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Unidade 01 Fundamentos de Estado e Gestão Orcamentária Orçamentos e Finanças Públicas Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ÁDRIA OLIVEIRA SANTOS MACIEL AUTORIA Ádria Oliveira Santos Maciel Sou formada em Licenciatura em Química com mestrado em Educação em Ciências. Possuo experiência na área de docência há pelo menos 5 anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro auxiliar, com minha experiência de vida, aqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Noções sobre Estado e Administração Pública ................................ 12 Organização do Estado ............................................................................................................... 12 Funções econômicas do Estado.......................................................................................... 14 Administração Pública ................................................................................................................. 15 Função administrativa ............................................................................................... 16 Organização da Administração Pública ....................................................... 17 Centralização versus descentralização .................................... 19 Planejamento e orçamento público ........................................................22 Orçamento público ........................................................................................................................22 Orçamento-trabalho (moderno) ........................................................................25 Orçamento tradicional (ou clássico) ...............................................................28 Princípios orçamentários ...........................................................................................................29 Instrumentos de planejamento na legislação ...................................32 Plano plurianual (PPA) ..................................................................................................................33 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) .............................................................................35 Lei Orçamentária Anual (LOA) ................................................................................................37 Multidocumentabilidade........................................................................................ 38 Princípios orçamentários da LOA .................................................................... 38 Relação entre os três instrumentos .................................................................................. 40 Execução de orçamentos .............................................................................42 Receitas públicas ............................................................................................................................43 Estágios da Receita Pública .................................................................................43 Classificações da Receita Pública ...................................................................44 Despesas públicas ........................................................................................................................ 46 Classificação da despesa pública ....................................................................47 Etapas da despesa pública .................................................................................. 48 Dívida pública.................................................................................................................................... 49 9 UNIDADE 01 Orçamentos e Finanças Públicas 10 INTRODUÇÃO Você sabia que a área da Administração Pública apresenta diversas nuances interessantes que estão bem presentes em seu cotidiano? Você já deve ter assistido a muitas informações no noticiário apresentando, por exemplo, a importância da transparência pública e de outros tantos assuntos inerentes ao orçamento e à finança pública. Apesar de nem sempre ser totalmente esclarecido, toda a população deveria conhecer todos os encaminhamentos e decisões tomadas pelo Estado em suas mais diversas esferas, sobretudo no que se refere às finanças, uma vez que a base das receitas provém da população. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar nesse universo! Orçamentos e Finanças Públicas 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Definir os conceitos fundamentais sobre o Estado e suas relações com a administração pública. 2. Aplicar os conceitos sobre planejamento e orçamento público. 3. Aplicar os instrumentos de planejamento e suas legislações. 4. Identificar os principais processos para execução orçamentária. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Orçamentos e Finanças Públicas 12 Noções sobre Estado e Administração Pública OBJETIVO: Caro estudante, ao longo deste novo capítulo, você estudará acerca da organização do Estado e da Administração Pública. Ao final deste estudo, esperamos que você seja capaz compreender os aspectos básicos relacionados à estrutura e à organização. Certamente essas competências auxiliarão você no desempenho de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então vamos lá. Considerando que nosso estudo busca trazer uma abordagem sobre o Estado e o funcionamento da Administração Pública, é fundamental que você conheça o conceito. Para iniciar nosso estudo, é importante fazermos a diferenciação dos conceitos de estado, o qual pode ser utilizado com inicial maiúscula ou minúscula. Sendo que “estado” está relacionado às regiões do território brasileiro, tais como os estados da Bahia (BA), Espírito Santo (ES) ou Rio de Janeiro (RJ), por exemplo. Podemos utilizar também “Estado”, o qual se refere ao funcionamento do Estado brasileiro, isto é, um conjunto de normas e instituições que abrangem todo o território (TRIGUEIRO, 2015). Organização do Estado De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu art. 1º, o Brasil, enquanto República Federativa, encontra-se organizado em quatro entes federativos. São eles: União, estados, Distrito Federal e municípios, os quais, apesar de possuírem autonomia política, não podem se separar. Em geral, a União possui responsabilidade de legislar para normais gerais, enquantoos demais entes federativos, sobre normas mais específicas. Orçamentos e Finanças Públicas 13 IMPORTANTE: O conceito de autonomia está relacionado à possibilidade de atuação em relação ao próprio governo, administração e organização. Apenas a República Federativa brasileira terá soberania. Durante o período do Absolutismo, o rei era um tirano, isto é, tinha o poder de realizar qualquer tipo de interferência na sociedade. Montesquieu foi um filósofo muito importante para esse cenário e foi responsável pela teoria da separação entre os Poderes (ou tripartição). De acordo com essa teoria, o poder do rei deveria ser subdividido em três outros “subpoderes”, sendo eles: Executivo, Legislativo e Judiciário. Até os dias atuais, essa teoria ainda é utilizada no ordenamento jurídico brasileiro. Inclusive, essa é uma teoria que não pode ser alterada ou excluída do ordenamento jurídico (cláusula pétrea) (art. 60, §4º). Assim, de acordo com o art. 2º da Constituição Federal, em termos de autonomia, cada um desses entes pode instituir leis próprias para atuarem politicamente. Assim, a Constituição Federal brasileira de 1988 separa os Poderes em três. Vejamos (TRIGUEIRO, 2015): SAIBA MAIS: Para melhor conhecer sobre os Três Poderes, suas atribuições e representantes, sugerimos que você assista ao vídeo “O que são os Três Poderes”, produzido por Política Sem Mistérios com Milton Monti. Disponível aqui. • Legislativo: possui responsabilidade de dialogar sobre as leis, além de propor leis gerais e abstratas, apresentar