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Unidade 3 Rosivany Gomes Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho Unidade 3| Introdução Figura 1 - Acidente de trabalho Fonte: pixabay Para compreender melhor os aspectos legais, sociais e econômicos que estão envolvidos em um acidente ou com uma doença do trabalho, você verá nesta unidade como os fatores humanos e ambientais influenciam nos acidentes de trabalhos. 1. Identificar as causas de acidentes de trabalho. 2. Entender fatores pessoais de insegurança – ato inseguro. 3. Compreender as condições do ambiente inseguro. 4. Conhecer as consequências dos acidentes: lesão pessoal e prejuízo material. Unidade 3| Objetivos 1. Causas de acidentes A CLT dedica o Capítulo V do título II do seu texto à segurança e medicina do trabalho e serve como marco para as atividades de segurança no Brasil, garantindo assistência e indenizações pelas consequências dos acidentes de trabalho. Atualmente, a assistência previdenciária é regulamentada pela Lei n0 5.316/67, que integrou o seguro de acidentes de trabalho na Previdência Social. Figura 2 – Acidentes de trabalho Fonte: pixabay O aumento no número de acidentes de trabalho no Brasil após o início da Segunda Guerra Mundial levou alguns empresários a fundarem a Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (ABPA). Uma iniciativa que embora não tivesse um peso legal nas ações de prevenção de acidentes do trabalho, teve um de valor social. Alguns personagens se destacam nessa história, como o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho – e a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). O SESMT representa a empresa, é um serviço no qual encontramos o Engenheiro de Segurança do Trabalho. A CIPA é composta por representantes dos empregados e do empregador e tem a responsabilidade de auxiliar o SESMT nas atividades prevencionistas, garantindo que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e os deveres dos empregadores sejam cumpridos. No Brasil, uma parte substancial dos custos com acidentes de trabalho impactam na gestão econômica do sistema previdenciário, por isso a Previdência Social também apresenta um papel importante na história do acidente, através da concessão do seguro previdenciário. Tipos de acidentes de trabalho O acidente de trabalho pode ser definido pelo conceito legal previdenciário, o qual estabelece o que pode ser considerado acidente de trabalho e doença do trabalho, bem como os benefícios ao qual o acidentado terá direito com base na comprovação do nexo causal. Figura 3 – Doença do trabalho Fonte: pixabay A legislação previdenciária, Lei nº 8.213/91, em seu art. 19 define acidente aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Na visão prevencionista, os incidentes são classificados como acidentes de trabalho, situações que envolvam a interrupção ou prejudiquem uma atividade ocupacional, mesmo que não resultem em lesão ou danos materiais e, por isso, devem receber atenção e serem gerenciados para que possam ser eliminados, reduzidos ou controlados. Os acidentes e incidentes de trabalho podem ocorrer em decorrência da atividade laboral causando lesões ou acidentes por doenças, que podem ser profissionais ou do trabalho. Esses acidentes podem ser causados por fatores humanos atrelados às condições do meio, configurando um ato inseguro ou condições inseguras, que terão efeitos humanos, sociais e econômicos. Sendo assim, a gestão de segurança tem como objetivo controlar os efeitos e as causas do acidente. 2. Fator pessoal de insegurança – ato inseguro Os atos inseguros podem estar presentes no ambiente de trabalho de várias maneiras, pois é a forma como o ser humano se relaciona com o perigo. Ela pode ocorrer de maneira inconsciente, quando o ser humano desconhece o perigo ao qual está sendo exposto; consciente, quando o ser humano reconhece o perigo que está exposto ou ainda circunstancial, quando algum fator inesperado o leva a se expor ao perigo, mesmo tento sido reconhecido pelo ser humano. Figura 4 – Ato inseguro Fonte: pixabay O treinamento e a capacitação são medidas de controle fundamentais para instruir os trabalhadores e reduzir a ocorrência de acidentes de trabalho por ato inseguro inconsciente, quando o trabalhador não tem conhecimento do risco, por isso realizar uma atividade com máquina e