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PATOGENIA DAS INFECÇÕES BACTERIANAS PROFª DRª ISABELA ANGELI DE LIMA PATOGÊNESE MICROBIANA É o processo pelo qual os microrganismos causam doença QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE CONHECER A PATOGÊNESE DAS DOENÇAS BACTERIANAS? ELEMENTOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA FASES DA PATOGÊNESE: 1) Exposição e aderência dos microrganismos às células hospedeiras 2) Invasão 3)Infecção 4)Doença Transmissão Infecção Doença Colonização Multiplicação Invasão Dano Tecidual Sinais e Sintomas Quando defesas são ultrapassadas ou bactérias atingem tecidos normalmente não infectados Processo Infeccioso DEFINIÇÕES •Hospedeiro: é um organismo que abriga um patógeno •Patógeno: outro organismo que vive sobre ou dentro do hospedeiro e provoca a doença •Infecção: é o crescimento de microrganismos que não estão normalmente presentes dentro do hospedeiro •Doença: é o dano ou lesão tecidual que prejudica as funções do hospedeiro •Patogenicidade: capacidade de um microrganismo em causar doença •Patógeno oportunista causa doença apenas na ausência de resistência normal do hospedeiro (como no câncer ou na AIDS) VIRULÊNCIA •A medida da patogenicidade é denominada virulência: a capacidade relativa de um patógeno em provocar doenças •A virulência é o resultado de interações patógeno- hospedeiro, influenciada pelas constantes alterações do patógeno, do hospedeiro e do ambiente •Estimada pela DL50 (dose letal50): número de células de um agente patogênico capaz de matar 50% dos animais em um grupo teste FATORES DE VIRULÊNCIA DAS BACTÉRIAS 1) Aderência às células do hospedeiro 2) Capacidade de invasão 3) Toxicidade 4) Produção de enzimas 5) Agentes antifagocitários ADESÃO Capacidade de um microrganismo de se ligar a uma célula ou superfície • Adesão das bactérias às células de uma superfície tecidual • Evitar expulsão por muco e outros líquidos que banham a superfície dos tecidos Adesão ocorre por meio de interações específicas entre moléculas do patógeno e moléculas presentes nos tecidos do hospedeiro FATORES DE ADESÃO NÃO COVALENTES •Macromoléculas de adesão bacteriana que não se encontram covalentemente ligadas às bactérias •GLICOCÁLIX: É um envoltório externo de moléculas/polímeros de superfícies secretados por uma bactéria. •É externo à parede celular e ajuda na proteção contra lesões mecânicas e químicas. •Se estiver organizado de maneira definida e bem acoplado à parede celular: cápsula •Desorganizado, sem forma definida e frouxamente acoplado à parede celular: camada limosa CÁPSULA envoltório polimérico consistindo em uma camada densa e bem definida que circunda a célula •É externa à parede celular •Protegem dos mecanismos de defesa do hospedeiro, impedindo a fagocitose CAMADA LIMOSA: rede frouxa de fibras poliméricas, que se estendem para fora da célula Escherichia coli aderida à borda em escova das microvilosidades intestinais por meio de sua cápsula distinta Exemplos •Streptococcus pneumoniae: apresenta como único fator de virulência conhecido a sua cápsula polissacarídica - Crescem em quantidades significativas em tecidos pulmonares, causando a pneumonia •Linhagens não encapsuladas são ingeridas rápida e de maneira eficiente e destruídas pelos fagócitos OUTROS FATORES DE ADESÃO •A aderência pode ser realizada através de moléculas de superfície presentes no patógeno: adesinas ou ligantes •Se ligam especificamente a receptores de superfície complementares, encontrados nas células de determinados tecidos do hospedeiro. •Podem estar localizadas no glicocálice, pili, fímbrias e flagelos Exemplos – Proteínas de aderência: •Neisseria gonorrhoeae (gonorreia): adere-se especificamente a células epiteliais da mucosa do trato geniturinário, olhos, reto e garganta; outros tecidos não são infectados -Proteína de superfície, Opa (opacity associated protein), se liga especificamente a uma proteína CD66 do hospedeiro, encontrada somente na superfície dessas células, permitindo a adesão Exemplos: •Vírus influenza: adere-se, especificamente, às células epiteliais do pulmão por meio da proteína hemaglutinina presente na superfície dos vírus FÍMBRIAS E PILI: estruturas proteicas da superfície da célula bacteriana que atuam no processo de adesão Atuam na ligação às glicoproteínas da superfície da célula hospedeira Fímbrias tipo I: são distribuídas uniformemente sobre a superfície das células Pili: são normalmente mais longos que as fímbrias, e estão presentes em menor número na superfície celular Os flagelos também podem aumentar a adesão às células hospedeiras Exemplos: PILLI: •Neisseria gonorrhoeae - ligação ao epitélio urogenital FÍMBRIAS: •Linhagens fimbriadas de Escherichia coli causam mais infecções do trato urinário do que as linhagens sem fímbrias •Linhagens enterotoxigênicas de E. coli: proteínas fimbriais que se ligam especificamente às células do intestino delgado •Bactérias entéricas como Escherichia, Klebsiella, Salmonella e Shigella: fímbrias tipo I •Streptococcus pyogenes (infecções na garganta, escarlatina e febres reumáticas): utiliza ácido lipoteicoico associado a fímbrias, juntamente com proteínas F e M, para facilitar a ligação às células hospedeiras. •O ac. lipoteicóico se liga a fibronectina na célula hospedeira. A proteína M é responsável pela resistência à fagocitose ADERÊNCIA POR HIDROFOBICIDADE OU CARGA •A carga elétrica da superfície bacteriana varia com a espécie, com as condições do meio e com a composição de sua membrana. •Em geral, bactérias em meio aquoso: carga negativa •Bactérias com características hidrofóbicas e hidrofílicas preferem superfícies com propriedades hidrofóbicas e hidrofílicas, respectivamente •- Superfícies hidrofóbicas parecem ser mais susceptíveis à colonização INVASÃO •O inóculo inicial de um patógeno é geralmente insuficiente para causar danos ao hospedeiro. Deve, multiplicar-se e colonizar o tecido - Necessita de nutrientes e condições ambientais adequados •Quanto maior o número de patógenos que penetram no corpo, maior a possibilidade de doença Após a colonização, um patógeno geralmente precisa invadir os tecidos para dar início ao processo de doença Invasão: capacidade de um patógeno entrar nas células ou tecidos hospedeiros, propagar-se e causar doença. •Após a entrada, alguns patógenos permanecem localizados multiplicando-se e produzindo um único foco de infecção -Ex: furúnculos por Staphylococcus Após o crescimento:, podem ocasionar: •Bacteremia: presença de bactérias no sangue, podendo viajar para partes distantes do corpo ou •Septicemia: infecção sanguínea resultante da disseminação do patógeno por meio dos sistemas sanguíneo e linfático. O microrganismo pode espalhar-se para outros tecidos. -Pode levar à inflamação maciça, culminando em choque séptico e morte rápida •Geralmente se iniciam como uma infecção em um órgão específico, tal como o intestino, rim ou pulmão INFECÇÃO •Infecção: qualquer situação em que um microrganismo e não um membro da microbiota local se estabelece e se desenvolve em um hospedeiro, independente se o hospedeiro encontra-se prejudicado ou doente. - No processo de infecção há o crescimento e produção de fatores de virulência e toxinas ENZIMAS EXOTOXINAS •Toxicidade: capacidade de um organismo causar uma doença, por meio de uma toxina pré- formada que inibe a função ou mata as células hospedeiras • Exotoxinas: proteínas tóxicas que são liberadas pela célula do patógeno, à medida que ele cresce. Elas deslocam-se de um sítio de infecção e causam danos em regiões afastadas • Doenças causadas por bactérias que produzem exotoxinas frequentemente são causadas por quantidades mínimas dessas substâncias, e não pela bactéria em si Três categorias: 1) Citolíticas: destroem a integridade da membrana citoplasmática, promovendo a lise celular 2) Toxinas AB: consistem em duas subunidades, A e B. O componente B liga-se a um receptor superficial da célula hospedeira, promovendoa transferência da subunidade A, através da membrana citoplasmática da célula-alvo, que promove danos à célula. 3) Superantígenos: estimulam um grande número de células da resposta imune, resultando em intensas reações inflamatórias e danos teciduais ENDOTOXINAS •São lipopolissacárideos tóxicos (lipídeo A) encontrados na maioria das bactérias gram- negativas. São componentes estruturais da membrana externa gram-negativa. •Ao contrário das exotoxinas, não são produtos solúveis secretados por bactérias em crescimento •Estão ligadas à célula, sendo liberadas em quantidades tóxicas apenas quando as células sofrem lise ou divisão celular •Também podem ser citolíticas, toxinas AB ou superantígenos •Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens, Bacillus cereus, Vibrio cholerae, Escherichia coli, Shigella, Salmonella e Neisseria meningitidis •Exercem seu efeito pelo estímulo de macrófagos, os quais liberam citocinas em concentrações bastante elevadas e tóxicas •Todas as endotoxinas produzem os mesmos sinais e sintomas, independentemente da espécie, embora nem sempre na mesma intensidade Sinais e Sintomas: •Calafrios, febre, leucopenia, hipoglicemia, fraqueza, dores generalizadas, hipotensão, choque (qualquer decréscimo da pressão sanguínea com risco à vida), comprometimento da perfusão de órgãos essenciais, ativação de C3 e da cascata de complemento, e até mesmo morte. Também podem induzir o aborto. •Coagulação intravascular disseminada (CID): ocorre por ativação das proteínas envolvidas na coagulação sanguínea, causando a formação de pequenos coágulos. Esses coágulos obstruem os vasos capilares, e o decréscimo no suprimento de sangue resultante induz a morte tecidual. MECANISMOS DE ESCAPE DA FAGOCITOSE •Produção de substâncias que destroem os fagócitos ◦ Inibição da quimiotaxia ◦ Inibição da fagocitose (substâncias que se ligam às células que iriam fazer a fagocitose) •Bloqueio da destruição intracelular: ◦ Impedindo a ligação fagossoma + lisossoma ◦ Inativando radicais livres de O2 ◦ Escapando para o citoplasma Sideróforos •O ferro é necessário para o crescimento da maioria das bactérias patogênicas •Para obterem ferro, alguns patógenos secretam proteínas, chamadas de sideróforos •Os sideróforos são liberados no meio, onde removem o ferro das proteínas transportadoras (lactoferrina, transferrina, ferritina e hemoglobina) através de uma ligação ainda mais intensa aos átomos de ferro. Quando o complexo sideróforo-ferro é formado, ele liga-se a receptores de sideróforos na superfície da bactéria, sendo absorvido por ela. Dessa forma, o ferro é levado para dentro da célula bacteriana. VARIAÇÃO ANTIGÊNICA •Capacidade de ativar ou desativar genes que codificam para os antígenos de superfície •alguns patógenos podem alterar seus antígenos de superfície por meio de um processo denominado variação antigênica. Assim, quando o corpo monta uma resposta imune contra o patógeno, ele já alterou seus antígenos de forma a não ser mais reconhecido e afetado pelos anticorpos •N. gonorrhoeae, vírus influenza, Trypanosoma brucei gambiense
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