projetos, emendas, além de também votar. Esse Poder deverá ainda fiscalizar o Executivo, entre outras coisas. • Judiciário: utiliza as leis para casos reais e possui responsabilidade de realizar julgamentos diversos dentro da sociedade, exercendo Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=E7EjZgcp1bM 14 atividades de jurisdição. Esse Poder é considerado estático, uma vez que somente funcionará quando for acionado. • Executivo: é o Poder que executará as leis, de forma mais concreta. Está relacionado à administração do Estado e possui responsabilidade para atuar nos serviços de saúde, educação, abastecimento e infraestrutura. Portanto, a Administração Pública será sua função típica. No esquema a seguir (figura 1), podemos conhecer algumas das principais atribuições dos Poderes: Figura 1 – Separação dos poderes Fonte: Wikimedia Commons. Funções econômicas do Estado Também conhecidas como funções fiscais e funções do orçamento público, as funções econômicas do Estado estão relacionadas àquelas Orçamentos e Finanças Públicas 15 em que são utilizados os recursos públicos. Entre tais funções, destacam- se as seguintes: alocativa, estabilizadora e distributiva. Vejamos: a. Alocativa: Possui a função de minimizar possíveis falhas de mercado. Para isso, realiza o processo de alocação de recursos utilizando o orçamento público e, com isso, consegue fornecer bens e serviços. Dessa forma, o Estado pode realizar investimentos em áreas em que o setor privado não faz. Essa é uma ação que pode auxiliar a aumentar a economia do país. SAIBA MAIS: A teoria do bem-estar social busca atuar em conformidade com a organização econômica. Para que você amplie a visão sobre essa teoria, sugerimos que assista ao vídeo “O Estado de bem-estar social: real ou ilusão?”, em que o jurista e doutor Silvio Luiz de Almeida traz uma discussão relevante sobre a temática em questão. Disponível aqui. b. Distributiva (ou redistributiva): Essa função está relacionada à distribuição de renda por meio do orçamento público. Para isso, realiza um processo de arrecadação de recursos por meio de cobrança de tributos (regressivo, progressivo e neutro). Com essa arrecadação, são redistribuídos por meio de programas e benefícios sociais. c. Estabilizadora: Como o próprio nome sugere, esta possui função de estabilizar a economia. Para acompanhar essa estabilidade, existem algumas variáveis a serem consideradas, tais como os preços (controle da inflação), empregos, taxa cambial e equilíbrio da gestão fiscal. Administração Pública O sistema de Estado do Brasil é federativo. Por isso, a Administração Pública poderá funcionar sob o regimento de três esferas, os quais são representados por seus respectivos chefes de Poder Executivo: Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=TcdqGHbIWds 16 a. Federal: presidente. b. Estadual: governador. c. Municipal: prefeito. Função administrativa O conceito de Administração Pública pode ser classificado em dois aspectos, de acordo com sua funcionalidade. São eles: a. Material (ou sentido objetivo ou funcional): Está focado na atividade exercida, independentemente de quem a executa, tais como: serviço público, atividade de fomento, atividades de intervenção e polícia administrativa. b. Formal (ou sentido subjetivo ou orgânico): Está focado no agente público, órgão ou pessoa que compõe a administração e exerce uma atividade, independentemente de qual seja ela. São aqueles responsáveis por fazer atuar o Poder Executivo. A função administrativa possui algumas características importantes: • Concreta: está relacionada à execução da lei, uma vez que a Administração Pública encontra-se amplamente associada ao Poder Executivo. • Não inovação: é o princípio que determina que a Administração Pública apenas cumpra as determinações da legislação, seguindo também o Princípio da Legalidade. • Parcialidade: em geral, o Poder Judiciário precisa ser imparcial na resolução de conflitos diversos, uma vez que está relacionado à julgamentos. Já nesse caso, a Administração Pública sempre vai fazer parte das relações, as quais serão dotadas de interesses de diversos tipos. • Subordinação: essa subordinação está relacionada à jurisdição. De acordo com a Inafastabilidade da Jurisdição, já prevista no art. 5º, XXXVI da Constituição Federal, “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Orçamentos e Finanças Públicas 17 IMPORTANTE: O Princípio da Legalidade é um dos direitos fundamentais já previstos na Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” Dessa forma, apenas a lei pode criar deveres e obrigações. Assim, por tratar-se do Estado de Direito, todas as ações do Estado devem ser estabelecidas por meio de leis. Figura 2 – Lei e justiça Fonte: Pixabay. Organização da Administração Pública Conforme estudamos anteriormente, vimos que existe uma classificação da Administração Pública quanto à sua função objetiva e subjetiva. Nesse contexto, compreenderemos a organização do aspecto subjetivo. O estudo da área da Administração Pública é realizado pelo Direito Administrativo, em que é feita uma classificação entre administração direta e indireta, a qual será obedecida pelos Poderes da União, estados, municípios e Distrito Federal, seguindo os princípios administrativos brasileiros. Vejamos. Orçamentos e Finanças Públicas 18 • Legalidade: os interesses coletivos deverão prevalecer em detrimento dos privados. • Impessoalidade: todos os cidadãos serão tratados de forma igualitária pelos servidores públicos. • Moralidade: os agentes públicos deverão preservar a ética e a moral perante a lei. • Publicidade: os recursos públicos deverão ser tratados com transparência e prestação de contas. • Eficiência: os serviços públicos, de forma geral, deverão ser realizados com qualidade, respeitando o orçamento e evitando possíveis desperdícios. SAIBA MAIS: Talvez você esteja questionando: “qual é a importância da Administração Pública para a sociedade?” Para isso, sugerimos que você faça a leitura do artigo “Conceitos sobre a administração pública e suas contribuições para a sociedade”. Os autores concluem que essa é uma área que contribui para o desempenho dosdireitos democráticos. Disponível aqui. Define-se como órgão público uma Organização, criada por lei, composta por uma ou mais pessoas físicas, investida de competência para formar e exteriorizar a vontade de uma pessoa jurídica de direito público e que, embora destituída de personalidade jurídica própria, pode ser titular de posições jurídicas subjetivas. (JUSTEN FILHO, 2016, p. 285) Os agentes públicos jurídicos que compõem a Administração Pública Direta são: União, estados, Distrito Federal e municípios. Por outro lado, enquanto agentes que compõem a Administração Pública Indireta, temos: autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e sociedades de economia mista, entre outros. Orçamentos e Finanças Públicas https://revistas.pucsp.br/index.php/caadm/article/view/43713/29716 19 Vale a menção de que os entes da Administração Pública Indireta possuem autonomia em termos administrativos e financeiros. Assim, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por exemplo, possui autonomia para decidir quando abrirá concurso público ou para organizar os aspectos financeiros em termos de aplicações. No entanto, não possuirão autonomia política, sendo que os únicos que possuem essa autonomia são os agentes da Administração Pública Direta. Centralização versus descentralização Figura 3 – Centralização e descentralização de uma organização Fonte: Elaborado pela autora (2021). Dois conceitos são oportunos e merecem nossa atenção neste estudo: centralização e descentralização. Vejamos: quando a maior parte das decisões de uma organização é tomada na cúpula, isto é, por aqueles ocupantes de cargos que estejam no topo, então diz-se que temos uma centralização. De forma contrária, quando as