equipamentos sem a devida habilitação/autorização pode causar acidentes de trabalho, assim como realizar manutenção e reparo em máquina e equipamentos em funcionamento ou as improvisações de ferramentas manuais. Características do fator pessoal de insegurança Para os seres humanos, as regras foram um marco na evolução, que servem de prescrições específicas de disciplina, podendo ou não ter um significado jurídico (AMARAL, 2005). Elas são usadas para evitar acidentes no trabalho e prevenir doenças ocupacionais. Segundo o observatório de Segurança do Trabalho, foram notificados 4.503.631 acidentes entre 2012 e 2018. Figura 5 – Insegurança Fonte: pixabay O número permite estimar a quantidade de acidentes por unidade de tempo e projeção para 2019 até hoje. Os dados de 2019 serão atualizados em 2020, e assim por diante. Em anos anteriores, a estimativa esteve muito próxima do que se confirmou após a atualização (SMARTLAB, 2021). O acidente de trabalho gera danos materiais à comunidade, ocasionando o aumento do custo de vida e dos impostos, insatisfação com falta de condições de trabalho e diminuição de pessoas produtivas. Todos esses fatores atrelados ao meio em que o trabalhador exerce sua função podem levar a atos inseguros e, por consequência, a acidentes de trabalho. Por isso, precisam ser observados e acompanhados para que possam ser controlados, reduzindo o número de acidentes de trabalho. Entre os fatores podemos citar a falta de conhecimento, imprudência, irritabilidade e até mesmo transtornos cognitivos. Como consequências, podem ocorrer desde pequenas lesões a graves, que em função das sequelas e dos tratamentos podem se tornar um fator de insegurança, além das consequências sociais, como a discriminação e as consequências econômicas, a diminuição da renda familiar. 3. Condições de insegurança do ambiente As condições inseguras estão presentes no ambiente de trabalho quando os perigos identificados na fase de análise de risco não são devidamente controlados, expondo os trabalhadores a danos causados por acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais. Figura 6 – Condições de insegurança Fonte: pixabay Podemos apontar outros fatores que expõem o trabalhador a condições inseguras, como operar máquinas e equipamentos sem proteção ou com mecanismos defeituosos. A presença ou exposição a agentes químicos (gases, vapores, poeiras) ou físicos (calor, radiação) podem gerar condições inseguras caso a exposição a esses agentes não forem devidamente controlados. Característica do ambiente - análise de risco Uma gestão prevencionista inicia-se com uma análise prévia dos riscos ocupacionais, com o planejamento de medidas de segurança que eliminem, reduzam ou controlem os riscos identificados no ambiente de trabalho. Figura 7 – Análise de risco Fonte: pixabay Para executar essa análise, é preciso que a empresa invista em profissionais prevencionistas, incluindo o Engenheiro de Segurança do Trabalho, que tenha um amplo conhecimento da legislação prevencionista atualizado, capacitado para reconhecer as fontes geradoras e os agentes causadores de riscos ocupacionais, propondo medidas de controle eficientes, que atendam às normas regulamentadoras e demais legislações. Os profissionais do serviço de segurança devem fazer o registro de todos os riscos e perigos presentes no ambiente de trabalho por meio de documentos de gestão de segurança. A NR9 estabelecea identificação dos riscos ocupacionais e seu registro deve ser feito em um documento denominado Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. A última atualização feita pela a CTP alterou o nome do documento para Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) (BRASIL, 2016). Segundo Anderson Benite (2004), as empresas devem manter uma contínua análise e identificação de perigos e riscos com o objetivo de programar medidas de controle que incluem as atividades ordinárias e extraordinárias, considerando todos os trabalhadores (contratados, terceirizados) e possíveis visitantes. Os fatores ambientais são mais fáceis de identificar durante a análise qualitativa dos riscos, podendo facilitar a gestão de riscos por meio de manutenções preventivas, corretivas em máquina e equipamentos, organização do ambiente e sinalização e dispositivos de emergência. Os riscos ambientais são classificados pela NR9 como