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Tecidos vegetativos: floema Apresentação O floema é um tecido de grande importância, uma vez que conduz uma série de substâncias por toda a planta. Sendo assim, além da manutenção da sobrevivência das plantas (por meio do deslocamento de substâncias orgânicas), o tecido permite que uma série de informações chegue a diferentes partes de um vegetal (estímulos, hormônios, entre outros compostos distribuídos). Para desempenhar suas funções de forma adequada, o floema tem diferentes tipos de células, e cada uma delas apresenta características distintas. Além disso, cada estrutura celular pode ser verificada em diferentes classes de vegetais: nas gimnospermas é possível constatar a presença de células crivadas; enquanto nas angiospermas, elementos de tubo crivado. Ainda, dependendo do tipo de crescimento, o floema pode ser classificado como primário ou secundário. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá as características do floema e suas particularidades. Além disso, poderá analisar os diferentes tipos de células que compõem o floema, bem como a diferenciação entre floema primário e secundário. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Nomear as funções e as características do floema.• Reconhecer os tipos de células que compõem o floema.• Caracterizar floema primário e secundário.• Desafio O floema é um tecido vascular vegetal formado por células vivas, com parede de membrana esquelética celulósica e uma fina membrana plasmática. Esse tecido tem como função a condução de água, sais minerais e compostos orgânicos produzidos pela fotossíntese, além das funções secundárias, podendo ser classificado como primário ou secundário. Por ser responsável pelo transporte de substâncias, é encontrado em todos os órgãos do vegetal. As células do floema são altamente especializadas, com seu núcleo ocupado por seiva elaborada. O floema é formado por quatro tipos de células, sendo: elementos dos tubos crivados, células companheiras, fibras e células parenquimatosas. Imagine que você foi contratado como agrônomo responsável por uma propriedade vitícola com a intenção de maximizar a produção de uva (Vitis sp.), na qual o proprietário tem a intenção de utilizar a técnica de anelamento dos caules para melhoria vegetal. Para poder orientar a aplicação da técnica na propriedade, você deverá: a) realizar um levantamento sobre as premissas que envolvem a técnica e o tecido vascular floema em sua utilização. b) traçar um panorama no qual constem os riscos e os benefícios do uso dessa técnica para o melhoramento do produto final. Infográfico O floema pode ser classificado considerando os tecidos que lhe originam. Logo, pode se dividir em: floema primário e floema secundário. O floema primário pode ainda ser classificado como protofloema e metafloema, nos quais as células estão organizadas apenas no sistema axial em ambas as categorias. Há uma diferença entre protofloema e metafloema, a qual está relacionada aos elementos crivados. No protofloema, os elementos crivadados são menores e estreitos, por sua vez, no metafloema são maiores, mais largos e com presença regular de células companheiras. O floema secundário é originado a partir do câmbio vascular (meristema secundário ou lateral), não ocorrendo a diferenciação em outras classes. Neste Infográfico, você vai ver como ocorre a transição do floema primário para o floema secundário nos caules e nas raízes dos vegetais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/aefd94a6-3fbc-4f5c-bd21-a3532970a43a/2e6f6c0d-5e66-4ca1-beac-32ab769e08dc.jpg Conteúdo do livro O sistema de transporte dos vegetais é formado por dois tipos diferentes de tecidos de condução: o xilema e o floema, sendo o floema o principal tecido de condução de substâncias orgânicas. As células do floema se caracterizam por serem vivas na sua fase madura, assim como pela inexistência de núcleo e presença de áreas crivadas. Além disso, vários grupos de células compõem o floema: elementos crivados, células de esclerênquima e células de parênquima. Os elementos crivados podem ser divididos em células crivadas e elementos de tubos crivados, com a função de condução da seiva a longa distância. As células de esclerênquima, classificadas como fibras e esclereides, atuam no transporte e, eventualmente, no armazenamento de substâncias. Por fim, têm-se as células parenquimáticas, as quais estão envolvidas no armazenamento e no translocamento de nutrientes. No capítulo Tecidos vegetativos: floema, da obra Anatomia e morfologia vegetal, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as