decisões são tomadas pelos agentes da base, como, por exemplo, aqueles que exercem atividades diretas com clientes, então será descentralizado. Analisando a figura 3, podemos verificar que, em destaque, a cor azul representa a localização da concentração das decisões. A centralização é uma responsabilidade da administração direta, representada pelos entes: União, estado, Distrito Federal e município. Estes são responsáveis pelo centro do poder e desempenharão as atividades administrativas por meio de órgãos e agentes próprios. Alguns exemplos: Polícia Federal e Receita Federal. Orçamentos e Finanças Públicas 20 Na descentralização, a responsabilidade da administração direta poderá ser passada para a administração indireta ou ainda para um particular. O particular pode ser um concessionário ou permissionário, por exemplo. Nesse tipo de responsabilidade, não haverá subordinação ou hierarquia, mas o particular será fiscalizado, e o agente da administração indireta será tutelado. Para as duas situações, existem vantagens e desvantagens. Há ainda os conceitos de concentração e desconcentração. Vejamos algumas considerações a esse respeito: a. Concentração: está relacionado à extinção ou à fusão de órgãos públicos. Nesse caso, a administração passa a transferir também as atribuições e competências que antes eram dos órgãos para que o órgão central se responsabilize. Por exemplo, uma prefeitura que esteja extinguindo alguma secretaria, está concentrando para si mais competências e atribuições. b. Desconcentração: de forma contrária à concentração, este está relacionado à criação de órgãos públicos a partir da distribuição interna das atribuições e competências da pessoa jurídica (da Administração Direta ou Indireta). Dessa forma, está ampliando as atribuições, isto é, desconcentrando. Figura 4 – Fachada INSS Fonte: Wikimedia Commons. Orçamentos e Finanças Públicas 21 RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, verificamos a necessidade de conhecer e aprofundar seus conhecimentos acerca da organização do Estado e da Administração Pública. Você estudou que o Estado encontra-se subdividido em três Poderes, Judiciário, Legislativo e Executivo, e que todos eles, apesar de serem responsáveis por realizar atividades distintas, são interdependentes. Essa compreensão foi fundamental para que você conseguisse visualizar onde a Administração Pública se encaixa, bem como suas limitações e funções. Por fim, compreendemos as principais diferenças entre os conceitos de concentração, desconcentração, centralização e descentralização. Ah, e não se esqueça de acessar todos os links de estudos complementares que deixamos ao longo do seu material. Esse estudo ajudará a melhor desempenhar as atividades relacionadas à sua profissão. Bons estudos! Orçamentos e Finanças Públicas 22 Planejamento e orçamento público OBJETIVO: Caro estudante, ao longo deste novo capítulo, você deverá demonstrar conhecimento sobre os conceitos relacionados ao orçamento público. A partir desse estudo, você será capaz de relacionar a importância do planejamento para o orçamento, bem como o modelo de execução orçamentária utilizado no Brasil atualmente. Certamente essas competências auxiliarão você no desempenho de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Orçamento público Basicamente, entre as diversas coisa que são necessárias para o bom funcionamento do serviço público, o orçamento é um dos principais. Sem ele, é praticamente impossível que o país, estado ou município funcione para suprir as necessidades da população. É muito comum que as escolas muitas vezes não tenham profissionais suficientes para atender os estudantes em suas necessidades ou que nos hospitais estejam faltando remédios e outros materiais necessários para a oferta do serviço de qualidade. Casos semelhantes são vistos diariamente pela grande maioria da população ao se depararem com ruas cheias de buracos, os quais podem provocar sérios acidentes caso não sejam reparados. Todos esses aspectos mencionados até aqui estão amplamente relacionados com o orçamento público. Assim, todos os serviços públicos, tais como coleta de lixo, iluminação pública e outros, são todos realizados com base nesse orçamento. Mas de onde vêm os recursos para a execução dessas atividades? Orçamentos e Finanças Públicas 23 Figura 5 – Operação tapa-buracos Fonte: Wikimedia Commons. Você já deve saber que todas as pessoas contribuem para a execução das atividades do serviço público, uma vez que todas elas pagam impostos. Esses impostos são a arrecadação e o orçamento público, basicamente, é um tipo de documento que tem como objetivo descrever como os recursos foram utilizados em termos dos setores e também para descrever quanto foi recolhido. No entanto, você já deve imaginar que esses recursos não podem ser utilizados de forma aleatória, mas, sim, a partir de planos, metas e diretrizes, as quais fazem parte de um planejamento de execução orçamentária. O objetivo desse planejamento, basicamente, é atender a demanda da sociedade. Uma lei importante que rege o orçamento público é a Lei nº 4.320 de 1964. Em seu art. 2º, cita que: Art. 2º. A Lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica, financeira e programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade. (BRASIL, 1964) Ao longo deste capítulo, estudaremos ainda os princípios destacados. Orçamentos e Finanças Públicas 24 SAIBA MAIS: Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos que faça a leitura da Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964, que institui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Disponível aqui. Neste momento, é importante que esteja suficientemente claro que o Estado não pode utilizar os recursos de forma aleatória, mas deve ter como base um planejamento. Esse planejamento é necessário, justamente porque as atividades orçamentáriasdo Estado não são processos simples. A atividade financeira do Estado (figura 2) constitui-se de um conjunto de ações que envolvem: a receita pública, a despesa pública, o crédito público e o orçamento público. Figura 6 – Atividade financeira do Estado ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO ORÇAMENTO PÚBLICO CRÉDITO PÚBLICO RECEITA PÚBLICA DESPESA PÚBLICA Fonte: Elaborado pela autora (2021). a. Na receita pública, será estudado quais são os tipos de receitas arrecadadas pelo Poder Público, como elas são contabilizadas e registradas. b. Na despesa pública, será estudada a forma como as despesas são classificadas (corrente e capital) e a forma como tais despesas serão registradas e contabilizadas. c. No crédito público, serão estudadas as formas para gerar receitas, bem como os limites para a geração de receitas. Por vezes, pode ser necessário que o Estado crie receitas por meio de empréstimos Orçamentos e Finanças Públicas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm 25 (endividamento). Então a teoria do endividamento será foco de estudos do crédito público. d. A forma de organizar as receitas e despesas públicas ocorre por meio de leis bastante específicas, as quais formam o orçamento público e são utilizadas para realizar o processo de administração, bem como os respectivos objetivos relacionados ao planejamento orçamentário. Os orçamentos públicos materializam as ferramentas de planejamento das atividades financeiras do Estado. Por meio do orçamento público, então, é possível planejar e regular: despesa pública, receitas e crédito. Todas essas áreas são reguladas pelo orçamento público, em que será definido o tipo de despesa a ser realizado, bem como o tipo de receita que irá financiá-la, entre outras coisas. As leis mais importantes para a compreensão do orçamento público são: Lei do Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). No entanto, esse não é o objetivo dos nossos estudos para este capítulo. Ao longo deste estudo, veremos