risco físico, químico e biológico em relação à presença de agentes físico, químico e biológico no ambiente. Outra norma na qual os riscos ambientais são definidos, é na NR5, pela Portaria n0 25/1994, a qual estabelece a elaboração do Mapa de Risco pelos membros da CIPA e classifica os riscos em físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes (BRASIL, 2016). O gerenciamento dos riscos deve seguir as etapas de: identificação de perigos; identificação de potenciais de perdas; análise de riscos: estudo e descrição de como está posto esse risco no ambiente de trabalho; avaliação de riscos e tratamento dos riscos: ações que devem ser tomadas para a eliminação, redução ou convivência adequada com o risco. Caso as medidas não consigam evitar o acidente, ele deve ser investigado, definindo novamente as causas e os efeitos. 4. Consequências do acidente de trabalho: lesão pessoal e prejuízo material Ao analisar as causas e efeitos de um acidente, são inúmeros os fatores que podemos listar para justificar um antigo questionamento prevencionista: Por que investir em segurança? Para alguns, o investimento pode ser o cumprimento das obrigações legais atrelado aos interesses de alcançar os objetivos traçados pela empresa. Para outros, são o reconhecimento de valores aplicados à responsabilidade socioambiental (BENITE, 2004). Figura 8 – Preenchimento do CAT A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência, mesmo que não haja afastamento das atividades. Em caso de morte, a comunicação deverá ser imediata. O preenchimento é on-line ou nas agências do INSS. Se a empresa não fizer o registro da CAT dentro do prazo legal, estará sujeita à aplicação de multa, conforme disposto nos artigos 286 e 336 do Decreto nº 3.048/1999. O próprio trabalhador, o dependente, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública poderão efetivar a qualquer tempo o registro desse instrumento junto à Previdência Social (INSS, 2021). Os custos com a falta de segurança devem ser evidenciados pelas empresas como um incentivo aos investimentos com segurança, identificando que os custos do acidente, com ou sem afastamento do trabalhador, gera prejuízo, pois os custos diretos ou indiretos são revertidos em ônus para a empresa, com o aumento dos custos da produção. Muitas vezes, as empresas fazem os cálculos dos custos baseados nos custos diretos, sendo que os indiretos podem ser mais significativos. Custos do acidente O custo de acidentes é definido pela NBR 14.280, como o valor do prejuízo material decorrente de acidente, sendo prejuízo material o prejuízo decorrente de danos materiais, perda de tempo e outros ônus resultantes de acidente do trabalho, inclusive danos ao meio ambiente. O cálculo em si não é difícil, mas para cada caso existem diferentes variáveis envolvidas, que às vezes são de difícil identificação. Figura 9 – Custo do acidente Fonte: pixabay Em linhas gerais, pode-se dizer que o custo do acidente é o somatório dos custos diretos e indiretos envolvidos. C = CD + CI CD = Todas as despesas ligadas diretamente ao atendimento do acidentado, que não são de responsabilidade do INSS, despesas médicas, odontológicas, hospitalares, farmacêuticas – incluída cirurgia reparadora. CI = Não envolve perda imediata de dinheiro. Relaciona-se com o ambiente que envolve o acidentado e com as consequências do acidente. Para a empresa e para o governo, os custos podem ser percebidos nas tarifações tributárias, como o NEST, FAT e SAT, que acabam refletindo no valor final da produção. O governo, por sua vez, tem os ônus de custear os auxílios- acidentes sobrecarregando o sistema previdenciário. Número do slide 1 Unidade 3| Introdução Unidade 3| Objetivos 1. Causas de acidentes Número do slide 5 Número do slide 6 Tipos de acidentes de trabalho Número do slide 8 Número do slide 9 2. Fator pessoal de insegurança – ato inseguro Número do slide 11 Características do fator pessoal de insegurança Número do slide 13 Número do slide 14 3. Condições de insegurança do ambiente Número do slide 16 Característica do ambiente - análise de risco Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 4. Consequências do acidente de trabalho: lesão pessoal e prejuízo material Número do slide 22 Número do slide 23 Custos do acidente Número do slide 25
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