características e as funções desempenhadas pelo tecido floemático, bem como as células que o compõem. Além disso, vai ver as estruturas celulares que podem ser encontradas no floema, assim como as suas particularidades. Por fim, vai analisar a classificação do floema, o qual pode ser primário e secundário, de acordo com a sua origem e organização. Boa leitura. ANATOMIA E MORFOLOGIA VEGETAL Raquel Finkler Tecidos vegetativos: floema Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Nomear as funções e as características do floema. Reconhecer os tipos de células que compõem o floema. Caracterizar os floemas primário e secundário. Introdução Os tecidos que compõem um vegetal podem apresentar uma ou diversas funções, dependendo de sua localização e das categorias de células que o formam. Dentre as funções que merecem destaque em uma planta, evidenciam-se o transporte e a distribuição de seiva elaborada, que são fundamentais para seu crescimento e sua manutenção. O tecido responsável por esse deslocamento é denominado de floema. Para desempenhar sua função, o floema, que é um tecido complexo, apresenta uma diversidade de células especializadas. O tecido floemático possui estruturas celulares características, como os elementos de tubo crivado, que são células vivas com parede formada por membrana es- quelética, o que contribui para o fluxo da água e dos solutos. Neste capítulo, você vai analisar as principais características do floema e os tipos de células que o compõem, além de verificar as diferenças entre o floema primário e o secundário, que são visualizados dependendo do tipo de crescimento da planta. Características e funções do floema O desenvolvimento e a manutenção do ciclo de vida de um vegetal dependem do desempenho de suas funções, que são realizadas por intermédio das células que compõem seus tecidos. A condução de água e de substâncias na planta é realizada por meio de tecidos complexos, constituídos por mais de um tipo de célula, sendo estes denominados xilema e fl oema. Cada tecido é responsável pela condução de diferentes tipos de substâncias. Assim, o xilema é responsável pelo deslocamento de seiva bruta (água e sais minerais). Já o floema, ou líber, tem a função de transportar a seiva elaborada por toda a planta. No floema, ocorre o transporte das substâncias sintetizadas pela fotossíntese a partir das folhas maduras até as regiões de crescimento e de armazenamento. Água e solutos absorvidos pela raiz e transportados por meio do xilema são utilizados pela planta, que os transforma, por meio da fotossíntese, em seiva elaborada, sendo distribuída no vegetal pelo floema. A composição da seiva, segundo Taiz et al. (2017), é: água (substância mais abundante no floema), açúcares (soluto com maior concentração e com maior presença de sacarose), aminoácidos, ácidos orgânicos, proteína, potássio, cloreto, fosfato, magnésio, além de hormônios. Apesar de o floema estar relacionado ao deslocamento de substâncias orgânicas, também transporta outras tantas substâncias, como aminoácidos, lipídios, micronutrientes, hormônios, estímulos florais, proteínas e RNA. Dessa forma, o floema atuana movimentação de compostos sinalizadores, recebendo também a denominação de caminho de superinformação e estando relacionado ao transporte a grandes distâncias. Segundo Appezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro (2006), o transporte ocorre entre as fontes (órgãos produtores) e os consumidores (drenos). As autoras definem essas estruturas das plantas como: fontes — locais de produção e/ou armazenamento de substâncias orgâ- nicas, sendo folhas maduras, cotilédones e sementes em germinação, tecidos de reserva de raízes e caules em brotamento; consumidores — locais onde ocorre o consumo das substâncias orgâni- cas sintetizadas pela planta ou o acúmulo de substâncias, podendo ser meristemas, folhas jovens, tecidos de reserva de raiz, caules ou folhas, quando armazenam esses compostos. O floema está localizado por toda a planta, estando presente, em geral, no lado externo dos sistemas vasculares primário e secundário, no caule e na raiz; Tecidos vegetativos: floema2 em folhas ou órgãos similares, o floema ocorre na face inferior — abaxial. Em espécies de famílias de eudicotiledôneas, como Apocynaceae (rosa do deserto, oleandro, etc.), Asclepiadaceae (calotropis, etc.), Convolvulaceae (corriola, batata-doce, etc.), Cucurbitaceae (melância, melão, etc.), Myrtaceae (goiaba, pimenta da jamaica), Solanaceae (tabaco, pimentões, etc.) e Asteraceae (crisântemo, margarida, etc.), o floema está localizado no lado oposto. Em virtude de sua localização, o floema