algumas estruturas básicas para que essas atividades sejam executadas. Orçamento-trabalho (moderno) Basicamente, trata-se de um modelo de técnica orçamentária considerado moderno e adotado pelo Brasil, isto é, um programa de trabalho é onde serão agregados alguns órgãos para estabelecerem planos de trabalho para o que o Estado deseja realizar em termos de ações ao longo de um exercício e quais recursos serão necessários para o alcance dos objetivos traçados. Assim, o plano de trabalho terá: a. Ações. b. Despesas públicas. c. Respectiva identificação da receita pública. Orçamentos e Finanças Públicas 26 IMPORTANTE: Pode-se afirmar que toda despesa pública para a área finalística, isto é, a área que atende diretamente à população, precisa ser estabelecida e estruturada em programas, tais como Minha casa, minha vida; Bolsa-família; Vale-gás; Vale-transporte; Bolsa-escola, entre outros. A partir desses programas, é possível fazer estudos sobre o alcance de pessoas beneficiadas e outros aspectos, e será possível medir o alcance das políticas públicas. Por isso, os programas são muito importantes para o planejamento orçamentário. O tipo de orçamento-programa apresenta como foco principal a resolução de problemas da população a fim de satisfazer as necessidades da sociedade, mas todos esses problemas são baseados em objetivos e metas. Um aspecto importante é que esse modelo de orçamento possui como principal característica o aspecto integrador, uma vez que une o planejamento e a execução orçamentária. É justamente devido a esse fator que o foco é nos resultados e objetivos. Figura 7 – Planejamento orçamentário Fonte: Wikimedia Commons. Orçamentos e Finanças Públicas 27 O planejamento orçamentário possui como principal função a de promover melhorias no aspecto da administração. É composto por um conjunto de leis orçamentárias, as quais fazem parte de um sistema orçamentário, que precisa ser aprovado por vários órgãos. De acordo com o Decreto nº 200, de 23 de fevereiro de 1967, em seu art. 16, há uma menção sobre o orçamento-programa enquanto um plano de ação, determinando que: “em cada ano será elaborado um orçamento-programa que pormenorizará a etapa do programa plurianual a ser realizado no exercício seguinte e que servirá de roteiro à execução coordenada do programa anual”. IMPORTANTE: É importante considerarmos que os governos federal, estadual e municipal seguirão a Lei de Orçamentos Públicos. Quadro 1 - Vantagens do orçamento-programa Fonte: ENAP (2014, p. 9). Orçamentos e Finanças Públicas 28 VOCÊ SABIA? Considera-se que esse modelo de orçamento-programa tal qual é utilizado no Brasil atualmente trata-se de uma adaptação de uma técnica exitosa trazida do governo norte-americano, o qual trouxe algumas roupagens para adaptar ao contexto das necessidades brasileiras. Orçamento tradicional (ou clássico) É importante que você conheça que não existe apenas o orçamento- programa. Apesar disso, esse tipo de orçamento é o nosso foco neste estudo, devido a sua relevância para o Brasil, já que é o modelo utilizado atualmente. De forma geral, pode-se afirmar que a principal função do orçamento tradicional é o instrumento para controle político. Isso se deve ao fato de que, historicamente, era um instrumento que servia para controlar (reduzir) o poder do rei (João Sem-Terra) que, até então, era absolutista, por volta do século VIII. Enquanto rei absolutista, ninguém poderia questionar suas ações, sequer sobre o que faria com as arrecadações públicas. Nesse tipo de orçamento, não havia definições de objetivos específicos. Os recursos, na maioria das vezes, eram utilizados para fortalecer o exército, produção de armas e proteção em geral. Não havia, portanto, uma preocupação acerca das receitas e despesas. No entanto, com a ascensão do Poder Legislativo, esses questionamentos começaram a vir à tona. Dessa forma, o orçamento começa a ser utilizado como possibilidade para controle político. Com isso, podemos questionar: será que o orçamento, tal como é utilizado atualmente, perdeu essa função? Você certamente responderá que não, pois o orçamento-programa é um modelo que também possibilita esse tipo de controle, de certo modo. Inclusive, veremos mais adiante que o orçamento precisa seguir alguns princípios, incluindo o princípio da universalidade. Orçamentos e Finanças Públicas 29 Princípios orçamentários A partir de agora, estudaremos alguns princípios orçamentários que dão suporte para que a fiscalização orçamentária aconteça da melhor forma possível pela população e também pelo Poder Legislativo. São, portanto, alguns norteamentos que devem ser avaliados durante as etapas de elaboração de orçamento. De acordo com Sanches (2004), esses princípios são: um conjunto de proposições orientadoras que balizam os processos e as práticas orçamentárias, com vistas a dar-lhe estabilidade e consistência, sobretudo ao que se refere a sua transparência e ao seu controle pelo Poder Legislativo e demais instituições da sociedade. (SANCHES, 2004, p. 277) A partir de agora, estudaremos cada um dos princípios, os quais são considerados aspectos importantes para a interpretação das leis orçamentárias. Vejamos (ALVES NETO, 2006). a. Princípio da clareza: todos os indivíduos devem ser capazes de compreender as leis orçamentárias. Entre os indivíduos em questão, destacam-se: população, Poder Legislativo e demais responsáveis por realizar a fiscalização. Para isso, devem ser tão claros quanto for possível. b. Princípio da exclusividade: de acordo com o princípio, a Lei de Orçamento não pode apresentar informações diferentes de previsão de receita e fixação de despesas. c. Princípio da universalidade: esse princípio possui como base a Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual menciona que a Lei de Orçamento abrange todasas receitas. Nesse sentido, não pode haver omissão de informações. Todas as despesas e receitas devem, portanto, estar previstas na Lei de Orçamento. d. Princípio da anualidade (periodicidade): o orçamento precisa ter um prazo definido e de acordo como determinado exercício financeiro, o qual está relacionado a um ano. No Brasil, esse período Orçamentos e Finanças Públicas 30 corresponde ao ano civil. Inclusive, esse aspecto é mencionado na Lei de Responsabilidade Fiscal. e. Princípio do orçamento bruto: estabelece que as despesas apresentadas no orçamento devem estar com seus valores brutos. Figura 8 - Transparência Fonte: Freepik. f. Princípio da uniformidade: ao longo do documento de Lei de Orçamento, as informações e dados apresentados devem ser homogêneos, a fim de não ocorrerem confusões de interpretações e também para permitir que ocorram comparações entre tais informações. g. Princípio de publicidade: estabelece que todos os indivíduos que possuam interesse nas informações referentes ao orçamento possam consultá-las (transparência). Orçamentos e Finanças Públicas 31 SAIBA MAIS: Caso você tenha interesse em aprofundar seus conhecimen- tos sobre os princípios orçamentários, sugerimos a leitura do estudo elaborado por José Alves Neto “Princípios orçamen- tários: uma análise no contexto das constituições e de leis orçamentárias federais”. Disponível aqui. RESUMINDO: Caro estudante, parabéns pela finalização de mais um capítulo dos seus estudos. Ficamos felizes pela conclusão e precisamos lembrar que, caso você sinta necessidade, poderá voltar quantas vezes julgar necessário, revisar e aprofundar. Ao longo deste capítulo, você conheceu quais são as principais relações entre o planejamento e o orçamento para o bom funcionamento das ações que o Estado precisa realizar para atender a população. Para isso, estudamos sobre o Orçamento Público e seus fundamentos básicos, bem como os princípios orçamentários que regem todas as etapas do ciclo orçamentário. Por isso, cada um desses princípios é muito importante. Para finalizar, sugerimos