pidner (2011), Zuin e Zuin (2008) e Salgado (2007) foram essenciais para a base teórica do trabalho científico realizado pelos estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE. Fazendo assim com que o produto da pesquisa dos alunos seja considerado um conhecimento científico. Os saberes dos povos indígenas e quilombolas são considerados pela ciência como conhecimentos empíricos e religiosos. Estes conhecimentos levam como fundamento as tradições, costumes, práticas e religiões fundamentadas na ancestralidade de cada povo, sendo passadas de geração em geração por meio da fala, sem a necessidade do uso da escrita. Por não produzirem pesquisas cientificamente comprovadas, com base em observações e experimentações que comprovem a veracidade dos fatos, não é possível caracterizar os saberes destes povos como conhecimento científico pelas regras estabelecidas pela academia. Esta é mais uma das formas da colonização do conhecimento, onde o conhecimento que não é eurocentrado e branco é marginalizado. Durante o pré IX Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI), realizado no dia 28 de julho de 2021 de maneira virtual, Edson Kayapó, escritor, doutor em Educação e pós-doutor em história e historiografia da Amazônia; manifestou a importância do apropriamento do método científico nos centros de estudo e pesquisa de modo que seja possível fazer uma crítica que supere os problemas da própria academia; fazendo assim, que a forma de produção do conhecimento seja repensada. Também acrescentou: “Isso não pressupõe que vamos aderir à ciência e ao método científico do jeito que está. Na verdade, temos que fazer a crítica a este método no sentido de pensar que a verdade pode ser percebida e observada a partir de várias perspectivas, inclusive a partir das perspectivas dos nossos povos, que não é uma perspectiva única”. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS MACIEL, Thayres; DE SOUSA, Magno; ÉRIKA LIMA, Anna. COMUNIDADES TRADICIONAIS: SABERES E SABORES DOS INDIGENAS DE ARATUBA AOS QUILOMBOLAS DE BATURITÉ- CE. Conexões - Ciência e Tecnologia, [S.l.], v. 10, n. 3, p. 63-70, may 2016. ISSN 2176-0144. Disponível em: <http://www.conexoes.ifce.edu.br/index.php/conexoes/article/view/869/794>. Acesso em: 30 nov. 2021. doi:https://doi.org/10.21439/conexoes.v10i3.869. COLL, Lina. Pesquisadores indígenas pautam o reconhecimento e a necessidade dos seus saberes na academia. UNICAMP, jul. 2021. Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2021/07/26/pesquisadores-indigenas- pautam-o-reconhecimento-e-necessidade-dos-seus-saberes>. Acesso em 30 de nov. de 2021
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