é classificado como floema externo e floema interno ou intraxilemático. Um fato interessante consiste na relação entre a presença de floema e a casca das plantas. Nas árvores de grande porte (geralmente angiospermas eudicotiledôneas), os vasos de condução do caule se encontram distribuídos da seguinte forma: vasos xilemáticos constituindo um cilindro central, cir- cundado por vasos floemáticos aderidos à casca do vegetal. Devido a essa disposição, ao se retirar a casca junto ao caule vegetal, consequentemente ocorre a destruição da região dos vasos floemáticos, o que pode interromper o fluxo da seiva elaborada. A médio prazo, a planta pode utilizar, para sua sobrevivência, as reservas radiculares, que, quando esgotadas, podem resultar na morte da raiz e, a médio prazo, de toda a parte aérea vegetal. Merece destaque a diferenciação que existe quanto às estruturas presentes relacionadas ao floema nas angiospermas e gimnospermas. Uma das caracte- rísticas exclusivas das angiospermas é a presença de elementos de tubo crivado associados a células companheiras. Os elementos crivados são estruturas especializadas no transporte e na distribuição de seiva elaborada, sendo for- mados por dois tipos de estruturas celulares: células crivadas e elementos de tubo crivado. Já as gimnospermas têm a presença de células crivadas. Células que compõem o floema As células do fl oema são vivas na maturidade, anucleadas e com áreas crivadas, responsáveis pela comunicação entre os citoplasmas. Além desses atributos, as células fl oemáticas apresentam áreas crivadas nas paredes, protoplasma vivo e ausência de limite entre citoplasma e vacúolos. O fl oema é um tecido que apresenta tipos distintos de células, sendo estas: células parenquimáticas, fi bras e esclereides. Aguiar (2018) afirma que as células do parênquima, as células companhei- ras e os elementos crivados não apresentam parede secundária, o que torna difícil de distingui-los em observação no microscópio óptico. No Quadro 1 são sintetizadas as informações sobre os tipos celulares existentes no floema 3Tecidos vegetativos: floema secundário. Na sequência, são analisados os atributos de cada um dos tipos de célula que formam o tecido floemático. Fonte: Adaptado de Evert (2013). Célula Função da estrutura Elementos crivados Células crivadas (gimnospermas) Condução de seiva a longa distância Sinalização a longa distânciaElementos de tubo crivado com células companheiras Células de esclerênquima Fibras Suporte Eventualmente armazenamento de substânciasEsclereides Células parenquimáticas Parênquima Armazenamento Translocação radial de nutrientes Quadro 1. Síntese dos tipos de células do floema secundário Elementos de tubo crivado Os elementos de tubo crivado consistem em estruturas celulares mais curtas. Apresentam placas crivadas, que são áreas com muitos poros localizadas na porção terminal, que também são circundadas por calose. Os poros são similares aos encontrados nos plasmodesmos, porém com maior diâmetro. A união entre as extremidades desses elementos forma os tubos ou vasos crivados. Nos elementos de tubo crivado, pode-se verificar a presença de poros de maior diâmetro nas placas crivadas. Já os poros com tamanho reduzido são encontrados nas paredes laterais. As placas crivadas podem estar dispostas de forma transversal ou oblíqua. Ainda, pode-se constatar a existência de placa crivada composta, que contém várias áreas crivadas, onde os poros são estreitos, estando presentes em paredes terminais oblíquas, o que indica primitividade, e de placa crivada simples, com apenas uma área crivada. O elemento de tubo crivado possui parede celular primária constituída por substâncias péctico-celulósicas. As autoras comentam ainda que, em algumas Tecidos vegetativos: floema4 gramíneas, pode-se verificar elementos crivados com parede lignificada. Ainda, para reconhecimento em cortes histológicos, deve-se observar que a parede celular dos elementos é mais espessa do que a de células parenquimá- ticas. Considerando o exposto, constata-se que as células do tecido floemático possuem paredes macias, que desaparecem após a morte do vegetal; sendo assim, essas estruturas raramente são preservadas em fósseis. Ainda sobre a parede celular de elementos de tubo crivado, é possível identificar uma camada externa fina e uma camada interna mais espessa, sendo que essa última possui uma aparência brilhante, passando a ser denominada parede nacarada. O mesmo autor afirma que a camada nacarada, na sua constituição, tem menos celulose e é pobre em lignina. A Figura 1 apresenta um desenho esquemático dos elementos de tubo crivado. Figura 1. Desenho esquemático dos elementos crivados: a) visão externa com placas crivadas e áreas crivadas; b) corte longitudinal indicando tubo crivado e célula companheira. Fonte: Taiz et al. (2017, p. 287). 