que você acesse os materiais indicados ao longo do capítulo para a complementação dos seus estudos. Bom trabalho! Orçamentos e Finanças Públicas https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/principios-orcamentarios-uma-analise-no-contexto-das-constituicoes-e-de-leis-orcamentarias-federais.htm 32 Instrumentos de planejamento na legislação OBJETIVO: Caro estudante, a partir desse estudo, você conhecerá o sistema de planejamento de orçamento adotado pelo Brasil. Para isso, destacaremos os principais instrumentos: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual. Certamente essas competências auxiliarão você no desempenho de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então vamos lá. Sabemos que o Estado possui diversas atribuições, as quais estão voltadas ao atendimento das necessidades da população. Para a execução de suas atividades, é necessário um levantamento de recursos, os quais são obtidos por meio do pagamento de impostos da população. Figura 9 – Taxas Fonte: Wikimedia Commons. No entanto, é importante que você saiba que a utilização desses recursos não deve ser realizada de qualquer forma, mas, sim, dentro de uma série de objetivos que estejam alicerçados no planejamento previamente traçado do ano em exercício. Orçamentos e Finanças Públicas 33 O modelo orçamentário adotado pelo Brasil encontra-se definido na Constituição Federal de 1988 em seu art. 165 e esse modelo é composto, basicamente, de três instrumentos. São eles: a. Plano plurianual (PPA). b. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). c. Lei Orçamentária Anual (LOA). Importa que você saiba que, antes da Constituição Federal de 1988, não havia previsão para a utilização desses instrumentos, com exceção à Lei Orçamentária Anual, a qual existe desde quando o Brasil ainda era um Império (Constituição Federal de 1824). IMPORTANTE: É fundamental que você saiba que todos esses instrumentos de planejamento são leis que possuem um processo legislativo específico e diferente, uma lei ordinária. Sendo lei ordinária, precisa de maioria simples do Poder Legislativo para aprovação. Essas leis de iniciativa do Poder Executivo (instrumentos) encontram-se previstas no artigo 165 da Constituição Federal de 1988. Por se tratar de uma lei de iniciativa, implica que somente os chefes do Poder Executivo possuem competência exclusiva para apresentar a iniciativa de elaborar e encaminhar o referido projeto de lei. Talvez você esteja se questionando o seguinte: “é possível ainda que os chefes, devido às demais funções a serem realizadas, deleguem a função de elaboração e encaminhamento dos projetos de lei para que outro servidor possa realizá-la?” Para esse tipo de atividade, não há essa possibilidade, pois trata-se de uma competência exclusiva da iniciativa. Plano plurianual (PPA) O PPA é o plano estratégico do governo e representa o sistema de planejamento governamental do Brasil, o qual é elaborado no primeiro ano de mandado dos chefes do Poder Executivo (presidente, governadores e Orçamentos e Finanças Públicas 34 prefeitos) e terá uma vigência de 4 anos, isto é, para os próximos 4 anos. Assim, as esferas federal, estadual e municipal deverão elaborar um PPA. Trata-se, portanto, de uma Lei que busca estabelecer, dentro da região, diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal, Estadual e Municipal. No art. 165 § 1º da CF/88, define-se que as diretrizes, objetivos e metas serão direcionados para as despesas de capital e àquelas decorrentes dos programas de duração contínua. Mas talvez você esteja se questionando sobre a diferença entre os conceitos apresentados. Para isso, organizamos um quadro (Quadro 1). Vejamos: Quadro 2 – Conceitos básicos Fonte: Elaborado pela autora (2021). Por ser um planejamento estratégico, alguns passos metodológicos devem ser traçados para compreender quais são os objetivos da Administração Pública ao longo de um período de 4 anos de vigência, conforme visto no Quadro 1. SAIBA MAIS: Para melhor compreender quais são os objetivos e conceitos do Plano Plurianual, sugerimos que você assista ao vídeo “O que é o PPA - Plano Plurianual”, produzido pelo canal Senado Federal. Compreendemos que ampliar esse estudo será bastante relevante para auxiliar em seu aprendizado. Disponível aqui. Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=gnJv9dFhMdw 35 Importa salientar que esse plano se faz necessário, sobretudo, porque a União, estados e municípios possuem capacidade financeira limitada, e, por isso, não podem usar seus recursos de forma desorientada e aleatória. Assim, é necessário estabelecer um plano baseado em escolhas que estejam alinhadas às necessidades da sociedade. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) A LDO é ditada no primeiro semestre de cada ano a fim de entrar em vigência no ano seguinte. Considera-se que a LDO atua como intermédio entre o PPA e a LOA, uma vez que a LDO possui como principal objetivo a definição das prioridades da Administração Pública. A LDO é considerada uma novidade da Constituição Federal de 1988, uma vez que, inicialmente, tínhamos apenas a LDA. A partir da LDO, será possível orientar gastos e receitas a nível federal, estadual ou municipal para garantir que o Poder Executivo seja capaz de prever algumas metas e prioridades para o orçamento do ano seguinte. Assim, é possível compreender para onde vão e como devem ser utilizados os recursos arrecadados. Com isso, busca-se sempre o equilíbrio financeiro da Administração. SAIBA MAIS: Para melhor compreender quais são os objetivos e conceitos da Lei de Diretrizes Orçamentárias, sugerimos que você assista ao vídeo “O que é a LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias”, produzido pelo canal Senado Federal. Compreendemos que ampliar esseestudo será bastante relevante para auxiliar em seu aprendizado. Disponível aqui. Neste momento, é importante que você saiba que esse documento é mais genérico sobre a aplicação dos recursos públicos, uma vez que se trata de uma previsão. Assim, serão estabelecidas as diretrizes que serão utilizadas para a posterior elaboração do orçamento. Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=z0PoLMrvcjQ 36 Figura 10– Participação popular Fonte: Pixabay. Em geral, a elaboração desse documento se dá a partir da parceria com a população, que terá a possibilidade de tecer diversas considerações em temos de possíveis construções, reformas ou melhorias diversas. Além disso, a comunidade pode também cobrar modificações e realizar avaliações sobre as políticas públicas em vigência. Assim, temos que, de acordo com a Câmara dos Deputados, A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estabelece quais serão as metas e prioridades para o ano seguinte. Para isso, fixa o montante de recursos que o governo pretende economizar; traça regras, vedações e limites para as despesas dos Poderes; autoriza o aumento das despesas com pessoal; regulamenta as transferências a entes públicos e privados; disciplina o equilíbrio entre as receitas e as despesas; indica prioridades para os financiamentos pelos bancos públicos. (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2022) Orçamentos e Finanças Públicas 37 SAIBA MAIS: Conforme temos apontado, essas leis são públicas e encontram-se abertas para que a população não apenas participe delas, mas para que também possa consultá- las. Para isso, sugerimos que você conheça como essas informações são apresentadas. Acesse o site da Câmara para conhecer a LDO do ano seguinte e dos anteriores. Consideramos que esse conhecimento é importante para sua formação profissional. Disponível aqui. Lei Orçamentária Anual (LOA) A LOA é ditada no segundo semestre de cada ano a fim de entrar em vigência no ano seguinte. Em linhas gerais, pode-se definir que a LOA descreve toda a parte orçamentária a ser realizada no ano seguinte. Nesse documento, estarão