5Tecidos vegetativos: floema Os elementos crivados, na sua maturidade, perdem alguns componentes do protoplasto, restando somente membrana plasmática, retículo endoplasmático liso, plastídeos e mitocôndrias. Célula crivada As células crivadas têm como características serem delgadas e alongadas. Além disso, apresentam poros por toda a sua extensão e, com maior frequência, nas áreas onde as extremidades são sobrepostas. Os poros presentes nas paredes celulares apresentam diâmetro reduzido. As células crivadas, quando analisadas sob o ponto de vista da evolução, são mais primitivas do que os elementos de tubo crivado. Sendo assim, são encontradas em pteridófi tas e gimnospermas. Células companheiras As células companheiras são células parenquimáticas que se encontram agrega- das aos elementos de tubo crivado. De acordo com Evert (2013), os elementos de tubo crivado e as células companheiras estão relacionados ontogeneticamente e funcionalmente. As células companheiras podem ser verificadas nas angiospermas. Por sua vez, nas gimnospermas, pode-se verificar a presença de células de Stras- burger, ou células albuminosas, que exercem funções similares às das células companheiras das angiospermas. De acordo com Raven, Evert e Eichhorn (2016), as células de Strasburger são derivadas das mesmas células-mãe das células crivadas. Além disso, os autores comentam que essas células possuem núcleo e demais componentes do citoplasma de células vivas. As células de Strasburger contêm uma grande quantidade de mitocôndrias e ribossomos. No caso de os elementos crivados morrerem,as células companheiras e as células de Strasburger também morrem, o que prova a interdependência dessas estruturas. As células companheiras circundam os elementos crivados e atuam na manutenção desses elementos e na fisiologia do deslocamento de seiva ela- borada. A ligação entre essas estruturas ocorre por meio de poros existentes Tecidos vegetativos: floema6 nos elementos de tubo crivado e de plasmodesmos ramificados localizados nas células companheiras. Além disso, as células companheiras são estruturas com citoplasma denso, muitos ribossomos livres, mitocôndrias em elevadas quantidades, retículo endoplasmático rugoso, plastídeos e núcleo saliente, conforme Appezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro (2006). A parede celular das células companheiras não é esclerificada e lignificada. Outra característica importante das células companheiras é que as mesmas colapsam na ocasião da morte dos tubos crivados associados a elas, conforme visto no box Fique Atento. Na Figura 2, é possível verificar a associação entre células companheiras e tubos crivados. Figura 2. Associação entre células companheiras e tubo crivado em abóboras (Cucurbita maxima), com destaque para os poros abertos, que permitem o transporte de seiva entre os elementos. Fonte: Taiz et al. (2017, p. 288). 7Tecidos vegetativos: floema Células parenquimáticas O parênquima localizado no fl oema tem como função a reserva de substâncias. As células parenquimáticas associadas ao tecido fl oemático têm função de acumular substâncias (amido e compostos fenólicos), bem como atuar como células de transferência. No fl oema das fanerógamas, as células parenquimáti- cas existem em número variável, podendo variar quanto à estrutura, à função e ao grau de especialização. Fibras e esclereides As fi bras encontradas no fl oema apresentam a seguinte classifi cação: septa- das e não septadas e vivas ou mortas. Ainda, de acordo com Cortez, Silva e Chaves (2016), em virtude da posição do fl oema e do xilema, as fi bras podem ser classifi cadas como: colaterais: floema em sentido oposto ao xilema; bicolaterais: floema presente nos dois opostos do feixe vascular; concêntricas: floema central e xilema periférico, ou vice-versa. As esclereides podem ser encontradas de forma isolada ou associadas às fibras. As esclereides podem ser encontradas nos pares mais antigos do floema e são resultado da esclerificação de células parenquimáticas. Dessa maneira, as esclereides crescem alongando-se e se ramificando, o que as torna similares às fibras. Floemas primário e secundário Os tecidos condutores fl oema e xilema se encontram associados. Dessa maneira, o fl oema segue a mesma classifi cação do xilema, de acordo com o tempo de aparecimento no desenvolvimento da planta (primário e secundário). Os fl oemas primário e secundário se