descritas todas as despesas projetadas para o ano, bem como as receitas a serem arrecadadas. Acerca dos conceitos de despesa e receita, faremos as seguintes considerações: a. Receita – são as fontes previstas de recursos financeiros as quais estão diretamente relacionadas às despesas. b. Despesa – é a fixação da aplicação dos recursos financeiros provenientes da receita. IMPORTANTE: A LOA engloba esses dois eixos: receita e despesa. Dessa forma, ao definirmos despesa, vimos que se trata de uma fixação. Isso implica que o Estado não poderá utilizar recursos superiores àqueles provenientes da receita. E, em caso de necessidade de ultrapassar o valor previsto, será necessário solicitar alterações na LOA. Orçamentos e Finanças Públicas https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/leis-orcamentarias/ldo 38 Um dos grandes objetivos da LOA é minimizar os impactos causados pela desigualdade social regional. Assim, para regiões que possuem orçamentos muito diferentes em termos de desigualdade e de número populacional, será necessário um olhar diferenciado dentro do planejamento da LOA. Multidocumentabilidade Existem três documentos importantes para a LOA e esse conjunto é chamado de orçamento, apesar de saber que a Lei é única. Por isso, esses documentos não são separados. Estes também podem ser descritos como esferas orçamentárias, as quais são utilizadas para indicar a qual tipo de orçamento uma programação está vinculada. São elas: a. Orçamento Fiscal (OF) – nele, estarão descritas todas as despesas e receitas cujo alcance abrange toda a Administração Pública, atuando como o tesouro ou fluxo de caixa, com exceção daqueles relacionados à seguridade social e investimentos estatais. b. Orçamento de Investimento (OI) – são os orçamentos vinculados às programações provenientes dos investimentos para empresas estatais. c. Orçamento de Seguridade Social (OSS) – é utilizado para garantir a execução dos programas de Saúde, Previdência Social e Assistência Social, incluindo as entidades e órgãos vinculados a eles. Para isso, os recursos envolvidos deverão estar descritos. Princípios orçamentários da LOA A seguir, destacaremos algumas premissas ou princípios que deverão ser considerados na elaboração da LOA (ALVES NETO, 2006). a. Unidade: o orçamento deve ser único para cada exercício financeiro anual para determinado ente (estado, município ou União), devendo apresentar todas as receitas e despesas a fim de garantir que a sociedade tenha acesso a e compreensão de todo o contexto orçamentário. Orçamentos e Finanças Públicas 39 b. Universalidade: o orçamento deve conter todas as despesas. Caso contrário, trata-se de um crime de responsabilidade, podendo gerar, inclusive, perda de mandado. SAIBA MAIS: Diferentemente dos outros crimes mais conhecidos, o crime de responsabilidade está relacionado à pessoa que desempenha alguma função pública. Para melhor conhecer esse tipo de crime, sugerimos que você assista à reportagem publicada na Tv Brasil “O que é o crime de responsabilidade? O Repórter Brasil explica”. Disponível aqui. c. Periodicidade/anualidade: está relacionado ao ano civil (um ano de exercício). Esse exercício é o ano para o qual há previsão da receita. d. Pureza/exclusividade: a LOA não pode conter dispositivos estranhos àqueles previstos pela receita e pela fixação das despesas. e. Especificação/especialização: as despesas devem ser apresentadas na LOA de forma descrita e detalhada, a fim de permitir que a sociedade, de forma geral, faça o acompanhamento. Essas informações detalhadas nos permitem observar todos os gastos minuciosamente. f. Regionalização: conforme estudamos, o orçamento deve prever uma redução em termos de desigualdades sociais entre as regiões do Brasil. g. Publicidade e transparência: O orçamento precisa ser divulgado nos veículos oficiais. Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=l5Orud7R0qs 40 Figura 11 - Corrupção Fonte: Pixabay. Relação entre os três instrumentos Antes de iniciarmos, vejamos a seguir como os instrumentos (leis orçamentárias) estão relacionados entre si. De acordo com a Câmara dos Deputados: A Lei Orçamentária Anual (LOA) estabelece os Orçamentos da União, por intermédio dos quais são estimadas as receitas e fixadas as despesas do governo federal. Na sua elaboração, cabe ao Congresso Nacional avaliar e ajustar a proposta do Poder Executivo, assim como faz com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o Plano Plurianual (PPA). Os Orçamentos da União dizem respeito a todos nós, pois geram impactos diretos na vida dos brasileiros. O Orçamento Brasil é um instrumento que ajuda na transparência das contas públicas ao permitir que todo cidadão acompanhe e fiscalize a correta aplicação dos recursos públicos. (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2022) Um aspecto importante que devemos considerar é que a PPA, conforme estudamos, é um planejamento projetado para ser executado em um período de 4 anos, sendo considerado um plano de médio prazo. Para tornar esse caminho mais palpável, utiliza-se a LDO a fim de fazer um planejamento para o exercício de 1 ano, considerando os objetivos e diretrizes propostos no PPA. Em outras palavras, ele transforma as diretrizes, objetivos e metas (PPA) em prioridades e metas (LDO). E, a partir da LDO, Orçamentos e Finanças Públicas 41 será possível elaborar as Leis Orçamentária Anuais (LOA). Exatamente por isso é que a LDO precisa ser elaborada primeiro (primeiro semestre de cada ano), enquanto a LOA é elaborada apenas no segundo semestre. Por isso, entre os instrumentos, não haverá hierarquia entre as leis, principalmente porque trata-se de leis ordinárias. No entanto, essas leis precisam estar relacionadas: a LOA precisa apresentar compatibilidade com a LDA e, por consequência,a LDA deve ser compatível com o PPA. Figura 12 – Organização dos instrumentos LOA LDO PPA Fonte: Elaborada pela autora (2021). RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, verificamos a necessidade de conhecer e aprofundar seus conhecimentos acerca da organização do Estado e da Administração Pública. Você estudou que os orçamentos públicos estão alicerçados em três instrumentos: Plano Plurianual (PPA), Lei Orçamentária Anual (LOA) e Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDA). Todas essas são leis ordinárias e estão associadas umas às outras, isto é, são dependentes entre si. Em geral, a necessidade do orçamento é, basicamente, fazer com que os pilares de receita e despesa estejam em equilíbrio para que o país não entre em colapso financeiro. Para finalizar, não se esqueça de acessar todos os links de estudos complementares que deixamos ao longo do seu material. Esse estudo ajudará a melhor desempenhar as atividades relacionadas à sua profissão. Bons estudos! Orçamentos e Finanças Públicas 42 Execução de orçamentos OBJETIVO: Caro estudante, ao longo deste novo capítulo, você estudará acerca da organização do Estado e da Administração Pública. Ao final deste estudo, esperamos que você seja capaz de identificar os principais processos para execução orçamentária. Certamente essas competências auxiliarão você no desempenho de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Avante! Os conceitos de receita e despesas públicas estão bastante alinhados com o cotidiano das pessoas, sobretudo no que se refere à organização financeira de uma pessoa. Por exemplo, a maioria das pessoas, antes de adquirir um bem, deve verificar se suas despesas fixas mensais permitem tal utilização. Para isso, geralmente é realizado um balanço entre o valor que recebe e os gastos. Figura 13 – Controle de orçamento Fonte: Pixabay. Com o orçamento da Administração Pública, esse balanço, apesar de ser mais complexo, segue o mesmo alinhamento. E, a esse respeito, estudaremos a seguir. Orçamentos e Finanças Públicas 43 Receitas públicas Em primeiro