diferenciam devido à sua origem e à sua organização. Quanto à origem, o fl oema primário tem origem no tecido me- ristemático primário (procâmbio), enquanto o fl oema secundário se origina no meristema secundário (câmbio vascular). Quanto à organização, o fl oema primário se encontra junto ao sistema axial, enquanto o fl oema secundário pode ser observado nos sistemas radial e axial. Tecidos vegetativos: floema8 O floema primário pode ser visualizado inicialmente em embriões ou plântulas jovens, desenvolvendo-se até que o corpo primário esteja com- pletamente formado. O protofloema é formado por elementos crivados que surgem no floema de partes jovens em crescimento. Com o desenvolvimento das estruturas de uma planta, os elementos crivados apresentam estiramento, o que causa seu colapso, podendo causar sua eliminação. O floema primário possui uma estrutura variável. O autor leciona ainda que a diferenciação entre os tecidos floemáticos — protofloema e metafloema — segue o mesmo padrão do xilema primário. Sendo assim, o protofloema está localizado mais externamente do que o metafloema; salienta-se que se trata de tecidos difíceis de serem diferenciados em corte histológico. O protofloema é a primeira categoria de tecido a ser formada. O metafloema é um tecido que tem diferenciação mais tardia do que o protofloema, apresentando elementos crivados evidentes nas regiões onde não há crescimento em extensão. Nas plantas que não têm crescimento secundário, os elementos crivados do metafloema são as estruturas responsáveis pela condução de fluido floemático. No metafloema de nervuras de gramíneas, são verificadas duas situações: tubos crivados com paredes finas, que estão associadas a células companheiras, e tubos de paredes espessas, que não apresentam tal relação. Na Figura 3, pode- -se observar o protofloema e o metafloema em cortes histológicos de milho. O floema secundário é característico das plantas que apresentam cresci- mento secundário. Além disso, nesse tecido, pode-se verificar a existência de sistemas radial e axial. No sistema radial (horizontal), é possível constatar a presença de células parenquimáticas, enquanto, no sistema axial (vertical), observam-se elementos crivados, células parenquimáticas e esclerenquimáticas. Apezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro (2006) afirmam que, no floema secundário, podem ser encontradas estruturas como idioblastos (Styrax campo- rum — estoraque do campo), dutos secretores (Lithraea molleoides — aroeira brava) e laticíferos (Heuea brasiliensis — seringueira). Além disso, a espécie vegetal e a idade de cada estrutura da planta influenciam na quantidade de floema secundário que pode ser verificada em um vegetal. Outra característica do floema secundário é que este constitui a casca viva de plantas lenhosas, juntamente com fibras de floema secundário, córtex (caules), periciclo (raízes) e periderme. 9Tecidos vegetativos: floema Figura 3. Diferenciação do tecido vascular do caule de milho (Zea mays): a) protofloema e protoxilema maduros; b) metafloema maduro, protoxilema maduro e metaxilema em expansão. Fonte: Adaptada de Raven, Evert e Eichhorn (1996). Protofloema Vaso de metaxilema imaturo Metafloema Protofloema Vaso de metaxilema imaturo Protoxilema (a) 20 µm (b) Protoxilema 25 µm Evert (2013) detalha a composição da casca em vegetais; em caules e raízes com tecidos primários, a casca é composta por floema primário e córtex; nos eixos em estágio secundário de crescimento, a casca inclui floema primário e secundário, córtex em quantidades variadas e periderme. Já em caules e raízes velhos, a casca é composta por tecidos secundários, camadas de floema secundário morto, camadas de periderme, e tecidos vivos na parte mais interna. A casca externa é formada pela periderme interna e por tecidos do eixo isolados, enquanto a casca interna apresenta floema vivo subjacente. Em síntese, pode-se constatar que, dependendo da espécie botânica, há a presença de floema primário e/ou secundário. Somada a essa característica, a diferenciação do floema é similar à classificação do xilema, o que indica uma mesma sistemática de categorização. Tecidos vegetativos: floema10 AGUIAR, C. Manual de botânica: estrutura e reprodução. Bragança: Instituto Politécnico, 2018. v. 1. APPEZZATO-DA-GLÓRIA, B.; CARMELLO-GUERREIRO, S. M. (Ed.) Anatomia vegetal. 2. ed. Viçosa (MG): Editora UFV, 2006. CORTEZ, P. A.; SILVA, D. C.; CHAVES, A. L. F. Manual prático de morfologia e anatomia vegetal. Ilhéus (BA): Editus, 2016. EVERT, R. F. Anatomia das Plantas de Esau: meristemas, células e tecidos do corpo da planta: sua estrutura, função e desenvolvimento. São Paulo: Blucher, 2013. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 5. ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan, 1996. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan, 2016. TAIZ, L. et al. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 11Tecidos vegetativos: floema Dica do professor O floema é um tecido complexo formado por dois tipos básicos de células:os elementos de vaso crivado e as células companheiras, as quais atuam direta ou indiretamente no transporte de seiva pela planta. A distribuição de água e de solutos na planta pode ser explicada pela Teoria de Münch. Nesta Dica do Professor, você vai ver, além da teoria que explica o transporte, as substâncias envolvidas na reconstituição celular (calose e proteína P) responsáveis pela integridade dos elementos de vaso crivado que compõem o tecido floemático. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/ffc7e7c1579c746214e5d6a11d92e861 Exercícios 1) A condução de água e substâncias pela planta ocorre por meio dos tecidos de condução, os quais são conhecidos como xilema e floema. O tecido floemático (líber ou floema) é complexo e especializado, sendo responsável pelo deslocamento da seiva elaborada para todas as regiões de uma planta. Sobre as peculiaridades do tecido floemático, analise as assertivas e assinale a alternativa correta. A) O transporte de seiva elaborada inicia nas folhas jovens até as regiões que apresentam crescimento. B) O floema transporta não só substâncias orgânicas, mas também proteínas e RNA, lipídios, micronutrientes, hormônios e estímulos florais. C) O floema, também denominado de caminho da superinformação, está relacionado ao transporte em pequenas distâncias. D) O floema realiza o transporte de uma grande variedade de substâncias, desde as fontes até os drenos de forma ascendente. E) As fontes, que são locais exclusivamente de produção de substâncias orgânicas, se referem a folhas maduras, cotilédones e sementes, tecidos de reserva de raízes e caules em brotamento. 2) O floema tem como principal característica a presença de elementos crivados, os quais são especializados no transporte e na distribuição de seiva elaborada. Os elementos crivados são formados por duas estruturas celulares: células crivadas e os elementos de tubo crivados. Outra característica marcante do floema é a presença de regiões crivadas de poros nas paredes celulares, protoplasma vivo e ausência de limite entre citoplasma e vacúolos. Sobre as células que compõem o tecido floemático, é correto o que se afirma em qual alternativa? A) Nas gimnospermas é possível identificar a presença dos elementos crivados e das células companheiras, as quais permitem que o transporte de seiva ocorra na planta. B) As células que compõem o tecido floemático encontram-se mortas na sua maturidade, além de não apresentarem núcleo. C) As fibras e esclereides que compõem o tecido floema têm como função um possível armazenamento de substâncias, bem como a sinalização a longa distância. D) As células parenquimáticas, também conhecidas como calose, estão associadas ao floema e têm função de acúmulo de amido e compostos fenólicos. E) Os elementos de tubos crivados com as células crivadas e as células crivadas desempenham como função a condução de seiva, permitindo sinalização a longas distâncias. 3) As espécies botânicas podem apresentar floema primário ou secundário, dependendo do seu tipo de crescimento. Além disso, a localização do floema na planta pode sofrer pequenas modificações em decorrência da classe do vegetal. Essas características influenciam na estrutura, a qual é comumente conhecida como casca. Sobre a relação existente entre o tecido floemático e a casca de árvores lenhosas, avalie as assertivas e marque a alternativa correta. A) O floema secundário forma a casca viva de plantas lenhosas, junto com floema secundário, córtex (caules), periciclo (raízes) e periderme. B) A retirada de casca do caule do vegetal não altera os vasos floemáticos, o que mantém o fluxo da seiva elaborada na planta. C) Nas árvores, geralmente nas monocotiledôneas, os vasos de condução são distribuídos: vasos xilemáticos junto à casca e floemáticas mais internos. D) Em caules e raízes antigas, a casca é formada por tecidos primários, camadas de periderme e tecidos vivos mais internos. E) A casca externa de espécies botânicas é composta por floema vivo subjacente, por sua vez, a casca interna é compota por periderme e tecidos do eixo isolados. 