lugar, a receita pública se relaciona com as alternativas que o Estado possui para obtenção de recursos. Esses recursos são obtidos por meio de execução de receitas. IMPORTANTE: Nem todo ingresso de recursos evidencia a presença de receita. Alguns valores são considerados meras entradas e deverão ser devolvidos. Estes, portanto, não são considerados como receita. Como exemplo de situações desse tipo, temos os pagamentos das garantias dos contratos administrativos, que são uma entrada passível de devolução futura. Assim, uma entrada em que haja a obrigatoriedade de ser devolvida ao final não poderá ser considerada como receita pública. Existe uma classificação que define dois caminhos para o ingresso nos cofres públicos. São elas (ENAP, 2017): a. Ingresso erçamentário – estão relacionados às receitas que pertencem ao Estado, estando já previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA). b. Ingresso extraorçamentário – estão relacionados às entradas compensatórias e não serão apresentados na Lei Orçamentária Anual (LOA). Exemplo: caução, fianças e outros. Para o Senado Federal, receita é “Toda arrecadação de rendas autorizada pela Constituição Federal, leis e títulos creditórios à Fazenda Pública”. Estágios da Receita Pública A seguir, veremos os estágios da Receita Pública, os quais também iremos encontrar quando estudarmos sobre a Despesa Pública, no entanto com algumas considerações diferenciadas. Orçamentos e Finanças Públicas 44 a. Planejamento: trata-se de uma previsão ou estimativa do que se pretende arrecadar, realizada com base na Lei de Responsabilidade Fiscal. A estimativa deverá considerar algumas variáveis, tais como: crescimento econômico (baseado no produto interno bruto), inflação (baseada no índice geral de preços), legislação (alteração de alíquotas), além da própria base de cálculo. Para a base de cálculo, serão considerados os resultados dos três anos anteriores ao projeto da LOA para serem projetadas metas para os 2 anos seguintes. b. Execução: envolve as etapas de lançamento, arrecadação e recolhimento. A arrecadação será efetivada quando o contribuinte paga suas obrigações, geralmente no Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (agentes arrecadadores). O dinheiro apenas entrará na conta única no recolhimento, momento em que os agentes arrecadadores transferem o valor. c. Controle e avaliação: são as etapas que serão realizadas pelo sistema de controle a fim de promover garantias no processo de arrecadação e, consequentemente, evitar que ocorra sonegação fiscal. SAIBA MAIS: Para aprofundar e fundamentar seus conhecimentos em relação à receita pública, sugerimos o estudo da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, sobretudo entre os artigos 51 e 57. Disponível aqui. Classificações da Receita Pública É bem possível que você já saiba que os recursos obtidos pelo Estado são provenientes das tributações. No entanto, é importante ressaltar que essa não é a única forma que o Estado possui para adquirir recursos, podendo ainda realizar privatizações, concessões, alienações, vendas e outras alternativas (ENAP, 2017). Orçamentos e Finanças Públicas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm 45 Vejamos as classificações da Receita Pública com relação às fontes de recursos (ENAP, 2017): a. Receitas derivadas: estão relacionadas à tributação da população por meio de impostos, taxas e demais contribuições. b. Receitas originárias: estão relacionadas à receita originada a partir do patrimônio que o Estado já possui, por meio de alienações, concessões, privatizações e outras possibilidades. c. Receitas primárias do governo: são aquelas que compõem a carga tributária e permitem que o Estado realize receitas patrimoniais, agropecuárias e outras. d. Receitas financeiras: são aquelas originadas a partir das operações de crédito e demais alternativas, desde que não impactem em ganhos reais do patrimônio. e. Receitas de capital: são as receitas que não mudam o patrimônio líquido do Estado, tais como em casos de empréstimos, por exemplo, mas aumentam a disponibilidade em termos financeiros. No entanto, ao final deverá ser paga a referida dívida. f. Receitas correntes: são as receitas arrecadadas durante o exercício de um ano, as quais aumentam a disponibilidade financeira do Estado, tais como os impostos de renda ou operações financeiras, os quais são utilizados para atividades de políticas públicas. SAIBA MAIS: A Secretaria do Tesouro Direto Nacional publicou um manual de procedimentos aplicados à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios a fim de orientar sobre como realizar os trâmites para a receita no sentido de padronizar as ações. Caso você tenha interesse em acessar esse material, será de grande riqueza para seu aprendizado. Disponível aqui. Orçamentos e Finanças Públicas http://anexos.datalegis.inf.br/arquivos/1235321.pdf 46 Figura 14 – Controle da receita orçamentária Fonte: Pixabay. Despesas públicas O conceito de despesa já é bastante intuitivo devido às proximidades com o contexto do cotidiano. Conforme dialogamos anteriormente, nossas despesas precisam estar alinhadas com as receitas, a fim de que não tenhamos dificuldades ao final de um período, seja de um mês ou de um ano, por exemplo. Por isso, para minimizar esses problemas, devemos sempre buscar prezar pela organização financeiras. A despesa pública é toda retirada de recursos cujo objetivo é abranger a sociedade dentro de suas necessidades em termos de materiais e serviços. Essa saída de recursos busca garantir que a Administração Pública realize seus objetivos. No entanto, de forma muito similar, para abranger as despesas públicas orçamentárias, tais despesas devem estar alinhadas com aquelas receitas já previstase afixadas por meio da Lei de Orçamento Anual (LOA), as quais devem envolver os gastos com servidores, segurança pública, saúde, educação e demais aspectos considerados como básicos (ENAP, 2017). Orçamentos e Finanças Públicas 47 Uma definição que julgamos relevante para nosso estudo é apontada pelo Manual de Contabilidade Aplicada ao Serviço Público (MCASP, 2018, p. 71), que afirma que: “A despesa pública representa, em tese, o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos prestados à sociedade ou para a realização de investimentos”. IMPORTANTE: Apesar de o Estado ter certa liberdade para definir como a receita será utilizada, algumas delas são obrigatórias, tais como despesas com pessoal, benefícios previdenciários e transferências a estados e municípios (ENAP, 2017). Além disso, é importante que você se recorde de que nem todo valor que entra nos cofres públicos pode ser considerado como parte da receita. De forma parecida, nem todo recurso de saída poderá ser considerado como despesa. Algumas saídas são realizadas por obrigatoriedade em termos de devolução. Classificação da despesa pública O estudo da classificação da despesa pública é bastante amplo e, devido à limitação do nosso estudo, não conseguiremos alcançar toda a complexidade demandada, e, por isso, esse também não é o objetivo do nosso estudo. Ainda assim, abordaremos alguns aspectos que julgamos relevante para seu conhecimento. A primeira classificação de despesas orçamentárias que abordaremos será em relação ao caráter, os quais estão classificados em dois grupos. São eles: discricionário e obrigatório. Vejamos. Conforme estudamos anteriormente, algumas despesas do Estado são obrigatórias e já previstas em lei. Tais despesas representam quase todo o patrimônio do Estado em termos de receita. Cerca de 90% são essas despesas obrigatórias (ENAP, 2017). Entre essas despesas, temos o pagamento de pessoal, benefícios previdenciários, gastos mínimos com saúde e educação, por exemplo, e outros. Orçamentos e Finanças Públicas 48 Por outro lado, as discricionárias são aquelas realizadas a partir da disponibilidade de recursos orçamentários. Podemos dizer que se tratam de despesas que o governo pode ou não executar por decisão própria, isto é, tratam-se de despesas as quais o governo pode escolher o quanto e onde vai aplicar os recursos arrecadados. (ENAP, 2017, p. 14) Existem outras categorias igualmente importantes da classificação das despesas, mas, devido a nossa limitação neste estudo, não é nosso objetivo descrevê-las, mas você poderá aprofundar o conhecimento em um momento mais oportuno. Etapas da despesa pública Conforme estudamos as etapas da receita pública, vimos que essas etapas também aparecerão no estudo da despesa pública. A seguir, veremos as diferenças entre elas. a. Planejamento: nessa etapa, será realizado o orçamento com base na fixação da despesa (na LOA). Para a realização do planejamento, teremos quatro estágios. São eles: fixação, descentralização de crédito, programação orçamentária e financeira e licitação. b. Execução: a realização da etapa de execução será realizada em três estágios. São eles: empenho, liquidação e pagamento. IMPORTANTE: As etapas da execução devem ser realizadas respeitando essa ordem: empenho, liquidação e pagamento. O empenho é um documento contendo informações para o pagamento, criando para o Estado a obrigação de pagar, desde que o serviço ou produto seja entregue, para que o recurso seja separado. A liquidação é a realização da despesa em si, momento em que o serviço/material é entregue/prestado. Nesse momento, o Estado deixa de apenas reservar o recurso, sendo agora considerado como devedor. O pagamento é o último estágio Orçamentos e Finanças Públicas 49 Figura 15 - Pagamento Fonte: Pixabay. Controle e avaliação: essas etapas estão relacionadas à necessidade de promover fiscalização pelos órgãos de controle e também pela sociedade. Dívida pública É muito comum que os brasileiros utilizem alternativas como os empréstimos em bancos para construir casas, realizar grandes viagens, comprar automóveis, entre outras necessidades, quando não possuem receita suficiente para a realização desses planos. Os empréstimos, quando bem planejados, podem ser saídas muito interessantes. Para o Estado, quando possui mais despesas do que receitas, por vezes, pode ser necessária a utilização de empréstimos que, no caso do governo, são realizados por meio de títulos públicos, os quais são vendidos e recomprados por um valor maior depois de um certo período. No entanto, essa ação não pode ser realizada de forma aleatória, pois isso comprometeria o orçamento do governo a longo prazo. Assim, podemos concluir que o acúmulo desses “empréstimos” forma a dívida pública. O ideal é que o governo seja capaz de pagar todas as suas despesas apenas utilizando os recursos da receita que já possui e que os empréstimos sejam apenas para possíveis investimentos para o país. Dessa forma, a longo prazo, os beneficiados pelo investimento (geralmente, a população), vão pagando juntamente com sua geração por Orçamentos e Finanças Públicas 50 meio de impostos. Assim, o governo garante que essa dívida contraída seja sempre paga a longo prazo. SAIBA MAIS: Para complementação dos seus estudos, sugerimos que você assista ao vídeo produzido pelo Manual do Brasil cujo título é “Quanto é a dívida pública brasileira”. O vídeo apresenta uma discussão relevante sobre o conceito prático de dívida pública e quais os reais impactos dessa dívida para o país. Disponível aqui. Muitas pessoas já devem ter se perguntado sobre quem empresta ou de onde vem o dinheiro que o governo adquire como empréstimo. Existem algumas formas e uma delas bastante interessante são aquelas em que pessoas comuns, como você, por exemplo, podem emprestar para o governo por intermédio do Tesouro Direto. Você pode, então, comprar títulos do tesouro, o qual deverá pagar a você na data contratada com juros pagos pelo governo. Inclusive, muitas pessoas têm optado por essa forma de investir seu dinheiro, ao invés de utilizar a poupança. Figura 16 – Dinheiro seguro Fonte: Pixabay. Orçamentos e Finanças Públicas 51 É possível que, ainda assim, muitas pessoas se sintam inseguras para investirem suas reservas no Tesouro Direito com o seguinte pensamento: “E se o Governo não me pagar?”. Na realidade, atualmente, o Brasil possui reservas o suficiente para que tenhamos maior segurança a esse respeito e, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o controle dos orçamentos públicos melhorou bastante. SAIBA MAIS: Para ampliar sua compreensão sobre a dívida pública, sugerimos a leitura do artigo “Dívida pública brasileira: uma análise comparativa dos três principais indicadores de esforço fiscal do governo” (ATHAYDE; VIANNA, 2015). O artigo faz uma análise da dívida pública brasileira com base em três indicadores. Disponível aqui. RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, verificamos a necessidade de conhecer e aprofundar seus conhecimentos acerca da organização do Estado e da Administração Pública. Você estudou, neste capítulo, os principais conceitos e classificações referentes às receitas, despesas e dívidas públicas. Todos esses eixos trabalhados estão amplamente relacionados entre si e com os instrumentos orçamentários. Por isso, caso você tenha dúvidas na compreensão dos instrumentos, sugerimos um estudo mais aprofundado. Para finalizar, não se esqueça de acessar todos os links de estudos complementares que deixamos ao longo do seu material. Esse estudo ajudará a melhor desempenhar as atividades relacionadas à sua profissão. Bons estudos! Orçamentos e Finanças Públicas 52 REFERÊNCIAS ALVES NETO, J. Princípios orçamentários: uma análise no contexto das constituiçõese de leis orçamentárias federais. TCU, [online]. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/principios-orcamentarios- uma-analise-no-contexto-das-constituicoes-e-de-leis-orcamentarias- federais.htm. Acesso em: 25 out 2021. ENAP. Escola Nacional de Administração Pública. Orçamento público: conceitos básicos. ENAP, [online] Disponível em: https://repositorio.enap. gov.br/bitstream/1/2170/1/Or%C3%A7amento%20P%C3%BAblico%20 Conceitos%20B%C3%A1sicos%20-%20M%C3%B3dulo%20%20%281%29.pdf. Acesso em: 25 out 2021. ENAP. Escola Nacional de Administração Pública. Orçamento público: despesas públicas. ENAP, [online]. Disponível em: https:// repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3168/1/Modulo%202%20-%20 Receita%20e%20Despesa%20Publicas.pdf. Acesso em: 01 nov 2021. JUSTEN FILHO, M. Curso de Direito Administrativo. 12. Ed. São Paulo: RT, 2016. SANCHES, O. M. Dicionário de orçamento, planejamento e áreas afins. 2. ed. atual e ampliado. Brasília: OMS, 2004. TRIGUEIRO, M. M. Organização do Estado. Belo Horizonte: Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, Escola do Legislativo, 2015. TESOURO Nacional. Manual de contabilidade aplicada ao Serviço Público (MCASP). 8. ed. Brasília, DF: Ministério da Fazenda, 2019. Disponível em: https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_ PUBLICACAO:31484. Acesso em: 2 nov 2021. Orçamentos e Finanças Públicas Noções sobre Estado e Administração Pública Organização do Estado Funções econômicas do Estado Administração Pública Função administrativa Organização da Administração Pública Centralização versus descentralização Planejamento e orçamento público Orçamento público Orçamento-trabalho (moderno) Orçamento tradicional (ou clássico) Princípios orçamentários Instrumentos de planejamento na legislação Plano plurianual (PPA) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) Lei Orçamentária Anual (LOA) Multidocumentabilidade Princípios orçamentários da LOA Relação entre os três instrumentos Execução de orçamentos Receitas públicas Estágios da Receita Pública Classificações da Receita Pública Despesas públicas Classificação da despesa pública Etapas da despesa pública Dívida pública
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