4) O floema é um tecido de condução presente nas plantas, o qual pode ser classificado como primário e secundário, devido às suas características e tecidos de origem. Sabe-se que o floema primário ocorre inicialmente em embriões ou plântulas jovens, se desenvolvendo até que o corpo primário esteja completamente formado, sendo substituído pelo floema secundário nas plantas que apresentam crescimento secundário. O floema primário ainda pode ser subdividido em protofloema e metafloema. Sobre a diferenciação entre floemas: primário (protofloema e metafloema) e secundário, assinale a alternativa correta. A) O floema primário e o floema secundário têm a mesma origem e organização. B) O floema primário tem origem no câmbio vascular e o floema secundário é originado no procâmbio. C) No que se refere à organização do floema, tem-se que o floema primário e o secundário têm a mesma organização, visto que se encontram junto ao sistema axial. D) O floema e o xilema encontram-se associados, assim, apresentam a mesma classificação de acordo com o tempo de aparecimento no desenvolvimento do vegetal. E) O tecido denominado protofloema tem diferenciação tardia, apresentando elementos crivados evidentes. 5) O tecido floema apresenta tipos diferentes de células, sendo: elementos crivados, células parenquimáticas, fibras e esclereides. Os elementos crivados podem se subdividir em dois tipos de estruturas celulares: células crivadas e elementos do tubo crivado, os quais apresentam características específicas. Além desses tipos característicos de células, no floema são encontradas células parenquimáticas (com função o acúmulo de substâncias) e células do esclerênquima (fibras e esclereides). No que se refere às células que constituem o floema, é correto o que se afirma em qual alternativa? A) Os elementos de tubo crivados apresentam placas crivadas, que referem-se a áreas com muitos poros localizadas na porção terminal. B) Os elementos de tubo crivados referem-se a estruturas celulares mais alongadas. C) As células crivadas têm estruturas delgadas e alongadas, com a inexistência de poros em toda sua extensão. D) As células companheiras (células parenquimáticas) encontram-se adjuntas aos elementos de tubo crivado, sendo verificadas nas angiospermas e gimnospermas. E) As fibras são encontradas nas paredes mais antigas do floema como resultado da esclerificação de células esclerenquimáticas. Na prática Existem diversos tipos de doenças que podem infectar os vegetais. Entre elas, é possível destacar as causadas por vírus, os quais são constituídos por nucleoproteínas. Como consequências dessas doenças, existem problemas relacionados ao crescimento e à produtividade de culturas, muitas de interesse econômico. A infestação dos vegetais por vírus está intimamente ligada ao floema, visto que estes são transportados por meio dos vasos floemáticos, infestando toda a planta. Neste Na Prática, você vai ver um caso de infecção do vírus causador da meleira em um mamoeiro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/1a7fc3d8-e732-4a53-a627-f1141d346f31/69c81806-833e-43a7-9aba-1ad05a641d79.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Sistema vascular: floema A Universidade Virtual do Estado de São Paulo elaborou um vídeo sobre as características do tecido floemático. Assistindo ao vídeo é possível visualizar cortes histológicos do floema, o que pode contribuir para o aprimoramento dos seus conhecimentos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Incidência de fitoplasmasem plantas alimentícias não convencionais no Brasil As plantas alimentícias não convencionais não são amplamente conhecidas pela maioria da população, mas se apresentam como uma alternativa de alimentação. Nos últimos anos, essas plantas têm merecido destaque na agroecologia. O seguinte estudo analisa a incidência de fitoplasma (procariotos que habitam o floema das plantas) em plantas alimentícias não convencionais com vistas a determinar formas de manejo adequados a doenças causadas por esses fitopatógenos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Transformação genética de soja [Glycine max (L.) Merril] para expressão do gene relacionado à calose, para potencial tolerância à ferrugem asiática A calose é a substância responsável pela reconstituição de vasos crivados. Com o uso da engenharia genética, a pesquisadora Nesralla (2018) buscou selecionar plantas transgênicas de soja https://www.youtube.com/embed/d2Cd5yCVgqI http://cadernos.aba-agroecologia.org.br/index.php/cadernos/article/view/1766/208 com genes que estimulem a produção de calose. Veja a seguir. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/32304/1/2018_LaraRodriguesNesralla.pdf
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